Coesão e Coerencia
Coesão e Coerencia
Coesão e Coerencia
Fernando Andrade
Aula 07 – FAMEMA
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Aula 07 –
Coesão e coerência
Redação
FAMEMA
Fernando Andrade
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Sumário
Apresentação ........................................................................................................... 3
1. Coerência ............................................................................................................. 4
2. Coerência: erros a serem evitados ........................................................................ 9
2.1 Ambiguidade/ Figuras de linguagem .............................................................................. 9
2.2 Uso indiscriminado de conceitos .................................................................................. 10
2.3 Jogo entre generalização e particularização ................................................................. 12
2.4 Causa e consequência .................................................................................................... 21
2.5 Analogia ......................................................................................................................... 24
2.6 Gap (Buracos) ................................................................................................................. 31
3. Coesão ............................................................................................................... 35
3.1 Anáfora ........................................................................................................................... 36
3.2 Conectivos ...................................................................................................................... 38
3.2.1 Exercícios ..................................................................................................................... 43
3.2.2 Gabarito ..................................................................................................................... 47
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APRESENTAÇÃO
Querido aluno,
Saudações. Sétimo pdf! Basicamente, terminamos a parte teórica sobre estrutura de texto.
Consideramos, no último pdf, a conclusão. Consideramos tema, tese, projeto de texto, introdução,
desenvolvimento e conclusão. Agora, supondo que chegamos ao final do texto, o que falta? A
revisão.
Sim, corujinha escritora, não há bom texto sem revisão. Na hora da escrita, naquele
momento em que as palavras e ideias parecem tomar conta do ser (é, estou exagerando), sua
capacidade crítica de escrita não pode ser elevada. Lembre-se: a forma atrapalha a ideia e a ideia
atrapalha a forma.
No momento do brainstorm e mesmo da primeira escrita do texto, se você ficar preocupada
com regras gramaticais e coesão do texto, as ideias vão fugir de você. Ideias são como gatos ariscos,
você tem poucas oportunidades para agarrá-los. O processo é meio atabalhoado no começo. As
ideias vêm chegando, você as coloca no rascunho, não deixa escapar as relações entre elas,
registrando tudo no rascunho, e, depois de chegar à tese, começa a escrever a primeira versão do
texto.
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Ela não deve ser definitiva e você deve ter a liberdade de errar, inclusive de cometer erros
ortográficos. Depois do texto pronto, aí é a hora do pente fino. Você deve ter olhos de lince para
perceber erros que você geralmente comete, resolver problemas de ligação entre ideias e frases
(coesão), afinar a coerência, relativizar argumentos que ficaram muito radicais e, até, alterar ou
acrescentar algum argumento.
No calor da produção textual, dificilmente, você perceberá esses “erros”. É preciso um certo
distanciamento do texto para perceber os cochilos. Por conta disso, é bom você ter em mente uma
estratégia para produzir o texto no dia do Vestibular. Seria interessante que seu texto estivesse
pronto lá pela metade da prova. Supondo que sua prova tenha 5 horas, depois de 2h, você teria a
primeira versão pronta. Nesse ponto, você poderia se “distrair” com as outras questões da prova,
para depois retornar ao texto. Isso permitiria o distanciamento necessário para que você
conseguisse perceber o que seria necessário melhorar.
O que você deverá observar? Sobretudo o quesito coesão e coerência. Normalmente, as
bancas consideram esse item como critério de pontuação.
Bora entender melhor o que vem a ser isso no seu texto e como garantir que seu texto seja
coerente e coeso.
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Boa escrita.
1. COERÊNCIA
Para começar a discutir coerência, melhor seria falar do contrário. O que você acha das frases
abaixo?
"A floresta está cheia de animais já extintos. Tem que parar de desmatar para que os animais que
estão extintos possam se reproduzir e aumentar seu número respirando um ar mais limpo."
"A emoção de poluentes atmosféricos aquece a floresta."
"A floresta tá ali paradinha no lugar dela e vem o homem e créu."
“O aumento da temperatura na terra está cada vez mais aumentando."
"A Amazônia está sofrendo um grande, enorme e profundíssimo desmatamento devastador,
intenso e imperdoável."
“Precisamos de oxigênio para nossa vida eterna."
Engraçadas? Pois é, elas são incoerentes em alguma medida. É isso que você deve evitar a
todo custo na sua redação. Mas, afinal, o que é coerência?
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Para simplificar, é aquele texto que apresenta concepção geral lógica e progressão temática
(algo visto na aula passada).
Com certeza, corujinha direta. Nos outros pdfs, vimos esses elementos como importantes na
construção do texto. Agora, supondo que você produziu uma primeira versão, é importante que
você se treine em verificar se o seu texto está coerente, ou seja, se manifesta tanto progressão
quanto linearidade lógica.
Na dissertação as ideias devem se complementar. Uma deve ser a continuidade da outra.
Primeira e única regra da coerência...
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Figura 1 : Pixabay
Mas o que é contradição? Em lógica não é somente aquilo que nega diretamente o que é
afirmado. Se alguém pergunta “que dia é hoje” e um engraçadinho responde “não é domingo”, ele
na verdade não respondeu. Contradição, no caso da dissertação, significa que a continuidade que
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Nessa brincadeira, você deve perceber qual a lógica que está pautando apresentação das
pedras de dominó. Depois de quatro peças apresentadas você deve ter percebido qual é o padrão e
deve apresentar um que siga o critério desenhado. Pode demorar um pouco, mas você vai perceber
que o paradigma não se relaciona com uma pedra e outra, mas com os números no interior de cada
um dos dominós. O primeiro tem o número 2 na parte de cima e 3 na parte de baixo, houve,
portanto, uma soma 2+1=3, os outros seguem essa equação, logo, a última peça deve ser a da
alternativa “e”.
No primeiro caso, a informação é vaga, não se diz nada, pois a mensagem serve para qualquer
circunstância. No segundo, a informação se repete.
Acho que ficou claro... O problema é como evitar a tal da incoerência. Bom, há dois tipos de
incoerência:
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Incoerência
Textual Factual
Incoerência factual
O repertório que você apresenta deve ter como premissa a aceitação coletiva daquilo que
você afirma. A realidade não pode desmenti-lo. Tome cuidado com informações erradas. Podem
ocorrer por:
- Lapso de memória. Um aluno que escreveu “como disse Hobbes, “penso, logo existo”,
obviamente se atrapalhou, quem disse isso foi Descartes. Mesmo que o leitor compreenda, o erro
tira a credibilidade do texto. Mas isso não se aplica somente a citações. Na história, fatos históricos
paralelos podem levar o escritor à confusão. Por exemplo, pode-se confundir a Revolta da Armada
com a revolta do Forte de Copacabana. Nesse caso, não há muito o que se fazer. Por isso, quando
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apresentar fatos históricos ou citações, argumentos que dependem da memória, reveja o que
escreveu e certifique-se de que há pouca possibilidade de erro.
-Comentários gerais que não são apropriados à realidade. A dissertação exige uma leitura
literal do texto. Considere a seguinte afirmação: “ministros caindo, governadores e prefeitos
suspeitos de superfaturamento, desvios de verbas e movimento popular de que mais se fala são a
marcha da maconha e da homofobia”. Trata-se de uma generalização exagerada dos fatos. Esse tipo
de frase é encarado como incoerência factual. Não é verdade que as pessoas só falem da “maconha”
ou de “homofobia”.
-Previsões ingênuas. Imagine que um candidato tenha defendido a tese de que uma das
causas da violência se relaciona com a desestrutura familiar. Essa tese é defensável. Seguindo essa
observação, o candidato poderia chegar à conclusão de que uma intervenção possível seria o Estado
tirar a criança do ambiente familiar degradado. Ora, como fazer isso na realidade? Com quem a
criança ficaria? Quem aceitaria essa criança? Por mais lógica que pareça, essa proposta é incoerente.
Incoerência textual
A coerência tem uma premissa muito clara: um texto com progressão lógica é coerente. As
informações não devem ser justapostas. Vamos supor que você queira defender seu time de futebol
e faça a seguinte afirmação:
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Tese
tornam melhor.
Se o texto fosse organizado de outra forma, o autor até poderia se valer desses atributos,
mas teria que explicar o motivo de esses elementos fazerem do time algo melhor. Você precisaria
pensar em temas e subtemas e tentar fazer uma ligação entre eles. Se isso for possível, o texto pode
ficar coerente.
Considere um outro esquema:
Concessão: apesar da
atuação sofrível atual
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Para conseguir coerência, você já sabe o que fazer, basta seguir o que foi sugerido nas duas
últimas aulas. Ao considerar o raciocínio lógico e a progressão textual, consideramos, de forma geral,
como produzir um texto coerente. Neste pdf, vamos considerar o que não se deve fazer.
Normalmente, os atentados à coerência textual têm a ver com 4 fatores: ambiguidade textual,
generalização/particularização, causa/consequência, analogia, uso indiscriminado de conceitos e
gap.
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qual podemos ver o que não vemos”. Para alguém religioso, ela faz muito sentido. Mas, lida de forma
literal, ela se torna um paradoxo, não é possível ver o que não vemos. O escritor não poderia se
contentar com o jogo antitético de palavras. Ele teria que escrever “a fé é uma graça que permite
aos fiéis a crerem em ideias que não podem ser observadas empiricamente, são invisíveis aos olhos”.
Na revisão do seu texto, fique atento(a) para o uso das palavras e das figuras de linguagem.
Figura 4: Pixabay
Trata-se de uma imagem puramente
mental que deve conter dentro de si uma série de
circunstâncias e que permite perceber
semelhanças em fenômenos diferentes. Por
exemplo, alguém pode devolver um dinheiro
perdido, outra pessoa pode se recusar a pagar propina para um policial e outra, contar a verdade
mesmo diante de uma situação desfavorável. O que elas manifestam? HONESTIDADE.
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Tal termo é um conceito e, como tal, permite que eu veja algo que vai além da realidade
concreta. Honestidade não se testemunha, o que se pode observar é uma ação denominada honesta
dentre tantas outras. Trata-se, portanto, de um ente mental e dependente da linguagem.
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As Humanidades são dependentes dos conceitos e eles são valioso para elaborar argumentos.
Considere a sociologia, nossa melhor ferramenta para conhecer o mundo humano. Como entender
o mundo sem os conceitos de “capitalismo”, “liberalismo”, “modernidade”, “tecnologia”,
“sociedade de massas” etc?
Se ele é tão operacional, qual o problema? Todo conceito, por ter de abarcar situações muito
díspares, apresenta um certo traço de indistinção que o torna dependente da interpretação. Pense
na palavra “liberdade”: a que circunstâncias ela pode ser aplicada? A pessoa que cumpre suas
obrigações é livre? O indivíduo inconsequente é livre? A pessoa que não reconhece limites para os
seus desejos é livre ou é egoísta?
Você já deve ter percebido qual é a treta. Usar mal um conceito torna seu argumento
incoerente. Geralmente, isso ocorre por dois motivos. Tente percebê-los nos exemplos abaixo.
Pode-se dizer que a Globalização tem seu lado terrível. A Globalização tem a ver
velocidade, descartabilidade e efemeridade das notícias, com a
modas e padrões, que surgem e são substituídos em desregulamentação do
questão de dias, horas e minutos deixam o indivíduo sem mercado global e não
referência. com efemeridade das
notícias.
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MAIS CONCRETO, MAIS PRECISO (conotativo MAIS ABSTRATO, MAIS VAGO (denotativo ou
ou metafórico) não figurado)
Água mole em pedra dura tanto bate até que A perseverança acaba levando à consecução
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Q.(FVUEST/2020)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Uma planta é perturbada na sua sesta* pelo exército que a pisa.
Mas mais frágil fica a bota.
Gonçalo M. Tavares, 1: poemas.
*sesta: repouso após o almoço.
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Observe que nesse caso, a banca pediu para que você entendesse a lógica da relação entre
um ditado e um poema, ambos metafóricos. O exercício é semelhante àquele de lógica apresentado
no começo dessa nossa discussão. A diferença é que não se trata de pedras de dominó, mas de
textos metafóricos.
Alternativa "a" está incorreta. O poema gira em torno da ação do exército, o ditado faz
referência ao processo de interpretação.
Alternativa "b" está correta. O poder da bota é semelhante ao da dureza da pedra; a ação
da planta que vai contaminando o poder militar é semelhante à ação da água que vai minando a
dureza do rochedo.
Alternativa "c" está incorreta. O ditado faz referência à reação violenta como resposta a
outra do mesmo aspecto. Ora, a planta não reage com a mesma intensidade com que foi ferida.
Alternativa "d" está incorreta. Esse ditado supõe que a resistência civil poderia agir da
mesma maneira como o exército age; se as pessoas agirem com violência contra o exército, haveria
uma rebelião e não resistência civil.
Alternativa "e" está incorreta. Se essa ideia fosse aplicada ao poema, deveria significar que
outras plantas deveriam se juntar a essa única que foi pisada, ideia que não está presente no texto.
Gabarito: B
E para você perceba que não se trata somente de português, que tal uma questão de
história, também de 2020, FUVEST?
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Q. (FUVEST/2020)
De acordo com o historiador Martyn Lyons, “nos temores contemporâneos em relação ao acesso
ilimitado a sites perigosos da Internet, e às dificuldades enfrentadas por governos de diversos
países no policiamento da distribuição da informação, ouve‐se o eco do pânico causado pela
invenção da imprensa”.
Martyn Lyons, A história da leitura de Gutenberg a Bill Gates, RJ: Casa da Palavra, 1999.
Escolha a alternativa que demonstre corretamente os elementos de continuidade e de
descontinuidade entre a “revolução do impresso” e a “revolução eletrônica” apontados pelo autor.
(A) As chamadas “revolução do impresso” e “revolução eletrônica” não somente favoreceram a
multiplicação e democratização do acesso à informação como também auxiliaram a formação de
um público mais vasto e mais crítico.
(B) A implementação das novas tecnologias de comunicação eliminou a diferença entre os usuários
e os excluídos do universo da cultura escrita, tal como se prometera no início de sua adoção.
(C) A manutenção de índices elevados de circulação de fake news nas redes sociais demonstra que
a “revolução da comunicação” depende de quem domina e de quem usa as tecnologias.
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Alternativa "e" está incorreta. É falsa, há incoerência factual, o advento da tipografia foi
revolucionário.
Gabarito: C
É importante que você desenvolva uma sintonia fina para perceber quando as relações entre
duas ideias não estão perfeitamente encaixadas. Nesse caso, seria necessário desenvolver um
olhar clínico para isso. O estudo das falácias ajuda, mas saber reconhecer uma falácia é mais
importante do que decorar a tipologia desse tipo de raciocínio torto.
Observe o fragmento de texto de uma redação escolar. exagero
Todos têm o direito à educação, mas poucos têm o acesso às Palavra importante:
escolas. Em diversas cidades do Brasil, as escolas encontram-se em “acesso “
situações precárias, alunos vão a à escola e faltam professores.
Governadores ainda reduzem as verbas da educação.
Esse trecho não concretiza
“acesso”, introduz outra
generalização
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Resolução comentada
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Alternativa "e" está incorreta. Há nessa alternativa algo de ilusório também, mas
a frase de Marx deve ser entendida dentro do contexto de crítica à sociedade e
não crítica à subjetividade.
Gabarito: D
Comentário.
Alternativa "a" está incorreta. No trecho em que se descreve a situação da
Venezuela, não há atores externos, que poderiam denunciar a Globalização.
Alternativa "b" está correta. Rússia e EUA configuram agentes globais que têm
interesses no Oriente Médio e que interferiram no conflito sírio.
Alternativa "c" está incorreta. Nessa alternativa, comenta-se a questão
econômica, o trecho generalizante faz referência a conflitos bélicos.
Alternativa "d" está incorreta. Essa ideia pode ser um agravante em relação à
situação mundial, mas não particulariza a generalização citada no enunciado.
Alternativa "e" está incorreta. A imigração é consequência dos conflitos; exige-se
a concretização de algum conflito.
Gabarito: B
Q.3 Considere a tese que está sendo defendida e assinale a alternativa que concretize
adequadamente o que está sendo dito.
Tese: A educação, no Brasil, tem sido relegada a segundo plano.
a) Uma proposta de Emenda Constitucional (PEC) foi aprovada restringindo os
gastos com educação.
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Comentário.
Alternativa "a" está incorreta. Nessa alternativa, o agente é “ qualquer um”, mas,
na generalização, o agente são os governos.
Alternativa "b" está incorreta. Essa alternativa faz referência a vitimização dos
governantes e a generalização tem como foco o cidadão.
Alternativa "c" está correta. A agência é autorizada a funcionar pelo governo
americano e coletou dados dos cidadãos.
Alternativa "d" está incorreta. O fato de haver coleta discriminada e autorizada
pelo judiciário configura caso de exceção e não uma ação sistemática.
Alternativa "e" está incorreta. O trecho que deveria ser concretizado tem como
agente o governo e não os condomínios.
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Nesse caso a incoerência se deve à junção entre duais ideias como se uma fosse a causa de
outra e não são. No último caso, há inclusive uma incoerência factual, já que escritor não usou com
propriedade factual o “conceptismo” e “cultismo”.
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lucro, não haverá traficantes. Na Idade Média, quando lucro não tinha nenhum
significado, não havia tráfico.
Mas o problema maior pode ser observado no parágrafo seguinte. O aumento do
consumo de drogas no Brasil não é prova de que a violência surge por conta dos
consumidores.
2.5 ANALOGIA
Analogia ou comparação já foi estudada como recurso argumentativo. Nesse momento,
interessa treinar a percepção para que você não se perca numa comparação mal elaborada. Há, na
verdade, dois tipos de analogia: a comparação entre duas realidades concretas, por exemplo, a
situação educacional de dois países; e a imagética, em que o escritor compara uma dada situação
com um objeto metafórico.
Nos dois casos, deve-se ter certeza de que se é possível estabelecer as semelhanças entre os
elementos escolhidos sem que o leitor perceba isso como incoerente. Para se ter uma ideia, segue
abaixo uma redação que foi publicada pela FUVEST sobre o tema da amizade, na qual o autor se valia
de uma estrutura analógica, à primeira vista, estranha.
Chocolate amigo
A amizade é uma palavrinha bonita, e apenas isto. Inventada por Floristas e fazedores de cartões
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enfeitados de coração e poemas hipócritas. Usada em discursos românticos, sem significado algum,
completamente banalizada.
A maioria das pessoas fala de sentimentos como amor ou amizade com um orgulho
desmedido e inexplicável facilidade. Falam porque tê-los é o que se espera do ser humano, e parece
sensível e legal. Mas boa parte delas mal sabe o que tais palavras significam, e acaba soando frio,
superficial e possessivo. De fato, muitas vezes parece que estamos falando de um simples chocolate.
O chocolate, como bem sabemos, é um petisco engordativo que geralmente proporciona
grande prazer. Talvez, prazer maior que um amigo; afinal, ele não nos decepciona – a não que o
sabor esteja errado -, não mente, não faz competições primitivas, não é egoísta e só nos abandona
quando decidimos devorá-lo. Porém, também é sabido que chocolates nunca desenvolvem ou
demonstram a devoção e sentimento que reservamos para ele, seja qual for.
Ele não sente, não pensa, não fala... não é seu companheiro, não apoia, não segura a mão...
portanto, não pode de maneira alguma ser um amigo; entretanto, é assim que temos tratado nossos
amigos: como chocolates.
É bem fácil dizer “meu amigo” como quem diz “minha barra de chocolate preferida”, uma
propriedade sem sentimentos que você pode declarar adoração e fidelidade sempre que tiver
vontade porque ele não entende e nem vai morrer quando não lhe for mais conveniente continuar
a “amizade”.
Pois somos todas pessoas, seres humanos, egocêntricos, dissimulados e egoístas. Só
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enxergamos a própria vontade e acreditamos que cada um de nós é o único que pode ser magoado.
Mantemos relações e gostamos das pessoas e coisas quando e enquanto for conveniente. Usamos
e pisamos nossos “amigos” ...
...e nos escondemos. Atrás de músicas, poemas, declarações, discursos sobre sentimento que
sabemos não ter.
Ao fazer uma comparação, incialmente, é preciso pensar nas similaridades e diferenças. Essa
contabilidade de traços deve aparecer de alguma maneira no seu texto. Vejamos como seria a
tabela do “amigo chocolate”?
Chocolate Amigo
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Até este ponto, a comparação parece absurda. Quem imaginaria comparar chocolate com
amigo? Mas eis que, em uma frase, o autor do texto resolve o que até agora estava parecendo
incoerente. Ele afirma, “é assim que temos tratado nossos amigos: como chocolates... É bem fácil
dizer ‘meu amigo’ como quem diz ‘minha barra de chocolate preferida’”. Essa frase dá coerência ao
restante.
A partir desse texto, é possível entender que a comparação deve atender a três requisitos
básicos
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Que tipo de texto seria possível, levando em conta esses dados? O que você acha do texto
abaixo?
O ensino no Brasil é diferente do que ocorre no Japão, país que conseguiu relativo sucesso
nessa área. Lá os alunos são mais interessados talvez porque os professores ganhem melhor. No
Brasil, a carga horária é de 800 horas anuais para uma grade de matérias bastante extensa. Além
disso, a forma de ingresso no ensino superior, aqui no Brasil, ocorre pelo Vestibular. Quando
comparamos o sistema brasileiro com o japonês, conseguimos perceber o porquê do fracasso das
políticas educacionais no Brasil.
Seguindo os critérios estritos do que é coerência, esse parágrafo tem graves defeitos de
progressão. Só há dois dados apresentados em relação ao Japão e eles não são suficientes para que
o aluno pudesse chegar à conclusão que chegou no último período.
Abaixo, você encontrará alguns desafios para se fazer uma analogia. Faça um rascunho de
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analogia construindo um quadro com pelo menos 4 elementos. Julgue se você teria condições de
fazer a comparação. Se for possível, anote qual seria a frase motivadora da comparação que poderia
dar unidade aos elementos levantados.
Esquema
Elemento 1 Elementos 2
Não tenho dados suficientes para a comparação ou tenho dados suficientes para a comparação.
Tópico frasal que daria unidade à comparação:
_____________________________________________________________________________
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Condomínio Prisão
As pessoas que circulam são suspeitas Detentos e pessoas que circulam são
suspeitas
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A intenção é que as máquinas façam o Um dia o mestre manda que ele lave a
serviço pesado casa
As máquinas ganham vida até com Como ele tem acesso ao livro mágico,
inteligência artificial através da magia, ele dá vida aos
objetos para que façam o trabalho por
ele
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Recusa passiva: as pessoas não vão se Recusa ativa: as pessoas agiram com
vacinar violência para manifestar a
discordância
Brasil França
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democracia.
No primeiro período, o tema principal era a justiça. Senhor dos incompreendidos, por que o
autor passou de “justiça” para “democracia”? Esse é um mistério fácil de desvendar. Trata-se do
“gap”. O autor pula etapas da argumentação deixando o leitor na mão, ou seja, ele é obrigado a
desvendar por conta própria a relação entre dois segmentos de sentidos não diretamente
complementares.
Normalmente, isso ocorre quando o escritor não leva em consideração seu leitor. Não se
coloca no lugar dele. Então vale a pena a campanha:
Figura 5: Pixabay
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Figura 6: Pixabay
Segundo o grande líder do movimento dos direitos civis dos negros, Martin Luther
King, “a injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo lugar”. A
manipulação política nas redes sociais beneficia determinados grupos capazes que
atendem a interesses econômicos restritos. A representação democrática, nesse
caso, não corresponde ao real interesse popular, o que configura injustiça.
Os trechos em amarelo introduzem ideias que fazem a transição de uma ideia para
outra.
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.
Refaça o texto, fazendo o caminho argumentativo que poderia cobrir o gap entre
as duas ideias desconexas.
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Refaça o texto, fazendo o caminho argumentativo que poderia cobrir o gap entre
as duas ideias desconexas.
Comentário.
O filósofo Gilles Deleuze é conhecido por caracterizar o marketing como “a raça
impudente de nossos senhores.” No afã de vender a qualquer preço, campanhas
publicitárias foram feitas tendo como mote o aquecimento global. As pessoas,
influenciadas pela marca ou mesmo pela campanha, tornam-se consumidoras não
apenas da roupa, mas também dessa forma de pensar que banaliza a questão
ambiental.
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Refaça o texto, fazendo o caminho argumentativo que poderia cobrir o gap entre
as duas ideias desconexas.
Comentário.
A “Declaração dos direitos do homem e do cidadão”, elaborada durante a
Revolução Francesa, representa um marco histórico em prol de humanidade, no
que se refere a igualdade jurídica e social. A partir do século XX, essa declaração
serviu como pauta para a luta por direitos. Em pleno século XXI, ficou clara qual é
a nova etapa na luta política: a conquista de direitos civis a grupos antes
marginalizados.
Comentário.
Seis em cada dez brasileiros acreditam que “os direitos humanos apenas
beneficiam pessoas que não os merecem”. Essa opinião acaba por influenciar os
políticos que procuram atender seu eleitorado. Essa perspectiva contamina a
proposição de projetos institucionais e torna pobre a reflexão sobre a questão.
3. COESÃO
Até agora estudamos a não contradição no que se refere às ideias. Incoerente é aquele texto
que não tem progressão, porque apresenta alguma falha lógica. Isso tem a ver com a
macroestrutura do texto.
Mas as escolhas lexicais (escolha de palavras) também podem provocar ruídos e incoerência.
Imagine o que significa um “não” colocado no lugar errado: num casamento, uma noiva que diz
“não” quando deveria dizer “sim”; o aluno que escreve um “não” inadequado na frente de uma
resposta dissertativa ou mesmo o “não” dito para um garçom que pergunta ao cliente se ele deseja
alguma coisa. Pequenas palavras, grandes efeitos.
Isso também ocorre com aquelas palavras responsáveis pelas ligações lógicas, importantes
para a progressão textual. Como você deve se lembrar, a tal da progressão significa que seu texto
deve apresentar ideias novas e ao mesmo tempo reforçar a repetição para que o texto não se torne
um amontoado de frases.
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Nesse caso, há de cara dois tipos de palavras que são responsáveis pela tessitura do que você
está escrevendo: elementos catafóricos e os anafóricos. Não, você não precisa decorar esses
palavrões. Basta saber que há palavras responsáveis por retomar ideias e outras que se relacionam
com a apresentação de algo novo.
3.1 ANÁFORA
Vamos começar com o que está nos manuais de redação, embora eu ache meio inútil saber
disso para o momento da escrita.
➢ Substituição é um mecanismo que se usa para repetir uma ideia sem que o leitor fique
incomodado com isso.;
Nos processos de substituição, são utilizados termos ou expressões que pertençam ao
mesmo campo semântico.
O importante nesse caso, é saber usar. No seu texto, você vai necessariamente repetir a
palavra-tema. Para que sua redação fique estilosa, substitua os termos. Aliás, aqui vai uma dica legal,
antes de começar a escrever, rascunhe os sinônimos e expressões que possam retomar a palavra-
chave. É um exercício legal, uma espécie de aquecimento linguístico. Por ora, vou exemplificar o
que isso significa.
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Das 17 simulações feitas por cientistas entre 1970 e 2007, 10 acertaram como o clima se
comportaria de forma ampla e 14 predisseram quais seriam as temperaturas médias. A
comprovação dos modelos pôs abaixo a balela tão repetida de que cientistas da área não são
confiáveis, pois ganham mais verbas quando criam confusão.
Considere a palavra cientista. Troque a palavra, considerando cada um dos recursos de substituição.
Sinonímia:
Antonímia:
Hiperonímia:
Hiponímia:
Comentário.
Sinonímia: pesquisador
Antonímia: negativista
Hiperonímia: estudioso
Hiponímia: climatólogo
Na convenção da ONU sobre mudanças climáticas (COP-25), os estudiosos ressaltaram o
agravamento da crise ambiental. Ficou claro: as previsões que os pesquisadores fizeram se
confirmaram. Das 17 simulações feitas por climatólogos entre 1970 e 2007, 10 acertaram como o
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(ENEM – 2014)
Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara na janela em crônica de jornal ‒ eu não
fazia isso há muitos anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica algumas vezes também
é feita, intencionalmente, para provocar. Além do mais, em certos dias mesmo o escritor mais
escolado não está lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara escrevendo para reclamar:
moderna demais, antiquada demais.
Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar ideias. Há os textos que parecem
passar despercebidos, outros rendem um montão de recados: “Você escreveu exatamente o que eu
sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus pacientes”, “É isso que digo para meus pais”,
“Comentei com minha namorada”. Os estímulos são valiosos pra quem nesses tempos andava meio
assim: é como me botarem no colo ‒ também eu preciso. Na verdade, nunca fui tão posta no colo
por leitores como na janela do jornal. De modo que está sendo ótima, essa brincadeira séria, com
alguns textos que iam acabar neste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a sério ser sério…
mesmo quando parece que estou brincando: essa é uma das maravilhas de escrever. Como escrevi
há muitos anos e continua sendo a minha verdade: palavras são meu jeito mais secreto de calar.
LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de janeiro: Record, 2004.
Os textos fazem uso constante de recurso que permitem a articulação entre suas partes.
Quanto à construção do fragmento, o elemento
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3.2 CONECTIVOS
Conectivos são palavrinhas curtas que fazem o milagre de juntar duas informações dando
algum tipo de sentido a essa junção.
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Já que estamos falando de relação entre ideias, vamos voltar à nossa equação já mencionada
e que consigo resolver:
2+ 3= 5
Vamos preencher essa operação mental com palavras.
quando
enquanto
se
embora
Tenho certeza de que você sabe disso e os usa com propriedade do cotidiano. E mesmo
quando não usa, o interlocutor o entende. Mas estamos falando de um discurso que você vai
produzir para um avaliador que verificará se você sabe se expressar com eficácia. Então você
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não pode bobear no uso dessas palavras. Bora relembrar os conectivos mais utilizados em
redação.
Relações possíveis e conectivos
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Na verdade, há ainda outros termos que têm função coesiva. Os advérbios de tempo ou de
espaço estabelecem imediatamente uma relação lógica, embora não sejam exatamente conectivos.
Quando você começa um paragrafo argumentativo com “atualmente”, o leitor entende que você
havia discutido algum conceito de forma ampla e agora o aplica ao presente. Nesse sentido, esse
advérbio serve para ligar ideias. Algo similar acontece quando você menciona outro país e, no
parágrafo seguinte, menciona o Brasil, por exemplo.
Além disso, o gerúndio, por “esconder” relações entre ideias, muitas vezes tem função
também conectiva.
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Minha dica...
Há dois conectivos que para mim são um santo remédio. Sabe quando você não definiu
exatamente que tipo de relação existe entre uma ideia e outra?
Só para citar um exemplo. Estava escrevendo sobre Platão e suas ideias antidemocráticas.
Queria acrescentar que a perspectiva dele tinha a ver coma morte de seu mestre Sócrates e não
me ocorreu estabelecer uma relação de causa, porque talvez não fosse a causa necessária. Quem
me socorreu nesse momento forma uma das duas expressões:
ou
Veja só que coisa curiosa, podem ser até transformadas em verbos, mas têm função
conectiva. Escrevi: Platão julgava negativamente a democracia, isso se relacionava com sua
experiência pregressa quando era discípulo de Sócrates...
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Experimente....
3.2.1 EXERCÍCIOS
Essa brincadeira com conectivo é uma preferência nacional nos Vestibulares. As Bancas se
divertem pedindo que o candidato mude o conectivo sem alterar o sentido, ou assinalar a alternativa
que explica o sentido do conectivo. Para você fixar essa função e ficar esperto nas provas, seguem
alguns exercícios.
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2. (ITA SP - 2011)
Os trechos a seguir, que estão fora de ordem, fazem parte de um texto coeso e coerente.
I. Estudos feitos com várias profissões que trabalham em turnos mostram que ficar
acordado por mais de 19 horas ou ter uma jornada de trabalho superior a 12 horas provoca
sintomas semelhantes ao de um porre.
II. Se essas duas condições se sobrepõem numa madrugada, as consequências
negativas se potencializam ao extremo.
III. As reações ficam mais lentas e o julgamento da realidade é comprometido.
IV. Um piloto dormir no manche do avião é uma cena muito mais rara do que um
motorista de ônibus ou caminhão cochilar no volante. Mas pode acontecer.
V. No caso da aviação, há ainda o agravante de que os pilotos trabalham a 10 mil
metros do solo, no comando de aeronaves complexas e delicadas, às vezes com mais de uma
centena de passageiros a bordo.
(Em: Pesquisa Fapesp, agosto/2009. Adaptado)
a) I – II – IV – III – V.
b) IV – I – II – V – III.
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c) IV – I – III – II – V.
d) I – V – IV – III – II.
e) IV – I – II – III – V.
3. (FUVEST – 2018)
1
Uma obra de arte é um desafio; não a explicamos, 2 ajustamo-nos a ela. Ao interpretá-
la, fazemos uso dos nossos 3 próprios objetivos e esforços, dotamo-la de um significado que 4
tem sua origem nos nossos próprios modos de viver e de pensar. 5 Numa palavra, qualquer
gênero de arte que, de fato, nos afete, 6 torna-se, deste modo, arte moderna.
7
As obras de arte, porém, são como altitudes inacessíveis. 8 Não nos dirigimos a elas
diretamente, mas contornamo-las. 9 Cada geração as vê sob um ângulo diferente e sob uma
nova 10 visão; nem se deve supor que um ponto de vista mais recente é 11 mais eficiente do que
um anterior. Cada aspecto surge na sua 12 altura própria, que não pode ser antecipada nem
prolongada; 13 e, todavia, o seu significado não está perdido porque o 14 significado que uma
obra assume para uma geração posterior 15 é o resultado de uma série completa de
interpretações anteriores.
Arnold Hauser, Teorias da arte. Adaptado.
No trecho “Numa palavra, qualquer gênero de arte que, de fato, nos afete, torna-se,
deste modo, arte moderna” (Refs. 5-6), as expressões sublinhadas podem ser substituídas, sem
prejuízo do sentido do texto, respectivamente, por
a) realmente; portanto.
b) invariavelmente; ainda.
c) com efeito; todavia.
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4. (FUVEST - 2015)
1
Tornando da malograda espera do tigre, alcançou o 2 capanga um casal de velhinhos,
que seguiam diante dele o 3 mesmo caminho, e conversavam acerca de seus negócios 4
particulares. Das poucas palavras que apanhara, percebeu 5 Jão Fera que destinavam eles uns
cinquenta mil-réis, tudo 6 quanto possuíam, à compra de mantimentos, a fim de fazer 7 um
moquirão*, com que pretendiam abrir uma boa roça.
8
– Mas chegará, homem? perguntou a velha.
9
– Há de se espichar bem, mulher!
10
Uma voz os interrompeu:
11
– Por este preço dou eu conta da roça!
12
– Ah! É nhô Jão!
13
Conheciam os velhinhos o capanga, a quem tinham 14 por homem de palavra, e de
fazer o que prometia. 15 Aceitaram sem mais hesitação; e foram mostrar o lugar que 16 estava
destinado para o roçado.
17
Acompanhou-os Jão Fera; porém, mal seus olhos 18 descobriram entre os utensílios a
enxada, a qual ele 19 esquecera um momento no afã de ganhar a soma precisa, 20 que sem mais
deu costas ao par de velhinhos e foi-se 21 deixando-os embasbacados.
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5. (UNESP – 2018)
“Na pedreira perdi um. A alavanca soltou-se da pedra, bateu-lhe no peito, e foi a conta.
Deixou viúva e órfãos miúdos. Sumiram-se: um dos meninos caiu no fogo, as lombrigas
comeram o segundo, o último teve angina e a mulher enforcou-se.” (2o parágrafo)
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a) assim como.
b) logo que.
c) enquanto.
d) porque.
e) ainda que.
tempo a contemplar aqueles brinquedos e lia aqueles nítidos preços, com seus cifrões e zeros,
sem muita noção do valor – porque nós, crianças, de bolsos vazios, como namorados antigos,
éramos só renúncia e amor. Bastava-nos levar na memória aquelas imagens e deixar cravadas
nelas, como setas, os nossos olhos.
Abaixo, você encontra o texto reescrito, mas mantendo o mesmo sentido do texto
original:
Para que haja coesão entre as ideias, as lacunas do texto devem ser preenchidas,
respectivamente, por:
a) Portanto ... se bem que ... assim que ... pois
b) Entretanto ... para que ... depois que ... à medida que
c) Desse modo ... para que ... enquanto ... pois
d) Apesar disso ... ainda que ... depois que ... à medida que
e) Todavia ... ainda que ... enquanto ... de sorte que
8. (INSPER – 2017)
Os memes – termo usado para se referir a um conceito ou imagem que se espalha
rapidamente no mundo virtual – costumam surgir de um fato inusitado ou de uma situação
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engraçada que se espalha pela internet e começa a ganhar variadas versões. Em época de
eleições, os candidatos viram alvos perfeitos dessas paródias.
Especialistas ouvidos pelo Estado dizem, no entanto, que o surgimento desses
“memes políticos” não significa que as pessoas estejam mais interessadas em discutir política.
“Isso aconteceria se elas estivessem debatendo propostas dos candidatos. O meme surge só
para divertir”, diz o consultor em marketing político Carlos Manhanelli.
Rafael Sbarai, pesquisador de mídias digitais, concorda. Para ele, o fenômeno se
explica pela tecnologia, não pela política. “Temos hoje mais pessoas conectadas, mais pessoas
passando mais tempo nas redes sociais, especialmente no Facebook.”
O especialista em marketing político digital Gabriel Rossi recomenda: quando algum
candidato for alvo de um meme, desde que ele não seja ofensivo, as campanhas têm de encarar
o fato com bom humor.
(http://politica.estadao.com.br)
3.2.2 GABARITO
1. A 4. D 8. D
2. E 5. A
3. A 6. B
7. C
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I. Estudos feitos com várias profissões que trabalham em turnos mostram que ficar
acordado por mais de 19 horas ou ter uma jornada de trabalho superior a 12 horas provoca
sintomas semelhantes ao de um porre.
II. Se essas duas condições se sobrepõem numa madrugada, as consequências
negativas se potencializam ao extremo.
III. As reações ficam mais lentas e o julgamento da realidade é comprometido.
IV. Um piloto dormir no manche do avião é uma cena muito mais rara do que um
motorista de ônibus ou caminhão cochilar no volante. Mas pode acontecer.
V. No caso da aviação, há ainda o agravante de que os pilotos trabalham a 10 mil
metros do solo, no comando de aeronaves complexas e delicadas, às vezes com mais de uma
centena de passageiros a bordo.
(Em: Pesquisa Fapesp, agosto/2009. Adaptado)
a) I – II – IV – III – V.
b) IV – I – II – V – III.
c) IV – I – III – II – V.
d) I – V – IV – III – II.
e) IV – I – II – III – V.
Comentários: Para compreender esta questão é preciso observar o conteúdo de cada item.
Só assim pode-se auferir se o texto faz sentido. Sobre o que tratam todos os itens? Sobre as longas
jornadas de trabalho dos pilotos de avião. A primeira informação, portanto, deve ser relacionada a
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situar o contexto. Tanto a I. quanto a IV. dão informações contextuais. Logo, deve-se observar a
relação entre os itens.
Em I. se apresentam duas alternativas prejudiciais à saúde: ficar acordado muito tempo e ter
uma jornada de trabalho longas. Na alternativa II., a oração se inicia por “Se essas duas condições
se sobrepõem numa madruga”, logo, ela deve vir automaticamente depois da alternativa I.
O item II. ainda fala sobre as consequências negativas, mas não as enumera. O item III. é o
único que contém a listagem de possíveis consequências para as práticas, logo, III. deve vir
automaticamente depois de II.
O item V. se inicia com “no caso da aviação”, o que demonstra que deve ser precedido por
uma afirmação mais geral sobre os malefícios. Por isso, deve vir automaticamente depois de III.
Assim, como o item IV. não consegue estabelecer relação com a oração V., ele deve ser a
primeira oração, antecipando toda a sequência que ficaria: IV – I – II – III – V.
Gabarito: E
3. (FUVEST – 2018)
1
Uma obra de arte é um desafio; não a explicamos, 2 ajustamo-nos a ela. Ao interpretá-
la, fazemos uso dos nossos 3 próprios objetivos e esforços, dotamo-la de um significado que 4
tem sua origem nos nossos próprios modos de viver e de pensar. 5 Numa palavra, qualquer
gênero de arte que, de fato, nos afete, 6 torna-se, deste modo, arte moderna.
7
As obras de arte, porém, são como altitudes inacessíveis. 8 Não nos dirigimos a elas
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diretamente, mas contornamo-las. 9 Cada geração as vê sob um ângulo diferente e sob uma
nova 10 visão; nem se deve supor que um ponto de vista mais recente é 11 mais eficiente do
que um anterior. Cada aspecto surge na sua 12 altura própria, que não pode ser antecipada
nem prolongada; 13 e, todavia, o seu significado não está perdido porque o 14 significado que
uma obra assume para uma geração posterior 15 é o resultado de uma série completa de
interpretações anteriores.
Arnold Hauser, Teorias da arte. Adaptado.
No trecho “Numa palavra, qualquer gênero de arte que, de fato, nos afete, torna-se,
deste modo, arte moderna” (Refs. 5-6), as expressões sublinhadas podem ser substituídas, sem
prejuízo do sentido do texto, respectivamente, por
a) realmente; portanto.
b) invariavelmente; ainda.
c) com efeito; todavia.
d) com segurança; também.
e) possivelmente; até.
Comentários: A alternativa A é correta, pois “de fato” funciona como locução adverbial de
afirmação, ou seja, confirma e dá mais força ao verbo “afete”, podendo ser substituída por
“realmente”; e “deste modo” funciona como conjunção consecutiva, ou seja, denota consequência:
se a obra de arte nos afeta, logo, ela se torna arte moderna.
A alternativa B está incorreta, pois “ainda” não denota consequência, mas sim adição.
A alternativa C está incorreta, pois “todavia” não denota consequência, mas sim oposição.
A alternativa D está incorreta pelo mesmo motivo da B: denota adição.
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1
Tornando da malograda espera do tigre, alcançou o 2 capanga um casal de velhinhos,
que seguiam diante dele o 3 mesmo caminho, e conversavam acerca de seus negócios 4
particulares. Das poucas palavras que apanhara, percebeu 5 Jão Fera que destinavam eles uns
cinquenta mil-réis, tudo 6 quanto possuíam, à compra de mantimentos, a fim de fazer 7 um
moquirão*, com que pretendiam abrir uma boa roça.
8
– Mas chegará, homem? perguntou a velha.
9
– Há de se espichar bem, mulher!
10
Uma voz os interrompeu:
11
– Por este preço dou eu conta da roça!
12
– Ah! É nhô Jão!
13
Conheciam os velhinhos o capanga, a quem tinham 14 por homem de palavra, e de
fazer o que prometia. 15 Aceitaram sem mais hesitação; e foram mostrar o lugar que 16 estava
destinado para o roçado.
17
Acompanhou-os Jão Fera; porém, mal seus olhos 18 descobriram entre os utensílios a
enxada, a qual ele 19 esquecera um momento no afã de ganhar a soma precisa, 20 que sem mais
deu costas ao par de velhinhos e foi-se 21 deixando-os embasbacados.
José de Alencar, Til.
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O Item II. está correto, pois apesar de se referir a duas pessoas, “casal” é substantivo de
coletividade e, como tal, é tratado no singular. O uso de plural aqui – que justifica o Item I. – é útil
para não causar ambiguidades, como a questionada no Item I.
O Item III. está incorreto, pois o “eles” do texto assume função de sujeito (quem destinou os
cinquenta mil-réis) e na frase do item, como objeto (quem foi visto por aí).
Gabarito: D
5. (UNESP – 2018)
“Na pedreira perdi um. A alavanca soltou-se da pedra, bateu-lhe no peito, e foi a conta.
Deixou viúva e órfãos miúdos. Sumiram-se: um dos meninos caiu no fogo, as lombrigas
comeram o segundo, o último teve angina e a mulher enforcou-se.” (2o parágrafo)
anterior: “Na pedreira perdi um”: este “um” é a pessoa que morreu após ser atingida pela alavanca.
O segundo “se”, também reflexivo, refere-se a quem sumiu. Aqui, fica claro que eram “a viúva e
órfãos miúdos” pelo período que precede, pois explica o que ocorreu com cada uma das pessoas
da família.
Gabarito: A
6. (UNESP – 2017 adaptada)
Em “Conta ela que seu Afredo, mal viu minha tia sair, chegou-se a ela com ar
disfarçado.”, a conjunção destacada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido do texto,
por:
a) assim como.
b) logo que.
c) enquanto.
d) porque.
e) ainda que.
Comentários: O conectivo “mal” pode ser substituído por “nem bem”, “assim que” ou “logo
que”, pois tem valor temporal sucessão (a viu sair e depois chegou-se). Por isso, a alternativa correta
é a B.
A alternativa A está incorreta, pois tem valor comparativo.
A alternativa C está incorreta, pois tem valor temporal concomitante, ou seja, liga dois
elementos que ocorrem ao mesmo tempo.
A alternativa D está incorreta, pois tem valor explicativo, de causa.
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A alternativa E está incorreta, pois tem valor concessivo, ou seja, indica uma condição para
que algo ocorra.
Gabarito: B
7.(UNESP - 2016 adaptado)
Leia o trecho do texto Brinquedos incendiados, e Cecília Meirelles.
Assim, o bando que passava, de casa para a escola e da escola para casa, parava longo
tempo a contemplar aqueles brinquedos e lia aqueles nítidos preços, com seus cifrões e zeros,
sem muita noção do valor – porque nós, crianças, de bolsos vazios, como namorados antigos,
éramos só renúncia e amor. Bastava-nos levar na memória aquelas imagens e deixar cravadas
nelas, como setas, os nossos olhos.
Abaixo, você encontra o texto reescrito, mas mantendo o mesmo sentido do texto
original:
Para que haja coesão entre as ideias, as lacunas do texto devem ser preenchidas,
respectivamente, por:
a) Portanto ... se bem que ... assim que ... pois
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b) Entretanto ... para que ... depois que ... à medida que
c) Desse modo ... para que ... enquanto ... pois
d) Apesar disso ... ainda que ... depois que ... à medida que
e) Todavia ... ainda que ... enquanto ... de sorte que
Comentários: A alternativa correta é a C, pois a primeira lacuna deve ser substituída por um
conectivo que denote conclusão, semelhante a “assim”; a segunda lacuna, por um conectivo que
denote finalidade, semelhante à preposição “a”; a terceira lacuna e a quarta precisam dar noção de
concomitância, pois é a descrição de uma ação: os meninos contemplavam os brinquedos, enquanto
liam os preços sem perceber e criavam memórias.
A alternativa A está incorreta, pois há erro na segunda lacuna, já que “se bem que” dá noção
de concessão e na segunda lacuna “pois” dá noção de explicação.
A alternativa B está incorreta, pois “entretanto” dá noção de oposição, não conclusão.
A alternativa D está incorreta, pois “apesar disso” dá noção de concessão.
A alternativa E está incorreta, pois “todavia” dá noção de oposição.
Gabarito: C
8.(INSPER – 2017)
Os memes – termo usado para se referir a um conceito ou imagem que se espalha
rapidamente no mundo virtual – costumam surgir de um fato inusitado ou de uma situação
engraçada que se espalha pela internet e começa a ganhar variadas versões. Em época de
eleições, os candidatos viram alvos perfeitos dessas paródias.
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Você já deve ter percebido que a conexão entre as ideias não se restringe às conjunções.
Advérbios, pronomes e até mesmo verbos podem ter essa função. Em alguns casos, para unir
parágrafos e ideias, é preciso uma frase inteira.
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Aliás, na hora do desespero, uma das possibilidades de escrita do texto pode ser a de
conjugar comentário ampliado com elementos coesivos, contanto que você tenha uma tese, para
que o texto tenha direcionamento.
Para ilustrar isso, considere a proposta do Enem de 2009.
Com base na leitura dos textos a seguir e em seus conhecimentos, redija um texto dissertativo-
argumentativo em norma culta escrita da língua portuguesa sobre o tema O indivíduo frente à ética
nacional, apresentando proposta de ação social, que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione coerentemente argumentos e fatos para a defesa do seu ponto de vista.
Enem/2009
TEXTO I
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TEXTO II
Andamos demais acomodados, todo mundo reclamando em voz baixa como se fosse errado
indignar-se.
Sem ufanismo, porque dele estou cansada, sem dizer que este é um país rico, de gente boa e
cordata, com natureza (a que sobrou) belíssima e generosa, sem fantasiar nem botar óculos cor-
de-rosa, que o momento não permite, eu me pergunto o que anda acontecendo com a gente.
Tenho medo disso que nos tornamos ou em que estamos nos transformando, achando bonita a
ignorância eloqüente, engraçado o cinismo bem-vestido, interessante o banditismo arrojado,
normal o abismo em cuja beira nos equilibramos — não malabaristas, mas palhaços.
LUFT, L. Ponto de vista. Veja. Ed. 1988, 27 dez. 2006 (adaptado).
TEXTO III
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As denúncias que assolam nosso cotidiano podem dar lugar a uma vontade de transformar o
mundo só se nossa indignação não afetar o mundo inteiro. “Eles são TODOS corruptos” é um
pensamento que serve apenas para “corfirmar” a “integridade” de quem se indigna.
O lugar-comum sobre a corrupção generalizada não é uma armadilha para os corruptos: eles
continuam iguais e livres, enquanto, fechados em casa, festejamos nossa esplendorosa retidão.
O dito lugar-comum é uma armadilha que amarra e imobiliza os mesmos que denunciam a
imperfeição do mundo inteiro.
CALLIGARIS, C. A armadilha da corrupção. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br
(adaptado)
Comentário.
Se você fizer uma leitura atenta, perceberá que a coletânea já indica um percurso
argumentativo que pode ser usado na hora do desespero. A questão proposta é de julgamento da
ética nacional. Poderíamos dividir o tema em duas perguntas: Qual é a ética nacional que predomina
no Brasil? Qual deve ser a reação do indivíduo?
No caso da primeira pergunta, a resposta da coletânea aponta para a corrupção e para a
desonestidade como marcas do cotidiano nacional. A segunda, deveria ser respondida como
proposta de intervenção.
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Observe o texto abaixo que segue o percurso proposto pela Banca. Minha estratégia foi fazer
comentários e conectá-los segundo a tese estabelecida logo no começo do texto.
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Parágrafo de introdução
“A chamada família contemporânea nasceu de profundas mudanças da dilatada lacuna entre a família
clássica e a família moderna. A realidade das famílias modernas esboçou uma revolução em sua
organização, enfraqueceu o autoritarismo do pai ao tempo que a mãe deixou o fogão para concorrer
com os homens no mercado de trabalho.”
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Segundo parágrafo
Até meados do século passado a situação era bem diferente. Colocada estava a supremacia do
homem na relação conjugal. Na antiga família, os laços de sangue eram mais importantes e o interesse
econômico prevalecia sobre os vínculos do amor. Sendo que muitos casamentos sobreviviam
ausentes de afeto, sua coesão era vinculada à propriedade e à estirpe.
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Relação: _________________________________
Frase incial: ______________________________
Relação: __________________________________
Frase incial : ______________________________
Relação: ________________________
Frase inicial : _____________________
Resolução possível
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Relação: Consequência
Frase incial: Essse processo modificou a forma das pessoas viverem.
Relação: Exemplificação
Frase inicial : Podemos exemplificar a mudança a partir de algumas intituições
disciplinares.
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o
o pode-se afirmar que, em razão de/devido a…
o ao refletirmos criticamente a respeito de…
Desenvolvimento
O parágrafo que se segue à introdução geralmente segue a lógica determinada pela tese.
Mas há alguns conetivos que podem ser utilizados em alguns momentos do desenvolvimento, no
começo ou no meio dos parágrafos.
Par adicionar ideias
o além disso…
o outro fator diz respeito a…
o convém lembrar que…
o
Para apresentar uma ideia contrária
o por outro lado…
o porém, mas, contudo, todavia, no entanto, entretanto…
Ênfase
o no que tange ao/diz respeito…
o dentre os inúmeros motivos que levaram a/ao…
o uma preocupação constante…
Conclusão
Por síntese de ideias
…
o levando-se em consideração os aspectos expostos…
o dessa forma…
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(reafirmação da tese). Em virtude (de alguma circunstância atual), precisamos considerar com
atenção essa questão. (Frase de efeito).
Exemplo
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Limites
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5. PROPOSTAS DE REDAÇÃO
Hora da diversão.
Bom texto.
Proposta 1
Questão social
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FAMEMA 2017
Texto I
Em 2013, o Brasil chegou ao primeiro lugar no ranking dos países que mais faziam cirurgias
plásticas no mundo. Segundo a mais recente pesquisa da Sociedade Internacional de Cirurgia
Plástica Estética, o Brasil realizou 1,22 milhão de procedimentos em 2015. O Brasil está agora em
segundo lugar no ranking, superado apenas pelos Estados Unidos que, em 2015, registraram 1,41
milhão de cirurgias.
(Mariana Lenharo. “Cai número de plásticas no Brasil, mas país ainda é 2o no ranking, diz
estudo”. http://g1.globo.com, 27.08.2016. Adaptado.)
Texto II
Que modelo de mulher é a Barbie, que reinou por mais de meio século como um ideal
feminino a ser atingido? Um que não existe. E não é que Barbie não exista por ser linda demais,
inatingível para pobres mortais com seus genes imperfeitos, mas sim por ser bizarra demais, uma
arquitetura que literalmente não para em pé. Graças a sua cinturinha, Barbie só teria espaço para
acomodar metade de um rim e alguns centímetros de intestino. Como o pescoço é duas vezes maior
do que o de uma mulher e 15 centímetros mais fino, ela não teria como manter a cabeça erguida.
Andar, só como um quadrúpede.
(Eliane Brum. “Quem precisa da Barbie, tenha o corpo que tiver?”. http://brasil.elpais.com,
01.02.2016. Adaptado.)
Texto III
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Sabe-se que há riscos para a pessoa que faz uma cirurgia plástica. Podem ocorrer
infecções, sangramentos, perfuração de órgãos e hematomas. Além disso, não são raros casos de
morte na sala cirúrgica ou por complicações posteriores. Por que essa incessante busca pelo corpo
perfeito, à custa de bisturi e sangue? A mídia tem uma grande influência sobre seu público. Homens
e mulheres comuns estão cercados de anúncios que utilizam modelos esteticamente perfeitos.
Numa guerra contra o espelho, há pessoas que não aceitam sua imagem fora do padrão estético
vigente. Assim, não bastam academias de ginástica, dietas, cosméticos e salões de beleza. É preciso
cortar a própria carne. Tudo bem quando isso é feito de forma responsável e conforme o mais alto
grau de profissionalismo. Contudo, a recorrência ao bisturi para alterar a aparência é um problema
quando se torna obsessão. Na mitologia grega, Procusto era um malfeitor que capturava viajantes
para fazê-los caber numa espécie de leito de ferro. Se fossem maiores que o leito, cortava-lhes
pedaços a golpes de machado. Se menores, os esticava. Metaforicamente, eu prefiro não caber no
leito de Procusto.
(Márcio Chocorosqui. “À procura do corpo perfeito”. http://lounge.obviousmag.org.
Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma
dissertação, empregando a norma- -padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
O excesso de cirurgias plásticas em uma sociedade de padrões estéticos opressores
impostos pela mídia
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Representação da realidade
Proposta 2
Fuvest/ 2019
TEXTO I
O progresso, longe de consistir em mudança, depende da capacidade de retenção. Quando a
mudança é absoluta, não permanece coisa alguma a ser melhorada e nenhuma direção é
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TEXTO II
O Historiador
Veio para ressuscitar o tempo
e escalpelar os mortos,
as condecorações, as liturgias, as espadas,
o espectro das fazendas submergidas,
o muro de pedra entre membros da família,
o ardido queixume das solteironas,
os negócios de trapaça, as ilusões jamais confirmadas
nem desfeitas.
Veio para contar
o que não faz jus a ser glorificado
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e se deposita, grânulo,
no poço vazio da memória.
É importuno,
Sabe-se importuno e insiste,
rancoroso, fiel.
Essa escultura de um
garoto negro foi esculpida
no tamanho real de uma
criança, com seus cabelos
crespos, seu nariz largo,
sua boca marcada. A
criança segura uma lata
por sobre sua cabeça, de
onde escorre uma tinta
branca sobre seu corpo
feito de bronze.
Nexo Jornal, 13/07/2018.
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TEXTO III
Essa
escultura de um
garoto negro foi
esculpida no
tamanho real de
uma criança, com
seus cabelos
crespos, seu nariz
largo, sua boca
marcada. A criança
segura uma lata por
sobre sua cabeça, de
onde escorre uma
tinta branca sobre
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TEXTO V
Articular historicamente o passado não significa conhece-lo ‘como ele de fato foi’. Significa
apropriar-se de uma reminiscência, tal como ela relampeja no momento de um perigo.
Walter Benjamin, Sobre o conceito de história,1940
Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar
pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o
tema: De que maneira o passado contribui para a compreensão do presente? Instruções:
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A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.
Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível e não ultrapasse o espaço de 30 linhas da
folha de redação.
Dê um título a sua redação
Proposta 3
Ética
(UNESP 2019)
TEXTO 1
helenístico e datada, aproximadamente, do ano de 190 a.C. Integra o acervo do Museu do Louvre.
TEXTO 2
Cota Zero
Stop.
A vida parou
ou foi o automóvel?
TEXTO 3
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TEXTO 4
Jaime Lerner, arquiteto e ex-prefeito de Curitiba que priorizou o transporte coletivo na capital
paranaense, chamou o carro de “cigarro do futuro”: “Você poderá continuar a usar, mas as pessoas se
irritarão por isso.” Depois de décadas em que o modelo curitibano, que privilegia corredores de ônibus,
vem sendo copiado no exterior, é ainda lentamente que ganha adeptos no Brasil, com a adoção de
corredores e ciclovias e a discussão de limitar, no Plano Diretor de São Paulo, a oferta de vagas de
garagem.
O escritor e empresário australiano Ross Dawson tem opinião parecida à de Lerner: “Um dia as
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pessoas vão olhar para trás e se perguntar como era aceitável poluir tanto, da mesma forma como
hoje pensamos sobre o tempo em que cigarro era aceito em restaurantes, aviões e lugares fechados.”
Nos EUA, o carro perde espaço não apenas como meio de locomoção, mas também como objeto
de desejo e expressão de um certo modo de vida. Demografia e economia, além da questão ambiental,
fazem com que menos jovens tirem carteira de motorista e cidades invistam em sustentabilidade para
atrair moradores. 20% dos jovens americanos entre 20 e 24 anos de idade não têm hoje habilitação
— e o mesmo vale para 40% dos americanos de 18 anos. Em ambos os casos, o número de jovens que
não dirigem dobrou entre 1983 e 2013, segundo estudo da Universidade de Michigan.
(Raul Juste Lores. “O declínio de uma paixão”. Folha de S.Paulo, 29.06.2014. Adaptado.)
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Comentário/Proposta 1
Análise da proposta
Análise da proposta
Tema e proposta
O tema “O excesso de cirurgias plásticas em uma sociedade de padrões estéticos opressores
impostos pela mídia” nos leva a discutir acerca de um tema muito comum em nossa sociedade, a
realização de cirurgias com vistas apenas a cumprir um padrão de beleza imposto pelas mídias
sociais. Não é de hoje que os padrões estéticos moldam os estilos de vida de nossa população. Por
sua vez, com a ascensão da medicina, a efervescência de métodos para correções estéticas
caminhou junto. Assim, como vivemos em um mundo midiatizado, com exposições frequentes de
corpos atléticos e considerados ideias de beleza, a população procura meios para acompanhar esse
ritmo de vida. O resultado é o aumento exacerbado de usos da medicina para simples métodos
estéticos, ato que pode ser, a depender da quantidade, prejudicial à saúde da pessoa. Em posse
dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema.
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A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a
partir de variadas perspectivas. Assim, em seu texto, trabalhar com a perspectiva de que a mídia é
uma das grandes responsáveis para a ascensão das cirurgias plásticas, em vista de promover um
corpo idealizado, é um caminho mais prático para sua argumentação. A escolha dessa perspectiva,
por trazer intrínseco um problema, pode ser uma argumentação que possibilite um
desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem
desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou
você disserte que as mídias são as grandes responsáveis pela ascensão de cirurgias plásticas na
modernidade, ou aponte que os padrões sociais opressores são os causadores do problema. Assim,
caso você escolha a primeira perspectiva, é possível argumentar que a visibilidade provocada pelas
redes sociais levou as pessoas a se compararem cada vez mais. Essa comparação exacerbada criou
um padrão de corpo ideia. Isso faz com que as pessoas recorram a cirurgias para se parecerem com
os modelos corporais apresentados pela mídia. Por outro, caso você queira focalizar sua tese nos
padrões sociais opressores, pense que essa realidade não é um construto de nossa época, mas
atravessa tempos. Essa imposição faz com que os indivíduos se vejam sempre abaixo do ideal
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em seus argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o
repertório.
Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos
argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema
de sua redação.
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem
ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que
todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade
de usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando
muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco.
Escrever nós realmente aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam algumas informações que podem contribuir
para o entendimento do tema e ajudar em seu desenvolvimento. Assim, o TEXTO I reflete sobre o
exacerbado número de cirurgias plásticas realizadas pela sociedade brasileira, que se tornou a que
mais faz esse tipo de cirurgia no mundo. O TEXTO II faz uma comparação dos modelos corporais
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pregados pela mídia, e que as pessoas procuram alcançar, e a boneca Barbie, procurando ressaltar
que esses padrões não existem, são inalcançáveis. Por sua vez, o TEXTO III relata os perigos da
recorrência ao Bisturi, pois seu excesso pode levar a complicações na saúde dos pacientes, inclusive
podendo perfurar os órgãos internos dessas pessoas.
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Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos
textos motivadores e pelo próprio tema.
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem
ser compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de
filmes, livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se
que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de
referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua
argumentação e possibilitar uma nota mais elevada.
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Comentário/Proposta 2
Análise da proposta
Tema e proposta
O tema “De que maneira o passado contribui para a compreensão do presente?” de imediato
nos lembra que o ensino de história é obrigatório nas grades curriculares brasileiras. A presença
dessa disciplina não é por acaso, mas porque se reconhece que o passado é importante para a
compreensão dos fatos que sucedem no contemporâneo, bem como para que as sociedades não
voltem a repetir possíveis erros cometidos no passado. Mais que um registro cultural, ele é suporte
de construção de uma cadeia de acontecimentos que visa a transformação. Observa-se isso
claramente quando olhamos para os aparatos tecnológicos desde a Primeira Revolução Industrial e
as mudanças decorrentes até o presente. Essa cadeia de transformação leva o homem a cada dia
reinventar e construir ferramentas que permitem mais flexibilidade ao seu dia a dia. Portanto, em
posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema.
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ressignificam a história do homem. Por sua vez, se seu interesse é trabalhar com o passado enquanto
elemento de sustento de transformação histórica, caminhe pelas guerras mundiais, o Holocausto,
aspectos históricos que não gostaríamos que voltasse a se repetir, portanto, precisamos desse
conhecimento, para que essa história não se repita. Portanto, você tem caminhos variados para está
desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se
articulem para desenvolver uma argumentação consistente.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Fuvest, compõe-se
de três partes essenciais:
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Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem
ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que
todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade
de usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando
muito a produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco.
Escrever, nós realmente só aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua
escrita, consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, o TEXTO I leva-nos
à reflexão do prejuízo que é perder o passado, pois o resultado é a possibilidade de repetir sempre
a mesma coisa, não evoluir. No TEXTO II, ressalta-se a importância do historiador para a manutenção
da história, apresentando-o como catalisador das memórias de uma sociedade. O TEXTO III, que é
uma imagem com um texto ao lado descrevendo o que se passa nela, lembra-nos da escravidão, da
luta do povo negro, e da necessidade de embranquecimento, - simbolizada pela tinta branca -, para
ser aceito socialmente. No TEXTO IV, lê-se uma revolta com a queima do Museu Nacional, que o
falante sugere deixar como registro maior da história os escombros da queima do Museu, como
símbolo do desleixo das autoridades com um dos maiores guardadores da história do país. O TEXTO
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V é uma frase que salienta não ser necessário conhecer a história em detalhes, mas relembrar fatos
significativos, para não os repetir.
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Comentário/Proposta 3
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto
dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
A banca da UNESP apresentou um tema bastante próximo dos jovens adultos que chegam
ao vestibular. Quando faz 18 anos, o jovem se vê confrontado com a seguinte questão “tirar ou não
tirar carta de habilitação?”
Antenada com os movimentos sociais que mostram uma mudança de perspectiva da nova
geração em relação ao automóvel, a Banca solicitou que o candidato fizesse um texto dissertativo-
argumentativo sobre o tema explícito: “O carro será o novo cigarro?”
A questão do poeta ganhou significados mais contundentes quando, nas décadas de 70 e 80,
as grandes cidades começaram a ter problemas com mobilidade devido ao grande número de
veículos circulando no espaço público.
O texto 3 levava ao extremo o problema já sugerido pelo que se lia no poema de Drummond.
Tratava-se de uma charge. No primeiro quadrinho, observava-se a representação de um
congestionamento de veículos.
Essa charge de 2016 tinha o seguinte título: “Quadrinhos dos anos 10”. Era como se alguém
que estivesse vivendo no final do século XXI comentasse com espanto e curiosidade como os
homens vivam no começo da década de 2010.
O texto 4 fechava o recorte temático com um fragmento de um artigo de opinião cujo título
era “ O declínio de uma paixão”. O articulista defendia a tese de que o carro não desperta mais a
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atenção da nova geração e que, no futuro, pode ter o mesmo destino do cigarro, que um dia foi
considerado um objeto de desejo e hoje é demonizado.
Ele acompanhava o argumento de Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba, que chamou o carro
de “cigarro do futuro”.
A proposta em forma de pergunta não deixava muitas alternativas de resposta a não ser estas
três:
Pressupostos
Há dois implícitos nessa proposta que deveriam ser percebidos pelo aluno. Primeiramente, o
candidato deveria interpretar a metáfora. O cigarro foi símbolo de status durante boa parte do
século XX.
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A outra questão que surge quase como decorrência lógica do tema é: por quê? Quais são as
causas do aparente declínio do prestígio do carro. Nesse ponto, seria possível já pensar em respostas
para isso, o que nos levaria para o brainstorm necessário para pensar em uma tese completa.
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Para o candidato que não tivesse muito tempo para fazer a redação ou que estivesse sem
ideias, haveria a possibilidade de acompanhar o percurso argumentativo implícito no diálogo entre
os textos da coletânea.
Veja, você poderia fazer uma introdução com a tese de que o carro seria, sim, o cigarro do
futuro.
Depois disso você poderia seguir esse percurso histórico. Não precisa se preocupar com a
questão da originalidade. Os exemplos que você apresentaria para comprovar os danos causados
pelo uso do carro seriam autorais.
Encaminhamentos possíveis
• A emissão de CO2 afeta a saúde do planeta como o cigarro afetava a saúde do indivíduo;
• A economia compartilhada tornou o carro próprio quase desnecessário;
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• Diferentemente do cigarro, o carro tem um caráter utilitário que nunca poderá ser descartado;
• A tendência é de que o carro movido a combustível fóssil seja substituído pelo carro elétrico;
• A indústria automobilística representa uma parte importante da economia mundial e,
portanto, não vai ser suprimida;
• A queda do número de habilitações por parte dos jovens significa apenas que eles estão
transferindo a tarefa de dirigir para profissionais especializados, não houve diminuição
significativa na frota que, esse sim, seria um indicador de que o carro vai ser algo
ultrapassado.
Tese: O carro não tem mais o prestígio de antigamente, mas nada indica que haverá uma
sanção moral e uma sanção legal em relação ao uso do carro.
• O carro pode ser substituído no futuro como sonho de consumo, mas seu valor utilitário vai se
manter.
• A questão da poluição pode ser resolvida com avanços tecnológicos que permitam ao carro se
valer de energia limpa;
• A questão da mobilidade pode ser contornada, seja pela estagnação do aumento da
população, seja por projetos urbanísticos que têm permitido ampliar o leque de opções de
transportes.
Repertório
Alguns conceitos de outras áreas do conhecimento poderiam ser utilizados, mas sempre
tendo bastante cuidado de conciliar o conceito com a resposta que deveria ser dada ao tema.
Fatos sociais são valores, normas, formas de comportamento e estruturas sociais que
exercem um grande poder sobre os indivíduos por serem coercitivos culturalmente.
O candidato poderia dizer que “fumar cigarro” já foi um fato social, coercitivo, pois as pessoas
se viam confrontadas com ter que fumar e sentiam-se pressionadas a isso; hoje o fato social mudou.
O indivíduo se sente pressionado a não fumar, há sanções contra esse ato. Algo similar pode
acontecer com o carro, e parece que estamos vivendo esse momento de transição.
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Dentro da lógica capitalista toda mercadoria tem uma espécie de vida útil. Quanto há
saturação da mercadoria ou ela deixa de dar tanto lucro como antigamente, ela tende a ser
substituída por outra. O capitalismo se revoluciona a si mesmo. Nesse sentido, o carro pode tornar-
se uma mercadoria obsoleta no futuro.
Revolução Industrial
Pode-se usar a revolução industrial como substituta da analogia com o cigarro. Aquelas
fábricas fumegantes foram substituídas por outros modos de produção.
Assim como também a produção industrial sofreu ao longo de dois séculos transformações.
Por isso, pode-se esperar que, em algum momento, o carro deixe de ter a importância que ele
ocupou no século XX.
Ditado “Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe”. Como todo ditado,
ele não serve para muita coisa, mas seria bem-vindo como frase de efeito para se terminar o texto.
No meio do texto, como argumento, ele é complicado, é geral demais.
A não ser que servisse de mote para explicar que o carro foi um bem que foi se transformando
num mal. Lembre-se de que generalizações muito amplas precisam de sucessivas concretizações
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final desta aula de Redação. Expliquei o que significa coesão e coerência
e como você deve usar esse conhecimento para revisar sua redação. Criei uma série de exercícios
que você raramente encontrará nos livros de redação. São exercícios práticos e eficazes para que
você vá alterando seus hábitos de escrita.
Só recapitulando, discutimos nesta aula:
✓ Coerência;
✓ Como evitar incoerências;
✓ Coesão;
✓ Uso de conectivos para fazer uma boa redação ;
Não deixe de fazer sua autoavaliação, sobretudo depois que receber sua redação corrigida.
Espero você na próxima aula.
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Professor Fernando
Andrade
@filosofia.do.portuga
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Redaçao e Filosofia
Blog de crônicas :
https://www.outrasvias.com/
7. REFERÊNCIAS
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