Modelo de Roteiro 1
Modelo de Roteiro 1
Modelo de Roteiro 1
Sabemos que a liberdade, como apontou Sartre, expressa-se na escolha que fazemos durante todo o
tempo. Porém, talvez as escolhas que estamos fazendo estejam corrompidas, talvez estejamos
agindo sob influência de interesses que não são verdadeiramente nossos. Vejamos a música abaixo
para situarmos melhor o problema que expomos:
VAMOS FILOSOFAR...
1 – Quais são os imperativos que a música demonstra que nos são impostos ininterruptamente?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
_________________________
2 – Ao escolhermos um produto de uma marca, e não de outra, após sermos convencidos por uma
propaganda, somos livres? Explique.
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
_________________________
3 – Explique como a música, ao comparar-nos com robôs, mostra que não somos livres.
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
_________________________
4 – Você já foi influenciado por propagandas a adquirir algo que não tinha muita necessidade?
Exemplifique e explique como sua liberdade foi afetada.
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
_________________________
5 – Desenhe um exemplo de propaganda que influencia as pessoas e, assim, afeta a liberdade delas.
Voltaire, filósofo francês que viveu entre 1694 e 1778, tentou encontrar uma solução para o
problema que estamos discutindo, embora, seja evidente, em um contexto diferente. No Dicionário
filosófico, ele escreveu um verbete intitulado “Liberdade de Pensamento”, expondo um conflito
entre um general inglês (Boldmind) e um funcionário da Inquisição na Espanha (Medroso). Deste
conflito, Voltaire indicou o caminho para escolhermos sem seguir interesses que não são
verdadeiramente nossos. Vamos acompanhar o diálogo para encontrar esse caminho:
Liberdade de pensamento
“Boldmind: Sois, portanto, sargento dos dominicanos? Exerceis um bem vil ofício.
Medroso: É verdade; mas gostei mais de ser criado deles do que ser vítima e preferi a desgraça de
queimar o meu próximo à de ser eu próprio cozido.
Boldmind: Que horrível alternativa! Éreis cem vezes mais felizes sob o jugo dos mouros que vos
deixaram estagnar livremente no meio das vossas superstições e que, embora vencedores, não se
arrogavam o direito inaudito de pôr as almas a ferros.
Medroso: Que quereis? Não nos é permitido escrever, nem falar, nem mesmo pensar. Se falamos,
torna-se fácil interpretar as nossas palavras e mais ainda os nossos escritos. Enfim, como não
podem condenar-nos a um auto-de-fé pelos nossos pensamentos secretos, ameaçam-nos de sermos
eternamente queimados por ordem do próprio Deus se não pensarmos como os dominicanos.
Persuadiram o governo que se possuíssemos o senso comum todo o Estado ficaria em combustão e a
nação tornar-se-ia a mais desgraçada da Terra.
Boldmind: Achais que somos assim desgraçados, nós, ingleses, que cobrimos os mares com os
nossos barcos e viemos ganhar para vós batalhas nos confins da Europa? Vede os holandeses que
vos desapossaram de quase todas as vossas descobertas na Índia e hoje se enfileiram entre os vossos
protetores: pensais que sejam malditos de Deus por haverem concedido inteira liberdade à imprensa
e por fazerem o comércio dos pensamentos humanos? Foi menos poderoso o império romano por
Cícero haver escrito com liberdade?
Medroso: Quem é Cícero? Nunca ouvi falar desse homem; não se trata aqui de Cícero, trata-se de
nosso santo pai, o papa, e de Santo Antônio de Pádua, e sempre ouvi dizer que a religião romana
está perdida se os homens começam a pensar.
Boldmind: Não cabe a vós acreditá-lo, pois estais seguro que a vossa religião é divina e que as portas
do inferno não podem prevalecer contra ela. Se assim é, nada poderá destruí-la.
Medroso: Não, mas pode ser reduzida a pouca coisa. E foi por terem pensado que a Suécia, a
Dinamarca, toda a vossa ilha e metade da Alemanha gemem na pavorosa desgraça de não mais
serem súditos do papa. Diz-se mesmo que se os homens continuassem a guiar-se pelas suas falsas
luzes acabarão em breve por ater à simples adoração de Deus e à virtude. Se alguma vez as portas do
inferno prevalecerem até esse ponto, em que se tornará o Santo Ofício?
Boldmind: Se os primeiros cristãos não tivessem a liberdade de pensar, não é verdade que não
existiria cristianismo?
Medroso: Que quereis dizer? Não vos entendo?
Boldmind: Acredito. Quero dizer que se Tibério e os primeiros imperadores dispusessem de
dominicanos que houvessem impedido os primeiros cristãos de usar penas e tinta; se durante tanto
tempo não tivesse sido permitido pensar livremente no império romano, tornar-se-ia impossível aos
cristãos estabelecer os seus dogmas. Portanto, se o cristianismo só se formou pela liberdade de
pensamento, por que contradição, por que injustiça desejaria aniquilar hoje essa liberdade sobre a
qual está fundado?
Quando vos propõem algum negócio interessante, não o examinais demoradamente, antes de o
concluirdes? Haverá no mundo maior interesse que o da nossa felicidade ou eterna desgraça?
Existem sobre a Terra cem religiões e todas vos condenam à danação por acreditares nos vossos
dogmas, que essas religiões consideram absurdos e ímpios; examinai, portanto, esses dogmas.
Medroso: Como posso examiná-lo? Não sou dominicano.
Boldmind: Sois homem e isso basta.
Medroso: Ai de mim! Sois bem mais homem que eu.
Boldmind: A vós apenas cabe aprender a pensar; haveis nascido com espírito; sois uma ave na gaiola
da Inquisição; o Santo Ofício aparou-vos as asas mas elas podem voltar a crescer. Quem não sabe
geometria, pode aprendê-la; qualquer homem pode instruir-se: é vergonhoso que se deposite a alma
nas mãos daqueles aos quais não se confiaria o dinheiro. Ousai pensar por vós mesmo.
Medroso: Há quem diga que, se toda a gente pensasse por si, a confusão seria prodigiosa.
Boldmind: Pelo contrário. Quando assistimos a um espetáculo, cada qual dá livremente a sua
opinião e a paz não é perturbada; se, porém, algum insolente, protetor de algum mau poeta, quiser
forçar todas as pessoas de gosto a considerarem bom o que lhes parece mau, os dois partidos podem
acabar alvejando-se com maçãs, como já aconteceu em Londres. São estes tiranos dos espíritos que
causaram parte das desgraças do mundo. Na Inglaterra, só somos felizes desde que cada qual goze
livremente o direito de exprimir a sua opinião (...)” .
O problema que temos a resolver é: como fazer escolhas que reflitam o que realmente queremos, o
que realmente necessitamos, sem sermos influenciados e manipulados por outrem? Voltaire, pela
personagem Boldmind, indicou que estas escolhas precisam passar pelo critério do pensamento:
trata-se de ousar pensar por nós mesmos, sem aderir a nenhum projeto sem antes examiná-lo com
cuidado, sem entregar nossa alma seja a quem for.
Voltaire. Estátua de 1781, Museu de São Petesburgo.
VAMOS FILOSOFAR...
2 – Que tipo de trabalho a personagem Medroso realiza, segundo Voltaire no texto Liberdade de
pensamento? Como esse trabalho é classificado pela personagem Boldmind?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
_________________________
4 – Para que a personagem Medroso se tornasse livre, Boldmind aconselhou: “A vós apenas cabe
aprender a pensar; haveis nascido com espírito; sois uma ave na gaiola da Inquisição; o Santo Ofício
aparou-vos as asas mas elas podem voltar a crescer. Quem não sabe geometria, pode aprendê-la;
qualquer homem pode instruir-se: é vergonhoso que se deposite a alma nas mãos daqueles aos quais
não se confiaria o dinheiro. Ousai pensar por vós mesmo” . Explique qual deve ser o comportamento
de Medroso para que ele seja livre.
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
_________________________
5 – Como Voltaire resolveu a questão de fazermos escolhas sem sermos livres em nossa sociedade?
Você concorda com a solução dele? Explique.
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
_________________________
6 – Leia a letra da música abaixo e relacione-a com o texto de Voltaire para explicar se somos livres
ao fazermos o que a televisão nos propõe.