Gramatica 9 Concordancia Verbal e Nominal PDF

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Concordância

verbal e nominal
Leia o poema a seguir, do poeta Chacal, e responda às questões de 1 a 4.

Papo de índio
Veiu uns ômi di saia preta
cheiu di caixinha e pó branco
qui eles disserum qui chamava açucri
Aí eles falarum e nós fechamu a cara
depois eles arrepitirum e nós fechamu o corpo
Aí eles insistirum e nós comemu eles.
(In: Heloísa Buarque de Hollanda e Carlos A. M. Pereira, orgs. Poesia
jovem — Anos 70. São Paulo: Nova Cultural, 1982. p. 79.)

1. O poema trata do relacionamento entre índios e brancos. Com base nas informações que ele
apresenta, responda:
a) Em que período da História do Brasil o episódio relatado pelo texto provavelmente aconteceu?
Por quê? No período colonial, provavelmente no século XVI, pois naquela época o açúcar não era conhecido pelos índios e praticavam-se rituais antropofágicos.

Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães


b) Quem fala no poema? E quem são os “ômi di saia preta”? Quem fala é um índio; fala de padres, provavelmente de jesuítas.
c) Com que finalidade esses “ômi” carregavam caixinhas e açúcar? Provavelmente eram presentes destinados aos índios, a
fim de facilitar os contatos.

2. O texto, apesar de escrito, apresenta algumas marcas da linguagem oral.


a) Identifique palavras ou expressões que tenham sido escritas exatamente como se fala, sem
respeitar as normas da ortografia oficial. Entre outras, “ Veiu”, “ ômi”, “di”, “ disserum” .
b) Identifique no texto dois procedimentos linguísticos que sejam próprios de relatos ou narra-
tivas orais. O emprego da palavra aí como elemento de coesão entre os fatos do relato; a repetição constante dos pronomes eles e nós; o emprego do pronome reto eles
com a função de objeto (“nós comemu eles”, em vez de “nós os comemos”).
c) Explique a relação entre o título e as marcas de oralidade do texto. A palavra papo, na gíria, significa “conversa”. Logo,
o título é compatível com a oralidade apresentada pelo texto.

3. Além das marcas de oralidade, o texto apresenta outras palavras e expressões que fogem à
norma-padrão formal. 3. a) Sugestão: Vieram uns homens de saia preta, cheios de caixinhas e pó branco, que eles disseram que se chamava açúcar. Então eles
falaram e nós fechamos a cara; repetiram e nós fechamos o corpo. Finalmente, eles insistiram e nós os comemos.
a) Reescreva todo o texto de acordo com a norma-padrão formal da língua. Se quiser, mantenha
expressões como fechar a cara e fechar o corpo.
b) Na nova redação dada ao texto, como ficaram as palavras “Veiu”, “cheiu” e “fechamu”? Por que
elas sofreram modificação? Vieram, cheios e fechamos; elas concordam com uns homens e nós, respectivamente.
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c) Dessas três palavras que deixam de observar os princípios da concordância, quais se asseme-
lham mais entre si? Por quê? “Veiu” e “fechamu” apresentam variação na concordância verbal, e “cheio” na concordância nominal. Apesar disso, “fechamu”
e “cheiu” têm em comum o fato de não apresentarem o –s final, ao passo que “veiu” está na 3ª pessoa do singular, e não
na 3ª pessoa do plural, como deveria.
d) Desses desvios em relação à norma-padrão formal, qual deles é socialmente considerado mais
grave? Por quê? A falta de concordância entre sujeito e verbo, como ocorre em “Veiu uns ômi”; essa falta de concordância sofre uma grande rejeição social, pois indica
desconhecimento de um princípio básico da norma-padrão formal.

4. Essas situações e outras do texto demonstram que o autor, intencionalmente, fez uso de varie-
dades linguísticas diferentes da norma-padrão para tratar de uma situação de colonização, de
dominação política e cultural do branco colonizador sobre o índio.
a) Os desvios linguísticos empregados são específicos da fala dos índios brasileiros ou caracteri-
zam variedades diferentes da norma-padrão da língua portuguesa, sendo, por isso, próprios
da fala de grande parte dos brasileiros? Justifique. Caracterizam variedades diferentes da norma-padrão da língua; não há no texto
vocábulos específicos das línguas indígenas.
O povo brasileiro, que historicamente foi
b) Com base em sua resposta anterior, quem o índio do texto representa? colonizado pelos europeus,
c) Uma das formas de dominar um povo é destruir sua cultura e sua língua. Mas, no texto em
estudo, o índio é quem acaba dominando e devorando o colonizador. Essa atitude é compa-
tível com o tipo de língua empregado? Por quê?
Sim; da mesma forma que o índio se revolta contra o colonizador e o devora, o poema, na forma em que está (com transcrição direta da fala, com marcas de oralidade e com desvios
em relação à norma-padrão), mostra uma revolta contra a imposição linguística e cultural dos portugueses.
5. É muito comum, tanto na linguagem escrita como na falada, o emprego da locução de realce é
que para enfatizar o que se quer expressar. Essa locução não provoca alteração na forma do verbo
da oração, que continua fazendo sua concordância normal com o sujeito a que se refere. Veja:

Nós leremos a revista agora.


sujeito verbo

Nós é que leremos a revista agora.

Observe que a locução é usada sempre antes do verbo da oração.


a) Reescreva as frases abaixo, empregando a locução de realce é que.
• Nós somos os responsáveis por isso. Nós é que somos os responsáveis por isso.
• Eu vou tomar banho primeiro. Eu é que vou tomar banho primeiro.
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b) Compare as frases dadas às frases que você escreveu. Que ideia a expressão é que introduziu
nas frases?
• adição
• confirmação
• oposição de ideias
X • exclusão do interlocutor

6. Os verbos que indicam fenômenos da natureza — chover, ventar, trovejar, relampejar, nevar,
chuviscar — são impessoais e, por isso, são empregados na 3ª pessoa do singular. Entretanto,
quando forem usados em sentido figurado, para criar efeitos de sentido, eles são empregados
como pessoais. Compare:

A noite está fria porque chove desde ontem.


A noite está tão fria que chovem tristezas em meus pensamentos.

Agora é com você. Crie um pequeno texto, empregando em sentido figurado um ou mais verbos
que indicam fenômenos da natureza. Resposta pessoal.
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Leia o anúncio a seguir para responder às questões 7 e 8.

Propeg

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(Veja, nº 1 715.)

7. O anúncio foi publicado num momento em que o país passava por um racionamento de
energia. Sobre o espelho (peça de plástico que cobre a caixa de tomadas), há várias men-
sagens. As mensagens tentam evitar
o consumo de energia.
a) Que relação há entre essas mensagens e o momento em que o anúncio foi publicado?
b) Que outras duas redações poderiam ser dadas à frase “Entrada proibida”, sem fugir ao que
recomenda a norma-padrão da língua? “A entrada é proibida” e “É proibido entrada”.

8. Observe o enunciado principal, abaixo da figura. Imagine que o anunciante, em vez da expressão
outro jeito, empregasse a expressão outras formas. Nesse caso:
a) Como ficaria todo o enunciado? Existem outras formas de economizar energia. E muita gente está apostando nelas.
b) O que justificaria a alteração ocorrida com o verbo existir? O verbo existir concorda, no plural, com o sujeito outras formas.
c) Como ficaria o enunciado se, além de substituirmos outro jeito por outras formas, substituís-
semos o verbo existir por haver? Há outras formas...
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