Marketing de Servicos
Marketing de Servicos
Marketing de Servicos
DE SERVIÇOS
autora
SUZANA MARCIA MARANGONI
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial solange moura; roberto paes; gladis linhares; karen bortoloti;
jessamine thaize sartorello salvini
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
isbn: 978-85-5548-054-6
Prefácio 7
2. O Consumidor de Serviços 37
Objetivos 38
2.1 O Comportamento de Compra do Consumidor de Serviços 39
2.1.1 O Processo de Compra 40
2.1.2 Pré-Compra 44
2.1.3 Encontro do Serviço ou Estágio de Consumo 45
2.1.3.1 Tipos de Encontros de Serviços 45
2.1.4 Pós-Compra 46
2.1.5 Princípios do Processo de Compra – Estímulos 47
2.2 Front Office e Back Office 48
2.3 Como os Clientes Podem Reduzir os Riscos na
Prestação dos Serviços? 49
2.4 Produzindo e Entregando Valor ao Cliente:
Qualidade e Produtividade em Serviços 52
2.4.1 O Que é Valor para o Cliente? 52
2.5 Desenvolvimento do Conceito de Serviço 53
2.5.1 Serviço Adequado, Esperado ou Desejado 58
Atividades 59
Reflexão 60
Referências bibliográficas 61
Objetivos 66
3.1 Qualidade em Serviços como Diferencial Competitivo 67
3.1.1 Qualidade em Serviços: Diferencial de Mercado 67
3.1.2 Modelo de Qualidade Parasuraman 70
3.1.3 Dimensões da Qualidade 74
3.1.4 Fatores Determinantes da Excelência em Serviços 75
3.1.4.1 Desenvolvimento de uma Estratégia de Serviços 76
3.1.5 O Cenário de Serviço 79
3.1.5.1 Planejando o Ambiente de Serviços 80
3.2 Decisões Sobre o Composto de Marketing de Serviços:
Desenvolvimento de Novos Serviços, o Papel da Comunicação,
Sistemas de Entrega e Estratégias de Precificação de Serviços 83
3.2.1 Comunicação de Marketing 83
3.2.1.1 Principais Ferramentas da Comunicação de Marketing 84
3.2.1.2 Comunicação Integrada de Marketing 88
3.2.1.3 Problemas de Comunicação 90
3.2.2 Sistemas de Entrega em Serviços 92
3.3 Estratégias de Precificação de Serviços 94
Atividades 98
Reflexão 99
Referências bibliográficas 100
Objetivos 104
4.1 Pessoas 105
4.1.1 A Motivação 105
4.1.2 Endomarketing 107
4.1.3 Custumer Relationship Management - CRM 110
4.1.4 A Hora da Verdade 111
4.2 Mecanismos de Aprimoramento e Controle em
Marketing de Serviços 114
4.2.1 Sistemas de Informações sobre Qualidade de Serviços 116
4.2.2 Pesquisa de Satisfação 116
4.2.3 Entrevista com Focus Groups 118
4.2.4 O Pós-Venda 119
4.2.5 Sistemas para Atender as Reclamações dos Consumidores 120
4.2.6 Empowerment 121
Atividades 122
Reflexão 122
Referências bibliográficas 125
5. Gerenciando Relacionamentos e
Desenvolvendo Fidelidade – Estratégias de
Retenção e Recuperação de Clientes 127
Objetivos 128
5.1 Marketing de Relacionamento 129
5.1.1 Principais Elementos do Processo de
Relacionamento com o Cliente 132
5.1.2 Técnicas e Instrumentos de Marketing de Relacionamento 133
5.1.3 Campanhas de Retenção 136
5.1.4 Qual a Importância do Crm Nesse Processo 137
5.2 Reclamações, Recuperação de Clientes e
a Importância da Garantia 141
5.2.1 Reclamações 141
5.2.2 Recuperação de Clientes 146
5.2.3 A Importância da Garantia 148
5.3 Redução da Perda de Clientes 151
Atividades 152
Reflexão 153
Referências bibliográficas 154
Gabarito 155
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),
Bons estudos!
7
8
1
Introdução ao
Marketing de
Serviços
A partir das últimas décadas, o setor de serviços tem se desenvolvido rapida-
mente em todo o mundo, e responde hoje a cerca de 70% do PIB do Brasil,
sendo também o maior gerador de empregos e renda no país. No entan-
to, no passado os serviços não tinham tanto valor no mercado, eram con-
siderados apenas um adicional que não agregava muito valor à sociedade
(GRÖNROOS, 2006).
Devido às características peculiares dos serviços, é preciso uma gestão específica para
o setor, pois a função do marketing para serviços é mais ampla do que a do marketing
para produtos físicos(GRÖNROOS, 2006).
OBJETIVOS
Neste capítulo, pretende-se que sua aprendizagem seja referente a:
10 • capítulo 1
1.1 O Mundo dos Serviços
Basta olhar ao nosso redor, e iremos perceber a diversidade de serviços que nos
cercam: educação, saúde, moradia, alimentação, entretenimento, transpor-
te etc., sendo alguns deles essenciais à vida, já outros, supérfluos, mas todos
para facilitar o nosso dia a dia. Mas o que é um serviço? Seria diferente de um
produto?
Para Berry (1980), um produto pode ser um objeto, um aparelho ou uma coi-
sa, enquanto que o serviço é uma ação, um desempenho, isto é, é o resultado de
um esforço. Empresas prestadoras de serviços podem oferecer desde um pro-
duto tangível, ou seja, um bem, até um serviço, ou ainda incluir ambos em suas
ofertas. Dessa forma, ao elaborar suas ofertas ao mercado, uma empresa pode
oferecer serviços como sendo a maior ou menor parte delas.
Outra definição para serviço: “... é qualquer ato ou desempenho, essencialmente intan-
gível, que uma parte pode oferecer a outra e que não resulta na propriedade de nada.
A execução de um serviço pode estar ou não ligada a um produto concreto”(KOTLER
E KELLER, 2006, p. 397).
capítulo 1 • 11
Já para Grönroos 2006, p. 65:
12 • capítulo 1
Onde são oferecidos tantos bens tangíveis,
OFERTA HÍBRIDA quanto os serviços a eles relacionados,
como por exemplo, restaurantes;
Como compra de passagens aéreas (o ser-
OFERTA DE UM SERVIÇO PRINCIPAL ASSOCIADO A viço principal é o transporte, porém, durante
BENS OU SERVIÇOS SECUNDÁRIOS o voo, são servidas refeições, que incluem
bens e serviços secundários);
Como o trabalho de um massagista, terapeu-
OFERTA DE SERVIÇO PURO
ta ou psicólogo.
capítulo 1 • 13
as quais impactam diretamente na implementação de estratégias de marke-
ting, as quais são apresentadas a seguir.
14 • capítulo 1
mesmo do próprio cliente, que interfere nesse processo. Por exemplo: alguns
médicos são extremamente detalhistas em uma consulta médica, diferente de
outros. No entanto, um mesmo médico pode ter comportamento diferente de
acordo com a exigência do paciente, que pode fazer mais perguntas, dar maiores
detalhes sobre sua saúde etc. Assim, alguns pacientes podem ficar satisfeitos
com a consulta médica, enquanto outros não. Nesse caso, houve a interferência
do “cliente” no processo de prestação do serviço. Essa variabilidade depende,
portanto, tanto de quem presta, quanto de quem “consome” o serviço. No setor
de serviços, é comum ver pessoas pedindo referências a amigos, conhecidos e
a outros clientes antes de decidirem por um fornecedor de serviços (KOTLER,
2000). Apesar das dificuldades, a padronização de serviços está acontecendo
cada vez mais, no intuito de trazer maiores lucros e reduzir erros durante a sua
prestação. As franquias de comida, os serviços de limpeza etc. são exemplos da
padronização de serviços. No entanto, deve haver uma preocupação por parte
da empresa de se flexibilizar a oferta de serviços, no intuito de adequá-la aos
interesses dos clientes (NÓBREGA, 2013).
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capítulo 1 • 15
• Perecibilidade ou impossibilidade de estocar: os serviços não são estocá-
veis, ou seja, ao contrário dos produtos físicos, não se pode estocar serviços para su-
prir uma demanda maior no futuro. Enquanto que no mercado de bens de consu-
mo pode-se estocar uma grande quantidade de produtos para vendas futuras, em
se tratando de um serviço, a realidade é que ele só poderá ser prestado a partir da
presença ou solicitação por parte do consumidor (NOBREGA, 2013). Exemplo: um
salão de beleza que faz uma promoção terá uma demanda maior para atender e,
portanto, deverá planejar as formas de atender a essa maior demanda de clientes:
maior número de cabeleireiras e manicures disponíveis, se for o caso, maior espa-
ço físico, estacionamento etc. Portanto, em serviços, exige-se uma administração
de demanda ainda mais eficiente do que em bens físicos (KOTLER, 2000).
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16 • capítulo 1
1.1.2 Os Tipos de Serviços
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capítulo 1 • 17
CONEXÃO
Para aprender mais sobre os tipos de serviços, leia o artigo “Aplicação de simuladores de
eventos discretos no processo de modelagem de sistemas de operações de serviços”, dispo-
nível em <http://www.scielo.br/pdf/gp/v16n1/v16n1a04.pdf>.
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18 • capítulo 1
uma sensação de que foram atendidos de maneira personalizada (CORRÊA e
CAON, 2008).
• Serviços profissionais de massa: assemelham-se aos serviços profissionais
quanto à personalização, e possuem como diferencial o aumento de ganhos de es-
cala, ou seja, o intuito da empresa, nesse caso, é o de atender a um número maior
de clientes por dia em cada unidade de operação. Nesse caso, a empresa tenta redu-
zir a variabilidade de suas operações, no intuito de padronizá-las ao máximo, para
alcançar maiores índices de produtividade (CORRÊA e CAON, 2008).
• Lojas de serviços: possuem menor contato com os clientes em relação aos
serviços profissionais, e muito maior contato em relação aos serviços de massa.
CONEXÃO
Leia o artigo “A arte de agregar valor ao serviço: um estudo sobre as variáveis que interferem
na escolha de um restaurante”, disponível em <http://www.uesc.br/revistas/culturaeturis-
mo/ano7-edicao2/2.santos.pdf>.
capítulo 1 • 19
Em 2013, a Pesquisa Mensal de Empregos em Serviços demonstrou que os ser-
viços foram os responsáveis pelo emprego de 26 milhões de pessoas, equivalendo
a 52,4% da economia brasileira, tendo um crescimento de 2,4% ao ano (CONFE-
DERAÇÃO NACIONAL DE SERVIÇOS – CNS, 2013). A figura 1.1 demonstra como
os empregos estavam distribuídos por setor, no período de janeiro a abril de 2013:
Serviços Agropecuária
25.993.856 1.523.407
54,2% 3,2%
Extrativa Mineral
248.426
0,5%
Indústria de
Transformação
7.913.311
16,5%
Construção Civil
3.161.874
6,6%
Comércio
9.099.273
19,0%
Figura 1.1 – Distribuição do emprego por setor, janeiro a abril de 2013. Fonte: Confederação
Nacional de Serviços – maio de 2013.
CONEXÃO
Veja mais informações sobre o setor de serviços para a economia brasileira por meio do
artigo “O setor de serviços e sua importância na economia brasileira”, disponível no link:
<http://www.convibra.com.br/2007/congresso/artigos/217.pdf>. Vale a pena saber mais
sobre esse importante e complexo setor!
20 • capítulo 1
De acordo com o IBGE (2010), o setor de serviços no Brasil é bastante hete-
rogêneo quanto ao desempenho das empresas prestadoras de serviços; ao nível
de inovação e tecnologia empregadas e aos diferentes perfis de profissionais
que emprega. Basta observarmos o mercado e perceber a grande diversidade de
serviços, e até mesmo nos surpreender com certos tipos deles!
Por exemplo, hoje em dia não é mais preciso ir até o supermercado: há em-
presas especializadas em fazer as compras, levar até a sua casa, e guardar todos
os produtos em seus armários e geladeira, mediante um pequeno custo! Ou ain-
da, você pode optar pela maneira “mais antiga”, e comprar diretamente no site
do seu supermercado de preferência, que se encarregará de entregar as suas
compras. Nesse caso, você terá que providenciar a organização dos produtos
em seus armários e geladeira, é claro.
O exemplo acima visa demonstrar como o dia a dia agitado e a busca por
maior comodidade se tornaram uma fonte de oportunidade de negócios. Além
disso, a concorrência e a procura cada vez maior por serviços têm promovido
um ambiente propício para o desenvolvimento desse setor.
capítulo 1 • 21
CONEXÃO
O artigo “A importância dos serviços suplementares no setor de serviços: uma análise no
nível de satisfação do cliente”, disponível no link: http://www.revistas.usp.br/rege/article/
view/36647/39368, mostra como os serviços complementares também são importantes no
alcance da satisfação do cliente. Boa leitura!
Serviços pessoais
Manufatura • Saúde
Serviços internos • Restaurantes
Serviços comerciais
da empresa: • Hotéis
• Atacado
• Finanças
• Varejo
• Contabilidade
• Manutenção
• Jurídico
• P&D e design Consumidor
(autoserviço)
Serviços de apoio
aos negócios Serviços governamentais
• Consultoria • Militares
• Auditoria • Educacionais
• Propaganda • Judiciário
• Recolhimento de lixo • Polícia e Corpo de Bombeiros
Figura 1.2 – Papel dos serviços na economia. Fonte: Fitzsimmons e Fitzsimmons (2010,
p. 27).
22 • capítulo 1
Gianesi (1996) afirma que o crescimento do setor de serviços foi uma impor-
tante mudança na economia moderna, tendo como algumas de suas causas:
a busca de melhor qualidade de vida, mudanças demográficas, tecnológicas,
socioeconômicas, consumidores mais exigentes etc. prosperando pelo mun-
do todo. Segundo Sarquis (2009), o setor possui um importante papel no am-
biente social no mundo, destacando-se com taxas de crescimento superiores
aos demais setores da economia, alcançando elevada participação no Produto
Interno Bruto (PIB) de diversos países.
CONEXÃO
Para saber mais sobre o setor dos serviços no Brasil e no mundo, leia o texto de Antônio
Paulo de Oliveira: “O setor de serviços: um incontestável meio de oportunidades de desafios”,
disponível no link: <http://www.hsmeducacao.com.br/downloads/setor.pdf>. Boa leitura!
capítulo 1 • 23
CONEXÃO
Acesse o site da empresa Agrega, que nasceu dos serviços que tinham mera função de
apoio. Com a joint venture entre as duas grandes empresas brasileiras Souza Cruz e Ambev,
esses serviços deixaram de ser apoio e passaram a ser os centros de lucro. Acesse: <www.
agrega.com.br>. Explore o conteúdo!
24 • capítulo 1
processo, torna-se essencial que as organizações atuantes no setor prezem pela
elaboração de estratégias específicas de marketing para suas operações, a fim
de alcançarem a diferenciação (LOVELOCK e WRIGHT, 2004). Mesmo que se-
jam difíceis de serem padronizados, os serviços passaram a ser operacionaliza-
dos de tal maneira para atender a uma grande quantidade de clientes.
Kotler (2000) afirma que quando diferenciar serviços se torna uma tarefa
difícil, o segredo é adicionar serviços que sejam valorizados pelo cliente e que
possam melhorar a sua qualidade.
CONEXÃO
Você gosta de ir ao cinema? O cinema é uma empresa prestadora de serviço – entreteni-
mento, certo? Imagine então o que uma empresa assim poderia fazer para diferenciar os
seus serviços? As salas “vip” são comuns hoje em dia: você tem uma confortável poltrona
reclinável e pode fazer seus pedidos dali mesmo. Agora, imagine um cinema que ofereça
sessões de grandes sucessos em frente a uma piscina com água aquecida, cheia de boias
à disposição de adultos e crianças! Isso já não é mais pura imaginação: o hotel Four Sean-
son Resort Residencs, no Colorado, por diárias que vão até US$ 244 , oferece esse tipo
de serviço diferenciado! Veja mais em <http://revistalounge.com.br/cinema-na-piscina/>
e <http://www.fourseasons.com/vail/services_and_amenities/?c=t&_s_icmp=mmenu>.
Você iria a esse cinema?
capítulo 1 • 25
2006). Em se tratando de serviços, existem ainda outras três variáveis tão impor-
tantes quanto aos 4P’s: pessoas, evidência física (P de physical) e processos. Esses
“Ps" irão ajudar os profissionais de serviços na comunicação com seus clientes,
objetivando um melhor atendimento. Assim, em serviços, temos um composto
de marketing formado pelos 7P’s e não apenas pelos 4P’s de bens físicos (LOVE-
LOCK e WIRTZ, 2006). Então, vamos estudar os 7P’s do marketing de serviços!
26 • capítulo 1
de seus produtos e serviços. Uma importante questão a ser destacada aqui é a
necessidade de se atender exatamente ao que é comunicado ao consumidor na
promoção. Infelizmente, muitas empresas prestadoras de serviços deixam de
prover a satisfação de seus clientes à altura das promessas feitas no mercado
(KOTLER e ARMSTRONG, 2007);
5. Ambiente físico ou evidência física (Physical): como os serviços são in-
tangíveis, e não há como o cliente ter certeza se ficará satisfeito ao final dele, ex-
ceto se passar pela experiência do serviço, os consumidores de serviços buscam
evidências físicas, como objetos e coisas tangíveis que facilitem o desempenho
ou a comunicação da empresa, para auxiliá-lo a obter “pistas” tangíveis sobre a
qualidade e confiabilidade dos serviços. Por exemplo: prédios, veículos, pessoas,
materiais impressos, mobília interior, equipamentos, jardins etc. podem exercer
forte influência sobre a impressão do cliente em relação aos serviços (LOVELOCK
e WRIGHT, 2002; LOVELOCK e WIRTZ, 2006). Os autores destacam que as evi-
dências físicas são de suma importância para a prestação de serviços, pois é o
ambiente em que ocorrem os serviços e também a interação com o cliente;
6. Processo: envolve todas as atividades e procedimentos a serem reali-
zados na prestação do serviço, incluindo sistemas de execução e operação dos
mesmos (ZEITHAML e BITNER, 2003). Como um serviço é realizado por meio
de uma sequência de atividades conduzidas por método, precisa ser bem de-
senvolvido para que não se torne um serviço lento, ineficaz e burocrático, e cau-
se a insatisfação dos clientes;
7. Pessoas: constituem o bem
mais valioso das organizações, pois ©© MATEUSZ ZOGA| DREAMSTIME.COM
capítulo 1 • 27
cliente implicará em uma avaliação negativa da qualidade do serviço e colocará
a empresa em desvantagem com concorrentes que conseguem atender satisfato-
riamente seus clientes.
28 • capítulo 1
1.4.2 Lugar e Tempo
©© FLYNT | DREAMSTIME.COM
1.4.3 Processos
Um processo é constituído por uma série de ações e operações que dão origem
aos produtos ou serviços. É importante que a organização defina o método e a
sequência de ações em que operam o sistema de operações dos serviços que
presta, na tentativa de obter um desempenho mais produtivo, com menor inci-
dência de falhas nos serviços prestados (LOVELOCK e WRIGHT, 2006).
capítulo 1 • 29
1.4.4 Produtividade e Qualidade
1.4.5 Pessoas
30 • capítulo 1
1.4.6 Produção e Educação
capítulo 1 • 31
1.4.8 Preço e Outros Custos do Serviço
ATIVIDADES
01. Marque a alternativa que não representa uma característica dos serviços:
a) Estocabilidade
b) Perecibilidade
c) Intangibilidade
d) Heterogeneidade
e) Inseparabilidade
32 • capítulo 1
02. Marque a alternativa incorreta em relação à definição de serviço:
a) Um serviço consiste no ato ou desempenho que uma parte oferece a outra, sendo uma
atividade intangível, podendo envolver ou não bens físicos.
b) Serviços são atividades econômicas que criam valor e fornecem benefícios para clientes
em tempo e lugares específicos.
c) Serviço é um ato ou desempenho oferecido por uma parte a outra, podendo ou não estar
relacionado a um produto físico.
d) Um serviço pode ser conceituado como qualquer ato ou desempenho que uma parte
possa oferecer a outra, resultando na propriedade do mesmo por parte do cliente.
e) O serviço pode ser uma atividade ou uma série de atividades de natureza mais ou menos
intangível, fornecida como solução aos problemas dos clientes.
REFLEXÃO
Reflita sobre o valor que você, como cliente, atribui aos produtos e serviços que compra. Para
ajudar na sua reflexão, leia na íntegra o artigo “O valor percebido como elemento estratégico
para obter a lealdade dos clientes”, disponível em <http://www.regeusp.com.br/arquivos/
v07-4art05.pdf>
LEITURA
Leia o artigo “Os Ps do marketing de serviços: saiba como atender aos desejos e necessi-
dades dos consumidores”, disponível em: <http://canaldoempreendedor.com.br/marketing-
categorias/os-ps-do-marketing-de-servicos-saiba-como-atender-aos-desejos-e-necessida-
des-dos-consumidores/> para aprender mais sobre os 7P’s dos serviços.
Leia também os capítulos iniciais de Philip Kotler, Administração de Marketing, da Editora
Prentice Hall.
Boa leitura!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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capítulo 1 • 33
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capítulo 1 • 35
36 • capítulo 1
2
O Consumidor de
Serviços
Não diferente do marketing voltado aos bens de consumo, o marketing de
serviços também precisa conhecer o público-alvo da empresa prestadora de
serviços, bem como elaborar estratégias que possam melhor atender aos seus
clientes. Para tanto, é imprescindível estudar o comportamento do consumi-
dor de serviços para estabelecer estratégias de sucesso para a organização. É
sobre este assunto que trataremos neste capítulo.
OBJETIVOS
Neste capítulo, pretende-se que sua aprendizagem seja referente a:
38 • capítulo 2
2.1 O Comportamento de Compra do
Consumidor de Serviços
Comportamento do consumidor
Figura 2.1 – Comportamento do consumidor. Fonte: Blackwell, Miniard e Engel (2011, p. 7).
capítulo 2 • 39
Como podemos observar, há diversas questões que influenciam o compor-
tamento do consumidor. Além disso, as empresas devem identificar qual é o
papel do cliente no processo de compra. Isto é, muitas vezes, quem compra o
produto pode não ser o usuário do mesmo ou o usuário de um produto ou ser-
viço pode não ser quem comprou, pagou ou escolheu por ele. Trataremos deste
assunto a seguir.
Iniciador
Usuário Influenciador
Papéis
de
Compra
Comprador Decisor
Figura 2.2 – Os papeis de compra dos consumidores. Fonte: Urdan e Urdan (2010, p. 233).
40 • capítulo 2
O iniciador é quem inicia o processo de compra; o influenciador é aquele
cujas crenças, intenções, sentimentos e comportamentos influenciam a deci-
são de compra; o decisor é quem dá a palavra final sobre qual produto com-
prar; o comprador é quem cuida da transação propriamente dita, entrando em
contato com o fornecedor do produto e argumenta as condições do negócio; e,
finalmente, o usuário é a pessoa que usa o produto, usufruindo de seus benefí-
cios (URDAN, URDAN, 2010).
Cabe a cada empresa prestadora de serviços identificar qual (ou quais) dos
papeis apresentados é (ou são) exercido (exercidos) pelos seus clientes e definir
estratégias específicas para esse tipo de consumidor.
Há, ainda, influências internas e externas que afetam o processo de compra.
As influências internas referem-se à percepção do indivíduo a cerca do produto
ou serviço; a aprendizagem, que reúne as informações e experiências acumu-
ladas sobre um produto ou serviço; a motivação do consumidor, que pode ser
incentivada com o uso de, por exemplo, propagandas que estimulem o consu-
mo do produto; e a atitude, que se refere ao sentimento do cliente sendo a favor
ou contra um produto ou serviço (KOTLER; KELLER, 2006; URDAN; URDAN,
2010).
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capítulo 2 • 41
Já as influências externas são: a cultura das pessoas, formada por seus valo-
res, normas, rituais e mitos (SHETH; MITTAL; NEWMAN, 2001); os grupos de
referências, que são as pessoas, grupos ou instituições os quais servem como
“modelos” para os indivíduos em relação ao seu comportamento e valores
(SHETH; MITTAL; NEWMAN, 2001); e o valor pessoal, representado pela renda,
riqueza e poder de crédito de um indivíduo.
Cabe à empresa identificar e estudar as influências sobre o comportamento
de compra dos seus clientes para definir uma oferta apropriada e diferenciada
ao mercado.
Para que um consumidor finalmente compre um produto ou serviço, ele
precisará passar por algumas fases do chamado processo de compra. São cinco
as etapas do processo de compra, a saber: reconhecimento do problema; busca
de informações; avaliação de alternativas; decisão de compra; e comportamen-
to pós-compra (SHETH, MITTAL, NEWMAN, 2001; KOTLER, KELLER, 2006;
HAWKINS, MOTHERSBAUGH, BEST,2007). No entanto, não são todos os con-
sumidores que passam por todas essas fases, pois podem pular algumas delas
ou até invertê-las (KOTLER; KELLER, 2006).
A figura 2.3 mostra as cinco etapas do processo de compra pelas quais um
consumidor pode passar:
Figura 2.3 – Modelo das cinco etapas do processo de compra do consumidor. Fonte: Kotler
e Keller (2006, p. 189).
42 • capítulo 2
número seleto de marcas que conhece ou se lembra no momento de tomar a de-
cisão. Quanto às fontes dessas informações, podem ser fontes pessoais (família,
amigos, vizinhos etc.), fontes comerciais (vendedores, embalagens, propagan-
das etc.), fontes experimentais (uso do produto, manuseio etc.) e fontes públicas
(meios de comunicação em massa, organizações de classificação do produto);
CONEXÃO
De acordo com Kotler e Keller (2006, p. 195 e 196), esses são os tipos de riscos percebidos
pelo cliente no momento da compra ou consumo de um produto ou serviço:
capítulo 2 • 43
Brasil (2002) apresenta uma tabela com as características do processo de
compra de serviços, a partir de vários autores:
ETAPAS CARACTERÍSTICAS
Reconhecimento da Genericamente, o reconhecimento de uma necessida dá-
Necessidade se de modo similar para os diferentes tipos de produtos.
Maior ênfase em experiências anteriores;
Busca das Informa- Maior ênfase e confiança em fontes pessoais do que
ções impessoais;
PRÉ-COMPRA Maior eficácia de fontes independentes.
Tendência a utilizar um número menor de alternativas;
Avaliação das Alter- Maior dificuldade de comparação;
nativas Impossibilidade de realizar um pré teste do serviço;
Dificuldade de antecipar resultados/qualidade;
Não gera a propriedade de serviço;
Normalmente implica em contato entre o produtor do
serviço e o consumidor;
CONSUMO Compra e Consumo
Maior relevância do fator tempo;
Participação do consumidor como co-produtor, em muitos
casos.
Avaliação tanto de resultados quanto de processos;
Maior dificuldade de avaliação dos resultados de um
Avaliações Pós-con- serviço;
PÓS-COMPRA sumo Forte influência de fatores situacionais e do ambiente de
prestação de serviço;
Percepção de valor baseada em elementos subjetivos.
Tabela 2.1 – Características do processo de compra de serviços. Fonte: elaborado por Brasil,
V. S. (2002), a partir de Shostack (1977), Berry (1980), Zeithaml (1981), Murray (1991),
Lovelock (1996), Hoffman & Bateson (1997) e Lovelock & Wright (2001).
2.1.2 Pré-Compra
44 • capítulo 2
2.1.3 Encontro do Serviço ou Estágio de Consumo
capítulo 2 • 45
©© ANDRES RODRIGUEZ | DREAMSTIME.COM
2.1.4 Pós-Compra
46 • capítulo 2
2.1.5 Princípios do Processo de Compra – Estímulos
De acordo com Cobra (1997), cada consumidor reage de maneira diferente sob
os estímulos, que ocorre porque cada pessoa possuiu uma “caixa preta diferen-
te”. Como cada pessoa é diferente da outra, cada uma vai satisfazer suas ne-
cessidades de alimentação, vestuário, diversão etc. da sua maneira, afetando e
diferenciando suas decisões de compra e seus comportamentos. Daí a impor-
tância da empresa conhecer bem o seu cliente para tentar oferecer produtos e
serviços de valor, que venham ao encontro de suas expectativas, pois os aspec-
tos relacionados ao comportamento do consumidor estão ligadas às ações dos
consumidores.
Já os autores Samara e Morsch (2005) consideram que os consumidores são
como icebergs:
capítulo 2 • 47
2000). Além desses fatores, incluem-se os de âmbito econômico, tecnológico,
político e cultural, e também os estímulos do composto de marketing (produto:
atributos e vantagens; preço (custos de aquisição e utilidade); distribuição (dis-
posição no tempo e no espaço); propaganda e promoção (informação e persua-
são como estimuladores à compra). Todos esses fatores influenciam o processo
decisório que levará o consumidor a escolher qual produto, marca, fornecedor,
momento da compra e quantidade comprará (CARO et al. 2011).
Caro et al. (2011) acrescenta a essa lista os estímulos de marketing e outros
estímulos, que mudam a cada dia com o avanço da tecnologia. Assim, as formas
de comprar (hábitos e estilos) estão sendo modificadas por inovadoras estraté-
gias de marketing, preparadas para atender a um público muito diferente do
passado. Para os autores, “O processo de decisão de compra do consumidor
está se adaptando às facilidades trazidas pela Internet, que tem recebido uma
adoção crescente e contínua” (CARO et al, 2011, p. 581).
Assim, são diversos os fatores que levam os consumidores à decisão de
compra e, portanto, cabe ao profissional de marketing estar alerta a eles, tran-
çando ações que atraiam e cativem as pessoas a comprarem seus produtos e
serviços. Os meios a serem utilizados para isso podem ser: “[...] propagandas
persuasivas, decoração atraente de lojas e preços promocionais convidativos”
(SAMARA, MORSCH, 2005, p. 2) na tentativa de seduzi-los por meio de estraté-
gias mercadológicas eficazes (SAMARA, MORSCH, 2005).
Cada vez mais essas ações se tornarão um desafio, pois os consumidores
mais exigentes, conscientes e poderosos a cada dia, graças à inovação e diver-
sificação de produtos e serviços oferecidos no mercado, destacando-se o uso
da tecnologia como maior causador dessa situação (SAMARA, MORSCH, 2005).
48 • capítulo 2
©© MIRCO VACCA | DREAMSTIME.COM
Assim, relembrando, os funcioná-
rios que atuam tanto no front office,
quanto no back office, possuem pouca
ou muita autonomia ao lidar com os
clientes de acordo com a orientação
da empresa em relação ao atendimen-
tos das necessidades desses clientes.
Algumas vezes, a maior parte do va-
lor é adicionada no back office, onde
os funcionários que atuam indireta-
mente com os pedidos dos clientes,
seguindo procedimentos predetermi-
nados em suas funções precisamente
definidas (SLACK, 2002).
Vale lembrar que de acordo com o
tipo de serviço, o contato com o clien-
te é afetado, resultando em serviços
de baixou ou alto contato, como tam-
bém vimos no capítulo 1.
Uma vez que se aceite a fórmula que equipara o valor aos benefícios menos os custos,
há três modos de incrementar o valor percebido pelo cliente. O primeiro deles é aumen-
tar os benefícios e manter os custos inalterados. O segundo é manter os benefícios
inalterados e reduzir os custos. O terceiro é aumentar os benefícios e, ao mesmo tempo,
reduzir os custos. Todas essas abordagens resultam na ampliação do valor percebido
(KOTLER, HAYES E BLOOM, 2002, p. 341).
capítulo 2 • 49
Esses custos são: custos sensoriais (como incômodos (ruídos, por exemplo)
causados pela prestação do serviço), custo de tempo ou conveniência (tempo e cir-
cunstância em que é prestado o serviço), custo de oportunidade (ao escolher uma
determinada empresa, o cliente deixa de procurar por outras), custo psicológico (re-
lacionado à tomada de decisão), custos sociais (relação da decisão com a imagem
da empresa), custos físicos (representam risco à vida e integridade física do cliente)
(KOTLER, HAYES E BLOOM, 2002, p. 341; LOVELOCK, WIRTZ, HEMZO, 2011).
Cabe à empresa prestadora de serviços esclarecer muito bem todo o proces-
so do serviço, bem como tomar outras providências que possam minimizar e
controlar as expectativas dos clientes.
A figura 2.4 demonstra os custos que um consumidor pode incorrer em
qualquer dos estágios da prestação de serviço:
Custos de compra e
Custo psicológico
encontro de serviços
Custo sensorial
*Inlui as cinco
categorias.
Acompanhamento necessário
Custos de pós-compra*
Solução de problemas
Figura 2.4 – Definindo os custos totais dos clientes. Fonte: Lovelock, Wirtz e Hemzo (2011, p.177).
Esses custos percebidos pelo cliente também são chamados de “riscos per-
cebidos” por Schiffman e Kanuk (2000). Segundo os autores, esses principais
riscos percebidos são: risco funcional (o desempenho do produto pode não
ser o esperado), risco financeiro (o produto pode não valer o seu custo), ris-
co social (como as pessoas reagirão em relação à sua escolha), risco psicoló-
gico (pode ferir o ego do cliente) e risco de tempo (tempo desperdiçado caso o
produto não atenda as necessidades esperadas) (SCHIFFMAN, KANUK, 2000;
ROSELIUS, 1971, JACOBY, KAPLAN, 1972).
50 • capítulo 2
Esses riscos variam de acordo com a pessoa, produto, situação e cultura.
Quando a percepção do consumidor é de alto risco, mais limitadas são suas
escolhas. Já os que têm percepção de baixo risco, normalmente ampliam suas
alternativas (SCHIFFMAN, KANUK, 2000).
Para tentar diminuir esses riscos percebidos, os consumidores podem usar
as estratégias sugeridas por Bauer (1960):
capítulo 2 • 51
2.4 Produzindo e Entregando Valor ao Cliente:
Qualidade e Produtividade em Serviços
Dessa forma, a oferta que proporcionar maior valor para o cliente refletirá bene-
fícios por ele percebidos, podendo estar relacionado a qualidade, serviço e preço. As
empresas devem considerar esses elementos ao elaborar as suas ofertas ao mercado.
Kotler (1998) afirma que uma oferta de valor resulta da diferença entre o va-
lor total esperado pelo consumidor e o custo total para esse consumidor. Dessa
forma, o valor percebido é aquele atribuído pelos clientes a um produto ou ser-
viço, baseado nos benefícios oferecidos e os custos de sua aquisição, compara-
do aos produtos e serviços da concorrência.
Para Zeithaml (1988), constitui-se valor percebido pelo cliente a sua avalia-
ção do produto ou serviço de acordo com sua utilidade, baseado nos benefícios
e custos percebidos.
Devemos considerar alguns aspectos sobre o valor (DOMINGUEZ, 2000):
• O valor percebido varia de acordo com o momento da avaliação do produ-
to ou serviço (pré-compra, imediatamente pós-compra, após longo tempo de
compra e uso);
• As expectativas dos clientes crescem a cada dia, podendo considerar hoje como
sendo de baixo valor, um produto que antes era tido como de alto valor percebido;
• Pode haver diferenças entre as expectativas dos clientes e as percepções da em-
presa, relacionadas aos atributos de valor do produto ou serviço. Nesse caso, pode
ocorrer uma falha (gap*) em relação ao que a empresa entende o que o cliente quer e
o que o cliente diz querer;
52 • capítulo 2
• A definição de valor pode ser diferente de acordo com o tipo de mercado
consumidor a que o cliente pertence. Por exemplo, um consumidor final (B2C)
valoriza mais questões pessoais ao definir o valor de um produto que consome,
enquanto um cliente organizacional (B2B) valoriza mais questões racionais
quanto ao desempenho do produto ou serviço comprado;
• O valor de um produto ou serviço pode não ter o mesmo significado para
outro consumidor, dadas as características de cada um;
• O uso do produto ou serviço também influencia o valor que lhe é atribuído;
• O valor percebido resulta também do valor agregado ao longo da cadeia
de suprimento do produto ou serviço;
• Nem sempre o valor percebido pelo cliente está relacionado à qualidade
do produto ou serviço. Portanto, isso significa que uma empresa pode cometer
um grande erro se pensar que melhorar a qualidade de seus produtos ou servi-
ços refletirá em maior valor entregue ao cliente. Trataremos deste assunto mais
detalhadamente no capítulo 3 deste material.
As empresas de serviços podem medir seu desempenho por meio dos resul-
tados alcançados. Mesmo que os serviços sejam intangíveis, é preciso mensu-
rar o que for possível em relação aos resultados da empresa e ajustar, sempre
que necessário, as estratégias e planos de ação em busca da satisfação e fide-
lização dos clientes. Por exemplo, uma empresa pode exigir relatórios sobre o
desempenho dos funcionários semanalmente, quinzenalmente ou da maneira
que lhe for mais apropriada.
capítulo 2 • 53
Programa de endomarketing (ou marketing interno) e marketing
interativo
54 • capítulo 2
Essa ação tem por objetivo conseguir que todos na empresa pratiquem a
orientação para o cliente. Nesse sentido, o marketing interno deve preceder o
marketing externo, preparando os colaboradores para que tenham orgulho e
se sintam motivados por trabalharem na empresa e, consequentemente, con-
sigam prestar serviços de qualidade superior (KOTLER, ARMSTRONG, 2007).
Para tanto, a empresa precisa adotar o marketing interativo, que foca obter
qualidade dos serviços por meio da qualidade da interação entre os clientes e
os funcionários. No mercado atual, as empresas de serviços devem “dominar
as habilidades do marketing interativo” (KOTLER, ARMSTRONG, 2007, p. 219).
A figura 2.5 apresenta os três tipos de marketing de serviços:
Empresa
Marketing Marketing
Interno Externo
Funcionários Clientes
Marketing Interativo
Figura 2.5 – Os três tipos de marketing de serviços. Fonte: Kotler e Armstrong, (2007,
p. 219).
CONEXÃO
Leia mais sobre o marketing interativo em: <http://www.administradores.com.br/noticias/
marketing/marketing-interativo-influenciara-80-das-compras-ate-2015/58108/> e perce-
ba como essa importante ferramenta é capaz de influenciar as compras. Boa leitura!
capítulo 2 • 55
De acordo com Lovelock, Wirtz e Hemzo (2011, p. 309), “[...] organizações
de todos os tipos – de hospitais e hoteis a restaurantes e escritórios de serviços
profissionais – reconhecem que o ambiente de serviço é um componente im-
portante do composto de marketing e da proposição total de valor”.
Portanto, é essencial que as organizações de serviços elaborem projetos do
ambiente bem pensados, já que isso exige esforço e tempo consideráveis, além
de poder ser dispendioso (LOVELOCK, WIRTZ, HEMZO, 2011).
Pesquisas de mercado
56 • capítulo 2
Cada situação deve ser analisada para descobrir qual dos tipos de pesquisa é
mais apropriado para resultar em informações importantes para a organização.
capítulo 2 • 57
Cliente Misterioso
CONEXÃO
Leia mais sobre o marketing interativo em: <http://www.administradores.com.br/artigos/
academico/tipos-de-pesquisa-de-marketing/72792/>. Boa leitura!
Para reter seus clientes, as empresas precisam satisfazer (e até encantar) seus
clientes. Um cliente sempre terá uma expectativa a respeito de um produto ou
serviço que comprar. Então, as empresas precisam garantir que seus clientes
percebam seus serviços prestados como de qualidade e valor. Pode ocorrer uma
desconfirmação das expectativas, ou seja, quando o consumidor compara o ser-
viço recebido com as suas expectativas e percebe diferenças. Se o serviço for per-
cebido como sendo igual ou superior ao serviço esperado, o consumidor ficará
satisfeito. Caso contrário, o serviço é percebido como sendo de baixa qualidade.
Para Berry e Parasuraman, o serviço desejado pode ser conceituado como
sendo o nível de serviço esperado pelo consumidor, ou seja, corresponde a uma
mistura daquilo que acredita que "pode ser" com aquilo que "deveria ser" pres-
tado pela empresa (ZEITHAML e BITNER, 1996, p. 77). Existe também outro ní-
vel de serviço, onde a expectativa é reduzida, chamado de serviço adequado ou
serviço suficiente, que corresponde ao menor nível aceitável pelo consumidor
em relação ao desempenho de um serviço prestado.
58 • capítulo 2
Dada a variabilidade ou heterogeneidade dos serviços (diferenças no aten-
dimento de diferentes funcionários de uma mesma empresa ou dos mesmos
funcionários ao longo do tempo), reconhece-se uma faixa de tolerância de ex-
pectativas do consumidor de serviços (ZEITHAML, BITNER, 1996). É claro que
empresas de sucesso buscam operar com altos níveis de qualidade, superando
as expectativas dos seus clientes. No entanto, é importante que o gestor saiba
que se a organização tiver problemas no fornecimento de serviços e não extra-
polar a faixa da tolerância dos consumidores, poderá não ter problemas mais
sérios. No entanto, deve buscar manter serviços percebidos como sendo de alta
qualidade para garantir o sucesso da empresa no mercado.
ATIVIDADES
01. Marque a alternativa incorreta em relação aos serviços.
a) Mais que na indústria de bens manufaturados, os elementos fundamentais na prestação
de serviços são os colaboradores da empresa, pois os mesmos são os responsáveis pela
interatividade com os processos e com os clientes.
b) Apesar do setor de serviços constituir um terço do comércio mundial, ainda não é consi-
derado um setor de grande crescimento econômico.
c) No Brasil, o setor de serviços é o maior gerador de empregos e renda no país.
d) Graças à exigência crescente dos consumidores, houve uma cobrança maior em relação
à melhoria da qualidade de bens e serviços, obrigando as empresas a oferecerem pro-
dutos e serviços de maior qualidade.
e) Os serviços representaram hoje mais de 70% do PIB do Brasil.
02. Marque a alternativa correta sobre os tipos de marketing: interno, externo e interativo.
a) O marketing externo é aquele realizado entre a empresa e seus funcionários ou colabo-
radores, relacionado com o treinamento e incentivo que a empresa fornece aos colabo-
radores que entram em contato com os clientes e para todo o pessoal de apoio, para que
eles trabalhem orientados para o consumidor.
b) No marketing interativo, as ações são realizadas entre a empresa e os seus clientes, en-
volvendo áreas como publicidade, vendas pessoais e relações-públicas – é o conhecido
composto ou mix de marketing (produto, preço, praça e promoção).
c) O marketing interativo foca obter qualidade dos serviços por meio da qualidade da inte-
ração entre os clientes e os funcionários.
capítulo 2 • 59
d) O endomarketing deve ser aplicado no processo de consumo, onde o cliente deverá viven-
ciar experiências positivas sobre a capacidade da empresa em cuidar de seus problemas.
e) O marketing externo refere-se ao fato de que o marketing não é responsabilidade ape-
nas de profissionais especialistas, mas também de todos os outros colaboradores da
empresa, quer eles entrem em contato com os clientes quer não.
REFLEXÃO
Você já parou para pensar sobre quantas estratégias uma empresa usa para atender bem os
seus clientes? Não?! Talvez você não tenha pensado porque não tenha visto um resultado
positivo do emprego dessas estratégias. Infelizmente, para alcançar o sucesso, não basta
às empresas apenas planejar: é preciso saber implantar mudanças que tragam realmente a
satisfação do cliente. Isso vai depender (e muito!) principalmente de seus colaboradores – o
pessoal do front office e do back office, como estudamos. Sem a colaboração, treinamento,
capacitação e comprometimento dessas pessoas, nunca haverá uma estratégia que real-
mente consiga agradar ao cliente. Pense nisso.
60 • capítulo 2
LEITURA
Leia o artigo “Hotéis de luxo no Brasil e o comportamento do consumidor: o de-
senvolvimento do setor hoteleiro e fatores que influenciam o consumo de servi-
ços de luxo”, disponível em: <http://www.enangrad.org.br/anais2013/_resources/artigos/
mkt/11.pdf>, para aprender mais sobre o comportamento do consumidor de serviços em um
segmento muito importante. Boa leitura!
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capítulo 2 • 63
64 • capítulo 2
3
Qualidade em
Serviços como
Diferencial
Competitivo e
Decisões sobre o
Ambiente de Serviços
e a Criaçao de Valor
Com o mercado cada vez mais acirrado, torna-se uma questão de sobrevi-
vência para as empresas pensarem em qualidade como aspecto essencial
em serviços. Mas que fatores podem garantir a excelência na prestação dos
serviços de uma organização? Para utilizar os fatores que trazem excelência
às operações, é preciso antes entender qual é o cenário dos serviços, e quais
são as ações que podem ser realizadas em busca da qualidade superior e cria-
ção de valor nos serviços. Trataremos destes assuntos a partir de agora, neste
capítulo.
OBJETIVOS
Neste capítulo, pretende-se que sua aprendizagem seja referente a:
66 • capítulo 3
3.1 Qualidade em Serviços como Diferencial
Competitivo
O que é qualidade? Este conceito tem diversos significados, mas vamos con-
siderá-lo aqui conforme a definição dada por Siqueira (2005): qualidade é um
atributo ou condição de produtos, serviços ou pessoas, capaz de promover sua
distinção em relação aos demais e de lhes determinar sua natureza. Este con-
ceito engloba tanto a perspectiva de mercado (fator estratégico), quanto a da
empresa (forma de atuação da mesma no sentido de competição de mercado).
Assim, a qualidade pode ser usada para melhorar a lucratividade da empresa
com o aumento das receitas e redução dos custos de operações (SLACK, 1999).
Em relação aos serviços, que são ações, desempenho ou atos, a qualidade
pode ser definida como:
capítulo 3 • 67
Qualidade em serviços é a capacidade que uma experiência ou qualquer outro fator tenha
para satisfazer uma necessidade, resolver um problema ou fornecer algum benefício a
alguém. Em outras palavras, serviço com qualidade é aquele que tem a capacidade de
proporcionar satisfação (ALBRECHT, 1992, p. 254 apud LAS CASAS, 2006, p. 16).
CONEXÃO
Leia mais sobre a qualidade dos serviços no artigo “Qualidade em serviços: um estudo de
caso no setor de carros seminovos”, disponível no link: <http://www.spell.org.br/documen-
tos/download/4333>. Sugestão: após a leitura, pesquise outros segmentos da economia
que também são voltados aos serviços e compare a qualidade entre eles!
©© BAMBULLA | DREAMSTIME.COM
68 • capítulo 3
Kotler (2000) apresenta algumas maneiras de mensurar a percepção da qua-
lidade do serviço: 1) por sistemas de reclamações e sugestões, que permitem
que os clientes possam colocar suas reclamações ou sugestões de melhoria em
caixas preparadas para isso, ou mesmo via web; 2) pesquisas de satisfação de
cliente, que consistem no uso de questionários em uma amostra dos consu-
midores; e 3) compra fantasma, onde contratam-se pessoas para utilizarem o
serviço para depois fornecerem relatórios sobre a qualidade do mesmo.
A mensuração da qualidade em serviços é mais complexa do que a avaliação
da qualidade em produtos, dadas as suas características. Imagine duas empre-
sas pertencentes à mesma franquia: duas lojas do McDonald’s, por exemplo.
Para cada uma delas, apesar da padronização dos produtos e atendimento, você
terá uma avaliação diferente! Essa avaliação também pode mudar, até mesmo
em uma só das lojas, em períodos diferentes.
CONEXÃO
Aprenda mais sobre as dimensões da qualidade lendo o artigo “Atributos e dimensões da qua-
lidade em serviços na percepção de alunos de uma IES”, disponível em: <http://www.simpoi.
fgvsp.br/arquivo/2013/artigos/E2013_T00046_PCN30704.pdf>. Tenha uma ótima leitura!
capítulo 3 • 69
3.1.2 Modelo de Qualidade Parasuraman
Qualidade Esperada
Gap 5
Qualidade Percebida
Consumidor
Provedor Gap 4
Prestação do Serviço Comunicações Externas
Gap 1 Gap 3
Gap 2
Figura 3.1 – Modelo conceitual da qualidade por serviços – O Modelo dos Gaps da Qualida-
de. Fonte: Grönroos, (1993, p.78).
70 • capítulo 3
Vamos estudar cada um dos gaps apresentados no modelo abaixo.
capítulo 3 • 71
• Mau gerenciamento das operações de serviços;
• Falta ou insuficiência de endomarketing; e
• Tecnologia e os sistemas não facilitam o desempenho em conformidade com as es-
pecificações (GRÖNROOS, 1993, p. 81-83).
Esse quinto gap pode também ser positivo, o que leva a uma qualidade con-
firmada positivamente ou uma qualidade excedente (GRÖNROOS, 1993, p. 84).
72 • capítulo 3
tentativa de eliminação dos gaps ou falhas para, então, formular estratégias que
possam garantir o alcance da satisfação das expectativas dos clientes (BROWN,
SWARTZ, 1989 apud GRÖNROOS, 1993).
©© GAJUS | DREAMSTIME.COM
Baseando-se no modelo de Parasuraman, as empresas podem refletir sobre
um melhor desenvolvimento de serviços para evitar as falhas por ele apresentadas.
Nos dias atuais, é imprescindível que as organizações que desejam satisfa-
zer e fidelizar seus clientes planejem ações voltadas à qualidade de seus ser-
viços e produtos. Para isto, é preciso investir em captação, treinamento e de-
senvolvimento constante de recursos humanos para oferecer um atendimento
diferencial ao mercado. Segundo Blocklyn apud Las Casas (1999, p. 42), “uma
boa organização treina seus empregados para fazer o seu trabalho bem feito
[...], faz com que o funcionário tenha um sentimento de orgulho pessoal e en-
coraja-o a fazer melhor”.
CONEXÃO
Leia mais sobre o modelo de Parasuraman em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v47n5/
pt_0080-6234-reeusp-47-05-1227.pdf>, e aprenda mais sobre qualidade em serviços apli-
cado a outros tipos de setores!
capítulo 3 • 73
3.1.3 Dimensões da Qualidade
Tabela 3.1 – Dimensões mais relevantes em serviços. Fonte: Tabela elaborada a partir dos
autores Carvalho e Paladini, 2005, p. 344.
74 • capítulo 3
quais o cliente está em contato com a empresa. Os primeiros momentos des-
se processo preparam a percepção do cliente para os momentos seguintes, os
quais permanecem mais fortes na memória do cliente. Então, é muito impor-
tante que a empresa capte o feedback do cliente em relação ao serviço na etapa
do pós-venda (CARVALHO; PALADINI, 2005).
CONEXÃO
Jan Carlzon, presidente de uma empresa de aviação da Escandinávia, popularizou o termo
“a hora da verdade”, referindo-se aos momentos em que o cliente entra em contato com
algum aspecto da organização prestadora de serviço. Leia o seu livro, chamado “A Hora da
Verdade”, para ampliar seus conhecimentos sobre o momento mais importante da prestação
de serviços. Boa leitura!
Peter Drucker (1954), um dos grandes gurus da administração, foi um dos pri-
meiros a afirmar que a busca pela satisfação do cliente constitui a razão de um
negócio, que deve ser perseguido por toda a empresa.
Para fidelizar seus clientes, as empresas de serviços precisam atender ou
superar as expectativas deles. Assim, haverá uma entrega de valor, onde o clien-
te percebe qualidade na prestação do serviço. Relembrando, como vimos no
capítulo 2 deste livro, valor reflete:
capítulo 3 • 75
©© OLIVIER LE MOAL | DREAMSTIME.COM
76 • capítulo 3
o que consiste em uma orientação para serviços ao cliente. Portanto, empresas
orientadas para serviços ao cliente devem criar uma cadeia de valor por meio da
qual consigam identificar necessidades do cliente, possibilitando a oferta de
valor, que exceda as expectativas de seus clientes (DAY, 1994).
Segundo Lovelock e Wright (2004), devido às características e particularida-
des dos serviços (intangibilidade, simultaneidade, participação do cliente no
processo etc.), torna-se essencial que as organizações atuantes no setor prezem
pela elaboração de estratégias específicas de marketing para suas operações, a
fim de alcançarem a diferenciação.
De acordo Kotler (2005, p. 255) e Kotler e Keller (2006, p. 408), empresas que
evitam falhas em serviços possuem as seguintes características:
capítulo 3 • 77
Pesquisas mostraram que 25% dos clientes ficam insatisfeitos em
suas compras, mas apenas 5% deles reclamam, dos quais apenas
a metade tem seus problemas resolvidos de maneira satisfatória.
Quando insatisfeito, o cliente reclama da situação, em média, com
11 pessoas, que, por sua vez, também podem fazer comentários
negativos sobre a empresa com outras pessoas. Ainda segundo as
SISTEMAS PARA ATENDER ÀS RE- pesquisas, os clientes que tiveram seus problemas solucionados
CLAMAÇÕES DOS CONSUMIDORES de maneira satisfatória, tendem a ser mais fieis à empresa do que
aqueles que nunca ficaram insatisfeitos. Estatísticas mostram que
se o problema for resolvido rapidamente, a maioria dos clientes vol-
ta a comprar na empresa. Assim, é imprescindível que a empresa
tome providências e implante sistemas para atender prontamente
às reclamações dos clientes;
SATISFAÇÃO TANTO DOS FUNCIO- Empresas de sucesso são conscientes de que atitudes positivas
NÁRIOS COMO DOS CLIENTES dos funcionários aumentam a fidelidade da clientela.
Tabela 3.2 – Características das empresas que evitam falhas em serviços. Fonte: Elaborada
a partir dos autores Kotler (2005, p. 255) e Kotler e Keller (2006, p. 408).
78 • capítulo 3
De acordo com as autoras Zeithaml e Bitner (2003, p. 66):
CONEXÃO
Leia o artigo “A importância dos cenários para conquista da qualidade em serviços”, dis-
ponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2008_tn_stp_070_502_10987.
pdf>, para saber mais sobre os cenários dos serviços.
capítulo 3 • 79
3.1.5.1 Planejando o Ambiente de Serviços
80 • capítulo 3
A tabela 3.3 apresenta os elementos do projeto de um ambiente de loja de varejo:
Tabela 3.3 – Elementos de projeto de um ambiente de loja de varejo. Fonte: Lovelock, Writz,
Hemzo (2011, p. 320).
capítulo 3 • 81
CONEXÃO
Leia o artigo “A Importância do Projeto de Iluminação para Lojas de Roupas Femininas”, dispo-
nível em: <http://ipog.edu.br/revista-ipog/download/a-importancia-do-projeto-de-iluminacao-pa-
ra-lojas-de-roupas-femininas>, e o artigo “Ambientação de Loja como Vantagem Competitiva
no Varejo de Confecção”, disponível em: <http://www.anpad.org.br/diversos/trabalhos/EMA/
ema_2010/2010_EMA291.pdf>, para aprender um pouco mais sobre a importância do ambiente
de loja para as empresas. Bom estudo!
82 • capítulo 3
3.2 Decisões Sobre o Composto de
Marketing de Serviços: Desenvolvimento de
Novos Serviços, o Papel da Comunicação,
Sistemas de Entrega e Estratégias de
Precificação de Serviços
3.2.1 Comunicação de Marketing
capítulo 3 • 83
remos logo a seguir. No entanto, afirma o autor, todos os atributos do produto,
como preço, embalagem, maneira de atender e vestimenta do funcionário etc.
“comunicam” algo para os clientes, transmitindo alguma impressão que pode
interferir na visão do cliente em relação à empresa.
84 • capítulo 3
Utilização de correio, telefone, fax, e-mail ou Internet para
MARKETING DIRETO se comunicar diretamente com clientes específicos e
potenciais ou lhes solicitar uma resposta direta.
capítulo 3 • 85
PROMOÇÃO DE EVENTOS/EXPE- RELAÇÕES VENDAS MARKENTING
PROPAGANDA
VENDAS RIÊNCIAS PÚBLICAS PESSOAIS DIRETO
Material Programas de
audiovisual fidelização
Símbolos e Promoção
logotipos nos pontos-
de -vendas
integrada com
a propaganda
Fitas de vídeo
Tabela 3.5 – plataformas comuns de comunicação. Fonte: Kotler e Keller (2006, p. 533).
86 • capítulo 3
a comunicação boca a boca é ainda mais intensiva, pois não se vê um serviço
na vitrine, como acontece com os produtos, e, portanto, precisamos de indica-
ções de outras pessoas que já tiveram a experiência do serviço para ficarmos um
pouco mais seguros ao nos decidir se o comprarmos ou não.
Dentre as várias definições de boca a boca, vamos adotar aqui a apresentada
por Westbrook (1987, p. 261): trata-se de “comunicações informais direcionadas
a outros consumidores sobre a posse, uso, ou características de produtos ou servi-
ços e seus vendedores/fornecedores”. De acordo com Anderson (1998), essas co-
municações podem ocorrer de maneira positiva, neutra ou negativa, abrangendo
prazer, recomendações, novas experiências, comentários, reclamações etc., ou
seja, inclui qualquer informação sobre um produto, serviço, marca ou empresa
que é transferida de uma pessoa para outra pessoalmente ou por algum meio de
comunicação (ultimamente os consumidores têm usado o Facebook para reco-
mendar ou massacrar uma grande variedade de produtos e marcas).
CONEXÃO
Leia mais sobre o poder do marketing boca a boca no mundo do e-commerce lendo o artigo: “Fa-
tores motivacionais da comunicação eletrônica positiva entre consumidores no Facebook”, dispo-
nível em: <http://www.anpad.org.br/admin/pdf/2013_EnANPAD_MKT1296.pdf>. Boa leitura!
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capítulo 3 • 87
Segundo Costa (2007), a comunicação boca a boca envolve pelo menos duas
pessoas, onde o receptor da mensagem não associa o emissor a uma marca,
produto ou organização (o que já consistiria em propaganda pessoal).
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CONEXÃO
Leia mais sobre a comunicação boca a boca no artigo “Antecedentes da Comunicação Bo-
ca-a-Boca, Lealdade Declarada e Intenção de Recompra: Um Estudo Empírico em Serviços”,
disponível em: <http://www.anpad.org.br/diversos/trabalhos/EMA/ema_2014/2014_
EMA328.pdf>. Boa leitura!
88 • capítulo 3
[...] um conceito de planejamento de comunicação de marketing que reconhece o valor
agregado de um plano abrangente, capaz de avaliar os papeis estratégicos de uma
série de disciplinas da comunicação – como propaganda, resposta direta, promoção
de vendas e relações públicas – e combinar essas disciplinas de modo que ofereçam
clareza, coerência e impacto máximo nas comunicações, por meio da integração coesa
de mensagens isoladas.
capítulo 3 • 89
Entre outras vantagens, a Comunicação Integrada de Marketing traz econo-
mia para as empresas. Segundo Churchill e Peter (2005) ressaltam a importân-
cia de se trabalhar as ferramentas de forma integrada:
Tabela 3.6 – Modelo conceitual dos 5Ws e 2Hs. Fonte: Seleme, Stadler (2012, p. 42).
90 • capítulo 3
Com essas perguntas, buscam-se respostas que esclareçam um problema
a ser solucionado, ou que organizem ideias para a solução desse problema
(SELEME, STADLER, 2012).
Segundo esses autores (p. 42), a ferramenta 5Ws e 2Hs:
[...] permite que um processo em execução seja dividido em etapas, estruturadas a partir
das perguntas, com o intuito de serem encontradas as falhas que impedem o término
adequado do processo. O resultado de sua aplicação não é a indicação clara das falhas,
mas sim sua exposição para uma análise mais acurada.
capítulo 3 • 91
PERGUNTA INSTIGADORA RESPOSTA OBTIDA
Tabela 3.7 – Exemplo de aplicação dos 5Ws e 2Hs: venda com nota fiscal. Fonte: Seleme,
Stadler (2012, p. 43).
92 • capítulo 3
Quanto maior a personalização do serviço, mais intensa é a interação en-
tre as partes (clientes e empresas). Nesse contexto, a tecnologia tem auxiliado
muito, tornando-se uma ferramenta para melhoria da qualidade em serviços
(DABHOLKAR, 1996; BITNER; BROWN; MEUTER, 2000).
Em serviços, o processo é o produto (FITZSIMMONS, FITZSIMMONS, 2000),
e é nesses processos que a empresa deve conceder vantagens por meio de um
conjunto de ações sequenciadas, almejando sempre descobrir o que o cliente
quer. Feito isso, a empresa terá uma potente ferramenta de competitividade,
que trará vantagens sobre seus concorrentes (LOVELOCK, WRIGHT, 2001).
Assim como as empresas de produtos, as empresas de serviços podem esco-
lher o canal de distribuição dos mesmos, ou seja, como irá distribuir, entregar
os serviços aos seus clientes. Esses canais constituem “um conjunto de organi-
zações interdependentes envolvidas no processo de disponibilizar um produto
ou serviço para uso ou consumo” (COUGHLAN et al., 2002, p.20).
Para Kotler e Keller (2006, p. 23) os canais de distribuição servem para “apresen-
tar, vender ou entregar produtos físicos ou serviços ao comprador ou usuário. Fazem
parte desses canais os distribuidores, os atacadistas, os varejistas e os agentes”.
Portanto, assim como as empresas vendedoras de bens tangíveis, as presta-
doras de serviços também necessitam de canais de distribuição para que seus
serviços cheguem até os seus consumidores, enfrentando o desafio de fazer
com que sua oferta esteja disponível e acessível aos seus públicos-alvo.
Kotler e Keller (2006) ressaltam que com o desenvolvimento da tecnologia
empresas prestadoras de serviços como bancos, agências de viagens, imobili-
árias etc. encontram novas maneiras de distribuir suas ofertas, ou seja, entre-
gam seus serviços por meio de novos canais de distribuição. Os autores usam
como exemplo as diferentes formas que um cliente tem à sua disposição para
imprimir fotos digitais: em suas próprias impressoras, em minilaboratórios
em lojas de varejo ou ainda em quiosques de autoatendimento ou mesmo pela
internet – que constituem quatro diferentes tipos de canais de distribuição.
Essas diferentes formas de oferecer serviços exige o conhecimento das ne-
cessidades e desejos reais dos clientes, que consiste no primeiro passo para o
início de um projeto de canal de distribuição. Definidas essas necessidades e
desejos, é preciso determinar quais são os objetivos do canal e identificar e ava-
liar as principais alternativas de canais disponíveis (KOTLER e KELLER, 2006).
Esses serão os assuntos tratados a seguir.
capítulo 3 • 93
©© DAMEDEESO | DREAMSTIME.COM
94 • capítulo 3
(taxi), tarifa (banco), pedágio (rodovias), mensalidade (estacionamento por
mês) etc. Em serviços é complexa a tarefa de definição de preços.
Preço é a quantidade de dinheiro que um cliente está disposto a pagar
para conseguir um produto ou serviço (KOTLER, AMSTRONG, 2007; KOTLER;
KELLER, 2006). Para Las Casas (2002), em serviços, o preço é uma variável con-
trolável decisiva, pois é determinado para cobrir os custos de operações, pro-
porcionar lucro e ainda afetam as expectativas dos clientes. Por exemplo, se o
preço de um serviço é alto, pode induzir o cliente a criar altas expectativas sobre
ele; se o preço for muito baixo, pode fazer com que o cliente pense que o serviço
não tem qualidade.
As características dos serviços também dificultam o seu apreçamento.
Devido à intangibilidade dos serviços, que, diferentes de produtos fabricados
de forma padronizada em uma fábrica, eles podem ser flexíveis quanto à sua
oferta, o que gera heterogeneidade. Isso complica tanto a precificação do ser-
viço para a empresa, quanto à avaliação do cliente sobre o preço do serviço.
Las Casas (2002) exemplifica com empresas que vendem planos de saúde: cada
uma delas tem uma grande variedade de características e cláusulas a serem
examinadas pelo cliente, que perderá muito tempo para saber qual é a melhor
oferta, ou, por não ser conhecedor do ramo, arriscará por uma determinada
empresa.
Lovelock, Writz e Hemzo (2006) também afirmam que a precificação em servi-
ços é normalmente mais complexa do que em bens manufaturados pela dificulda-
de em computar os custos financeiros no processo de prestação de serviços e tam-
bém pelas características próprias deles, como a impossibilidade de estocá-los.
Ainda segundo Zeithaml e Bitner (2003), em serviços o preço consiste em
uma variável mais complexa do que em produtos, já que implica diretamente
em qualidade, isto é, em serviços há uma necessidade de se apresentar uma
qualidade mínima que seja aceitável pelo cliente, mesmo que o preço seja bai-
xo. Vale ressaltar que o cliente só poderá avaliar o serviço prestado de acordo
com as suas expectativas após a execução do mesmo.
Na precificação, é preciso considerar que o valor a ser pago pelo cliente
pode implicar em seu deslocamento até o local onde o bem é disponibilizado
ou serviço é prestado, além de gasto de tempo, esforço físico e mental, além de
exposição a experiências negativas.
capítulo 3 • 95
Segundo Kotler (2000), para precificar produtos e serviços, a empresa preci-
sa combinar diversos fatores. O autor apresenta um procedimento de precifica-
ção de seis fases, como apresenta a figura 3.2:
1. Seleção do objetivo da
determinação de preços
2. Determinação
da Demanda
3. Estimativa
de Custos
5. Seleção de um método
de determinação de preço
6. Seleção do
Preço Final
96 • capítulo 3
Lovelock et al. (2011) afirmam que depois de compreendidos os objetivos
da precificação, a empresa pode focar em uma estratégia: custos do fornecedor,
preços da concorrência e o valor para o cliente. Esses três elementos formam o
tripé da estratégia de preço. A empresa deve analisar os custos que teve com a
prestação do serviço (pode definir um preço mínimo - piso para uma oferta de
serviço) e receber pelo valor percebido pelo cliente (considerado como preço
máximo - teto), e avaliar os preços dos concorrentes para determinar em que
patamar os seus preços ficarão (entre o piso e o teto).
A tabela 3.8 apresenta algumas das questões de precificação em serviços:
1. Quanto cobrar?
• Que custos a organização tenta recuperar? A organização busca atingir uma margem de lucro
específico ou determinado retorno sobre o investimento com a venda desse serviço?
• Qual é o grau sensibilidade dos clientes aos vários preços?
•Quais são os preços cobrados pelos concorrentes?
• Qual(is) desconto(s) deve(m) ser oferecido(s) em relação aos preços básicos?
• Pontos psicológicos de apreçamento (por exemplo, R$ 4,95 em vez de R$ 5,00) são costumeira-
mente usados?
2. Qual deve ser a base para o apreçamento?
• Execução de uma tarefa específica.
• Ingresso em uma instalação de serviço.
• Unidades de tempo (hora, semana, mês, ano).
• Porcentagem de comissão sobre o valor de transação.
• Recursos físicos consumidos.
• Distância geográfica coberta.
• Peso ou tamanho do objeto do serviço.
• Cada elemento de serviço deve ser cobrado isoladamente?
• Deve ser cobrado um preço único por um pacote conjugado?
3. Quem deve receber o pagamento?
• A organização que presta o serviço.
• Um intermediário especialista (agente de viagens ou de emissão e passagens, banco, varejista etc).
• Como o intermediário deve ser remunerado por seu trabalho - taxa fixa ou porcentagem de comis-
são?
4. Onde o pagamento deve ser feito?
• No local onde o serviço é entregue.
• Em um ponto de varejo conveniente ou intermediário financeiro (por exemplo, banco).
• Na casa do comprador (por correio ou telefone).
5. Quando o pagamento deve ser feito?
• Antes ou depois da entrega do serviço?
• Em quais horários do dia?
• Em quais dias da semana?
6. Como o pagamento deve ser feito?
• Em dinheiro (troco exato ou não?)
• Fichas (onde podem ser compradas?)
capítulo 3 • 97
• Cartão com créditos armazenados.
• Cheque (como verificar?)
• Transferência eletrônica de fundos.
• Cartão de pagamento (crédito ou débito).
• Conta-corrente com o provedor do serviço.
• Cupons (vouchers)
• Pagamentos a terceiros (por exemplo, seguradoras ou agências governamentais).
7. Como os preços devem ser comunicados ao mercado-alvo?
• Por qual meio de comunicação? (propaganda, sinalização, painel eletrônico, vendedores, pessoal de
atendimento ao cliente).
• Qual é o conteúdo da mensagem? (Que ênfase deve ser dada ao preço?)
Tabela 3.8 – Algumas questões de apreçamento. Fonte: Lovelock et al. (2011, p. 191).
CONEXÃO
Leia o conteúdo disponibilizado pelo SEBRAE, em <http://www.sebrae.com.br/sites/
PortalSebrae/artigos/Acerte-na-precifica%C3%A7%C3%A3o-de-seu-produto-e-servi%-
C3%A7o> e saiba mais sobre a precificação de um produto ou serviço! Bons estudos!
ATIVIDADES
01. Marque a alternativa incorreta sobre a satisfação dos clientes:
a) A satisfação dos clientes resulta de um processo complexo que envolve a emoção das
pessoas, bem como suas expectativas.
b) Em se tratando de serviços, para manter os clientes satisfeitos e fiéis é preciso inovar
em processos, proporcionando ao mesmo tempo uma capacidade produtiva adequada e
qualidade nos serviços prestados.
c) Satisfazer e fidelizar clientes resulta na obtenção de grandes lucros para as empresas.
d) Empresas que satisfazem as necessidades e desejos de seus clientes estão caminhan-
do rumo à fidelização dos mesmos.
98 • capítulo 3
e) Para surpreender o cliente, as empresas devem criar as mais altas expectativas por meio
de suas ofertas ao mercado.
REFLEXÃO
Você já foi acompanhado ao cinema, e, ao final do filme, você fez um comentário positivo
sobre o filme e o seu (ou sua) acompanhante tenha detestado esse mesmo filme? Ou ainda,
foi a algum médico, que tenha sido recomendado por um amigo, mas não gostou da consulta
dele? Já parou para refletir sobre o quanto somos diferentes? E como isso também afeta
a percepção sobre a qualidade dos serviços e produtos que consumimos? É por isso que
se torna indispensável o conhecimento dos clientes por parte das empresas. Sabendo com
quais perfis de clientes lida, a empresa conseguirá atender melhor às suas expectativas.
LEITURA
Acesse o link: <http://www.ead.fea.usp.br/semead/11semead/resultado/trabalhosp-
df/791.pdf>, e leia o artigo “Diagnóstico e análise da qualidade percebida por acadê-
micos do Programa de PósGraduação em Extensão Rural (PPGExR) da Universida-
de Federal da Santa Maria (UFSM)”, que discute a percepção da qualidade na prestação
de serviços. Boa leitura!
capítulo 3 • 99
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capítulo 3 • 101
102 • capítulo 3
4
Gerenciamento de
Equipes de Serviço:
a Administração dos
Recursos Humanos
para a Satisfação
do Cliente
As organizações finalmente descobriram que seu maior bem são as pessoas.
Sem colaboradores comprometidos, responsáveis e capazes, uma organiza-
ção não tem chances de se destacar no mercado atual. São as pessoas que dão
vida e competitividade às empresas. E quando falamos de serviços, sabemos
que essa importância é ainda maior, já que são os colaboradores que lidam
diretamente com os clientes. Para que um gestor consiga fazer com que uma
empresa prestadora de serviços tenha gente satisfeita satisfazendo gente, é
preciso entender alguns conceitos antes, os quais trataremos a seguir.
OBJETIVOS
Neste capítulo, pretende-se que sua aprendizagem seja referente a:
104 • capítulo 4
4.1 Pessoas
As empresas de sucesso buscam agregar valor aos seus produtos e serviços.
Para tanto, as empresas perceberam, com o passar do tempo, que a fonte de
diferenciação e competitividade maior concentra-se nas pessoas. Com o desen-
volvimento da gestão de pessoas, o papel das pessoas foi sendo modificado em
virtude de um novo contrato nas relações entre as pessoas e a organização. Esse
contrato se destaca cada vez mais, já que as organizações estão em busca de
profissionais que agreguem valor a ela, uma vez que as pessoas estão em busca
de maior satisfação e alcance de suas expectativas (DUTRA, 2009).
Dessa forma, as organizações começaram a enxergar as pessoas como
transmissoras de atitudes, habilidades, conhecimentos, que formam a compe-
tência. Assim, as pessoas passaram a ser consideradas como o maior capital
da organização: o capital intelectual, que deve ser gerido, liderado e dirigido
(MARRAS, 2010, p. 196).
4.1.1 A Motivação
capítulo 4 • 105
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106 • capítulo 4
Como se pode perceber, a motivação é um conceito complexo, mas de suma
importância para as organizações. Funcionários motivados possuem desem-
penho superior, daí a importância de a organização desenvolver o marketing
interno (ou endomarketing) para manter seus colaboradores motivados e pron-
tos para atender o cliente sempre da melhor maneira possível.
Bekin (2004) apresenta os instrumentos para a implementação do processo
de motivação:
4.1.2 Endomarketing
Como vimos no capítulo 2, uma empresa não pode cuidar apenas de seus clien-
tes externos, mas também de seus clientes internos, que são seus funcionários.
capítulo 4 • 107
Endomarketing provém da palavra grega “endo”, que significa ação interior
ou movimento para dentro. Portanto, pode-se dizer que Endomarketing é o
marketing voltado para dentro da empresa (BRUM, 1998).
De acordo com Bekin (1995, p. 2) “o endomarketing consiste em ações de
marketing voltadas ao público interno da empresa, com o fim de promover en-
tre seus funcionários e departamentos valores destinados a servir o cliente”.
Pode ser usado para efetuar trocas por meio do bom relacionamento com fun-
cionários, que compartilham os objetivos da organização.
Ao utilizar o endomarketing, a empresa consegue atender aos anseios de
funcionários, (seus clientes internos), fortalecendo a relação com eles ao longo
do tempo. Como vantagem, os funcionários trabalham melhor, refletindo em
alto nível de produtividade, qualidade de produtos e serviços prestados, maior
eficiência para a organização e, consequentemente, maiores lucros.
A implantação do Endomarketing, ainda de acordo com Bekin (1995, p. 40),
envolve a aplicação de três premissas:
a) Estamos num mercado orientado para o cliente. Clientes só podem ser conquista-
dos e retidos com um serviço excelente;
b) Funcionários têm expectativas, são um ativo valioso e constituem o primeiro mer-
cado para a organização. Assim, funcionários devem ser tratados como clientes e valo-
rizados como pessoas;
c) Excelência de serviços para os clientes e gerenciamento de recursos humanos
significam muito mais do que sorrisos e tapinhas nas costas. Significam envolver e
comprometer os funcionários com os objetivos e decisões da empresa.
108 • capítulo 4
deve visar um longo relacionamento também com seus clientes internos, para
que as pessoas permaneçam trabalhando nela, sendo valorizadas, motivadas,
reconhecidas e recompensadas. Como retribuição, os funcionários produzem
com maior eficiência, eficácia e excelência no atendimento ao mercado-alvo.
Por outro lado, continua Bekin (1995), as pessoas podem ter resistência a mu-
danças, o que constitui um grande obstáculo para o sucesso do endomarketing.
Nesse caso, é preciso conscientizar os funcionários da importância da mudan-
ça e criar um clima organizacional positivo que favoreça a quebra de velhos pa-
radigmas, adaptando a empresa para novos desafios do mercado.
O clima organizacional refere-se ao ambiente interno entre os funcionários
de uma organização e reflete o grau de satisfação dessas pessoas. Se o clima
está ruim, o atendimento a clientes também será, bem como a interação dos
funcionários na empresa (CHIAVENATO, 2004). Assim, manter um bom clima
organizacional traz como vantagem melhor atendimento e desempenho dos
colaboradores. Além disso, consiste em uma poderosa maneira de reter talen-
tos na empresa.
Você possivelmente já viu uma foto disponível na internet, onde o funcio-
nário de uma certa empresa de refrigerantes está dentro de um veículo dessa
empresa, tomando um refrigerante de outra empresa. Qual é a impressão que
essa imagem nos passa? A foto, mesmo que não seja legítima, nos faz pensar
em como é importante o funcionário acreditar na empresa em que trabalha.
Claro que ele não é obrigado a consumir apenas os produtos ou serviços dessa
empresa, mas quando um funcionário está realmente satisfeito com a institui-
ção em que trabalha, ele “veste a camisa” da empresa, e não escolhe produtos e
serviços de concorrentes.
Vamos imaginar que um funcionário esteja descontente com a organização
em que trabalha: se ele mesmo não gosta dos produtos e serviços da empre-
sa, como irá oferecê-los, fabricá-los, distribuí-los ou recomendá-los as outras
pessoas? Daí a importância do marketing interno ou endomarketing. Assim,
além do marketing externo, que é o processo de preparo, definição de preço,
distribuição e promoção de um serviço aos clientes, a empresa deve aplicar o
endomarketing, que é quando a empresa orienta e motiva efetivamente seus
colaboradores que estão em contato com os clientes (tanto o pessoal do front
office, quanto do back office), no intuito de fazer com que eles trabalhem em
equipe e garantam a satisfação do consumidor (KOTLER, ARMSTRONG, 2007).
capítulo 4 • 109
4.1.3 Custumer Relationship Management - CRM
110 • capítulo 4
O Customer Relationship Management (CRM) é definido por Kotler e Keller
(2006, p. 151) como sendo o:
capítulo 4 • 111
Você já perdeu bastante tempo em um fila de espera? Possivelmente sim.
Será que a empresa poderia ter tomado providências para evitar essa situação?
Certamente você ficou desapontado ou mesmo irritado com a empresa e, quem
sabe, comentou sobre a situação com outras pessoas? Para evitar esse tipo de
insatisfação por parte do cliente, as empresas de serviços podem ajustar a ca-
pacidade de atendimento da empresa à demanda (BATESON E HOFFMANN,
2001), mas esse é um desafio para as empresas prestadoras de serviços: equili-
brar a oferta e a demanda (LAGANGA, 2011).
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112 • capítulo 4
aéreas, cinemas etc., podendo dificultar o uso eficiente de ativos produtos e re-
duzir os lucros.
Ainda segundo esses autores, empresas com capacidade produtiva fixa so-
frem com alta demanda, desapontando clientes e, em períodos de baixa, ficam
com as instalações e funcionários ociosos, perdendo dinheiro. Assim, a deman-
da e a oferta estão em desequilíbrio. Mas isso é um fato comum enfrentado pe-
las empresas de serviços, já que os mesmos são perecíveis, e não podem ser es-
tocados para venda em datas posteriores (LOVELOCK, WIRTZ, HEMZO, 2011).
De qualquer forma, a empresa de serviços precisa gerir a demanda da me-
lhor forma possível e garantir que os momentos da verdade ocorram de manei-
ra positiva quanto à percepção do cliente em relação aos serviços prestados.
Mesmo que ocorram falhas, a empresa pode compensar o cliente de alguma
forma, na tentativa de estreitar os laços com ele, gerando confiança, benefícios
e tratamento especial. É importante o cliente se sentir importante para a orga-
nização (LOVELOCK, WIRTZ, HEMZO, 2011).
Como exemplo, Lovelock, Wirtz e Hemzo (2011) citam a empresa Magazine
Luiza, que realiza um final de semana especial para “clientes ouro”, que são
aqueles que já tenham feito pelo menos sete compras nas lojas, tenham gas-
to uma certa quantia e nunca atrasaram um pagamento. Esses clientes corres-
pondem a cerca de 290 mil pessoas, e são recepcionados com tapete vermelho,
café da manhã, aplausos dos funcionários, brindes e ofertas especiais nas lojas
em determinados finais de semana. Esta ação é direcionada a 6% da carteira
de clientes da empresa, que correspondem a aproximadamente 20% de seu
faturamento.
CONEXÃO
Leia o artigo “BANK SUL: O DILEMA DA GESTÃO DE SERVIÇOS”, que trata das dificul-
dades enfrentadas por uma empresa de serviços frente a uma demanda maior que a sua
capacidade produtiva. Esse artigo está disponível em: <http://www.anpad.org.br/admin/
pdf/2014_EnANPAD_EPQ30.pdf>. Boa leitura!
capítulo 4 • 113
4.2 Mecanismos de Aprimoramento e
Controle em Marketing de Serviços
Para que um cliente volte a comprar de uma mesma empresa prestadora de ser-
viço, é preciso ter passado por uma boa experiência durante o serviço. Assim, o
gerenciamento dos serviços exige um maior cuidado com as pessoas envolvidas
no processo: tanto os clientes, quanto os funcionários.
Hoje, o marketing de serviços valoriza as relações entre empresa, clientes e
parceiros e busca estabelecer relacionamentos duradouros com eles. O plane-
jamento estratégico se torna fundamental nesse sentido, pois esclarece onde
a empresa quer chegar e quais os caminhos deve percorrer para alcançar seus
objetivos. O desafio de diferenciar-se da concorrência exige o conhecimento do
mercado e o que os consumidores necessitam e desejam, conhecendo seus há-
bitos de consumo e utilizando essas informações para ampliar seus mercados
e/ou estabelecer melhor relacionamento com sua clientela.
Assim, é preciso aprimorar constantemente a prestação de serviços, visando a
qualidade. Mesmo que esteja liderando um determinado mercado, uma empresa
deve fazer uso constante de algumas ferramentas de aprimoramento e controle.
• métricas intangíveis: devem ser obtidas por meio de conversas com clien-
tes, funcionários e demais pessoas envolvidas com o serviço, na tentativa de
114 • capítulo 4
descobrir suas avaliações. Os autores citam o modelo SERVQUAL* como um
exemplo sofisticado desse tipo de métrica;
CONEXÃO
Como uma solução aos gap’s (ou falhas) encontrados no Modelo dos 5 gap’s , Parasuraman,
Zeithaml e Berry (1988) propuseram um modelo que visa a conscientização das empresas
em pensarem com maior lógica no desenvolvimento de serviços. A Escala SERVQUAL con-
siste em um teste aos gap’s: visa destacar forças e fraquezas da organização, baseado em
cinco dimensões de qualidade (obtidas por focus group com consumidores): tangíveis, con-
fiabilidade, capacidade de resposta, segurança e empatia, que proporcionam uma estrutura
básica à qualidade de serviços.
Para utilizar essas métricas, as empresas devem ter o cliente como fonte de
critérios para a execução do serviço. Empresas de sucesso fazem uso de métri-
cas tangíveis e intangíveis, ouvindo bem seus clientes e funcionários que in-
teragem com os clientes. Quanto maior a empresa, mais relevante se torna a
criação de programas formais de feedback utilizando diversos métodos de pes-
quisa desenvolvidos e implantados profissionalmente (LOVELOCK, WIRTZ,
HEMZO, 2011).
Oliveira (2001) ressalta que é necessário implantar processos voltados à
qualidade nas empresas que estejam vinculados a sistemas de informações
que, de preferência, utilizem bases de dados vinculadas aos clientes e proces-
sos da organização.
CONEXÃO
Leia o artigo disponível em <http://www.facsaoroque.br/novo/publicacoes/pdfs/edgard_
edineia.pdf>, que traz mais informações sobre a gestão da qualidade no setor de serviços.
Boa leitura!
capítulo 4 • 115
4.2.1 Sistemas de Informações sobre Qualidade de Serviços
116 • capítulo 4
Ainda de acordo com os autores, a pesquisa de satisfação pode proporcio-
nar várias vantagens, como precisão e atualização das informações sobre as ne-
cessidades dos clientes; estabelece relações de maior fidelidade com clientes,
mediante ações corretivas; desenvolve maior confiança em função da proximi-
dade com o cliente.
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As empresas normalmente realizam pesquisas para obter informações re-
levantes para o processo de tomada de decisão. Nesse sentido, a pesquisa de
marketing traz sempre vantagens para as organizações.De acordo com Kotler
(2000, p. 127), uma pesquisa de marketing possui as seguintes fases:
capítulo 4 • 117
é tomar notas de quais quesitos serão utilizados para definir mais claramente
quais as qualidades e desempenhos devem merecem maior atenção para au-
mentar a satisfação do consumidor.
Segundo Kotler (2000), organizações que criam um alto nível de satisfação
de seus colaboradores, aumentam a qualidade de seus produtos e atendimen-
to, geram maior satisfação em seus consumidores, aumentam suas taxas de
crescimento e lucro, que satisfazem seus acionistas, levando a mais investi-
mentos e assim por diante.
Ainda de acordo com Kotler (2000), estudos comprovam que menos de 5%
dos clientes insatisfeitos reclamam, e que a maioria deles passa a comprar me-
nos ou troca de empresa. Portanto, medir a satisfação dos consumidores por
meio de pesquisas periódicas (questionários, telefonemas etc.) constituem
obrigações para empresas que desejam ser bem-sucedidas no mercado.
Medir a intenção de recompra ou avaliar as chances de um novo cliente re-
comendar os produtos e serviços da empresa para outras pessoas e sua disposi-
ção para isso, especular o índice de propaganda boca a boca, também indicam
se a empresa está conseguindo produzir um alto nível de satisfação de seus
clientes (KOTLER, 2000, p. 60). Para tanto, é preciso tomar decisões antes de
quais serão os objetivos da pesquisa, qual o tipo de informação buscado, qual
o público ideal, como realizar essa pesquisa etc. Todas as etapas precisam ser
previamente planejadas e cuidadosamente executadas para garantir informa-
ções verdadeiras e úteis à organização.
CONEXÃO
Amplie seus conhecimentos sobre pesquisa de marketing lendo sobre coleta de informações
e mensuração da demanda de mercado no livro Administração de Marketing, de Philip Kotler!
118 • capítulo 4
um produto, serviço, marca ou empresa, sendo conduzidas por um moderador.
A discussão dura em torno de algumas horas e, normalmente, gratificam-se os
participantes com alguma ajuda de custo e é oferecido um lanche. O local a ser
aplicado o focus group deve ser agradável (KOTLER, 2000; MALHOTRA, 2006).
Vergara (2004), o focus group tem como objetivo explicar a maneira de per-
ceber as experiências das pessoas quanto a um serviço, uma ideia, um produto,
um serviço ou evento, etc., já que essa técnica fornece informações sobre como
as pessoas pensam, sentem ou agem em relação a eles.
Para Malhotra (2006), o focus group proporciona uma visão aprofundada
das opiniões de um grupo de pessoas do mercado-alvo apropriado, que trata de
assuntos que interessam ao pesquisador.
Mudando um pouco o exemplo dado por Kotler (2000), um moderador po-
deria iniciar uma sessão de focus group perguntando como as pessoas veem
faculdades de sua cidade, especificamente seus serviços, diferenciais etc. De-
pois poderia tentar descobrir sentimentos mais profundos, registrando todas
as informações em anotações, áudio ou vídeo, para depois estudar e entender
as opiniões, atitudes e comportamento do consumidor (KOTLER, 2000).
Segundo Malhotra (2006), o valor dos grupos de foco diz respeito aos resul-
tados inesperados frequentemente obtidos por meio de uma discussão livre
com um grupo. Para Kotler (2000), o focus group oferece a naturalidade e a ve-
racidade nas respostas.
4.2.4 O Pós-Venda
Para Las Casas (2002), a prestação de um serviço tem início quando é fechado
um pedido, uma assinatura ou um contrato. É a partir daí que as promessas das
empresas passam a ser cumpridas. Se não houver o atingimento das expectati-
vas dos clientes, haverá insatisfação e a empresa perderá a credibilidade.
O autor ainda ressalta a importância de lembrar sempre que clientes insa-
tisfeitos reclamam ou não. Se reclamarem, outras pessoas terão uma imagem
negativa sobre um produto, serviço, marca, empresa etc. Mas se não reclama-
rem, tendem a não voltar a comprar da empresa (KOTLER, 2000). Dessa forma,
a preocupação com a prestação do serviço não deve terminar quando este for
efetuado. O pós-venda desse serviço também afeta a imagem da empresa, caso
as necessidades do cliente não forem devidamente satisfeitas.
capítulo 4 • 119
Kotler (2005, 261) afirma que “O mix de serviços inclui tanto o pré-venda
(como serviços facilitadores e serviços que ampliam o valor) como pós-venda
(departamentos de atendimento ao cliente e serviços de manutenção e repa-
ro)”. Para o autor, muito se faz em relação às pré-vendas e vendas, e não na as-
sistência pós-venda, lembrando que a satisfação dos clientes é a chave para a
retenção dos mesmos.
Sendo assim, a empresa precisa estabelecer ações voltadas ao pós-venda
para garantir o alcance de bons resultados quanto à satisfação de seus clientes.
Uma pesquisa de satisfação realizada após a prestação do serviço pode trazer
informações valiosas sobre a satisfação do cliente, como necessidades, percep-
ções, expectativas etc., tornando-se pontos-chave para melhorar a qualidade
dos serviços prestados.
120 • capítulo 4
rapidamente, a maioria dos clientes volta a comprar na empresa. Assim, é im-
prescindível que a empresa tome providências e implante sistemas para aten-
der prontamente às reclamações dos clientes (KOTLER, 2005).
A fidelização dos clientes é um objetivo comum entre as empresas. Para Lo-
velock et al. (2006), a fidelidade acontece quando cliente decide por continuar a
comprar de uma empresa por um longo período. Assim, o uso de sistemas de recla-
mações pode contribuir para isso, por meio da identificação e correção de falhas
de serviços, contribuindo assim para o alcance da satisfação dos consumidores.
4.2.6 Empowerment
capítulo 4 • 121
ATIVIDADES
01. Marque a alternativa incorreta:
a) Momento da verdade consiste no ao ato em que ocorre o contato entre prestador e
recebedor do serviço.
b) Empowerment é a capacitação e a delegação de poder aos funcionários para que pro-
duzam mais ideias e tomem mais iniciativas.
c) O mix de serviços inclui pós-venda. Isso significa que as empresas devem dar assistên-
cia aos seus clientes mesmo depois da venda do serviço. Elas podem ter departamentos
de atendimento ao cliente e serviços de manutenção e reparo para melhor atendê-los.
d) Endomarketing é o processo de dividir o mercado em grupos de compradores poten-
ciais, que tenham características, percepções de valores e comportamentos parecidos.
e) Entre as vantagens da pesquisa de satisfação, pode-se destacar a precisão e atualiza-
ção das informações sobre as necessidades dos clientes.
REFLEXÃO
Você tem preferência pelo atendimento de algum funcionário específico, de uma empresa de
serviços da qual você seja cliente? Viu como é importante ter um funcionário que nos atende bem,
e sabe o que, como e quando precisamos? É isso que as empresas de serviços devem buscar.
Claro que para as empresas que praticam marketing de massa isso se torna mais complicado,
mas ainda assim há sempre maneiras de melhorar o atendimento e surpreender os clientes!
122 • capítulo 4
LEITURA
Caro aluno, para sugerimos a leitura do texto a seguir, resumo dos 14 princípios de Deming.
A proposta é que você reflita sobre o conteúdo do texto se aplicado no mundo dos serviços.
Boa leitura e reflexão!
Deming e os 14 princípios de qualidade
Os 14 princípios da qualidade são a base para a transformação da indústria. Não basta
resolver problemas, sejam eles grandes ou pequenos. Os 14 pontos aplicam-se a todos os
tipos de organizações, grandes ou pequenas, de bens ou de serviços. Também se aplicam às
divisões de uma empresa. A adoção e a prática desses 14 pontos indicam que uma empresa
tem a intenção de sobreviver por muito tempo, protegendo os investi dores e criando empregos.
Há dois tipos de problemas para as empresas resolverem: (1) os problemas de hoje; e
(2) os problemas do futuro.
Os problemas de hoje incluem manutenção da qualidade dos bens produzidos, controle
da produção (para que ela não seja muito maior do que as vendas previstas para o futuro ime-
diato), orçamentos, empregos, lucros, vendas, serviços, relações públicas, estimativas e assim
por diante. É muito fácil deixarmo-nos consumir pelos problemas do presente, tornando-nos
cada vez mais eficientes na resolução deles, porém negligenciando os problemas do futuro.
Os problemas do futuro requerem, antes de mais nada, firmeza de propósito e dedicação
no sentido de melhorar a qualidade dos produtos e dos serviços. Assim, a empresa fortalece-
rá sua posição competitiva, irá se firmar no mercado e criará novos empregos. Para isso, no
entanto, é fundamental que o presidente e a diretoria da empresa estejam comprometidos
com as seguintes obrigações:
• Inovar
• Alocar recursos para o planejamento de longo prazo
• Oferecer serviços e produtos que contribuam para o bem-estar do consumidor
• Buscar novos insumos
• Melhorar os método de produção
• Investir em treinamento de pessoal
Não podemos mais tolerar os níveis normalmente aceitos de erros, defeitos, insumos
inadequados, profissionais que não sabem o que devem fazer e que têm medo de perguntar,
danos causados por manuseio impróprio de mercadorias, métodos antiquados de treinamen-
to no ambiente de trabalho, supervisão inadequada e ineficaz, administradores descompro-
missados com a empresa.
capítulo 4 • 123
Não depender dos mecanismos de inspeção para garantir qualidade. Contar o tempo todo
com mecanismos de inspeção para garantir qualidade equivale a contar com a incidência de
defeitos e admitir que o processo de produção não está à altura das especificações. A inspe-
ção vem tarde demais, os defeitos já estão lá. Além disso, é ineficaz e dispendiosa. Quando um
produto transpõe os portões de uma fábrica, já é tarde demais para fazer alguma coisa acerca
de sua qualidade. A qualidade não vem da inspeção, mas do aperfeiçoamento do processo
de produção. Inspeção, retrabalho, degradação e sucateamento de produtos não constituem
medidas de correção do processo de produção. O retrabalho custa dinheiro. É importante que
a inspeção seja feita no momento exato para que o custo total seja minimizado.
É preciso também abandonar a prática de escolher fornecedores com base apenas no
preço. Não podemos mais abrir mão da qualidade dos produtos e serviços exclusivamente
aos sabores da competição por preços mais baixos – não nos dias de hoje, quando a deman-
da por uniformidade e confiabilidade é maior do nunca.
Preços não significam nada sem uma medida exata da qualidade daquilo que é compra-
do. Na ausência de medidas de qualidade adequadas, as concorrências são vencidas pelas
ofertas de preço menor e o resultado inevitável disso é qualidade inferior e custos altos.
Os departamentos de compra das organizações devem mudar de enfoque e considerar,
em vez do custo inicial mais baixo, o custo total mais baixo dos materiais a serem comprados.
Isso requer preparo. Também é preciso compreender que as especificações que acompanham
os produtos à venda não contam toda a história a respeito do desempenho desses produtos.
Materiais e componentes podem funcionar muito bem isoladamente, mas apresentar
problemas quando agregados na linha de produção ou no produto final. Portanto, é preciso
observar uma amostra desses materiais ao longo de todo o processo e avaliar seu desempe-
nho, tanto na montagem de estruturas complexas quanto junto ao consumidor.
Um relacionamento de longo prazo entre compradores e fornecedores é essencial para
a obtenção de economia. Há vantagens operacionais nessa parceria. Muito embora dois
fornecedores produzam materiais de excelente qualidade, sempre haverá diferenças. Todos
os profissionais de produção sabem que a troca de fornecedores implica em perda de tempo.
Esse tempo pode ser de apenas 15 minutos. Ou pode ser de oito horas numa mineradora.
Ou pode ser de semanas. As variações entre os lotes de um único fornecedor são suficientes
para causar problemas na produção. Não é difícil supor que as variações entre os lotes de
diferentes fornecedores causem problemas ainda maiores.
Fonte adaptada: DEMING, W. E. Saia da crise.
São Paulo: Editora Futura, 2003.
124 • capítulo 4
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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capítulo 4 • 125
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126 • capítulo 4
5
Gerenciando
Relacionamentos
e Desenvolvendo
Fidelidade –
Estratégias
de Retenção e
Recuperação de
Clientes
A concorrência cada vez mais desafiadora e as exigências em termos de qua-
lidade e satisfação dos clientes têm obrigado as empresas a pensarem em
formas únicas de prestação de serviços ou produção de produtos, formas de
atendimento, entrega e pós-venda, diferenciando suas ofertas e fidelizando
seus clientes. Essa é a única forma de continuar no mercado, o que exige atu-
alização e desenvolvimento constantes da empresa, para que seja capaz de
gerar valor em seus serviços e produtos. É sobre esses aspectos essenciais a
profissionais atuantes na prestação de serviços que este capítulo trata.
OBJETIVOS
Neste capítulo, pretende-se que sua aprendizagem seja referente a:
128 • capítulo 5
5.1 Marketing de Relacionamento
Você está acostumado a comprar um determinado serviço ou produtos uma empre-
sa já há bastante tempo? O que o faz comprar apenas desta empresa? Talvez seja pela
qualidade do serviço ou produto, mas também pode ser o resultado de um esforço
por parte da empresa em conseguir satisfazer as suas expectativas ao longo do tem-
po. Hoje, as empresas planejam muito cuidadosamente sua maneira de atuar no
mercado, repensando novas formas de melhorar o seu relacionamento com clientes.
Nenhuma empresa quer que o consumidor compre um serviço ou um produto
apenas uma vez, elas se esforçam para conquistar esses clientes e estabelecer um
relacionamento com ele por um longo prazo. Muitas vezes, produtos ou serviços
vão sendo consumidos por gerações de uma mesma família, dada a confiança e sa-
tisfação obtidas com a sua compra. Há consumidores que não abrem mão de uma
determinada marca, produto ou serviço, sendo clientes fiéis. É claro que o merca-
do hoje disponibiliza uma grande diversidade de ofertas, muitas vezes irresistíveis,
mas aí é que entra o marketing de relacionamento, na tentativa de manter o consu-
midor fiel, mesmo em meio a tantas outras opções, diferenciando e criando valor
às ofertas específicas de uma empresa, destacando-as da concorrência.
Segundo Kotler (2000), as empresas precisam deixar de focar transações
(propósito de fechar vendas apenas), e se preocupar mais com a construção de
relacionamentos lucrativos com clientes, que perdurem por um longo prazo.
Segundo o autor, o marketing de relacionamento objetiva criar relacionamen-
tos satisfatórios para todos: clientes, fornecedores, distribuidores, visando
conquistar e reter preferência dos mesmos no longo prazo. Dessa forma, toda a
cadeia envolvida na distribuição de um serviço ou produto (todas as empresas e
pessoas que dela participam) agrega valor ao que é entregue ao cliente.
Várias são as definições para o marketing de relacionamento, encontradas
na literatura. Vejamos algumas delas:
Para Borba (2004, p. 121) o marketing de relacionamento:
capítulo 5 • 129
Para Grönroos (1997, p. 407 apud Baker, 2005), o marketing de relaciona-
mento consiste em um:
130 • capítulo 5
Toda essa preocupação em manter clientes é vantajoso também em termos
financeiros para empresa, pois se uma empresa perde clientes lucrativos, pode
ter seus lucros afetados, pois o custo de atrair um novo cliente é cinco vezes
mais alto do que manter um cliente atual satisfeito (KOTLER, 2000, p. 80).
Gordon (1999, p. 31) afirma que o marketing de relacionamento “reconhece
o valor dos clientes por seu período de vida de consumo e não como clientes ou
organizações individuais que devem ser abordados a cada ocasião de compra”.
Para Borba (2004, p. 25), o marketing de relacionamento tem como objetivos:
• Procura criar novo valor para os clientes e compartilhar esse valor entre o produtor
e o consumidor;
• reconhece o papel fundamental que os clientes individuais têm não apenas como
compradores, mas também na definição do valor que desejam;
• exige que uma empresa, em consequência de sua estratégia de marketing e de seu
foco sobre o cliente, planeje e alinhe seus processos de negócios, sua comunicação,
sua tecnologia e seu pessoal para manter o valor que o cliente individual deseja;
• é um esforço continuo e colaborativo entre o comprador e o vendedor. Desse modo,
funciona em tempo real;
• reconhece o valor dos clientes por seu período de vida de consumo e não como clien-
tes ou organizações individuais que devem ser abordados a cada ocasião de compra;
• procura construir uma cadeia de relacionamentos dentro da organização para criar
o valor desejado pelos clientes, assim como entre a organização e seus principais par-
ticipantes, incluindo fornecedores, canais de distribuição intermediários e acionistas.
capítulo 5 • 131
e agregam valor para seus clientes. O marketing de relacionamento aproxima
os clientes da empresa, que começa a conhecê-los melhor e, a partir daí, estabe-
lece melhores estratégias para satisfação dos mesmos.
A venda de parceria exige maiores esforços por parte da empresa, mas tam-
bém proporciona maiores vantagens.
132 • capítulo 5
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5.1.2 Técnicas e Instrumentos de Marketing de Relacionamento
capítulo 5 • 133
Para o sucesso da venda pessoal, é importante que o seu maior responsável
seja o gerente de uma pequena empresa ou mesmo o proprietário-gerente.
De acordo com Kotler (2000, p. 585), “a venda pessoal é a ferramenta mais
eficaz em estágios mais avançados do processo de compra, especialmente para
aumentar a preferência e a convicção do comprador e levá-lo à ação”.
A mala direta é uma propaganda enviada pelo correio, como folhetos, fol-
ders, pequenos brindes, cartas etc. Na verdade, consiste em um tipo de propa-
ganda, divulgando informações promocionais (KOTLER, 2000).
O ombudsman é o representante de um
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134 • capítulo 5
voluntária de um cliente de continuar prestigiando uma empresa específica
durante um período prolongado” (LOVELOCK, WRIGHT, 2001, p. 150). Já para
Oliver (1999, p. 34), a fidelidade é um “comprometimento profundo em recom-
prar um produto ou serviço preferido consistentemente no futuro, apesar de
influências situacionais e esforços de marketing que existam buscando o com-
portamento de troca de fornecedor no consumidor”. Para o autor, a fidelidade
pode ter duas formas:
CONEXÃO
Leia o artigo “Satisfação, lealdade, fidelização e retenção de clientes”, de Alexandre A. Souza,
para saber mais sobre o assunto. Acesse: <http://www.nitsustentabilidade.org/Portals/2/
documents/cneg5/anais/T8_0183_0579.pdf> e boa leitura!
capítulo 5 • 135
5.1.3 Campanhas de Retenção
136 • capítulo 5
Oferta de novos produtos e serviços para os atuais
ADD-SELL clientes;
Assim, para cada situação específica, a empresa pode utilizar uma dessas
atividades, com o objetivo de reter seus clientes.
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capítulo 5 • 137
Vamos imaginar uma empresa que tenha milhões de clientes ao redor do
mundo. Essa empresa possui vários pontos de contato, como guichês, má-
quinas de autosserviço, sites (KOTLER, 2000), pessoal da linha de frente (que
mantém contato constante com clientes). Como essa empresa gerenciaria seu
relacionamento com cada cliente? Seria possível? Claro que não. No entanto, a
utilização do CRM pode trazer maiores informações sobre os perfis de clientes
dessa empresa, permitindo que ela consiga traçar estratégias voltadas especifi-
camente para esses públicos.
Sistemas de CRM bem implementados conseguem proporcionar às empresas
uma “interface unificada”, ou seja, o atendente passa a ter acesso ao histórico de
um problema, às preferências, às informações de transações anteriores etc., para
que consiga melhorar o seu atendimento e prestação de serviço (KOTLER, 2000).
Ainda segundo Kotler (2000), esses sistemas permitem às empresas o en-
tendimento, segmentação e classificação mais adequados de suas bases de
clientes, além de melhor definição de clientes-alvo para criar promoções e ven-
das cruzadas mais certeiras. Vejamos algumas das aplicações do CRM, apre-
sentadas por Lovelock, Wirtz e Hemzo, (2011, p. 405):
Nesse sentido, o CRM torna-se uma ferramenta muito útil para manter e
melhorar o relacionamento com clientes. Além disso, clientes fiéis tendem
a comprar mais e usar mais de um canal (pode ser uma compra por telefone,
138 • capítulo 5
internet, loja etc.), e quando mais longo for esse relacionamento, menores se-
rão os custos com recuperação de clientes, além de aumentar o valor financeiro
agregado à marca dos produtos ou serviços.
Esse valor percebido pelo cliente representa consiste na “diferença entre a
avaliação que o cliente potencial faz de todos os benefícios e todos os custos de
uma oferta e as alternativas percebidas” (KOTLER, KELLER, 2006, p. 40).
O CRM é mais do que uma simples tecnologia, pois se trata de uma ferra-
menta estratégica que visa maiores lucros por meio do melhor gerenciamento
dos relacionamentos com os clientes. A figura 5.1 apresenta uma estrutura in-
tegrada dos cinco processos mais importantes em uma estratégia de CRM:
Processo de Processo
Processo de Processo de integração
desenvolvimento de avaliação de
criação de valor multicanal
de estratégia desempenho
Estratégia Valor recebido pelo cliente
Força de vendas Resultados para
de negócios • Proposição de valor, os stakeholders
incluindo:
Gerenciamento integrado de canais
Análise do valor ao longo do tempo
Figura 5.1 – Uma estrutura integrada para estratégia de CRM. Fonte: Lovelock, Writz e Hem-
zo (2011, p. 406).
capítulo 5 • 139
O Customer Relationship Management gera valor de ambos os lados: para a
empresa, é possível criar valor a partir de informações sobre um cliente, podendo
ultrapassá-las, como, por exemplo, a Saraiva pode oferecer a você outros livros
comprados por compradores do seu mesmo perfil, quando você visitar o site pela
segunda vez. Do ponto de vista dos clientes, eles participam voluntariamente do
fornecimento de informações das ações de CRM de uma organização. Um outro
exemplo: em uma segunda reserva em um hotel, o sistema de CRM da empresa
armazenou suas preferências pelo tipo de quarto e alimentação, que serão ofe-
recidas no momento do check-in pelo atendente (LOVELOCK, WIRTZ, HEMZO,
2011). Exemplos assim demonstram a geração de um valor superior entregue ao
cliente, integrando as diversas áreas da empresa (marketing, vendas, serviços).
O CRM, portanto, constitui:
[...] um sistema integrado de gestão com foco no cliente, constituído por um conjunto
de procedimentos e processos organizados e integrados num modelo de gestão de
negócios, que visam apoiar a gestão, auxiliando as organizações a ganhar e fidelizar
clientes, buscando a sua satisfação total, por meio da prática da empatia em relação às
suas necessidades e expectativas, permitindo assim a formação de uma visão global
dos ambientes de marketing (CÁRCERES, 2010, p. 69).
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140 • capítulo 5
Lovelock, Writz e Hemzo (2011, p. 407) apresentam algumas falhas comuns
na implantação do CRM:
5.2.1 Reclamações
capítulo 5 • 141
A insatisfação do cliente pode originar da baixa qualidade percebida ele, ou
pelas falhas do prestador de serviços (funcionários, equipamentos etc.), ou ain-
da pelo próprio cliente (por ser participante do processo de prestação do ser-
viço). Insatisfeito, o cliente tende a não usufrui mais dos serviços da empresa
ou, raramente, faz uma reclamação formal. Independentemente do culpado da
falha, surgirá uma má impressão sobre a qualidade do serviço (pior será se a fa-
lha for da empresa). Feita a reclamação, a prestadora de serviço deverá atender
prontamente o problema e resolvê-lo imediatamente, se possível (GRÖNROOS,
2004).
No ano de 2014, os Procons do Brasil fizeram 2.490.769 atendimentos, sen-
do 62,7% reclamações e 37,3% de consultas ou orientações. Dentre os setores
que mais geraram reclamações, o de telefonia fixa e telefone celular lideraram
o ranking de reclamações (9,8% e 9,5%, respectivamente), seguido pelos bancos
(7%) e cartão de crédito (6,5%). Quanto às empresas dos setores que lideraram o
ranking, destacaram-se a Oi (196.377 reclamações), o banco Itaú (81.537 recla-
mações). No varejo, destacaram-se as empresas Ponto Frio, Casas Bahia e Extra
(50.585 reclamações) e na indústria a Samsumg (29.250 reclamações). No se-
tor de companhias aéreas, a Tam ficou em primeiro lugar (3.507 reclamações)
(ESTADÃO, 2015).
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142 • capítulo 5
O panorama acima nos mostra claramente que as empresas de serviços pre-
cisam melhorar seus processos e a maneira de lidar com seus clientes.
E você, já reclamou de um serviço mal prestado? Se sim, qual foi a atitude da
empresa nesse momento? Houve solução para o seu problema? A verdade é que
a maioria dos clientes não reclama, principalmente se acharem que suas recla-
mações não surtirão efeito. Isso leva as empresas a acharem, erroneamente,
que se não há reclamações, então tudo vai bem. Em casos assim, normalmente
o cliente está só aguardando uma oportunidade para mudar de fornecedor de
serviço (LOVELOCK, et al., 2011). A figura 5.2 apresenta as opções que um clien-
te pode tomar, ao se deparar com falhas de serviços.
Reclamar ao
prestador de serviço
Figura 5.2 – Categorias de reação a falhas de serviço. Fonte: Lovelock, Writz e Hemzo (2011,
p. 417).
capítulo 5 • 143
pronta para lidar com qualquer situação, a fim de evitar a deserção do cliente
ou mesmo que ele espalhe a reclamação, comprometendo a imagem da orga-
nização. A internet se tornou um meio muito fácil de espantosa propagação de
reclamações. É comum vermos nas redes sociais pessoas deixando suas men-
sagens contra várias empresas, como Bradesco, Rede Globo, Itaú, Casas Bahia
etc. (LOVELOCK, et al., 2011).
Contudo, ainda há muitas empresas que não valorizam as reclamações de
seus clientes. Não possuem sequer um sistema ou uma maneira formalizada
para lidar com essas reclamações.
Lovelock et al. (2011) afirmam que reclamações, sugestões e elogios podem
ser convertidos em fluxo de informações, que pode ser usado para auxiliar a su-
pervisionar a qualidade e também a melhorar o projeto e a entrega de serviços.
Segundo os autores, sugestões, reclamações e elogios espontâneos constituem
ricas (e gratuitas) fontes de feedback minucioso sobre o que agrada ou desagra-
da os clientes.
Para lidar com reclamações, a organização precisa preparar e capacitar seu
pessoal da linha de frente (front office) para que saibam lidar com essas situa-
ções. Muitas vezes, o cliente, ao reclamar, está estressado, com raiva, se sentin-
do enganado etc., e o funcionário será o canal de reclamação. Nesse caso, quan-
to mais atencioso, interessado, calmo e respeitador for o funcionário, menos
agressivo será o cliente.
Como as reclamações são valiosas para as empresas que focam em seus
clientes, a recepção das mesmas terá que ser planejada para que seja possível
acalmar o cliente e demonstrar interesse na solução de seu problema.
Empresas que sofrem com a deserção de clientes (quando os clientes tro-
cam de fornecedor do serviço) devem monitorar as causas mais comuns, que
são: “insatisfação, percepção de preço enganoso e injusto, inconveniência e
resposta precária a falhas de serviço” (LOVELOCK et al., 2011), devendo abor-
dar e analisar os motivos pelos quais seus clientes as deixam e adotar ações
eficazes para gerir as reclamações e recuperação de serviços.
Kotler (2000) também ressalta que é preciso que a empresa seja rápida ao
reagir às reclamações dos clientes, agindo construtivamente, pois:
De todos os clientes que registram uma reclamação, entre 54% e 70% voltarão a fazer
negócios com a empresa se suas reclamações forem resolvidas. O percentual chega a
144 • capítulo 5
espantosos 95% se os clientes sentirem que a reclamação foi atendida rapidamente.
Clientes que reclamaram junto a uma organização e tiveram suas queixas satisfato-
riamente resolvidas, falam a uma média de cinco outras pessoas a respeito do bom
tratamento que receberam (KOTLER, 2000, p. 70).
Lovelock et al. (2011), afirmam que apenas de 5 a 10% dos clientes insatis-
feitos com um serviço reclamam, e às vezes, ainda menos que isso. O autor res-
salta ainda que os consumidores atuais estão cada vez mais bem informados,
autoconfiantes e assertivos na busca de resultados satisfatórios para as suas
reclamações. Pessoas de níveis socioeconômicos reclamam mais do que as de
níveis mais baixos. Empresas que lidam com públicos de níveis mais elevados
precisam ter mais cuidado em relação às reclamações (LOVELOCK, WRITZ,
HEMZO, 2011).
Lovelock et al. (2011) ainda afirmam que o gerenciamento das reclamações
dever ser visto pela empresa como um centro de lucro, e não de custo, como
a maioria faz, pois perder um cliente significa mais do que perder o valor da
próxima transação: a empresa perde lucros que viriam ao longo do tempo do
cliente perdido e de outros clientes com quem ele conversou.
Como se pode observar, há motivos de sobra para que as organizações de ser-
viços prezem mais pelos seus sistemas de reclamações e retenção de clientes.
E os clientes? Como eles reclamam? De acordo com Lovelock et al. (2011),
os clientes reclamam com as seguintes finalidades:
capítulo 5 • 145
5.2.2 Recuperação de Clientes
146 • capítulo 5
Lovelock et al. (2011) afirmam que quando um cliente que passou por uma
falha no serviço é bem atendido e tem o seu problema resolvido, torna-se mais
fiel à empresa do que o cliente que nunca teve nenhum problema, mas isso se
ocorrer a falha apenas uma vez. Caso se repita, o cliente não reagirá da mesma
forma, pelo contrário, ficará frustrado.
Ainda de acordo com os autores, pode-se afirmar então que a recuperação
de um serviço pode ser uma maneira de encantar o cliente. Mas isso irá depen-
der do tipo de falha ocorrida. Muitas vezes, a empresa não consegue compensar
o cliente de modo que consiga restaurar a sua satisfação. Imagine a perda de
fotos de um evento importante para você! Por mais que a empresa o indenize,
nada irá compensar a perda dos registros daquele momento, não é mesmo? Por
outro lado, caso haja uma falha na reserva de um quarto de hotel, a empresa
pode compensá-lo com uma suíte de qualidade superior. Este é um exemplo
de como uma organização pode recuperar um serviço entregando um produto
superior ao cliente. Você já passou por uma situação parecida?
Por mais que as empresas de serviços se esforcem, infelizmente, estudos in-
dicaram que 40 a 60% dos clientes de serviços afirmam estar insatisfeitos com o
processo de recuperação (LOVELOCK, WRITZ, HEMZO, 2011).
Grönroos (2004) apresenta alguns aspectos quanto à recuperação de serviços:
capítulo 5 • 147
5.2.3 A Importância da Garantia
Hart (1993, apud Zeithaml e Bitner, 2003) também apontam outras vanta-
gens das garantias em serviços, como:
148 • capítulo 5
Como se pode verificar, pensar na garantia da qualidade de serviços consti-
tui uma questão estratégica, merecendo atenção e cuidado contínuos por parte
das empresas.
capítulo 5 • 149
desejam fornecer garantias, não questionam, por exemplo, se o objetivo da ga-
rantia será o aprimoramento operacional ou de marketing; se devem ter mesmo
uma garantia; se irão trabalhar com garantia incondicional ou condicional; se a
garantia será total ou específica; se a garantia será explícita (divulgada para to-
dos) ou implícita (divulgada apenas para funcionários e usado como meio de re-
cuperação de clientes). Dessa forma, decisões referentes à definição das políticas
de garantia devem ser bem planejadas e responderem ao que a empresa realmen-
te deseja atingir no mercado, quanto à satisfação e atendimento ao cliente.
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC) brasileiro, as em-
presas que comercializam bens não duráveis são obrigadas a conceder garantia
de, no mínimo, 30 dias aos seus clientes, e para as empresas de bens duráveis,
garantia de, no mínimo, 90 dias para seus produtos e serviços. Esse período cor-
responde ao tempo em que os produtos serão próprios e adequados ao consumo
e uso ao que se destinam, sem causar riscos à saúde e segurança do consumidor
(NUNES, 2000, p. 322-323; GARCIA, 2007). É direito das empresas oferecer garan-
tia estendida, mediante contrato (garantia contratual – artigo 50 da Lei 8.078, de
11 de setembro de 1990), complementando a garantia legal (NUNES, 2000).
Quanto aos direitos garantidos pelo Código de Defesa do Consumidor
quanto ao fornecimento de produtos e serviços ao consumidor, apresentamos
alguns deles:
150 • capítulo 5
na promessa ao cliente de que, se ocorrer falha na entrega do serviço, ele terá
direito a uma ou mais formas de compensação. Servem também para minimi-
zar dúvidas quanto à contratação de serviços, pois oferecem maior segurança
quanto ao desempenho do produto ou serviço para o cliente.
CONEXÃO
Leia o artigo “Quais os principais motivos que influenciam na decisão de compra de uma
garantia estendida?”, disponível em: <http://www.anpad.org.br/diversos/trabalhos/EMA/
ema_2008/2008_EMA184.pdf>, para entender mais sobre a importância da garantia nas
compras dos consumidores. Boa leitura!
capítulo 5 • 151
©© © OTNAYDUR | DREAMSTIME.COM
ATIVIDADES
01. Marque a alternativa incorreta sobre a recuperação de serviço:
a) É preciso tomar a iniciativa de informar ao cliente sobre a falha ou o erro, mas não há
necessidade de mantê-lo informado no andamento da retificação desse erro.
b) No processo de recuperação de serviços, a empresa deve agir rápido para que o cliente
não deixe de comprar seus produtos ou serviços ou não saia fazendo o boca a boca
desfavorável sobre a empresa.
c) Para uma efetiva recuperação de serviços, uma das diretrizes a serem seguidas é dar
maior autonomia aos empregados, além de treinamento com orientação sempre voltada
ao cliente.
d) Ao falhar no atendimento da satisfação de seus clientes, as empresas devem buscar a
recuperação de serviço, que consiste em um processo para identificação das falhas do
serviço, além de resolver os problemas de clientes e classificar as causas geradoras dos
mesmos, no intuito de avaliar e melhorar o sistema de serviço.
152 • capítulo 5
e) Pedir desculpas ao cliente é importante, no entanto, o mesmo deve ser compensado
imediatamente, caso não seja possível oferecer uma compensação financeira imediata.
REFLEXÃO
Você já parou para pensar em quantas empresas de serviços que você abandonou ao longo
do tempo, ou seja, de quantas empresas você não contrata mais serviços? De acordo com
o que acabamos de estudar, quais foram as estratégias ou atitudes que essas empresas
deixaram de tomar, que resultaram na sua deserção? Tente identificar quais foram as falhas
e ache soluções para as mesmas. Esse exercício fará com que você aplique o conteúdo
estudado à sua realidade.
LEITURA
Leia o artigo “Antecedentes da Retenção de Clientes: Um Estudo Aplicado a Usuá-
rios de Serviços Bancários”, disponível no endereço eletrônico: <http://www.anpad.org.
br/diversos/trabalhos/EMA/ema_2008/2008_EMA63.pdf>, e amplie seus conhecimentos
sobre a retenção de clientes. Boa leitura!
capítulo 5 • 153
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GABARITO
Capítulo 1
01. a
A alternativa A está incorreta, pois os serviços não são passíveis de estocagem.
02. d
A alternativa d está incorreta, pois os serviços não resultam na propriedade de nada, ou
seja, não há como transferir sua propriedade ao cliente.
Capítulo 2
01. b
A alternativa b está incorreta, pois os serviços abrangem um terço do comércio mundial,
sendo a área de maior crescimento econômico.
02. c
Apenas a alternativa c está correta, enquanto as demais estão com os conceitos
trocados.
capítulo 5 • 155
03. a
A alternativa a está incorreta, pois valor é a relação de custos (monetários, de energia, de
tempo e psicológicos) e benefícios (funcionais e emocionais).
Capítulo 3
01. e
A alternativa e está incorreta, pois a empresa estabelecer expectativas na medida certa
para os clientes certos. Se a empresa criar uma expectativa muito alta em desconformidade
com as expectativas dos clientes, certamente desapontará esses clientes. De modo contrá-
rio, se as expectativas estabelecidas forem muito baixas, a empresa não conseguirá atrair
um bom número de clientes, mas superará as expectativas dos poucos que forem atendidos.
02. d
A alternativa d está incorreta, pois apresenta o conceito de evidência física e não de
praça ou distribuição.
Capítulo 4
01. d
A alternativa d está incorreta, pois trata do conceito de segmentação e não de endo-
marketing.
02. c
A alternativa c está incorreta, pois hoje os aspectos intangíveis dos produtos, assim como
serviços agregados, passaram a ser essenciais para a diferenciação do mercado.
Capítulo 5
01. a
A alternativa a está incorreta, pois as empresas devem sim manter o cliente informado
quanto ao andamento da retificação de possíveis erros.
02. a
A alternativa a está incorreta, pois se trata do conceito de venda de relacionamento, e
não de parceria. A venda de parceria é quando a empresa procura melhorar as operações, as
vendas e os lucros do cliente continuamente.
156 • capítulo 5
ANOTAÇÕES
capítulo 5 • 157
ANOTAÇÕES
158 • capítulo 5
ANOTAÇÕES
capítulo 5 • 159
ANOTAÇÕES
160 • capítulo 5