O Codigo Maia PDF
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O CÓDIGO MAIA
Tradução
Miguel Romeira
PRÓLOGO
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Le Château de Monfaucon,
Montargis, França
25 de outubro de 1228
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– Não, majestade. Claro que não. Deus só fala aos reis, aos papas
e ao Sacro Imperador Romano.
Com um resmungo, o rei fez sinal ao seu moço de cavalaria para se
aproximar.
– Traz-me um machado. Vou matar o javali, e a seguir vamos todos
comer.
Com uma ardorosa prece, de Bale agradeceu mentalmente por
nenhum dos mais velhos conselheiros do rei se ter dado ao incómodo
de tomar parte na caçada. Iguais a si mesmos, estavam todos a arquite-
tar tramóias e conspirações com a rainha-mãe. Tinha o terreno com-
pletamente livre.
Erguendo a mão, protegida por uma guante de ferro, fez sinal aos
caçadores para avançarem. Estes, por sua vez, deram sinal aos respe-
tivos bandeireiros, que transmitiram a ordem aos batedores, os quais
esperavam junto à entrada da toca.
– O javali pode sair a qualquer momento, majestade. Permita-me
aconselhá-lo a colocar-se em posição.
O rei avançou pela abertura propositadamente feita na barreira de
vime para que passasse. À sua frente via apenas um emaranhado de
espinheiros e salgueiros. Fora aberto um canal pelo meio da vegetação
compacta, pelo qual o javali seria – teoricamente – obrigado a avançar.
Erguendo o queixo, de Bale fez sinal a um dos seus homens de
armas, que lhe lançou um pique para as mãos. O escudeiro foi então
colocar-se à direita do rei, ligeiramente mais atrás.
– Só intervirei, majestade, se o vosso primeiro golpe não for eficaz.
– Não intervirás de modo nenhum. O meu primeiro golpe não será
ineficaz. Deus falou-me. Eu sou o seu emissário abençoado.
De Bale fez uma vénia, mostrando-se ostensivamente relutante em
ceder à vontade do rei. Embora o próprio monarca não pudesse ver
aquele gesto, todos os outros o testemunharam.
– Como queira, majestade. – Apoiando-se no seu pique, ficou à
espera.
Pouco depois escutou-se um brado vindo do outro lado da colina.
A battue começara. De Bale ordenara que a fileira de batedores em
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– E protegeste o rei?
– Com a minha própria vida, majestade.
– E protegerás sempre o rei?
– Sempre, majestade.
– E o reino da França?
– Eu e a minha família, majestade. Para todo o sempre.
– Então sereis vós o meu Corpus Maleficus.
Luís voltou-se. Ergueu a voz, fazendo-a ecoar por toda a basílica:
– Tenho o bispo de Reims para me coroar. O bispo de Laon para me
ungir. O de Langres para levar o meu cetro. O de Beauvais para levar
o meu manto. O de Châlons para levar o meu anel. E o de Noyons
para levar o meu cinto. Tenho o duque da Normandia para segurar o
primeiro estandarte, e o de Guiana para segurar o segundo. Tenho o de
Borgonha para levar a minha coroa e colocar-me o cinto. Tenho o conde
de Toulouse para levar as minhas esporas. O da Flandres para levar a
minha espada. E o de Champagne para levar a bandeira real. Mas quem
tenho eu para me proteger do Diabo? Quem será o meu defensor?
De Beaulieu e de Chartres tinham erguido os rostos do chão. Um
e outro eram capazes de reconhecer um fait accompli quando o viam.
– Tem o conde de Hyères, majestade.
Luís anuiu.
– O conde de Hyères é agora o décimo terceiro par de França. São
testemunhas deste facto as ossadas do meu pai e do meu avô. Tragam o
meu selo e a minha cruz de cavaleiro.
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