FichaAvaliacaoFormativa1 U3

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FICHA DE AVALIAÇÃO FORMATIVA 1

NOME: _________________________________________ N.º: ______ TURMA: _________ DATA: ________

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Leia o poema.

São como um cristal,


as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
5 Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.


Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
10 as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
15 E mesmo pálidas
15 verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem


as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

EUGÉNIO DE ANDRADE, Coração do dia,


Lisboa, Assírio & Alvim, 2013.

1. Interprete a primeira estrofe do poema.

2. Comente a expressividade das metáforas e da antítese presentes nos versos 13 e 14.

3. Explicite a intenção subjacente às interrogações da estrofe final.

ENTRE NÓS E AS PALAVRAS • Português • 12.º ano • Material fotocopiável • © Santillana


B

Leia as estâncias. Se necessário, consulte as notas.

4 E vós, Tágides minhas, pois criado


Tendes em mi um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mi vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloco e corrente,
Por que de vossas águas Febo ordene
Que não tenham enveja às de Hipocrene.

5 Dai-me ũa fúria grande e sonorosa,


E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no universo,
Se tão sublime preço cabe em verso.

LUÍS DE CAMÕES, Os Lusíadas, Canto I, estâncias 4 e 5, edição de Álvaro Júlio da Costa Pimpão,
5.ª ed., Lisboa, Ministério dos Negócios Estrangeiros, Instituto Camões, 2003.
NOTAS

Tágides (est. 4, v. 1) — ninfas do Tejo.


um som alto e sublimado (est. 4, v. 5) — um estilo elevado e sublime.
grandíloco (est. 4, v. 6) — grandioso, nobre.
corrente (est. 4, v. 6) — fluente.
Febo (est. 4, v. 7) — Febo é Apolo, deus da poesia e da música.
Hipocrene (est. 4, v. 8) — fonte da Grécia, cuja água dava inspiração a quem a bebesse.
fúria grande e sonorosa (est. 5, v. 1) — inspiração elevada.
frauta ruda (est. 5, v. 2) — referências às flautas dos pastores.
tuba canora e belicosa (est. 5, v. 3) — trombeta sonora e guerreira.
o peito acende e a cor ao gesto muda (est. 5, v. 4) — um estilo que inspire a alma.

4. Explicite o pedido formulado pelo Poeta nestas duas estâncias, comprovando com elementos
textuais.

5. O Poeta alude a dois tipos de poesia: um que já cultivou e outro que quer experimentar.

5.1. Identifique os dois tipos de poesia a que o Poeta se refere e faça o levantamento das expressões que os
caracterizam.

ENTRE NÓS E AS PALAVRAS • Português • 12.º ano • Material fotocopiável • © Santillana


GRUPO II

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.


Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

Leia o texto.

A 21 de março celebra-se o Dia Mundial da Poesia. A UNESCO, em 1999, para preservar a diversidade
linguística da Humanidade, decidiu criar um Dia que servisse para refletir a identidade dos povos a partir da
sua Língua.
Portugal já o faz há algumas décadas porque o dia da sua identidade multicultural, 10 de Junho, é
5 também o do maior poeta de Língua Portuguesa: Luís Vaz de Camões. Por Portugal ser um país de Poetas?
Sim, penso que este lugar-comum tem mais profundidade do que aparenta. Mas não pela versão popular
de que em cada português há um lírico.
A Poesia, ao contrário do que pensam muitos, não é um jeito especial para a rima. Há grandes poetas
que não só rejeitam a rima como insistem em fugir à sua música. Apenas porque o que procuram acima de
10 qualquer toque de prazer, ou beleza, é a verdade sublime das coisas.
A procura da verdade, do saber, é o primado da poesia. Mas também ir ao fundo, mais fundo, da iden-
tidade humana e social. O que é o ser humano? Qual é o nosso limite para nos conhecermos e nos relacio-
narmos com os outros? Porque amamos e odiamos? Porque somos altruístas e vingativos? Porque nos
transcendemos na paixão e nos suicidamos no desespero? Porque toleramos ditadores e fazemos revolu-
15 ções? Sei que todas as ciências sociais têm uma, ou duas, destas preocupações humanas para resolver. A
Poesia e a Filosofia têm-nas no seu conjunto. Mas, enquanto a Filosofia procura o ontológico para pensar o
mundo, a poesia ousa fazê-lo a partir de dentro (há quem goste do coração como metáfora). De dentro, e
do mais profundo poço da razão, do amor e do ódio que é possível ao que é humano.
É por isso (e só por isso) que a poesia exige esforço e empenho de todos os sentidos. A quem a escreve
20 e a quem a lê. Eduardo Lourenço lembra-nos que:
«[…] a Poesia — quer dizer, a longa trama dos poemas onde a humanidade a si mesma se construiu, a
única Arca de Noé que sobrevive a todos os dilúvios — não é a nossa maneira de nos evadirmos do que
somos, mas de nos apercebermos de quem verdadeiramente somos. É uma barca de palavras, mas tem o
poder de transfigurar o que é opaco e não humano naquela realidade que tem um sol no meio e a que
25 chamamos vida, a nossa vida, a nossa única vida.»
Se hoje, ao olharmos para um livro de poesia — fino, pequeno, reduzido ao essencial —, este não tem
a força de nos interpelar, é porque o poder nos vigia e ameaça — com o peso das palavras que transfor-
mam a linguagem e a comunicação num palavreado demagógico com que esse poder insiste em confirmar
a sua (pouca) importância. Não será este o momento certo para perguntar se não nos condenaram já à
30 pena capital do medo? Como a seu tempo nos avisou, com a sua habitual lucidez, o poeta Alexandre
O’Neill, no seu «Poema pouco original do medo».

ELSA LIGEIRO, http://www.imprensaregional.com.pt/reconquista/pagina/edicao/143/8/noticia/14346,


publicado em 24 de março de 2011; consultado em 23 de novembro de 2016 (com adaptações).

1. Ao afirmar que um livro de poesia é «fino, pequeno, reduzido ao essencial» (linha 26), a autora
pretende sublinhar

(A) a facilidade com que se lê um livro de poesia.


(B) a facilidade com que se escreve um livro de poesia.
(C) o facto de a produção de um livro de poesia implicar poucos custos.
(D) o facto de um livro de poesia apresentar o que é verdadeiramente importante.

2. Segundo a autora, a afinidade que os Portugueses têm com a poesia está relacionada com

(A) o facto de o Dia de Portugal ser também o Dia de Camões.


(B) o lirismo inerente à alma lusitana.
(C) a musicalidade da língua portuguesa.
(D) o seu interesse pela verdade das coisas.

ENTRE NÓS E AS PALAVRAS • Português • 12.º ano • Material fotocopiável • © Santillana


3. As várias interrogações que a autora faz no quarto parágrafo são questões a que

(A) não é possível responder.


(B) a poesia procura responder.
(C) a poesia e a filosofia procuram responder.
(D) a generalidade das ciências sociais procura responder.

4. O texto apresenta características específicas do género

(A) diário. (C) artigo de opinião.


(B) exposição sobre um tema. (D) apreciação crítica.

5. O constituinte «A 21 de março» (linha 1) desempenha a função sintática de

(A) modificador do grupo verbal. (C) complemento oblíquo.


(B) modificador da frase. (D) complemento indireto.

6. A forma verbal «decidiu» (linha 2) tem um valor aspetual

(A) iterativo. (C) imperfetivo.


(B) perfetivo. (D) genérico.

7. O constituinte «10 de Junho» (linha 4) desempenha a função sintática de

(A) modificador da frase. (C) modificador restritivo do nome.


(B) modificador apositivo do nome. (D) complemento do nome.

8. Identifique a função sintática desempenhada pelo constituinte «em 1999» (linha 1).

9. Classifique a oração «que servisse para refletir a identidade dos povos a partir da sua Língua»
(linhas 2 e 3).

10. Identifique o mecanismo de coesão textual advindo do uso do pronome em «Portugal já o faz há
algumas décadas» (linha 4).

GRUPO III

«Foi sempre pelos olhos dos nossos poetas que o português viu mais longe e mais fundo.»

EUGÉNIO DE ANDRADE

Elabore um texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras,
em que defenda um ponto de vista pessoal sobre as ideias expostas na citação de Eugénio de Andrade acima
apresentada.

Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com, pelo
menos, um exemplo significativo.

Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /opôs-se-lhe/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2016/).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados — entre duzentas e trezentas palavras —, há que atender ao
seguinte:
— um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
— um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

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