O Papel Da Educação Dos Adultos em Moçambique

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Curso

Pós-Graduação Pedagogia e Didáctica

Módulo
Educação de Adultos

Tema
O papel da educação dos adultos na Escola 3 de Janeiro, no Bairro Chingodzi na Cidade de Tete
(2018 - 2019)

Discente Docente

Vanda dos Anjos Marcelino Fracata Prof. Doutor: Domingos Buque

Changalane, Maio de 2020


Índice
CAPÍTULO I- INTRODUÇÃO......................................................................................................3
1.2. Justificativa…………………………………………………………………………………...4

1.3. Problematização........................................................................................................................5
1.4. Relevância do estudo................................................................................................................6
1.5. Objectivos.................................................................................................................................6
1.6. Questões de investigação..........................................................................................................7
1.7. Delimitação de estudo...............................................................................................................7
1.8. Limitações do Estudo...............................................................................................................7
CAPÍTULO II – REVISÃO DE LITERATURA............................................................................8
2.2. Alfabetização e Desenvolvimento............................................................................................8
2.3. Alfabetização e Educação de Adultos em Moçambique........................................................10
2.4. Educação de Adultos..............................................................................................................11
2.5. Empoderamento......................................................................................................................12
CAPÍTULO III – METODOLOGIA DE PESQUISA...................................................................14
3.1 Tipo de Pesquisa......................................................................................................................14
3.2 Método.....................................................................................................................................15
3.2.1 Método de abordagem..........................................................................................................15
3.3 Métodos de procedimentos......................................................................................................15
3.4. Processo de amostragem.........................................................................................................16
3.5. Tamanho da Amostra..............................................................................................................16
Referências Bibliograficas.............................................................................................................18
CAPÍTULO I- INTRODUÇÃO
Introdução
O presente trabalho destina-se para o efeito de dissertação com o seu tema que versa sobre
‘‘O papel da educação dos adultos na Escola 3 de Janeiro, no Bairro Chingodzi na Cidade
de Tete (2018 - 2019) ‘‘.
A humanidade vive problemas que têm a ver, por um lado com acesso a avanços e por outro
lado, com um número maior de pessoas sujeitas a privações de direitos, liberdades, a tipos de
discriminação e pobreza. Por isso, verifica-se um desnível entre a formação de indivíduos e as
necessidades impostas pelo desenvolvimento dos processos sociais e de produção que só podem
ser solucionados através de muitos desafios, entre os quais a educação. Trata-se da era do
conhecimento e a sociedade está organizada sob regras que regem grande parte da população
excluída dos processos sociais independentes e do mercado formal do trabalho. Essa grande
maioria é composta por mulheres, por pobres e por idosos. A falta de domínio da leitura e escrita
ou o uso destas habilidades é um dos grandes obstáculos para o desenvolvimento e para inclusão
e emancipação dos indivíduos de acordo com o nível social.
Dada ainda a sua importância e a preocupação constante dos decisores na República de
Moçambique, a alfabetização e educação básicas constam nas políticas de desenvolvimento do
país, dentre quais se destacam: a Constituição da República de Moçambique no que refere à
Alfabetização e Educação de Adultos, o Artigo 52º, declara que “A República de Moçambique
promove uma estratégia de Educação visando a Unidade Nacional, a erradicação do
analfabetismo, o domínio da ciência e da técnica, bem como a formação moral e cívica dos
cidadãos”. Ainda na mesma constituição, o Artigo 92º, advoga que na República de Moçambique
educação constitui como um direito e dever de cada cidadão.
Os programas educacionais associados a outras estratégias de sustentabilidade levam a mulher a
condições de capacitação que satisfaçam as suas necessidades básicas. Existe uma relação entre a
educação e o trabalho pois servem de base de sustentabilidade ligada a modalidades formais ou
informais no exercício da cidadania e a mulher iletrada tem possibilidade de desenvolvimento
reduzidas e limitação na participação nos processos sociais.
1.2. Justificativa

O interesse de investigar o tema surgiu como resultado de experiências vividas ao longo do


trabalho na Escola 3 de Janeiro, no Bairro Chingodzi na Cidade de Tete. Nenhum país pode se
desenvolver com cifras altas de analfabetismo; com avanços das tecnologias de informação,
requer que as pessoas possuam habilidades básicas de escrita e leitura. O estudo pode fornecer
informação relevante para reorientar estratégias visando a incentivar a maior participação de
educandos nos programas de alfabetização e educação de adultos (AEA).
O tema permitirá o encorajamento dos educandos a assumirem responsabilidades de forma
consciente e científica nos seus papéis sociais. Essa responsabilidade consciente se torna possível
com uma educação. A alfabetização assume um papel preponderante nos esforços do Governo de
combate ao analfabetismo, por isso, liderou o processo de elaboração da segunda Estratégia, que
visa aumentar as oportunidades de educação básica dos jovens e adultos, através de um conjunto
de acções integradas das instituições do governo e não governamentais, para a redução da taxa
do analfabetismo dos actuais 48,1% para 30% em 2019, contribuindo desta forma para promoção
da cidadania e redução da pobreza.
Uma politica clara e boa governança são necessárias para assegurar que os adultos, têm acesso ao
ensino, como um dos seus direitos naturais. As demandas que se colocam para o sector da
Educação e seus parceiros, na área de Alfabetização e Educação de Adultos para o alcance das
metas do Milénio, exigem uma plataforma de trabalho entre todos os intervenientes, (ONGs,
lideres comunitários, lideres religiosos, etc.), havendo a necessidade de assegurar o acesso e a
retenção, a melhoria da qualidade e o reforço da capacidade institucional, de forma a responder,
aos desafios de erradicação de analfabetismo e, contribuir para o desenvolvimento sócio-
económico do País. Porém, dados da Escola 3 de Janeiro, no Bairro Chingodzi na Cidade de
Tete.
1.3. Problematização

O estudo aborda o papel da educação dos adultos na Escola 3 de Janeiro, no Bairro Chingodzi na
Cidade de Tete.

A Alfabetização e Educação de Adultos têm uma importância especial num contexto de altos
níveis de iliteracia, especialmente das mulheres e num país onde, apesar das políticas de
emancipação da mulher desde a independência em 1975.

A ausência de integração entre as iniciativas e realizações do governo, e Plano Estratégico ainda


não se traduz em acções visíveis no campo da Alfabetização e Educação de Adultos. Estes dois
factores concorrem para a persistência de altos índices de analfabetismo no país.

O estudo vai dar a devida atenção à mulher pois a falta de domínio da leitura e da escrita ou o
uso destas habilidades tornou-se um dos grandes obstáculos para o desenvolvimento, inclusão e
emancipação da mulher, tendo em conta o nível social.

Porém a Educação e Alfabetização de Adultos são visto dentro de um quadro muito estreito. O
campo mais amplo de educação de adultos, que deve ser uma preocupação do Governo e em toda
a sociedade civil, é negligenciado. Por outro lado o sistema formal de ensino não consegue
absorver todas as crianças em idade escolar, deixando de fora muitas crianças, o que constitui
uma fonte permanente de crescimento da população analfabeta no país.

A alfabetização assume um papel preponderante nos esforços do Governo de combater a pobreza


e foi desenvolvida com a visão de por um lado, proporcionar uma oportunidade a pessoas jovens
e adultos de ambos sexos, com atenção especial à mulher.

Sendo assim surge a seguinte questão: Quais são os principais constrangimentos para a fraca
participação na Educação dos Adultos em Moçambique?
1.4. Relevância do estudo
O tema deste estudo é bastante relevante e pertinente na medida em que procura perceber o
processo implementado na Escola 3 de Janeiro, no Bairro Chingodzi na Cidade de Tete para o
empoderamento da mulher no bairro Chingodzi na Cidade de Tete. A mulher é relegada para
uma situação de desprestigiada, discriminada, sem oportunidade de educação, de emprego, com
os seus direitos desrespeitados, mas deixada com responsabilidade de cuidar dos filhos e outras
responsabilidades sociais desvalorizadas e invisíveis.

1.5. Objectivos
De seguida apresentam-se os objectivos – geral e específicos - para o alcance dos resultados
esperados no trabalho de campo na Escola 3 de Janeiro, no Bairro Chingodzi na Cidade de Tete.
1.5.1. Objectivo Geral
Analisar o papel da Educação dos Adultos na Escola 3 de Janeiro, no Bairro Chingodzi
na Cidade de Tete.

1.5.2. Objectivos específicos


Identificar os factores da fraca participação na educação dos adultos na Escola 3 de
Janeiro, no Bairro Chingodzi;
Descrever o papel da educação dos adultos na Escola 3 de Janeiro, no Bairro Chingodzi
na Cidade de Tete;

Identificar acções desenvolvidas na Escola de Alfabetização e Promoção da Mulher para


o empoderamento da mulher;
Propor estratégias que contribuem para a participação na educação dos adultos em
Moçambique.

1.6. Questões de investigação


As questões colocadas para a pesquisa são:
1. Que acções são desenvolvidas para o empoderamento da mulher na Escola 3 de Janeiro, no
Bairro Chingodzi na Cidade de Tete?
2. Que estratégias para a promoção e empoderamento da mulher são implementadas na Escola 3
de Janeiro, no Bairro Chingodzi?

1.7. Delimitação de estudo


O estudo aborda “O papel da educação dos adultos na Escola 3 de Janeiro, no Bairro Chingodzi
na Cidade de Tete (2018 - 2019)”.

1.8. Limitações do Estudo

Neste ponto, iniciamos com a caracterização do espaço geográfico em geral e do local onde
decorreu o estudo em particular.
A Cidade de Tete, capital de Província de Tete, localiza se no centro do País.
Administrativamente, a Cidade de Tete está dividido em Bairros que, por sua vez, se encontram
dividido unidades e este em quarteirões. Ao nível da Cidade de Tete existem oito (8) Bairros. É
dentro do Bairro Chingodzi onde se localiza a Escola 3 de Janeiro.
CAPÍTULO II – REVISÃO DE LITERATURA

Este capítulo apresenta fundamentação teórica do tema em estudo, sobretudo as percepções de


diferentes autores. São apresentados os conceitos básicos que interligados explicam a essência da
pesquisa, destacando se ainda Alfabetização e Educação de Adultos entre outros aspectos de
carácter teórico que possa explicar os factores tendentes ao abandono de educandos aos
programas de AEA, tendo como base explicativa a aprendizagem de Adulto. A informação que
fez parte desta secção resultou de pesquisas bibliográficas em livros académicos, revistas
científicas apresentados na internet ou arquivo bibliotecário.

2.2. Alfabetização e Desenvolvimento


No Artigo 113 da Constituição da República de Moçambique (2004), refere-se que a
Alfabetização é uma via para a unidade nacional e a erradicação do analfabetismo (Mário, 2002).
O programa do governo para 2000-2004 preconizou o relançamento da Alfabetização, dando-lhe
uma dimensão global e realística com o objectivo de reduzir o analfabetismo em 10%. O
Ministério da Educação e Cultura, no cumprimento do Plano de Acção para a Redução da
Pobreza Absoluta, (2006-2009), definiu a Alfabetização e a Educação de Adultos como alguns
dos objectivos primordiais do programa educacional. Contudo, a autora do trabalho nota que há
dificuldades de vária ordem devido à iliteracia, que leva à falta de visão do que se passa onde
cada individuo se encontra inserido interferindo na concretização do mesmo, com vista a
combater os dois males que afectam a humanidade (Analfabetismo e Pobreza). Na tentativa de
proporcionar o melhor para cada indivíduo numa sociedade, em especial, nos países em
desenvolvimento, até hoje, nunca se parou de procurar soluções que melhorem os programas de
Alfabetização. Ainda Saha (1989) refere que se deve investir na Educação, pois uma população
educada contribui para o desenvolvimento socioeconómico da sociedade e para o bem-estar dos
indivíduos no seio da sociedade. É de referir que a vitória contra os obstáculos que ameaçam o
bom funcionamento dos projectos dos governos na promoção da Alfabetização demonstrará o
desenvolvimento da Educação. A Alfabetização e Educação de Adultos são suportes
indispensáveis que confirmam que o desenvolvimento é o resultado positivo que um indivíduo
deve adquirir. A aprendizagem adquirida ajuda a aliviar os efeitos da pobreza. Portanto, de
acordo com Plano Curricular de Alfabetização e Educação de adultos, Alfabetização é a
aquisição e aplicação de habilidades básicas de leitura, escrita e cálculo enquanto que Educação
de Adultos é o processo de aprendizagem formal, não formal e informal em que jovens e adultos
desenvolvem habilidades, conhecimentos e atitudes, aperfeiçoando as sua qualidades técnicas e
profissionais, na perspectiva de satisfazer as suas necessidades, da comunidade e da sociedade
em geral.
Conceitos:
a) Género

Segundo o Dicionário Universal e Gramática da Língua Portuguesa (2002), género significa


propriedade atribuída aos nomes para designar sexos, qualidades, ordem ou classes. Contudo, a
este conceito inicial assiste-se a uma evolução do termo. Actualmente, a palavra género é
utilizada para mencionar todos os aspectos não biológicos das diferenças entre indivíduos do
sexo masculino e feminino. Entende-se que o conceito de género é antes de tudo, uma construção
histórica e social com referências que nascem das representações sociais e culturais construídas a
partir da diferença biológica de sexo (EL-Bushra, 2000).

b) Adulto
A vida adulta é entendida muitas vezes como uma fase de estabilidade, sendo esta estabilidade
apresentada por características de maturidade. Segundo GOUVEIA (2000). Moçambique
oficialmente, através do Artigo 130º do Código Civil é considerado adulto aquele que já tenha
completado 21 anos de idade.
UNESCO (2010) refere que adultas são “pessoas consideradas pela sociedade a que pertencem".
Esta prudência traduz a ambiguidade associada ao conceito de adulto e, por isso, também ao de
jovem. Há diversas etapas e níveis para que a pessoa seja considerada adulta pelos membros de
sua comunidade (VIEIRA, 2006). Assim adulta é a pessoa que executa papéis sociais,
tipicamente para os adultos. (os papéis referidos são, por exemplo, o de ser trabalhador, esposa,
esposo, pai, mãe, soldado, e outros).

c) Analfabeto
O analfabeto é o indivíduo que não tem a necessidade da leitura no desenvolvimento das suas
actividades do quotidiano, pois a leitura e a escrita são primordialmente dois recursos aos quais
os indivíduos recorre para a execução de um trabalho que não pode ser feito sem esse
conhecimento.
d) Alfabetização
MEC (2000) Alfabetização é a aquisição de noções básicas de leitura, escrita e cálculo e, por
outro, um processo que estimula a participação nas actividades sociais, políticas e económicas e
permite uma educação contínua e permanente.

2.3. Alfabetização e Educação de Adultos em Moçambique


Segundo MEC (2003) Alfabetização e Educação de Adultos referem-se a todos os programas
educativos dirigidos aos adultos, em grupo ou isoladamente, que têm por objectivos desenvolver
nos adultos, em grupo ou isoladamente, conhecimentos assim como aptidões, capacidades e
competências de ordem intelectual, afectiva, física, artística, profissional e social. Segundo
Schwartz (2010) Alfabetizado significa dar conta da leitura de um pequeno texto, seja de um
bilhete, seja de um nome de rua, para outros é fundamental a inserção da cultura na leitura e na
escrita. Porém, tanto num como noutro caso, o quadro conceptual da alfabetização encontra-se
sempre associado à leitura e à escrita. O enfoque deste programa é a aquisição de competências
ligadas a leitura, escrita e calculo, de modo a resolver os problemas do seu quotidiano.

2.4. Educação de Adultos


De acordo com Freire (2008), a educação deve ser adaptada ao fim que se persegue, que consiste
em permitir ao homem chegar a ser sujeito, construir-se como pessoa, transformar o mundo,
estabelecer com os outros homens relações de reciprocidade, o que significa que o homem deve
tomar consciência de seu poder de transformar a natureza e que responda aos desafios propostos
pela consciência. Assim o método de Paulo Freire incentiva várias instituições que estejam em
contacto com indivíduos não educados (analfabetos) para receberem conhecimentos que
estimulem de forma adequada homem nas áreas como: Serviço Nacional de Saúde, que combina
com a alfabetização da acção sanitária, no serviço de prisões, nos grupos de promoção popular,
que estimulam a formação de organizações comunitárias e nas instituições religiosas. Portando, a
Educação de Adultos é entendida como libertadora e funcional (profissional), por Paulo Freire,
quer dizer, o indivíduo aprende e aplica os conhecimentos adquiridos. Assim, o pensamento de
Paulo Freire é retratado no Plano Curricular de Alfabetização e Educação de Adultos (2011),
quando define a Educação de Adultos como aprendizagem formal, não formal e informal em que
os adultos desenvolvem habilidades, conhecimentos e atitudes, aperfeiçoando as suas qualidades
técnicas e profissionais na perspectiva de satisfazer as suas necessidades, da comunidade e da
sociedade em geral. Deste modo, Nafukho, Amutabi e Otunga (2005) afirmam que na Educação
de Adultos todas as actividades são desenvolvidas com o objectivo de proporcionar
aprendizagem entre aqueles cuja idade, papéis sociais e auto-percepção os definem como
adultos. Segundo Norbeck (1981:3), o adulto é aquele que ultrapassou a adolescência. Ele é
responsável por si próprio e por outros e tem experiência de trabalho a tempo inteiro. Esta é uma
definição que pode ser útil quando se programa a educação de adultos. Para a Educação de
Adultos é importante conhecer bem o adulto para que haja sucesso no processo de ensino
aprendizagem. São vários os motivos que podem causar fracasso nos programas de Educação de
Adultos:

- Tratar o adulto como criança. Os educadores tratam-nos, falam-lhes como se fossem crianças.
Os adultos são colocados em escolas, salas de aula e carteiras para crianças, pois a maior parte
das pessoas associam a educação de adultos com a instrução tradicional para crianças e se os
adultos querem receber instrução eles terão de se sujeitar ao mesmo processo que as crianças.

- Não conhecer o adulto, é outra causa. Os alfabetizadores/ educadores não conhecem a sua
idade, profissão, origem cultural, experiência, condições socioeconómicas, condições físicas, etc.
Conhecer o adulto, tem a ver com a intenção do programa que pode afectar o como se comunicar
com ele. Pode afectar ainda todo o processo de ensino-aprendizagem. (Norbeck, 1981:4).

2.5. Empoderamento

Segundo Romano e Antunes (2002), o empoderamento é um processo pelo qual as pessoas,


organizações, comunidades assumem o controlo dos seus próprios assuntos, sua própria vida e
tomam consciência da sua habilidade e competência para produzir, criar e agir. Para Sen (1992),
o empoderamento tem a ver com o desenvolvimento das capacidades das pessoas pobres,
excluídas e das suas organizações para transformar as relações de poder que limitam o acesso às
riquezas e às relações em geral com o Estado, mercado e sociedade civil. Segundo Costa
(1998:7), o empoderamento conduz as pessoas, organizações e comunidades a tomar consciência
das suas competências e potencialidades para controlar a sua própria vida e gerir os seus
destinos. Na óptima da autora deste estudo, actualmente há um consenso em torno da ideia de
que é preciso encontrar com criatividade e ousadia formas que possibilitam a inclusão social da
mulher, que não é reconhecida como parte integrante do desenvolvimento para o qual contribuiu.
Para Stromquist e Leon (1997), o empoderamento consiste principalmente: - Na construção de
uma auto-imagem e confiança positiva; - No desenvolvimento da habilidade para pensar
criticamente; - Na construção da coesão do grupo; - Na promoção da tomada de decisões.
Stromquist e Leon afirmam também que o empoderamento deve incluir as componentes
seguintes:
a) Componente Cognitiva: Tem a ver com a compreensão que as mulheres têm em relação à
sua subordinação e suas causas em níveis altos e baixos da sociedade. Envolve a compreensão de
ser e a necessidade de fazer escolhas mesmo que possam ir de encontro às expectativas culturais
e sociais. Deste modo, a componente cognitiva do empoderamento também inclui um novo
conhecimento sobre as relações e ideologias de género, sobre a sexualidade, os direitos legais, as
dinâmicas conjugais, etc.

b) Componente Psicológica: Inclui o desenvolvimento de sentimentos que as mulheres podem


pôr em prática ao nível pessoal e social de modo a melhorar a sua condição, assim como a ênfase
na crença de que podem ter êxito nos seus esforços por mudanças; sendo a auto-confiança e auto-
estima fundamentais;

c) Componente Política: Supõe a habilidade para analisar o meio circundante em termos


políticos e sociais; também significa capacidade para organizar e promover mudanças sociais.

d) Componente Económica: Supõe a independência económica das mulheres como


componente fundamental de apoio à componente psicológica.
Em suma, o empoderamento das mulheres é um desafio às relações patriarcais, em especial
dentro da família, ao poder dominante do homem e na manutenção dos seus privilégios de
género. Significa uma mudança na dominação tradicional dos homens sobre as mulheres,
garantindo-lhes a autonomia no controlo dos seus corpos e da sua sexualidade, assim como do
combate ao abuso e à violação sem castigo, ao abandono e às decisões unilaterais masculinas que
afectam toda a família. De realçar que, desde os finais do século passado, esta foi a luta contra a
percepção e glorificação da mulher como mãe e reprodutora (Casimiro, 1999). Desta maneira, é
correcto considerar primordial a relação educação-empoderamento por ajudar o indivíduo a
adquirir visão e horizontes para melhorar as suas condições de vida.
CAPÍTULO III – METODOLOGIA DE PESQUISA
3. Metodologia de pesquisa
Segundo Gil (1999:47), metodologia é um conjunto de procedimentos por intermédio dos quais
se propõem os problemas específicos, coloca-se a provar as hipóteses científicas.

3.1 Tipo de Pesquisa


Para a efectivação do presente estudo, será empregue a pesquisa do tipo qualitativo. Esta
caracteriza-se por uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais
apresentadas pelos sujeitos da pesquisa (Lakato e Markoni, 1992). Severino (2002:145), por
exemplo, fundamenta que a pesquisa do tipo qualitativa permite deixar entrar na complexidade
dos acontecimentos reais e investiga não apenas o que se compreende sem esforço (o que está
claro), mas também as contradições, os conflitos e a resistência a partir da interpretação dos
dados no contexto da sua produção para a obtenção de resultados claros e satisfatórios. Para o
presente estudo, este tipo de método permitiu a investigação directa, descrição e explicação da
realidade concreta e actual do papel da educação de Adulto.
De acordo com o tema em estudo, a abordagem é do tipo descritivo. Gil (1999:95) afirma, a
este respeito, que o estudo descritivo permite a “descrição das características de uma
determinada população ou fenómeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis.” Portanto,
no caso vertente, trata-se de um estudo de caso que levou a fazer uma observação directa, o que
contribui para a compreensão de fenómenos individuais, de um grupo reduzido de sujeitos.
Segundo Babbie (2005), no estudo de caso observam-se características de uma unidade
individual, como por exemplo: um sujeito, uma classe, uma escola, uma comunidade. Neste
caso, o foco será sobre a Escola 3 de Janeiro, no Bairro Chingodzi na Cidade de Tete.
É também do tipo ‘bibliográfica’, portanto, foi feita a partir do levantamento de
referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e electrónicos, como livros,
artigos científicos, páginas de websites.

É uma pesquisa de campo, que foi possível através da observação direita ‘inluck’,
entrevistas com os informantes e a interpretação da realidade que ocorre. Caracteriza-se pelas
investigações em que, além da pesquisa bibliográfica e/ou documental, se realizou colecta de
dados junto a pessoas, como recurso de diferentes tipos de pesquisa, como: pesquisa ex-post-
facto, pesquisa participante, pesquisa-acção, etc.

3.2 Método
Segundo PILETTI& MARCONI (1991: 102) “método é um caminho a seguir para alcançar um
fim”.
Nesta perspectiva, método é o caminho adequado para atingir um objectivo. Ou seja, conjunto de
técnicas e processos utilizados para ultrapassar a subjectividade do autor e atingir a obra literária.

3.2.1 Método de abordagem

Portanto, com base no tipo de pesquisa, a abordagem privilegiada é dedutivo, porque “ela
considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo
indissociável entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que não pode ser traduzido
em números”.
A interpretação dos fenómenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa
qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte
directa para colecta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave.
 Incluirá ainda o método Hipotetico-dedutivo ‘’parte de um problema ao qual se oferece uma
espécie de solução provisória.

3.3 Métodos de procedimentos

Segundo Silva (2005, p. 85), referem que os métodos de procedimento “constituem etapas mais
concretas da investigação, com finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos
fenómenos menos abstractos. Pressupõe uma atitude concreta em relação ao fenómeno e estão
limitadas a um domínio particular”.
Assim, para fazer face a esta pesquisa a autora foi buscar o método estatístico e o método
monográfico ou de estudo de caso.

3.3.1 Método Estatístico


Os processos estatísticos permitem obter, de conjuntos complexos, representações simples e
constatar se essas verificações simplificadas têm relações entre si (LAKATOS, 2004). Os dados
recolhidos no campo foram de preferência tratados deforma estatística de acordo com as
respostas dadas pelos alfabetizados na Escola 3 de Janeiro, usou-se os processos estatísticos e
Excel 2007 na construção de tabelas e gráfico das variáveis de estudo.
3.3.2 Método estudo do caso
Segundo Andrade (2006) O estudo de caso refere-se ao estudo minucioso e profundo de um ou
mais objectos. O estudo de caso pode permitir novas descobertas de aspectos que não foram
previstos inicialmente. Restringe-se o estudo a um objecto que pode ser um indivíduo, família,
grupo.
Por lidar com fatos ou fenómenos normalmente isolados, o estudo de caso exige do pesquisador
grande equilíbrio intelectual e capacidade de observação (olho clínico), além de parcimónia
(moderação) quanto à generalização dos resultados.

População de Estudo

A população desta pesquisa são todos Educandos da Escola 3 de Janeiro, no Bairro Chingodzi no
período de 2018-2019 e que correspondem a 382, deste número foram inqueridos 100 Educandos
que frequentam o ensino Alfabetização e Educação de Adultos.

3.4. Processo de amostragem


Para o presente estudo, para aproximar a realidade dos objectivos preconizados ou desejados, a
pesquisa usou a técnica da amostra aleatória simples. Este tipo de técnica que se usa quando o
número da população é homogéneo.

3.5. Tamanho da Amostra


Na presente pesquisa para se garantir uma amostra representativa, foi feita amostragem
probabilística aleatória simples com margem de erro de 5 %. A fórmula de Yamane (Gujarat,
1996), foi usada para o cálculo da amostra por esta ser simples e é a seguinte:
N
n−¿ 2
¿
1+ N ( e )
Onde:
n = Tamanho da amostra,
N = O número da população ou universo,
e = é o numero da depreciação e também a amostra da prevenção do erro.
382
n−¿ 2
¿
1+ 382 ( 0.05 )

n=196.
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