Origem Do Ramo CARNEIRO Brasileiro

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PESQUISA HISTÓRICA

CESÁRIO ALVIM
A SAGA DE JOVEM ADVOGADO DO INTERIOR QUE SE TORNARIA FIGURA
DESTACADA DO IMPÉRIO E PRÓCER DA REPÚBLICA

Ari Gonçalves *

1. ANTECEDENTES

A vasta planície que se espraia dos dois lados do Ribeirão Ubá, onde mais
tarde se plantou o arraial, a Vila e a cidade, era, no início do século passado,
habitada por um galho de imensa tribo dos Puris. Estes se estendiam além das
fronteiras atuais do município, alcançavam Mirai e seguiam até o hoje território de
Muriaé. Eram índios mansos, de boa índole, amigos dos portugueses que desres-
peitando as ordens da “Zona Proibida”, já se haviam localizado em nosso municí-
pio, desde os meados do século XVIII, com Fazendas de criação e agricultura.

Essa região pertencia, então, ao município de Mariana.

In illo tempore, o Capitão Guido Tomaz Marliére, enviado a S. João Batista do


Presídio, então já com 13 cabanas, para pacificar indígenas e portugueses, visi-
tou o torrão dos Puris do ribeirão Ubá, escrevendo ao Capitão-General das Minas,
D. Manoel de Portugal e Castro, sugerindo mandasse aldeiar os silvícolas.

Tratando-se de assunto civil, alheio à função militar de Marilére, o Governador


enviou a sugestão ao novo Capitão-mor de Mariana, Antônio Januário Carneiro,
que a adotou. Quem era esse Capitão-mor?

2. CARNEIROS

Tereza Maria de Jesus e Silva, pertencente ao tronco de uma das mais antigas

* Sr E x -A d v o g a d o , e x -D e p u ta d o E sta d u a l, e x -P ro fe sso r d a F u n dação U niversitária P residente A ntônio C arlos, em U bá / M G P esq u isa re a li/a d a em
C a rtó rio d a C o m a rca d e Ubá
famílias brasileiras, que o Pe. Pedro Vidigal liga à descendência de Amador Bueno,
o Aclamado Paulista, casou-se com o português Antonio Carneiro Flores, de onde
se originaram todos os Carneiros.

Em verdade, foi deste casal que provierem diversos filhos, sendo o mais velho
Antonio Januário Carneiro, nascido em Calambau (hoje Presidente Bernardes),
em 19 de setembro de 1779.

Negociante abastado em Piranga, exportador de poaia e algodão, naquela épo-


ca da Revolução Industrial, em que a Inglaterra estava faminta pelo algodão, resi-
dia ele, com a numerosa família, em uma casa, baixa e comprida, de soleira larga,
à margem direita do rio Piranga.

Vagando-se, em março de 1815, o cargo de Capitão-mor das Ordenanças do


Termo da Cidade de Mariana, por falecimento de Antônio Alves Pereira, houve
por bem o Governador e Capitão-mor de Minas Gerais, D. Manoel de Portugal e
Castro, nomear a Antônio Januário Carneiro, então com 35 anos de idade, para
Capitão-mor, o mais importante cargo do vastíssimo município, que abrangia a
nossa região.

Recebendo a representação de Marliére, o Governador e Capitão General au-


torizou a edificação da Capela e incumbiu ao Capitão-mor Antônio Januário Car-
neiro de edificá-la.

Antônio Carneiro adquiriu aqui quatro sesmarias de terras boas, formando a


Fazenda Boa Vista, que ia da Barrinha à Miragaia, abrangendo o terreno desta
cidade, seguindo à Liberdade e à Peixoto filho, continuando até o Ubá Pequeno, a
divisar com os Albinos, Fazenda toda coberta de matas virgens, confrontando
com o comendador Manoel de Oliveira Silva Furtado Brandão, José Alves Leitão,
Manuel Francisco Estevão, João Antunes de Siqueira e outros.

Dessa Fazenda, o Capitão-mor doou uma gleba, ia do Morro da Caixa D’Água


ao Morro das Três Porteiras, seguindo até a estação, para que fosse construído o
arraial. É o que se poder chamar, hoje, o centro da cidade.

Nesse trecho, com o auxílio de alguns portugueses e escravos, levantou a Ca-


pela de S. Januário do Ubá, benzida pelo Pe. Manuel de Jesus Maria, em 7 de
novembro de 1815, filial da freguesia de S. Manuel da Pomba e Peixe (Rio Pom-
ba).

No S. João Batista do Presídio, comprou o Capitão-mor nova sesmaria, levan-


tando ali a sua casa, semelhante à que possuía em Piranga - baixa e comprida,
de soleira larga, com uma calçada à frente, onde vivia com uma índia, da qual teve
um casal de filhos, que reconheceu e aos quais deixou a propriedade presidiense:
daí provêm os Carneiros de Rio Branco, os CARNEIROS brasileiros.

Dessa Fazenda, que eu ainda conheci, o Capitão-mor vinha a Ubá, ia aos Bagres
(hoje Guiricema), avançava até Sta. Rita do Turvo (hoje Viçosa), sempre retornando
à Fazenda do Presídio e sempre na faina de rasgar florestas, abrir lavouras de
algodão e colher poaia, com utilização do braço indígena.

Para aqui trouxe algumas famílias pobres de Piranga, para formar, junto à Ca-
pela, a primeira rua (de Trás, hoje Sta. Cruz). O santo para a Capela, o São Januário,
feito de madeira por um santeiro da época, veio de Calambau.

O povoado progrediu tanto que, quinze anos mais tarde, em 1830, já possuía
19 casas. Nasceu a aldeia de São Januário do Ubá.

O Capitão-mor Antônio Januário Carneiro era casado com Francisco Januária


de Paula Carneiro, de quem houve muitos filhos, sendo que nos interessa, neste
rápido estudo, a sua segunda filha, TEREZA JANUÁRIA CARNEIRO, mãe de
Cesário Alvim.

3. OS ALVINS

Por esse tempo, meados do século XVIII, fixara-se, em Furquim, o Capitão


Francisco Xavier de Barros Souza e Alvim, português de Braga, sobrinho do Pe.
Alvim e proprietário das jazidas minerais no arraial de Pinheiros, município de
Mariana. Casando-se com Maria Felizarda, desse casal nasceu Ana Angélica Souto
Maior Alvim que, casada com o Alferes Joaquim José de Faria e Lana, teve três
filhos. Um deles, o Cel. José Cesário de Faria Alvim, herdeiro e ocupante das

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