(20200613-PT) Correio Dos Açores PDF
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Ribeira Grande
No Alcides colocou placa
Empresários e sindicatos do município
almoçaram no restaurante na Praça do
para dar sinal de confiança Emigrante em
Os empresários insistem que o Governo dos Açores homenagem aos
deve transformar em apoios a fundo perdido os créditos
concedidos às empresas para fazerem face à Covid-19.
pág. 9
que partiram pág. 15 João Miranda, Director Pedagógico do Colégio do Castanheiro
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2 entrevista Correio dos Açores, 13 de Junho de 2020
Correio dos Açores - Tendo como base os qualificados aumentará, quando passar a fase ac-
impactos ocorridos com a chegada do novo tual, pois necessitamos urgentemente de qualifi-
coronavírus, como avalia a queda abrupta car a oferta. Portanto, essas escolas continuarão
que o turismo sofreu no mundo inteiro e nos a ter procura e os seus formandos continuarão a
Açores em particular? ter oportunidades de emprego. Claro que a oferta
Carlos Santos, Presidente da Direcção do de formação deve adaptar-se para responder às
Observatório do Turismo dos Açores - O tu- novas necessidades sentidas no mercado de tra-
rismo e os transportes aéreos,foram dos sectores balho turístico.
que mais sofreram com a presente crise causada
pela pandemia Covid-19, a todos os níveis, mun- Acredita que o “Destino Açores” possa ter
dial, nacional e regional. ficado prejudicado com a questão das quaren-
E, sabendo que uma grande maioria das reser- tenas obrigatórias?
vas para a época alta de 2020 foram canceladas, Vejamos a situação actual. Muitos paí-
isso atingiu sobretudo destinos como os Açores, ses fecharam as suas fronteiras e impuseram
com uma grande sazonalidade da actividade tu- controlos dentro da zona Schengen, incluindo a
rística, destruindo receitas, que em muitos negó- obrigatoriedade de períodos de quarentena. Por-
cios são fundamentais para fazer face a custos tanto, milhões de turistas europeus ficaram im-
fixos na época baixa e para pagar salários. pedidos de viajar e, neste momento, representam
No caso particular dos Açores, cuja depen- uma importante procura latente.
dência excessiva do turismo considero não ser Portugal, incluindo os Açores, levantou a
“saudável”, as consequências são mais devasta- obrigatoriedade de um período de quarentena.
doras, como, aliás, sucede em todos os destinos, Existe sim a obrigatoriedade dos turistas terem
sobretudo os insulares, com uma dependência do feito testes à Covid-19 72 horas antes da parti-
turismo que os torna particularmente vulneráveis da ou serem testados à chegada. Mas, ainda não
a choques negativos externos, como é o presente estão abertas as fronteiras ao turismo. A partir
caso. de 15 de Junho deverão abrir os voos para o es-
Esta é uma oportunidade para repensar este trangeiro, incluindo para destinos fora da União
assunto, no meu entender.Falando em números, Carlos Santos: “Os turistas nacionais são muito importantes para salvar Europeia.
os Açores registaram no mês de Março uma di- as empresas turísticas e o turismo nos Açores Neste contexto, as quarentenas é claro que
minuição homóloga de -58% na procura turísti- prejudicam qualquer destino, sobretudo se forem
ca, nomeadamente dormidas e hóspedes, face a que não seja afectada por uma segunda vaga procura turística interna e, também, da procura exigidas apenas por alguns destinos. No caso
2019. E uma diminuição homóloga de – 99% de do vírus, por exemplo, e que factores podem de turistas de Portugal continental. Mas, será um dos Açores, as quarentenas coincidiram com um
passageiros desembarcados nos aeroportos da re- condicionar essa retoma? período difícil, com gastos acrescidos com as período em que os transportes aéreos reduziram
gião no mês de Abril. Neste momento, a questão de apontar datas medidas de segurança e higiene e rendimentos substancialmente os voos para a Região e, por-
Claro que o Governo português criou medi- concretas de recuperação do turismo, carece de em baixa. tanto, não havia grande procura de turistas nacio-
das para mitigar os efeitos da crise nos negócios credibilidade. Contudo, a pressão para uma re- Claro, que para complicar a situação das nais e estrangeiros.
turísticos e salvaguardar postos de trabalho, como toma económica gradual e a existência de uma empresas, notemos, de novo, que as procuras, re- Também penso que não chegou a afectar ne-
o lay-off, os apoios modulados de acordo com a procura turística latente, leva-me a crer que o ano feridas atrás, estão ambas dependentes dos trans- gativamente a nossa imagem de destino acolhe-
quebra de facturação, à retoma da actividade, à de 2021 será um ano de recomeço da activida- portes aéreos. dor e pronto a receber turistas. Claro que neste
liquidez das empresas, entre outros apoios. de turística, provavelmente ainda sem atingir os momento, é preciso acelerar a entrega dos resul-
Mas, muitos desses apoios dirigem-se sobre- níveis de 2019, prevendo uma retoma completa Entretanto, mesmo em crise, as escolas tados dos testes, pois perante a necessidade de
tudo a empresas que são viáveis e que precisam em 2023. profissionais continuarão a leccionar cur- esperar mais do que um dia pelos resultados, fe-
de ultrapassar crises passageiras de tesouraria, o No caso dos Açores, existem duas ameaças, sos direccionados para o turismo. Que refle- chado num hotel, muitos turistas irão para outros
que me parece correcto. A crise económica resul- que colocam incertezas adicionais nas expecta- xos podem ocorrer nessas escolas no que diz destinos.
tante da pandemia irá ditar o desaparecimento de tivas de recuperação dos negócios turísticos e do respeito quer à ocupação dos cursos, quer à Por outro lado, julgo que poucos turistas es-
muitas empresas e negócios inviáveis. Por analo- destino, nomeadamente: uma derivada da possi- empregabilidade no futuro? tarão dispostos a sujeitarem-se a vários testes em
gia, da mesma maneira que a pandemia “limpou” bilidade de uma segunda vaga do coronavírus, e, A formação dada nas Escolas Profissionais férias. Não havendo demoras, a exigência de um
os estratos da população mais frágeis, o mercado outra resultante da imprevisível e complexa recu- não é dirigida apenas às necessidades de curto teste 72 horas antes de chegar ao destino Açores
também “limpará” as empresas mais frágeis. peração dos transportes aéreos. prazo, mas também às necessidades de médio considero ser positiva, pois dá uma imagem de
prazo e a procura de mão-de-obra qualificada não destino preocupado com os aspectos de segu-
Quando acredita que o turismo – bem Na sua opinião, como será o resto do ano vai desaparecer, do mesmo modo que o turismo rança, o que é muito valorizado hoje em dia pela
como os demais sectores associados – irão para as empresas do sector turístico? não vai desparecer. maioria dos turistas. Isto, para além, claro está,
começar a sentir uma retoma verdadeira, O resto do ano de 2020 depende muito da Aliás, julgo que a procura por trabalhadores de “proteger” os residentes de contaminações in-
Correio dos Açores, 13 de Junho de 2020 entrevista/regional 3
A Covid-19 “é uma
oportunidade única
para o turisno nos Açores”
Antes do período das férias da Páscoa as dos alunos, ao pé das equipas. Isso é comprome-
escolas foram encerradas nos Açores devido à tido. Mas o que posso dizer é que dentro aquilo
pandemia da Covid-19 e houve necessidade de se que era expectável à distância, todos nós apren-
encontrarem alternativas para que os jovens não demos”. E nesse aspecto, “todos demos o nosso
deixassem de ter aulas mesmo não podendo fre- melhor e conseguimos manter a excelência nesse
quentar a escola. patamar. Da cidadania, da forma como os alunos
O Colégio do Castanheiro não foi excepção. estavam, e da nossa entrega e dos alunos”. E dá
Entre a incerteza do que se seguiria e o período um exemplo: “Eu sou de Matemática e quando
de interrupção lectiva para as férias da Páscoa, foi comecei as aulas à distância, eu não tinha nada
preciso pôr mãos à obra para que após esta inter- para escrever. Então um amigo disse-me para
rupção se voltasse a uma nova normalidade. dar aulas com o rato e eu achei aquela ideia ma-
O Director Pedagógico do Colégio do Casta- luca, mas agora estou perito em dar aulas com o
nheiro, João Miranda, explica que durante a inter- rato. Nós fomo-nos superando e isso fez com que
rupção da Páscoa ao estabelecimento de ensino aprendêssemos muita coisa”.
privado apenas se deslocava uma pessoa para fa- Outro exemplo são as aulas de 90 minutos
zer manutenção nos equipamentos, mas também que presencialmente são completamente diferen-
no parque ambiental onde existem animais. “A tes de serem dadas através de um computador.
partir dessa altura, os professores foram heróis “Os meus alunos diziam que 90 minutos de aula
e, durante esse período de interrupção da Páscoa, ia ser impensável. Eu dizia que eles faziam isso
abdicaram desse tempo para poderem preparar na escola, que era a mesma coisa. Mas não era.
as aulas à distância”, acrescentando que para as Então, dávamos meia hora de aula, fazemos 15
tomadas de decisão nesses tempos de incertezas minutos de intervalo e voltávamos para o resto da
foi de extrema importância “um triângulo”, com- João Miranda conta como o Colégio do Castanheiro teve de se adaptar à nova aula. E eles vinham com outra força, com outra
posto por encarregados de educação, alunos e normalidade e como o apoio da psicóloga foi fundamental disponibilidade. Porque é essa a nossa preocu-
professores. pação”, explica João Miranda que diz que houve
“Os encarregados de educação, porque fomos eles mostraram isso”. Depois porque estavam em É possível manter a excelência necessidade de se criar dinâmicas.
invadir a privacidade do lar familiar. Muitos en- teletrabalho, mas tinham também a família em nestes moldes? Porque ter crianças sentadas à frente de um
carregados de educação também entraram em te- casa, também em teletrabalho e os que tinham computador sem poder sair durante tantas horas
letrabalho, tivemos de criar condições com esses filhos, a assistir às aulas em casa e “souberam “É uma questão muito pertinente”, responde é complicado, o Colégio do Castanheiro sentiu
encarregados de educação para invadirmos o seu dedicar-se aos filhos e aos alunos”. Os profissio- João Miranda que revela que no Castanheiro “so- necessidade de ter um acompanhamento ao nível
lar para os nossos alunos terem um espaço e terem nais “mostraram que afinal ser professor não é só mos uma família” e a proximidade dos professo- psicológico. “A nossa psicóloga falava connosco,
equipamentos para poderem ter respostas. Mesmo dar aulas. É preparar aulas, é estar com a família, res com os alunos permite perceber o estado de com os alunos, o que nos ajudou muito na estraté-
nos horários, quando os fizemos, auscultámos os é chamar a atenção, falar e dialogar com os pais, espírito dos mais novos. “O olhar deles transmite- gia, na forma de abordarmos as questões. Porque
pais para sabermos os equipamentos que tinham, ter tempo para falar com os alunos, motivar os nos logo alguma coisa. A forma como interage preocupava-nos muito saber se os alunos estavam
tudo durante o período da Páscoa. Foram disponí- alunos, dar-lhes alento. E a verdade é que tudo foi com os colegas em sala de aula, permite-nos afe- bem psicologicamente”, acrescenta.
veis na inter-ajuda nos momentos difíceis e fáceis, feito em tempo recorde e criámos uma platafor- rir muito”, e nesta altura de aulas não presenciais É que os alunos não reagiram todos da mesma
foram sempre impecáveis. O primeiro vértice ma que contratualizámos, e que nos dava segu- isso não foi possível. forma e João Miranda dá o exemplo de um pai
deste triângulo foi os encarregados de educação”, rança em termos de resposta com tablets, PC’s e Os trabalhos de grupo e em equipa continu- que lhe contou que “o filho pensava que estava
refere o também professor de Matemática. telemóveis, com a possibilidade deles assistirem”, am a ser feitos, noutros moldes, mas “é um pou- de castigo em casa. Que não ia ao Colégio porque
Depois acrescentam-se a esta figura geomé- refere. co difícil orientar os alunos todos como fazemos estava de castigo. O pai já lhe tinha mostrado na
trica os alunos, “porque se adaptaram a uma nova O responsável Pedagógico do Colégio do presencialmente, em que os professores vão ao pé televisão que estavam todos os meninos assim,
realidade. Tiveram de viver o seu dia-a-dia em Castanheiro lembra também que foi necessário
casa mas com escola. Sem aquela socialização mexer nos programas a leccionar e nos horários.
que tinham, as brincadeiras, socializar, e depois Todos os dias havia aulas e a presença diária junto
fazerem por respeitar novas regras, saberem estar dos alunos não foi descurada. “Era uma constan-
disponíveis”. te. Tanto é que criámos muitas dinâmicas mas não
Depois, os professores que reforça “nada dis- colocámos em causa os conteúdos programáticos,
to se faz sem professores”. João Miranda diz que conseguimos cumprir com um ritmo mais lento,
esta pandemia veio provar “uma máxima que te- mantendo o que era o principal. Com planifica-
mos que podemos ter as melhores instalações do ção, plataformas, questionários inter-activos, fa-
mundo, e nós felizmente temos boas instalações, lando com os alunos e esta foi, em traços gerais,
mas depois temos pessoas. As pessoas fazem a a nossa primeira resposta. Começámos muito
diferença. E as pessoas fizeram essa diferença. lentamente, com pouca coisa, depois fomos exi-
Os professores foram heróis”. Primeiro, porque gindo um pouco mais e mais e conquistámos os
“mostraram logo porque é que escolheram esta alunos. Agora estão é cansados”, diz João Miran-
profissão e deram resposta. Nos momentos difí- da que reconhece que esta altura do ano é sempre
ceis os professores têm de estar com os alunos e a mais cansativa para os alunos, seja com aulas
este é um momento difícil, não podemos abando- presenciais ou não presenciais.
nar os nossos alunos, temos de estar com eles. E
Correio dos Açores, 13 de Junho de 2020 reportagem/publicidade 5
Para além de investigador, o que faz Em resposta directa à sua questão, cer-
na Universidade dos Açores? tamente que continuaremos a beneficiar
Investigador Duarte Nuno Chaves com esta nova dimensão de uma sociedade
- Para além de investigador e de colabo- ultra conectada e globalizada”.
rar na qualidade de docente convidado,
estou a desenvolver um projecto de pós- Que pontos comuns se podem encon-
doutoramento, financiado pelo Fundo Re- trar nas áreas de investigação em Histó-
gional de Ciência e Tecnologia, que tem ria e museologia?
como objectivo articular a área do turismo Os cruzamentos interdisciplinares en-
e a produção de conteúdos históricos. Este tre a História e a Museologia são funda-
projecto pretende contribuir para a criação mentais para a construção e compreensão
de uma linguagem comum aos vários acto- dos conteúdos que nos são dados a conhe-
res envolvidos na área do turismo cultural cer pelos museus. De entre as várias fun-
e religioso. ções que estão consagradas aos espaços
A investigação desenvolve-se no âm- museológicos, a preservação e a difusão da
bito geográfico das regiões autónomas dos nossa memória cultural, são fundamentais
Açores e Madeira, sendo que propõe um para conhecermos o nosso património cul-
conjunto de estudos comparativos que pro- tural nas suas dimensões materiais e ima-
porcionem um melhor entendimento e co- teriais.
nhecimento sobre os contextos e conteúdos Para além da História, outras discipli-
de algumas manifestações de religiosidade nas do conhecimento científico colaboram
católica, dedicada ao culto e veneração po- na recolha de fontes e produção de conte-
pular que é consagrada aos santos. údos, como sejam a Antropologia, a Geo-
O turismo cultural e religioso, enquanto grafia, a Sociologia, a Filosofia, etc…
factor de sustentabilidade local, não pode Em termos pessoais e profissionais a
esquecer o seu compromisso com a memó- minha participação e colaboração com o
ria. A título de curiosidade, posso afirmar Museu Vivo do Franciscanismo, na Ri-
que, durante a primeira metade do Século beira Grande, tem sido um bom exemplo
XX, nos arquipélagos dos Açores e Madei- desta realidade. O meu trabalho de inves-
ra, mais de meia centena de eventos de re- tigação histórica tem contribuído para a
ligiosidade popular, de cariz franciscano, Duarte Nuno Chaves recorda o impacto da Gripe Espanhola em São Miguel... construção de vários projectos que este
oriundos dos séculos XVII e XVIII, caíram espaço museológico tem realizado nos úl-
no esquecimento, sem que tenham sido re- tinha entre mãos, nomeadamente a redac- como o teletrabalho, que nos facilitam uma timos anos e, em contrapartida, a minha
alizados estudos que viabilizassem o seu ção de alguns artigos científicos. Sobre rápida adaptação funcional, potenciando participação neste projecto possibilitou
registo para memória futura. esta questão, escrevi um pequeno texto novas soluções de mobilidade e descon- desenvolver os meus conhecimentos sobre
para a página do Fundo Regional de Ciên- finamento virtual, que proporcionam uma a presença da Ordem de S. Francisco no
Como viveu os dias de confinamento cia e Tecnologia, onde destaquei a nossa nova sustentabilidade da nossa sociedade, espaço insular e atlântico.
por causa da pandemia Covid-19? Com capacidade de suprirmos as adversidades com alguma arte e engenho à mistura. M.S.
esta, as videoconferências foram uti- ao longo da nossa história: “Apesar de já
lizadas mais do que nunca. Considera se ter desvanecido da nossa memória bio-
que estas poderão ser ferramentas que gráfica, há precisamente 100 anos, o mun-
deverão ser mais utilizadas a partir de do estava a viver um terrível surto pandé-
agora? mico – a Pneumónica ou Gripe Espanhola
Depois de um primeiro momento de (1918/19).
preocupação com o evoluir da situação, A Gripe Espanhola vitimou, em algu-
tive que adaptar as minhas rotinas diárias, mas zonas de Portugal, mais de 10 por
tendo em atenção que iria ficar confinado cento da nossa população, só na ilha de
à minha habitação, por um período, que na São Miguel foram perto de dois mil óbi-
altura estava dependente do evoluir da cri- tos. Apesar das dificuldades vividas neste
se pandémica. Um dos problemas iniciais período, do Século XX, terem sido amplia-
do confinamento foi o quebrar das rotinas das pelas carências avultadas no âmbito
e a necessidade de rapidamente nos adap- da saúde pública, se compararmos com os
tarmos a um novo ritmo de vida familiar e constrangimentos provocados pelo Covid-
profissional, com o recurso a uma sociabi- 19, em 2020, reparamos que o confina-
lização e profissionalização virtual. mento da população foi uma das soluções
A quarentena e, como consequência, o adoptadas com sucesso, em ambos os ca-
confinamento, não tiveram influência na sos, para estancar o contágio.
minha produção científica, já que acabei A nossa grande vantagem na actuali-
por terminar os trabalhos e projectos que dade é possuirmos um conjunto de meios, Procissão dosTerceiros da Ribeira Grande
Correio dos Açores, 13 de Junho de 2020 entrevista 7
Em que medida, ao nível da investiga- além da Madeira, partilhar conhecimento Vai ser reeditado um tex- Setembro? Para além das fotografias, o
ção e das academias universitárias, pode com colegas das Canárias e Cabo Verde. que podemos esperar?
haver uma maior partilha do saber, entre Dando continuidade, e futuramente, estão to com mais de 70 anos Na sequência do trabalho que realizei
os dois arquipélagos? em perspectiva outros projectos com insti- da autoria de um frade durante o período de confinamento, estou
Ao nível do conhecimento da nossa me- tuições destes arquipélagos”. a ultimar a edição do livro «Conventos
mória cultural, essa partilha tem existido nos franciscano, Bartolomeu Ri- Franciscanos nos Açores do Século XXI:
últimos anos. O CHAM tem realizado, des- A Casa da Madeira nos Açores conse- beiro, que ao visitar os Aço- Memórias da Província de S. João Evange-
de 2010, em colaboração com a Santa Casa gue aproximar os dois arquipélagos? lista». Este trabalho resulta de um levanta-
da Misericórdia das Velas e outras institui- A Casa da Madeira nos Açores tem res produziu um conjunto mento histórico e de um trabalho fotográ-
ções, como a Casa da Madeira nos Açores, contribuído, ao longo dos últimos 34 anos, de artigos de divulgação, fico, e surge da necessidade de um melhor
um conjunto de colóquios sobre questões de para aproximar e dar a conhecer, cultural- conhecimento, em pleno Século XXI, do
identidade insular, usualmente na ilha de S. mente, os dois arquipélagos, a açorianos e que seriam editados origi- actual estado de conservação e inserção ur-
Jorge, e de forma pontual em outras ilhas do madeirenses. Para os que não conhecem, a nalmente no “Diário dos banística dos antigos espaços conventuais
Arquipélago dos Açores. Casa da Madeira nos Açores (CMA) é uma franciscanos, originários da presença dos
Em 2016, o Centro de Estudos de Histó- instituição de utilidade pública, que tem Açores”, de Setembro frades menores nas ilhas dos Açores, par-
ria do Atlântico, centro de investigação da como principal missão a promoção e divul- a Dezembro de 1947 e, pos- ticularmente durante o período da Idade
Direcção Regional de Cultura do Governo gação do património cultural madeirense no Moderna.
Regional da Madeira, juntou-se a esta par- Arquipélago dos Açores. Foi fundada em
teriormente, na “Colectânea É uma edição da editora Letras Lava-
ceria e como resultado, realizamos um co- 1986 por um grupo e madeirenses radicados de Estudos” das Missões das em colaboração com o Museu Vivo do
lóquio na Madeira em 2018. Estes eventos na ilha de S. Miguel. Nas últimas três décadas Franciscanismo e o CHAM - Centro de Hu-
tiveram como consequência a edição de três de existência, a CMA tem desenvolvido um
Franciscanas em 1949. manidades, com a previsão de lançamento
publicações de estudos, no âmbito da His- vasto rol de actividades culturais de divulga- para Setembro.
tória Insular e Atlântica: «Aquém e Além ção do Arquipélago da Madeira nos Açores, Paralelamente, nesta publicação, vamos
de São Jorge: Memória e Visão» no ano de contribuindo, assim, para a aproximação dos reeditar um texto com mais de 70 anos, da
2014; «Açores e Madeira: percursos de me- laços identitários destes dois povos insula- Gaspar Frutuoso enquadra-se no âmbito da autoria de um frade franciscano, Bartolomeu
mória e identidade» de 2017; «Memória e res. Tem a sua sede localizada na Freguesia necessidade de acentuar o atlantismo que a Ribeiro, que ao visitar os Açores produziu
Identidade Insular: Religiosidade Festivida- de São José, Concelho de Ponta Delgada, na presença da Casa da Madeira nos Açores, um conjunto de artigos de divulgação, que
des e Turismo nos Arquipélagos da Madeira Rua da Vitória, 31 C, sendo que possui uma representa nas relações entre estes dois ar- seriam editados originalmente no “Diário
e Açores» em 2019 e para 2020 vamos lan- pequena sala auditório (Sala Gaspar Frutuo- quipélagos, que vivem uma comunhão de dos Açores”, de Setembro a Dezembro de
çar uma publicação intitulada «Questões de so), equipada com uma biblioteca composta identidade e insularidade”. 1947 e, posteriormente, na “Colectânea
Identidade Insular na Macaronésia». por um acervo temático que aborda assun- de Estudos” das Missões Franciscanas em
Esta ligação aos arquipélagos que com- tos da história e cultura do Arquipélago da O que nos poderá dizer acerca do seu 1949.
põem a Macaronésia permitiu-nos, para Madeira. O projecto de criação da Biblioteca novo projecto que deverá ser lançado em Marco Sousa
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Correio dos Açores, 13 de Junho de 2020 opinião/regional 9
Re-qualquer-coisa
Os Scorpions, grupo de rock alemão dos anos 90 do século XX, tornou
célebre a canção “Wind of change” no seguimento da queda do muro de Berlim,
quando o desfazer da URSS conduzia ao fim da chamada Guerra Fria. Era uma
composição cuja letra exprimia crença num mundo em mudança para a paz
e progresso, diferente das canções folk de Bob Dylan, popularizadas 20 anos
antes nos Estados Unidos como bandeiras de protesto social. Dylan e “Blowin’
in the wind” entraram para a história da música e da política usando a mesma
mensagem simbólica do vento que traz a mudança. Os jovens da geração dos
anos 60 vibraram e acreditaram no futuro com Dylan, os dos anos 90 com os
Scorpions, mas num e noutro caso, o mundo fingiu que escutava e fez orelhas -
moucas a grande parte das mensagens, assim se chegando aos nossos dias. Associações empresariais e sindicais de São Miguel e Santa Maria debateram o futuro da economia
No entanto, houve uma das mensagens resultantes das turbulências que Sentados à mesa do restaurante “Alcides”, em Pon- defendeu que tem de ser permitida “uma maior abertu-
assolaram a Europa do pós-1945 que, mau grado os altos e baixos sofridos, aca- ta Delgada, dez associações empresariais e sindicais ra” da economia açoriana, tendo como principal eixo, o
bou por vingar até hoje. Trazendo consigo um vento de paz e progresso interno, das ilhas de São Miguel e Santa Maria, deram um si- sector do turismo.
a evolução do projeto europeu, desde os anos da CECA-Comunidade Europeia nal de confiança aos consumidores açorianos. Câmara “O impulsionar da economia açoriana passa por im-
do Carvão e do Aço, indutora da criação da CEE-Comunidade Económica de Comércio e Indústria de Ponta Delgada; Associação pulsionar o turismo. Temos que ter ligações com o ex-
Europeia (à qual aderimos em 1986, como 12º Estado Membro) por sua vez Agrícola de São Miguel; Associação dos Industrias de terior. É preciso fazer passar uma mensagem de que é
precursora da União Europeia atual, o caminho foi longo, difícil e ocasional- Construção Civil e Obras Públicas dos Açores; Associa- fácil, de que é confortável vir aos Açores e as pessoas
mente conflitual. Um dos escolhos ultrapassados, mas que deixou sequelas, foi ção da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal; podem considerar os Açores como um destino para pas-
a proposta de uma Constituição Europeia, elaborada por uma comissão liderada Associação de Hotelaria de Portugal; Associação de Tu- sar férias”, afirmou Mário Fortuna.
pelo ex-Presidente da França Valéry Giscard d’Estaing e rejeitada em referendo rismo dos Açores; Associação de Alojamento Local dos Dando como “praticamente perdido” o mês de Ju-
pela Holanda e pela França, curiosamente hoje em polos opostos quanto aos Açores; Associação Regional das Empresas de Activi- nho, Mário Fortuna aponta para os restantes meses do
fundos de socorro à crise pandémica. As recentes declarações da Presidente da dades Turísticas dos Açores; Associação Portuguesa das verão (Julho e Agosto) chamando a atenção para os en-
CE-Comissão Europeia, assumindo que o total geral dos fundos de recuperação Agências de Viagens e Turismo e União Geral de Tra- traves que as actuais medidas de controlo continuam a
económica atingiriam 2,4 milhões de milhões de euros (biliões, em português balhadores, defendem a despenalização do escalão mais ter na entrada de turistas na Região.
de Portugal; trilhões, no mais internacional português do Brasil) seguidas de alto do IVA para o diferencial máximo de 30%, assim “Os mecanismos de controlo que existem ainda sus-
aumento da proposta de aquisição de dívida pelo Banco Central Europeu em como a despenalização do IRC e a melhoria do sistema citam muitas reservas e estão a evitar que haja maior
mais 600.000 milhões, significam que desta vez, Ursula von der Leyen e a CE de deduções à colecta. procura pelos Açores (…) Temos a noção de que não
jogam forte no futuro dos 27 Estados Membros. O que está na calha já não é As associações presentes na iniciativa defendem estamos a ser atractivos. Perante as rotinas e os protoco-
uma bazuca, é um míssil de ogiva nuclear à altura do alvo a destruir. igualmente que os recursos vindos da Europa devem ser los estabelecidos, muita gente opta por escolher outros
reservados para conversões a fundo perdido nas activi- destinos”, alertou o Presidente da CCIPD.
Todo este arsenal financeiro gigante para reparar os danos de um agen- dades privadas mais afectadas, ao invés de serem consu- Questionado sobre as respostas económicas e fi-
te infecioso infinitesimal, que o desleixo ecológico e a incúria sanitária do Ho- midos no saneamento do sector público. nanceiras criadas para ajudar no combate à pandemia
mem, associados ao seu desprezo pelos avisos da Ciência, deixaram propagar O encontro, organizado pela Câmara do Comércio e de Covid-19, Mário Fortuna começou por “concordar”
estupidamente. Todo o mundo foi apanhado em contrapé, das salas de aula à Indústria de Ponta Delgada (CCIPD), revestiu-se de ca- com a resposta inicial dada perante este problema, mas
indústria automóvel, simplesmente por falta de visão, ou pior, por só terem vi- rácter simbólico, com o a intenção de transmitir um sinal afirma que agora, é necessário pensar em novas formas
são no lucro imediato e especulativo. Visão, foi o que teve a equipa da Reitoria de confiança aos consumidores locais. de ajudar o sector perante uma crise que se projectava ser
da nossa Universidade, quando apostou fortemente na rede informática, há mais “Pretende-se demonstrar que a economia está aberta, de pouco tempo, mas que “está a transformar-se numa
de 20 anos: de 66.000 contos/330.000 euros de investimento em 1997, ultra- os serviços estão abertos e as pessoas têm de ganhar con- crise de vários meses”, e por essa razão, obriga a um
passámos os 136.000/680.000 em 1998. Antevimos a exigência do século XXI fiança e voltar a fazer aquilo que faziam antes”, come- reconfigurar de políticas.
no ensino e na gestão universitárias, começando pela instalação do SIGUA- çou por explicar Mário Fortuna, Presidente da Câmara “O balanço das empresas não aguenta com tanto
Sistema de Informação e Gestão da Universidade dos Açores. Paralelamente, do Comércio e Indústria de Ponta Delgada. crédito sobretudo numa altura em que se estavam a fa-
montada a rede de computadores (se a memória não me trai, teremos adquirido Para além desta mensagem de confiança que preten- zer investimentos pesados e logo a seguir quebra-se a
900) foi possível o uso da teleconferência, tornada de utilização corrente. Pre- deu transmitir, a iniciativa teve também como objectivo procura para valores ínfimos quando comparados com
via-se, no tempo em que “timonei” a Universidade dos Açores, que o rumo da a partilha de preocupações, de informações e de perspec- aquilo que era expectável. As empresas estão demasiado
modernidade estava na aposta em novas tecnologias, ideia consolidada bastante tivas que cada uma das entidades tem perante o futuro da fragilizadas, demasiado endividadas, também por causa
mais tarde, quando assisti no Clube de Amesterdão (um think-tank internacio- economia açoriana. destas linhas de apoio que foram necessárias. Nós temos
nal a que pertenci vários anos) a uma demonstração do que vai ser o futuro do “É fundamental fazer isto agora. Fala-se muito do defendido que muito deste crédito deve ser transforma-
teletransporte virtual. O que não se previa era a rapidez da mudança, devido ao que vai ser a economia no futuro próximo e estamos do em fundo perdido, com vários objectivos pelo meio”,
alvorecer da IA-Inteligência Artificial, com aplicações espantosas como o recre- naturalmente preocupados. Esta retoma vai ser lenta e defende Mário Fortuna.
ar da imortalidade virtual na figura de Pinchas Gutter, sobrevivente do campo penosa em muitos sentidos. O nosso propósito é colher O responsável pela Câmara do Comércio e Indús-
nazi de Maidanek. Metido numa esfera gigante (a “bolha”) rodeado por 6.000 e preparar informação para partilhar com as autoridades tria de Ponta Delgada considera que ainda não é possí-
lâmpadas LED e filmado por 20 câmaras de alta definição, Gutter respondeu a para que se possam desenhar políticas direccionadas vel contabilizar quantas empresas cessaram actividade
milhares de perguntas sobre os mais diversos temas da sua vida, sempre vestido para que este problema não seja ainda maior”, explicou durante este período, salientando que algumas das que
e calçado da mesma maneira durante 1 semana, várias horas por dia. Usando Mário Fortuna. reabriram, nomeadamente no sector da restauração e ser-
a IA, o “boneco” criado originou no ecrã um Gutter igualzinho, que responde O Presidente da Câmara de Comércio e Indústria de viços, registam, actualmente, uma grande quebra relati-
às perguntas mais diversas como se estivesse vivo. A experiência foi repetida Ponta Delgada afirmou a sua concordância perante as vamente ao passado recente.
com mais duas dezenas de sobreviventes do Holocausto, numa iniciativa da medidas iniciais de “forte confinamento inicial”, impos- “O consumo interno, não passava de 30 a 40% de
Fundação Shoah/University of Southern California. Uma vez recriada a ima- tas pelas autoridades regionais em resposta à pandemia todo o consumo. Se temos a metade disso, estamos a pe-
gem em 3D, o holograma dará vida virtual aos personagens, mesmo após a sua de Covid-19, como forma de proteger a saúde dos aço- dir as empresas para abrirem com uma perspectiva de
morte biológica. Podemos imaginar a revolução que tais inovações tecnológicas rianos e do Serviço Regional de Saúde perante um vírus 20% daquilo que era a procura com pessoas ainda re-
provocarão no ensino, na economia e na saúde, no campo financeiro e na socie- que não era totalmente conhecido. Mas à luz dos actuais ticentes quantos às saídas e quanto às idas aos restau-
dade humana em geral. São estes ventos de mudança que devem fazer refletir os eventos, em que os Açores não registam casos positivos rantes. É um processo bastante difícil”, salientou Mário
políticos, porque se os ignorarem, serão varridos como seres inúteis. É apenas activos pelo novo Coronavírus e em que, o Serviço Re- Fortuna.
uma questão de tempo. gional de Saúde já se encontra preparado e equipado, o
principal responsável da referida associação empresarial Luís Lobão
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Correio dos Açores, 13 de Junho de 2020 publicidade 11
12 opinião/regional Correio dos Açores, 13 de Junho de 2020
Tradições culinárias recebem acusações de brutalidade policial não podem ser usadas como «arma
de protesto político».
Mais recentemente, no Público, Jorge Almeida Fernandes notava
tratamento Fringe por Gorm3sa uma «crise social na China» que levaria a enfraquecer a direção cen-
tralizada do PCC e, com isso, a alavancagem do nacionalismo seria
ainda mais evidente, levando a manifestações tidas por xenófobas. Já
res, porque a oitava edição do certame explica Ilda Costa-Sarnicki, onde o Hua Chunying, outra representante de Pequim, escreveu numa rede
acontece apenas online. seu palco, na Cozinha Gorm3sa, é o social, em nome do governo do qual é porta-voz, sobre os confrontos
Pela primeira vez no Azores Fringe seu nicho de criatividade e onde os norte-americanos, que «todas as vidam contam. Estamos firmemente
- o festival internacional de artes dos ingredientes são transformados em ar- ao lado dos nossos amigos africanos». Se aquela fosse a porta-voz de
Açores para o mundo - uma proposta tes comestíveis. Os seus pratos, desde qualquer outro poder governamental, facilmente seria acusada de ra-
de gastronomia foi recebida da Gor- os mais simples aos mais elaborados, cismo. Tal como muitos racistas, considera que os negros são sempre
m3sa, o que incentivou o coordenador requerem acima de tudo sabores e africanos. E sobre a expressão “todas as vidas contam”, não é menos
Terry Costa a abrir para a partilha e aromas cativantes que apelam a todos verdade que as estatísticas mostram que umas parecem contar mais
incluir cocktails e ainda a jardinagem, os sentidos. Aqui, a chefe da Cozinha do que outras.
Gastronomia é o estudo da relação Conclui Pedro Tadeu na TSF, de forma cristalina, que «não há
entre comida e cultura, a arte de prepa- já que tinham sido duas propostas em Gorm3sa vai mostrar como se confe-
anos anteriores e que ainda não tinham ciona receitas tradicionais e apresenta diferença entre a miséria humana que leva alguém da esquerda dita
rar e servir alimentos ricos, delicados libertária escrever “um polícia bom é um polícia morto” com alguém
e apetitosos e, agora, faz parte do pro- visto programa executado. em formato de restaurante 5 estrelas.
“A essência da Gorm3sa é a paixão “Ultimamente, o meu objetivo é inspi- da direita de tendência neonazi gritar “um preto bom é um preto mor-
grama do Azores Fringe Festival - em to”: são dois imbecis».
mostra e provados pelos seus criado- por todos os aspectos da gastronomia” rar amor e confiança na cozinha.”
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Correio dos Açores, 13 de Junho de 2020 opinião 17
Chá da Cesta - 33
Ilha da Madeira - I
obra publicada em 1861, em Londres.5 Cro- neiro de 1881. É tido como uma dos primeiros estudioso continental da flora, em trabalho
nologicamente, ocorre pela mesma altura em que trouxeram chá do Brasil para São Miguel. saído em 1948, repete a existência oitocentista
que se diz que, na ilha de São Miguel, Betten- Foi Coronel de Milícias de Ponta Delgada de chá naquela Ilha.13 Seguindo o que fora
court Leite o tentava nas Calhetas. Apesar de por Patente de 1812. Partira para a Madeira dito anteriormente, Mendes Ferrão repete
toda a sua potencialidade, em 1888, ainda não em 22 de Agosto de 1811 e dali seguira para ainda o que já se sabia: que houve cultivo
se dera o passo decisivo na ilha da Madeira: o Brasil onde casou a primeira vez a 25 de de chá na Madeira no primeiro quartel do
“de experiências isoladas do cultivo para Janeiro de 1813. Casou segunda vez, com a século XIX, e que tal ocorreu numa proprie-
ornamento.”6 cunhada, em Lisboa a 9 de Novembro 1824.8 dade denominada Quinta do Jardim da Serra,
Por: Mário Moura
Doutor em História do Atlântico Será outra pista, no caso, a ligar a Madeira e propriedade do cônsul inglês Henry Veich (ou
Universidade dos Açores São Miguel? Veitch). Veicula ainda que, o que já outros
Na advertência introdutória à relação que haviam dito, que das folhas colhidas chegou a
Chá na Ilha da Madeira? Convém ter sem- José do Canto redigiu em 1851, das plantas fabricar-se chá preto. Adianta um dado actual:
pre em mente que a Madeira era um espaço que cultivava na Ilha, intitulada Hortus Can- a cultura do chazeiro na Madeira desapareceu
permeável à influência do Império Britânico. tuanus, o autor diz o que pensa da aclimatação completamente.14 Outra pista, vem em entrada
Saliente-se o facto de ter sido ocupada duas de novas espécies: “(…) O clima de Portugal, publicada no volume II do Dicionário da
vezes por tropas Britânicas, primeiramente de Madeira e Açores é acomodado a toda a cas- História de Portugal, dirigido pelo historiador
Julho de 1801 a Janeiro de 1802, em seguida, ta de produções vegetais. (…) O homem só, madeirense Joel Serrão. A publicação vai de
de Dezembro de 1807 a Outubro de 1814. neste recanto do mundo, tem sido, há séculos, 1963 a 1971, cujo autor é identificada pelas
E não só. A Madeira, em finais do século testemunha impassível de tanta maravilha: iniciais F.C. da C. (provavelmente o historia-
XVIII era muito visitada por britânicos ‘(…) nunca ao seu artifício deveu a natureza o dor e antropólogo micaelense Francisco Car-
estudiosos de plantas exóticas e tropicais, que mais leve auxílio. (…).”9 A natureza dos reiro da Costa). Aí repete-se o que Cristóvão
ali as deixavam de quarentena no regresso solos da Ilha é pródiga e aberta a todo o tipo Moniz já dissera.15
das suas expedições, antes de as submeterem de introduções.10
aos climas menos temperados da Europa Não sei se são dados actualizados ou se se Lugar das Areias, Rabo de Peixe, 6 de
continental.’1 referem ao chá que existiu, no entanto, é gente Junho de 2020
Outra pista ligando a Madeira às Ilhas
Britânicas e ao Mundo científico de então:
‘o British Museum, a Linean Society, o Kew
Gardens, a Universidade de Kiel, a Univer-
sidade de Cambridge, o Museu de História
Natural de Paris (guardavam no seu acervo) [Henry Veitch (1782-1857)]
importantes colecções de fauna e flora das Fonte: https://gw.geneanet.org/brynjulf?lang=en&n=veitch
ilhas.’ Pela Madeira, ‘passaram destacados &oc=1&p=henry
especialistas da época, sendo de realçar John
Byron, James Cook, Humbolt, John Forster. Uma outra achega chega-nos de José do
Darwin esteve nas Canárias e Açores (1836) Canto, o que nos leva a ter de admitir outro
e mandou um discípulo à Madeira.’2 contributo para o chá Madeirense, além de
Isto tudo teve reflexos práticos na própria Veitch. Fidélio de Freitas Branco responde, a
Ilha da Madeira, ‘ (…) em 1757 o inglês 21 de Maio, à curiosidade de José do Canto,
Ricardo Carlos Smith fundou no Funchal que lhe escrevera para o Funchal a 3 daquele
um dos jardins onde reuniu várias espécies mesmo mês. Perguntara quem tinha/tivera
com valor comercial. Já em 1797 Domingos chá na Madeira. Responde-lhe Fidélio, após
Vandelli (1735-1816) e João Francisco de ter indagado junto de diversas pessoas: “(…)
Oliveira no estudo sobre a flora apresentou no G. Duff Dunbar.”7
ano imediato um projecto para um viveiro de Quem, então, Veitch, Dunbar? Ou ambos?
plantas. que foi criado no Monte e manteve- Em que pé ficamos? Que o assunto ainda
se até 1828.’ não está esclarecido. De onde terão vindo
Não ficou por aí o interesse madeirense as sementes e as plantas de chá? Podem ter
pelos jardins e plantas económicas: ‘(…) vindo do Brasil, mas também de qualquer área
José Silvestre Ribeiro, governador civil, de influência Britânica. Por exemplo, havia de São Miguel a escrever sobre o chá da Ma-
avançou em 1850 com um plano de criação por esta altura alguma cultura de chá na Ilha 1 Soromenho, Ana, Um certo Olhar, in Revista do
deira. Assim, em 1892, Gabriel de Almeida, Expresso, 17 de Agosto de 2019, p. 58.
do Gabinete de História Natural, a partir da de Santa Helena. Não esquecer que os Kew refere que o chá, na Ilha da Madeira, vegeta 2 Vieira, Alberto, As Ilhas Atlânticas. Para uma visão
exposição inaugurada a 4 de Abril no Palácio Gardens em Londres tinham chá. perfeitamente 11 e, em 1895, repetindo o que dinâmica da sua História, p. 250.
3 Vieira, Aberto, As Ilhas, a cana de açúcar e a História
de S. Lourenço.’ O que fracassou dois anos Um episódio que pode não querer dizer escreve em 1888, Cristóvão Moniz alude ao do meio ambiente; https://silo.tips/download/as-ilhas-a-
depois, porém, a 23 de Setembro, daquele nada mais do que isso. José Inácio Machado caso do chá da Madeira.12 cana-de-aucar-e-a-historia-do-meio-ambiente
4 Simmonds, Ob. Cit., 1854, p. 94.
ano de 1852, o alemão Frederico Welwists- Faria e Maia nasceu a 1 de Março de 1793, em 5 Moniz, Cristóvão, Ob. Cit., Maio de 1888, p.32.
ch, que passou pelo Funchal a caminho de Ponta Delgada, onde vem a falecer a 1 de Ja- Outro testemunho mais tardio, no caso um 6 Idem
7 Cf. UACSD/FAM-ABS-JC/Documentação não
Angola, propõe ‘a criação de um jardim de inventariada (Nestor Sousa), “Carta de Fidélio de Freitas
aclimatação no Funchal e em Luanda.’ Diga- Branco, Funchal, a José do Canto, Ponta Delgada”, 21 de
Maio de 1886
se que Welwistsch se correspondia com José 8 Rodrigues, Rodrigo, Ob. Cit., 2008, vol. 4, p. 2347;
do Canto e que a Madeira servia de ligação Albergaria, Eduardo Soares de, Ob. Cit.,2013, p.101.
9 Cf. UACSD/FAM-ABS-JC/Documentação não
entre das ‘colónias aos jardins de Lisboa, tratada/Cx.156, [Hortus Cantuanus: relação das plantas
Coimbra e Porto.’ Outro alemão, o Padre cultivadas na IIha de S. Miguel por José do Canto], 1851.
10 Na extensa lista de plantas, da qual apenas se respiga
Ernesto João Schmitz, ‘como professor do algumas, completa-nos a achega: “(fl. 10 v.) (…) protea (…)
seminário diocesano [do Funchal], levou (fl. 15 v.) (…) (fl. 19 v.) (…) 91 coffea /97 arábica/ árvore
do café (…) (…) azálea (…) (fl. 21 v.) (…) pittosporum
à criação em 1882 um Museu de História (…) (fl. 39 v.) (…) Hidrangea /Hortensia (…) (fl. 42 v.) (…)
Natural, que hoje se encontra integrado no poinsettia (…) (fl. 45v.) (…) metrosiderus (…) (fl. 46 v.) (…)
eucaliptos (…) (fl. 67 v.) maracujá (…) (FL. 69 V.) hibiscus
actual Jardim Botânico.’3 (…) (fl. 70 v.) (…) camélia (não a sinensis) (…) (fl. 92 v.)
Perante este quadro, não será de admirar (…) plátano (…) (fl. 98 v.) (…) araucária (…) (fl. 99v) (…)
acácia (…) (fl. 104 v.) bancksia, bouganvílea (…) (fl. 108)
que, na década de 20, do século XIX, Henry criptoméria Japónica (…).”
Veitch (1782-1857), um ex-cônsul Britânico 11 Almeida, Ob. Cit., 1892, p.4.
12 Moniz, Ob. Cit.,, 1895, p.32.
a residir na Ilha, tenha cultivado e, ainda que 13 Lacerda, Ob. Cit., 1948, pp. 16-17.
de pouca qualidade, produzido chá. Em 1854, 14 Mendes Ferrão, Ob. Cit., 1992, p. 160.
15 Costa, Idem, Francisco Carreiro da, Chá, in Dicio-
P. L. Simmonds dá-nos disso testemunho.4 nário de História de Portugal, Joel Serrão, vol. II, Porto,
Francisco Travassos Valdez confirma-o, em 1963-1971, p. 47.
18 regional/publicidade Correio dos Açores, 13 de Junho de 2020
*IVA não incluído nos valores apresentados. Exemplo para Kangoo Express normal dCi 75 Série Limitada 2019, €10.690 PVP com Financiamento
ALD Automóvel RCI Banque sujeito a aprovação. 184€/mês a 48 meses. TAN 4,95%, Montante Total Imputado 12.460€, sem Entrada Inicial e
última prestação de 3.741€. TAE inclui pagamento inicial de Comissão de abertura (285€) e Processamento de pretação Mensal (3,25€). Inclui
os 3 meses iniciais de Carência de Capital e Juros. Campanha disponível até 31/08/2020 para Empresas e ENI’S. Reservado a concessionários
enquanto intermediários de crédito a título acessório da RCI Banque. Informe-se na RCI Banque. Emissões de CO2 ciclo misto (g/km): 147 a
166. Consumo ciclo misto (l/100km): 5,6 a 6,3. Imagem não contratual.
**De acordo com automóveis vendidos em Portugal, dados ACAP de 1997 a 2019.
CONVOCATÓRIA
Nos termos do nº 1, nº 2 e nº 3 do artigo 18º, e para o efeito do disposto na alínea b) artigo 27º, dos Estatutos, con-
voco os sócios da ACRA – Associação dos Consumidores da Região Açores, no uso dos seus direitos sociais, para uma
Assembleia Geral, a realizar no próximo dia 23 de Junho de 2020, terça-feira, pelas 20h00:
A comunicação da reunião entre os três locais será assegurada por meios áudio-visuais.
Não se verificando quórum à hora marcada, a Assembleia reunirá e deliberará validamente, com o número de associa-
dos presentes meia hora depois, conforme dispõe o n.º 7 do supracitado Art.18.º.
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Correio dos Açores, 13 de Junho de 2020 desporto/opinião 23
conhecidas”. Nos últimos dias, por estes Açores fora, tem havido reuniões e discussões nas redes sociais para
se fazer escolhas sobre o futuro do futsal açoriano e a sua participação nas provas nacionais. Em São
Miguel foi promovida uma reunião e bem, com os clubes de futsal por parte da Associação de Futebol
A Comissão Política Concelhia do mentos avultadíssimos financiados direc- de Ponta Delgada para apresentar a proposta ou até acolher sugestões.
PSD/Lagoa e os eleitos social-democra- tamente e indirectamente pelo orçamento Já tinha havido reuniões com as Associações e FPF, mas sem consultas aos seus clubes, e até FPF
tas na Câmara e na Assembleia Munici- camarário", acrescentam. já tinha feito com os clubes participantes nas provas nacionais, isto antes da pandemia. Na reunião de
pal manifestaram a sua indignação face E questionam igualmente sobre "que clubes nesta ilha já houve uma para apresentar o documento, publicado no Site da Federação Portuguesa
à notícia divulgada na imprensa, de que mais-valias representarão dois relvados de Futebol e que está em consulta pública, e quem sabe auscultar ideias dos seus associados. Na reunião
a autarquia e a Santa Clara Açores-Fute- para o desenvolvimento de um Tecnopar- por cá houve de tudo e até momentos calorosos por parte dos representantes dos clubes na defesa das
bol SAD terem praticamente fechado um que?". suas opções. Já dei o meu contributo, elaborei um regulamento e enviei para as associações deste país e
acordo para a cedência de um espaço na Para o PSD/Lagoa "é fundamental Federação Portuguesa de Futebol, tal como foi sugerido na consulta pública, dever cumprido.
zona do Tecnoparque para construir a sua que a Câmara da Lagoa dê prioridade aos
Academia de Futebol. apoios aos clubes desportivos do conce- Quais as medidas a tomar pelos clubes
Os social-democratas consideram "a lho, quer no futebol quer noutras moda-
decisão inaceitável", lamentando que os lidades, cujas dificuldades são conheci- Assim, antes de se tomar qualquer opinião sobre qualquer que seja o formato da prova deve-se fazer
vereadores do PSD "tenham sido colo- das". sempre um levantamento dos custos financeiros e compará-los com outras possíveis opções, “trabalho
cados à margem do processo e que tenha Assim, a Comissão Política e os elei- de casa”. É preciso não esquecer que para sairmos das ilhas temos de utilizar o transporte aéreo e o entre
sido sonegada toda e qualquer informação tos do PSD na autarquia da Lagoa, "nada ilhas é muitas vezes mais penalizador do que ir para o continente e regressar, sem lesar os atletas que
sobre o mesmo. Ainda mais numa matéria têm contra a criação da Academia do San- são amadores. Os valores despendidos nas passagens aéreas são muito aproximados. O apoio pelo uso
desta importância, e que de acordo com a ta Clara e da eventual mudança das suas da palavra Açores nas camisolas perde-se, pois não há a divulgação da Região no continente, pois este
referida notícia, já se encontra numa fase instalações para o nosso concelho. Pelo é o objectivo desta ajuda.
muito avançada, incluindo até os projec- contrário, entendemos que seria de mútuo
tos de arquitectura", dizem. interesse". Quem devemos ouvir
"Que motivos justificam o facto deste "E, da mesma forma, concordamos
processo ter sido escondido de uma parte que a autarquia possa colaborar nesse ob- Ouvir sim, os dirigentes dos clubes e saber ouvir quem por lá passou ao longo dos anos por estas
dos eleitos na Autarquia pelo povo lago- jectivo, mas com toda a transparência", experiências ao nível das provas nacionais, analisar o que lhes foi dito e refletir, se de facto é o que que-
ense?", questionam. referem. remos e podemos para o nosso clube.
Para a concelhia do PSD, aquela even- Porém, o local adequado "não é segu- Fazer uma análise da qualidade da prova em termos desportivos e tirar a conclusão, se de facto a
tual opção "já deveria ter sido objecto de ramente o que está a ser negociado, ha- modalidade evolui participando com equipas medianas que não têm espaço para progredir por falta de
avaliação e discussão prévia em sede da vendo inúmeras alternativas que poderão competitividade, estes sim, são os elementos fundamentais para uma análise correcta com visão e o
própria Assembleia Municipal". servir aquele objectivo sem comprometer pensamento no futuro.
Além disso, "está em causa ocupar um espaço com uma vocação tão distin-
aparentemente uma área tão significativa ta", adiantam. O papel do clube
como são dois relvados para a prática de "Esperamos que a Câmara da Lagoa
futebol, num espaço limitado em termos de esclareça, urgentemente, os vereadores Se na Associação da sua área de jurisdição um clube for campeão, ou comprar os direitos desportivos,
superfície, sem qualquer enquadramento do PSD e os lagoenses sobre este assun- para dar o salto para outra “dimensão”, tem de pensar em não dar “um passo maior do que perna”. É
em matéria de planeamento urbano". to, e que procure outras alternativas de muito bonito festejarmos a conquista do campeonato num dia, mas depois dos festejos ainda há vida e
Relembrando que "a vocação princi- localização para acomodar o projeto em tem de ser bem pensada.
pal do Tecnoparque não se coaduna com causa, garantindo que a sua concretização Deve o clube olhar para o modelo da sua organização interna, se tem directores qualificados e ou
aquele propósito, tanto mais que possui nunca será no Tecnoparque. Sempre sem até renumerados, treinadores qualificados com nível II, pois ainda temos ilhas em que eles são escassos,
infraestruturas e arruamentos de elevada esquecer e dando prioridade aos clubes escalões de formação de obrigação, instalações desportivas condignas para jogos e treinos, certificação
qualidade, a que corresponderam investi- do concelho", concluem. adequada do clube, e os custos fixos com a organização dos jogos mensais, tudo isto tem muito que se
lhe diga.
Participar no Continente com uma equipa bem estruturada para os desafios que vão enfrentar não é
a mesma coisa do que participar numa Série Açores que vai ser despromovida da 2.ª para a 3.ª Divisão
por parte da Federação, na época 2021-2022. A mesma é composta por oito clubes, enquanto as demais
séries no continente são de dez. Os clubes que transitam para 2.ª fase para apuramento de quem vai
descer aos regionais, passam com 50% dos pontos com arredondamento. Este método está ultrapassado
e foi “relegado” no Campeonato de Portugal em futebol, porque não acabar no futsal. Será que Isto foi
pensado pelos clubes dos Açores?
O momento actual é o de agora ou nunca no Futsal para uma transformação em qualidade pelos joga-
dores e equipas a participar nas provas nacionais no continente. A sugestão é simples, para a participação
dos Açores é ter um clube na 2.ª Divisão e dois na 3.ª Divisão, mas inseridos nas séries continentais. As
formas das descidas e subidas (liguilha e campeonato açoriano) já foram todos usados e regulamentada
é só aplicar, pois já está tudo “inventado”.
E recordando o que é a evolução do jogador açoriano, qualquer que seja a modalidade que pratique,
o seu desenvolvimento passa pelo contacto com colegas e equipas mais evoluídas que estão em campe-
onatos fora do Arquipélago dos Açores. Tenho apontado nos meus artigos de opinião, vários exemplos
da evolução destes jogadores que conseguiram chegar a patamares superiores, tudo isto porque os seus
clubes participavam em provas nacionais e no continente.
24 motores Correio dos Açores, 13 de Junho de 2020
motocross. Fui das primeiras pes- O que pode dizer sobre o Já na época, a vossa equipa o melhor açoriano. Seguem-se
soas a fazê-lo cá e fui campeão na Larama, enquanto piloto, que era uma realidade pioneira na outros bons resultados em alguns
modalidade. Nestas participações, nessa altura era um seu direto ilha. Estruturas do género já ralis regionais e na Volta de 1980
eu também treinava para as provas adversário? existiam no continente, mas cá obtém o 4º da geral, sendo, outra
e, no seguimento, uma das minhas Eu tenho muito respeito e ainda não. Por exemplo, treinava- vez, o melhor açoriano.
grandes preocupações nos ralis uma boa relação com o Larama, se, competia-se e depois ia-se Na Volta à Ilha de 80, o Américo
era preparar-me o suficiente, com porque foi dos pilotos que me trabalhar, tudo com o carro de Nunes é navegado pelo Carlos Ri-
bastante consistência. fez evoluir enquanto meu mais prova! ley e fica à minha frente por uma di-
direto adversário. Foi um pi- Tínhamos já uma equipa bem ferença de segundos, o que é muito
Nessa sua primeira partici- loto que puxou muito por mim estruturada, na minha opinião, já pouco num rali desta envergadura,
pação, o carro sofreu alguma e, provavelmente, ele deve ter poderia ser considerado um piloto muito duro (13 concorrentes à
alteração especial? sentido a mesma coisa, porque semiprofissional. Por conseguinte, chegada e 20 desistências). Posso
Não, do que me recordo só uns nós andávamos ali na disputa dos com vista a participar num rali afirmar que, para além do Larama,
amortecedores Bilistein, a gás, e os troços ao segundo. começava a treinar, em média, foi uma das lutas mais fortes que
pneus de terra. De resto, os raports com um mês e meio de antecedên- tive nos ralis. Tive a sorte de ter esta
João Tavares, num momento de boa não foram alterados, tinha o arco cia, com um carro de treinos, que luta com este grande piloto do qual
disposição e simpatia, clima que mar- de segurança e praticamente pou- primeiro foi o 1604 do Roberto eu já na infância era fã. De forma
cou a entrevista. co mais. Aliás, o carro nem tinha Mota. Também fazia preparação que foi um rali extremamente duro
autoblocante. física, tinha cuidado com a alimen- e discutido ao segundo até ao últi-
Estreia-se em 1975, logo numa tação, não tomava álcool, cheguei, mo troço, literalmente!
Volta à Ilha! No ano seguinte, em 76, vence inclusivamente, até numa das pro-
Sim, em 1975 faço o meu o rali de Natal na estreia do 1904 vas, a ser vitaminado por injeção. Em 81, com uma lista de
primeiro rali, uma Volta à Ilha, (ex-carro do irmão Luís Alberto). participantes semelhante e um
2ª fase, upgrade com o bem prepa-
porque foi o primeiro rali que tive No ano de 77, com o mesmo car- rol de desistências também se-
rado Opel Kadett GT/E, que além de
oportunidade de fazer. Participo ro, desiste na Volta à Ilha, cuja melhante, obtém o 4º lugar, atrás
competitivo era bonito. Após uma
com o Opel 1604, o antigo carro edição ficou envolta em polémica do Horácio Franco, que tripula 1
carreira curta em S.Miguel, este
do Roberto Mota. Neste rali, o com a vitória do Larama/Horácio Escort RS.
carro conheceu uma outra, na Ilha
meu irmão, Luís Alberto, também Franco. Lembra-se desse caso? Terceira. Exatamente. Esse carro do
participa, mas com um 1904, carro Lembro-me sim. Horácio era um carro muito bem
com o qual venho a competir após preparado que pertencia ao Carlos
ele desistir dos ralis. À chegada, numa Volta à Ilha com Torres (Escort MK2 RS 2000). Era
Naquela época eram os candi- Deq Mota no Kadett GT/E. um carro muito potente, com 190,
Conseguindo o 4ºlugar final! datos às vitórias! ou 200 e tal cavalos, e o Horácio
O 4º da geral e o 1º açoriano. Pois, porque nós tínhamos me- soube tirar o devido partido.
No entanto, o que me causou mais lhores condições, o Larama tinha
impacto foi ter obtido na Tronquei- um Escort fantástico de fábrica, Em 1979 dá-se a estreia do Tem alguma recordação desta
ra tempos cimeiros, disputando um carro fabuloso e eu, depois do Kadett GT/E, um carro já num Volta à Ilha?
assim os primeiros lugares, num 1904, tinha o Kadett GT/E, um outro patamar competitivo. Na A recordação que tenho é a de
troço muito trabalhoso, com pilotos Ao volante do 1904 SR, “herdado” do ir- carro também muito interessante. Volta à Ilha desse ano consegue ter ficado atrás do Horácio (risos).
como o Mário Silva, o Giovanni mão Luís Alberto, que utiliza na 1ª fase Eram dois carros que estavam mais o 3º lugar.
Salvi, o Manuel Inácio (vencedor da sua carreira. ou menos equilibrados entre si. O 1904 passou para carro de Em 1982, com a aquisição
do rali). Isto marcou-me bastante, treinos e eu estrei-me aqui no GT/E, do Opel Ascona 400 de grupo 4,
porque o meu desejo era participar, Em 79, vence o Rali de In- um carro excelente, especificamen- abrem-se novas possibilidades
conduzir, e não estava preocupado O que nos pode dizer sobre verno, ainda com o 1904, sendo te preparado para fazer ralis, feito competitivas e uma nova fase na
com tempos. isso? o último rali que faz com ele. em Portugal pelo mestre Raimundo, carreira de João Tavares. Este será
Nessa Volta à Ilha, houve coisas Continuava a ser o mesmo carro que era um especialista, com tudo o tópico da segunda parte desta
Preparou-se, treinou com (tempos eventualmente adulte- que o seu irmão utilizou? o que era necessário para ser um entrevista.
cuidado para esse seu primeiro rados) que não batiam certo, não Sim, sim! Faz todo esse percur- competitivo grupo 1, com 130 Jorge Alves
rali? tinham lógica. Havia, na altura, so (carro que já competia em 1973). cavalos, penso eu. Fotos: Raúl Resendes e João Tavares
Sou uma pessoa que quando se uma atmosfera de luta pela inde- Era um ótimo carro. Tinha cerca de
propõe fazer algo, procuro fazê-lo pendência dos Açores, houve aí 115/120 cavalos, o que na altura já Na Volta à Ilha desse ano con- Nota: Parte 2 na edição de
bem. Antes dos ralis, eu já fazia muita coisa à mistura. era muito bom. segue o 3º lugar da geral sendo 20/6.
Correio dos Açores, 13 de Junho de 2020 passatempos 25
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A cartomante está vendo a sorte de um cliente O major esta passeando com um amigo pelas Arthur Conan Doyle
na bola de cristal: - Vejo uma morena que o ruas da cidade pequena, sede de seu regimento. “Quando você elimina o impossível, o que
fez sofrer muito no passado. Agora vejo uma Cada vez que um recruta faz continência, ele diz: ______ por mais incrível que pareça, só pode ser ser a verdade.”
loira que o fará sofrer muito no futuro. - É - O mesmo pra você. Depois de muitas vezes, o a __________.” sobra por mais incrível que pareça só pode
minha mulher! Ela pintou o cabelo! amigo lhe pergunta: - Por que você diz sempre “Quando você elimina o impossível, o que
isso? - Já fui recruta e sei o que eles desejam Arthur Conan Doyle
mentalmente quando batem em continência!
Sopa de Letras
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26 televisão Correio dos Açores, 13 de Junho de 2020
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De 2ª a 6ª feira das 9h00 às 17h00 às 17h00 221 XXX 22X 1X11 2
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