Estudos Clínicos Com o Gengibre PDF

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Nutrologia

Gengibre
Hernani Pinto de Lemos JúniorI
André Luis Alves de LemosII

Disciplina de Medicina de Urgência e Medicina Baseada em Evidências da Universidade Federal de São Paulo — Escola
Paulista de Medicina (Unifesp-EPM), Centro Cochrane do Brasil

O gengibre é o tubérculo de uma planta chamada Zingiber tratar (NNT) foram calculados usando um modelo de efeitos
officinale, originária do sul da Ásia, porém atualmente espalha- aleatórios. O risco relativo de ter náuseas e vômitos após pré-
da pelo mundo. Fica difícil dizer se a sua difusão global, ao tratamento com gengibre foi de 0,84 (IC 95 %, 0,69 a 1,03).
longo dos séculos, deve-se às suas propriedades medicinais ou à Cerca de 11 doentes devem ser tratados com gengibre para um
sua participação em inúmeros alimentos. Na culinária oriental, paciente ficar livre de náuseas e vômitos (número necessário
europeia e americana, o gengibre entra na confecção de mo- para tratar, NNT: 11, IC 95%, 6 a 250). Os autores concluíram
lhos para carnes, peixes, doces, bebidas alcoólicas. Chega a ser que gengibre não é um antiemético clinicamente relevante na
impressionante a participação do gengibre na composição de prevenção de náuseas e vômitos no pós-operatório.3
alimentos em alguns países. Na Índia ele é amplamente utili- Um estudo testou o uso do gengibre na dor da osteoartrite
zado na culinária, na Jamaica é feita a cerveja de gengibre, no de joelho ou quadril, comparado com ibuprofeno ou placebo.
Brasil temos o tradicional quentão das festas juninas e inúmeras Sessenta e sete pacientes com osteoartrite do quadril ou joelho
outras participações em pratos regionais. foram randomizados por três semanas para serem tratados com
Na área de saúde, o gengibre predomina no receituário po- gengibre, ibuprofeno ou placebo. Os autores concluem que o
pular como bom para a digestão, gripes e resfriados na forma ibuprofeno foi melhor que gengibre que, por sua vez, foi igual
de infusão para ingestão ou gargarejo. Na indicação médica for- ao placebo no desfecho dor. Os dados estatísticos não foram
mal, ele praticamente inexiste. Por essa razão, procuramos, na fornecidos.4
literatura científica, estudos com boa qualidade metodológica Foi realizado um estudo randomizado, duplo-cego, contro-
que nos dessem subsídios para uma indicação precisa do uso do lado por placebo em 162 pacientes com câncer, submetidos à
gengibre na saúde. Abaixo, descrevemos os principais estudos quimioterapia e que tinham experimentado náuseas e vômitos
encontrados com suas relevâncias e indicações. durante pelo menos um ciclo anterior de quimioterapia. Os
Uma revisão sistemática da colaboração Cochrane com 27 participantes foram randomizados para receber o gengibre de
estudos1 procurou verificar o efeito das ervas no tratamento da 1,0 g, 2,0 g de gengibre por dia, ou placebo durante três dias.
asma. Também dessa vez, somente um estudo2 pôs o gengibre O desfecho analisado foi a mudança na prevalência de náusea
como intervenção comparado com placebo. Foram 46 partici- e vômitos induzidos pela quimioterapia. Não houve diferenças
pantes em cada grupo e os desfechos acessados foram dispneia, entre os grupos.5
sensação de ofegante e sensação de opressão toráxica. Em todos Um estudo randomizado na Tailândia examinou os efeitos
esses desfechos o gengibre foi estatisticamente superior ao pla- do gengibre no esôfago e no esfíncter inferior esofágico, por
cebo (risco relativo [RR] de 0,84, 0,78, 0,29 e IC de 0,72 a manometria esofágica, em 14 jovens voluntários saudáveis do
0,98, 0,67 a 0,92, 0,18 a 0,48, respectivamente). sexo masculino aos 30, 120, 150 e 180 minutos após o con-
Uma revisão sistemática alemã com seis estudos e com 538 sumo de um grama de gengibre. A amplitude e a duração da
pacientes foi realizada para investigar se o gengibre previne contração esofágica não foram alteradas, enquanto que a veloci-
náuseas e vômitos no pós-operatório. Uma busca sistemática dade das ondas de contração diminuiu. O gengibre não afeta a
da literatura foi realizada por meio de estratégias de pesqui- pressão do esfíncter inferior do esôfago em repouso ou a ampli-
sa diferentes em Medline, Embase e Cochrane Library. Os tude de contração do esôfago ao engolir, mas causou um maior
dados sobre a incidência de náuseas, vômitos e a necessidade relaxamento e diminuiu a velocidade de contração esofágica, o
de antieméticos dentro das primeiras 24 horas pós-operatórias que pode causar mais chance de expelir gases gástricos ou efeito
foram extraídos e o risco relativo e o número necessário para antiflatulento.6

I
Médico, mestre e doutor em Medicina Interna e Terapêutica e Medicina Baseada em Evidências da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (Unifesp-EPM). Médico pesquisador do Centro de
Pesquisas em Revisões Sistemáticas do Centro Cochrane do Brasil. Professor de Semiologia e Clínica Médica na Universidade Nove de Julho em São Paulo. E-mail: [email protected]
II
Médico, mestre e doutorando em Medicina Interna e Terapêutica e Medicina Baseada em Evidências da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (Unifesp-EPM). E-mail: [email protected]

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Na Escócia, foi realizado um estudo duplo-cego randomi- náuseas ou vômitos durante a gravidez é equivalente a cloridra-
zado comparando o gengibre e vitamina B6 no tratamento de to de piridoxina (vitamina B6). Foram envolvidas 291 mulhe-
náuseas e vômitos no início da gravidez.7 Durante um período res com menos de 16 semanas de gravidez com a intervenção
de três meses, 70 mulheres foram randomizadas para receber de 1,05 g de gengibre ou 75 mg diários de vitamina B6 por três
1 g/dia de gengibre ou vitamina B6 40 mg/dia por quatro dias. semanas com estimativas nos escores de náuseas e vômitos para
Elas foram classificadas de acordo com a gravidade de sua náu- os dois grupos nos dias 7, 14 e 21. Gengibre foi equivalente a
sea, utilizando uma escala visual analógica, e gravaram o nú- vitamina B6 na redução da náusea e vômitos e a conclusão des-
mero de episódios de vômito nas 24 horas antes do tratamento se estudo foi que o uso do gengibre no início da gravidez reduz
e durante quatro dias consecutivos. Aos sete dias de acompa- as náuseas e vômitos de forma equivalente a vitamina B6.10
nhamento, as mulheres fizeram um relatório das alterações dos No Irã foi realizado um ensaio clínico cego em 67 mulhe-
seus sintomas. Os resultados mostraram que houve diminuição res grávidas que tinham náuseas e vômitos.11 Os grupos foram
nos escores analógico visual de náusea pós-terapia no grupo de pareados de acordo com a idade, idade gestacional, paridade,
gengibre significativamente maior do que no grupo da vitamina status ocupacional e nível educacional dos participantes. O
B6 (P = 0,024). O número de episódios de vômitos diminuiu grupo experimental recebeu cápsulas com 250 mg de gengibre
em ambos os grupos, e não houve diferença significativa entre e o grupo controle recebeu placebo. As náuseas foram avaliadas
os grupos. No grupo de gengibre, 29/35 mulheres relataram duas vezes por dia por quatro dias através de um questionário
uma melhora nos sintomas de náuseas, em comparação com antes e após o tratamento. O grupo que usou gengibre demons-
23/34 mulheres na vitamina B6 grupo (P = 0,52). Os autores trou uma taxa maior de melhora que o grupo placebo (85%
concluíram o trabalho referindo o gengibre como mais eficaz contra 56 %, P < 0,01). A diminuição do numero de vômitos
que a vitamina B6 para aliviar a gravidade das náuseas, e igual- entre as mulheres do grupo do gengibre também foi signifi-
mente eficaz para diminuir o número de episódios de vômitos cativamente maior do que entre as que receberam o placebo
no início da gravidez. (50% versus 9%, P < 0,05). Os autores concluíram que um
Um estudo duplo-cego randomizado controlado foi realiza- total diário de 1.000 mg de gengibre em uma preparação de
do na Tailândia para comparar a eficácia do gengibre à vitamina cápsulas podem ser fornecidas como meio eficaz comprovado
B6 no tratamento de náuseas e vômitos de 138 mulheres com de diminuir a náusea e vômitos da gravidez em mulheres que
menos de 16 semanas de gestação. As participantes foram alo- tendem a medicamentos fitoterápicos.
cadas aleatoriamente em dois grupos para tomar 500 mg de Uma revisão sistemática da colaboração Cochrane objetivou
gengibre por via oral ou 10 mg de vitamina B6, uma cápsula verificar as intervenções disponíveis para náusea e vômitos na
três vezes ao dia por três dias. Os indivíduos foram classificados gravidez.12 Vinte e oito estudos foram incluídos nessa revisão,
da gravidade de sua náusea utilizando escala visual analógica, porém, somente um deles13 focou o gengibre como intervenção,
antes do tratamento, e gravaram o número de episódios de comparado com placebo. No desfecho vômitos, o gengibre foi
vômito nas últimas 24 horas e durante três dias consecutivos mais eficaz que o placebo, com odds ratio (OR) de 0,31, intervalo
de tratamento. A vitamina B6 e gengibre reduziram significa- de confiança (IC) de 0,12 a 0,85. No desfecho náuseas, também
tivamente os escores náusea e vômitos assim como o número o gengibre foi mais eficaz que o placebo, OR 0,06, IC de 0,02 a
de episódios de vômitos. Comparando a eficácia, não houve 0,21. No desfecho prevenção do aborto, não houve significância
diferença significativa entre o gengibre e vitamina B6 no trata- estatística na comparação do gengibre com o placebo.
mento de náuseas e vômitos durante a gravidez.8 Na Tailândia foi realizado um estudo duplo-cego randomi-
Também foi realizada na Tailândia uma comparação entre o zado controlado comparando o gengibre com o dimenidrato no
gengibre e a vitamina B6, em 126 grávidas, com idade gesta- tratamento de náuseas e vômitos durante a gravidez.14 Foi feita
cional menor ou igual a 16 semanas que apresentassem náuseas uma distribuição aleatória de 170 gestantes com os sintomas
e vômitos. As gestantes foram alocadas aleatoriamente para re- de náuseas e vômitos. As pacientes do grupo A (n = 85) recebe-
ceber ou 650 mg de gengibre ou 25 mg de vitamina B6, dados ram uma cápsula de gengibre duas vezes por dia (uma cápsula
três vezes por dia durante quatro dias. O grau de náuseas e contendo 0,5 g de gengibre em pó), enquanto as do grupo B
vômitos foi avaliado por três sintomas físicos da pontuação de (n = 85) receberam as cápsulas idênticas de dimenidrinato 50
Rhode (episódios de náuseas, duração da náusea e do número mg duas vezes ao dia. Não houve diferença significativa nos
de vômitos), registrados 24 horas antes do tratamento inicial escores das escalas visuais analógicas de náusea entre o grupo A
e para cada dia subsequente de tratamento. Gengibre e vita- e o grupo B. Os episódios de vômitos do grupo A foram mais
mina B6 reduziram significativamente as náuseas e os vômitos frequentes que do grupo B durante o primeiro e segundo dia
(P < 0,05). Tanto o gengibre como a vitamina B6 foram eficazes do tratamento com diferença estatisticamente significante. Não
para o tratamento de náuseas e vômitos durante a gravidez.9 houve diferença em episódios de vômito do terceiro ao sétimo
Na Austrália também se fez um estudo clínico randomizado dia de tratamento entre os grupos. Houve uma diferença esta-
e controlado para avaliar se o uso do gengibre no tratamento de tisticamente significante favorável ao grupo A, na incidência

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do efeito colateral sonolência (grupo A = 5,88%, grupo B = três cápsulas de gengibre (total 1.200 mg) ou placebo, seguidos,
77,64%, P < 0,01). A partir dos dados apresentados, os autores após uma hora, por 500 ml de sopa. A área antral e a frequência
concluíram que o gengibre é tão eficaz quanto o dimenidrinato das contrações antrais foram medidas através de ultrassom em
no tratamento de náuseas e vômitos durante a gravidez e com intervalos frequentes durante 90 minutos; o tempo de esvazia-
menos efeitos colaterais. mento gástrico médio foi calculado a partir das mudanças na
Outro estudo duplo-cego randomizado controlado com pla- área antral. As sensações gastrintestinais e apetite foram obtidos
cebo feito na Austrália investigou o efeito do gengibre sobre os utilizando-se questionário visual analógico. A área antral dimi-
sintomas náuseas e vômitos da indisposição matinal em 120 nuiu mais rapidamente (P < 0,001), assim como o tempo mé-
gestantes. Participantes tinham menos de 20 semanas de gravi- dio de esvaziamento gástrico foi menor após ingestão de gengi-
dez e tiveram os sintomas diariamente pelo menos uma semana bre do que com placebo (13,1 ± 1,1 versus 26,7 ± 3,1 minuto,
e sem nenhum alívio por meio de mudanças dietéticas. A in- P  <  0.01 ) enquanto que a frequência da contrações antrais
tervenção foi com 125 mg de extrato de gengibre (equivalente foi maior (P < 0,005). Não houve diferença significativa em
a 1,5 g de gengibre seco) ou placebo, dado quatro vezes por nenhum dos sintomas gastrointestinais. As conclusões do es-
dia durante quatro dias. As náuseas foram significativamente tudo são de que o gengibre acelera o esvaziamento gástrico e
reduzidas para o grupo do gengibre em relação ao grupo place- estimula as contrações antrais em voluntários saudáveis e que
bo após o primeiro dia de tratamento, e esta diferença persistiu esses efeitos podem ser potencialmente benéficos em grupos de
para cada dia de tratamento. Nenhum efeito significativo foi pacientes sintomáticos.
observado no vômito. O seguimento das gestações revelou va- Para estudar a eficácia do gengibre na prevenção de náuseas
lores normais da idade, peso gestacional, escores de Apgar e fre- e vômitos depois de cirurgia ginecológica foi realizado na Tai-
quência de anomalias congênitas quando as crianças do grupo lândia um estudo duplo-cego randomizado controlado. Cento
estudo foram comparadas à população geral de recém-nascidos e vinte pacientes que se submeteram a cirurgia ginecológica
no local da realização do estudo. Em vista dos dados desse estu- foram divididos aleatoriamente em grupo A (n = 60) e grupo
do, os autores concluíram que o gengibre pode ser considerado B (n = 60). As pacientes no grupo A receberam duas cápsulas
como uma opção terapêutica útil para mulheres que sofrem de de gengibre uma hora antes do procedimento e as pacientes do
enjoos matinais.15 grupo B receberam o placebo. O escore de náusea pela escala
Outro estudo duplo-cego clínico controlado foi realizado visual analógica e a frequência de vômito foram avaliados às 0,
no Irã para verificar o efeito do gengibre nos níveis de lipídios 2, 6, 12 e 24 horas após a cirurgia. Os resultados demonstraram
em pacientes voluntários.16 Aleatoriamente, foram divididos os diferenças estatisticamente significantes em náuseas entre o gru-
pacientes com hiperlipidemia em dois grupos, o grupo de tra- po A (48,3%) e o grupo B (66,7%). A incidência e a frequência
tamento (cápsulas de gengibre recebendo 3 g/dia em três doses) de vômitos no grupo A foram menores do que as do grupo B.
e grupo placebo (lactose, três cápsulas/dia em três doses dividi- A conclusão dos autores é de que o gengibre tem mais eficácia
das) por 45 dias. Todos os indivíduos com diabetes mellitus, hi- na prevenção de náuseas e vômitos após cirurgia ginecológica
potireoidismo, síndrome nefrótica, alcoólatras, grávidas e com importantes, quando comparado ao placebo.18
úlcera péptica foram excluídos. Quarenta e cinco pacientes no Estudo semelhante foi realizado no mesmo país para estudar
grupo de tratamento e 40 pacientes no grupo placebo partici- a eficácia do gengibre para a prevenção de náuseas e vômitos
param desse estudo. Houve uma redução significativa de tri- após laparoscopia ginecológica. Foram divididas aleatoriamente
glicerídeos, colesterol, lipoproteína de baixa densidade (LDL), 60 pacientes em grupo A (n = 30) ou grupo B (n = 30) que
lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL) nos níveis plas- foram operadas por via laparoscópica. O grupo A recebeu três
máticos, comparando antes e depois em cada grupo separado cápsulas de gengibre enquanto o Grupo B recebeu três cápsulas
(P < 0,05). Mudanças foram significativamente melhores no de placebo. Ambos os grupos receberam os medicamentos uma
grupo que tomou gengibre na redução dos triglicerídeos e co- hora antes da operação. Náuseas e vômitos foram avaliados com
lesterol do que no grupo placebo (P < 0,05). A redução média a escala visual analógica e a presença de vômitos em duas e seis
no nível de LDL e aumento do nível de lipoproteína de alta horas após a operação. Após a laparoscopia, o escore mediano
densidade do grupo de gengibre foram superiores aos do gru- de duas horas do Grupo A não foi significativamente diferente
po placebo, mas em nível de VLDL o placebo foi superior ao do grupo B. Às seis horas após a laparoscopia, o escore do grupo
gengibre (P > 0,05). Os autores concluíram que os resultados A foi significativamente menor do que o grupo B (IC 95%,
mostram que o gengibre tem um significativo efeito na redução variando de -3,61 a -0,73). Presença de vômitos em duas horas
de lipídios quando comparado ao placebo. não foi diferente entre os grupos, 10% no grupo A e 20% no
Em Taiwan foi realizado um estudo randomizado, duplo- grupo B (IC 95 %, 28% a 8%). Em seis horas, 23,3% do grupo
cego sobre os efeitos do gengibre sobre o esvaziamento gástrico, A teve um episódio de vômito em comparação com 46,7% do
motilidade antral e sintomas pós-prandiais em 24 voluntários grupo B (IC 95%, -47% a 1%). Em conclusão os autores mos-
saudáveis.17 Após jejum de oito horas, os voluntários ingeriram tram que o gengibre tem demonstrado eficácia na prevenção de

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náuseas e significância limítrofe para a prevenção de vômitos vezes com a vitamina B6, uma vez com o dimenidrato. A maio-
após laparoscopia ginecológica.19 ria dos estudos focou os desfechos náuseas e vômitos na gravi-
Um estudo realizado na Alemanha contradiz esse último re- dez, mas somente um estudo relatou o acompanhamento das
sultado. Foi uma pesquisa randomizada, duplo-cega também gestantes e as condições dos recém-natos. Além das gestantes,
para prevenir náuseas e vômitos no pós-operatório em 180 foram realizados dois estudos em pacientes com câncer subme-
pacientes submetidas a laparoscopia ginecológica. O grupo do tidos a quimioterapia, nos desfechos náuseas e vômitos, e três
gengibre não conseguiu reduzir a incidência de náuseas e vômi- estudos em pacientes com cirurgia eletiva ginecologia e um da
tos após o procedimento.20 tireoide. Um estudo foi realizado objetivando o desfecho dor na
Um estudo realizado na Turquia comparou o efeito profi- osteoartrite de joelho e quadril. Um estudo pôs como desfecho
lático de dexametasona mais gengibre e dexametasona sobre a dislipidemia e outro pôs a asma. Dois estudos foram feitos em
náuseas e vômitos em pacientes submetidos a tireoidectomia. voluntários sadios para verificar a melhora do funcionamento
Cento e vinte pacientes submetidos a anestesia geral para ti- esofágico e gástrico. Nenhum dos estudos acima pôs relevância
reoidectomia foram incluídos nesse estudo randomizado, du- em efeitos adversos do gengibre.
plo-cego. Os pacientes receberam 10 mg de diazepam oral com Com esses dados obtidos, concluímos que o gengibre pode
placebo por via oral (grupo I) ou 0,5 g de gengibre (grupo II) ser incorporado como um importante adjuvante na prevenção
como pré-medicação uma hora antes da cirurgia. Padrão geral de náuseas e vômitos, antes de lançarmos mão de medidas te-
de técnicas de anestesia e analgesia pós-operatória foi utilizado. rapêuticas alopáticas convencionais. As demais indicações care-
Tanto o grupo I quanto o grupo II receberam dexametasona cem de trabalhos.
por via intravenosa, 150 mcg/kg, imediatamente antes da in-
dução da anestesia. Os dados foram registrados durante um pe- INFORMAÇÕES
ríodo de observação de 24 horas após a cirurgia. Os dados desse Endereço para correspondência:
estudo mostraram que a combinação de tratamento profilático Centro Cochrane do Brasil
Rua Pedro de Toledo, 598
com gengibre com dexametasona não foi clinicamente e estatis-
Vila Clementino – São Paulo (SP)
ticamente superior a dexametasona na prevenção de náuseas e
CEP 04039-001
vômitos em pacientes submetidos a tireoidectomia.21 Tel./Fax. (11) 5575-2970/5579-0469
Para determinar se o gengibre tem efeito antiemético em E-mail: [email protected]
vômitos induzido pela cisplatina, foi realizado estudo rando-
mizado, cruzado, duplo-cego na Tailândia em 48 pacientes Fonte de fomento: nenhuma declarada
Conflito de interesse: nenhum declarado
com câncer ginecológico submetidos a quimioterapia baseada
em cisplatina. Os indivíduos foram alocados aleatoriamente
em regime A ou B no seu primeiro ciclo de estudo. Todos os REFERÊNCIAS
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pacientes receberam antieméticos padrão no primeiro dia da in adults and children. Cochrane Database Syst Rev. 2008;(1):CD005989.
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foi administrada oralmente depois de quatro dias. Os pacientes
für die postoperative Phase? Eine Metaanalyse randomisierter
foram então cruzados para receber o outro regime antiemético kontrollierter Studien [Is ginger a relevant antiemetic for postoperative
em seu próximo ciclo de quimioterapia. Entre os 43 pacien- nausea and vomiting?] Anasthesiol Intensivmed Notfallmed Schmerzther.
tes avaliáveis que receberam ambos os ciclos de tratamento, o 2004;39(5):281-5.
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metoclopramida não houve diferença estatisticamente signifi-
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PALAVRAS-CHAVE:
Gengibre.
Êmese gravídica.
Hiperêmese gravídica.
Quimioterapia.
Procedimentos cirúrgicos ambulatórios. 

RESUMO
Introdução: O gengibre predomina no receituário popular como bom para a digestão, gripes e resfriados na forma de
infusão para ingestão ou gargarejo. Na indicação médica formal, praticamente ele inexiste.
Objetivo: Encontrar, na literatura científica, estudos com boa qualidade metodológica que deem subsídios para uma
indicação precisa do uso do gengibre na saúde.
Métodos: Foram procurados inicialmente estudos com melhor grau de evidência na Colaboração Cochrane e, depois,
nas bases Medline, Lilacs, PubMed, procurando destacar os estudos com melhor qualidade metodológica.
Resultados: Encontramos três revisões sistemáticas na Colaboração Cochrane e dezenas de estudos randomizados
nas outras fontes de buscas, focalizando principalmente os efeitos sobre náuseas e vômitos na gravidez, com
resultados satisfatórios na maioria deles. Dois estudos focaram esses mesmos desfechos em pacientes submetidos à
quimioterapia e na cirurgia ginecológica. Um estudo focou a asma, outro estudo focou a osteartrite e outro focou
a dislipidemia. Dois estudos realizados em voluntários sadios trataram sobre a influência do gengibre na gastrite
esofágica e gástrica. Os resultados que podem ser considerados relevantes foram em gestantes na prevenção de náuseas
e vômitos da gravidez. Os demais foram estudos isolados que, embora relevantes, não têm poder estatístico suficiente
para gerar evidência.
Conclusão: O gengibre pode ser incorporado como um importante adjuvante na prevenção de náuseas e vômitos, antes
de lançarmos mão de medidas terapêuticas alopáticas convencionais. As demais indicações carecem de trabalhos.

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