Guia DomCasmurro
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DOM CASMURRO
Índice
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O Rio de Janeiro, cidade de seu nascimento, era então o coração do
Brasil e centro de decisões do Império, de onde Machado podia tes-
temunhar em primeira mão todo o alarido político sem perder, no
entanto, a visão das coisas que a ferrugem do tempo não corrompe. O
Rio de Janeiro contava com uma população de apenas duzentos mil
habitantes, sendo metade dela de escravos. As condições de vida eram
cruéis, a ponto de ser considerada “a capital das epidemias”. A grande
maioria da população era analfabeta.
A família de que descende Machado de Assis não era nobre nem in-
fluente. Filho de Francisco José de Assis, escravo alforriado que tra-
balhava como pintor, e de Maria Leopoldina da Câmara Machado,
lavadeira, Machado de Assis e seus pais eram agregados de Dona Maria
José de Mendonça Barroso Pereira, viúva do senador Bento Barroso
Pereira. Machado de Assis tinha apenas onze anos quando da promul-
gação da Lei Eusébio de Queiroz, proibindo o tráfico de escravos. Pou-
co se sabe de sua infância, dadas as condições de vida de um “moleque
de morro” como outros tantos da época. A documentação existente
nos permite saber, no entanto, que Machado era relativamente um
privilegiado, por ter pai e mãe alfabetizados. Com provável acesso aos
donos da chácara onde vivia, Machado de Assis teve chance de ter uma
formação e, principalmente, uma autoformação que lhe permitiu sair
acima da média em relação aos seus pares nos estudos.
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Contabilidade, Depósito, Oficina de Composição e Escola de Com-
positores e Oficina de Impressão e Escola de Impressores1. Ocupando
tal cargo, o jovem Machado de Assis teve a oportunidade de, logo
cedo, entrar em contato com os grandes escritores de seu tempo, bem
como de despertar em si o gosto e refinamento literário. De acordo
com o que narra a História da Literatura Brasileira de Sílvio Romero,
o emprego deu chance a Machado de Assis de tomar conhecimento e
parte na Sociedade Petalógica, uma sociedade de homens letrados que
funcionava na Livraria de Paula Brito, cujo objetivo era o estudo da
mentira, da lorota, da peta (donde “petalógica”). Sobre a Sociedade,
Machado de Assis comenta em uma crônica de 3 de janeiro de 1865:
1 BELLO, Oliveira. Imprensa Nacional 1808-1908: apontamentos históricos. Rio de Janeiro: Imprensa Na-
cional, 1908.
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colóquios sobre a filosofia e as artes, as muitas observações que ele
próprio pôde fazer da alma humana e da vida. Toda essa riqueza, nas
mãos do bom artista, formou a matéria-prima do que encontramos em
seus escritos. A Livraria unia num só lugar os mais importantes nomes
do romantismo de 1840 a 1860 e pessoas de todas as frentes artísticas:
poesia, prosa, música e artes plásticas. Eram frequentadores, por exem-
plo: Gonçalves Dias, Laurindo Rabelo, Joaquim Manuel de Macedo,
Manuel Antônio de Almeida, Teixeira de Souza, Francisco Manuel da
Silva, Manuel Araújo Porto Alegre e João Caetano dos Santos.
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Rio de Janeiro, nas seções de nomes: Revista Dramática, Comentários da
Semana, Conversas Hebdomadárias, Ao Acaso, Semana Literária e Cartas
Fluminenses.
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“A data do seu nascimento e do seu aparecimento na li-
teratura o fazem da última geração romântica. Mas a sua
índole literária avessa a escolas, a sua singular personalida-
de, que lhe não consentiu jamais matricular-se em alguma,
quase desde os seus princípios fizeram dele um escritor à
parte, que tendo atravessado vários momentos e correntes
literárias, a nenhuma realmente aderiu senão mui parcial-
mente, guardando sempre a sua isenção”2.
2 VERISSIMO, José. História da Literatura Brasileira - de Bento Teixeira (1601) a Machado de Assis (1908).
3ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1954 (Col. Documentos brasileiros, nº74).Cap XIX, Machado de As-
sis pp. 343-359.
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Comércio, das Obras Públicas e, assim, adquire melhores condições
financeiras. À essa época, publica seu primeiro romance Ressurreição.
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acorde, e a vigília aumenta a falta da pessoa amada. Éra-
mos velhos, e eu contava morrer antes dela, o que seria um
grande favor; primeiro porque não acharia a ninguém que
melhor me ajudasse a morrer; segundo, porque ela deixa
alguns parentes que a consolariam das saudades, e eu não
tenho nenhum. Os meus são os amigos, e verdadeiramen-
te são os melhores; mas a vida os dispersa, no espaço, nas
preocupações do espírito e na própria carreira que a cada
um cabe. Aqui me fico, por ora na mesma casa, no mesmo
aposento, com os mesmos adornos seus. Tudo me lembra a
minha meiga Carolina. Como estou à beira do eterno apo-
sento, não gastarei muito tempo em recordá-la. Irei vê-la,
ela me esperará”.
A CAROLINA
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Trago-te flores - restos arrancados
da terra que nos viu passar unidos
e ora mortos nos deixa e separados;
Lucia Miguel Pereira, em seu livro Machado de Assis, afirma que “foi
como contista que o escritor deu toda a sua medida, e algumas das
melhores páginas de seus romances são contos que se intercalam”. Em
1870, publica seu primeiro livro de contos, Contos Fluminenses. Num
deles, Machado utiliza o então raríssimo recurso de dar a voz narrativa
a uma mulher que confessa um caso de adultério. Em 1881, publica
Memórias Póstumas de Brás Cubas, considerado pela crítica a maior re-
volução formal da literatura brasileira, antecipando a modernidade no
romance. Ressalta-se a figura do narrador, Brás Cubas, uma antípoda
do próprio Machado de Assis: um sujeito de família rica, estudado na
Europa, que teve todas as oportunidades do mundo, porém as perdeu.
Tão vaidoso que volta da morte para narrar sua autobiografia.
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cômico de modo fascinante. Grosso modo, é um romance que trata
de um triângulo amoroso entre o casal Sofia e Cristiano e a figura de
Rubião, que se apaixona por Sofia e, mais uma vez, vemos o tema do
adultério na obra machadiana.
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Aires, romance que a crítica recebe como tendo toques de autobio-
grafia acerca de sua vida com Carolina. Machado de Assis faleceu no
mesmo ano de 1908. Sobre sua despedida, Euclides da Cunha lembra,
em A Última Visita:
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Dom Casmurro
1. Apresentação
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tivas, técnica que Silvio Romero ironiza como sendo um “estilo gago”.
Sobre o estilo, porém, diz Fernando Teixeira Andrade:
5 Andrade, Fernando Teixeira de (análise). “Dom Casmurro” In: OS LIVROS DA FUVEST - I. São Paulo:
Ed. Sol, 2001.
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verá também referências a figuras romanas que sofreram traições (os
bustos que adornam a parede da casa de Dom Casmurro), peças de
Shakespeare, poesia épica grega, o Fausto de Goethe, entre outras.
2. Resumo
A. A INFÂNCIA EM MATA-CAVALOS
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metáfora que ouvira de um tenor italiano. Dom Casmurro aceita a
teoria de que a vida é uma ópera, afirmando ele mesmo ter cantado
“um duo, depois um trio e depois um quatuor”, referindo-se já à ideia
de traição que o acompanhará por toda a narrativa. Viúva, D. Glória
se afligia com a ideia de cumprir a promessa, separando-se do filho,
mas já providenciava a Bentinho a formação religiosa em casa, e o
menino até mesmo brincava de missa com Capitu e recebia lições de
latim do Padre Cabral (caps. 4-11).
Após ouvir escondido a denúncia de José Dias, pela primeira vez Ben-
tinho se dá conta de que ama Capitu e é por ela amado. Corre, então,
ao terreno vizinho para vê-la e encontra seus nomes riscados no muro
com um prego. Os dois seguram as mãos e se olham fixamente, en-
vergonhados. Pádua, pai de Capitu, flagra a cena, pergunta se estão
jogando siso. Capitu disfarça os nomes do muro riscando outro dese-
nho e dissimula a brincadeira sugerida pelo pai: a narrativa deixa em
evidência a propensão de Capitu à mentira. A sós, Bentinho conta a
Capitu o risco da promessa se cumprir, ao que a menina reage procu-
rando um plano de impedi-lo: pedir que José Dias interceda para que
Bentinho estude Direito, livrando-se do seminário. Aqui, o narrador
sugere a ardilosidade de Capitu (caps. 12-18).
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Dias, que era bajulador para com Bentinho, dispensava-lhe cuidados
de mãe e de servo (caps. 19-24).
No outro dia, vão juntos ao Passeio Público, onde José Dias desaconse-
lha a companhia dos Pádua e caracteriza Capitu como tendo olhos “de
cigana oblíqua e dissimulada”. Pádua era funcionário público de condi-
ção mais modesta que a família de Bentinho. O menino pede, enfim,
ajuda a José Dias. Animado pela possibilidade de Bentinho estudar leis
fora do país, conclui que “as leis são belas”. Após dar uma moeda a um
pedinte, em troca de orações por seu desejo, nota que José Dias se mos-
tra animado. Durante a viagem de ônibus de volta, Bentinho se imagina
rogando ao Imperador que fosse dispensado da promessa. Avistam uma
procissão com o Santíssimo e param para servir à cerimônia. Encontram
Pádua, com quem José Dias disputa a haste do pálio, função mais im-
portante do que carregar a tocha. José Dias argumenta que Bentinho
deveria carregar, já que em breve se tornaria seminarista, o que irrita o
menino e sugere o oportunismo de José Dias (caps. 25-30).
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na cena do beijo, mas a menina consegue dissimular rapidamente re-
clamando do penteado mal feito do cabeleireiro que arrumara. Dona
Fortunata avisa Bentinho de sua lição de latim (caps. 31-33).
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sobre contar à sua mãe toda a verdade de seus sentimentos por Capitu.
Na hora de lhe contar, porém, afirma apenas que sentiria saudades da
mãe. D. Glória, então, exorta o filho a ter forças para manter a pro-
messa (caps. 39-41).
No outro dia, Capitu fica desapontada pelos rumos que teve a conversa
entre o menino e sua mãe. Pensativa, olha para ele e o acusa de medroso.
Indo para o terreno, Capitu levanta seus olhos “oblíquos e dissimulados”
e faz Bentinho escolher entre ela e D. Glória. Ao ouvir que era a preferi-
da, risca no chão com um graveto a palavra “mentiroso”, afirmando ser
melhor mesmo ele virar padre. Logo em seguida, os dois fazem as pazes,
caminham até o poço e selam o juramento de se casarem um com o
outro, de modo que o seminário seria visto apenas como uma separação
temporária. E assim fazem planos de vida juntos (caps. 42-49).
B. O SEMINÁRIO
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um Panegírico a Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho (o Leitor há
de ficar atento a todas as referências na obra, pois elas são como pistas
machadianas para a compreensão da narrativa). Ao recordar do poe-
ma, Dom Casmurro lembra também um soneto que intentara fazer,
mas só compusera o primeiro verso: “Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândi-
da e pura!” e a chave de ouro: “Ganha-se a vida, perde-se a batalha!” e
reflete: os sonetos e todas as outras obras de arte como que preexistem
feitos, basta que encontremos os versos faltantes. (caps. 54-58)
Lembra, por fim, que o agregado o visitava e cuidava dele tal qual
uma vaca de suas crias, imagem usada por Homero, donde o nome do
capítulo ser “a vaca de Homero”. Como Bentinho insistia em sair do
seminário, José Dias sugere que ele finja tosse e saúde frágil. Depois
dessa conversa, ele logo se precipita em perguntar por Capitu, ao que
José Dias responde que a moça anda alegre, e hora dessas iria acabar
com algum “peralta da vizinhança”. Aqui se iniciam os ciúmes de Ben-
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to Santiago, por isso o título do capítulo é “Uma ponta de Iago”, em
referência a Otelo de Shakespeare (caps. 60-62).
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ardendo Bentinho em ciúmes. Ele que corre para o quarto, chora de
raiva, promete tornar-se padre e, mesmo com a repentina presença de
Capitu, agora em sua sala de estar, conversando alto com D. Glória
para chamar atenção, Bentinho não vai ao seu encontro. No dia se-
guinte, Bentinho finge estar doente para não retornar ao seminário e
poder ouvir de Capitu alguma explicação. Ela afirma que, se flertasse
com o rapaz do cavalo, o natural seria dissimular, não olhar para ele.
Ofendida, lembra do juramento e promete que se Bentinho descon-
fiasse outra vez dela, tudo estaria acabado entre eles (caps. 75-76).
Por isso, certa vez, a própria mãe sugeriu que Bentinho fosse visitar
Capitu, em casa de Sancha, que estava doente e tomava Capitu por
enfermeira. Sentados num canapé, Bentinho confidencia à amada que
sua mãe o incentivou a procurá-la, ao que Capitu responde “seremos
felizes!” Voltando da casa de Sancha, um vizinho chama Bentinho ao
velório do filho, Manduca, falecido por lepra. Em casa, Bentinho pen-
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sa que, se pudesse ir ao enterro, poderia também passar mais tempo
com Capitu, porém sua mãe recusa que falte ao seminário para ir ao
enterro (caps. 79-89).
Dom Casmurro narra então um plano de José Dias para livrar o garoto
da promessa: ir ao Vaticano pedir dispensa ao Papa. Bentinho consulta
Escobar e o rapaz lhe sugere outra ideia, a de que sua mãe arrumasse
um substituto que lhe cumprisse a promessa no lugar, pagando os es-
tudos no seminário. Após consultar Pe. Cabral, D. Glória aceita a ideia
e, aos dezessete anos, Bentinho sai do seminário (caps. 90-97).
C. A VIDA CONJUGAL
Passados dois anos, o Sr. Pádua falece, tio Cosme adoece, José Dias
revezava entre a casa de D. Glória e a de Bentinho, que se tornara ad-
vogado de prestígio. Escobar e Sancha eram grandes amigos de Bento
e Capitu. O primeiro casal tinha uma filha; o segundo, queixava-se
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de não ter sido ainda agraciado com a prole. Bentinho mantém, en-
tretanto, uma vida tranquila com Capitu. Frequentam bailes, teatros,
conversam… Bento admirava os braços de Capitu, a ponto de sentir
ciúmes numa ocasião em que ela os trouxera descobertos num baile.
Assim, proibiu-lhe vestes indecorosas (cap. 105).
D. OS SURTOS DE CIÚMES
Dom Casmurro narra que Capitu era vaidosa e gostava de atrair olha-
res, ao passo que Bento intensificava suas crises de ciúmes e, mesmo
que recebesse então flertes de outras mulheres, ressalta que devotava
todo seu olhar a Capitu. Certa vez, afirmando estar indisposta para
acompanhar o marido à ópera, Capitu insiste que vá sozinho. Ao vol-
tar, Bento se surpreende com a presença de Escobar em sua casa. O
amigo alega que foi à casa deles para tratar de negócios com Bento. Ao
entrarem, porém, Capitu se mostra completamente saudável, o que
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dá ensejo à desconfiança de Dom Casmurro. Além disso, os negócios
de que Escobar alegara querer tratar não valiam sequer o chá que am-
bos tomaram naquela noite, não justificando, portanto, a visita. Ao
questionar Capitu sobre o ocorrido e outras desconfianças, como um
possível distanciamento de nora e sogra, ela desfoca as preocupações
do marido e se faz cada vez mais amável. Outra desconfiança narrada
por Dom Casmurro foi a irritação que Capitu sentiu ao ver José Dias
chamando Ezequiel de “filho do homem”, expressão bíblica do livro
de Ezequiel (caps. 113-116).
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beija a mão de Aquiles, que havia matado seu filho Heitor, pois Bento
discursou para o homem que havia recebido os olhares enviuvados de
Capitu. Tentando conter a raiva, Bento caminha de volta para casa a
fim de pensar no assunto. As lágrimas de Sancha apontavam sua fi-
delidade ao marido, ao passo que, se Capitu o tivesse traído, de certo
dissimularia aquele olhar. Com o passar dos dias, no entanto, Bento se
fecha cada vez mais ao amor de Capitu, à medida que via em Ezequiel
extrema semelhança com Escobar (caps. 120-133).
A dúvida causa tal agonia em Bento que ele chega ao ponto de plane-
jar suicídio. Vai à farmácia e compra um veneno. Dirige-se à casa da
mãe para se despedir, mas o ambiente lhe é tão agradável que se sente
alegre e desiste da morte. Vai então ao teatro ver uma apresentação
de Otelo. Se Otelo mata Desdêmona injustamente e mesmo assim a
plateia aplaude, Bento se convence que a morte de Capitu seria justa e
plausível. Voltando para casa, porém, escreve uma carta de suicídio se
referindo a Escobar e prepara um café envenenado para si mesmo. No
momento exato em que ia verter a xícara, no entanto, Ezequiel aparece
e exclama “papai, papai!” Ao ouvir isso, oferece a xícara de café ao me-
nino, mas não tem coragem de deixá-lo beber. Em vez disso, exclama
que ele não era seu filho (caps. 134-137).
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manda Capitu e Ezequiel para a Europa. D. Glória falece, José Dias se
muda para a casa de Bento e em pouco tempo também morre. Após
a morte de Capitu, Ezequiel regressa da Europa, idêntico ao velho
amigo. O rapaz pede que Bento custeie suas pesquisas arqueológicas,
ao que lhe ocorre o pensamento de que, fazendo-o, poderia pagar para
que o jovem pegasse alguma doença mortal em algum sítio de estudos
num país distante. De fato, o jovem morreu mais tarde de tifoide.
Dom Casmurro conclui que, ainda que tivesse, desde então, amantes
que iam e vinham, nenhuma substituiria Capitu, pois só ela “tinha os
olhos de ressaca, de cigana oblíqua e dissimulada”. E que o destino o
deixou que fosse, enfim, traído pelos seus dois melhores amigos (caps.
138-148).
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Referências Bibliográficas
ABREU, Modesto de. Machado de Assis. Rio de Janeiro: Norte, 1939.
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VERISSIMO, José. História da Literatura Brasileira - de Bento Tei-
xeira (1601) a Machado de Assis (1908). 3ª ed. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1954.(Col. Documentos brasileiros, nº74).Cap XIX, Ma-
chado de Assis pp. 343-359.
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