Aula 1 - Estado Nutricional

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Avaliação do estado nutricional

Estado Nutricional
Profa. Ms. Letícia Veríssimo Dutra
Disciplina Avaliação Nutricional
Tópicos da aula

• Métodos de avaliação nutricional


• Nível de assistência nutricional
• Composição corporal
Estado nutricional
• Estado nutricional (EN): é a condição • Avaliação nutricional (AN): métodos de
nutricional de um individuo. determinação do estado nutricional e seu
respectivo diagnóstico, assim como o
• O estado nutricional adequado -> equilíbrio estabelecimento e acompanhamento das
entre consumo alimentar e a necessidade necessidades nutricionais de um indivíduo.
nutricional
• Intervenção nutricional adequada  manter
ou recuperar a saúde.

• Não há um único método de avaliação


nutricional que seja suficiente para
estabelecer o diagnóstico do EN de uma
pessoa.

• Vários instrumentos deverão ser utilizados


para se chegar a um diagnóstico final
Cuidado nutricional

Classificação Avaliação do Acompanha


Triagem Diagnóstico Intervenção
do nível de estado mento
nutricional nutricional nutricional
assistência nutricional nutricional
Métodos de Avaliação Nutricional
Métodos Objetivos Métodos Subjetivos

• Antropometria • Exame físico


• Composição corporal • Avaliação subjetiva global
• Exames bioquímicos
• Consumo alimentar
Triagem nutricional
1º Identificar pacientes desnutridos ou em risco

2º Identificar o diagnóstico nutricional do paciente (Avaliação Nutricional)

Realizar essa triagem precocemente

Impacto na qualidade da terapia nutricional


Triagem nutricional - Definição
Sociedade Americana de Nutrição Parenteral e Enteral (ASPEN)
“Processo capaz de identificar um indivíduo como desnutrido ou
que está em risco de desnutrição, a fim de determinar se uma
avaliação nutricional detalhada é indicada. (MUELLER et al., 2011)”

Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo


(ESPEN)
Caracteriza-se como uma ferramenta de diagnóstico fácil,
padronizado, não invasivo e de baixo custo. (LEUENBERGER;
KURMANN; STANGA, 2010)
Fatores Indicativos de Risco Nutricional
1. Perda ou ganho de peso não intencional ≥ 10% P usual (6 meses)
2. Perda de peso não intencional ≥ 5% Peso usual (1 mês)
3. P atual > 20% ou abaixo do ideal
4. Presença de patologia crônica
5. Necessidades metabólicas aumentadas
6. Ingestão alimentar insuficiente ≥ 7 dias ( + incapacidade ingerir,
absorver alimentos)
Instrumentos de triagem nutricional
Avalia o estado nutricional do paciente

Identificação da má nutrição ou risco nutricional

Deve ser aplicado:


• Máximo em até 72 horas da admissão do paciente.
• Ideal é nas primeiras 24 horas da admissão hospitalar
(pacientes da UTI)
(KONDRUP et al.,2003)

Realização por equipe multiprofissional ou nutricionista


Mini Avaliação Nutricional - MAN
• Padrão ouro - idosos
• A prevalência da desnutrição é ainda maior em idosos com deficiência cognitiva é
associada ao declínio cognitivo
• MAN – permite que os profissionais intervenham mais precocemente – para
suporte nutricional adequado
• MAN = método simples e rápido de identificar pacientes com risco de desnutrição
ou que já estão desnutridos
• Pode ser preenchido periodicamente no ambiente comunitário e hospitalar, ou em
locais de cuidados de longo prazo
Mini Avaliação
Nutricional
MAN
Avaliação Subjetiva Global (ASG)
• Desenvolvida por Baker et al e Detsky et al (1988) – para pacientes
cirúrgicos e posteriormente diversas patologias – risco nutricional
• Baseada na história da perda de peso, tecido adiposo e muscular,
consumo dietético, sintomas TGI > 2 semanas, alteração capacidade
funcional, exame físico
• Método simples, baixo custo, beira leito
Avaliação Subjetiva Global (ASG)
Interpretação da ASG: sistema de pontos que classifica o indivíduo como
bem nutridos, desnutridos moderados e graves

• Bem Nutrido = < 17 pontos


• Desnutrido moderado = 17 a 22 pontos
• Desnutrido grave = > 22 pontos

Precisão: sensibilidade e especificidade igual à realização de medidas


biométricas ou índices compostos biométricos para o prognóstico de
morbidade relacionada à desnutrição.
Avaliação Subjetiva
Global
(ASG)
Avaliação Nutricional
Subjetiva Global
(ANSG) - adultos
NUTRIC
• Risco Nutricional em Pacientes Críticos III (NUTRIC)
• Utilizado para rastrear o risco nutricional de pacientes na UTI
• Fatores de risco que podem ser modificados pela terapia nutricional na UTI

Considerando que nem todos os pacientes têm o mesmo risco de sofrer eventos
adversos com repercussão no estado nutricional. Suas variáveis de controle são:

• Avaliação da Fisiologia Aguda e da Saúde Crônica (Acute Physiology and Chronic Health
Evaluation) (APACHE II)
• Avaliação sequencial de falhas em órgãos (Sequential Organ Failure Assessment) (SOFA)
• Idade
• Número de morbidades
• Total de dias de internação antes da UTI
NUTRIC

Avaliação da Fisiologia Aguda e da Saúde Crônica (Acute Physiology and Chronic Health Evaluation) (APACHE II)
Avaliação sequencial de falhas em órgãos (Sequential Organ Failure Assessment) (SOFA)
MUST
• Must (Malnutrition Universal Screening Tool) - Detectar a desnutrição em
pacientes hospitalizados, em domicílio ou em casas de repouso

• Pacientes cirúrgicos, ortopédicos, que necessitam de cuidados intensivos,


adaptada para gestantes e lactantes e idosos

• Três variáveis: IMC, % perda de peso, padrão alimentar (não ingestão alimentar > 5
dias).

• O rastreamento poderá ser repetido regularmente, uma vez que a condição clínica
e os problemas nutricionais dos indivíduos podem alterar-se

• É importante reavaliar os indivíduos em estado de risco na medida em que vão


avançando nas instituições de cuidado

(British Association, 2015)


MUST
Instrumento de Triagem de Desnutrição
MST
• Ferramenta simples, barata e fácil de ser
aplicada
• Para população adulta heterogênea, de
ambos os gêneros
• Não contempla informações
antropométricas, dados bioquímicos e
outros objetivos, sendo pouco abrangente
em relação a saúde do indivíduo
• O escore é dado pela soma dos pontos e,
valores ≥ 2 classificam o individuo em risco
nutricional

(Ferguson et al., 1999)


Strong Kids

Desenvolvido por pesquisadores holandeses

Classificação quanto à faixa etária:


– Criança (de zero a 9 anos de idade)
– Adolescente (10 a 19 anos de idade)
Strong Kids
• Composto por quatro itens:

• Avaliação clínica subjetiva (1 ponto): A criança parece ter déficit nutricional/desnutrição?

• Doença de alto risco ou cirurgia de grande porte (2 pontos): Anorexia nervosa, queimaduras,
displasia broncopulmonar, doença celíaca ou crônica (cardíaca, hepática, renal), pancreatite,
câncer, doença inflamatória intestinal (DII), síndrome do intestino curto (SIC), doença
muscular ou metabólica, trauma, deficiência mental, fibrose cística, HIV, etc.

• Ingestão nutricional e perdas nos últimos dias (1 ponto) - Diarreia (>5x/dia) e/ou vômitos
(>3x/dia)? - Diminuição da ingestão alimentar? - Dificuldade alimentar devido a dor? -
Intervenção nutricional prévia?

• Refere perda de peso ou ganho insuficiente (1 ponto) - Perda de peso (ou não ganho em <1
ano) nas últimas semanas ou meses?
Strong Kids
Triagem de Risco Nutricional - NRS 2002
A técnica mais indicada entre os profissionais da saúde

• Foi elaborado a partir de outros métodos utilizados: perda de peso (percentual e tempo),
IMC para adultos, percentil de peso para a altura para crianças, ingestão alimentar (apetite,
capacidade de alimentação e absorção) e fatores de estresse (condições clínicas e
necessidade de terapia nutricional).

• Cada uma dessas informações foi pontuada com valores entre 0 e 3, arbitrados pelos autores.

• O escore foi desenhado para refletir o estado de desnutrição, devendo ser de fácil utilização,
reprodutível e aplicável em todos os pacientes adultos e pediátricos, em 10 diferentes
especialidades clínicas e cirúrgicas

• Diferencial: engloba pacientes clínicos, cirúrgicos e a idade do individuo considerando, para


idosos ≥ 70 anos, um fator de risco nutricional

• O NRS-2002 possui todos os elementos do MUST, mas acrescenta a gravidade da doença


Formulário NRS 2002

Se houver alguma resposta “sim”,


passar para a 2a etapa e, caso não
obtenha nenhuma resposta positiva,
repetir a etapa 1 a cada sete dias.
Recomendações
• O instrumento de triagem de risco nutricional deve ser escolhido de
acordo com a população (crianças, adultos ou idosos)

• Deve haver treinamento adequado ao profissional que irá aplicar o


instrumento de triagem. A escolha do profissional deve ocorrer de
acordo com a realidade de cada instituição

• Para uso hospitalar, é essencial que o instrumento inclua a


correlação da gravidade da doença e seu impacto sobre o estado
nutricional
Limitações
• Os instrumentos de triagem de risco nutricional geralmente não
contemplam a obesidade, exceto quando associada a uma doença
catabólica

• Após a triagem, os pacientes que apresentarem risco devem ser


submetidos à avaliação do estado nutricional para identificar o
diagnóstico de nutrição e planejar a terapia

• A avaliação do risco nutricional é o primeiro passo da


sistematização do cuidado de nutrição
Nível de Assistência Nutricional (NAN)
• Padronizar os procedimentos
• Otimizar o tempo
• Aperfeiçoar a qualidade da assistência em nutrição

• Facilita o atendimento dos indivíduos, possibilitando priorizar os cuidados


nutricionais daqueles que precisam de maior cuidado e atenção, e também
permite estipular a periodicidade de reavaliação.
Nível de Assistência Nutricional (NAN)
• Pacientes cuja doença de base ou problema não exija cuidados dietoterápicos
específicos (pneumonia, gripe, conjuntivite, varicela)
Primário • Pacientes que não apresentam risco nutricional

• Pacientes cuja doença de base ou problema não exija cuidados dietoterápicos


específicos, porém apresentam riscos nutricionais
• Pacientes cuja doença de base exija cuidados dietoterápicos, mas não apresentam
Secundário risco nutricional (disfagia, diabetes, alergia à proteína do leite de vaca, hipertensão)

• Pacientes cuja doença de base exija cuidados dietoterápicos especializados


(prematuridade, baixo peso ao nascer, erros inatos do metabolismo, câncer, caquexia
Terciário cardíaca)
• Pacientes que apresentam risco nutricional
Maculevicius; Fornasari; Baxter, 1994; Asbran, 2014 (Adaptado)
Nível de Assistência Nutricional (NAN)
Nível de assistência em nutrição
Critérios relacionados
ao paciente Primário Secundário Terciário

Risco nutricional? Não Sim Não Sim

Necessidade de dietoterapia?
Não Não Sim Sim
(cuidados nutricionais)

Maculevicius; Fornasari; Baxter, 1994; Asbran, 2014 (Adaptado)


Para determinar se há ou não risco nutricional:

• Instrumento de triagem nutricional


• Condição clínica
• Estado nutricional do individuo Dietoterapia
• Prescrição
Composição Corporal
A composição corporal (CC) é a soma dos componentes do corpo humano e sua
respectiva distribuição, que totalizam o peso corpóreo.

Dois componentes:
Circunferências
• Massa Gorda (MG): gordura corporal Pregas cutâneas

• Massa Livre de Gordura (MLG): músculos, ossos, água e Densitometria


demais tecidos isentos de gordura por dupla
emissão de
raios-X (DEXA)
Análise de composição corporal
Indiretas Duplamente
Diretas
indiretas
Técnicas diretas
Análise direta

Precisa
Inviável

Dissecação do cadáver
Extração lipídica
Técnicas indiretas
Análises indiretas
Precisas
Limitadas (aplicação das técnicas e custo financeiro)

Pesagem hidrostática Plestimografia DEXA


Pesagem hidrostática
• O corpo submerso sofre ação de uma força
contrária de sustentação dada pela perda
de peso igual ao volume de água deslocada

• O indivíduo deve sentar-se numa cadeira


que é acoplada á uma balança no meio
exterior

• Em seguida ele deve expirar o máximo


possível de ar dos pulmões e deixar seu
corpo completamente submerso

• Para se calcular a densidade corporal deve-


se obter: Peso fora da água, peso submerso,
a densidade da água e os volumes de ar
pulmonar residual e gastrointestinal
Pletismografia
Método de determinação de volume com o ar

• Deslocamento de ar dentro de uma câmara ao invés da água

• O volume de ar inicial (V1) é definido antes do indivíduo entrar na câmara,


assim como a pressão de ar inicial (P1)

• Quando o indivíduo entra na câmera o ar se desloca e a pressão se altera (P2)

Cálculo do volume: P1V1 = P2V2 , logo 𝑉1𝑃1


𝑉2 =
𝑃2𝑉2

𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜𝑟𝑎𝑙
𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜𝑟𝑎𝑙 =
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 (𝑉2)
Câmara de pletismografia

Profa. Mariana Rezende


Densitometria por dupla emissão de raios-X (DEXA)
Princípio: cada compartimento corporal apresenta graus diferentes de absorção de radiações
Emissão de fótons (partículas elétricas) para “mapear” os compartimentos
Raio X como fonte radiante
Aparelho utilizado para acompanhamento de massa óssea

Aplicação do método:
• O indivíduo deita-se em decúbito dorsal e um “braço” de “scanner” passa sobre seu corpo de maneira
retilínea. As informações são colhidas e lidas em sistema computadorizado

• Vantagem em relação às demais: faz uma análise segmentar da composição corporal do indivíduo
mostrando a distribuição anatômica da gordura
• Forte candidato à “padrão-ouro” da composição corporal
• Limitações para pacientes obesos (dimensão da área de alcance do raio X)
• Alto custo: cerca de R$65.000,00
(Pollock & Willmore, 1993)
Técnicas duplamente indiretas
Análises duplamente indiretas
Melhor aplicação prática
Menor custo financeiro

Bioimpedância elétrica (BIA) Antropometria


Bioimpedância elétrica (BIA)
Avaliar a composição corporal, estimando os percentuais de massa
magra, massa gorda e água do organismo

Baseado na utilização de corrente elétrica, aplicado ao corpo por meio


de quatro eletrodos fixados em uma plataforma medidora em pontos
predeterminados na planta dos pés

Para fazer o exame, a pessoa deve subir na balança de bioimpedância e


informar seu peso, idade e obedecer as seguintes regras:

• 4 horas de jejum antes do exame


• Não consumir álcool 48 horas antes
• Evitar atividades físicas 48 horas antes
• Não usar roupas pesadas durante a pesagem
• Não passar hidratante nos pés e nas mãos
Antropometria

• Mais utilizada
• Baixo custo
• Fácil aplicação
• Diversas técnicas
• Medidas: peso, estatura, circunferências
e dobras
Exercitando
Considerando a composição corporal, considere as seguintes afirmações:

I. A composição corporal (CC) é a soma dos componentes do corpo humano.


II. A distribuição da CC totaliza o peso corpóreo que pode ser determinado, por exemplo, utilizando-se
a divisão do corpo humano em dois componentes: massa gorda (MG) e massa livre de gordura
(MLG).
III. A CC pode ser determinada também por meio de três componentes: massa gorda (MG), massa
muscular (MM) e massa mineral, sendo que a MG inclui toda a quantidade de lipídios insolúveis em
solvente que se encontra no organismo, enquanto que considera-se MLG somente os músculos.

Assinale a alternativa que traz a(s) afirmação(ões) correta(s) a respeito da composição corporal.
a) Somente a afirmação III está correta.
b) Somente a afirmação I está correta.
c) Somente as afirmações I e III estão corretas.
d) Somente as afirmações I e II estão corretas.
e) Somente as afirmações II e III estão corretas.
Exercitando
A importância da classificação do nível de assistência nutricional para o
nutricionista é que esse processo facilita o atendimento dos indivíduos,
possibilitando priorizar os cuidados nutricionais daqueles que necessitam de
maior cuidado e atenção, e também permite estipular a periodicidade de
reavaliação do seu estado nutricional. É correto afirmar que os níveis de
assistência nutricional são divididos em primário, secundário e terciário,
sendo o nível que exige menor exigência quanto à intervenção nutricional
específica e o mais preocupante, respectivamente:

a) Secundário e terciário.
b) Primário e secundário.
c) Terciário e secundário.
d) Terciário e primário.
e) Primário e terciário.
Exercitando
Considere que você tenha que fazer uma avaliação do risco nutricional de um
indivíduo com as seguintes características: paciente idoso, com 75 anos de idade,
cirúrgico e que apresenta uma doença grave. De acordo com os instrumentos
disponíveis para avaliação do risco nutricional, qual instrumento você, como
profissional nutricionista, usaria para identificar o risco nutricional e estado nutricional
deste paciente?

a) Screening Tool Risk Nutritional Status And Growth (Strong Kids).


b) Malnutrition Screening Tool (MST) – Instrumento de Triagem de Desnutrição.
c) Nutrition Risk in Critically III (NUTRIC).
d) Índice de massa Corpórea (IMC).
e) Nutritional Risk Screening (NRS 2002).

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