Trabalho de Etica e Deontologia Proficional Fim
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PÚBLICO EM MOÇAMBIQUE
Índice
Introdução...................................................................................................................................2
Objectivos...................................................................................................................................3
Imparcialidade e Isenção.............................................................................................................6
Objectividade..............................................................................................................................7
Conceito de Ética......................................................................................................................11
Independência do Juiz...............................................................................................................18
Desvios Éticos...........................................................................................................................19
Conclusão..................................................................................................................................21
Bibliografia...............................................................................................................................22
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UM OLHAR ÉTICO SOBRE A MAGISTRATURA JUDICIAL E DO MINISTÉRIO
PÚBLICO EM MOÇAMBIQUE
1. Introdução
O presente trabalho individual da cadeira de ética e deontologia jurídica tem como tema
primordial abordar um olhar da ética sobre a magistratura judicial e do ministério público em
moçambique concretamente.
De salientar que em cada sociedade existem costumes que ensinam como as pessoas devem
estar e se comportar perante a mesma sociedade, ou seja, os costumes de uma sociedade nem
sempre são os mesmos que de outra sociedade, porém, a moral existe independentemente de
cada cultura.
Quer-se com isso dizer que a ética (costume ou carácter) respeita os fundamentos da vida
moral, e que a ética não só existe na sociedade no geral mas também faz-se presente em cada
profissão que faz parte da sociedade, recebendo portanto, o nome de ética profissional ou
deontologia.
A ética existe independentemente de existir ou não alguma profissão, porém, para que haja
deontologia é necessário que exista alguma profissão.
A deontologia comporta um conjunto de normas éticas de que uma profissão se dota através
de uma organização profissional, isto é, a deontologia orienta os profissionais a exercer as
suas actividades e a relacionar-se com os seus colegas de trabalho.
O trabalho da cadeira de Ética e Dentologia tem o carácter avaliativo e tem por finalidade
fazer uma análise metotológica da deontologia do Magistrado judicial e do ministério publico.
Com recurso a doutrina fornecida por meios informáticos bibioteca, a legislação vigente na
República de Moçambique e outros, far-se-á à um estudo da ética do magistrado e dessa
forma perceber se à da sua posição na sociedade onde está inserido e da forma como a
sociedade o encara.
Com este estudo apercebe-se que a tarefa de magistrado judicial como ao do ministério
publico por mais que não pareça são das mais exigentes tanto no plano social como
profissional.
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1.1. Objectivos
Geral:
Específicos:
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Um outro dever ético que se pode mencionar é a questão da responsabilidade, quer-se com isto
afirmar que os magistrados do Ministério Público, devem ser responsáveis, ou seja, devem
responder pelo cumprimento dos seus deveres (vide o art. 223 n.ºs 1 e 2 do EMMP).
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sua administração superior, bem como prestar informações, quando solicitadas pelos órgãos da
instituição 8art. 108 n.º 1 do EMMP.
Assim como para todos os profissionais na área judiciária, existe para os magistrados do
Ministério Público dever de urbanidade e respeito para com as partes, juiz, colegas de trabalho e
demais funcionários e auxiliares da justiça.
Os magistrados do Ministério Público exercem as suas funções de acordo com a lei e a sua
convicção, imunes a quaisquer influências ou ingerências, pressões ou interferências, directas ou
indirectas, dos poderes legislativo ou executivo ou de qualquer outra fonte externa.
Os magistrados do Ministério Público agem autonomamente em relação a outros órgãos ou
instituições e repudiam e rejeitam qualquer intervenção ou tentativa de intervenção de qualquer
natureza que pretenda interferir ilegitimamente na sua actuação.
Os magistrados do Ministério Público, se forem objecto de qualquer actuação susceptível de pôr
em causa a sua independência no exercício de funções, reportam-na superiormente.
Os magistrados do Ministério Público respeitam a separação de poderes do Estado e reconhecem
que a autonomia que lhes é conferida para o exercício das suas funções não é um privilégio seu,
mas sim uma garantia dos cidadãos para a realização de valores constitucionais e a salvaguarda
de direitos fundamentais.
Os magistrados do Ministério Público abstêm-se de qualquer actividade susceptível de afectar
negativamente o seu desempenho de funções ou a confiança dos cidadãos na independência e na
integridade do Ministério Público.
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4. Objectividade
Os magistrados do Ministério Público procuram sempre a descoberta da verdade, em termos
processualmente válidos e no respeito pelos princípios do processo equitativo, seja esta favorável
ou desfavorável a qualquer dos interessados ou envolvidos no processo, recolhendo ou
promovendo a recolha e produção de toda a prova pertinente.
Os magistrados do Ministério Público tomam em consideração todos os factos relevantes para a
solução do caso e a produção de uma decisão justa.
Os magistrados do Ministério Público actuam na defesa do interesse público e não na defesa de
interesses individuais ou corporativos.
Os magistrados do Ministério Público fiscalizam a correcta observância da lei e dos princípios do
processo equitativo e asseguram o respeito pelos direitos e garantias do cidadão.
Desempenhar as suas funções com honestidade, lealdade, isenção, zelo e dignidade: Uma
actuação bem-sucedida depende da forma honesta e íntegra como decorreu esse processo.
Só assim é possível criar confiança e garantir a credibilidade dos seus resultados.Os
magistrados do Ministério Público orientam-se no seu comportamento profissional,
pessoal e social, por um padrão de conduta digno, probo, ponderado e correcto. Os
magistrados do Ministério Público respeitam a lei e abstêm-se de qualquer
comportamento desleal ou desonesto.
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Residir na área de jurisdição onde se situa o órgão do Ministério Público em que exerce
funções;
Não se ausentar da área de jurisdição em que exerça funções sem prévia autorização do
superior hierárquico, salvo as ausências por motivos de férias, etc.;
Saindo da seara dos deveres dos magistrados do Ministério público, impõe-se-lhes vedações, que
são impedimentos de praticarem actos contrários ao propósito da instituição. Não pode o
procurador exercer advocacia ou comércio, ou ainda participar de sociedade comercial. Tal
vedação, além de proteger o bom senso do titular do cargo, denota a confiança da sociedade em
seu trabalho, pois assim não poderá cair em devaneios acerca de causas particulares, e exercerá,
única e exclusivamente, a sua função pública, que lhe exige tempo e trabalho.
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Não pode o procurador, em regra, exercer qualquer outra função pública remunerada, salvo a de
docência, como frequentemente se verifica em salas de aula de todo o país, eis que o
conhecimento e experiência da autoridade pública será deveras importante para os acadêmicos.
Óbvio que o acúmulo de actividades dentro de sua área de actuação no Ministério Público não
será contado como exercício de mais de uma função pública, visto que concernente a uma
mesma entidade e com fim afectos (nos termos dos arts. 138 e 139 EMMP).
Assistência médica e medicamentosa a cargo do Estado para si, seu cônjuge, ascendente,
descendente, e demais familiares a seu cargo;
Férias: o magistrado do Ministério Publico tem direito a férias (art. 154 EMMP).
Deste modo, a lei faz menção das seguintes sansões disciplinares no artigo 162 e ss do EMMP:
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Repreensão registada: esta sansão consiste na censura escrita. Aplica-se esta medida
sancionatória às infracções que revelem falta de interesse pelo serviço.
Multa: consiste no pagamento de uma quantia fixada entre um mínimo de três dias e um
máximo de 30 dias de vencimento (não podendo exceder um terço em cada mês). Aplica-
se a multa nos casos de negligência ou falta de zelo no cumprimento dos deveres.
Despromoção: consiste na descida de uma categoria pelo período de seis meses a dois
anos. Vai-se aplicar a despromoção nos casos de manifesta incompetência profissional,
ou cometimento de erros graves.
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Nessa perspectiva, diz se que enquanto o exercício prático da conduta no dia a dia chama-se
conduta moral, a ética consiste nos princípios que orientam essa referida conduta, residindo,
assim, mais no campo teórico.
Alerta ainda que: Não existe “falta de ética”. Essa expressão é equivocada, talvez o que se queira
dizer é: “Isto é antiético”, algo contrário a uma ética que esse grupo compartilha e aceita.
Posso dizer que um bandido tem ética? Posso. Ele tem princípios e valores para decidir, avaliar e
julgar.
O que eu posso dizer, é que a ética que ele tem é contrária à minha e à sua. Então, é antiético
para mim. Não confunda a ética – isto é, aquele a quem não se aplica a questão da ética – com
antiético (CORTELLA, 2010, p. 109).
Rosana Soibelmann Glock e José Roberto Goldim (2003) ensinam que a fase da escolha
profissional deve ser permeada pela reflexão sobre quais as acções que serão necessárias realizar
quando do exercício da prática profissional.
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Sustentam ainda que: A escolha por uma profissão é optativa, mas ao escolhê-la, o conjunto de
deveres profissionais passam a ser obrigatórios.
Geralmente, quando você é jovem, escolhe sua carreira sem conhecer o conjunto de deveres que
está prestes a assumir tornando-se parte daquela categoria que escolheu.
Ao completar a formação jurídica, a pessoa faz um juramento, art 21 do estatuto dos Magistrados
judiciais, “Eu... juro por minha honra, aplicar fielmente a constituição e demais leis em vigor e
administrar justiça com imparcialidade e insenção, no respeito pelos direitos dos cidadãos e na
defesa dos superiores interesses do Estado Moçambicano” o que significa sua adesão e
comprometimento com a categoria profissional onde formalmente ingressa. Isto caracteriza o
aspecto moral da chamada Ética Profissional do Magistrado Judicial, esta adesão voluntária a um
conjunto de regras estabelecidas como sendo as mais adequadas para o seu exercício (GLOCK;
GOLDIM, 2003).
Conforme assinalam os autores, as leis de cada profissão são elaboradas com o objectivo de
proteger os profissionais, a categoria como um todo e as pessoas que dependem daquela
categoria, mas há muitos aspectos não previstos especificamente e que fazem parte do
comprometimento do profissional eticamente correcto.
No que toca a magistratura, ensina o ilustre professor Herkenhoff (2010) que a ética do
magistrado é mais que uma ética profissional, diz que a magistratura é mais que uma profissão, a
ponto de afirmar que:
Atitudes que podem ser compreendidas, perdoadas ou minimizadas, quando são assumidas pelo
cidadão comum, essas mesmas atitudes são absolutamente inaceitáveis quando partem de um
magistrado (HERKENHOFF, 2010).
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Nas lições de Nancy Andrighi (2001), diz: ao ser investido nas funções jurisdicionais o juiz
agrega ao seu ser a responsabilidade da imagem da instituição que representa, do Estado e da
sociedade que vai servir, de sorte que a imagem do homem-juiz, no ser, no estar e no participar,
sempre estará de forma indissolúvel e permanente associada a do Poder Judiciário.
E chega a afirmar que: O juiz é um espelho social onde o jurisdicionado se mira e encontra
justificativas para agir de tal e qual forma, isto porque, no seu modo de ver crítico é permitido
concluir que “se o juiz assim age, mais do que nunca, eu que sou um simples cidadão, posso
fazê-lo”. (ANDRIGHI, 2001).
Com o brilhantismo que lhe é peculiar, aduz a Ministra que a função precípua do juiz é ser o
pacificador social e, para tanto, precisa ser respeitado pela coletividade. Destaca pontos que
tocam a ética na magistratura, a exemplo da necessidade de uma nova postura para apagar a
notícia que transita nos meios forenses, de que é mais fácil tomar um copo de cerveja com um
Ministro de Justiça, do que com um juiz de direito, bem assim, ressalta que o juiz ético é aquele
adequado a seu tempo, rente aos factos e principalmente rente à vida, que nunca olvida que atrás
de cada página do processo está um cidadão aflito aguardando a sua decisão.
No mesmo sentido, José Soares Filho (2012) aduz que os juízes representam, para a sociedade,
modelos de cidadãos que devem encarnar o referencial maior da justiça pela qual anseiam todos
os homens, razão pela qual deles se espera e se cobra um comportamento segundo os padrões
éticos que enriquecem o espírito humano.
Afirma ainda que: Cristalizou-se em nossa cultura a idéia do juiz como um super-homem,
intangível, dotado de poderes quase sobrenaturais, posicionado acima do bem e do mal. Isso
porque ele exerce uma profissão excelsa, que de certo modo encerra atributos do próprio Deus.
A propósito, disse Carnelutti: "No mais alto da escala está o juiz. Não existe um ofício mais
elevado que o seu, nem uma dignidade mais imponente. Os juízes são como os que pertencem a
uma ordem religiosa. Cada um deles tem que ser um exemplo de virtude, se não quer que os
crentes percam a fé". (SOARES FILHO 2012).
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Prossegue o ilustre professor, aduzindo que a ideia grandiosa que se tem do juiz, de certa forma,
não traduz a realidade do ser humano falível, limitado, frágil e que se expõe às mesmas
vicissitudes de que padecem seus concidadãos. Diz que a simples investidura no cargo não o
transforma, e a toga, por si só, não é capaz de torná-lo imaculado.
Segundo Wilclem de Lázari Araujo (2011), os nortes principais dos deveres e preceitos éticos
incompatíveis da magistratura são encontrados no artigo 36 (do Estatuto dos magistrados
judiciais).
Assevera o autor que o legislador se preocupou com critérios éticos para a magistratura ao
estabelecer acerca do ingresso na carreira mediante concurso de provas e títulos, após
completados dois anos de formaçao jurídica; a ascensão da carreira obriga ao cumprimento
obrigatório de deveres especiais previstos no art. 39 do mesmo estatuto:
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Nessa esteira, prossegue Araujo (2011) dizendo que o Código de Ética do Magistrado Judicial
elenca os grandes elementos a serem seguidos pelos magistrados no exercício da profissão, quais
sejam: a independência, a imparcialidade, a transparência, a integridade pessoal e profissional, a
diligência e dedicação, a cortesia, a prudência, o sigilo profissional, o conhecimento e a
capacitação, a dignidade, a honra e o decoro. Art 21 e 39 do EMJ.
A conduta íntegra (aqui no sentido de inteireza, de ser indivisível, que não se dissocia) é
importantíssima a todos aqueles que se dediquem à actividade jurisdicional: “quem não tem a
capacidade de ser honesto não pode envergar a toga”.
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Assim, deve o juiz manter a unidade e a coerência de condutas em todos os actos que exercer,
sejam estes de âmbito público ou privado, fora e dentro de suas atribuições judiciais.
Na mesma linha de raciocínio, o magistrado deve comportar-se, na vida privada, com reserva e
austeridade, de modo a dignificar a função que exerce, cônscio de que o exercício da actividade
jurisdicional impõe sacrifícios, restrições e exigências pessoais distintas.
A magistratura é um verdadeiro sacerdócio, uma missão – pois, ao juiz, lhes são exigidas muitas
renúncias: há actividades sociais, mesmo que consideradas lícitas, que não são convenientes a
quem tem, por ofício, julgar seus semelhantes. Segundo Direito (1998, p. 4): “não se deve pensar
que a judicatura é só a beleza do exercício do poder e das prerrogativas; a beleza da judicatura é,
exactamente, a capacidade de abrir mão aos feriados, sábados e domingos, quando os processos
estão atrasados, pois deve cumprir-se primeiro o dever”.
Ao magistrado Judicial é vedado usar, para fins privados, e sem autorização do tribunal, os bens
públicos ou os meios disponibilizados para o exercício de suas funções.
O abuso na utilização da estrutura estatal, para fins pessoais, confundindo o bem de uso público,
como se fosse privado, aproveitando os servidores da repartição para serviços de caráter
doméstico e, ainda mais, servindo-se de relacionamentos gerados pelo cargo público no
favorecimento pessoal, ou de familiares, discrepa, totalmente, do que se entende por Res Publica;
tais privilégios só são encontrados nas Monarquias Absolutistas dos imperadores e czares.
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Sobre a retribuição financeira pelo exercício da magistratura, conclui Menezes Direito que: “A
melhor atitude é a dedicação integral ao trabalho na magistratura. Não vem para enriquecer. Vem
para exercer a sua vocação”. DIREITO (1998, p. 5).
A remuneração do magistrado, embora seja o teto do funcionalismo público, não há que fazê-lo
enriquecer. Muito menos, com o seu múnus público, pode o magistrado, amealhar fortuna,
sendo, por isso mesmo, muito importante que este venha a ter uma correspondência proporcional
e equitativa entre seus rendimentos e seu modus vivendi.
O juiz é mero agente de um dos sujeitos processuais, que é o Estado; não participa do jogo de
interesses contrapostos, e sim comanda a atividade processual desinteressadamente e
imparcialmente. Ele não está no processo em nome próprio, mas sim na condição de órgão do
Estado, que não se coloca em pé de igualdade com as partes, nem actua em defesa de interesses
próprios, e sim em benefício geral.(Idem)
O magistrado imparcial é aquele que busca nas provas, constantes nos autos, a verdade dos
factos, com objectividade e fundamento, mantendo, ao longo de todo o processo, uma distância
equivalente das partes, e para obter isonomia, tratando os desiguais na medida de suas
desigualdades, evitando, assim, todo tipo de comportamento que possa reflectir favoritismo,
predisposição ou preconceito.
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A audiência concedida a apenas uma das partes ou seu advogado, contanto que
se assegure igual direito à parte contrária, caso seja solicitado;
O tratamento diferenciado resultante de lei.
Muitas vezes, o que se observa na praxis forense é o reflexo do que existe na própria sociedade –
a reprodução das mazelas sociais – onde se abrem os cancelos (que separam os espaços
reservados aos magistrados) aos expoentes da advocacia e às partes mais favorecidas
economicamente, e onde também prevalece um corporativismo – natural em toda e qualquer
instituição social. Patologias institucionais, que quebram o princípio sadio da imparcialidade e
que devem ser combatidas para que prevaleça o princípio do due process of law.
8. Independência do Juiz
A independência (lato sensu) é um dos “pilares” da estrutura do Poder Judiciário; sem ela, a
própria função judicial fica esvaziada de sentido. É condição sine qua non, para um Estado de
Direito, que seja garantida, ao cidadão, a total independência dos tribunais.
Para que o juiz possa exercer bem o seu mister, vê-se impossibilitado, por força de lei, em
realizar certos actos. Isto decorre da sua indispensável independência funcional (CHIARINI
JÚNIOR, 2010) – e implica, para tanto a independência ética, bem como a financeira, factor
extremamente necessário, pois: “O magistrado precisa de independência econômica [financeira],
para que os problemas mesquinhos de subsistência não lhe tire a serenidade do espírito” nr 1 do
art 217 CRM
Do magistrado, pois, exige-se que seja eticamente independente e que não interfira, de modo
algum, na actuação jurisdicional de outro colega, excepto em respeito às normas legais.
Ratificando o exposto anteriormente, impõe se ao magistrado pautar-se, no desempenho de suas
actividades, com justa convicção, na busca de solução, ante os casos que lhe sejam submetidos,
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sem receber indevidas influências externas e estranhas, pois é dever do magistrado denunciar
qualquer interferência que vise a limitar sua independência. Enfim, a independência judicia
desaconselha, ao magistrado participar de qualquer tipo de actividade político-partidária. Assim
sendo, o juiz deve ser um órgão apolítico, que necessita manter-se, portanto, supra-partidário.
Segundo António Sebastião de Lima, os magistrados, assim como os demais seres humanos,
estão sujeitos a idiossincrasias. Aduz o ilustre professor que a diferença consiste no facto de que,
pela sua posição e relevante função no Estado e na Sociedade, os magistrados esforçam-se por
manter sua conduta dentro de um padrão ético, cujas regras vêm positivadas na lei orgânica da
magistratura, nos códigos de organização judiciária e nos códigos de processo. Prossegue o autor
dizendo que, de quando em vez, deparamo-nos com algum magistrado, tanto em tribunal
ordinário como em tribunal superior, que foge daquele padrão ético esperado. E chega a afimar
que:
De ordem econômica, nem sempre em proveito próprio ou de seus familiares, mas, por
simpatia às classes abastadas (banqueiros, usineiros, fazendeiros, industriais, empresários
do ensino e do sector de transportes);
De ordem social, para demonstrar prestígio, marcar presença na mídia e inflar o próprio
ego;
De ordem política, quando actua dentro do Judiciário, como a longa manus do Poder
Executivo ou de um partido com quem tenha afinidade ideológica. No meio forense são
conhecidos os fazendários, apelido que se dá aos juízes que sempre decidem e votam a
favor da Fazenda Pública, ainda que a razão esteja com a parte contrária. Há, também, os
juízes adeptos do direito alternativo, caminho que pode levar ao arbítrio e à colisão com o
princípio da segurança jurídica, que em nome dos “novos tempos” mas, sem poder
legisferante para tanto e fazendo tabula rasa da separação dos poderes, derrogam a lei,
como, por exemplo, a que protege a família, deixando de aplicá-la. (LIMA 2012)
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Percebe-se que desvios éticos cometidos por magistrados têm sido frequentemente apurados e
punidos pelo Conselho Nacional da Magistratura Judicial (CNMJ) al b) do art 222 da CRM, em
cumprimento a sua missão institucional de controlar administrativamente o Poder Judiciário e
aperfeiçoar o serviço público na prestação da Justiça.
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9. Conclusão
O presente prabalho individual da cadeira de ética e deontologia jurídica com o tema um olhar
sobre a ética dos magistrados judicial e do ministério pública em moçambique conclui que pela
natureza da sua profissão os magistrados tanto do Ministério Público devem sempre agir com
ética, seja no exercício das suas funções, assim como na sua vida pública.
Fica ainda claro que o magistrado do Ministério Público não deve desempenhar outras
actividades além da docência.
É dever dos magistrados obedecer as ordens dos superiores hierárquicos, salvo quando a ordem
seja ilegal. De igual modo os magistrados do Ministério Público tem o dever de urbanidade para
com as partes e os demais colegas.
O Estatuto dos Magistrados do Ministério Publico indica ainda alguns direitos e deveres dos
magistrados, dentre os quais os seguintes direitos: Uso e porte de arma de defesa pessoal; Cartão
especial de identificação; Livre trânsito, mediante exibição do cartão especial de identificação;
Férias etc.; e os seguintes deveres: Desempenhar as suas funções com honestidade, lealdade,
isenção, zelo e dignidade; Guardar segredo profissional; Comportar-se na vida pública e privada
de acordo com a dignidade e prestígio do cargo que desempenha, etc.
Conclui se que a magistratura judicial está entre as profissões de cuja ética é a mais exigida por
necessitar de uma integridade moral e profissional pois o juiz deve ser o espelho da sociedade
que representa tanto à nível moral como profissional.
O Magistrado Judicial não deve apresentar dualidades entre o que diz na sala de audiências e o
que faz fora dela devendo como diz o ditado popular educar pelo exemplo.
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10. Bibliografia
GLOCK, Rossana Sibelmann, 2002 Ética profissional é compromisso social Editora Saraiva S.
Paulo
https://jus.com.br/artigos/19525/a-etica-presente-nas-profissoes-juridicas
Legislação consultada: