Proporção Aurea
Proporção Aurea
Proporção Aurea
Resumo
Muitos se enganam ao achar que a arte é feita por pura intuição. Os grandes artistas se
basearam em diversos estudos com base na matemática para conseguir maior harmonia
em suas obras. Os estudiosos do Renascimento, conhecidos como “homens universais”,
dominadores de vários assuntos, entre eles a matemática, a física e a filosofia, usavam
destes artifícios para que suas obras tornassem mais agradáveis aos nossos olhos. Neste
trabalho, apresentamos esquemas harmônicos de proporções utilizados na pintura,
especialmente em obras de Gentili Bellini, Antonello da Messina, Sandro Botticelli,
Tintoretto e Leonardo da Vinci.
Introdução
Proporção
1
Trabalho de conclusão de curso da disciplina Desenho Geométrico Aplicado às Artes, primeiro semestre
letivo de 2002.
Pitágoras nutria certa admiração mística e sagrada pelo pentágono regular e pelo
pentagrama, o polígono regular estrelado de cinco pontas inscrito neste pentágono
regular. Sobre estas bases buscou explicar também a proporção geométrica ideal dos
aspectos físicos das coisas naturais, principalmente aquela de um corpo humano ideal, e
de aplicá-la na arquitetura e na arte. Definiu, então, uma relação de proporção particular
que se encontra no pentágono regular e no pentagrama, a da divisão de um segmento em
média e extrema razão. Euclides iria definir esta relação da seguinte maneira: “um
segmento se divide em média e extrema razão quando todo o segmento está para a parte
maior como esta última esta para a menor”.
Cada um dos triângulos da estrela de cinco pontas tem dois lados iguais que se
relacionam com o terceiro lado, como 8 está para cinco ou como 1,618 está para 1...
Essas relações recíprocas podem ser vistas quando o pentagrama é combinado com a
seção áurea, criando um retângulo de lado √5, formado de retângulos áureos recíprocos.
Os lados do retângulo menor são idênticos aos do retângulo do pentagrama.
Os lados do triângulo reto, dez dos quais formam o pentágono, também se
aproximam das relações áureas, de visinhos. Como mostrado dentro da estrela de cinco
pontas, esses lados se aproximam de 3, 4 e 5 unidades de comprimento, e 3 e 5 são
membros vizinhos da série Fibonacci, que veremos mais adiante.
Mesmo durante a Idade Média, onde os textos da Antigüidade clássica não eram
muito utilizados, as proporções e relações geométricas e numéricas continuaram sendo
consideradas atributos importantes como se pode observar nestas páginas do caderno de
esboços de Villard de Honnecourt (Século XIII) célebre arquiteto e construtor de igrejas
góticas.
O Renascimento ocasionou um novo interesse pelos conhecimentos da
antiguidade e reavivou o estudo das proporções pitagóricas. Um estudo de Leonardo Da
Vinci mostra as relações de proporção no rosto humano.
O ressurgimento, no Renascimento, pelo interesse na divisão proporcional de
Pitágoras de média e extrema razão se deve ao matemático Lucca Pacciolli di Borgo. No
seu livro De Divina Proportione, apresentado em Veneza em 1509 e ilustrado por
Leonardo DaVinci, vai denominá-la proportio divinæ. Esta divisão proporcional veio, mais
tarde a ser chamada de seção áurea pelo próprio Leonardo DaVinci e continua sendo
muito aplicada ainda hoje com essa denominação:“Um segmento de reta está dividido de
acordo com a seção áurea quando é composto de duas partes desiguais, das quais a
maior está para a menor assim como o todo está para a maior”. Deriva deste conceito o
que veio a se conhecer como retângulo de ouro ou áureo: um retângulo cuja razão entre
os lados maior e menor é equivalente ao chamado número de ouro [F = 1,618...].
Depois do Renascimento, a concepção platônica de beleza como atributo do objeto
foi criticada e alguns estudiosos começaram a adotar uma concepção mais ampla em que
a beleza não é só resultado das propriedades do objeto, mas que depende também das
circunstâncias que envolvem a apreciação ou fruição deste objeto. Já na Antigüidade,
nem todos os filósofos concordavam com a posição de Platão. Epicuro foi um que
apresentou uma teoria distinta argumentando que quando um indivíduo aprecia a beleza
entra em jogo um sentimento de prazer.
Traçados geométricos
Retângulos dinâmicos
Embora, à primeira vista, a imagem aparente simetria, pela posição central da cruz
pela linha também central do horizonte, o formato retangular do plano pictórico indica a
possibilidade de relações assimétricas. De fato, o formato retangular desta obra é
derivado do quadrado, num procedimento de estruturação geométrica bastante comum
desde os tempos da arte egípcia: a largura corresponde aos lados de um quadrado,
enquanto a altura corresponde ao eixo diagonal do mesmo quadrado. Constitui-se assim
uma forma retangular não muito alongada.
A inter-relação de retângulo e quadrado estabelece as subdivisões da imagem,
determinando também as várias posições e áreas de importância visual. Por exemplo,
tomando por base a largura, estabelece-se um quadrado, e com a mesma largura o raio
de um círculo. Projetados de baixo para cima, a partir dos cantos do quadrado, os dois
círculos se cruzam no alto da imagem e indicam a posição e o movimento da cabeça de
Cristo. Quando projetados a partir dos cantos do plano pictórico, esses mesmos círculos
se cruzam nos pés de Cristo. Lançando-os de cima para baixo, encontra-se no seu
cruzamento a linha da lagoa, no fundo da paisagem. Vamos projetar agora em cada canto
inferior um quadrado menor (cujo lado corresponde ao intervalo entre retângulo e
quadrado) e, em seguida, com o mesmo lado como raio, traçar um círculo. Estarão
delimitadas as áreas ocupadas pelas figuras de Maria e São João. Tomando como ponto
central da cabeça de Cristo, o mesmo círculo interligará com sua circunferência as duas
figuras dos ladrões. Vê-se que nenhum desses relacionamentos foi efeito por acaso.
Apesar da importância visual que tem a divisão simétrica pela cruz, e apesar da
imobilidade das pessoas, esse quadro é, sem dúvida, mais animado do que os de Giotto e
Bellini. É porque a tensão e o dinamismo crescem sensivelmente nos relacionamentos
assimétricos.
Alegoria da natureza em festa, este quadro também é uma festa para os olhos. A
primavera, uma jovem coroada e coberta de flores perseguida pelo Deus dos Ventos; as
Três Graças envoltas em gazes esvoaçantes, dançando; Mercúrio, o mensageiro dos
Deuses, colhendo uma fruta; e no meio, embaixo da figura alada de Cupido, dominando
as atenções com sua doçura e graciosa calma, está Vênus, Deusa do Amor.
O quadro é de grande formato: mede de 3,14m de largura por 2m de altura.
Evidentemente, Botticelli não precisou Ter calculado cada mínimo detalhe do quadro, a
posição e o tamanho de cada mão ou pé ou cabeça, mas não resta dúvida de que as
principais subdivisões, e os movimentos visuais que elas determinam, foram
estabelecidas antes de começar o trabalho. Diante da profusão de detalhes e ornamentos
que entram nessa composição, e do sentido de unidade harmoniosa que têm, não poderia
ser diferente. É oportuno lembrar que, ao se preparar intelectualmente para uma tarefa
dessa envergadura, o artista não precisa perder em nada sua espontaneidade nem
intensidade poética.
A proporção do quadro é de 2:3, duas partes de altura para três de largura.
Conferindo essa proporção, vemos como funcionam as principais subdivisões verticais no
quadro: a do lado direito serve de eixo para a figura triunfante de Flora, e a do lado
esquerdo para o círculo de dança das Três Graças. Vê-se que a composição enfatiza a
verticalidade, tanto nas seqüências rítmicas das figuras ou dos grupos, ou mesmo nos
troncos de árvores no fundo. Mas cabe observar também a função de eixos diagonais
interligando as áreas. São essas diagonais que estabelecem a movimentação visual em
forma de leque, regulando as direções assim como o distanciamento e alinhamento de
braços e pernas. Apesar do formato monumental, o quadro é de grande delicadeza e
musicalidade.
4. Tintoretto em “A última Ceia“
As medidas 3,65 x 5,68 metros nos fornecem uma primeira idéia: provavelmente
vamos encontrar uma proporção em torno de 3:5. De fato, subdividindo-se a altura em
três partes e a largura em cinco, confirma-se a idéia.
Os eixos verticais desta primeira divisão correspondem a vários detalhes: à posição
da haste da lâmpada sagrada, acima da figura da Virgem, aos intervalos nos grupos de
discípulos e, à direita, a grande figura do homem visto de costas. Contudo, não são as
horizontais nem as verticais que predominam na estrutura dessa imagem, e sim as várias
diagonais. Essas diagonais regulam as magnitudes e o violento recuo no espaço, nas
linhas de contorno do tampo da longa mesa onde está Cristo, ou da mesa na margem
direita, onde são servidos os pratos, ou ainda nas vigas do teto. Partindo de diversos
pontos nas margens sempre divisões de quintos as diagonais convergem num ponto de
fuga bem ao alto do lado direito.
Analisando o quadro, torna-se claro que as medidas de cinco e três, de um quinto,
três quintos, são intencionais. A divisão procede constantemente nessa ordem. Por
exemplo, o grupo luminoso de Cristo e dos discípulos mais chegados encontra-se no
terceiro quinto da área total. O intervalo de um quinto em cada uma das áreas
subdivididas também marca a posição da maioria das cabeças, de Cristo, Maria, dos
principais discípulos, ou dos domésticos do lado direito.
5. A proporção áurea em Leonardo Da Vinci - “Mona Lisa”
Conclusão
Bibliografia
BARKI, José. Capítulo 5 - Proporção: seção áurea e traçado regulador. In: Caderno
Didático Introdução ao Estudo da Forma. http://www.fau.ufrj.br/apostilas/CAP5.pdf
Doczi, Gyorgy. O poder dos limites: harmonias e proporções na natureza, arte e
arquitetura. São Paulo: ed. Mercuryo, 1990.
Ostrower, Fayga Perla. Universos da arte. Rio de Janeiro: ed. Campus, 1989.
Ostrower, Fayga Perla. Complexidade, percepção e criação artística.
http://www.geocities.com/complexidade/faigaos.html