CFFa Guia RAS
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Redes de Atenção
Brasília
2020
Nesses 30 anos do Sistema Único de Saúde-SUS, houve ampliação do acesso à saúde
em diferentes âmbitos, numa visão ampliada de saúde, não apenas a ausência de
doenças.
Cada vez mais se espera que o fonoaudiólogo contribua com sua especificidade nas
diversas equipes e pontos de atenção, de modo articulado e consonante, consolidando
uma prática potente e inventiva nos serviços.
Diante desse contexto, este documento busca esclarecer aos nossos interlocutores as
dimensões da prática fonoaudiológica, na perspectiva da clínica ampliada, a partir das
linhas de cuidado e das Redes de Atenção à Saúde (RAS).
No Brasil, a Atenção Primária à Saúde (APS) apresenta-se como uma das portas de
entrada dos usuários aos serviços de saúde, na qual estes poderão ter acesso a uma
fonte adequada de atenção, de forma longitudinal. A APS apresenta-se como lócus
privilegiado para o desenvolvimento de práticas de promoção da saúde, tendo em vista
sua organização de base territorial, com a descrição dos usuários e equipe
multiprofissional responsável pelo reconhecimento das demandas de saúde dessa
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população e pela coordenação do cuidado dos usuários (BRASIL, 2017). Tal
organização pode possibilitar a construção da autonomia dos usuários, frente aos
fatores condicionantes e determinantes do processo saúde-doença-cuidado, de modo
que alcancem equidade em saúde (OTTAWA, 1986).
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CLÍNICA AMPLIADA
A clínica ampliada é uma das diretrizes que a Política Nacional de Humanização propõe
para qualificar o modo de se fazer saúde. Ampliar a clínica é aumentar a autonomia do
usuário do serviço de saúde, da família e da comunidade. É integrar a equipe de
trabalhadores da saúde de diferentes áreas na busca de um cuidado e tratamento de
acordo com cada caso, com a criação de vínculo com o usuário.
LINHAS DE CUIDADO
*Publicado no livro: O Trabalho em Saúde: olhando e experienciando o SUS no cotidiano; HUCITEC, 2004-2a. edição; São
Paulo, SP. Túlio Batista Franco Professor da Universidade Federal Fluminense. Helvécio Miranda Magalhães Júnior
Secretário Municipal de Saúde de Belo Horizonte.
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cuidado, o que significa organizar um cuidado integrado e contínuo (Ministério da
Saúde, 2010 – Portaria nº 4.279, de 30/12/2010).
É importante ter clareza dos pré-requisitos que capacitam o profissional para atuar nos
diversos pontos de atenção. Nesse sentido, a inserção do fonoaudiólogo nos diferentes
serviços e níveis de complexidade, pode contribuir para a implementação da clínica
ampliada, no estabelecimento de Projetos Terapêuticos Singulares (PTS) considerando
as linhas de cuidado e na organização das redes de cuidado à saúde no SUS.
De acordo com as diretrizes das linhas de cuidado da saúde nos diferentes ciclos de
vida e na lógica das Redes, o fonoaudiólogo desenvolve ações de promoção, prevenção,
avaliação e reabilitação em programas e em diferentes pontos de atenção, tais como:
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Consultórios de rua
CER (Centro Especializado em Reabilitação)
Hospital Geral / Maternidade (UTI e enfermarias)
Centro de Convivência
CEREST (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador)
Vigilância Epidemiológica, Ambiental e Sanitária
Telessaúde
Gestão em Saúde
Entre outros.
1 Rede Cegonha
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CONHEÇA A CAMPANHA:
“FONOAUDIOLOGIA NA PRIMEIRA INFÂNCIA” POR MEIO DO LINK
https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/wp-content/uploads/2018/09/Campanha-Fono-na-
Infancia_tabuleiro.pdf
Caso 1:
Maria deu à luz a Pedro em uma maternidade municipal, a criança nasceu saudável
e sem intercorrências. Após algumas horas a mãe percebeu que o filho não
conseguia mamar. Durante a realização das triagens neonatais, a fonoaudióloga
informou que o bebê passou na TANU e identificou alteração no frênulo lingual, por
meio da Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês. A profissional indicou a
realização da frenotomia e acompanhou a mãe durante todo o processo, orientando
quanto ao manejo e posicionamento do bebê em seio materno. Na alta, a mãe foi
orientada a buscar sua UBS de referência, para acompanhamento do bebê e
manutenção do aleitamento materno exclusivo, incluindo orientações sobre o
desenvolvimento da linguagem e audição.
Outras informações sobre Desenvolvimento da linguagem e audição pode ser acessada no link
https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/wpcontent/uploads/2013/07/desenvolvimento-
CFFa.pdf
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2 Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE)
Caso 2:
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Após a alta hospitalar, o paciente foi encaminhado para a RAS, para continuidade do
processo de reabilitação fonoaudiológica.
Outras informações podem ser acessadas no Portaria MS 483 de 2014, por meio do link
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt0483_01_04_2014.html
Caso 3:
Senhor Adolfo, 63 anos, fumante, retornou para sua cidade após tratamento do
câncer na capital. Na visita da agente comunitária (ACS), a filha relatou dificuldade
com a limpeza da traqueostomia e Sr Adolfo está muito triste por não conseguir
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falar. Durante a reunião com a equipe do NASF-AB, a ACS relatou o caso e solicitou
apoio do fonoaudiólogo da equipe, sendo agendado uma visita domiciliar à família.
Após a avaliação, o profissional orientou à família quanto a higienização adequada
da traqueostomia e iniciou um PTS para a construção de novas estratégias de
comunicação e reinserção social.
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Caso 4:
Informações sobre a RAS podem ser acessadas na Portaria no. 3.088/11, no link
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_rep.html
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Por vezes, essas barreiras ou obstáculos, atitudes ou comportamentos, impedem a
participação social da pessoa e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade
de expressão e à comunicação.
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Fonte: (CHIAVERINI et al., 2011, p. 45, adaptado).
Deste modo, contribui para o cuidado integral a essas pessoas, com o objetivo de
desenvolver potencialidades para a conquista da autonomia e participação social em
igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas.
Caso 5:
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PROCESSOS DE TRABALHO NO SUS
Mudar o modelo assistencial requer uma inversão das tecnologias de cuidado a serem
utilizadas na produção da saúde. Um processo de trabalho centrado nas tecnologias
leves e leve-duras é a condição para que o serviço seja produtor do cuidado.
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Como foi apontado inicialmente, é fundamental que a atuação do fonoaudiólogo
em qualquer um dos pontos de atenção esteja em consonância com as políticas
públicas, de modo que seu fazer se legitime nas equipes, agregando valor e
potência nas redes de atenção.
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LEITURA SUGERIDA
1. Brasil. Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial da República Federativa
do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 set. 1990. Seção 1, p. 18055.
8. Merhy EE. Em busca do tempo perdido: a micropolítica do trabalho vivo em saúde. In:
Merhy EE & Onocko R (Orgs). Agir em saúde: um desafio para o público. São Paulo:
HUCITEC; Buenos Aires: Lugar Editorial; 1997. (Saúde em debate n.108)
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