Psicodrama - O Forro E O Avesso: Sérgio Perazzo Editora Ágora São Paulo, 2010
Psicodrama - O Forro E O Avesso: Sérgio Perazzo Editora Ágora São Paulo, 2010
Psicodrama - O Forro E O Avesso: Sérgio Perazzo Editora Ágora São Paulo, 2010
Alves
Psiquiatra, sociopsicodramatista,
supervisor didata, professor do IPPGC
Psicodrama - o forro e
o avesso
Sérgio Perazzo
Editora Ágora
São Paulo, 2010
Ao se fazer a resenha de um livro, o que se pretende é revelar uma
amostra de seu conteúdo que possa estimular a curiosidade de um futuro
leitor, tarefa essa em parte facilitada pela boa expectativa que uma obra
de Sérgio Perazzo desperta na comunidade psicodramática. Tarefa não
muito fácil, quando se trata de um livro contendo quatrocentas páginas, a
mostrar o quanto de relatos, comentários, posicionamentos e reflexões o
autor foi colecionando nesses dez anos que se passaram desde seu último
livro exclusivo, embora muitos já comunicados em congressos, artigos e
textos publicados em revistas e livros de coautoria.
O estilo de Perazzo, seu “ethos”, já é conhecido: parágrafos densos,
conceitos minuciosamente enunciados, não se cansando em repeti-los
cada vez que se faz necessário para a melhor compreensão do que quer
transmitir, sempre entremeados por algo que traga graça, humor, roman-
tismo e poesia ao que escreve, o que deixa a leitura mais amena, agra-
dável e sedutora. Apaixonado pelo psicodrama, é muitas vezes severo na
crítica ao que diverge, sejam procedimentos práticos ou embasamentos
teóricos, sejam posturas e hábitos da vida institucional.
Como o título do livro já nos assinala, através do forro, que deixa à
mostra as idas e vindas dos fios tecendo o pano e bordando desenhos, po-
demos aprender a tecer a ciência-arte do psicodrama, como se imbricam
seus conceitos, suas estratégias técnicas, sua ética, sua filosofia. Através
do forro encontramos o tecido que nos possibilita contatos acolhedo-
res, emocionais, afetivos, a intimidade prazerosa com os fundamentos
do psicodrama, com os ensinamentos transmitidos, com as reflexões des-
pertadas, com os posicionamentos que desencadeiam concordâncias ou
discordâncias.
Nessas quatrocentas páginas, o autor nos contempla com duas partes,
constituída por vários capítulos: I - Atualizações necessárias, em que o
foco se concentra na teoria e na prática psicodramática II - Miscelânea:
prato feito (notas, reportagens, reflexões), que contempla as andanças
do autor por fatos de sua vida, contando algumas experiências pessoais
ou fazendo comentários que visam um compartilhar de ideias.
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Direciono uma primeira vista para “o forro e o avesso”, indo do fim
para o começo, e minha atenção se volta para o final do livro. Ali está uma
foto de Sérgio, com dois anos de idade, sentado, com a cabeça apoiada
numa das mãos. A uma indagação de sua tia, respondera: Estou pensan-
do na vida. E, para quem já se revelava pensador, nada melhor que ser
despertado pela curiosidade, pela fantasia e imaginação, pela espontanei-
dade que se faz criatividade, pelo universo relacional, pela vida colocada
em cena, pelo psicodrama, terreno fértil para a observação vivenciada,
para a sensibilidade afetiva, para a elaboração compreensiva de tudo que
diga respeito à nossa existência.
Instigado pela curiosidade, priorizo acompanhar o menino que se faz
profissional e segui-lo nessa sua trajetória até os dias de hoje. Da forma
que li, resenho o livro iniciando pela segunda parte: Miscelânea: prato
feito.
Em Inconclusões, último capítulo do livro, o autor nos traça um es-
boço, uma rápida e singela autobiografia, memórias de onde nasceu e
cresceu, expectativas, imposições, escolhas, liberdade criativa. O menino
pensador, responsável e cumpridor das obrigações, já antecipava aquele
que se colocaria vigilante contra amarras ditatoriais e ao que pudesse blo-
quear a alegria de uma espontaneidade vivencial. Cenas a percorrer sua
memória, antigas, recentes, atuais, significativas no trajeto psicodramáti-
co. Os capítulos que o antecedem: Uma Breve história do psicodrama no
Brasil: um ponto de vista, O Primeiro congresso a gente nunca esquece,
Organização de congressos de psicodrama, falam de histórias, emoções,
experiências, críticas e sugestões à organização e formatos dos congressos
de psicodrama. P de política e proximidade destaca a sensibilidade huma-
na muitas vezes ausente nos profissionais, seja em seus atendimentos seja
REVISTA BRASILEIRA DE PSICODRAMA – Luís Falivene R. Alves
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RESENHA – Psicodrama - o forro e o avesso
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