Lista 3 Resolvida - Análise II

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Universidade Federal de Minas Gerais

MAT245: Análise II

Lista 3 - Formas Diferenciais e


Integração

Professor:
Arturo Ulises Fernández Pérez
Departamento de Matemática - ICEX

23 de outubro de 2020
Lista 3 - Formas Diferenciais e Integração Vinı́cius Pinheiro Bento

Exercı́cio 1
Primeiro calculando dω observamos que

dω = (c y − bz )dy ∧ dz + (az − cx )dz ∧ dx + (bx − a y )dx ∧ dy

Como estamos supondo que dω = 0 obtemos as igualdades:

c y = bz , az = cx , bx = a y

Agora lembrando do exercı́cio 6 da lista 2 sabemos que como as funções a, b, e c


são homogêneas de grau k então podemos escrevê-las como:



 k.a(x, y, z) = x.ax + y.a y + z.az
k.b(x, y, z) = x.bx + y.b y + z.bz




k.c(x, y, z) = x.cx + y.c y + z.cz

Usando algumas de todas as igualdades acima podemos calcular fx :

xa + yb + zc ∂f 1
f = =⇒ = xax + a + ybx + zcx =

k+1 ∂x k + 1
1   (k + 1)a
= ka − ya y − zaz + a + ybx + zcx = =a
k+1 k+1
∂f ∂f
Com cálculos análogos podemos ver que =be = c. Dessa forma:
∂y ∂z

d f = adx + bdy + cdz = ω.

Exercı́cio 2
Lembremos que dim Ω1 (U) = n, vamos então dividir em dois casos.
• Se k = n então B = {ω1 , . . . , ωn } será uma base de Ω1 (U) pois são LI. Portanto
cada αi será combinação linear dos ω j com coeficientes funções C∞ .
• Se k < n vamos completar nossos ωi a uma base de Ω1 (U), desse modo B =
{ω1 , . . . , ωk , . . . , ωn } é uma base de Ω1 (U). Existem então funções bi j : U → R
, C∞ ,com i ∈ {1, . . . , n} e j ∈ {1, . . . , k} tais que:
n
X
αj = bi j ωi
i=1

1
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Agora pela condição dada no enunciado temos:


n
X k
X k X
X n
αj ∧ ωj = bi j ωi ∧ ω j =⇒ 0 = αj ∧ ωj = bi j ωi ∧ ω j =
i=1 j=1 j=1 i=1

X   X n
k X
= bi j − b ji ωi ∧ ω j + bi j ωi ∧ ω j
1≤i<j≤k j=1 i=k+1

Agora vamos oberservar que como os vetores de B é formado por 1-formas


LI então o seguinte conjunto é formado por 2-formas LI:

C = {ωi ∧ ω j ; 1 ≤ i < j ≤ n}

Com isso em mente e observando a igualdade acima temos que bi j = 0,


∀ j = 1, . . . , k ∀i = k + 1, . . . , n. Ou seja, cada α j é escrito como combinação
das 1-formas ω1 , . . . , ωk . Como querı́amos mostrar.

Exercı́cio 3
Em aula fizemos certas identificações entre campos vetoriais e certas formas.
Uma dessas relações nos permite escrever dηB = (div B)dx ∧ dy ∧ dz. Desse modo
obtemos que dηB = 0 ⇐⇒ div B = 0.
Vejamos agora que :

∂E3 ∂E2 ∂E1 ∂E3 ∂E2 ∂E1 ∂B ∂B1 ∂B2 ∂B3


! !
∇×E= − , − , − e = , , .
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y ∂t ∂t ∂t ∂t

Observe então :

ζ = ωE ∧ dt + ηB = E1 dx ∧ dt + E2 dy ∧ dt + E3 dz ∧ dt + ηB

Fazendo as contas cuidadosamente podemos chegar a:

∂B3 ∂E2 ∂E1 ∂B1 ∂E3 ∂E2


! !
dζ = + − dx ∧ dy ∧ dt + + − dy ∧ dz ∧ dt+
∂t ∂x ∂y ∂t ∂y ∂z

∂B2 ∂E1 ∂E3


!
+ + − dz ∧ dx ∧ dt + dηB
∂t ∂z ∂x

Como escrevemos dζ como soma de 3-formas LI podemos então concluir que


dζ = 0 se, e somente se, cada função nessa soma de formas for 0. Agora, se
∂B
olharmos bem ∇ × E e veremos então que:
∂t
∂B ∂B
dζ = 0 ⇐⇒ dηB = 0 e ∇ × E = − ⇐⇒ divB = 0 e ∇ × E = −
∂t ∂t

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Exercı́cio 4
A primeira observação a ser feita é que se C = {p1 , . . . , pk } é o conjunto de pontos
de A tais que f é diferente de g então as descontinuidades de g se relacionam com
as descontinuidades de f por D g = D f ∪ C. Como f é integrável então D f tem
medida nula, e como C é finito concluı́mos que D g tem medida nula. Portanto g
é integrável e vale a fórmula:
Z Z Z
h= f− g , onde h = f − g.
A A A

Mostraremos então que a integral da esquerda, acima, vale 0. Note que C é


compacto, e como med.C = 0 terá volume 0. Dado ε > 0 existe então uma partição
P do bloco A de forma que tal partição seja formada pelos blocos B1 , . . . , Bk onde
pi ∈ Bi e pelos blocos B tais que B ∩ C = ∅, e além disso ki=1 vol.Bi < Mε , onde
P
M = max{|h(pi )|}. Usando a definição de integral por somas de Riemann podemos
pontilhar a partição P escolhendo qualquer ponto de cada B e escolhendo pi em
Bi , e desse modo temos:

X Xk Xk
|Σ (h; P )| =

h(pB )vol.B + h(pi )vol.Bi ≤ M vol.Bi < ε.
B i=1
i=1

Note que escolhemos só os pontos dos Bi acima. Basta então notar que se P] for
qualquer outro pontilhamento da partição P teremos

  k
X
Σ h; P] ≤ M vol.Bi
i=1
R
E com isto, provamos que A
h = 0 , como querı́amos.

Exercı́cio 5
Um conjunto qualquer será J-medı́vel com volume zero se, e somente se, seu
volume externo for zero. Desse modo façamos o seguinte; para cada partição P
de A vamos associar um conjunto de blocos os quais irão conter o gráfico de f .
Seja G o gráfico de f e P uma partição de A, definamos:

B0 = B × [mB , MB ] e P0 = {B0 ; B ∈ P}

B0 . Agora como f é integrável, dado ε > 0 existe uma partição P


S
Com isso G ⊂
de A tal que:
X X
S( f ; P) − s( f ; P) = vol.B · (MB − mB ) = vol.B0 < ε
B∈P B0 ∈P0
R
Mostramos então que temos vol.G = χG (x)dx = 0.

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A recı́proca é, de fato, falsa. Considere a função caracterı́stica dos racionais em


[0, 1]: 
1 , x ∈ Q

g(x) = 

0 , x < Q

Note que o gráfico de g está claramente contido no conjunto H = [0, 1]×{0} [0, 1]×
S
{1}. E dado ε > 0 tal conjunto pode ser coberto pelos blocos B1 = [0, 1] × [ −ε , ε] e
4 4
B2 = [0, 1] × [1 − 4ε , 1 + 4ε ], cujo volume será exatamente ε. Portanto o gráfico de g
tem medida nula mas sabemos que g não é integrável pois D g = [0, 1].

Exercı́cio 6
Mostraremos primeiro o seguinte:
Lema. Se S ⊂ Rm tem medida nula e f : S → Rm é localmente Lipchitz então f (S) tem
medida nula em Rm .

Prova: Fixe x ∈ S e seja Vx a vizinhança de x em S na qual || f (y) − f (z)|| ≤ k · ||y − z||


, ∀y, z ∈ Vx . Dado ε > 0, existe uma sequência de cubos Cxi que cobrem Vx e cada
X ε
cubo tem aresta li de forma que i < m . Agora note que para cada i ∈ N temos
lm
i≥1
k
√ √
y, z ∈ Vx ∩ Cxi =⇒ ||y − z|| < li m =⇒ || f (y) − f (z)|| ≤ k · li m

Portanto, temos f (Vx ∩Cxi ) ⊂ Qxi onde Qxi é um cubo de lado k·li =⇒ vol.Qxi = km ·lm
i
.
Desse modo [ [
f (Vx ) ⊂ f (Vx ∩ Cxi ) ⊂ Qxi
i i
X X
onde vol.Qxi = km · i < ε. Ou seja, cada f (Vx ) tem medida nula. Ora,
lm
i i [
podemos escrever f (S) ⊂ f (Vx ) e pelo teorema de Lindelöf podemos extrair
x∈S
dessa uma subcobertura enumerável para certos x1 , . . . , xr , · · · ∈ S. Logo f (S)
estará contido numa união enumerável de conjuntos de medida nula e portanto
terá medida nula. 

Voltemos ao exercı́cio. Como m < n seja p tal que n = m + p. Seja U0 = U × {0} ⊂ Rn


, onde claramente 0 ∈ Rp , e W = U × Rp . Temos então que U0 tem medida nula
em Rn e W é aberto de Rn . Definamos então g : W → Rn como g(x, y) = f (x).
Desse modo g é função de classe C1 pela sua definição. Para cada (x, y) ∈ W existe
uma vizinhança deste ponto onde f 0 é limitada, pois tal função é contı́nua. Pela
Desigualdade do Valor Médio a função será Lipchitz nessa vizinhança de (x, y),
portanto g é uma função localmente Lipchitz e pelo Lema acima g(U0 ) terá medida
nula em Rm . Observe então que g(U0 ) = f (U) e isto mostra o que querı́amos.

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Exercı́cio 7
ϕ
Vamos denotar por MQ o supremo da função ϕ no conjunto Q. Seja então P uma
partição de A × B. Sabemos que P = PA × PB , onde PA é partição de A e PB é
partição de B. Desse modo, se Q ∈ P então Q = QA × QB onde QA ∈ PA e QB ∈ PB .
Como em ϕ as variáveis no blocos A e B são independentes e suas imagens são
ϕ f g
não-negativas, temos que MQ = MQA MQB . A partir dessa igualdade provaremos
o que foi pedido:
ϕ
X X
f g
S(ϕ; P) = MQ vol.Q = MQA MQB vol.QA vol.QB =
Q∈P QA ∈PA ;QB ∈PB
  
 X f
  X g 
=  MQA vol.QA   MQB vol.QB  = S( f ; PA ) · S(g; PB )
QA ∈PA QB ∈PB

Como a partição P de A×B foi arbitrária segue imediatamente da igualdade acima


que vale:
Z Z Z
ϕ(z)dz = f (x)dx · g(y)dy
A×B A B
ϕ
A igualdade para integrais inferiores segue por denotar mQ o ı́nfimo de ϕ no bloco
ϕ f g
Q e observar pelos mesmos argumentos que mQ = mQA mQB .

Exercı́cio 8
Consideremos A, B ⊂ Rm . Primeiro veja que pela desigualdade do enunciado f
será injetiva, e portanto bijeção sobre f (A) ⊂ B. Pela mesma desigualdade temos
1
que se z = f (x), w = f (y) ∈ f (A) teremos ||z − w|| ≥ || f −1 (z) − f −1 (w)||. Ou seja, f −1
c
é 1c -Lipchitz e portanto contı́nua. Desse modo, f é um homeomorfismo sobre sua
imagem.
A observação chave é a seguinte:
x ∈ D g◦ f =⇒ x ∈ D f ou f (x) ∈ D g =⇒ f (x) ∈ D g
Ou seja, f (D g◦ f ) ⊂ D g =⇒ D g◦ f ⊂ f −1 (D g ).
Como D g tem medida nula, dado ε > 0 seja
S
Ci uma cobertura de D g por cubos
cm ε
tais que i vol.Ci < m .
P
2
Pelo fato de f −1 ser Lipchitz podemos garantir que f −1 (Ci ) ⊂ Qi onde Qi é um
2
m-cubo tal que diam(Qi ) ≤ diam(Ci ). Se li é a medida da aresta de Qi e Li a
c √ √
de Ci sabemos que diam(Qi ) = li m e diam(Ci ) = Li m. Consequentemente
2m
vol.Qi ≤ m vol.Ci . Com isso:
c
X 2m X
vol.Qi ≤ m vol.Ci < ε
i
c i

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Finalmente podemos ver que:


[  [ [
D g◦ f ⊂ f −1 (D g ) ⊂ f −1 Ci = f −1 (Ci ) ⊂ Qi

Isso mostra que D g◦ f tem medida nula, portanto g ◦ f é integrável.

Exercı́cio 9
Primeiro vamos apenas convencionar algumas notações. Se α, α1 , . . . , αk são for-
mas iremos denotar:
k
Y
αm = α ∧ · · · ∧ α e αi = α1 ∧ · · · ∧ αk .
i=1
Pn
Agora para cada j ∈ {1, . . . , n} defina η j = dx2j−1 ∧ dx2j . Desse modo ω = j=1 η j.
Notemos então que os η j comutam, pois

dx2i−1 ∧ dx2i ∧ dx2j−1 ∧ dx2j = dx2i−1 ∧ dx2 j−1 ∧ dx2 j ∧ dx2i = dx2j−1 ∧ dx2j ∧ dx2i−1 ∧ dx2i

Nesse caso, como o produto exterior é distributivo e os η comutam em tal produto,


podemos utilizar a fórmula multinomial, com ela teremos que:
!Yn
n X n
ω = η1 + · · · + ηn =
n
ηkt
k1 , . . . , kn t=1 t
k1 +···+kn =n

Observe então que , em cada parcela da soma acima, se kt ≥ 2 então a parcela será
nula, pois estamos lidando com formas alternadas. Com isso em mente, a única
parcela que não será nula terá k1 = · · · = kn = 1. Desse modo
!
n
ωn = η1 ∧ · · · ∧ ηn = n!dx1 ∧ dx2 ∧ · · · ∧ dx2n .
1, . . . , 1

Exercı́cio 10
Primeiro provaremos um resultado que pode ser encontrado no livro de Análise
Real de Charles Pugh. Lá o teorema está feito no caso da reta real porém os
argumentos são igualmente válidos em dimensão maior:
Sandwich Principle. Seja f : A → R definida no m-bloco A. Se para R cada ε > 0dado,
existirem funções g, h : A → R integráveis tais que g ≤ f ≤ h e A h(x) − g(x) ≤ ε,
então f será integrável.

Prova: Seja ε > 0 dado. R


Existem então as funções g, h com g ≤ f ≤ h e A h(x) − g(x) ≤ ε/3. Desse modo

para toda partição P de A temos:

s(g; P) ≤ s( f ; P) ≤ S( f ; P) ≤ S(h; P)

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Além disso, existe δ > 0 tal que


Z Z
|P| < δ =⇒ S(h; P) − h(x)dx < ε/3 e g(x)dx − s(g; P) < ε/3
A A

Teremos então as seguintes desigualdades:


Z Z
g(x)dx − ε/3 ≤ s(g; P) ≤ s( f ; P) ≤ S( f ; P) ≤ S(h; P) ≤ h(x)dx + ε/3
A A

Isso mostra que caso |P| < δ , temos:


ε ε
Z Z
S( f ; P) − s( f ; P) ≤ h(x)dx + − g(x)dx + ≤ ε
A 3 A 3
Portanto, f é integrável. 

Voltando ao problema dado pelo exercı́cio. Para ε > 0 fixo, vamos definir a
seguinte função real em A = [0, 1] × [0, 1]:
1 p 1

 q , se x ∈ Q, y = q , q ≥ ε


sε (x, y) = 


0, caso contrário.

Como ε está fixo convém salientar que existem finitos inteiros positivos tais que
1
q ≤ logo existem finitos racionais y ∈ [0, 1] tais que sε (x, y) , 0, ∀x ∈ Q. Se-
ε Sp
jam r1 , . . . , rp ∈ Q tais racionais. Desse modo, defina H = j=1 [0, 1] × {r j }. H é
claramente de medida nula, observemos então que se (x, y) < H então podemos
encontrar δ > 0 de modo que
||(x1 , y1 ) − (x, y)|| < δ =⇒ (x1 , y1 ) < H
Com isso, na bola de centro (x, y) e raio δ a função sε é constante igual a 0, logo
será contı́nua em (x, y). A partir disso, podemos afirmar que Dsε ⊂ H, portanto sε
é integrável para cada ε > 0 fixo.
R
Vamos calcular A sε . Dado δ > 0 podemos cobrir H com retângulos Q j da forma
[0, 1] × [r j − δ/4p, r j + δ/4p] todos contidos em A. Assim, para uma partição P que
tenha esses blocos temos que:
p
δ δ
X Z
S(P) − s(P) = S(P) ≤ = < δ =⇒ sε = 0.
j=1
2p 2 A

Agora defina para cada ε > 0 fixo a seguinte função em A:


Mε (x, y) = ε · χA (x, y) + sε (x, y)
A função Mε será integrável pelo que já foi discutido e é fácil ver que 0 ≤ f ≤ Mε .
Pelo Sandwich Principle temos então que f será integrável e, mais ainda,
Z Z Z Z
f ≤ Mε = ε · χA + sε = ε , ∀ε > 0.
A A A A
R
Portanto A
f = 0.

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Exercı́cio 11
Considere V o conjunto das função que são integráveis em A. Tal conjunto é um
R-espaço vetorial. Podemos definir h, i : V × V → R como:
Z
f, g =


f (x)g(x)dx
A
Pelas propriedades de integral tal função será um produto interno em V. Sabemos
da matéria de Álgebra Linear que todo produto interno definido num espaço
vetorial satisfaz a relação:


f, g ≤ || f || · ||g|| =⇒ f, g 2 ≤ || f ||2 · ||g||2

Pela maneira que definimos o produto interno em V segue que:


"Z #2 Z ! Z !
f (x)g(x)dx ≤ 2
f (x) dx g(x) dx .
2

A A A

Exercı́cio 12
Seja A0 = A × [0, M]. Chamaremos de P as partições de A e de Q as de A0 .
O raciocı́nio a ser usado é o seguinte: dada uma partição P associaremos
R¯ uma
partição Q de forma que S( f ; P) ≥ S(χC( f ) ; Q) e desta forma teremos A f (x)dx ≥

A0
χ (x)dx. Com a mesma lógica teremos a outra desigualdade e provaremos
C( f )
que são iguais.
Com isso em mente fixe P partição de A e sejam B os blocos de P. Podemos
associar à cada bloco B os blocos B0 = B × [0, M(B)] e B00 = BS× [M(B), M]. Dessa
forma temos a seguinte decomposição de A0 , D = ( B∈P B0 )∪( B∈P B00 ). Como essa
S
decomposição é formada por blocos podemos prolongar as arestas para formar
uma partição Q de A0 e tal partição é um refinamento da decomposição D, desse
modo:
X X
S(χC( f ) ; Q) ≤ S(χC( f ) ; D) = vol.B0 = vol.B · M(B) = S( f ; P)
B0 B

Pelo que foi discutido acima temos então ¯A f (x)dx ≥ A¯ 0 χC( f ) (x)dx.
R R

Por outro lado seja Q = P × J uma partição de A0 onde J = {t0 , . . . , tm } é partição


de [0, M]. Sendo B os blocos de P a partição Q é formada por blocos da forma
B0j = B × [t j−1 , t j ]. Agora vale notar que

1 , M(B) ≥ t j−1

M(B0j ) = 

0 , M(B) < t j−1

Ou seja, para cada B0j temos tB ∈ J tal que tB > M(B). Com isso, reunindo o que já
foi observado, vale a conta abaixo:
X XX m
S(χC( f ) ; Q) = M(B )vol.B =
0 0
M(B0j )vol.B · (t j − t j−1 ) =
B0 B∈P j=1

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 
X Xm  X X
= vol.B  M(B0j )(t j − t j−1 ) = vol.B · tB ≥ M(B)vol.B = S( f ; P)
 
 
B∈P j=1 B∈P B∈P

Novamente, pelo que já discutimos, temos então ¯A f (x)dx ≤ A¯ 0 χC( f ) (x)dx. Como
R R

querı́amos mostrar.
A igualdade entre as integrais inferiores é feito de forma similar ao trabalharmos
com m(B) no lugar de M(B).

Exercı́cio 13
Como no exercı́cio 5) definamos g : [0, 1] → R :

1 , x ∈ Q

g(x) = 

0 , x < Q

Já sabemos que g é descontı́nua em todo seu domı́nio. Fixe agora x ∈ [0, 1]. Para
toda bola aberta de centro x a interseção dessa bola
T com [0, 1] possui pontos racio-
nais e irracionais, ou seja, ∀δ > 0 temos sup Bδ (x) [0, 1] = 1 e inf Bδ (x) [0, 1] = 0.
T
Portanto, ω g (x) = 1 − 0 = 1 , ∀x ∈ [0, 1]. Logo a oscilação de g é uma função
contı́nua.

Exercı́cio 14
2x − (x + y)
A observação principal é que f (x, y) = e que f (x, y) = − f (y, x). Usare-
(x + y)3
mos a substituição u = x + y donde du = dy e usaremos técnicas de integração de
cálculo 1. Com isso:
Z 1 Z 1 Z 1 Z x+1 Z 1 
2x − u −x 1 u=x+1

dx f (x, y)dy = dx du = dx 2 + =
0 0 0 x u3 0 u u u=x
Z 1 Z 1
−1 x=1 −1
!
1 −x 1 1
 
= − dx = dx = = +1=
0 x + 1 (x + 1) 2
0 (x + 1)
2 x + 1 x=0 2 2
Agora da segunda observação segue que:
Z 1 Z 1 Z 1 Z 1 Z 1 Z 1
1
dy f (x, y)dx = − dy f (y, x)dx = − dx f (x, y)dy = −
0 0 0 0 0 0 2

Como querı́amos mostrar.

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Exercı́cio 15
Basta notarmos que T define um tetraedro, e dessa forma ∂T é formada pelas faces
desse tetraedro. Cada uma dessas faces pode ser representada como gráfico de
uma função contı́nua de duas variáveis, logo tais faces têm medida nula. Dessa
forma ∂T será união finita de conjuntos de medida nula e portanto terá medida
nula, ou seja, T é J-medı́vel. Com isso em mente podemos calcular o volume de
T observando que T ⊂ C onde C é o cubo unitário de R3 :
Z Z 1 Z 1−x Z 1−y−x Z 1 Z 1−x
vol.T = χT = dx dy dz = dx (1 − y − x)dy =
C 0 0 0 0 0

1 # y=1−x 1 Z 1
y2
" !
(1 − x)2 (1 − x)2
Z Z
= y− − xy dx = 1−x− − x(1 − x) dx = dx =
0 2 y=0 0 2 0 2
x=1
1 1

= − (1 − x)3
=
6 x=0 6

Exercı́cio 16
Nas condições do enunciado podemos aplicar o Teorema de Stokes. Seja então
∂g ∂g
ω = f dg = f dx1 + f dx2 essa 1-forma. Já sabemos calcular a derivada de
∂x1 ∂x2
uma forma, temos então

∂ ∂g ∂ f ∂g ∂2 g
!
f· = · +f·
∂x1 ∂x2 ∂x1 ∂x2 ∂x1 ∂x2

∂ ∂g ∂ f ∂g ∂2 g
!
f· = · +f·
∂x2 ∂x1 ∂x2 ∂x1 ∂x2 ∂x1
Como o Teorema de Schwarz é válido para a função g obtemos:

∂ f ∂g ∂ f ∂g
!
dω = · − · dx1 ∧ dx2 = det F0 (x)dx
∂x1 ∂x2 ∂x2 ∂x1

Portanto, usando Stokes:


Z Z Z Z
f dg = ω= dω = det F0 (x)dx
∂D ∂D D D

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Exercı́cio 17
Primeiro vamos fixar notação. Teremos f = ( f1 , . . . , fm ) , dx = dx1 ∧ · · · ∧ dxm e
dx j = dx1 ∧ · · · ∧ dx
cj ∧ · · · ∧ dxm . Considere também M = ∇ f1 . . . ∇ fm−1  e M j a
matriz obtida de M por tirar a j-ésima linha. Pela definição do produto vetorial
no livro de Elon temos que
m m
X X ∂ fm
∇ f1 × · · · × ∇ fm−1 = (−1) m+j
det M j · e j =⇒ det f (x) =
0
(−1)m+j det M j
j=1 j=1
∂x j

pois ∇ f1 × · · · × ∇ fm−1 , ∇ fm = det f 0 (x)T = det f 0 (x).



m
X
Agora vamos definir uma (m−1)-forma esperta. Seja ω = (−1)m+1 fm det M j · dx j .
j=1
Note que dx j ∧ dx = (−1)
j j−1
dx. Com isso em mente temos que
m
∂ fm ∂
X " #
dω = (−1) m+1
det M j + fm · (det M j ) · dx j ∧ dx j
j=1
∂x j ∂x j

m
X ∂
A observação primordial neste momento é que (−1)m+j (det M j ) = 0 , pois o
j=1
∂x j
Teorema de Schwarz é válido, logo as derivadas parciais que se alternam irão se
cancelar. Desse modo:
 
m
X ∂ fm

dω =  (−1)m+j det M j  · dx = det f 0 (x) · dx
 
 ∂x j
j=1

As hipóteses aqui são as mesmas da questão anterior, logo podemos usar Stokes:
Z Z Z
J(x)dx = dω = ω=0
D D ∂D

pois ω sobre o bordo de D é identicamente nula.

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