Regulação de Tensão

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REGULAÇÃO DE TENSÃO EM REDES DE BAIXA

TENSÃO
Essa seção apresenta os principais aspectos relacionados à regulação de tensão em
sistemas de distribuição de energia elétrica. O melhoramento do perfil de tensão está
relacionado ao adequado e eficiente controle de tensão nos Sistemas Elétricos de
Potência (SEP). Tal controle de tensão tem sido identificado como uma operação
fundamental para a qualidade no fornecimento de energia elétrica. Alguns pontos
mostram a importância disso:

 Tanto os equipamentos da concessionária como os pertencentes aos


consumidores são projetados para operar em determinado nível de tensão. A
operação prolongada desses equipamentos em uma tensão fora de limites
aceitáveis pode afetar o seu correto funcionamento reduzindo a sua vida útil ou
até mesmo causando interrupções não programadas. Por isso, a tensão deve ser
mantida dentro de limites aceitáveis.
 Outro ponto importante é a estabilidade dos SEP. O controle de tensão tem um
impacto significante sobre a estabilidade do sistema.
 O controle adequado reduz as perdas de energia.

Os problemas relativos ao perfil de tensão nas redes elétricas são um dos mais severos
problemas relacionados à qualidade de energia elétrica. Diferentes modos e métodos de
controle de tensão serão apresentados nas seções seguintes. Em particular, será
fornecida uma abordagem detalhada sobre o controle de tensão através de comutação de
tap em transformadores de potência situados na subestação.

1 Principais Metodologias aplicadas na Regulação de Tensão em Sistemas de


Distribuição de Energia Elétrica

Uma das principais responsabilidades das distribuidoras de energia elétrica é fornecer


aos consumidores tensões em faixas apropriadas, pois muitas atividades exigem níveis
regulados de tensões. As quedas de tensão do primário e secundário podem ser ajustadas
ao longo do circuito para que o consumidor final tenha níveis apropriados de tensões.

Os principais problemas relatados pelos consumidores são tensões abaixo do valor


nominal, comprometendo a qualidade no fornecimento de energia elétrica. A principal
dificuldade de fornecer aos consumidores tensões em faixas apropriadas é o problema
da queda de tensão durante o transporte da energia, ou seja, o nível de tensão no
barramento secundário da subestação não é o mesmo no ponto de entrega aos
consumidores. Essa queda ao longo do alimentador pode ser aproximada como:

 
Figura 1: Queda de tensão ao longo do transporte.

A queda de tensão equivalente ao longo dos alimentadores pode ser representada pela
queda de tensão na impedância equivalente.

Vqueda ≈ ΔV = Vs - Vc (1)

na qual:

Vqueda e ΔV → Queda de tensão ao longo do alimentador (V).

Vp → Tensão no barramento primário (V).

Vp →Tensão no barramento secundário (V).

Vp →Tensão no ponto de entrega à carga equivalente (V).

Em termos do fator de potência (fp), as correntes de linha são:

IR = I·fp = I · cos(θ) (2)

IX = I·sen(cos-1 (θ) ) = I · sen (θ) (3)

sendo:

IR→ Corrente de linha referente ao fluxo de potência real (em fase com a tensão) (A).

IX → Corrente de linha referente ao fluxo de potência reativa (A).

I → magnitude da corrente de linha (A).

fp → fator de potência

θ → ângulo entre a tensão e a corrente.

A Equação 1 é uma aproximação do valor de queda de tensão. Ela apresenta uma boa
precisão para a maioria das situações nos sistemas de distribuição, proporcionando erros
menores que 1% para defasagens de até 8º entre a tensão secundária e a tensão de
entrega na carga equivalente.
Para fatores de potência elevados, a queda de tensão depende fortemente da resistência
do alimentador. Com um fator de potência de 0.95, por exemplo, o fator de potência
referente ao fluxo de potência reativo (sen(cos-1(fp))) é de 0.31 e, como para essas
situações a resistência normalmente é menor que a reatância, sendo que a resistência do
alimentador apresenta o papel principal na queda de tensão. Já para fatores de potência
de médio a baixo, a queda de tensão depende principalmente da reatância do
alimentador. Por exemplo, com um fator de potência de 0.8, o fator de potência
referente ao fluxo de potência reativo é de 0.6 e com predominância da reatância sobre a
resistência, para essas situações, as cargas reativas tornam-se as principais causadoras
das quedas de tensão na linha. Conseqüentemente, fatores de potência indesejáveis
aumentam a queda de tensão ao longo do alimentador. A queda de tensão é maior nos
sistemas de distribuição de baixa tensão com fator de potência baixo, circuitos
monofásicos e circuitos desbalanceados . Algumas das medidas mais utilizadas para se
reduzir a queda de tensão ao longo dos alimentadores são:

 Reduzir o comprimento do alimentador.


 Elevar o fator de potência por meio de instalação de banco de capacitores
 Converter as seções de monofásicas para trifásicas.
 Redistribuir a carga.
 Balancear os circuitos.
 Redimensionar o condutor para um tamanho maior.

Essas medidas devem ser contempladas nos projetos de construção dos sistemas de
distribuição, já que a maioria delas fica inviável de se implantar nos sistemas já em
operação.

A magnitude da queda de tensão fornecida aos consumidores situados ao longo dos


alimentadores é dependente da demanda atual da rede de distribuição, pois a queda de
tensão pode ser maior em horários de maior consumo de energia. O uso de dispositivos
de regulação de tensão pode prover um melhor perfil de tensão, elevação do fator de
potência e, consequentemente, a redução dessas perdas.

Nos tópicos a seguir serão discutidas algumas das principais estratégias de regulação e
compensação, fundamentados nos limites operativos estabelecidos na seção anterior.

1.1 Modelagem por Fluxo de Carga

O planejamento por meio de estudos de fluxo de carga permite melhorar o perfil de


tensão quando se está projetando novos circuitos de distribuição. Esse estudo representa
a rede para a qual dispõe da topologia com os parâmetros elétricos de seus elementos,
das demandas de carga e da geração.

O estudo do fluxo de carga permite o cálculo das tensões em todos os pontos da rede,
possibilitando verificar se o atendimento está dentro de níveis adequados. Outras
finalidades do fluxo de carga são os cálculos das perdas e da queda de tensão ao longo
da rede .

Como há diversas cargas ligadas na rede de distribuição, elas são agrupadas em


conjuntos de unidades consumidoras. Cada conjunto de unidades consumidoras é
representado como uma carga equivalente na modelagem do sistema para estudos de
fluxo de potência. Tal estudo tem fundamental importância para se definir o nível de
tensão a ser fornecido no barramento secundário da subestação de forma que a tensão
tanto no consumidor mais próximo quanto no mais distante esteja dentro dos limites
aceitáveis.

As quedas de tensão ao longo dos alimentadores também podem ocorrer devido ao


transporte quanto ao tipo de carga. Por exemplo, as cargas desbalanceadas causam
maiores quedas de tensão, pois a impedância vista por elas, incluindo a impedância de
seqüência zero, é maior que a impedância de seqüência positiva vista pela carga
balanceada. Assim, se a corrente fluir de forma desigual por fase, cargas pesadas irão
proporcionar maiores quedas de tensão.

Há diversas abordagens para modelagem das cargas em um sistema de distribuição, que


podem ser :

 Potência da Carga Constante: As potências ativas e reativas se mantêm


constantes mesmo que a tensão mude. Caso a tensão diminua, a carga irá
solicitar uma maior corrente, elevando-se a queda de tensão. Essa abordagem é
utilizada para motores de indução.
 Corrente da Carga Constante: A corrente se mantém constante, mesmo que a
tensão mude. A potência é elevada com a tensão. Se a tensão decai, a corrente
drenada continua constante, diminuindo-se a potência e não alterando a queda de
tensão.
 Impedância de Carga Constante: Para essa situação, a impedância é constante,
mesmo que a tensão mude. A potência aumenta com o quadrado da tensão. Se a
tensão decai, a corrente decai linearmente, diminuindo-se a queda de tensão.
Essa abordagem é interessante para cargas puramente resistivas.

Normalmente pode-se modelar os circuitos de distribuição como sendo de 40% a 60%


de potência constante e de 40% a 60% de impedância constante. Considerar a
modelagem de todas as cargas como sendo de corrente constante é uma boa
aproximação para a maioria dos circuitos. Agora, modelar todas as cargas como sendo
de potência constante conserva a queda de tensão. Na Tabela 1 a seguir, encontra-se
diversas configurações de cargas para aproximações na realização de fluxo de carga .

Tabela 1 – Aproximações recomendadas para modelagem de cargas.

Potência Constante Impedância Constante


Tipo do Alimentador
(%) (%)

Residencial e comercial
67 33
(Pico do verão)

Residencial e comercial
40 60
(Pico do inverno)

Urbano 50 40

Industrial 100 0
Países em Desenvolvimento 25 75

1.2 Compensação por Queda de Tensão na Linha

O objetivo principal do compensador de queda de tensão na linha ou LDC (Line-Drop


Compensation) é manter a tensão constante, não no barramento secundário do
transformador, mas no consumidor. Sem a utilização do LDC, ao final do alimentador
haverá uma variação de tensão que dependerá da impedância do alimentador para uma
condição de carga pesada, e da variação da corrente de carga para uma condição de
carga leve.

Com a utilização da compensação por queda de linha, diminui-se a variação da tensão


ao final do alimentador por meio da elevação da tensão na saída do equipamento de
regulação.

Os transformadores com comutação de tap e os reguladores de tensão durante a carga


pesada, elevam a tensão ao máximo; ao passo que na carga leve, diminuem a tensão ao
mínimo. O LDC utiliza um modelo interno de impedância do alimentador de
distribuição para encontrar a impedância da linha. O usuário pode ajustar os valores de
R e X no compensador para melhorar a compensação.

O controlador ajusta o tap baseado na tensão do relé regulador de tensão, que é a tensão
do transformador de potencial (TP) adicionado com a tensão do circuito compensador
de queda de linha. Se não há compensação por queda de linha, o relé regulador ajusta o
tap com base nas informações do TP. Informações mais detalhadas do relé regulador de
tensão serão apresentadas na seção 2.3. Na Figura 2, pode-se visualizar o circuito básico
de um LDC.

Figura 2: Circuito de compensação de queda de linha.

Em uma linha de distribuição típica, os compensadores R e X são escolhidos para que a


máxima elevação de tensão seja obtida sob carga pesada, enquanto que a tensão mínima
seja obtida para a carga leve. Pode-se utilizar o centro de carga para se ajustar os
parâmetros do regulador para cada ponto de regulagem de tensão dado.
A utilização do centro de carga como ponto de regulagem é o modo clássico para se
ajustar a compensação por queda de tensão na linha. Considera-se que essa linha tenha
impedâncias RL e XL e uma carga no fim, como mostra a Figura 3.

Figura 3: Esquema do LDC considerando centro de carga.

Os parâmetros Rajuste e Xajuste do regulador podem então ser encontrados por meio das
seguintes expressões:

Rajuste = (ITC / NTP) · RL (4)

Xajuste = (ITC / NTP) · XL (5)

na qual:

Rajuste → Ajuste do regulador para compensação resistiva (V).

Xajuste → Ajuste do regulador para compensação reativa (V).

ITC → Valor do primário do transformador de corrente (A).

NTP → Razão de transformação do transformador de potencial (tensão no primário /


tensão no secundário).

RL → Resistência da linha para o ponto de regulação (Ω).

XL→ Reatância da linha para o ponto de regulação (Ω).

Na Figura 4, retirada da referência , pode-se visualizar o perfil de tensão de um


determinado circuito, com e sem a atuação do compensador por queda de linha.

 
Figura 4: Perfis de tensão em circuitos com várias formas de regulagem.

O método de compensação por queda de linha funciona perfeitamente para uma carga
ao final da linha. Caso existam cargas distribuídas uniformemente ao longo do
alimentador, com uma impedância também uniforme, pode-se manter a tensão constante
no ponto médio do alimentador.

Um circuito com uma carga uniformemente distribuída tem uma queda de tensão na
extremidade do alimentador igual à metade da que ocorreria caso todas as cargas fossem
modeladas como uma só carga ao final da linha.

A compensação segura apenas é possível para certa quantidade de unidades


consumidoras. Sobretensões nos consumidores mais próximos da subestação ocorrerão
caso uma compensação excessiva seja realizada pelo regulador.

A tensão do relé regulador não pode ficar acima dos limites. A tensão máxima pode ser
calculada segundo a expressão abaixo:

Vmax = Vajuste + (fp·Rajuste + sen(cos-1 (fp) )·Xajuste ) · Imax (6)

onde:

Vajuste → Tensão ajustada do regulador (V).

Rajuste→ Ajuste do regulador para compensação resistiva (V).

Xajuste → Ajuste do regulador para compensação reativa (V).


fp → Fator de potência ativa.

Imax → Máxima corrente de carga em p.u. relativa ao TC do regulador.

Nos tópicos a seguir serão discutidos os detalhes dos principais dispositivos de


regulação de tensão.

2 Dispositivos Empregados na Regulação de Tensão

As cargas ligadas à rede de distribuição de energia elétrica variam no decorrer do dia


devido principalmente às manobras e oscilações na demanda de consumo. Juntamente
com a carga, a tensão fornecida pela empresa distribuidora também varia. Para resolver
esse problema são instalados alguns dispositivos para o controle da tensão. Os
principais são:

 Bancos de Capacitores
 Reguladores de Tensão
 Regulador de Tensão utilizando transformadores de potência com comutação de
tap.

Os dispositivos são utilizados em sistemas de distribuição de energia elétrica visando à


redução das perdas de potência e minimização dos efeitos provocados pela queda de
tensão ao longo dos alimentadores. Além disso, o funcionamento correto desses
dispositivos ocasiona no atendimento às faixas de tensão previstos pela legislação.
Outro fator relevante é a interação entre esses dispositivos, pois esta pode ser controlada
em tempo real ou por meio de pré-programação. As seções a seguir apresentam
detalhadamente os dispositivos usados no controle de tensão dentro da rede de
distribuição de energia elétrica.

2.1 Banco de Capacitores

Em sistemas de distribuição, os bancos de capacitores promovem inúmeras vantagens


como, por exemplo, o cancelamento do excedente de potência reativa gerada pelas
cargas indutivas ou outras cargas com baixo fator de potência.

Os bancos de capacitores diminuem a corrente no alimentador, fazendo o mesmo suprir


mais cargas. As perdas na linha também são significativamente reduzidas já que
dependem do quadrado da corrente (I2R). Esse dispositivo eleva a tensão no
alimentador, reduzindo uma parte das perdas produzidas pelas cargas do sistema.

A aplicação correta dos bancos de capacitores pode ampliar a eficiência do sistema e


reduzir a queda de tensão. No entanto, seu uso incorreto pode significar uma maior
perda e sobretensões. Geralmente, utiliza-se a compensação reativa por meio de
capacitores tanto por fatores econômicos, para evitar penalidades, como por fatores de
performance e qualidade de energia fornecida pelo sistema, uma vez que se diminuem
as perdas.
Nos sistemas de distribuição, o emprego dos bancos de capacitores ocorre tanto na barra
da subestação (Cshunt) quanto ao longo dos alimentadores (C1), como pode ser visto na
Figura 5.

Figura 5 - Capacitores instalados na barra da subestação e ao longo dos alimentadores.

De acordo com a Figura 5, o Cshunt é o banco de capacitores conectado à barra secundária


da subestação, aplicado no controle de reativos no sistema com o intuito de manter a
tensão dentro dos limites estabelecidos. São utilizados para melhorar o fator de
potência.

Os capacitores são postos em operação de acordo com a necessidade do sistema, sendo


que todos os bancos são raramente chaveados em uma única operação.

As operações de chaveamento de bancos de capacitores em subestação são


acompanhadas diariamente por sistemas supervisórios remotos ou por controladores
locais.

Os capacitores podem ser instalados ao longo dos circuitos de distribuição em paralelo


ou série. Em paralelo, o local onde foi instalado o capacitor passa a compensar reativos,
elevando a tensão naquele ponto. Já na configuração série, o capacitor passa a funcionar
como um regulador de tensão automático comandado pela corrente, pois compensa a
reatância da linha.

Os capacitores instalados em paralelo permitem uma elevação constante da tensão no


alimentador, bem como uma diminuição na variação da mesma, uma vez que essa
elevação independe da corrente de carga. O chaveamento de capacitores permite reduzir
perdas, pois assim como o fluxo reativo muda, o estado do capacitor pode mudar de
ligado para desligado e acompanhar o fluxo. Em carga leve, a presença de capacitores
fixos pode elevar a tensão acima dos limites, portanto faz-se necessário a presença de
bancos de capacitores chaveados.
Capacitores fixos são mais fáceis de serem instalados e dimensionados quando
comparados com os chaveados, além de serem mais baratos. Devido às pesquisas
recentes, já existem no mercado diversos softwares para dimensionamento, colocação e
chaveamento adequado de bancos de capacitores.

O controle local dos capacitores pode ter como apoio à tomada de decisão diversas
estratégias, tais como:

 Hora do dia: Os capacitores são chaveados em horários previamente


programados.
 Temperatura: Altera-se o estado dos capacitores de acordo com a temperatura.
 Tensão: O controlador estabelece larguras de faixas, limites e tempos para
reduzir operações de chaveamento, baseado na medição da tensão.
 Potência Reativa: O capacitor se utiliza de medidas de reativos para tomar a
decisão de chaveamento.
 Fator de potência: O controle do capacitor faz medições do fator de potência e as
utiliza para decidir por alterar seu estado. Essa metodologia é dificilmente
empregada.
 Corrente: O capacitor faz medições da corrente na linha para tomar decisão.
 Muitos controles oferecem algumas ou até mesmo todas essas estratégias,
utilizando-as até mesmo combinadas.

Devido à diminuição dos custos das tecnologias, muitos sistemas utilizam bancos de
capacitores com controle automatizado. As principais estratégias para controle remoto
de capacitores são: despacho realizado pelo operador; despacho diário programado;
despacho mediante medições de reativos na subestação e despacho utilizando
combinação entre medições de variáveis na subestação e ao longo do alimentador.

2.2 Reguladores de Tensão

Os reguladores de tensão são autotransformadores com ajuste automático de tap, que


permitem elevar ou abaixar a tensão. Normalmente os reguladores possuem uma faixa
de regulação de -10% à +10%. Esses também são conhecidos como
autotransformadores, que são equivalentes a transformadores com um enrolamento em
série com outro.

Os reguladores possuem várias entradas, permitindo a configuração do número de


enrolamentos de acordo com a variação da tensão de entrada. Esse ajuste é feito por
meio de uma chave rotatória. O enrolamento é escalonado e equipado com comutadores
de tap que permitem a mudança na relação de transformação. A utilização desses
equipamentos em sistemas de distribuição tem por objetivo manter constante a tensão
no secundário, compensando as variações de tensões do primário e do secundário.
Geralmente, estes dispositivos são aplicados em pontos ao longo do alimentador em que
a tensão não consegue ser regulada pela subestação. A Figura 6 ilustra reguladores
instalados ao longo dos alimentadores.

 
Figura 6: Reguladores de tensão instalados ao longo dos alimentadores.

Um regulador monofásico ANSI (American National Standards Institute) possui 3


buchas: Fonte, Carga e Fonte-Carga, conforme pode ser visto na Figura 7.

Figura 7 – Regulador monofásico ANSI.

O enrolamento série encontra-se entre a Fonte e a Carga, com o tap do lado da carga.

Os reguladores trifásicos, geralmente utilizados em subestações, controlam as três fases


simultaneamente. Eles podem ter conexões Estrela com Terra, Triângulo Aberto e
Triângulo Fechado, conforme pode ser visto na Figura 8.

 
Figura 8 – Conexões trifásicas para o autotransformador.

Na configuração Estrela com Terra à quatro condutores, geralmente utilizam-se três


reguladores monofásicos, que conectam a linha ao neutro. Cada regulador controla
independentemente a tensão, melhorando o controle do sistema desbalanceado.

Na configuração Triângulo Fechado, três reguladores estão conectados fase a fase. Esse
arranjo permite um acréscimo na faixa de regulação passando de ± 10% para ± 15%. Já
na configuração Triângulo Aberto, apenas dois reguladores monofásicos são
necessários, conectando uma fase a outra .

2.3 Transformadores com Comutação de Tap

As cargas ligadas à rede de distribuição variam ao longo do dia, o que causa variações
na tensão. Se for incontrolada, é inaceitável essa variação para os consumidores como
para os órgãos regulamentadores. Para prevenir tal fato, os transformadores em
subestações primárias possuem comutador de tap sob carga (OLTC – On-Load Tap
Changer).

Os transformadores que provêm um pequeno ajuste de magnitude de tensão, usualmente


numa faixa de ± 10%, e/ou que mudam o ângulo de fase da tensão de linha, são
importantes componentes do sistema de potência. Alguns transformadores regulam
tanto a magnitude como o ângulo de fase.

Os transformadores provêm de tap para variar a relação entre o número de enrolamentos


do primário e secundário através de uma chave. O controle é feito pela análise da tensão
de entrada visando manter a saída em um nível constante e mais próximo da referência.

Uma comutação de tap pode ser realizada enquanto o transformador está energizado.
Essa operação é denominada “Load Tap Changer” (LTC).

Cada comutador de tap tem associado um relé regulador automático de tensão


(conhecido como “relé 90”), que monitora a tensão do secundário do transformador e
comanda as operações de comutação de tap como desejado. Essa comutação é
automática e operada por motores que respondem ao comando desse relé para ajustar a
tensão dentro de um nível especificado. Circuitos especiais mostram a comutação a ser
feita sem a interrupção da corrente. O tempo morto de atuação (temporização) é incluso
e deve ser ajustado para ser levemente maior que o tamanho do passo do transformador
para prevenir oscilações abruptas. Na prática, a temporização é inclusa para evitar o uso
desnecessário devido à alta freqüência de comutações de tap.

Figura 9: Esquema do relé regulador automático de tensão.

O mais simples arranjo de controle de tensão introduzido na Figura 9 é muito robusto.


Não existe motivo para ele ser afetado por mudanças em fator de potência ou mesmo
uma reversão de potência reativa. O fator limitante é que o esquema da Figura 9 não
considera a queda de tensão ao longo do alimentador e também a operação em paralelo
de transformadores.

Os controles de tensão empregados na prática são mais complexos do que o esquema da


Figura 9. Uma dessas considerações práticas é levar em conta a queda de tensão ao
longo do alimentador, como descrito acima, através da estratégia de LDC considerando
centro de carga. Como visto anteriormente, o objetivo da compensação de queda de
linha é manter a tensão nos consumidores dentro de uma faixa aceitável.

A Figura 10 indica uma corrente proporcional para a corrente de carga que flui através
de uma impedância equivalente (Zeq = R + j.X). A tensão dos componentes R e X são
deduzidas da tensão do barramento secundário da subestação primária para dar um sinal
de resposta de tensão à carga remota.

Os valores de R e X dentro do relé são ajustados de forma a corresponder diretamente às


impedâncias RL e XL da linha real.

 
Figura 10: Esquema do relé regulador de tensão com LDC.

O relé regulador de tensão possui basicamente 3 ajustes:

 Tensão de Referência: Também chamada de ponto de ajuste ou centro de banda.


É a tensão desejada na saída do regulador.
 Largura de Faixa: São os limites inferior e superior, os quais a tensão do
regulador deve obedecer.
 Temporização ou Tempo Morto: Tempo de espera para se iniciar uma
comutação de tap a partir do momento em que a tensão do regulador extrapola
os limites estabelecidos. Esse ajuste permite evitar que o regulador atue em
variações curtas de tensões.

Esses ajustes estão graficamente representados na Figura 11.

Figura 11: Ajustes do relé regulador de tensão.

Uma temporização elevada ou uma grande largura de faixa diminuem o número de


comutações, mas a regulação de tensão fica comprometida. Uma largura de faixa
estreita ou uma baixa temporização melhoram o perfil de tensão, mas acarretam maiores
comutações de tap e seu conseqüente desgaste.
Os relés reguladores de tensão possuem contadores de operações que auxiliam a equipe
de manutenção a identificar a melhor hora para se realizar a manutenção do dispositivo
ou sua troca. Os comutadores de tap são concebidos para aproximadamente 1 milhão de
operações em sua vida útil. Em condições normais, são realizadas 70 comutações por
dia, um total de 25 mil por ano. Caso o número de comutações por dia seja excessivo, o
contador de operações também pode ser útil, indicando que algum parâmetro está
regulado de forma errada ou estão ocorrendo flutuações de tensões no primário .

Esse capítulo apresentou os principais aspectos no que tange à regulação de tensão de


tensão em sistemas de distribuição de energia elétrica. O objetivo principal dessas
estratégias é alcançar a melhoria no controle de tensão, ocasionando no atendimento às
faixas de tensão estabelecidas pela legislação. Para isso, novas técnicas de controle
dessa grandeza são pesquisadas de forma a responder às mais diversas situações que
podem ocorrer num sistema elétrico de potência. Tendo isso em vista, o próximo
capítulo mostra as principais contribuições que vêm ocorrendo nos últimos anos em
termos de pesquisa do assunto.

Referências

1. USIDA, W. F.; Controle Fuzzy para Melhoria do Perfil de Tensão em Sistemas


de Distribuição de Energia Elétrica. Dissertação de Mestrado, Escola de
Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo, 2007. (Arquivo On-
Line)

Última atualização ( Sex, 03 de Abril de 2009 13:48 )  

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