Instruções Básicas Do Judô
Instruções Básicas Do Judô
Instruções Básicas Do Judô
2 ª edição, 2012
All Japan Judo Federation
Em prol do progresso do judô
O judô possui uma longa história de 130 anos e a base do seu conteúdo e as
metodologias de instrução já estão estabelecidas e são seguidas por muitos dos
instrutores de judô por todo o Japão.
Por outro lado, o ambiente que envolve o judô também tem mudado com o tempo e as
transformações na sociedade, havendo necessidade de rever e melhorar a forma como
instruímos o judô.
"As Instruções Básicas do Judô" é o mais recente livro de instrução elaborado pela
Federação, baseado no conteúdo de edições anteriores como "Instruções de Segurança
no Judô" e "Manual para Aula de Judô".
Como pregou o grande mestre Jigoro Kano Shihan, o objetivo do judô é desenvolver o
físico e espírito, tanto como aperfeiçar a si mesmo e contribuir para a sociedade. Somado
a isso, a instrução correta do judô faz com que a pessoa aprenda os princípios e os
fundamentos do judô de forma concisa, permitindo que esta não somente obtenha
melhores resultados em termos de competição, mas que também pratique o esporte por
toda a vida.
Haruki Uemura
Federação Japonesa de Judô
ÍNDICE
O que é judô?
1. Do Jujutsu para o Judô...............................................................................1
1) O espírito do judô: "Seiryoku-Zenyo" e "Jita-Kyoei"..............................3
2) O objetivo do aprendizado no judô........................................................6
O criador do judô, Jigoro Kano Shihan praticou Jujutsu pelas escolas Tenjin-sinyo-ryu e
Kito- ryu e se impressionou com o seu valor educativo.
No entanto, nem sempre esteve familiarizado com o Jujutsu desde a sua infância, já que
ele cresceu numa época de transição do shogunato Tokugawa para a Restauração Meiji
(do feudalismo para um país moderno), onde se dava mais importância aos estudos em
detrimento dos dotes marciais.
Como possuía um porte físico pequeno e frágil, o seu desejo era de se tornar mais forte e
aprender artes marciais, mas o seu pai havia se oposto à sua ideia e ele só conseguiu
aprender artes maricias depois que se ingressou na Universidade Imperial de Tóquio (atual
Universidade de Tóquio).
Ao avançar com os treinos de Jujutsu ele foi percebendo que o seu corpo frágil se tornara
vigoroso e a sua personalidade instável ganhou estabilidade. Assim, Kano Shihan
percebeu a vantagem de aplicar esse conhecimento à educação e começou a estudar
outras escolas e assim criou o Judô a partir do Jujutsu. O mestre deixou registrado as
seguintes palavras em relação ao Jujutsu e ao Judô:
“O que eu quero ensinar não é o Jujutsu na sua forma tradicional, mas acompanhado de um significado muito
mais profundo e com um objetivo mais abrangente. Na realidade o Jujutsu possui na sua raiz um caminho a ser
seguido, e a sua técnica é apenas uma forma de aplicar este caminho. As técnicas ensinadas pelos seus mestres
formaram esta modalidade atual e como a minha intenção não era mudar
completamente o nome, mantive o ideograma 柔 (Ju) e chamei-a de Judô.” (1)
Caligrafia do Kano Shihan - Usar a energia para o bem/ Prosperar a si e aos outros (extraído da homepage do Kodokan)
1
A história pessoal do Jigoro Kano Shihan
Jigoro viveu a sua infância numa época Mas o jovem Jigoro tinha uma constituição física
onde se dava mais importância aos estudos do que às frágil, e tinha um forte desejo de fortalecer o seu
artes marciais, assim ele recebeu uma preperação físico.
acadêmica avançada sob a orientação do seu
talentoso pai.
2
1) O espírito do judô: "máxima eficiência com mínimo esforço)" e "bem-
estar e benefícios mútuos"
O espírito do judô está representado pelas filosofias básicas: "seiryoku-zenyo (máxima eficiência
com mínimo esforço)" e "jita-kyoei (bem-estar e benefícios mútuos)"
"O significado principal do judô é fazer uso da energia da melhor maneira possível. Em outras
palavras, buscar o bem fazendo uso das suas energias de forma mais eficaz. E o que seria esse
bem? O bem é tudo que contribui para a continuidade e progresso da sociedade." (2)
"Essa continuidade e progresso da sociedade será alcançada através de sojo-sojô: ajuda e
concessão mútuas, e jita-kyoei: bem-estar e benefícios mútuos, esses dois conceitos em si
também podem ser considerados bens. Este, portanto é o significado essencial do judô."
(2)
Ao arremessar
manter um
braço (hikite) Respeitar sempre o adversário
segurando
Jita-Kyoei
2) O objetivo da prática no judô
"Judô é o caminho para usufruir das forças da mente e do corpo da maneira mais eficaz. A prática
do judô forja o corpo e o espírito através dos treinamentos do ataque e defesa, buscando atingir a
essência do caminho. Assim, o seu objetivo final é de se auto-aperfeiçoar e contribuir com
benefícios à sociedade." (3)
"O real valor de qualquer pessoa é definido pelo grau de realização das contribuições que ele fez à
sociedade. Como este tipo de contribuição só pode ser feita na sua plenitude por aquele que se
empenha em se auto-aperfeiçoar, o objetivo do judô é exatamente o auto-aperfeiçoamento e
contribuição de benefícios à sociedade. " (5)
O preparo fundamental exigido ao instrutor é instruir o praticante de judô para que ele
possa entender a importância do treinamento.
O judô tem sido difundido e desenvolvido em todo o mundo. Os atrativos do judô que
tem fascinado e cativado as pessoas do mundo inteiro é o componente de duelo que
representa a essência de uma competição esportiva, e do outro o atrativo em termos de
(6)
formação humana , conteúdo já explicado na sessão anterior. No entanto, o ambiente
que envolve o judô tem se diversificado cada vez mais e hoje os valores exigidos ao judô
também ganharam maior amplitude e podem ser: “quero me tornar mais forte, mais
vigoroso, quero me divertir lutando judô, quero conhecer a cultura esportiva tradicional do
Japão”; ou se levarmos em conta as necessidades dos pais: “quero que a criança adquira
educação e disciplina, adquira melhor condição física.” Como é difícil sintetizar todos
esses valores em um único modelo de instrução, é necessário que o instrutor de judô
(6)
tenha uma grande paixão e um espírito flexível e aberto às mudanças , além de ter o
entendimento sobre a natureza cultural e educativa do judô e se empenhe nas práticas
instrutivas adequadas para cada indivíduo munido de vasto conhecimento e experiência.
Sim!
É isso aí.
Continue se
esforçando
7
2. Os conhecimentos e a capacidade exigidos ao instrutor de
judô
Imposições como: "Um homem deve obedecer calado", "Você sabe o que quero" ou
"Vou dizer sim porque tenho medo do instrutor", refletem situações de uma instrução
autoritária.
O instrutor deve considerar “o que é importante ao atleta”, “o que transmitir e como
transmitir”, e também “observar se o que foi passado foi assimilado pelo atleta”, através
das instruções realizadas dentro de critérios e formas de avaliação consistentes. As
aplicações práticas e eficazes de técnicas de “coaching” (orientação) serão detalhadas
mais tarde, mas antes é necessário enumerar a essência das competências requeridas:
(1) Habilidade humana (relacionamento interpessoal)
(2) Habilidade conceitual (capacidade de compreender a estrutura de fenômenos
complexos e ideias abstratas)
(3) Habilidade técnica (conhecimentos técnicos específicos de instrução do judô)
(4) Habilidade de gestão de riscos (capacidade de controle ou de prevenção de eventuais
problemas que possam surgir numa ocorrência de circunstâncias imprevistas:
capacidade de gestão de crises)
Foque no seu
bíceps
8
1) As habilidades comunicativas de um instrutor de judô (técnicas para
um bom aconselhamento)
Os segredos do aconselhamento
Em primeiro lugar, dar ouvidos ao atleta.
Fazer perguntas objetivas e fundamentadas, e esperar a resposta do atleta.
Perguntar mais uma vez e ouvir, nessa altura colocando questões de modo a extrair a
resposta do atleta.
Resumir ao final e dar acompanhamento (feedback).
"Que luta foi essa!? O que pensa que é o treino? Pode desistir do judô!" Já teve
experiência em proferir palavras ásperas como essas de tão enervado que ficou com a luta
do seu atleta? Esbravejar ressentido é muito diferente de chamar a atenção do atleta com
um intuito.
Daí percebemos a importância de manter uma comunicação eficiente com o atleta.
(7)
Podemos resumir os requisitos necessários para um bom “coaching” da seguinte forma:
Possuir conhecimento específico de uma determinada área, conhecimento
abrangente sobre diversos assuntos como psicologia, fisiologia esportiva,
anatomia, nutrição, sociologia, economia entre outros, e a capacidade de aplicá-los
no treinamento diário e nas competições.
Possuir espírito de liderança, capacidade de lidar com as pessoas de modo
adequado e eficáz, e capacidade de gestão baseada em experiências próprias.
Possuir personalidade agregadora e habilidade de motivar os atletas para que
possam se desempenhar com o máximo esforço na busca dos objetivos e metas
comuns da equipe.
A boa funcionalidade do “coaching” pelos requisitos acima será capaz de extrair o
máximo do potencial de cada atleta.
Uma conversa imaginária entre o instrutor e o seu atleta
Na Sala do clube de judô de uma escola
secundária, Jutaro estudante do 2º ano Sensei, penso que
do ginásio conversa com o seu Sensei comecei bem a luta
(técnico). na primeira metade e
entrei com o seoi de
direita no momento
certo.
Jutaro,
o que você achou
da sua derrota
na luta passada?
Sim, e
A luta gravada foi
que mais? Mas não consegui
desequilibrar o adversário. analisada e as
Eu tinha treinado situações correções necessárias
em que o meu oponente é
foram explicadas.
canhoto, mas... estou
desapontado. Então, vamos ver o
...Não me conformo. vídeo?
Este seoi-nage na
primeira metade da
luta. foi aplicado no
momento certo.
Os instrutores de judô para jovens são os responsáveis pela formação da base para
o futuro do judô. Formar uma visão científica e a capacidade de colocá-la em
prática é a base da instrução.
Curva geral
Curva
Idade
Levando tudo o que foi citado até agora é possível evidenciar o que é importante para um
instrutor de judô. Isso pode ser traduzido como talento e capacidade de dar “coaching” ou
também pode ser considerado como o talento e a capacidade de desenvolver as pessoas
através do judô.
Infelizmente podem existir instrutores que pensam que não há problemas em aprimorar
somente as técnicas e habilidades do judô. Também é verdade que existem formas de
instrução que acabam tirando o prazer em praticar o judô.
O instrutor de judô deve pensar constantemente sobre quem é o principal. Os atletas
não são simples peças de xadrez. A função do instrutor é conseguir criar um ambiente
onde o atleta se auto-instrui, resolve as questões por sua conta e cresce continuamente,
fazendo com que o atleta se empenhe constantemente e com tranquilidade. Esse estado
ideal de instrução não se restringe apenas ao judô, mas sim para todas as modalidades
esportivas.
Antes de iniciar com as instruções técnicas de judô
14
Menin Meni
os na
Geraç Geração Geraç Geração
ão das ão das
dos crianças dos crianças
pais pais
Altura (cm) 14 145.1 144,9 146,9 (+2,0)
2,9 (+2,2)
Corrida de 50m (s) 8,9 8,9 (0) 9,1 9,2 (-0,1)
Arremesso de
softball (m) 35. 3 30,6 (- 20,5 17,8 (-2,7)
4,7)
* Geração dos pais: crianças de 11 anos em 1979, crianças de hoje: 11 anos em 2009
* A média nacional representada com valores arrendados a partir da segunda casa decimal.
A proporção (%) de crianças que prática de exercícios e esportes por três dias ou mais por semana
Menin Menin
os as
Geração Geração das Geração Geração das
dos pais crianças de dos pais crianças de
hoje hoje
5 66.9 (+14,4) 38,1 35,9 (+2,2)
2,
5
* Exclui aulas de educação física ministradas na escola
* Geração dos pais: crianças de 11 anos em 1979, crianças de hoje: 11 anos em 2009
Extraído da "Homepage sobre melhoria da capacidade física das crianças, Ministério da Educação, Cultura, Desporto,
Ciência e Tecnologia do Japão"
(http://www.recreation.or.jp/kodomo/index.html)
15
2. A situação atual da capacidade física das crianças
Principalmente na instrução do judô para crianças é preciso fazer uma verificação
preliminar minuciosa como o histórico médico da criança, etc.!
Além disso, o número de ocorrências de fraturas nas crianças também tem aumentado
para quase o dobro comparado com os números de 30 anos atrás (ver a figura abaixo).
(Ano fiscal)
Referência:O reiho numa luta de judô, Regulamento Kodokan para os árbitros da luta de judô
O rei é o caminho da interação entre as pessoas que se inicia primeiro pelo respeito à
personalidade do outro, organiza o relacionamento interpessoal e a ordem social, e reiho
são as etiquetas que representam esse espírito. O judoca que está aprendendo o caminho
do uso eficiente da sua energia e da prosperidade própria e dos semelhantes necessita
aprofundar o espírito do rei dentro de si e no seu exterior cumprindo com o reiho de forma
correta.
Inclinação de cerca
Zarei Ritsurei (rei de 30 graus
(rei sentado) em pé)
21
As instruções básicas do judô (2) (Ukemi)
1. O conceito de "ukemi"
Ukemi é o movimento básico para o atleta poder desfrutar do judô.
Qual é o atrativo do judô? É possível encontrar várias satisfações dentro dos atrativos
próprios do judô como arremessar ou imobilizar o adversário. Particularmente a satisfação
é imensa quando se consegue arremessar o adversário de forma correta. Porém para
arremessar o adversário é imprescindível saber aplicar a técnica de forma segura.
E o ukemi pode ser considerado a habilidade necessária para arremessar de forma
correta e segura. Saber ser arremessado com segurança, ao invés de fazer força de todo
jeito para não ser arremessado é a base para a apreciação mútua do nage-waza no judô.
Sabemos que normalmente quando uma pessoa cai para trás, apresenta uma reação
(reflexo) para tentar se manter em pé e tenta corrigir a sua posição em queda. Assim, a
sua cabeça tenta voltar à posição vertical, mas ao sofrer a queda, a aceleração
gravitacional pode fazer com que a sua nuca se choque ao chão. Um exemplo elucidativo
disso é uma pessoa que se escorrega no gelo e cai para trás e acaba batendo a sua
cabeça no chão. Particularmente o ukemi para trás é um treinamento para aprender a
encolher o queixo no momento que o corpo cai, e ao mesmo tempo em que comprime o
músculo do abdômen para encolher o corpo e assim evitar um forte impacto da nuca ou
grave contusão em alguma parte do corpo. Além disso, a ação de bater o tatami com as
duas mãos e as pernas ajuda a dissipar o impacto da queda. Em outras palavras esse
treino serve para aprender como cair.
O ukemi é a base fundamental para desfrutar o judô.
Infelizmente, nas ocorrências de acidentes graves no judô existem casos de lesão sofrida
na cabeça, e no pior dos casos existem casos de morte provocada por esse tipo de lesão.
Embora as causas não sejam únicas, não se pode negar a possiblidade da vítima não ter
conseguido fazer um ukemi suficiente no momento que sofreu a lesão. Por isso devemos
considerar a necessidade de discernir a habilidade de ukemi do praticante. É importante
também que o instrutor introduza novas técnicas e exercícios de ukemi, de acordo com o
estado físico de cada praticante, ao invés da idade. A instrução normal dos fundamentos
de ukemi somado ao conceito de gestão de riscos possibilita a prevenção de acidentes
graves
22
como os já citados.
Abaixo é mostrada uma instrução normal dos fundamentos de ukemi somado ao conceito
de gestão de riscos:
Sim Não
Iniciar a instrução do ukemi de acordo com os fundamentos de instrução para
ukemi.
Fazer com que o praticante deite de costas. Fixar a sua testa e fazer com que ele faça o movimento de puxar o
queixo de modo a experimentar a sensação de ver o nó da sua faixa (Foto 2).
Iniciar exercícios centrados no movimento do berço, exercício de fortalecimento do pescoço (foto 3) ou deitá-lo de
costas e fazer com que olhe para o nó da sua faixa e faça os movimentos da mão e do braço de um ukemi de costas
(foto 4).
O exercício de ukemi com os pés jogados também deve começar pela instrução de movimentos lentos de queda de
ukemi pelas costas e sem fazer barulho.
Realizar a prática na frente ou ao alcance dos olhos do instrutor.
* Isto não significa que praticantes nesta fase possuam pouca força muscular para encolher o corpo ou olhar para o
nó da sua faixa, mas é alta a possibilidade de ainda ter dificuldades em coordenar ou desenvolver os seus
movimentos. São necessários cuidados em cada etapa de instrução.
Principalmente a instrução às crianças deve levar em consideração a compreensão dos diversos fatores como os já
citados.
23
Foto 1 Foto 2
Foto 3 Foto 4
3. As considerações e os exemplos de desenvolvimento das
instruções do ukemi
O judô é um esporte do tipo disputa com uma estrutura de movimentação relativa e para
adquirir as suas habilidades é necessário treinar em parceria com um oponente. Portanto,
a sua prática não deve ficar restrito ao treino individual, mas deve avançar rapidamente
para um exercício relativo (com outra pessoa) sem esquecer de considerar a segurança do
praticante.
Mas não quer dizer que o praticante deve já passar para o treino de nage-waza. O que
se requer é começar com uma instrução de ukemi com aplicação de técnicas que equivale
a uma fase de transição entre o treino individual inicial do ukemi e o uso real do ukemi na
hora em que é arremessado por nage-waza.
É sabido que quanto mais a pessoa pratica o ukemi melhor será a sua habilidade em
fazer um bom ukemi quando ela for arremessada na prática. Porém os exercícios
individuais de repetição tendem a se tornarem monótonos e podem levar à queda na
motivação para a aprendizagem dos praticantes. A realização de um aprendizado de
ukemi cativante e ao mesmo tempo seguro possibilitará uma vantagem dupla tanto pela
prática segura do judô como pela melhora das habilidades do praticante.
As fotos abaixo mostram exemplos de desenvolvimento de instruções de ukemi para
cativar os praticantes.
i) Instrução de exercícios em dupla
Transição do ukemi de giro lateral (outen-ukemi) para o ukemi lateral
(yoko- ukemi) e ukemi de giro frontal (mae mawari ukemi) (Fotos 5 a 7)
* A pessoa que está em pé do lado do praticante deve segurar o braço distante do
praticante por baixo do judogi como mostra a foto e empurrar o praticante que está de
quatro pela sua lateral, de modo a fazer com que ele gire e faça um ukemi lateral. Esta
prática serve também para dar instruções sobre a importância do hikite.
Foto 9Foto12
Foto 10 Foto13
Foto 14 Foto 15
Foto 16 Foto 17
As instruções básicas do judô (3)
(os movimentos básicos do nage-waza)
29
[Happo-kuzushi]
(8 direções do kuzushi)
Lado Lado
direito esquerdo
CantoEm frenteCanto
dianteiro(*Exemplo)dianteiro
direitoesquerdo
Foto 1 Foto2
Foto 3 Foto4
As instruções básicas do judô (4)
(instrução de nage-waza)
O que é nage-waza
* Ver o livro "Manual para Aula de Judô", páginas 32 a 57, na seção "Método de treino das
técnicas por fases".
Por exemplo, na lista de instrução das técnicas de nage-waza do Kodokan "As Principais
Técnicas Gokyo, revisão 1920", o de-ashi-barai é a técnica que encabeça a lista. Ou no
"Manual do Judô" elaborado pelo Ministério de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e
Tecnologia do Japão a primeira técnica apresentada é o hiza-guruma seguido de sasae-
tsurikomi-ashi, levando em consideração os fatores citados acima.
32
Foto 1 (estão preparadas fases seguras de instrução?)
Começar a aplicação da tecnica em uma pessoa em posição estática (uke) (em certos casos
o uke não necessita estar de pé)
Escolher a direção da movimentação
Definir algumas combinações dentro da movimentação livre
Fazer treino livre aplicando apenas a mesma técnica
Cada nage-waza deve ter a sua forma de instrução de acordo com o alvo próprio da
instrução, mas de qualquer modo é importante desenvolver a instrução da seguinte forma:
(1) Começar a aplicação da técnica em uma pessoa em posição passiva (uke) (em certos
casos o uke não necessita estar de pé)
(2) Escolher a direção da movimentação
(3) Definir algumas combinações dentro da movimentação livre
(4) Fazer treino livre usando apenas a mesma técnica
(5) Evoluir a instrução pela combinação de outras técnicas já aprendidas para executar o
renraku-waza (combinação de técnicas) ou henka-waza (troca de técnica).
Passo (2) Fazer a pegada correta e arremessar numa situação próxima da realidade
* Em seguida, instruir para que o uke mantenha os dois joelhos no tatami e cada um pegar
do lado direito e fazer o mesmo exercício do passo (1). Instruir principalmente para que
as duas mãos do tori fiquem nos ombros do uke e girar na horizontal para assimilar a
forma de fazer o kuzushi. (Foto 4)
Passo (3) Fazer com que adquira as sensações corretas de tocar com a sola do pé
esquerdo e de esticar a perna.
* Para obter uma percepção correta de tocar com a sola do pé esquerdo (que será o ponto
de apoio da técnica) na perna direita do uke, instruir para manter o joelho esquerdo e o
quadril esticados. É possível fazer exercício individual de repetição como mostrado na
foto 5.
Foto 4 Foto5
Passo (4) Os dois fazem o kumi a partir da posição de pé com atenção para tai-sabaki
e kuzushi
* É necessário adquirir a prática de arremesso de uma forma mais racional e correta,
dando instrução com maior realce ao kuzushi e ao sabaki experimentados no passo 1.
Neste momento, é importante elaborar a instrução tendo cuidado especial na postura do
tori para que este não dobre o seu corpo, situação essa que poderá ser evitada com o
uke puxando com a mão esquerda a parte frontal da faixa do tori.
Foto 6 (Exemplo de postura com cintura dobrada) Foto 7 (O uke puxa a parte frontal
* Reagir à movimentação do uke que tenta girar para o lado direito e entrar com o seu pé
direito ainda mais aberto (mae-sabaki do pé direito) de modo a desequilibrar (kuzushi) o
uke e arremessá-lo. (Treino com os dois segurando as mangas: essa situação permite
treinar também o hiza-guruma, como mostrado na foto 18)
Foto16 Foto 17 Foto 18
4. Material de referência: A classificação do nage-waza
Te-waza: 15 técnicas
Seoi-nage, Ippon-seoi-nage, Seoi-otoshi,Tai Otoshi, Kata-guruma, Uki-otoshi,
Sumi-otoshi, Sukui-nage, Obi-otoshi, Morote-gari, Kuchiki-taoshi, Kibisu-gaeshi,
Kouchi-gaeshi, Uchimata-sukashi, Yama-arashi
Koshi-waza: 11 técnicas
O-goshi, Uki-goshi, Harai-goshi, Tsurikomi-goshi, Sode-tsurikomi-goshi,
Tsuri-goshi, Hane-goshi, Utsuri-goshi, Ushiro-goshi, Koshi-guruma, Daki-ague *2, *3
Ashi-waza: 21 técnicas
Hiza-guruma, Sasae-tsurikomi-ashi, Harai-tsurikomi-ashi, De-ashi-harai,
Okuri-ashi-harai, Tsubame-gaeshi, Ko-uchi-gari, O-uchi-gari, Ko-soto-gari,
Ko-soto-gake, O-soto-gari, O-soto-otoshi, O-soto-guruma, Uchi-mata,
O-guruma, Ashi-guruma, O-soto-gaeshi, O-uchi-gaeshi,
Hane-goshi-gaeshi, Harai-goshi-gaeshi, Uchi-mata-gaeshi
Ma-sutemi-waza: 5 técnicas
Tomoe-nage, Ura-nage, Sumi-gaeshi, Hikikomi-gaeshi, Tawara-gaeshi
Yoko-sutemi-waza: 15 técnicas
Uki-waza, Yoko-otoshi, Tani-otoshi, Yoko-wakare, Yoko-guruma, Yoko-gake,
Daki-wakare, Soto-makikomi, Uchi-makikomi, Hane-makikomi, Harai-makikomi
Uchi-mata-makikomi, O-soto-makikomi
Kani-basami *2 Kawazu-gake *1,*2
Nome da técnica
A Deashi-barai, Sasae-tsurikomi-ashi, Hiza-guruma
D Harai-goshi, Uchi-mata
※ A sequência acima foi compilada da seção "Método de treinamento das técnicas por
fases" do "Manual para Aula de Judô: Visando a obrigatoriedade da aula de artes
(8)
marciais no ensino secundário" (All Japan Judo Federation), páginas 32 a 57.
* Observação: no manual referido a técnica tai-otoshi foi classificada como grau A, mas no
presente texto é classificada como B.
As instruções básicas do judô (5)
(instruções do katame-waza) (ou técnica de domínio)
1. O que é katame-waza
41
2. Os movimentos básicos do katame-waza
No katame-waza é importante explicar “de que maneira” e “por quê deve- se aplicar
a técnica de uma certa forma”, mostrando a resposta dentro do treino prático de
ataque e defesa e assim fazer com que o praticante aprenda as técnicas com
interesse.
42
(2) Quando estiver atacando por baixo
Ponto1: ficar de costas ao chão e levantar a cabeça, os braços e as pernas.
Ponto 2: arredondar as costas de modo a reduzir a área que toca no tatami.
Foto11 Foto 12
Foto 13
(2) Esquiva - sabaki
Nome comum: koshi-kiri. Treinamento para mudar a postura rapidamente quando se
está na posição deitada.
Abrir as duas pernas, manter o quadril alto e apoiar o corpo com os dois braços.
Passar uma perna por dentro e jogá-lo para fora torcendo a parte inferior do corpo. (A
parte superior do corpo mantém-se na mesma postura)
Foto14 Foto 15 Foto 16
Foto17 Foto 18
Foto 19
(4) Giro das pernas
Nome comum: ashi-kaisen. Treinamento de defesa contra o adversário que está ataca
as pernas.
Deitado com as costas no chão, levantar a cabeça, as mãos e as pernas, e dobrar os
joelhos.
Girar as pernas a partir do joelho.
Foto20 Foto 21 Foto 22
Foto35 Foto 36
3. Material de referência: A classificação do katame-waza
Osaekomi
Segundo o Regulamento de Arbitragem do Kodokan, o osaekomi é definido como:
"Deitar o adversário em uma posição relativamente de costas, enquanto fica por cima
deste adversário sem ser dominado, e imobilizar este adversário por um determinado
período de modo que ele não possa se levantar."
Já no Regulamento de Arbitragem da Federação Internacional de Judô, o osaekomi é
declarado na seguinte situação:
"Quando o lutador domina o adversário pela lateral, por cima da cabeça ou pelo corpo
na posição de kesa ou shiho (quatro pontos) e faz com que o adversário tenha as suas
costas, ou um, ou ambos os ombros tocando o tatami, enquanto que não tem a sua perna,
ou o seu corpo preso pelas pernas do adversário."
Ambas as definições são semelhantes no geral, embora o Regulamento de Arbitragem
da Federação Internacional de Judô seja mais detalhado.
Osaekomi
Osaekomi-waza: 7 técnicas
Kesa-gatame, Kuzure-kesa-gatame, Kata-gatame
Kami-shiho-gatame, Kuzure-kami-shiho-gatame
Yoko-shiho-gatame, Tate-shiho-gatame
Shime-waza: 12 técnicas
Nami-juji-jime, Gyaku-juji-jime
Kata-juji-gatame, Hadaka-jime, Okurieri-jime
Kata-hajime, Sode-guruma-jime, Katate-jime
Ryote-jime, Tsukkomi-jime, Sankaku-jime
Do-jime*1
Kansetsu-waza: 10 técnicas
Ude-garami, Ude-hishigui-juji-gatame
Ude-hishigui-gatame, Ude-hishigui-hiza-gatame
Ude-hishigui-waki-gatame, Ude-hishigui-hara-gatame
Ude-hishigui-hara-gatame, Ude-hishigui-te-gatame
Ude-hishigi-sankaku-gatame, Ashi-garami*1
[Ude-hishigi-juji-gatame]
Federação Internacional de Judô (IJF)
KATAME-WAZA: 29 técnicas (NW) (entre parênteses a sigla da técnica)
*1: O Kodokan não reconhece o uki-gatame como osaekomi-waza e considera ushiro-kesa-gatame como
kuzure- kesa-gatame.
*2: O Kodokan classifica ashi-garami como kansetstu-waza, e do-jime como shime-waza, e kani-basami e
O treino de Judô é centrado no treino livre (randori). Para que os praticantes possam treinar
livremente e apreciarem a técnica, aplicar suas técnicas prediletas e fazer treinos plenos de
satisfação, é necessário que adquiram técnicas fiéis aos seus fundamentos. O processo de treino
para esta finalidade é o treino contínuo (kakari-renshu, ou uchikomi) e o treino combinado
(yakusoku-renshu).
Adquirir o entendimento básico sobre aplicação de uma técnica (o tempo certo, uso
Instruções de técnicas básicas das mãos e dos pés, postura de recebimento do uke, forma de fazer o ukemi,
tim
Treinar repetidas vezes os movimentos para entrada da técnica para adquirir o tempo
Kakari-renshu/uchikomi
certo para a sua aplicação e o consolidar o kata da técnica.
Shiai Renshu (competição treino) Planejar competições de acordo com as habilidades e a capacidade física de cada
praticante, e realizar treinos no formato dessas competições. O ataque e a defesa
ganham maior intensidade do que nos treinos livres.
Ao chegar no nível onde as técnicas já estão relativamente assimiladas, centrar o treino na aplicação de técnicas que o
praticante possui maior facilidade, repetindo com precisão os movimentos para entrada nestas técnicas. Nesta fase deve
treinar uma mesma técnica repetidas vezes para adquirir maior precisão e velocidade. Além disso, aproveitar situações
de movimentação para ampliar a habilidade de entrada na técnica.
Instruir ao tori para fazer a pegada com postura correta e evitar colocar
Nota:demasiada força nos ombros e braços. O uke também deve cooperar para que a
técnica seja aplicada corretamente.
Treino centrado nas técnicas prediletas com treinos de repetição para adquirir maior precisão, velocidade e força na sua
aplicação. Nesta fase deve dar exercícios de repetição por inúmeras vezes e com força máxima para adquirir maior
intensidade principalmente nos movimentos de ceifa (gari), carregamento e levantamento. Além disso, para adquirir
Tori maior potência, velocidade e equilíbrio seria válido introduzir treinos de uchikomi de 1 pessoa ou 3 pessoas.
Aquele que aplica a técnica Instruir ao tori para fazer a pegada com postura correta e evitar colocar
Nota:demasiada força nos ombros e braços. O uke deve manter uma postura firme para não desequilibrar mesmo
Uke quando recebe a técnica com toda a força
aplicada.
Aquele que recebe a
técnica e faz ukemi
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(2) Yakusoku-renshu (treino combinado)
A Treino de repetição dos movimentos de entrada e aplicação da técnica de forma precisa, aproveitando a movimentação. Nesta fase, limitar o
espaço de movimentação para apenas 2 a 3 passos para adquirir bem a sensação e o tempo certo de entrar na técnica.
Combinar de antemão a direção do movimento e o número de passos para que possa entrar e aplicar a
Nota:técnica fazendo apenas a movimentação predeterminada.
B Treino de repetição dos movimentos de aplicação da técnica de forma precisa, aproveitando a movimentação do adversário. Nesta fase,
manter determinados padrões de movimentação (o adversário avança para frente/ recua para trás) imaginando situações de treino livre e luta,
e adquirir bem a sensação e o tempo certo de entrar na técnica.
Treinar combinando alguns padrões de movimentação. O uke pode por vezes tomar a iniciativa da
Nota:
movimentação de modo a ajudar o tori no treino.
C Treinar combinando os momentos de entrar com a técnica predileta ou a movimentação de combinação/ variação (renraku/ henka).
Nesta fase imaginar situações reais de movimentação em treinos livres e lutas para entrar na técnica, de modo a
adquirir bem a sensação e o tempo certo de entrar na técnica.
Combinar a movimentação de combinação de técnicas centradas na técnica predileta e treinar numa
Nota:
movimentação próxima à situação real em um randori/shiai.
B Treinar centrado na técnica que tem maior facilidade em aplicar, e alternar ativamente o ataque e a defesa. Nesta fase, dar maior
ênfase no ataque do que na defesa, sem se importar com o resultado e sim buscar o aprimoramento das suas técnicas.
C Treinar aplicando as técnicas prediletas e com toda a intensidade. Além disso, treinar também com adversário com porte físico
diferente, sempre levando em conta as questões de segurança e de acordo com o nível de cada um. Nesta fase deve se
empenhar em treinar com o maior número possível de adversários com estilos diferentes para aprimorar a sua técnica.
(1) Treinar pegando de forma correta adversários com porte físico diferente
Nota:
(2) Aplicar ativamente as suas técnicas prediletas
(3) Não treinar simplesmente de forma intensa, mas aplicar kaeshi-waza aproveitando a força da técnica
do adversário e praticar defesas de racional.
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Citações e referências
I-1.-1) O espírito do judô: fazer o melhor uso da energia e prosperar a si e aos outros
(2) Jigoro Kano, Compêndio Jigoro Kano, vol.1, editora Hon-no-tomo, 1987, p.71
Este manual é a tradução em português da obra “As instruções básicas do judô” publicada
pela Fundação All Japan Judo Federation como uma parte da iniciativa “SPORT FOR
TOMORROW”.
SPORT FOR TOMORROW é uma contribuição internacional por iniciativa do esporte liderada
pelo governo japonês, que promove o esporte a mais de 10 milhões de pessoas em mais de
100 nações até 2020, ano em que Tóquio vai sediar os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de
Verão.
O objetivo é divulgar os valores do esporte e promover o movimento olímpico e paraolímpico
para pessoas de todas as gerações em todo o mundo.
All Japan Judo Federation
Instituto Kodokan,
112-0003, Kasuga 1-16-30, Bunkyo-ku, Tóquio
TEL.: 03-3818- 03-3812-3995
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