Sistemas de Refrigeracao e de Bombas de Calor

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CAPÍTULO 10 – SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E DE

BOMBAS DE CALOR

DISCIPLINA: TERMODINÂMICA II

PROF. DR. SANTIAGO DEL RIO OLIVEIRA


• Sistemas de refrigeração para a conservação de alimentos e de
condicionamento de ar são de grande importância na vida diária.

• Bombas de calor são utilizadas no aquecimento doméstico e produção de calor


em processos industriais.

• Para conseguir refrigeração é necessária uma entrada de energia elétrica.

• A eletricidade é obtida principalmente de fontes não-renováveis, como carvão,


gás natural e energia nuclear.

• Dessa forma, sistemas de refrigeração e bombas de calor devem ser projetados


e utilizados de maneira eficiente para uma política sustentável de utilização de
recursos naturais.

• O objetivo desse capítulo é descrever alguns tipos comuns de sistemas de


refrigeração e de bombas de calor e ilustrar como esses sistemas podem ser
modelados termodinamicamente.
10.1 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO A VAPOR

• O objetivo de um sistema de refrigeração é manter uma região fria a uma


temperatura inferior a sua vizinhança.

10.1.1 Ciclo de refrigeração de Carnot

• Opera entre uma região à TC e outra região à TH .

• O ciclo é realizado pela circulação contínua do refrigerante em uma série de


componentes.

• Todos os processos são reversíveis.

• As transferências de calor entre o refrigerante e cada região ocorrem sem uma


diferença de temperaturas.
• PROCESSO 4-1: uma mistura bifásica tem seu título aumentado à medida que
recebe calor da região à temperatura TC . T e p permanecem constantes.

• PROCESSO 1-2: a mistura bifásica é comprimida adiabaticamente até o estado


de valor saturado à temperatura TH . T e p aumentam.

• PROCESSO 2-3: o vapor saturado torna-se líquido saturado à medida que


rejeita calor para a região à temperatura TH . T e p permanecem constantes.

• PROCESSO 3-4: o líquido saturado é expandido adiabaticamente até um


estado de mistura bifásica à temperatura TC . T e p diminuem.

• ÁREA 1-a-b-4-1: calor adicionado ao refrigerante através da região fria por


unidade de massa do refrigerante.

• ÁREA 2-a-b-3-2: calor rejeitado pelo refrigerante para a região quente por
unidade de massa do refrigerante.
• ÁREA 1-2-3-4-1: transferência de calor líquida do refrigerante, que é igual ao
trabalho líquido realizado sobre o refrigerante.

• O trabalho líquido é a diferença entre o trabalho de acionamento do


compressor e o trabalho desenvolvido pela turbina.

• COEFICIENTE DE DESEMPENHO ( β ):

Efeito de refrigeração Q& ent m& área 1 - a - b - 4 - 1


β máx = = =
Trabalho líquido para atingir tal efeito W& c m − W&t m& área 1 - 2 - 3 - 4 - 1

TC (sa − sb ) TC
β max = = (TC e TH devem estar em K)
(TH − TC )(sa − sb ) TH − TC

• Essa equação representa o maior coeficiente de desempenho teórico de


qualquer ciclo de refrigeração que opere entre as regiões a TC e TH .
10.1.2 Desvios do ciclo de Carnot

• Sistemas de refrigeração reais desviam-se do ciclo de Carnot e tem β < β max .

• PRIMEIRO DESVIO: as trocas de calor entre o fluido refrigerante no


evaporador e a região fria e entre o fluido refrigerante no condensador e a
região quente devem ocorrer com ∆T finito.

Refrigerante no evaporador a TC'

Refrigerante no condensador a TH'

área 1'-a - b - 4'-1 TC'


β '= = '
área 1'-2'-3'-4'-1' TH − TC'

β ' < β max


• SEGUNDO DESVIO: na entrada do compressor tem-se uma mistura líquido-
vapor (compressão molhada) que deve ser evitada para que o líquido não
danifique o compressor (compressão seca).

• TERCEIRO DESVIO: o proceso 3’-4’ pode ser feito por uma válvula de
expansão ao invés de uma turbina (redução de custos iniciais, manutenção e
não necessidade de produção de trabalho).

• O ciclo resultante é o chamado ciclo de refrigeração por compressão de vapor.

10.2 ANÁLISE DOS SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO POR


COMPRESSÃO DE VAPOR

• Os sistemas de refrigeração por compressão de vapor são os sistemas de


refrigeração mais comuns em uso atualmente.

• O objetivo desse tópico é modelar esses sistemas termodinamicamente.


10.2.1 Avaliando do trabalho e das transferências de calor principais

• As hipóteses de solução são: volumes de controle operando em regime


permanente com variações de energia cinética e potencial desprezíveis.
• É interessante notas que ao contrário dos sistemas de potência a vapor, nos
ciclos de refrigeração a vapor, a evaporação do refrigerante ocorre em pressão
e temperaturas mais baixas e a condensação do refrigerante ocorre em pressão
e temperaturas mais altas.

• PROCESSO 4-1: transferência de calor do espaço refrigerado para a mistura


bifásica de refrigerante que escoa no evaporador a pressão constante até que o
refrigerante se torne vapor saturado ( p e T são os mesmos, x aumenta).

Q& entra
= h1 − h4 ( Q& ent é chamado de capacidade frigorífica ou de refrigeração)
m&

• No sistema inglês, a unidade de Q& ent é o Btu/h. Outra unidade utilizada é a


tolelada de refrigeração (TR), que é igual a 200 Btu/min ou 211 kJ/min.
• PROCESSO 1-2: compressão do refrigerante desde a pressão do evaporador
(vapor saturado) até a pressão do condensador (vapor superaquecido) ( p e T
aumentam). Considerando o compressor adiabático tem-se:

W& c
= h2 − h1 (W& c m& é o trabalho de compressão por unidade de massa)
m

• PROCESSO 2-3: transferência de calor do refrigerante na forma de vapor


superaquecido que escoa no condensador a pressão constante para a vizinhança
mais fria até que o refrigerante se torne líquido saturado ( p é a mesma, T
diminui).
Q& sai
= h2 − h3
m&

• PROCESSO 3-4: o refrigerante se expande da pressão do condensador (líquido


saturado) até a pressão do evaporador (mistura bifásica) ( p ,T diminuem, x
aumenta) em uma válvula de expansão (processo de estrangulamento
adiabático irreversível). A entropia específica aumenta e o processo é
isoentálpico:
h3 = h4

Q& entra m& h1 − h4


• Coeficiente de desempenho: β = =
W& c m& h2 − h1

10.2.2 Desempenho de sistemas de compressão de vapor ideais

• Todos os processos descritos anteriormente são reversíveis, com exceção do


processo de estrangulamento. Apesar disso, o ciclo é conhecido como ciclo
ideal de compressão de vapor.

• Num ciclo menos idealizado, deve-se levar em consideração a transferência de


calor para as vizinhanças, a queda de pressão no evaporador e no condensador
e o processo de compressão não-isoentrópica.
10.2.3 Desempenho dos sistemas reais de compressão de vapor

• Em sistemas reais, existe um ∆T finito entre a região fria e o refrigerante que


escoa no evaporador (TC > Trefrigerante, evaporador ) e também entre a região
quente e o refrigerante que escoa no condensador (Trefrigerante, condensador ) > TH .
• Além disso, pode-se levar em consideração as irreversibilidades do compressor
através de sua eficiência isoentrópica:

(W&c m& )s h2 s − h1
ηc = =
(W&c m& ) h2 − h1

• Outra característica de ciclos de compressão reais é o vapor superaquecido na


saída do evaporador e o líquido comprimido na saída do condensador.

• Outras fontes de irreversibilidades que serão desprezadas são é a queda de


pressão ao longo do evaporador, condensador e tubulações de conexão.

• Todas as irreversibilidades citadas anteriormente fazem com que β diminua.

10.2.4 O diagrama pressão-entalpia

• Diagrama amplamente utilizado no campo da refrigeração.


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE UM DIAGRAMA PRESSÃO-
ENTALPIA PARA UM REFRIGERANTE TÍPICO.
10.3 OUTRAS APLICAÇÕES DOS SISTEMAS DE COMPRESSÃO DE
VAPOR

10.4.1 Ciclos em cascata


• É composto de um ciclo de baixa
temperatura A e um ciclo de alta
temperatura B.
• Os refrigerantes podem ser
diferentes e com vazões distintas.
• O calor rejeitado pelo refrigerante
no condensador em A é utilizado
para evaporar o refrigerante no
evaporador em B.
• Os fluidos podem ser selecionados
para otimizar o sistema.
Q& entra
• β=
W& cA + W& cB
10.4.2 Compressão multiestágio com inter-resfriamento

• O inter-resfriamento diminui
o trabalho de compressão
total, aumentando β .
• No trocador de calor de
contato direto ocorre a
mistura de vapor
superaquecido a alta
temperatura com vapor
saturado a baixa temperatura.
• Na câmara de seperação
ocorre a separação da mistura
bifásica em duas correntes:
líquido saturado e vapor
saturado.
W& c1− 2 + W& c3− 4 < W& c1− 2− a
10.5 SISTEMAS DE BOMBA DE CALOR

• O objetivo de uma bomba de calor é manter a temperatura no interior de uma


residência ou qualquer outra edificação acima da temperatura da vizinhança.

• Outro objetivo pode ser promover uma transferência de calor para certos
processos industriais que acontecem a temperaturas elevadas.

• Os sistemas de bomba de calor apresentam muitas características em comum


com os sistemas de refrigeração apresentados até o momento.

• Bombas de calor por compressão de vapor são bem adequadas para aplicações
de aquecimento de interiores.

• De maneira instrutiva será considerada inicialmente um ciclo de uma bomba de


calor de Carnot.
10.5.1 Ciclo de bomba de calor de Carnot
• Ao contrário de um ciclo de refrigeração (objetivo é Q& entra ), em uma bomba de
calor o objetivo é fornecer Q& sai para a região quente, que é o espaço a ser
aquecido.

• Um balanço de energia em regime permanente para todo o ciclo fornece que:

Q& entra + W& ciclo = Q& sai

• O coeficiente de desempenho de qualquer bomba de calor é definido como a


razão entre o efeito de aquecimento e a potência de acionamento líquida para
se alcançar esse efeito:

Q& sai m& área 2 - a - b - 3 - 2 TH (s a − sb ) TH


γ max = = = =
W& c m& − W&t m& área 1 - 2 - 3 - 4 - 1 (TH − TC )(s a − sb ) TH − TC

• Essa expressão representa o coeficiente de desempenho teórico máximo para


qualquer bomba de calor operando entre as regiões a temperatura TC e TH .
10.5.2 Bombas de calor por compressão de vapor

• Bombas de calor reais desviam-se da bomba de calor de Carnot. As discussões


anteriores a respeito das irreversibilidades do ciclo de compressão de vapor
continuam válidas.

• A análise termodinâmica parte do mesmo princípio e o ciclo de bomba de calor


por compressão de vapor possui os mesmos componentes básicos.
Q& sai m& h2 − h3
• Coeficiente de desempenho: γ = =
&
Wc m& h2 − h1

• Fontes de calor para o evaporador: ar ambiente (mais comum), solo, água de


lagos, rios ou poços. Bombas de calor com ar como fonte podem ser utilizadas
para promover resfriamento no verão com o uso de uma válvula de reversão.

No inverno (bomba de calor), o


evaporador é externo e o condensador é
interno.

No verão (condicionador de ar), o


evaporador é interno e o condensador é
externo.

A válvula de reversão promove tanto o


aquecimento quanto o resfriamento (uso
dual)
10.6 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO A GÁS

10.6.1 Ciclo de refrigeração Brayton

• O fluido de
refrigeração é
sempre um gás.

• É o reverso do ciclo
de potência
Brayton.

• Uma aplicação
importante é o
resfriamento de
cabinas
aeronáuticas.
• O ciclo 1-2s-3-4s é o ciclo ideal e o ciclo 1-2-3-4 leva em consideração as
irreversibilidades no compressor e na turbina.

• Em regime permanente, com variações de energia cinética e potencial


desprezíveis e considerando equipamentos adiabáticos, a aplicação dos
balanços de massa e energia em cada volume de controle acima fornece:

W& c W&t Q& entra


= h2 − h1 = h3 − h4 = h1 − h4
m& m& m&

Q& entra m& (h1 − h4 )


β= =
W& c m& − W&t m& (h2 − h1 ) − (h3 − h4 )

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