Onei Borba - Povoadores Dos Campos Gerais
Onei Borba - Povoadores Dos Campos Gerais
Onei Borba - Povoadores Dos Campos Gerais
POVOADORES
DOS
+"
DOMINGOS TEIXEIRA DE AZEVEDO, morador em Parana,gu, por ter muitos escravos para roas, obteve, em
1712, as terras na paragem chamada Itaopamerim; uma 16gua acima do porto de Cmitiba.
MARTINHO TEXEIRA, tambm l e Paranagu, junto
a s terras do proeeibnte, obteve a sesmaria no ribeiro de,
Itapaba (ita = pedra, paba, = chata).
Estas trs iiltimas sesmarias pertencem ao primeira
planalto.
ANA DE SIQUEIRA E MENDONA, moradora em Santos, em 1713, requereu os campos de Taiacoca*"de uma e outra parte do rio Tibagi (rio encachoeiraldo, ruim para navegao).
Lara.
JOAO LEITE PENTEADO, em 1721, tinha por confirmata a sesmaria dos campos que principiavam no Itaimb
do ria: Jaguariaiva e faziam divisa com a fazenda Montenegro e o capo da Cinza.
A primeira sesmaria mencionada, a da famlia de Petara Taques de Almeida, como se pode observar pelas conIrontaes, abrangia imensa rea de terras de campos e
matos, e, se confirmada, a s terras dos atuais municpios de
Vaguariaiva, Pirai do Sul, Castro, Tibagi e Ponta Grossa,
!m grande extenso, nela estariam compreendidas. O pedil o de Pedro Taques d e Almeira no foi confirmado &'por
:xceder na quantighde de terras a ordem com que o dgo;
;enhur (Sua Majestade) as manda repartirw. O genro de
?edrc, de nome ANTONIO PINTO GUEDES, insistiu porm,
!m requerimento de 1725, com base na no confirmao do
jedido anterior, aleganldo haver povoado uma parte dos
:ampos chamadas de So Joo, entre o rio Iap e oi rio Tiliagi, e obteve carta de &ata.
Entre os rios Tibagi, Iap, Alegre e Dobor (VorB),
iUIZ RODRIGUES VILARES e ANTONIO LOPES TOMAR
lescobriram os campos a que deram o nome de Nossa Seihora da Conceio, em i1722 e conseguiram registro da
:arta de data.
O padre JOS& RODRIGUES FRANGh v i g S o de Sanos, herdou de seu pai, Joo Rodrigues Frana, capitiio-mr
b Baranagua, bastante gado v a c h e cavalar nos Campos
lerai.. Requereu, ento, a Antonio da Slvs Caldeira
'imentel, do Conselho de Sua Majestade, os campos da
larra do rio Iapl, correndo pelo rio Tibagi acima, lgua e
neia de testada e trs de fundo. Obteve e m 1727, carta de
esmaria. Hoje, os campos pertencem as fazenldas Ingrata e
iuartel. E m frentem'aoGuaxtel, nq fundo do' capo da
Cndido, ainda existe vestgio da tapera que ainda conserva o nome de tapera de Joo Rodrigues, o pai doi padre, e
que foi &'oprimeiro povoador dos ditos campos", comor Uiz
na carta concedida o prepsto da Coroa.
Lgua er meia quadrada, s margens do rio Alegre, perta do ria Tibagi, terras de campos e matos, o sargento-mr
MANOEL GONCALVES DE AGUIAR, morador na vila de
Santos, obteve em 1721. Em segunda carta de semna*, o
mesmo sargento-m6r obtem outra lgua e meia quadrada
de terras, nas Furmas, alegando haver comprado a Manoel.
Pico de Carvalho, campos e currais sses juntos ao curral
do capito Jos Martins.
F A N T A W O RODRIGUES, morador na Vila de Curitiba? "estava povoando uns campos que ficavam entre terras
de Euzbio Simes e do sargento-mr Mztnoel Gonalves de
Aguiar, comeando sua demarcao num, rio chamado Bangui at entestar com o rio chamado Rio Grande" (Iguau)
,TOAO FRANCISCO ESPINHEIRO, morador em Santos,
"tinha mandado meter algum gado vacum por Manoel da
Rocha Carvalhaes, nos campos de Secunhaperanga (Conhaporanga, de Conh
poranga = moa bonita), entre o rio
de Santo Anselmo e o I a p ~ "e csnsequentemente, requereu
e omeve carta de sesmai'ia, e m 1728,
'.v
culo XIX assinala a penetrao pelo serto. Ento comeou o extermnio do selvicola, a devastah da flora e da
f auna, a fundao de c01 nias (hoje cidades) pelas ondas
imigratras que aqui apartavam com nsia de enriquecer
a custa dos recursos naturais. E o resultado ai est:' um rico patrimonio natural quase que inteiramente delapidado
pela explorao intensiva, indiscriminaila, descontrolada que
recebemos e estamos deixando para as geraes futuras, por
culpa exclusiva da falta de esprito pblico e amor a terra.
Temos u m cdigo de caa e pesca, e leis protetoras d a
flora ; h departamentos federais a estaduais incumbidos de
estudar e combater a eroso do slo. So leis no papel e
rgos enqwdrados num burocratismo empregatcio enervante e incuo. A finalidade principal, porm, no 6 atingida: a formao de opinio pblica defensora da natureza -..
paranaense. Tivssemos seguido a orientao, nsse partieular, do primeiro organizador com viso que chegou ao
Paran, no estaramos a lamentar a destruiqo do patrim6nio comum. E m 1721, Rafael Pires Pardinho baixava
provimento para os homens pblicos de Curitiba no deixarem ninguem cortar os matos perto da vila e estabelecia
multas para quem apanhasse ovos de perdizes e outras aves.
ou as caasse no campo de criao. "pois tem le Ouvidar
Geral informao que muitas pessoas de propsito andam no
dito tempo a caa dos ovos e criaes das ditas aves, com
o que se ir50 extinguindo, s6Me o que os juizes e oficiais da
Cmara faro suas posturas e acurdos, para se coarctar
ste dano". (Boletim do Arquivo Municipal de Curitiba, v01 .
VIIL) .
O entusiasmo do naturalista francs, Saint'Hilaire, pela natureza paranaense, traduzido em livro que rarissimos
paranaenses tomaram conhecimento, como bvio, nem por
via indireta, contagiou as geraes posteriores.
Sobreleva notar que nossos administradores e diri-ntes politicos,,quase que em.sua maioria pertencentes elite
intelectual, com rarissimas e honrosas excees, afastavamse de nossa realidade u!eco16gicae aderiam incondicional-
mente ao conceito extremista de progresso. As levas idgratrias foram tais que o Estado se desmamou a venaer
terras particulares como se fossem devolutas. Glebas oriundas de sesmarias do regime colonial, pertencentes a s antigas vilas de Paranagua, de Curitiba, de Castro, de So Jos,
no podem, de frma alguma, ser consideradas como terras devolutas. A veridaCte, porq que o Estado tem sido
apodado - e com palavra pesada
de estelionatario, nos
pleitos judiciais.
A nsia de progresso, sem controle e planificao, a
custa dos recursos naturais, se j problema srio para a
gerao atual( muito mais onerosa ser a s geraes futuras pela inexistncia de uma poltica racional "conservantista" da natureza paranaense.
tnea de artigos publicaaos em periddos diferentes, nos jornais "Estado do Paran", "Castro-Jornal", ''0 Piraiense"
mas como se relacionam com o povoamento dos Campos Gerais durante o regime colonial, assim os apresentamos aos
leitores,
mais antigo processo de inventrio existente no Cartrio do 2P Oficio, da Comarca de Castro, de Joo Alves de
Crasto, feito em 1731. Jogo --eracasado com Luzia Fernandes Siqueira que em 1732 se casou novamente com FYancisco da Silva Xavier. Joo Alves de Crasto era filhd de Joo
Alvns Martins e de.Maria do Souto. Deixou trs filhos: Joo
Laureano e Francisco. Possuia u m a lgua de campos entre
o rio Tibagi e Guaranq e outrai lgua de campos entre Gobitiba e Guaraiina.
Josefa RodRgnes Coutinho, falecida em 28-8-1739, era
casada com o Cap, Manoel da Rocha Carvalhaes, propriethrios de uma lgua: de t e r r a de comprimento por meia de
largura em Pirai, *urna lgua de terras por meia na fazenda So Loureno e um pedao de terra no Barigui. Filhos:
Bartolomeu, Joo, Maria, Paula, Loureno, Quitria e Josef .
O Cap. Manoel d a Rocha Carvalhaes era natural da
Freguesia de Dantas, bispado da cidade do Prto, filho de
Antonio da Rocha e de Maria Joo. Possuia catorze escravos, 496 cabeas de gado vacum e cavalar. Foi sepultado na
capela de Santo Antonio do Capo Alto. Era sogro de Bento Soares de Oliveira, F'Yancisco Carneiro Lobo, Antonio
Martins Lisboa. No seu testamento h o seguinte trecho:
"Declaro que devo ao reverendo padre Dr. Jos Rodrigues
Frana a quantia que le dito reverendo padre disser, parquq na ocasio no me lembro, de resh de contas que tive
com ele dito". No inventrio o padre recebeu vinte e sete
mil e setecentos reis! Na era:,pouca a importncia, pois o
oramento de todos os bens atingiu a quantia de ......
1.881$260. Nesse tempo uma vaca de cria era avaliada por
dois mil'reisl
O
XII
Francisco Carneiro Lobo, em andanpas pelas partes de
So ~ k u l o ,em 1750, deixou um filho, Joaquim, em Guara-
giram. Conseguiu assim chegar a margem do rio, atravess-lc novamente, dando alarma ao coronel Botelho, sem o
que toda a expedio teria, sucumbido.
Terminada a expedio de Guarapuava o cap. Francisco retornou ao lar, casando-se com Maria de Jesus de Vasconcelos, tendo com a mesma os filhos: Francisca, Ana do
Rosrio. E m estado de viuvez teve tambm, outra filha:
QuitSria que se casou com Jos Serrano. Depois das segundas nupcias, teve mais uma filha adulterina, Domingas.
A propsito das duas filhas havidas fora do leito conjugal, por ocasio do inventrio de ~rancisc8,falecido em
9-4-1795, a viva meeira declarou: "que o ditto fallecido
seo marido disse em sua vida que, de esmolla acada huma
das sobredittas, queria selhedesse sem mil reis e poristo
julgava que a ditta Quitteria supozta havida no estado de
viuvez no poder ser erdeira pela razo da nobreza do
ditto seo marido, se he que nesse tempd era capitto".
Quitria foi a nicq que nq herdou.
Da poca colonial, o inventrio do cap. Francisco Carneiro Lobo foi um dos maiores.! Sua fortuna era imensa! O
monte mor atingiu a 18:396$979. Smente em dinheiro possuia quase cinco contos !de reis; oito escravos no valor de
quase dois contos de reis; era senhor das fazendas de Sant o Amaro (Tibagi), So Jos (Fumas), Nhoava (Castro),
Piraic Varzea de Santo Antonio (Castro). Em suas fazendas
havia 1848 cabeas de gado vacum, 549 entre equinos e muares, 131 ovinos, alm de animais de pequeno porte. As quatro fazenda foram avaliadas por 806$600. 266 pessoas deviam ao esplio. Doou, em vida, aos filhos, 16 escravos.
capito-mr P e d r ~Taqnes de Almeida, fihos e genros, moradores na vila de S. Paulo, requerem a D. Alvaro
da Silveira de Albuquerque, alegando que so casados com
filhas das 'brincipais f amilias db S. Paulo, e ''nella nobres e
O
Depois de vinte anos, faleceq a viva de Incio, de nome Margarida da Silva, cujo inventario foi feito em 1789.
O casai deixou os seguintes filhos: Jos Pompeu que foi
casado com Maria de Goes Moreira, moradores em S . Joo
de Atibaia; Ana de Arruda, casalda com Antnio Rodrigues;
datria Ribeiro, casada com Jos Corra de Morais; cap.
MG
Taques de Almeida, Manoel Ribeiro, Branca de AIm e i a , casada com Antonio Ferreira, Euzbio Pedro de Barnm que foi casado emiRio Pardo; Escolstica Pedroso. cae com o alferes Francisco Ferreira de Anrade; Tereza
ILiri;i de Jesus, casada c o a ;Salvador Soares de Oliveira e
bandeirante JOSS DE GIS E MORAIS, filho do cspiGo-mor Pe'dro Taques de Almeida, se bem que no tivesse habitado os Campos C)erais, deve ser considerado como
um dos seus povoadores.
O
-(*)
m une
Francisco Pinto de Morais Leme, filho do capiUu fidalgo da casa real, Jos Joaquim Monteiro de Mattos e Morais, falecido durante o processo, arrematou a fazenda com
a condio de efetuar o pagamento em cinco prestaes no
prazo de cinco anos. Assim mesmo, apesar do prazo dilatado e das condies, Francisco no consegui pagar e pediu
em juizo que a dita fazenda fosse adjudicada ao1 credor, seu
tio# Joaquim Jos Pinto dq Morais Leme.
Em nota ao p da p&gina "Documentos Interessanets",
vol. LI, h observao seguinte: Talvez nas terras compreendidas na sesmaria de Jos de a i s e Morais, seu pai,,
Pedro Taques e o genro dste, Antonio Pint oGuedes, estivesse constituida a grande fazenda chamada 4LNo-me-toque", doada aos beneditinos de S. Paulo, por escritura de
22 do agosto de 1761, por Jos de Gis e Morais.
Outra fazenda que tem suas atuais divisas complicadas
pelos processos divisrios e pelas ambies de posseiros, a
das Cinzas*em Jaguarialva. Essa fazenda pertenceu ao DR.
MANOEL DE M E U 0 R E W , natural da vila de It, filho
legitimo do capito-mor Joo de Me10 Rego e de Bemarda
de m u d a . O dr. Manoel foi casado com Ana Barbosa Leme,
com a qual teve 11 filhos: Luh, Francisco, Manoel, ~ o o ,
Jos, Actonio, Joaquim Vicente, Bernarda* Ana Maria e Mariana.
E OILVA foi nomes& Ouvidor de Paranagua por Proviso Rgia de 12 de ouBro de 1789. Natural de Portugal* onde foi casado em 1.8s
com Bibiana Perptua, em Zass. npcias com Maria
Uch de Menezes. Do 1P matrimbnio teve alm de outros
iilhm, D. Maria Joana, casada com o capito Jos ETancisa, =doso
de Menezes e D. Izabel Branco casada com o
C& Luciano Carneiro Lobo; do 2.O matrimnio teve o filho
imido, capito Joaquim Mateus Branco.
Foi desembargsdor. Por ocasio da Independncia do
Brrall, tendo mostrado tendncias contrarimasa ela, foi srm k d o da magistratura, retirando-se para a cidade de Castrio, ande faleceu em 1830. Ali foi grande criadr de gado.
As informaes acima so fornecidas pelo geneal6gi.sti paranaense Francisco Negro (Boletim do arquivo Mum
a
l de Curitiba, vol. VI11 e Genealogia Paranaense, vol.
O DR. MANOEL WPES BRANCO
rn)-
Em que pese o merecido conceito em que tido o his&miador paranaense, temos em mgo elementos
retifla r tais informaes.
Lemos o testamento do dr. Manoel, lavrado em 13/9/
=O,
na fazenda do "Limoeiro". Um ms depois, faleceu e
o mventrio foi procedido pelo Juizo de Castro. Muito antes,
-to,
da ~ndependncia.No sabemos atinar onde foi
genealogista e historiador colher a informao de que o
dr. Manoel era de tendncias contrarias a Independncia
& Brasil.
gal, na companhia de Maria Joaquina Branco e Silva, irmde Msnoel; Mariana, Ana e Ieabel. Convolou novas npcias
com a irm de seu genro, cap. Jos Francisco Cardoso de
Menezes, de nome Maria Lucia de Menezes, natural da, vila
de Santos, de cujo matrimonio teve os seguintes filhos:
Manoel? Jos, Joaquim, Ana e Maria. Recebeu como dote,
para casar-se pela segunda vez a fazenda <'Limoeirow,pertencente a vila de Castro (hoje, Jagguariava, compreendendo parte da faenda Boa Vista, na paragem Samambaia).
Como Ouvidor Geral e Corregedor da Comarca, entre
1791 a 1799, presidiu o dr. Manoel a solenidade de ereo
da, freguesia de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa, reallsada em 6/11/1797, em vila, com o nome de ~ntnina,em
homenagem ao prncipe Dom Antonio; Vrios provimentos
importantes so de sua autoria. Um d,les, era a exigncia
aos moradores de Curitiba e S. Jos contribuissem para
consertar a ponte sbre o rio Iguau; outro, proibindo a
matana de gado alado na freguesia de S. Jose e para o
~rhot~acel
(fiscal) de Curitiba vistoriasse todas as reses
abatidas e postas a venda nos aougues, para "ver o estado e qualidade da mesma rs, como tambm para lhe ver
a marca9?.O mais importante, porem, foi um provimento
baseado nas Ordenaes do Reino, permitindo que os oficiais de justia pudessem matar aos malfeitores de crimes
graves que resistissem a priso.
V I L -
em 11/3/1776.
"Entre a vila de Curitiba da Cmara de Parnagu e a
V.& de Faxina'', estava a mais importante freguesia que era
a do Iapu, como diz a portaris do Gal. Bernardo Jose de
Lorelia, em 24 de setembro de 1788. O governador da Capitania de S. Paulo determinou por essa portaria, ao ouvidor
de Paranagu, Dr. FYancisco Leandro de Toledo Rondon*
que pazsasse logo a freguesia e a eregesse em vila. Em 3 de
outubro do mesmo ano, ordenava o mesmo governador que
a cmara d e Curitiba estabelecesse 'os justos lemitea entre
huma e outra viUaw. (Boletim do arquivo Municipal de
Curitiba)
L
Vieram depois as ordens pa,ra que a camara do Iap indicasse trs 4'sujeitoa capazes e benemritos" para servirem
como sargento-mor e capit8o mandante. Em 20 de janeiro
de 1789, finalmente, era criada a Vila Nova de Castro. Lanado o Pelouro que se abriu em presena do ouvidor, saireleitos para juizes o cap. Inacio Taques de Aimeida e Jos
Felix da Silva; para vereadores, Guilherme Pereira dos Santos, Joaquim Jos de vila e Antonio Castanho; para procurador, o alferes Francisco Ferreira de Andrade e juiz de
brfos, o tenente Geremias de Lemos Conde. Reunidos em
cmara, os vereadores passaram a ocupw os postos: de juiz
presidente, Jos F e l i ~da Silva, vereador. 1.O - Guilherme
Pereira dos Santos, vereador 2P - Joaquim Jos de Avila.
3.0 - Antonio Castanho; procurador, o alferes Francisco
Ferreira de Andrade. Propuzeram sargento-mor ao cap. Miguel Pedrozo Leite, em, l? lugar, e em, 2.q ao cap. Jncia
Taques de Almeira, e em 3P, ao tenentei Geremias de Lemos
Conde (Livro de Atas da Vila Nova de Castro).
Esse perodo do s6culo XVIU, quando realmente se processou o povoamento dos Campos Gerais, foi terrivel e de
muita luta. Eram o recrutamento para combater os casblhanos no Sul, o ataque dos gentios, as deseres em massa, as requisies fora& de gneros, o esforo continuado
de adaptalo com poucos recursos, as terrveis leis porti;guesas. . tudo isso exigia imensa capacidade de resistn-
que publicara e pelo qual os oficiais'da cmara no concederiam facilmente licena para a sada de novilhas ou: poldros dos terrenos subordinados a jurisdio de Curitiba,
que, como j frisamos anteriomente, compreendia, com
exceo do litoral, (serra abaixo), todo o atual territrio paranaense e a maior parte do catarinense,
No ano seguinte, os moradores da freguesia de Santa Ana
do IapO queixavam-se dos viandantes que vendiam aguardentes &'e outros licores e mais coisas que devem ser Almotassadas e os caminhos das estradas estarem indecentes". Atendendo a reclamao, a chmara de Curitiba elegeu, ento, para exercer o cargo por um ano, o primeiro
Almotacel (30.1.1777) que foi Jos Ribeiro da Cunha, morador e casado na freguesia do Iapb, (*)
Os republicanos - os que exerciam qualquer funo na
governana aplicavam rigorosamente os provimentos coloniais. Os contraventores eram prsos e multados .At o rico e poderoso guarda-mr Manuel Gonalves Guimares foi
processado por haver contrabandeado noviihas de Curitiba
a Paranagu. Os oficiais da ckmara multaram-no em trs
mil ris (Vereana de 21 de maro de 1780').Alis, o guarda-mor, de quem descendem numerosas f amilias paranaenses* tinha f seus pecadilhos: era malvado para com os
(* "Boletim do
26
- 29.9.64
O governador da Capitania de S. Paulo, D.Luiz Mascarenhas, em 210 de junho de 1758, nomeou RODRIGO FELIX
MARTINS no psto de capito mar da V i h de Curitiba (vol.
XII do Bol. do Arq. Mun. de Curitiba). .
O cap. mor Rodrigo Felix foi casado duas vezes: a primeira, com Maria de Lemos, no tendo filhos; a segunda,
com Ana Maria de Jesus com adqual teve nove filhos: Atanagildo Pinto Martins, Lcio Alves Martins Gavio, Alvaro
Gonalves Martins, Rodrigo Martins, Francisco de Paula
Pinto, Benfo Martins, Gabriela Maria da Trindade, casada com Bento Ribeiro, Iria Balbina da Piedade, casada com
Em trabalhlo de pesquisa sobre o "Marginalismo Sertanejo", escrevemos alguns tpicos a respeito do povoamento
da regio paranaense. Dissemos ento:
"0ndice de contribuio das trs raas formadoras da
nacicnalidade no o mesmo que nas demais regies do
pas.
Predominou sempre, em nmero esmagador, o element o .branco. Por ocasio do recenseamento de 1890, a proporo do negro com a populaol paranaense atingia apenas a
5,17%, - "um dos trs menores coeficientes de todo o pas,
ao passo que no Rio de/ Janeiro erd de 26,79%, 'naBahia, de
29,30% e em So Paulo, de.'12,97%".
Pode-se argumentar que o recenseamento do inicio da
Repfiblica faz aluso ao puro negro, hoje rarissimo na populao paranaense. Sbmente o preconceito anti-cientfico
e que leva algumas pessoas ignorantes a denominar mestios e mulatos, de negros.
Se bem que no haja estatsticas da populao negra
no solo pdanaense durante o Sculo XVIII, o coeficiente
deveria superar o do fim do Imprio. Sua redu,o gradatlvava devida a s atividades economicas - predomnio da pecuria e tropeirismo, a que se dedicavam os membros da famlia dos fazendeiros - e tambm a ci'.escente mestiagern .
Hoje, dificilmente um paranaense, com rvore genealgica de duzentos anos nesta regio pode afirmar que no
tenha razes na senzala ou no serto (sangue negro ou abo-
rigene) .
Em pleno regime de escravido foram inmeros os cativos que obtiveram alforria, por compra da carta ou pela
liberalidade dos senhores. O tenente Antonio Fogaa, por
exemplo, deixou os seus bens, inclusive a fazenda Vilela, para vinte nove escravos e ex-escravos, por testamento feito
em 1857. Muitos so os testamentos de fazendeiros e fazendeiras paranaenses em que h libertao de escravos, negros e mestios.
Certas alforrias por liberalidades dos senhores criavam
situaes embaraosas. Observe o leitor ste caso:
Pedro Antonio dos Santos era casado com Brigida, ambos escravos, tiveram filhos. Aps a morte de Brgida, Pe-
Nova de Castro. Era casado com Rosa Maria da Silva, falecida em 12.7.1808. Em suas declaraes no inventrio de
sua esposa, disse que o casal tivera sete filhos: Maria Antonia, que se casou depois com o Cel. Balduino de Almeida
Taqites; o ajudante Jos Borges de Macedo (o ajudante
Jos Borges de Macedo foi o primeiro prefeito de Curitiba)
que se casou depois com Maria Floriana de Lima; Joaquim
Jos Borges que depois foi capito e proprietrio das fazendas Santa Branca e Guavirova; Ana Rosa que se casou depois com o Tenente Coronel Jos F'lorentino de S&
Bittencourt e em 2% npcias com o Tenente Jos Gonalves Guimares; Francisca Borges de Macedo que se casou depois com Jos Barbosa Caldeira; Pulcheria e Francisco Borges de Macedo que eram os cauhs.
Cirino pediu prazo para concluir o inventrio, alegando possuir u m a sociedade de daenove para vinte anos com
o Tte. Cel. Manoel CMn~alvesGuimares. Queria tempo
para saber o que caberia dessa sociedade no iriirenthrio.
DepcL de mais de ano, o Juiz Carvalho que viu o processo
em correio,, disse que o inventariante usendo hwin homem
capit5,o que quer figurar nesta vila no vejo dar a inventhrio roupa alguma, e outros trastes que so indispensveis em
huma casa e que necessariamente devem ser inventariados, mostrando por isso que a sua eonscencia h6 hum
pouco relaxada, portanto deve o Juis proceder com a cautela e sagacidade precisa para no ficarem bzados os menores nas legitimas que justamente Ihes devem pertencer
na partilha a que procederw.
Enfim, terminado o inventrio, Cirino se enamorou de
Ana do Rosario Carneiro, filha do capito sertanista Francjsco Carneiro Lobo. Ana era havida como vifiva de Joaquim Ferreira de Oliveira Pueno, cunhado por sua vez, de
Cel. Diogo Pinto de Azevedo Portugal. Antes do casamento,.firmaramum "papel de trato" que o nosso atual contrato pr-nupcial. No se sabe bem por que motivo os nubentes foram casar-se na Igreja Santa Efignia, So
em 5.3.1819.
H& ums lenda, segundo a qual Cirino Borges de Macedo m o m de comoo. Pode ser contada com as devidas
reservas. Sua segunda mulher Ana do Rosrio Carneiro,
depuis de muitos anos de segundo ma~rnOnfo recebeu a
visita do p~meiromarido, Joaquim Femera que se encontrava foragido pelas NIinas Gerais, em eonsqfiencia
de crime, consta em decEaraes nus inventrios e que fugiu, no h6 devida, pois Ana, por ocasio do Inventhrio de
seu pd, requereu dispensa da assistncia marital do processa, alegando que o marido havia desaparecido, por motivo de haver cometido crime. E que Cirfno tenha morrido
de e~m-ogoquando viu pela frente o marido de m esposa,
lambem possive1. Dizer-se que morreu com a culn na
mo quando se assnston com a presena de Joaquim, tido
como morto, 6 que vai como lenda, na falta de referncia6
documentais. (Ver o item XV).
Lucas, em Pira
do Su3, em seu n h e m dez, acolheu um reportagem de
Otaviano R o l h de NLoura Mbre a gua quente iocalizada
na fazenda Machadhho.
O peri6dico editado por Vitor Cioffi de
Y:
/
& certo que o agelido 66~achadinhon,
dado ao lugar da
gua quente, tem siia origem no riome do antigo propriethrio, Antonio Machado Ribeiro, o sertaasta que fundou a
povoao que depois veio a ser a Freguesia do Tibagi, hoje
cidade do mesmo nome.
Filho de Inacio Maahado da Silva, o Machadinho no
era de Taubae e sim da Freguesia de Cotia, de onde tmnb$ni era sua mulher Josefa Cardoso. O casal veio para os Campos Gerais e arrmchou no bairro das Furnas,
pertencente, ento, reguesi ia de Sant9Ana do Iap. htes da funda~oda Vila Nova de Castro j o Madadlnho
adentrava-se pelo serto do Oeste e, divergindo com o nargento-nlr Jos Felix da Silva, transpoe o rio Tibagi, legalizando sua posse nas terras compreendidas entre os rios
s
Pinheiro 8$co e Santa Rosa.
O histoiiador Sebrtstib ParanB (Corornafia do Parm,
edio de 18991, lamentvelmente, tamMm comete engano
quando se refere aos nomes de povoadores da regio: "Depois de Antonio Machado se ter estabelecido nas referidos
terrenos, apareceu o Comnel Jos Felix Novaes do Canto e
Bilva, pai do Coronel Manuel -cio,
indo residir no lugar
denominado Monte Alegrev. Tudo confuso. O comne1 Jos Felix Novaes do Canto e Silva no havia ria8ddo quando Antonio Machado Ribeiro faleceu, aos 28 de ag&to de
i l8$' No eram pois, contemporneos. Jose FelLx da Silva,
o sargento mor da Fortaleza ( s k sim, foi compadre do
Machadinho e seu contemporneo), era pai de Ana Luiza;
esta, me de Manoel InBcio do Canto e Silva; este, pai de
Jose Felix Novaes do Canto,
No iuiventhrio de Antonio Machado Ribeiro, zt viZiva
Josefn Cardoso declarou a relago dos filhos: Antonia Cardosa. casada com Joo Batista da Silva, Ana ~ardoga,a ~
va de Francisio Jos da Cruz (Beje), Maria, Gardosa. casada c ~ mJos Lemes de G~dbis,Manoel das Dores Machado
e Maria da Conceio, mulher que foi do falecido ajudante
Joo Machado Cardoso.
\
A revolta mais antiga que temos conhecimento, de escravos dos Campos: Gerais, verjficou-se em 1739, na fazenda
Cambijii, pertencente a Dona Ana de Biqueira e Mendona.
moradora da Vila de Santos (S. Paulo). Era feitor da faz e n d Domingos de Souza, indivduo que tratava os escravos chibata,
conseqncia do que recebeu o revide do3
pretos surrados e maltratados. 'Certa dia, os castigos @xcessivos tiveram um fim: os pretas invadiram a casa grmd9, rnatrtram o feitor, apropriaram-se de roupas, objetos de
cosinha, uma espingarda e fugiram para Vila V e b . Acoitaram-se por ali, mas sendo lugar devassado pelos tropeiros, nLio oferecia segurana e foram formar qd10rnbo em
lugar apropriado*talvez em Taiamca.
Cambij em fazenda do distrito da Vila de Nossa Senhora dos Pinhais de Curitiba, subordinada autoridade
judiciria da Vila de Paranam. Na @oca, o Ouvidor Geral era o Dr. Manoel dos Santos Lobato, o qual, tendo
conhecimento dos fatos, mandou que o Juiz ordinhrio de
Curitiba e o Tenente Coronel Braz Domingues Velozo imediatamente arrecadasserri os bens da vitima e prendessem
os escravos rebeldes.
Do mandado judicial do Ouvidor consta a dekmkim$80 para prender no &mente os pretos fugidos da fsxenda Cambij, mas todos os escravos que andassem fugidos:
pelos Campos Gera&, o que vem demonstrar que a regio
no se prestava aa regime escravagista. Nlulto mais tarde, em Portaria de 24 de sebmbro de 1789, o Governador da
Cspitania de So Paulo, Bernardo Jos de Lorenat reconhecia haver contendas, delitos atrozes e m i t w deuquentes
entre Curitiba e a Freguesia do Iap, motivo por que determinou que o Dr, Francisco Leandro de T ~ k d oRondon
criasse a Vila Nova de Castro, o que se deu em 20.1.1789.
Na devassa de 1739 para sequestro dos bens de Domingos
de Suza e prish dos escravos, o resultado seria o previsto
para a &oca. As escoltas de capites de mato, das quals
participou Domingos Martins Braga, sob as ordens do Cel.
Braz nomingues Velozo, usavam os procews dos ndios, o
: I
Muitos anos antes de Pedro de S, as idias emancipadoras conseguiam adeptos, em consequncia do natural desenvolvimento da regio meridional de So Paulo, onde
seus habitantes demonstravam capacidade de ernpreendirnentos, nem sempre relembrados pelos historiadores.
que exigia porem, fortaleza de nimo, capacidade de trabalho e muita coragem para vencer longas jornadas, as vezes durando anos, em luta constante contra a natureza e
os bugtes. O gado arrebanhado era costeado em currais que
se transformavam em povoaes, como Curitibanos, Campos Novos e outros em Santa Catarina, fundados por paranaeiises, para depois serem conduzidos a S. Paulo.
Mais tarde, novo "rushv de paranaenses ao sul, em kusc a ds muares para as feiras de inverno, em Sorocaba.
Como se pode ver em, mapas, dessas viagens foram surgindo as vi& do interior, na dist$ncia de um dia a eavalo, no eixo norte-sul. Ora, os tropeiros paranaenses que
contriburam decisivamente para o progresso de S. Paulo,
quando voltavam para suas casas, alimentavam idias de
autc-governo e insurgiam-se contra as autoridades paulistas. Os anaeiog de autonomia povoavam a mente dos paranaenses, e nasceram muito antes de 1811. Os exemplos
so nruitos. Citamos um apenas.
seus staces$ores no podiam impor fbros Ou quaisquer 6611tros d!reitos, ~ n oaqueles determinados por Sua Majestade,
Mas, o pior 6 que os embargantes provaram com testemt~nhasque os foros que os moradores de 8 .Paulo, e outras vilas pagavam as respectivas cmaras foram abolidos,
e os moradores da Vila de Castro, "no sendo de inferior
condio aos daquelas, tambm no deviam pagar, porquanto 'todos so vassados da mesma Soberana e todos se regem pelas mesmas leisw.
A argumentao do defensor dos executados no impressionou o criador da atual cidade de Antonina, Dr. Manuel Lopes Branco e Silva, Ouvidor Geral e Corregedor da
comarca de Paranagu, com alada no civel e crime. que,
com certa arrogncia, demonstra o que acima dissemos, dos
anseios de autonomia jB existentes no sculo XVZII:
'-Asleis particuiares de So Paulo no se sobrepem aos
provimentos baixados pelas vilas da comarca de PmU'WJII&".
F. R. Azevedo Macedo,
"Conquista Pacifica de Guarapuava*, conGm engano que
merece reparo, sem que Bsse reparo empane o brilho do
O Livro do saudoso professor
conjunto da obra,
Afirma o autor (pg. 209) que o Cel. Dlogo Pinto era
senhor de vasta fazenda com muitas benfeitorias e numerosas criaes de gado, em cima da serra das Furnas, no
munxcipio de Castro, herana que sua mulher recebera
dos pais,
autor.
O Cel. Diogo Pinto de Azevedo Portugal nunca
foi
, ,
<
O capito da cavalaria
auxilrar da Vila
Curitiba
Fracdsco Carneiro Lobo, depois de haver participado em
1772 da expedi~iiode Guarapuava, sob o comando do Cel.
Afonso Botelho de Sampaio e Souza. fixou-se na Fiemesia do Iap, sendo um dos que firmou o Auto de Ereo
de 20-1-1780 que elevou a freguesia categoria de Vila
Nova de Castro. Dois anos depois, em 22-X-1791, comproa
Carneiro Lobo, de Manoel da Costa Ferreira, terras Iavradios e campos nas Furnas.
Francisco Carneiro ~ o b oera bnubo e quando faleceu em 9-4-1795, deixou trs fiihos das primeiras nGpcias
dois das segundas e tr&s filhos naturais. mtre os fillios
das segundas npcias ha6a Ana do Rasrio Carneiro, casada com Joaquim Ferreira de Oliveira, este imo d a mulher de Diogo Pinto.
Joaquim Ferreira de Oliveira, em 1195, j havia fugido para as Minas Gerais, por haver cometido um crime,
ficando a dever ao esp6Uo do sogro alguns animais mansos e dinheiro.
Ana do Roem Carneiro que tinha 20 anos nessa poca, sem filho do marido foragido, no aguentou a soifdo:
teve trs filhos addtepinos. Com o tempo, em 28 de funho de 1814, julgando o marido morto, casou-se ela com
Cirino Borges de Macedo.
Com-a morte de Cirino e depois, de Ana do RosBrio
(18521 os sobrinhos de Joaquim. entre os quais os fihos de
Diogc. Pinto se habilitaram no inventrio e receberam partes na fazenda $60 Jos, na Serra das Furnas, C ~ r n oeram
muitos sob13nhos, em concorrncia com os filhos de Ana
do Roshrio, as p-s
eram imigpiflcmtes. Venderam a
terceiros alguns e outros n h Ugaram importncia s terras langinquas .
No tinha, pois, Diogo Pinto, nenhurr interesse patrimonil em Castro, poca que YOI~OUde So Paulo em 1820.
a no ser relagEies de amizades e o parentesco com a deseevolta coneunhada Ana do Roshrio.
28-12-63
DO PARANA (edib de 2-=I-9611, pubiicu iioticia de excurs50 fazenda FiorWeza feita por um
grupo de pessoas da municpio de Curiuva.
O correspondente, na melhor inteno jornalistica. informe~do passeio, mas disse em certo trecho da noticia o
seguinte:
''Alegre passeio foi feito na manh do dia 26 de novembro h fazenda particular do sr. ATgemiro Camargo, em 860
Bom Jesus da Fortaleza. O passeio, alem da parte recreaticontou com uma visita ao santo que deu o nome B reO ESTADO
gion.
H um decreto estadual que considera. de interesse blst6rico a fazenda Fortaleza. Bem por isso, queremos pos
pequeno reparo Bs referemias do noticirio acima.
Nunca existiu no lugar e nem existe na capela da r@ferida fazenda, imagem de EWm Jesus da Fortaleza. No
existindo imagem e nem tendo existido em tempo algum,
jamais poderia haver dado origem ao nome da regio.
Como so reparos hist6ricos devemos nus a t a a documentos. Comecemos pela imagem do Nazareno existente
na fazenda,
so, o seguinte:
,.
ventre. das melhores, para de sua produes, mandar todos us anos, em seu dia, dizer uma missa cantada ou rezada no altar do oratrio da dita fazenda",
N.o temos elementos para afirmar de onde veio a imagem do Senhor Bom Jesus da Cana Verde para a capela da
fazenda Fortaleza, e consequentemente, no endossamos a
afirmativa de Davi Carneiro, feita em nota ao seu romance "0 Drama da Fazenda Fortaleza", que admite haver a
imagem sido trazida por Jos Felix de uma das viagens as
Minas Gerais.
Como em histria no se deve fugir aos fatos, afirmamos que a imagem existente ainda na fazenda de Bom
Jesus da Cana Verde, de procedncia ignorada.
A Imaginao sempre trai a histria. Smente a imaginao que daria regio o nome do Orago, como fez
o noticiarista. Antes outi'os tamb6m imaghavam que o nome de Fortaleza tivesse sua origem no estabelecimento rural mais entrado no serto paranaense e fortemente armadc pelo seu fundador, para se defender dos ataques dos
selvicolas.
Entretanto, o nome da fazenda nada brn que ver com
a posiqo de sentinela avanada no serto priftiitivo e nem
com o psto ocupado pelo seuproprietrio, O nome da fazenda tem sua origem na denominao de um rio que a banha - o rio das Fortalezas, assim chamado e conhecido de
longa data, muito antes do nascimento de Jos Felix, falecido com 62 anos de idade, no ano da Independncia.
No livro das Sesmaria, vol. 1,pgina 207, h uma
concesso feita no ano 1725, a Francisco Rodrigues Penteado e Mateus de Mattos, de uma gleba de campos entre
o rio das Fortalezas e o ribeiro do Vora - hoje, fazenda
do Vor - terras essas prximas t i sesmaria da Fortaleza.
O rio das Fortalezas tem seu nome ligado ao aspecto que
oferece ao observador, possibilitando atalaias e esconderijos, fortaleza natural na eventualdade de um combate
com o gentio.
L
9-12-61
TENENTE FOGAA
Foi rigorosamente chuvoso o Vero do ano de 1820. O
viajante francs foi obdgado a pousar em diversas fazendas por sse motivo, alongando a viagem, em consequncia, melhor observou usos e costumes dos moradores dos
Campos Gerais.
Retido pelas chuvas durante quase cinco dias em Caxambu, sentindo-se constrangido como hspede de Xavier
da Silva, no dia 9 de fevereiro le arrumou as malas, aleitou suas colees de plantas nas ruacas e se p6s a caminho. A pequena comitiva de mulas vadeou o riacho e pe-
netrou na campanha.
As chuvas na regio, durante o estio, so to violentas e com frte ventania, raios e coriscos que o viandante, cavaleiro ou o motorista de hoje, perde a orientao. IZ
muita vez obrigado a parar e esperar. Assim aconteceu
com o naturalista Auguste Franois Cesar, Provenal de
Saint-Hilaire, cavalgando muares em viagem de estudos
pelo Brasil. Depois de despedir-se dos moradores da fazend~.Caxambu, duas horas debaixo de chuva, foi se abrigar na fazenda Vilela.
*O proprietrio estava ausente quando cheguei, mas
fui perfeitamente hospedado pr seus escravos. As maneiras dstes eram polidas, a alegria que exteriorizavam na
face fizeram-me crer que fossem homens livres. No entanto, eram escravos. Fizeram-me grande elogio d seu senhor. Por isso no estranhei v-los alegres, desejosos de
bem servir. Se os negros tm frequentemente o ar carrancudo, sofredor e estpido, se algumas vezes so desleais e
audaciosos, 6 porque se os maltratan. (1)
rloclo*que 6 de louvor ao carater e humanismo do fwendeim ausente, que o ob~emadorarguto via refletir na fisfonomia, alegre e satisfeita de seus escravos .
Nos cartrios da comarca de Castro, em autos de inventhrio e de agces, fomos encontrar elementos para reconstruir alguns aspectAis interessantes da dda desse fazendeiro dos Campos Gerais.
Antonio Foga~ade Souza descendia de uma das principais familias da IIha da Graciosa*do Reino de Por-.
Filho legitimo de Andr6 Espindoh da. Veiga Cabral e de
Francisca Clara de Santo Antoiila. Veio pma o B r W em
1791. Em 1822 apoiou a dm9araI.o da Independncfa e serviu o ImpBrio do Brasil. ocupando cargos piibllcos. Posteriormente, estabeleceu-se como proprietrio da fazenda
leia, da qual compreendiam os cmpcis do Montenegro e
do ere@rio, situada entre os rnunicipios de Jwguariafva e
Pirai do Sul, atualmente, e naquele tempo, tercejro dUtrito da comarca de Castro.
A fazenda Vilela era povoada de gado cacurn, cavalar
e Paigero, havendo regdar produo &cola. Em 26 de
maio de 1853 o tenente Fogaqa vendeu parte de campos a
seu vizinho Firminio Jos Xavier da Silva, recebendo, em
dinheiro. vinte contos de reis, importncia equivalente, a
mais ou menos, . quarta parte da renda geral da Provncia. :2)
O tenente Fogaa, trabalhador e celibatrio, sempre
reco~ecenque o vultoso patrlm6nio que possuia era devido coop6rao eficiente dos negros, seus escravos. sse
reconhecImenM era Waduzido no tratamento no muita
ortodoxo para com os negros, o que, naturalmente, causava espcie aos demais escravistas. 0 s negros da fazenda
=-
Vilela andavam bem vebtidos, montavam bons animiasl aperados com aparelhos de prata, gastavam diheiro em
alfaia8 - verdadeira iiprovocao" para a poca.
Por sua liberalidade, j& no fim da existncia, o tenente Fogsa foi obrigado a enfrentar e desfazer 0 conluio que
a inveja e cupidez de vizinhos retrbgrados haviam armado
para se apossar de seus bens. Senhores de escravos, arcadas sob o peso de preconwitos, no admitiam de forma
algi~rnsque a classe dos proprietrios rurais fosse afrontada com a proteo e reconhecimento pblico que o tenente Fogaa oferecia na pessoa de seus negros, alguns de
apeltdos mistos, como Joo Benguela, Joo Congo, Joo
Candumbo. Nem todos os negras eram eiscravos. Havia
ex-escravos que j& possuiam suas cartas de Hberdadel mas
viviam na fanenda e dela no se afastavam.
A trama urdida pelos ciumntos escravistas, vizinhos
de Fogaa, talvez se restringiam a coibir o excesso de liberdade e o afronto80 modo de vida dos negros, Mas, pela
maneira como foi programada, sendo o fazendeiro solteiro,
o que pretendiam era a porise da seus bens.
Ma ocasio, exercia o cargo de curador interino da comarca de Castro a solicltador e professor Joaquim Anacleto de. Fonseca, natural do Rio Gra.nde do sul, que pmp6S
em Juizo uma justificaiio para interditair o tenente Fogaa. No pedido, alegou a idade avanada e o estado doentio
do justificado Hm~tivo
pelo qual no tinha discemimenta suficiente para reger sua pessoa e bens, a tal ponta que
se tem empregado (sic.) h anos ao vil e p6ssimo regime
de seus escravos, os quafs Grn escndalasamente dissipado uma grande parrte dus seu s bens em prejuEzo talvez do
tezouro pizbHcow
Influenclado pela aleivosa campanha sub-repticia dos
despeitados senhores de escravos da zona de JagyarldVa,
o curador insistia em sua petifio: . . "que a maior ~arl;e
dos escravos do 8uplicad0 se tem retirado de sua casa, uns
como f8rroe e outros, a titulo de o serem, fugindo de obedecerem-no, como era de dever; que pelas escravos do a-
'-1
Foram arrolados para provar a necessidade da interdlo, como testemunhas, firmino Jos6 Xavier da Silva, David Antonio Xavier da Silva, Francisco Rodrigues de Castro, Antonio Jos Carneiro e Camilo Jod de M a h . Com
exceZo de uma, todas as demais testemunhas pertnciam mesma famflia.
Firmino, vizinho e comprador dos campos de Montenegro e Gregbrio, por vinte contos de reis?do mesmo Wente Fogaa, f@ incisivo em seu depoimnb : ,. os scravos (de Fogaa) j& Ihe no guardam o necesshrio respeito.
que se retiram quando e para onde fies parece, sendo que
~ I ~ X I Ij
I So abandonrtram e esto residindo em diverso8 lugares, com arianchamentos prpriosw, e que % Justificado
era possuidor de uma fortuna considervel, a qual est6 excesslvamente diminuida pelo furto de seus escravos, os
quais, d6m de terem esbanjado a grande criao de animais que possui& em sua fazenda, ainda avanam s tirarlhe o metal (dinheiro) que possue e gastam desordenadarnecte. apresentando-se qualquer deles sempre com muito
dinheiro e muitos preparas, tendo at6, segundo consta a
ela, testemunha, trocado notas de quinhentos mil reis por
cinquenta, e de cem mil reis, por dez".
Sobre a doena do tenente, diz ainda Fimino: ''e justificado possue ainda parte de sua fortuna e vive em extrema misbria, porque 0s escravos no curam de sua pessoa a quaI at parece repugnante pela imundicfdade que
mostra, com as feridas produzidas pelos insetos da terra
que entravaram-se-lhe pelas partes inferiores do corpo, supondo o mesmo que sofre fome, o que tudo sabe por ter presenciado, sendo seu vizinho h& vinte e quatro anos, mais Ou
menos".
David Antonio Xavier da Silva (3) confirma o depoimento de seu sobrinho Firminq sem contudo fahr nos bi-
*,
1856, quando 0 DMcesSO de inkr&&oestava sobrestado ,perante seus amigo9 que servram de. bstemuizhs, ditou seu
testamento, declarando no possuir qualquer herdeiro necessrio &e por Isso, como prova de gratido e devotamente,
pelos bons servigas que tem recebido de todos os seus escravos e dos libertos que foram seus escravos e ainda vivem
em sua companhia, os instituis seus universais herdeiros".
Esta foi a resposta-bomba com que o tenente Fogaa
contestou seus detratores, as impedemida senhores de escravos. E ainda para maior validade, de p, na presenqa de
outras cinco testemunhss, quiilse meses depois, em 16 de
maio de 1857. em seu juizo perfeito, ratificou o testamento.
sem alterar qualquer das dfsposies antes ditadas, acrescentando apenas que o testamenteiro deveria repartir mais duzentas mil reis entre os pobres.
Trs m o s depois, em 14 de abril de 1860, faleceu o tenente Fogaa, com a respeit6~eI idade de noventa anos*
sendo sepnltado no cemi~rioda Enxovla (municpio de Pirai do Sul), O tesfamenteko Jos Carneiro e Silva Lobo
cumpriu seu dever e vinte nove emavos e ex-escravos receberam terras, animais, objetos caseiros e instrumental
agrcola.
.r
-.-
NOTAS :
(1)
(2)
lo Dr. Jos Carva1hais. A renda geral da Pmvincia, no exerccio de 1853-54 atingira precisamente a quantia de 89:344$014.
(3) - David Antonio Xavier da Silva era pai do exPresidente Dr. ~ a n c i s c oXavier da Silva. Ver
"Oenealogia Paranaense", de Francisco N e m ,
VI volume,
(4)
- Dr. Joaquim
In&cio Iilveira da Mota foi inspetor geral da fnstruo Publica, em 1856, cargo equivalente a atual Secretaria de Estado.
Em sua gesto, Emlio Nunes Correia de Menezes pai do poeta boemio foi .nomeado professor
de latim e francs na Vila do Prncipe (Lapa).
Silveira da Mota foi o primeiro homem pblico
que, no Paran, sugeriu a necessidade de suprimir o uso dos castigos corpor& por faltas meramente escolares. Quando a medida foi determinada pel governo, um professor de Palmeira
protestou, e pedia esclarecimentos, como devia
tratar seus alunos que brigavam geralmente
a faca!.
..