EER0131 - Capítulo 10
EER0131 - Capítulo 10
EER0131 - Capítulo 10
Foz do Iguaçu - PR 1 / 18
Ciclo de Carnot
●
Ciclo de Carnot:
●
Ciclo de Carnot é o ciclo que apresenta a maior eficiência possível para um sistema térmico operando
entre dois reservatórios térmicos.
●
Reservatório térmico é um corpo que nunca apresenta variação de temperatura, mesmo estando
sujeito a transferências de calor, e portanto sempre permanece a uma temperatura constante.
●
Por ser constituído de uma série de processos reversíveis, o ciclo de Carnot é um ciclo reversível.
●
É um ciclo ideal, sendo portanto o mais eficiente possível.
●
Um ciclo de Carnot apresenta sempre os seguintes processos:
●
Dois processos adiabáticos reversíveis (isentrópicos).
●
Dois processos isotérmicos reversíveis.
●
Temos interesse em dois sistemas térmicos que operam segundo um ciclo de Carnot:
●
Motor térmico.
●
Refrigerador.
●
Ao inverter um motor térmico de Carnot, obtém-se um refrigerador de Carnot.
●
Ao inverter um refrigerador de Carnot, obtém-se um motor térmico de Carnot.
●
Razões para estudar o ciclo de Carnot:
●
É usado como referência.
●
Pode ser usado na estimativa das temperaturas que produzem eficiências máximas.
2 / 18
Motor Térmico operando um Ciclo de Carnot
●
Motor Térmico operando um Ciclo de Carnot:
● Opera segundo um ciclo, realizando Wlíq positivo e trocando Qlíq positivo.
● Recebe calor de um reservatório térmico a alta temperatura (QH).
●
Transforma parte desse calor em trabalho (W).
● Rejeita calor para um reservatório térmico a baixa temperatura (QL).
●
Processos que ocorrem no ciclo:
●
1-2 → Compressão adiabática reversível (isentrópica).
●
2-3 → Recebimento de calor isotérmico reversível
●
3-4 → Expansão adiabática reversível (isentrópica) → Objetivo do ciclo.
●
4-1 → Rejeição de calor isotérmica reversível. 3 / 18
Refrigerador operando um Ciclo de Carnot
●
Refrigerador operando um Ciclo de Carnot:
●
Opera segundo um ciclo no sentido inverso de um motor térmico de Carnot.
● Recebe calor de um reservatório térmico a baixa temperatura (QL).
● Rejeita calor para um reservatório térmico a alta temperatura (QH).
●
Recebe trabalho de uma fonte externa para realizar essa transferência de calor (W).
●
Processos que ocorrem no ciclo:
●
1-2 → Compressão adiabática reversível (isentrópica).
●
2-3 → Rejeição de calor isotérmica reversível.
●
3-4 → Expansão adiabática reversível (isentrópica).
●
4-1 → Recebimento de calor isotérmico reversível → Objetivo do ciclo.
4 / 18
Coeficiente de Eficácia
●
Coeficiente de Eficácia:
●
O índice de desempenho de um refrigerador não é denominado eficiência porque este termo designa
a razão entre o que entra e o que sai.
●
Coeficiente de eficácia para um ciclo de refrigeração qualquer:
●
O desempenho em um ciclo de refrigeração qualquer é dado pelo coeficiente de eficácia:
Energia pretendida QL QL 1
COP=β = → COP = = =
Energia gasta W Q H −Q L Q H /Q L −1
●
Deseja-se sempre ter o valor mais elevado possível para o COP, pois fisicamente ele representa
quanto calor é removido de um recinto para cada unidade de trabalho consumida pelo
compressor.
●
Coeficiente de eficácia para um ciclo de refrigeração de Carnot:
●
O calor trocado em um processo reversível é dado por:
q=∫ T ds
●
Assim, as áreas abaixo das curvas no diagrama T-s representam o
calor transferido. No diagrama ao lado, tem-se:
●
Área abaixo da curva 4-1 → Refrigeração útil.
●
Área abaixo da curva 2-3 → Calor rejeitado.
●
Área entre as curvas 2-3 e 4-1 → Trabalho líquido consumido. 5 / 18
Coeficiente de Eficácia
●
Assim, o coeficiente de eficácia do ciclo de refrigeração de Carnot fica:
4
QL
∫ T ds
1
COP c = = 2 4
Q H −Q L
∫ T ds −∫ T ds
3 1
T 1 (s 1−s 4) T 1 (s 1−s 4 )
COP c = =
T 2 (s 2−s 3 )−T 1 (s 1−s 4) (T 1−T 2)(s1 −s 4 )
T1
COP c =
T 2−T 1
● Logo, o COPc depende apenas das temperaturas dos reservatórios térmicos:
● Se T2 é reduzida, o COPc é aumentado.
● Se T1 é aumentada, o COPc é aumentado mais significativamente, pois o numerador
aumenta e o denominador diminui.
● Portanto, T1 possui um efeito mais significativo sobre o COPc que T2.
● Portanto, para obter um COPc alto, deve-se operar com T1 alta e/ou T2 baixa.
6 / 18
Limites de Temperatura
●
Limites de Temperatura:
● Pode-se pensar que não há limites para T1 e T2, e nesse caso bastaria igualá-los e assim obteríamos um
COP infinito.
● Para haver transferência de calor é preciso haver uma diferença de temperatura, e portanto T1 e T2
não podem ser iguais.
●
Logo, se um refrigerador mantém um ambiente a -20oC (253,15 K) e rejeita calor para a atmosfera a
30oC (303,15 K), para:
●
Rejeitar calor a 30oC no condensador, a temperatura do refrigerante dever ser maior que 30oC.
●
Receber calor a -20oC no evaporador, a temperatura do refrigerante deve ser menor que -20oC.
●
O ciclo resultante é mostrado na figura abaixo, que não é um ciclo de Carnot porque há transferências
de calor com diferenças finitas de temperatura, que são processos irreversíveis.
●
Em relação às temperaturas do refrigerante, o ideal é manter:
● T2 o mais baixa possível, porém superior a 303,15 K.
● T1 o mais alta possível, porém infeior a 253,15 K.
●
Qual o controle que se tem sobre a temperatura?
●
Deve-se manter ΔT o menor possível.
●
Isso pode ser conseguido aumentando A ou U na equação:
q=U.A. Δ T
7 / 18
Bomba de Calor operando um Ciclo de Carnot
●
Bomba de Calor operando um Ciclo de Carnot:
●
A bomba de calor utiliza os mesmos equipamentos de um ciclo de
refrigeração.
●
Entretanto, o objetivo agora é receber calor de um reservatório
térmico a baixa temperatura e rejeitar calor em um reservatório
térmico a alta temperatura.
●
Para isso, o refrigerador opera em ciclo reverso.
●
Os coeficientes de eficácia são obtidos de maneira similar ao
refrigerador:
●
Coeficiente de eficácia para um ciclo de uma bomba de calor qualquer:
Energia pretendida QH QH 1
COP '=β ' = → COP ' = = =
Energia gasta W Q H −Q L 1−Q L /Q H
●
Coeficiente de eficácia para um ciclo de uma bomba de calor de Carnot:
2
QH
∫ T ds T2
3
COP c ' = = 2 4
→ COP c '=
Q H −Q L T 2−T 1
∫ T ds−∫ T ds
3 1
●
A relação entre os coeficientes de eficácia de refrigerador e bomba de calor pode ser facilmente
obtida, e é dada por:
COP '−COP =1 e COP c ' −COP c =1 8 / 18
Vapor como Refrigerante
●
Vapor como Refrigerante:
●
Se fosse utilizado um gás como refrigerante, como o ar, o
ciclo teria o aspecto mostrado na figura ao lado, ao invés de
um retangulo, como no ciclo de Carnot.
●
Processos 1-2 e 3-4 são, respectivamente, a compressão e
expansão isentrópicas.
●
Processos 2-3 e 4-1 são, respectivamente, o resfriamento e o
aquecimento a pressão constante.
●
A diferença entre este ciclo e o de Carnot operando entre os mesmos níveis de temperatura é dada
pelas áreas x e y:
●
Área x → Aumenta o trabalho necessário, diminuindo o COP.
●
Área y → Além de aumetar o trabalho necessário, reduz a refrigeração.
●
Em vez de um gás, deve-se usar como refrigerante uma substância que opere entre os estados de
líquido e vapor:
●
Condensando durante a rejeição de calor.
●
Evaporando durante o recebimento de calor.
●
O ciclo de Carnot se encaixaria entre as linhas de vapor e líquido saturados para tal refrigerante,
nos quais os processos 2-3 e 4-1 ocorrem a temperatura constante:
●
2-3 → Condensação.
●
4-1 → Evaporação. 9 / 18
Compressão Úmida e Seca
●
Compressão Úmida:
●
O processo de compressão 1-2 na figura ao lado é
denominado compressão úmida, pois todo o processo se
dá na região de mistura.
●
Este processo não é recomendado em compressores
alternativos, pois:
●
O refrigerante pode ficar retido no cabeçote do cilindro pelo êmbolo em movimento
ascendente, danificando as válvulas e o próprio cabeçote.
●
O refrigerante pode lavar a superfície do cilindro, eliminando o óleo e acelerando o desgaste.
●
Compressão Seca:
●
Nesse caso o refrigerante entra no compressor no estado
de vapor saturado, o que é preferível, uma vez que a
compressão ocorre sem presença de líquido.
●
Agora o ponto 2 corresponde a um estado de vapor
superaquecido, com temperatura superior à de
condensação.
●
Resulta que o ciclo não é retangular como o de Carnot.
●
A área do ciclo na região de vapor superaquecido, acima da temperatura de condensação, é
chamada de extremidade superaquecida, e no diagrama T-s representa o trabalho adicional devido
à compressão seca. 10 / 18
Ciclo Padrão de Compressão a Vapor
●
Ciclo Padrão de Compressão a Vapor:
●
O ciclo padrão de compressão a vapor difere do ciclo de
Carnot devido à limitações de ordem técnica:
●
Deve-se comprimir vapor saturado para evitar
problemas no compressor.
●
A expansão é um processo isentálpico (e não
isentrópica), pois ocorre muito rápido e em uma área
muito pequena para que ocorra transferência de
calor.
●
A figura acima mostra o digrama T-s do ciclo padrão de compressão a vapor.
●
Os processos desse ciclo são:
●
1-2 → Compressão adiabática reversível (isentrópica), do estado de vapor saturado até a
pressão de condensação.
●
2-3 → Rejeição reversível de calor à pressão constante, inicialmente diminuindo a temperatura
do refrigerante e depois o condensando.
●
3-4 → Expansão irreversível à entalpia constante, do estado de líquido saturado até a pressão
de condensação.
●
4-1 → Recebimento de calor à pressão constante, evaporando o refrigerante até o estado de
vapor saturado.
11 / 18
Propriedades dos Refrigerantes
●
Propriedades dos Refrigerantes:
●
A entalpia e a pressão são algumas das propriedades
mais importantes na refrigeração.
●
Por esse motivo os diagramas p-h são muito utilizados
em refrigeração, como o mostrado ao lado.
●
Pode-se identificar algumas linhas nas quais algumas
propriedades são constantes:
●
Linhas isotérmicas (T = cte):
●
Horizontais na região de mistura.
●
Praticamente verticais nas regiões de líquido comprimido e de vapor superaquecido.
●
Linhas isocóricas (v = cte):
●
Se encontram na direção ascendente para a direita.
●
Linhas de v maiores correpsondem a pressões gradualmente menores.
●
Linhas isentrópicas (s = cte):
●
Se encontram na direção ascendente para a direita, com maior inclinação que as
isocóricas.
●
Uma compressão isentrópica apresenta um aumento de entalpia à medida que a pressão
cresce durante a compressão.
12 / 18
Propriedades dos Refrigerantes
●
As figuras abaixo mostram o diagrama p-h e a representação de um ciclo padrão de compressão a
vapor.
●
Identificam-se os processos:
●
1-2 → Compressão adiabática reversível (isentrópica), do estado de vapor saturado até a
pressão de condensação.
●
2-3 → Rejeição reversível de calor à pressão constante, inicialmente diminuindo a temperatura
do refrigerante e depois o condensando.
●
3-4 → Expansão irreversível à entalpia constante (isentálpica), do estado de líquido saturado
até a pressão de condensação.
●
4-1 → Recebimento de calor à pressão constante, evaporando o refrigerante até o estado de
vapor saturado.
13 / 18
Desempenho de um Ciclo Padrão de Compressão a Vapor
●
Desempenho de um Ciclo Padrão de Compressão a Vapor:
●
Alguns parâmetros importantes de um ciclo padrão de compressão a vapor são:
●
Trabalho de compressão (w).
● Taxa de rejeição de calor (qH).
● Efeito de refrigeração (qL).
●
Coeficiente de eficácia (COP).
●
Vazão em volume de refrigerante por kW de refrigeração.
●
Potência por kW de refrigeração.
●
Trabalho de compressão (w):
●
É dado pela variação de entalpia no processo 1-2 da figura anterior.
●
Aplicando a 1a lei da termodinâmica no compressor, considerando ΔEC = ΔEP = q = 0, tem-se:
w=h1 −h 2
● A diferença h1-h2 é negativa, o que indica que o trabalho é realizado sobre o sistema.
● Taxa de rejeição de calor (qH):
●
É o calor transferido do refrigerante no processo 2-3 da figura anterior.
●
Aplicando a 1a lei da termodinâmica no condensador, considerando ΔEC = ΔEP = 0, tem-se:
q H =h3 −h 2
● A diferença h3-h2 é negativa, o que indica que o calor é transferido do refrigerante.
●
Este valor é usado para dimensionar o condensador e determinar a vazão de refrigerante.14 / 18
Desempenho de um Ciclo Padrão de Compressão a Vapor
● Efeito de refrigeração (qL):
●
É o calor recebido pelo refrigerante no processo 4-1 da figura anterior.
●
Aplicando a 1a lei da termodinâmica no evaporador, considerando ΔEC = ΔEP = 0, tem-se:
q L =h1 −h 4
● A diferença h1-h4 é positiva, o que indica que o calor é transferido para o refrigerante.
●
Este valor é a carga térmica do recinto, e portanto representa o objetivo principal do sistema.
●
Coeficiente de eficácia (COP):
●
É dado pela razão entre o efeito de refrigeração e o trabalho de compressão:
qL
COP=
w
●
Vazão em volume de refrigerante por kW de refrigeração:
●
É referido ao estado representado pelo ponto 1, na entrada do compressor.
●
Quanto maior a vazão em volume, maior deve ser o deslocamento do compressor em m³.
●
Potência por kW de refrigeração:
●
É o inverso do coeficiente de eficácia.
●
Um sistema de refrigeração deve apresentar um baixo valor da potência por kW de
refrigeração, o que equivale a um alto coeficiente de eficácia.
●
Exemplo 10.1 (pg 221).
15 / 18
Trocadores de Calor
●
Trocadores de Calor:
●
Usados por alguns sistemas de refrigeração para resfriar o
refrigerante em estado de líquido saturado quente que sai do
condensador, que cede calor ao refrigerante em estado de vapor
saturado frio que sai do evaporador (vide figura ao lado).
●
Fazendo os balanços de energia:
●
Compressor: w=h 2−h1
●
Condensador: q H =h2 −h 3
●
Evaporador: q L =h 6−h5 ou q L =h1 −h 3
●
Trocador de calor: h 3+ h6 =h 4 + h1
●
Comparado ao ciclo padrão de compressão a vapor, o sistema com
trocador de calor:
●
É vantajoso porque aumenta o efeito de refrigeração.
●
O coeficiente de desempenho parecem melhorar, o que não é
necessariamente verdadeiro, pois embora o efeito de
refrigeração aumente, o trabalho de compressão também aumenta.
●
O volume específico do estado 1 é maior que o do estado 6, e assim a vazão mássica de
refrigerante proporcionada pelo compressor é menor se a aspiração é feita no estado 1.
●
Assim, os efeitos se cancelam, e portanto o trocador de calor não proporciona vantagens
significativas do ponto de vista termodinâmico. 16 / 18
Trocadores de Calor
●
O trocador de calor é interessante quando se deseja:
●
Superaquecer o vapor aspirado pelo compressor para garantir que líquido não entre no
compressor.
●
Sub-resfriar o líquido vindo do condensador com o objetivo de evitar a formação de bolhas de
vapor de refrigerante, que podem dificultar o escoamento pelo dispositivo de expansão.
●
A figura abaixo mostra um trocador de calor (sem a carcaça) entre o gás de aspiração e o líquido.
17 / 18
Ciclo Real de Compressão a Vapor
●
Ciclo Real de Compressão a Vapor:
●
Difere em relação ao ciclo padrão, devido às ineficiências dos processos envolvidos no ciclo.
●
A figura abaixo mostra uma superposição dos ciclos padrão (linha pontilhada) e real (linha contínua),
onde pode-se fazer algumas comparações:
●
No ciclo padrão admite-se a hipótese de que não ocorrem perdas de carga nos processos que o
compõem, enquanto no ciclo real ocorrem perdas de cargas devido ao atrito:
●
No condensador e no sub-resfriamento do líquido que deixa o condensador..
●
No evaporador e no superaquecimento do vapor de aspiração no compressor.
●
Isto resulta que o trabalho de compressão
do ciclo real é maior que no ciclo padrão.
●
A compressão no ciclo padrão é isentrópica,
enquanto no ciclo real não é devido ao atrito
e outras perdas que ocorrem no compressor.
18 / 18