EER0131 - Capítulo 10

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Universidade Federal da Integração Latino-Americana

Instituto latino-Americano de Tecnologia, Infraestrutura e Território

Disciplina: EER0131 – Ventilação, Refrigeração e Condicionamento de Ar

Capítulo 10 – Ciclo de Compressão a Vapor

Prof. Fabyo Luiz Pereira


[email protected]

Foz do Iguaçu - PR 1 / 18
Ciclo de Carnot

Ciclo de Carnot:

Ciclo de Carnot é o ciclo que apresenta a maior eficiência possível para um sistema térmico operando
entre dois reservatórios térmicos.

Reservatório térmico é um corpo que nunca apresenta variação de temperatura, mesmo estando
sujeito a transferências de calor, e portanto sempre permanece a uma temperatura constante.

Por ser constituído de uma série de processos reversíveis, o ciclo de Carnot é um ciclo reversível.

É um ciclo ideal, sendo portanto o mais eficiente possível.

Um ciclo de Carnot apresenta sempre os seguintes processos:

Dois processos adiabáticos reversíveis (isentrópicos).

Dois processos isotérmicos reversíveis.

Temos interesse em dois sistemas térmicos que operam segundo um ciclo de Carnot:

Motor térmico.

Refrigerador.

Ao inverter um motor térmico de Carnot, obtém-se um refrigerador de Carnot.

Ao inverter um refrigerador de Carnot, obtém-se um motor térmico de Carnot.

Razões para estudar o ciclo de Carnot:

É usado como referência.

Pode ser usado na estimativa das temperaturas que produzem eficiências máximas.

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Motor Térmico operando um Ciclo de Carnot

Motor Térmico operando um Ciclo de Carnot:
● Opera segundo um ciclo, realizando Wlíq positivo e trocando Qlíq positivo.
● Recebe calor de um reservatório térmico a alta temperatura (QH).

Transforma parte desse calor em trabalho (W).
● Rejeita calor para um reservatório térmico a baixa temperatura (QL).


Processos que ocorrem no ciclo:

1-2 → Compressão adiabática reversível (isentrópica).

2-3 → Recebimento de calor isotérmico reversível

3-4 → Expansão adiabática reversível (isentrópica) → Objetivo do ciclo.

4-1 → Rejeição de calor isotérmica reversível. 3 / 18
Refrigerador operando um Ciclo de Carnot

Refrigerador operando um Ciclo de Carnot:

Opera segundo um ciclo no sentido inverso de um motor térmico de Carnot.
● Recebe calor de um reservatório térmico a baixa temperatura (QL).
● Rejeita calor para um reservatório térmico a alta temperatura (QH).

Recebe trabalho de uma fonte externa para realizar essa transferência de calor (W).


Processos que ocorrem no ciclo:

1-2 → Compressão adiabática reversível (isentrópica).

2-3 → Rejeição de calor isotérmica reversível.

3-4 → Expansão adiabática reversível (isentrópica).

4-1 → Recebimento de calor isotérmico reversível → Objetivo do ciclo.
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Coeficiente de Eficácia

Coeficiente de Eficácia:

O índice de desempenho de um refrigerador não é denominado eficiência porque este termo designa
a razão entre o que entra e o que sai.


Coeficiente de eficácia para um ciclo de refrigeração qualquer:

O desempenho em um ciclo de refrigeração qualquer é dado pelo coeficiente de eficácia:
Energia pretendida QL QL 1
COP=β = → COP = = =
Energia gasta W Q H −Q L Q H /Q L −1

Deseja-se sempre ter o valor mais elevado possível para o COP, pois fisicamente ele representa
quanto calor é removido de um recinto para cada unidade de trabalho consumida pelo
compressor.


Coeficiente de eficácia para um ciclo de refrigeração de Carnot:

O calor trocado em um processo reversível é dado por:
q=∫ T ds

Assim, as áreas abaixo das curvas no diagrama T-s representam o
calor transferido. No diagrama ao lado, tem-se:

Área abaixo da curva 4-1 → Refrigeração útil.

Área abaixo da curva 2-3 → Calor rejeitado.

Área entre as curvas 2-3 e 4-1 → Trabalho líquido consumido. 5 / 18
Coeficiente de Eficácia


Assim, o coeficiente de eficácia do ciclo de refrigeração de Carnot fica:
4

QL
∫ T ds
1
COP c = = 2 4
Q H −Q L
∫ T ds −∫ T ds
3 1

T 1 (s 1−s 4) T 1 (s 1−s 4 )
COP c = =
T 2 (s 2−s 3 )−T 1 (s 1−s 4) (T 1−T 2)(s1 −s 4 )
T1
COP c =
T 2−T 1
● Logo, o COPc depende apenas das temperaturas dos reservatórios térmicos:
● Se T2 é reduzida, o COPc é aumentado.
● Se T1 é aumentada, o COPc é aumentado mais significativamente, pois o numerador
aumenta e o denominador diminui.
● Portanto, T1 possui um efeito mais significativo sobre o COPc que T2.
● Portanto, para obter um COPc alto, deve-se operar com T1 alta e/ou T2 baixa.

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Limites de Temperatura

Limites de Temperatura:
● Pode-se pensar que não há limites para T1 e T2, e nesse caso bastaria igualá-los e assim obteríamos um
COP infinito.
● Para haver transferência de calor é preciso haver uma diferença de temperatura, e portanto T1 e T2
não podem ser iguais.

Logo, se um refrigerador mantém um ambiente a -20oC (253,15 K) e rejeita calor para a atmosfera a
30oC (303,15 K), para:

Rejeitar calor a 30oC no condensador, a temperatura do refrigerante dever ser maior que 30oC.

Receber calor a -20oC no evaporador, a temperatura do refrigerante deve ser menor que -20oC.

O ciclo resultante é mostrado na figura abaixo, que não é um ciclo de Carnot porque há transferências
de calor com diferenças finitas de temperatura, que são processos irreversíveis.

Em relação às temperaturas do refrigerante, o ideal é manter:
● T2 o mais baixa possível, porém superior a 303,15 K.
● T1 o mais alta possível, porém infeior a 253,15 K.

Qual o controle que se tem sobre a temperatura?

Deve-se manter ΔT o menor possível.

Isso pode ser conseguido aumentando A ou U na equação:
q=U.A. Δ T
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Bomba de Calor operando um Ciclo de Carnot

Bomba de Calor operando um Ciclo de Carnot:

A bomba de calor utiliza os mesmos equipamentos de um ciclo de
refrigeração.

Entretanto, o objetivo agora é receber calor de um reservatório
térmico a baixa temperatura e rejeitar calor em um reservatório
térmico a alta temperatura.

Para isso, o refrigerador opera em ciclo reverso.

Os coeficientes de eficácia são obtidos de maneira similar ao
refrigerador:

Coeficiente de eficácia para um ciclo de uma bomba de calor qualquer:
Energia pretendida QH QH 1
COP '=β ' = → COP ' = = =
Energia gasta W Q H −Q L 1−Q L /Q H

Coeficiente de eficácia para um ciclo de uma bomba de calor de Carnot:
2

QH
∫ T ds T2
3
COP c ' = = 2 4
→ COP c '=
Q H −Q L T 2−T 1
∫ T ds−∫ T ds
3 1

A relação entre os coeficientes de eficácia de refrigerador e bomba de calor pode ser facilmente
obtida, e é dada por:
COP '−COP =1 e COP c ' −COP c =1 8 / 18
Vapor como Refrigerante

Vapor como Refrigerante:

Se fosse utilizado um gás como refrigerante, como o ar, o
ciclo teria o aspecto mostrado na figura ao lado, ao invés de
um retangulo, como no ciclo de Carnot.

Processos 1-2 e 3-4 são, respectivamente, a compressão e
expansão isentrópicas.

Processos 2-3 e 4-1 são, respectivamente, o resfriamento e o
aquecimento a pressão constante.

A diferença entre este ciclo e o de Carnot operando entre os mesmos níveis de temperatura é dada
pelas áreas x e y:

Área x → Aumenta o trabalho necessário, diminuindo o COP.

Área y → Além de aumetar o trabalho necessário, reduz a refrigeração.

Em vez de um gás, deve-se usar como refrigerante uma substância que opere entre os estados de
líquido e vapor:

Condensando durante a rejeição de calor.

Evaporando durante o recebimento de calor.

O ciclo de Carnot se encaixaria entre as linhas de vapor e líquido saturados para tal refrigerante,
nos quais os processos 2-3 e 4-1 ocorrem a temperatura constante:

2-3 → Condensação.

4-1 → Evaporação. 9 / 18
Compressão Úmida e Seca

Compressão Úmida:

O processo de compressão 1-2 na figura ao lado é
denominado compressão úmida, pois todo o processo se
dá na região de mistura.

Este processo não é recomendado em compressores
alternativos, pois:

O refrigerante pode ficar retido no cabeçote do cilindro pelo êmbolo em movimento
ascendente, danificando as válvulas e o próprio cabeçote.

O refrigerante pode lavar a superfície do cilindro, eliminando o óleo e acelerando o desgaste.

Compressão Seca:

Nesse caso o refrigerante entra no compressor no estado
de vapor saturado, o que é preferível, uma vez que a
compressão ocorre sem presença de líquido.

Agora o ponto 2 corresponde a um estado de vapor
superaquecido, com temperatura superior à de
condensação.

Resulta que o ciclo não é retangular como o de Carnot.

A área do ciclo na região de vapor superaquecido, acima da temperatura de condensação, é
chamada de extremidade superaquecida, e no diagrama T-s representa o trabalho adicional devido
à compressão seca. 10 / 18
Ciclo Padrão de Compressão a Vapor

Ciclo Padrão de Compressão a Vapor:

O ciclo padrão de compressão a vapor difere do ciclo de
Carnot devido à limitações de ordem técnica:

Deve-se comprimir vapor saturado para evitar
problemas no compressor.

A expansão é um processo isentálpico (e não
isentrópica), pois ocorre muito rápido e em uma área
muito pequena para que ocorra transferência de
calor.

A figura acima mostra o digrama T-s do ciclo padrão de compressão a vapor.

Os processos desse ciclo são:

1-2 → Compressão adiabática reversível (isentrópica), do estado de vapor saturado até a
pressão de condensação.

2-3 → Rejeição reversível de calor à pressão constante, inicialmente diminuindo a temperatura
do refrigerante e depois o condensando.

3-4 → Expansão irreversível à entalpia constante, do estado de líquido saturado até a pressão
de condensação.

4-1 → Recebimento de calor à pressão constante, evaporando o refrigerante até o estado de
vapor saturado.
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Propriedades dos Refrigerantes


Propriedades dos Refrigerantes:

A entalpia e a pressão são algumas das propriedades
mais importantes na refrigeração.

Por esse motivo os diagramas p-h são muito utilizados
em refrigeração, como o mostrado ao lado.

Pode-se identificar algumas linhas nas quais algumas
propriedades são constantes:

Linhas isotérmicas (T = cte):

Horizontais na região de mistura.

Praticamente verticais nas regiões de líquido comprimido e de vapor superaquecido.

Linhas isocóricas (v = cte):

Se encontram na direção ascendente para a direita.

Linhas de v maiores correpsondem a pressões gradualmente menores.

Linhas isentrópicas (s = cte):

Se encontram na direção ascendente para a direita, com maior inclinação que as
isocóricas.

Uma compressão isentrópica apresenta um aumento de entalpia à medida que a pressão
cresce durante a compressão.
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Propriedades dos Refrigerantes

As figuras abaixo mostram o diagrama p-h e a representação de um ciclo padrão de compressão a
vapor.

Identificam-se os processos:

1-2 → Compressão adiabática reversível (isentrópica), do estado de vapor saturado até a
pressão de condensação.

2-3 → Rejeição reversível de calor à pressão constante, inicialmente diminuindo a temperatura
do refrigerante e depois o condensando.

3-4 → Expansão irreversível à entalpia constante (isentálpica), do estado de líquido saturado
até a pressão de condensação.

4-1 → Recebimento de calor à pressão constante, evaporando o refrigerante até o estado de
vapor saturado.

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Desempenho de um Ciclo Padrão de Compressão a Vapor

Desempenho de um Ciclo Padrão de Compressão a Vapor:

Alguns parâmetros importantes de um ciclo padrão de compressão a vapor são:

Trabalho de compressão (w).
● Taxa de rejeição de calor (qH).
● Efeito de refrigeração (qL).

Coeficiente de eficácia (COP).

Vazão em volume de refrigerante por kW de refrigeração.

Potência por kW de refrigeração.

Trabalho de compressão (w):

É dado pela variação de entalpia no processo 1-2 da figura anterior.

Aplicando a 1a lei da termodinâmica no compressor, considerando ΔEC = ΔEP = q = 0, tem-se:
w=h1 −h 2
● A diferença h1-h2 é negativa, o que indica que o trabalho é realizado sobre o sistema.
● Taxa de rejeição de calor (qH):

É o calor transferido do refrigerante no processo 2-3 da figura anterior.

Aplicando a 1a lei da termodinâmica no condensador, considerando ΔEC = ΔEP = 0, tem-se:
q H =h3 −h 2
● A diferença h3-h2 é negativa, o que indica que o calor é transferido do refrigerante.

Este valor é usado para dimensionar o condensador e determinar a vazão de refrigerante.14 / 18
Desempenho de um Ciclo Padrão de Compressão a Vapor
● Efeito de refrigeração (qL):

É o calor recebido pelo refrigerante no processo 4-1 da figura anterior.

Aplicando a 1a lei da termodinâmica no evaporador, considerando ΔEC = ΔEP = 0, tem-se:
q L =h1 −h 4
● A diferença h1-h4 é positiva, o que indica que o calor é transferido para o refrigerante.

Este valor é a carga térmica do recinto, e portanto representa o objetivo principal do sistema.

Coeficiente de eficácia (COP):

É dado pela razão entre o efeito de refrigeração e o trabalho de compressão:
qL
COP=
w

Vazão em volume de refrigerante por kW de refrigeração:

É referido ao estado representado pelo ponto 1, na entrada do compressor.

Quanto maior a vazão em volume, maior deve ser o deslocamento do compressor em m³.

Potência por kW de refrigeração:

É o inverso do coeficiente de eficácia.

Um sistema de refrigeração deve apresentar um baixo valor da potência por kW de
refrigeração, o que equivale a um alto coeficiente de eficácia.


Exemplo 10.1 (pg 221).
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Trocadores de Calor

Trocadores de Calor:

Usados por alguns sistemas de refrigeração para resfriar o
refrigerante em estado de líquido saturado quente que sai do
condensador, que cede calor ao refrigerante em estado de vapor
saturado frio que sai do evaporador (vide figura ao lado).

Fazendo os balanços de energia:

Compressor: w=h 2−h1

Condensador: q H =h2 −h 3

Evaporador: q L =h 6−h5 ou q L =h1 −h 3

Trocador de calor: h 3+ h6 =h 4 + h1

Comparado ao ciclo padrão de compressão a vapor, o sistema com
trocador de calor:

É vantajoso porque aumenta o efeito de refrigeração.

O coeficiente de desempenho parecem melhorar, o que não é
necessariamente verdadeiro, pois embora o efeito de
refrigeração aumente, o trabalho de compressão também aumenta.

O volume específico do estado 1 é maior que o do estado 6, e assim a vazão mássica de
refrigerante proporcionada pelo compressor é menor se a aspiração é feita no estado 1.

Assim, os efeitos se cancelam, e portanto o trocador de calor não proporciona vantagens
significativas do ponto de vista termodinâmico. 16 / 18
Trocadores de Calor


O trocador de calor é interessante quando se deseja:

Superaquecer o vapor aspirado pelo compressor para garantir que líquido não entre no
compressor.

Sub-resfriar o líquido vindo do condensador com o objetivo de evitar a formação de bolhas de
vapor de refrigerante, que podem dificultar o escoamento pelo dispositivo de expansão.

A figura abaixo mostra um trocador de calor (sem a carcaça) entre o gás de aspiração e o líquido.

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Ciclo Real de Compressão a Vapor

Ciclo Real de Compressão a Vapor:

Difere em relação ao ciclo padrão, devido às ineficiências dos processos envolvidos no ciclo.

A figura abaixo mostra uma superposição dos ciclos padrão (linha pontilhada) e real (linha contínua),
onde pode-se fazer algumas comparações:

No ciclo padrão admite-se a hipótese de que não ocorrem perdas de carga nos processos que o
compõem, enquanto no ciclo real ocorrem perdas de cargas devido ao atrito:

No condensador e no sub-resfriamento do líquido que deixa o condensador..

No evaporador e no superaquecimento do vapor de aspiração no compressor.

Isto resulta que o trabalho de compressão
do ciclo real é maior que no ciclo padrão.

A compressão no ciclo padrão é isentrópica,
enquanto no ciclo real não é devido ao atrito
e outras perdas que ocorrem no compressor.

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