Apostila - Eletricidade I
Apostila - Eletricidade I
Apostila - Eletricidade I
CÂMPUS PELOTAS
CURSO DE ELETROTÉCNICA
i
2.14. Resistores ...................................................................................................... 34
2.15. Exercícios ...................................................................................................... 39
ii
Capítulo 1
1.
ELETROSTÁTICA
1.1. Introdução
Toda a matéria é composta por átomos, que são os elementos básicos encontrados
na natureza. Existem mais de cem diferentes tipos de átomos. A substância formada por
um único tipo de átomo é chamada elemento. Então, existem tantos elementos quantos
são os átomos. O ouro, a prata, o tungstênio, o cobre e o alumínio são exemplos de
elementos.
No mundo existem milhares e milhares de diferentes materiais e muitos deles são
compostos por mais de um elemento. Quando diferentes tipos de átomos se combinam
1
quimicamente, eles formam os materiais chamados compostos. O vidro, o giz, a pedra e
a madeira são constituídos de átomos, independente de suas características físicas. A
pedra é diferente da madeira devido aos tipos de átomos que a compõem. Outro
exemplo de um material composto é a água (H2O). Muitos dos componentes utilizados
em circuitos eletrônicos são compostos.
Os átomos, por sua vez, são constituídos por partículas menores. As três principais
partículas que formam os átomos são: o elétron, o próton e o nêutron. O centro do
átomo é chamado núcleo, o qual contém os prótons e os nêutrons. A parte periférica do
átomo é chamada de eletrosfera, a qual contém os elétrons que giram em nuvens
elípticas ao redor do núcleo. O elétron possui um volume maior (aproximadamente 2000
vezes) que o volume do próton ou o do nêutron. No entanto, ele é muito mais leve que o
próton ou o nêutron (em torno de 2000 vezes mais leve). Deste modo, o núcleo do átomo
contém o maior peso, enquanto os elétrons compõem o maior volume. A Figura 1.1
representa o átomo de hélio em uma forma bidimensional. Trata-se de um átomo
simples com núcleo composto de dois prótons e dois nêutrons. Os dois únicos elétrons
orbitam em torno do núcleo.
e e
P P
N N
Órbita dos
elétrons
Eletricidade I 2
e
e
e
e e
13 P
e e
14 N
e e
e e
e
e
As primeiras explicações de que, quando são esfregados uns contra os outros, certos
corpos adquirem a propriedade de atrair pequenos objetos foram dadas pelo filósofo e
matemático grego Thales de Mileto. Atualmente sabe-se que, quando duas substâncias
diferentes são atritadas e depois separadas (por exemplo, vidro e lã), elas passam a
apresentar propriedades físicas importantes. Várias teorias foram propostas para
explicar os fenômenos de atração e repulsão entre os corpos. Há muito é aceita a ideia
que estes corpos, quando atritados, adquirem uma propriedade caracterizada por uma
grandeza denominada carga elétrica, simbolizada por Q, tendo os fenômenos sido
denominados fenômenos elétricos.
Os elétrons e prótons possuem cargas elétricas. Convencionou-se que o elétron
possui uma carga elétrica negativa (-), enquanto o próton possui uma carga elétrica
positiva (+). Duas cargas positivas ou duas cargas negativas se repelem, ao passo que
duas cargas elétricas de sinais opostos se atraem. Estas interações são representadas na
Figura 1.3. A força de atração entre o próton (positivo) e o elétron (negativo) ajuda a
manter a órbita do elétron em torno do núcleo. O nêutron, localizado no núcleo do
átomo, não possui carga elétrica e por isso ele pode ser ignorado quando se considera a
carga elétrica do átomo.
Deste fato, pode-se concluir que “Cargas elétricas de mesmo sinal se repelem e de
sinais contrários se atraem”.
Eletrostática 3
+ +
repulsão
- -
+ atração -
Um átomo em equilíbrio tem uma carga elétrica igual a zero, ou seja, sempre
possui um número de elétrons igual ao número de prótons. Se diz que um átomo é
eletricamente neutro mesmo que individualmente os prótons e os elétrons estejam
eletricamente carregados.
Portando, uma substância estará eletrizada quando as suas quantidades de prótons
e de elétrons forem diferentes, ou seja, quando se altera o equilíbrio entre prótons e
elétrons é que a substância apresenta propriedades elétricas.
Eletricidade I 4
1.4.1. Eletrização por Atrito
Quando dois corpos são atritados pode ocorrer a passagem de elétrons de um corpo
para outro. Nesse caso diz-se que houve uma eletrização por atrito. O calor, gerado pelo
atrito, é a forma de energia responsável pelo deslocamento dos elétrons.
Na eletrização por atrito, inicialmente tem-se dois corpos neutros e, após o atrito,
os dois corpos ficam carregados com cargas iguais, porém de sinais contrários. As
Figuras 1.4 apresentam a sequência da eletrização por atrito.
Convenientemente foi elaborada uma lista em dada ordem que um material ao ser
atritado com o sucessor da lista fica eletrizado positivamente. Esta lista é chamada série
triboelétrica e está apresentada na Tabela 1.1.
A série triboelérica deve ser interpretada pelas duas regras a seguir.
1) Qualquer material atritado com qualquer outro que o precede, fica eletrizado
negativamente e, quando atritado com qualquer outro que o segue, fica eletrizado
positivamente.
2) Quanto mais afastados estiverem na lista, maior será a eficiência na eletrização.
Eletrostática 5
Na eletrização por contato, após o contato do corpo eletrizado com o corpo neutro,
os corpos ficam eletrizados com cargas de mesmo sinal.
Elétrons são
Nº de Prótons Nº de Prótons atraídos do Corpo Nº de Prótons Nº de Prótons
> = > >
Nº de Elétrons Nº de Elétrons B para o Corpo A Nº de Elétrons Nº de Elétrons
devido à carga
Corpo A Corpo B Corpo A Corpo B
Carga Positiva Neutro
positiva de A Carga Positiva Carga Positiva
Eletricidade I 6
1.4.3. Eletrização por Indução
- +
Nº de Prótons Nº de Prótons Nº de Prótons - Nº de Prótons +
> = > - = +
Nº de Elétrons Nº de Elétrons Nº de Elétrons - Nº de Elétrons +
- +
(a) (b)
Ligação com a terra na presença do indutor Indutor afastado e contato com a Terra desfeito
- +
Nº de Prótons - Nº de Prótons + Nº de Prótons
> - = + <
Nº de Elétrons - Nº de Elétrons + Nº de Elétrons
- + -
-
-
Corpo A Corpo B Corpo B
Carga Positiva Neutro Carga Negativa
Indutor Induzido Induzido
(c) (d)
Eletrostática 7
1.5. Elétrons de Valência
Os elétrons de valência são os elétrons que estão na última camada do átomo. Eles
estão envolvidos em reações químicas e correntes elétricas.
Quanto mais próximas entre si estiverem duas partículas de cargas elétricas
opostas, maior será a força de atração entre elas. À medida que o elétron e o próton do
núcleo se distanciam, a atração entre eles decresce. Portanto, os elétrons de valência
sofrem menor atração do núcleo do que os elétrons localizados nas camadas mais
internas.
Todos os elétrons possuem energia e, portanto, são capazes de realizar trabalho.
Elétrons de valência possuem mais energia do que os elétrons localizados nas camadas
mais internas. Em geral, quanto mais afastado do núcleo estiver o elétron, maior é a
energia que ele possui.
1.7. Íons
Eletricidade I 8
perde ou ganha elétrons transforma-se em um íon.
Como explicado, os íons negativos são criados quando um átomo recebe elétrons
adicionais. Por exemplo, no composto cloreto de sódio (sal de cozinha), os átomos de
sódio compartilham seu único elétron de valência com os átomos de cloro para formar os
cristais de sal. Quando o cloreto de sódio é dissolvido na água, os átomos de sódio e de
cloro são separados um do outro e os átomos de cloro ocupam os elétrons de valência
dos átomos de sódio. Então, o átomo de cloro se torna um íon negativo (ânion) e o
átomo de sódio, cedendo um elétron, torna-se um íon positivo (cátion), conforme Figura
1.7. O conceito de íon é importante para a compreensão dos circuitos elétricos
envolvendo baterias e dispositivos de expansão a gás.
Eletrostática 9
Carga elementar → 1,6.10−19 C
Carga do próton → +1,6.10−19 C
Carga do elétron → -1,6.10−19 C
Q = n ×e
onde, n é o número de elétrons perdidos ou ganhos pelo corpo (ou o desequilíbrio entre
o número de prótons e elétrons no corpo); e
e é a carga elétrica elementar (em C).
Exemplo 1.1: Um corpo possui 3.1018 elétrons e 4.1018 prótons. Qual é a carga elétrica
deste corpo?
Exemplo 1.2: Quantos elétrons a mais tem um corpo eletrizado com uma carga negativa
de 16 nC?
Eletricidade I 10
Tabela 1.2. Principais múltiplos e submúltiplos do SI.
Nome Símbolo Valor
Tera T 1012
Múltiplos
Giga G 109
Mega M 106
kilo k 103
mili m 10-3
Submúltiplos
micro m 10-6
nano n 10-9
pico p 10-12
Q ×q
F =k
d2
Eletrostática 11
Exemplo 1.3: Duas cargas puntiformes de 5.10-5 C e 0,3.10-4 C, no vácuo, estão
separadas entre si por uma distância de 5 m. Calcule a intensidade da força de atração
entre elas.
Q ×q
F =k
d2
F Q
=k 2
q d
Q
k
d2
a qual não depende da carga de prova q. Esta grandeza é chamada de campo elétrico E,
e pode ser calculado por
F Q
E= =k 2
q d
Eletricidade I 12
Q é a carga elétrica geradora do campo elétrico (em C); e
d é a distância entre a carga geradora do campo elétrico e o ponto considerado
(em m).
Exemplo 1.4: Determine a intensidade do vetor campo elétrico criado por uma carga
puntiforme de 4 mC, no vácuo, num ponto localizado a 40 cm da carga.
Assim, o campo elétrico E mede a força por unidade de carga que age num ponto
qualquer da região de influência da carga Q, analogamente ao campo gravitacional da
Terra. Para ajudar na visualização de campos elétricos são utilizadas linhas imaginárias,
as quais recebem o nome de linhas de força.
A direção do vetor campo elétrico num determinado ponto P é a direção da reta
que une o ponto P à carga puntiforme que originou o campo e o sentido deste vetor
depende do sinal da carga que origina o campo. A Figura 1.8 mostra a direção e sentido
dos campos elétricos criados por cargas puntiformes positivas e negativas, assim como a
direção e sentido do vetor força sobre uma carga de prova q colocada em um ponto P do
campo elétrico.
q q
F
Q
+ - Q
Figura 1.8. Campo elétrico de cargas puntiformes Q e força elétrica sobre uma carga de prova q.
A Figura 1.9 representa um campo elétrico uniforme originado por duas placas
paralelas e uniformemente eletrizadas com cargas elétricas de sinais contrários. Neste
tipo de campo, o vetor campo elétrico é constante em todos os pontos do campo, isto é,
tem sempre a mesma intensidade, a mesma direção e o mesmo sentido. Nele, as linhas
de força são retas paralelas igualmente orientadas e igualmente espaçadas.
Eletrostática 13
+ + + + + + +
A
B
- - - - - - -
Figura 1.9. Campo elétrico uniforme.
Eletricidade I 14
Q
EP = q × k
d
Q
V =k
d
VAB = VA -VB
Eletrostática 15
duas placas metálicas (eletrodos), uma de zinco e outra de cobre, mergulhadas numa
solução de ácido sulfúrico (eletrólito, líquido condutor). Pode-se obter uma ddp apenas
introduzindo uma placa de cobre e outra de zinco em um limão (Figura 1.10).
ddp
Cobre
Zinco
WAB = q ×VAB
Exemplo 1.5: Calcule o trabalho elétrico realizado pela força elétrica para transportar
uma carga de 6 mC de um ponto A até um ponto B, cujos potenciais são,
respectivamente, 60 V e 40 V.
Eletricidade I 16
Exemplo 1.6: Num campo elétrico, transporta-se uma carga de 2 mC de um ponto A até
um ponto B. O trabalho da força elétrica é de 6.10−5 J. Calcule:
a) a ddp entre os pontos A e B;
b) o potencial elétrico do ponto A, sabendo que o potencial de B é 10 V.
A tensão elétrica pode ser classificada em dois tipos: tensão contínua e tensão
alternada.
a) Tensão Contínua: é aquela que apresenta sempre o mesmo valor (módulo) e mesma
polaridade com o transcorrer do tempo (Figura 1.12). É encontrada em pilhas e baterias.
0 t
Eletrostática 17
b) Tensão Alternada: é aquela que varia em intensidade (módulo) e que periodicamente
inverte a sua polaridade com o transcorrer do tempo (Figura 1.13). Podemos encontrar
tensão alternada nas tomadas residenciais. No caso do Brasil, esta inversão de
polaridade ocorre 60 vezes por segundo (a freqüência da rede elétrica é 60 Hz).
0 t
V
Eletricidade I 18
1.14. Exercícios
1. Duas chapas metálicas com cargas elétricas de sinais contrários, onde A tem carga
positiva e B tem carga negativa, são interligadas por um fio condutor. Através do fio,
deslocam-se:
a) prótons de B para A e elétrons de A para B.
b) prótons de A para B.
c) elétrons de B para A e prótons de A para B.
d) elétrons de B para A.
Eletrostática 19
5. Uma carga elétrica positiva q é colocada, em repouso, dentro de um campo elétrico
criado por uma carga Q. Considerando os potenciais elétricos existentes nesse campo,
responda as questões abaixo.
a) Qual o sentido do movimento da carga q?
b) E se a carga q fosse negativa, qual seria o sentido do seu movimento?
10. Sabendo-se que a força peso é dada por P = m×g, onde m é a massa do corpo e a
aceleração da gravidade (g) é aproximadamente 10 m/s², calcule quantas pessoas de
massa igual a 90 kg são necessárias para que se obtenha uma força peso igual à força
elétrica calculada no exercício anterior?
11. Duas cargas elétricas positivas e puntiformes, das quais uma é o triplo da outra,
repelem-se com força de intensidade 2,7 N no vácuo, quando a distância entre elas é de
10 cm. Determine a menor das cargas.
Eletricidade I 20
b) informar se a força elétrica é de atração ou de repulsão, justificando sua resposta.
13. Num ponto do campo elétrico originado por uma carga positiva, o campo elétrico
tem intensidade de 105 N/C. Coloca-se neste ponto, uma carga puntiforme negativa de
2 mC. Determine a intensidade da força, em módulo, que atua na carga e se ela é de
atração ou de repulsão.
14. Calcule o campo elétrico criado por uma carga Q = 80 mC, que está no vácuo, em
um ponto situado a uma distância de 150 cm desta.
15. O módulo do vetor campo elétrico produzido por uma carga elétrica puntiforme em
um ponto P é igual a E. Dobrando-se a distância entre a carga e o ponto P, qual o
módulo do vetor campo elétrico neste novo ponto.
17. Considerando o exercício anterior, qual a energia potencial elétrica que uma carga
q = 10 mC irá adquirir quando colocada neste ponto?
20. Em um campo elétrico criado por uma carga Q, observa-se que no ponto A temos
VA = 100 V e no ponto B, VB = 40 V. Uma carga positiva q = 2.10-8 C é colocada
dentro deste campo. Calcule o valor do trabalho elétrico realizado pelo campo elétrico
para deslocar a carga elétrica q do ponto A até o ponto B.
Eletrostática 21
Eletricidade I 22
Capítulo 2
ELETRODINÂMICA
23
2.2. Sentidos da Corrente Elétrica
i
i
I
I
0 t
0 t
I
Eletricidade I 24
2.4. Efeitos da Corrente Elétrica
A corrente elétrica ao circular por meios condutores pode provocar vários efeitos.
Alguns são bem conhecidos, outros nem tanto. A seguir, são analisados os principais
efeitos da corrente elétrica.
c) Efeito Luminoso: é o efeito pelo qual a corrente elétrica ao circular por meios
gasosos provoca o surgimento de luz. Este efeito é muito utilizado em lâmpadas gasosas
como, por exemplo, lâmpadas de vapor de mercúrio, lâmpadas de vapor de sódio,
lâmpadas neon, etc.
e) Efeito Fisiológico: é o efeito que surge quando uma corrente elétrica circula
através de um organismo vivo. A corrente elétrica ao circular através de um músculo
provoca uma rápida e forte contração deste. É também conhecido como choque elétrico.
O maior músculo do corpo humano é o coração. Portanto, se uma corrente provoca
neste uma contração muito violenta, pode levar à morte. Em condições normais, o valor
máximo de corrente que um ser vivo suporta sem sofrer prejuízos é de, em média, 25
mA.
Eletrodinâmica 25
2.5. Cálculo da Intensidade da Corrente Elétrica
Dq
I =
Dt
Exemplo 2.1: Uma carga elétrica de 960 mC atravessa a seção transversal de um fio
condutor em um tempo de 30 s. Calcule a intensidade da corrente elétrica que percorreu
este fio.
Eletricidade I 26
2.7. Resistência Elétrica
Isolantes: são materiais que oferecem uma alta resistência à corrente. Em termos
práticos, considera-se como isolante aquele material que não permite que a corrente
elétrica circule através de si. Os materiais mais comumente empregados em eletricidade
são papel, madeira, vidro, plástico, borracha e mica. Normalmente, os materiais
isolantes não são elementos puros, mas materiais nos quais dois ou mais elementos são
compostos para formar uma nova substância. Neste processo, os elementos partilham
seus elétrons de valência (ligação covalente). Na natureza, não existe um material
isolante perfeito.
Eletrodinâmica 27
2.8. Cálculo da Resistência Elétrica
1 l
R µl Rµ Þ Rµ
A A
r ×l
R=
A
R×A
r=
l
u(R) × u(A) W × m 2
u(r) = = = Wm
u(l ) m
Eletricidade I 28
letra grega alfa (a) e a sua unidade é o °C−1.
Nem todos os materiais se comportam de forma semelhante com variações de
temperatura. Por exemplo, o carbono tem um coeficiente de temperatura negativo. Isto
significa que se a temperatura aumenta, a sua resistência diminui. Já a maioria dos
metais apresenta um coeficiente de temperatura positivo (a resistência elétrica aumenta
com aumentos de temperatura). Finalmente, existem materiais que, praticamente, não
variam a sua resistência com a variação da temperatura. Em geral, são ligas metálicas,
como por exemplo, o constantan (55% Cu + 45% Ni).
Matematicamente, a relação entre a resistividade e a temperatura pode ser
expressa como
r = r0 (1 + a × DT )
Eletrodinâmica 29
Exemplo 2.3: Calcule a resistência elétrica de um condutor de 8 m de comprimento que
possui uma área de seção transversal igual a 3,2 mm2. O condutor é feito de prata.
Exemplo 2.4: Considere o mesmo exemplo anterior só que, agora, o condutor de prata é
substituído por um condutor de níquel-cromo (utilizado em chuveiros elétricos).
Exemplo 2.5: A seção transversal de um fio condutor possui um diâmetro de 0,4 mm.
Sabendo que este fio possui uma resistência elétrica de 0,108 W e é feito de cobre, calcule
o seu comprimento.
Georg Simon Ohm foi um físico alemão que muito contribuiu para o progresso das
pesquisas no ramo de eletricidade. Deve-se a ele o estabelecimento da relação entre as
grandezas tensão, corrente e resistência elétrica em um circuito. Após várias
experiências, medindo tensões e correntes em diferentes condutores, verificou que, para
muitos materiais, a relação entre a tensão e corrente mantinha-se constante, sendo,
portanto, uma característica do condutor. Assim, Ohm enunciou sua lei “O quociente
entre a tensão nos terminais de um resistor e a intensidade de corrente que o atravessa é
igual à resistência elétrica do resistor”.
Matematicamente, as relações entre estas grandezas podem ser expressas como
Eletricidade I 30
V V
R= I = V = R×I
I R
Exemplo 2.7: Calcule a corrente da lâmpada do exemplo anterior, se ela fosse alimentada
por uma tensão de 9 V, considerando a resistência elétrica constante.
WAB
P=
t
WAB
V = ® WAB = V × q
q
Eletrodinâmica 31
V ×q
P=
t
P =V × I
Na vida diária, nas residências, têm-se vários equipamentos elétricos que são
responsáveis pelo consumo de potência elétrica. Por este motivo, as companhias de
eletricidade poderiam ser chamadas “companhias de potência”. Contudo, quando se
paga a conta de eletricidade no final do mês, paga-se o consumo de energia elétrica ao
invés do consumo de potência elétrica. Para as companhias concessionárias de energia
elétrica interessa mais o consumo da energia elétrica do que a rapidez com que houve
este consumo de energia. Como a energia é a capacidade de realizar trabalho, pode-se
reescrever a equação de potência como
E = P × t
Esta unidade recebe o nome de “quilowatt-hora”. Tanto o kWh como o Joule são
unidades de energia elétrica, portanto, eles possuem uma relação entre si, que é
Eletricidade I 32
2.12. Instrumento de Medida
V2
P = R×I2 e P=
R
Eletrodinâmica 33
Lâmpada incandescente.
Exemplo 2.8: Um ferro elétrico de passar roupa é percorrido por uma corrente de 4 A
quando ligado a uma rede elétrica de 220 V. Calcule a potência elétrica dissipada por
ele.
Exemplo 2.9: Um aparelho elétrico instalado em uma indústria possui uma resistência de
125 W. Sabendo que ele dissipa uma potência de 500 W, determine:
a) o valor da corrente elétrica que o percorre;
b) o valor da tensão na qual o aparelho está ligado.
Exemplo 2.10: Um chuveiro elétrico em um clube fica ligado, em média, 1,5 h por dia.
Sabe-se que a potência deste chuveiro é de 6.000 W. Calcule:
a) o consumo mensal de energia elétrica em kWh e em Joules (considere o mês com 30
dias);
b) o valor deste consumo, se 1 kWh custa R$ 0,60.
2.14. Resistores
Eletricidade I 34
R
Os resistores de fio são encontrados com valores de resistência de alguns ohms até
alguns quilo-ohms e são aplicados onde se exige altos valores de potência (acima de
5 W), sendo suas especificações impressas no próprio corpo.
Eletrodinâmica 35
Figura 2.6. Resistor de filme de carbono.
Sua estrutura é idêntica ao de filme de carbono, sendo que se utiliza uma liga
metálica (níquel-cromo) para formarmos a película, obtendo-se, assim, valores mais
precisos de resistência e com tolerâncias de 1% e 2%.
Amarelo 4 4 × 104
Verde 5 5 × 105
Azul 6 6 × 106
Violeta 7 7
Cinza 8 8
Branco 9 9
Ouro × 10−1 ± 5%
−2
Prata × 10 ± 10%
Eletricidade I 36
Observações:
1. A ausência da faixa de tolerância indica que esta é de 20%.
2. Para os resistores de precisão encontram-se cinco faixas, onde as três primeiras
representam o primeiro, o segundo e o terceiro algarismos significativos e as demais,
respectivamente, multiplicador e tolerância.
Eletrodinâmica 37
Exemplo 5: R = 348 ´ 1 W ± 1% = 348 W ± 1%
Eletricidade I 38
2.15. Exercícios
4. Determine o tempo necessário para que 4.1016 elétrons atravessem a seção reta de um
condutor, se a corrente for 5 mA.
Eletrodinâmica 39
10. Um resistor de fio é feito com constantan (r = 50.108 Wm) com 0,2 mm de diâmetro
enrolado em torno de um cilindro cerâmico com 1 cm de diâmetro. Quantas espiras do
fio são necessárias para obter-se uma resistência de 50 W a 20°C?
11. Quando 120 V são aplicados numa determinada lâmpada, a corrente absorvida é
0,5 A. Qual é a resistência da lâmpada?
12. Certo condutor é percorrido por uma corrente de 10 mA durante 10 minutos quando
ligado entre dois potenciais. Sabendo que é realizado um trabalho elétrico de 600 J e que
o potencial VA = 210 V, calcule o potencial elétrico VB.
13. Quando não tem um fogão para aquecer a água do chimarrão, o gaúcho usa um
aparato chamado popularmente de “rabo quente”. Calcule a corrente absorvida por um
rabo quente considerando que ele tem uma resistência de 50 W e está ligado numa
tomada de 220 V.
14. Uma torradeira elétrica tem resistência de 8,53 W e absorve 12,9 A. Calcule a tensão
aplicada.
16. Uma lâmpada de lanterna tem uma resistência de 12 W. Qual a corrente que flui pela
lâmpada se a bateria fornece uma tensão de 6 V?
17. Uma corrente de 1 A deve ser mantida para o funcionamento dos faróis de um
veículo. Sabendo que os faróis apresentam resistência de 12 W, pergunta-se:
a) qual a tensão que deve ser aplicada nos terminas da lâmpada para resultar a corrente
desejada?
b) qual a corrente nominal do fusível de proteção dos faróis?
Eletricidade I 40
19. Uma lâmpada incandescente tem as seguintes especificações: 120 V / 60 W. Calcule:
a) a corrente nominal desta lâmpada;
b) a energia consumida (em kWh) em 5 horas de funcionamento.
21. Preocupado com o custo da energia elétrica, o proprietário de uma residência anotou
a potência de alguns aparelhos e o tempo de funcionamento durante o período de um
mês, resultando na tabela abaixo.
22. Um fio de cobre é percorrido por uma corrente elétrica devido a uma tensão de
220 V existente em seus extremos. A corrente circula durante 10 s e o trabalho elétrico
realizado é de 5,5 J. Determine a corrente que percorre o condutor. Apresente a resposta
utilizando o prefixo mili.
25. Em um chuveiro, existem duas posições: verão e inverno. Explique o que ocorre
internamente quando se muda de uma posição para outra.
Eletrodinâmica 41
26. A resistência de um chuveiro elétrico tem um comprimento L. Cortando-se um
pedaço desta resistência, de modo a reduzi-la à metade do comprimento inicial, o que
acontecerá com a potência dissipada pelo chuveiro? Considere que a tensão aplicada
permanece constante.
27. Qual é a relação entre as resistências de dois ferros de passar roupa que têm a
mesma potência, porém, um é para 220 V e o outro é para 110 V?
Eletricidade I 42
Anexo A
Capítulo 1
1. Alternativa “d”
2. Alternativa “c”
3. Alternativa “d”
4. Alternativa “c”
5. Dos potenciais maiores para os potenciais menores.
Dos potenciais menores para os potenciais maiores.
6. n = 6,25.1018 elétrons
7. a) Cedeu elétrons
b) n = 200.1012 elétrons
8. a) Q = 48 mC
b) Negativamente
9. F = 9.109 N
10. 10 milhões de pessoas
11. q = 1 mC
12. a) d = 60 cm
b) Repulsão
13. F = 200 mN; Atração
14. E = 320 kN/C
15. E/4
16. V = 240 kV
17. EP = 2,4 J
19. E = 24 J
20. WAB = 1,2 mJ
43
Capítulo 2
3. I = 2,5 A
4. t = 1,28 s
7. R = 13,4 W
8. r = 3,24.10-8 Wm
9. r = 100.10-9 Wm
10. 100 espiras
11. R = 240 W
12. VB = 110 V
13. I = 4,4 A
14. V = 110 V
15. R = 11 W
16. I = 500 mA
17. a) V = 12 V
b) 1 A
18. R = 12 W
19. a) I = 500 mA
b) E = 0,3 kWh
20. a) R = 6,05 W
b) E = 240 kJ
21. R$ 66,11
22. I = 2,5 mA
24. Vmax = 40 V
26. Aumentará 2 vezes
27. R220V = 4 R110V
Eletricidade I 44