Apostila - Eletricidade I

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INSTITUTO FEDERAL SUL-RIO-GRANDENSE

CÂMPUS PELOTAS
CURSO DE ELETROTÉCNICA

Prof. Luciano Vitoria Barboza


SUMÁRIO

Capítulo 1. Eletrostática ............................................................................................. 1


1.1. Introdução ........................................................................................................ 1
1.2. A Estrutura da Matéria .................................................................................... 1
1.3. Carga Elétrica .................................................................................................. 3
1.4. Formas de Eletrização ...................................................................................... 4
1.5. Elétrons de Valência ......................................................................................... 8
1.6. Elétrons Livres ................................................................................................. 8
1.7. Íons ................................................................................................................... 8
1.8. Cálculo da Carga Elétrica de um Corpo ........................................................... 9
1.9. Múltiplos e Submúltiplos das Grandezas ........................................................ 10
1.10. Lei de Coulomb ............................................................................................ 11
1.11. Campo Elétrico ............................................................................................. 12
1.12. Diferença de Potencial Elétrico ..................................................................... 14
1.13. Tipos de Tensão ........................................................................................... 17
1.14. Exercícios ...................................................................................................... 19

Capítulo 2. Eletrodinâmica ........................................................................................ 23


2.1. Corrente Elétrica ............................................................................................ 23
2.2. Sentidos da Corrente Elétrica ......................................................................... 24
2.3. Corrente Contínua e Corrente Alternada ....................................................... 24
2.4. Efeitos da Corrente Elétrica ........................................................................... 25
2.5. Cálculo da Intensidade da Corrente Elétrica .................................................. 26
2.6. Instrumento de Medida .................................................................................. 26
2.7. Resistência Elétrica ........................................................................................ 27
2.8. Cálculo da Resistência Elétrica ....................................................................... 28
2.9. Instrumento de Medida .................................................................................. 30
2.10. Lei de Ohm ................................................................................................... 30
2.11. Potência e Energia Elétrica .......................................................................... 32
2.12. Instrumento de Medida ................................................................................. 33
2.13. Efeito Joule em Resistores ............................................................................ 33

i
2.14. Resistores ...................................................................................................... 34
2.15. Exercícios ...................................................................................................... 39

Anexo A. Respostas dos Exercícios Propostos ............................................................ 43


Capítulo 1 ............................................................................................................. 43
Capítulo 2 ............................................................................................................. 44

ii
Capítulo 1

1.
ELETROSTÁTICA

1.1. Introdução

No século VI A.C., na Grécia Antiga, o grego Thales de Mileto descobriu uma


resina fóssil (o âmbar), cujo nome em grego é elektron, que adquiria a propriedade de
atrair corpos leves quando atritada com lã. Esse fato ficou praticamente esquecido até
1600 quando o médico inglês William Gilbert, retomando as observações de Thales,
inventou o pêndulo elétrico, o que tornou possível a observação de uma série de
fenômenos que se transformaram na base da Eletricidade. A Eletrostática é o ramo da
Eletricidade que estuda as cargas elétricas em repouso.
A eletricidade é uma forma de energia. Primariamente, os estudiosos da
eletricidade se preocupavam em como controlar a energia elétrica, pois, sabe-se que,
quando controlada corretamente, essa forma de energia pode realizar muito trabalho
para manter a sociedade em atuação. Entretanto, a eletricidade sem controle pode ser
muito destrutiva.

1.2. A Estrutura da Matéria

Toda a matéria é composta por átomos, que são os elementos básicos encontrados
na natureza. Existem mais de cem diferentes tipos de átomos. A substância formada por
um único tipo de átomo é chamada elemento. Então, existem tantos elementos quantos
são os átomos. O ouro, a prata, o tungstênio, o cobre e o alumínio são exemplos de
elementos.
No mundo existem milhares e milhares de diferentes materiais e muitos deles são
compostos por mais de um elemento. Quando diferentes tipos de átomos se combinam

1
quimicamente, eles formam os materiais chamados compostos. O vidro, o giz, a pedra e
a madeira são constituídos de átomos, independente de suas características físicas. A
pedra é diferente da madeira devido aos tipos de átomos que a compõem. Outro
exemplo de um material composto é a água (H2O). Muitos dos componentes utilizados
em circuitos eletrônicos são compostos.
Os átomos, por sua vez, são constituídos por partículas menores. As três principais
partículas que formam os átomos são: o elétron, o próton e o nêutron. O centro do
átomo é chamado núcleo, o qual contém os prótons e os nêutrons. A parte periférica do
átomo é chamada de eletrosfera, a qual contém os elétrons que giram em nuvens
elípticas ao redor do núcleo. O elétron possui um volume maior (aproximadamente 2000
vezes) que o volume do próton ou o do nêutron. No entanto, ele é muito mais leve que o
próton ou o nêutron (em torno de 2000 vezes mais leve). Deste modo, o núcleo do átomo
contém o maior peso, enquanto os elétrons compõem o maior volume. A Figura 1.1
representa o átomo de hélio em uma forma bidimensional. Trata-se de um átomo
simples com núcleo composto de dois prótons e dois nêutrons. Os dois únicos elétrons
orbitam em torno do núcleo.

e e
P P
N N

Órbita dos
elétrons

Figura 1.1. Estrutura de um átomo de hélio.

A Figura 1.2 representa o átomo de alumínio em uma forma bidimensional. Cada


elétron está em órbita em volta do núcleo. Os dois elétrons mais próximos do núcleo
ocupam a primeira camada, ou órbita, do átomo. Os átomos que possuem mais de dois
elétrons, como os átomos de alumínio, possuem outras camadas. A segunda camada do
átomo de alumínio contém oito elétrons. A terceira camada pode conter um máximo de
dezoito elétrons e a quarta camada um máximo de trinta e dois elétrons. Como o átomo
de alumínio possui somente treze elétrons, sua terceira camada tem apenas três elétrons.

Eletricidade I 2
e
e
e
e e

13 P
e e
14 N

e e
e e
e
e

Figura 1.2. Representação simplificada de um átomo de alumínio com seus


13 elétrons (e), 13 prótons (P) e 14 nêutrons (N).

1.3. Carga Elétrica

As primeiras explicações de que, quando são esfregados uns contra os outros, certos
corpos adquirem a propriedade de atrair pequenos objetos foram dadas pelo filósofo e
matemático grego Thales de Mileto. Atualmente sabe-se que, quando duas substâncias
diferentes são atritadas e depois separadas (por exemplo, vidro e lã), elas passam a
apresentar propriedades físicas importantes. Várias teorias foram propostas para
explicar os fenômenos de atração e repulsão entre os corpos. Há muito é aceita a ideia
que estes corpos, quando atritados, adquirem uma propriedade caracterizada por uma
grandeza denominada carga elétrica, simbolizada por Q, tendo os fenômenos sido
denominados fenômenos elétricos.
Os elétrons e prótons possuem cargas elétricas. Convencionou-se que o elétron
possui uma carga elétrica negativa (-), enquanto o próton possui uma carga elétrica
positiva (+). Duas cargas positivas ou duas cargas negativas se repelem, ao passo que
duas cargas elétricas de sinais opostos se atraem. Estas interações são representadas na
Figura 1.3. A força de atração entre o próton (positivo) e o elétron (negativo) ajuda a
manter a órbita do elétron em torno do núcleo. O nêutron, localizado no núcleo do
átomo, não possui carga elétrica e por isso ele pode ser ignorado quando se considera a
carga elétrica do átomo.
Deste fato, pode-se concluir que “Cargas elétricas de mesmo sinal se repelem e de
sinais contrários se atraem”.

Eletrostática 3
+ +
repulsão

- -

+ atração -

Figura 1.3. Tipos de força entre as cargas elétricas.

Um átomo em equilíbrio tem uma carga elétrica igual a zero, ou seja, sempre
possui um número de elétrons igual ao número de prótons. Se diz que um átomo é
eletricamente neutro mesmo que individualmente os prótons e os elétrons estejam
eletricamente carregados.
Portando, uma substância estará eletrizada quando as suas quantidades de prótons
e de elétrons forem diferentes, ou seja, quando se altera o equilíbrio entre prótons e
elétrons é que a substância apresenta propriedades elétricas.

1.4. Formas de Eletrização

Sabe-se que átomos de elementos distintos exercem diferentes atrações por


elétrons. Quando, portanto, duas substâncias constituídas por elementos diferentes são
postas em contato, a substância com maior tendência de receber elétrons pode atrair
para si alguns elétrons da outra, dando-se, então, a eletrização. Segurando-se uma barra
de vidro por uma das extremidades e atritando a outra com um pano de lã, somente a
extremidade atritada se eletriza. Isto significa que as cargas elétricas em excesso
localizam-se em determinada região e não se espalham pela barra. Agora, segurando-se
uma barra metálica e repetindo-se o processo, as cargas se espalham pelo metal, pelo
corpo humano e pelo solo. Percebe-se, então, comportamentos diferentes entre os
materiais e, por isso, pode-se classificá-los em materiais isolantes ou dielétricos (vidro,
borracha, plástico..) e materiais condutores (metais, corpo humano, solo, carvão,...).
Existem três processos importantes para se obter a eletrização de um corpo:
eletrização por atrito, eletrização por contato e eletrização por indução.

Eletricidade I 4
1.4.1. Eletrização por Atrito

Quando dois corpos são atritados pode ocorrer a passagem de elétrons de um corpo
para outro. Nesse caso diz-se que houve uma eletrização por atrito. O calor, gerado pelo
atrito, é a forma de energia responsável pelo deslocamento dos elétrons.
Na eletrização por atrito, inicialmente tem-se dois corpos neutros e, após o atrito,
os dois corpos ficam carregados com cargas iguais, porém de sinais contrários. As
Figuras 1.4 apresentam a sequência da eletrização por atrito.

Antes do atrito Durante o atrito Após o atrito

Nº de Prótons Nº de Prótons Elétrons passam Perdeu Ganhou


= =
elétrons elétrons
Nº de Elétrons Nº de Elétrons de um corpo
para o outro
Corpo A Corpo B Corpo A Corpo B
Neutro Neutro +Q -Q

Figura 1.4. Processo de eletrização por atrito.

Convenientemente foi elaborada uma lista em dada ordem que um material ao ser
atritado com o sucessor da lista fica eletrizado positivamente. Esta lista é chamada série
triboelétrica e está apresentada na Tabela 1.1.
A série triboelérica deve ser interpretada pelas duas regras a seguir.
1) Qualquer material atritado com qualquer outro que o precede, fica eletrizado
negativamente e, quando atritado com qualquer outro que o segue, fica eletrizado
positivamente.
2) Quanto mais afastados estiverem na lista, maior será a eficiência na eletrização.

1.4.2. Eletrização por Contato

Quando colocamos dois corpos em contato, um eletrizado e outro neutro, pode


ocorrer a passagem de elétrons de um para outro, fazendo com que o corpo neutro se
eletrize. Portanto, no processo de eletrização por contato, inicialmente é obrigatória a
existência de um corpo eletrizado.

Eletrostática 5
Na eletrização por contato, após o contato do corpo eletrizado com o corpo neutro,
os corpos ficam eletrizados com cargas de mesmo sinal.

Tabela 1.1. Série triboelétrica.


Pele humana seca
Couro
Pele de coelho
Vidro
Cabelo humano
Fibra sintética (nylon) +

Chumbo
Pele de gato
Seda
Alumínio
Papel
Algodão
Aço
Madeira
Âmbar
Borracha
Níquel
Cobre
Latão
Prata
Ouro
Platina
Poliéster
Isopor
Filme PVC
Poliuretano
Polietileno
-
Polipropileno
Vinil
Silicone
Teflon

A Figura 1.5 ilustra o processo de eletrização por contato.

Antes do contato Durante o contato Após o contato

Elétrons são
Nº de Prótons Nº de Prótons atraídos do Corpo Nº de Prótons Nº de Prótons
> = > >
Nº de Elétrons Nº de Elétrons B para o Corpo A Nº de Elétrons Nº de Elétrons

devido à carga
Corpo A Corpo B Corpo A Corpo B
Carga Positiva Neutro
positiva de A Carga Positiva Carga Positiva

Figura 1.5. Processo de eletrização por contato.

Eletricidade I 6
1.4.3. Eletrização por Indução

A eletrização de um corpo neutro pode ocorrer por simples aproximação de outro


corpo eletrizado, sem que haja o contato entre eles. O corpo eletrizado é o indutor e o
corpo neutro é o induzido.
Em verdade, na indução eletrostática ocorre apenas uma separação de cargas
positivas e negativas no corpo induzido. Para que haja no induzido uma eletrização, ele
deve, obrigatoriamente na presença do indutor, ser colocado em contato com a Terra, a
qual cede ou retira elétrons do induzido, assim, o eletrizando. Na eletrização por indução
eletrostática, o induzido sempre se eletrizará com carga de sinal contrário à do indutor.
A Figura 1.6 ilustra o processo de indução eletrostática. Na Figura 1.6, a sequência de
eletrização é (a), (b), (c) e (d).

Antes da aproximação Indutor próximo do induzido

- +
Nº de Prótons Nº de Prótons Nº de Prótons - Nº de Prótons +
> = > - = +
Nº de Elétrons Nº de Elétrons Nº de Elétrons - Nº de Elétrons +
- +

Corpo A Corpo B Corpo A Corpo B


Carga Positiva Neutro Carga Positiva Neutro
Indutor Induzido Indutor Induzido

(a) (b)

Ligação com a terra na presença do indutor Indutor afastado e contato com a Terra desfeito

- +
Nº de Prótons - Nº de Prótons + Nº de Prótons
> - = + <
Nº de Elétrons - Nº de Elétrons + Nº de Elétrons
- + -
-
-
Corpo A Corpo B Corpo B
Carga Positiva Neutro Carga Negativa
Indutor Induzido Induzido

(c) (d)

Figura 1.6. Processo de eletrização por indução eletrostática.

Eletrostática 7
1.5. Elétrons de Valência

Os elétrons de valência são os elétrons que estão na última camada do átomo. Eles
estão envolvidos em reações químicas e correntes elétricas.
Quanto mais próximas entre si estiverem duas partículas de cargas elétricas
opostas, maior será a força de atração entre elas. À medida que o elétron e o próton do
núcleo se distanciam, a atração entre eles decresce. Portanto, os elétrons de valência
sofrem menor atração do núcleo do que os elétrons localizados nas camadas mais
internas.
Todos os elétrons possuem energia e, portanto, são capazes de realizar trabalho.
Elétrons de valência possuem mais energia do que os elétrons localizados nas camadas
mais internas. Em geral, quanto mais afastado do núcleo estiver o elétron, maior é a
energia que ele possui.

1.6. Elétrons Livres

Os elétrons livres são todos aqueles elétrons de valência que temporariamente


separam-se de seus átomos. Eles estão livres, próximos ao espaço em volta do átomo.
Eles não estão agregados a qualquer átomo em particular. Somente os elétrons de
valência podem tornar-se elétrons livres. Os elétrons localizados nas camada mais
internas são muito presos ao núcleo e não podem ser separados do átomo original. Um
elétron de valência é libertado de seu átomo quando energia é adicionada ao átomo. Tal
energia permite ao elétron de valência escapar da força de atração do núcleo. Aquecer
um átomo é uma forma de providenciar esta energia adicional para libertar os elétrons
de valência.

1.7. Íons

Quando um elétron de valência abandona um átomo e se transforma em um


elétron livre (carga elétrica negativa), ele faz com que o átomo de origem adquira carga
elétrica positiva. Note que o número de prótons resulta superior ao número de elétrons.
Neste caso, o átomo de origem se transforma em um íon. Assim, quando um átomo

Eletricidade I 8
perde ou ganha elétrons transforma-se em um íon.

ì perde elétrons ® adquire carga elétrica positiva ® íon positivo ® cátion


ï
ï
ï
átomo original í
ï
ï
î ganha elérons ® adquire carga elétrica negativa ® íon negativo ® ânion
ï
ï

Como explicado, os íons negativos são criados quando um átomo recebe elétrons
adicionais. Por exemplo, no composto cloreto de sódio (sal de cozinha), os átomos de
sódio compartilham seu único elétron de valência com os átomos de cloro para formar os
cristais de sal. Quando o cloreto de sódio é dissolvido na água, os átomos de sódio e de
cloro são separados um do outro e os átomos de cloro ocupam os elétrons de valência
dos átomos de sódio. Então, o átomo de cloro se torna um íon negativo (ânion) e o
átomo de sódio, cedendo um elétron, torna-se um íon positivo (cátion), conforme Figura
1.7. O conceito de íon é importante para a compreensão dos circuitos elétricos
envolvendo baterias e dispositivos de expansão a gás.

Figura 1.7. Criação de íons positivos de sódio e íons negativos de cloro.

1.8. Cálculo da Carga Elétrica de um Corpo

A carga do elétron é a menor quantidade de carga elétrica existente na natureza,


motivo pelo qual foi tomada como carga padrão nas medidas de carga elétrica.
No Sistema Internacional de unidades (SI), a unidade de medida de carga elétrica é
o Coulomb (C). A carga do elétron, quando tomada em valor absoluto, é chamada de
carga elétrica elementar e é representada por e.

Eletrostática 9
Carga elementar → 1,6.10−19 C
Carga do próton → +1,6.10−19 C
Carga do elétron → -1,6.10−19 C

Como apresentado, se em um corpo o número de prótons for igual ao número de


elétrons, diz-se que ele está neutro. Quando um corpo apresenta falta ou excesso de
elétrons, ele adquire, respectivamente, uma carga elétrica Q positiva ou negativa, a qual
é sempre um número inteiro n de elétrons, de modo que

Q = n ×e

onde, n é o número de elétrons perdidos ou ganhos pelo corpo (ou o desequilíbrio entre
o número de prótons e elétrons no corpo); e
e é a carga elétrica elementar (em C).

1.9. Múltiplos e Submúltiplos das Grandezas

Às vezes é necessário usar unidades maiores ou menores do que as do SI. Se a


grandeza comprimento, onde a unidade no SI é o metro, tiver que ser expressa em
unidades maiores utiliza-se os seus múltiplos (quilômetro, hectômetro, decâmetro, etc) e
para utilizar unidades menores, usamos os submúltiplos (centímetro, decímetro,
milímetro, etc).
A Tabela 1.2 apresenta a formação dos múltiplos e submúltiplos das unidades de
medida mediante o emprego dos prefixos SI.

Exemplo 1.1: Um corpo possui 3.1018 elétrons e 4.1018 prótons. Qual é a carga elétrica
deste corpo?

Exemplo 1.2: Quantos elétrons a mais tem um corpo eletrizado com uma carga negativa
de 16 nC?

Eletricidade I 10
Tabela 1.2. Principais múltiplos e submúltiplos do SI.
Nome Símbolo Valor
Tera T 1012

Múltiplos
Giga G 109
Mega M 106
kilo k 103
mili m 10-3
Submúltiplos

micro m 10-6
nano n 10-9
pico p 10-12

1.10. Lei de Coulomb

Considere duas cargas puntiformes Q e q separadas por uma distância d. São


chamadas de cargas puntiformes os corpos eletrizados cujas dimensões são desprezíveis
em comparação com as distâncias que os separam de outros corpos eletrizados.
Sabe-se que cargas elétricas de mesmo sinal se repelem e de sinais diferentes se
atraem. Isto acontece devido à ação de forças de natureza elétrica sobre elas.
Em fins do século XVIII, Charles Coulomb verificou experimentalmente que a
força de atração ou de repulsão entre duas cargas elétricas é diretamente proporcional
ao produto das cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que as
separa.
A expressão matemática dessa força é

Q ×q
F =k
d2

onde, F é a força elétrica (em N);


Q e q são as cargas elétricas puntiformes em módulo (em C);
k é a constante de proporcionalidade (em Nm2/C2); e
d é a distância entre as cargas (em m).

Observação: no SI, k = 9.109 Nm2/C2 no vácuo.

Eletrostática 11
Exemplo 1.3: Duas cargas puntiformes de 5.10-5 C e 0,3.10-4 C, no vácuo, estão
separadas entre si por uma distância de 5 m. Calcule a intensidade da força de atração
entre elas.

1.11. Campo Elétrico

O campo elétrico E é a região do espaço que envolve um corpo eletrizado, onde


outras cargas ficam sujeitas a forças de origem elétrica.
Considerando-se uma carga Q, sabe-se que esta originará um campo elétrico ao seu
redor. Admitindo esta carga Q fixa, quando uma carga de prova q é colocada próxima a
ela (a carga de prova, por definição, é sempre positiva), sabe-se que q fica sujeita a ação
de uma força F. Como se sabe, o módulo desta força é dado por

Q ×q
F =k
d2

Manipulando a expressão anterior, pode-se escrever que

F Q
=k 2
q d

o que permite obter a expressão

Q
k
d2

a qual não depende da carga de prova q. Esta grandeza é chamada de campo elétrico E,
e pode ser calculado por

F Q
E= =k 2
q d

onde, E é o campo elétrico em um ponto (em N/C);


F é a força elétrica (em N);

Eletricidade I 12
Q é a carga elétrica geradora do campo elétrico (em C); e
d é a distância entre a carga geradora do campo elétrico e o ponto considerado
(em m).

Exemplo 1.4: Determine a intensidade do vetor campo elétrico criado por uma carga
puntiforme de 4 mC, no vácuo, num ponto localizado a 40 cm da carga.

Assim, o campo elétrico E mede a força por unidade de carga que age num ponto
qualquer da região de influência da carga Q, analogamente ao campo gravitacional da
Terra. Para ajudar na visualização de campos elétricos são utilizadas linhas imaginárias,
as quais recebem o nome de linhas de força.
A direção do vetor campo elétrico num determinado ponto P é a direção da reta
que une o ponto P à carga puntiforme que originou o campo e o sentido deste vetor
depende do sinal da carga que origina o campo. A Figura 1.8 mostra a direção e sentido
dos campos elétricos criados por cargas puntiformes positivas e negativas, assim como a
direção e sentido do vetor força sobre uma carga de prova q colocada em um ponto P do
campo elétrico.

q q
F

Q
+ - Q

Figura 1.8. Campo elétrico de cargas puntiformes Q e força elétrica sobre uma carga de prova q.

A Figura 1.9 representa um campo elétrico uniforme originado por duas placas
paralelas e uniformemente eletrizadas com cargas elétricas de sinais contrários. Neste
tipo de campo, o vetor campo elétrico é constante em todos os pontos do campo, isto é,
tem sempre a mesma intensidade, a mesma direção e o mesmo sentido. Nele, as linhas
de força são retas paralelas igualmente orientadas e igualmente espaçadas.

Eletrostática 13
+ + + + + + +
A

B
- - - - - - -
Figura 1.9. Campo elétrico uniforme.

1.12. Diferença de Potencial Elétrico (ddp) ou Tensão

A tensão é um tipo de “pressão elétrica” que provoca o movimento de cargas


elétricas através de um meio condutor. A tensão é também conhecida como força
eletromotriz (fem) ou diferença de potencial (ddp). A diferença de potencial é o termo
que melhor descreve o fenômeno, porque uma tensão é uma diferença de energia
potencial elétrica existente entre dois pontos. Para que se entenda melhor a tensão,
deve-se entender energia potencial elétrica e potencial elétrico.
Antes, porém, é preciso relembrar que a energia existente na natureza encontra-se
na forma cinética ou na forma potencial. A energia cinética se refere à energia em
movimento. Quando se chuta uma bola de futebol, ela adquire energia cinética. O seu pé
realiza trabalho quando bate na bola, ou seja, o seu pé exerce uma força na bola
colocando-a em movimento. A energia potencial é a energia em repouso. Quando ela
está sendo transformada, converte-se em energia cinética. Por exemplo, a água
armazenada em um lago de uma usina hidrelétrica possui energia potencial devido às
forças gravitacionais. Quando se necessita dessa energia, a água circula através de tubos,
em forma de energia cinética e atinge as pás das turbinas.
De uma forma semelhante, uma carga elétrica possui energia potencial elétrica.
Considere os campos elétricos da Figura 1.8. Ao se abandonar, por exemplo, uma carga
de prova em um ponto A distante 2 m da carga Q, uma força elétrica age sobre esta
carga. No entanto, se esta mesma carga for abandonada em um ponto B distante 5 m da
carga Q, uma força elétrica também agirá sobre a carga de prova, porém com menor
intensidade. Assim, nos pontos A e B a carga elétrica tem energia associada à sua
posição, energia esta chamada de energia potencial elétrica, dada por

Eletricidade I 14
Q
EP = q × k
d

onde, EP é a energia potencial elétrica da carga de prova (em J);


q é a carga elétrica de prova (em C);
Q é a carga elétrica geradora do campo elétrico (em C);
k é a constante de proporcionalidade (em Nm2/C2); e
d é a distância entre as cargas (em m).

Verifica-se que, à exceção da carga de prova q, a energia potencial elétrica depende


de uma série de fatores que são constantes para aquele ponto da região. Isto quer dizer
que para o ponto A do campo elétrico criado pela carga Q, por exemplo, valerá sempre o
produto k Qd , independentemente de haver ou não cargas neste ponto. A este produto,
característico para cada ponto do campo elétrico, chama-se potencial elétrico. Portanto,

Q
V =k
d

onde, V é o potencial elétrico, cuja unidade, no SI, é o Volt (V).

A tensão é uma diferença de potencial elétrico (ddp). Portanto, a tensão entre os


pontos A e B da Figura 1.9 pode ser escrita como

VAB = VA -VB

A tensão é uma das grandezas mais importantes da eletricidade, sendo utilizada


para explicar o movimento das cargas elétricas.
As fontes, também chamadas de geradores, são elementos cuja função é a
alimentação dos circuitos elétricos, isto é, têm a função de fornecer energia elétrica para
a movimentação das cargas elétricas a fim de possibilitar que os circuitos funcionem de
maneira adequada. Todas as fontes disponíveis são capazes de fornecer uma diferença de
potencial (ddp) entre seus terminais, motivo pelo qual recebem a denominação técnica
de fontes de tensão. O cientista italiano, Alexandre Volta, em 1800 conseguiu obter uma
corrente elétrica de duração apreciável construindo uma pilha que era constituída por

Eletrostática 15
duas placas metálicas (eletrodos), uma de zinco e outra de cobre, mergulhadas numa
solução de ácido sulfúrico (eletrólito, líquido condutor). Pode-se obter uma ddp apenas
introduzindo uma placa de cobre e outra de zinco em um limão (Figura 1.10).

ddp

Cobre
Zinco

Figura 1.10. Diferença de potencial entre dois eletrodos.

Percebe-se, então, que através de uma fonte de tensão consegue-se movimentar


uma carga elétrica qualquer e, este movimento leva à realização de um trabalho. Assim,
o trabalho realizado pela força elétrica no deslocamento de uma carga q de um ponto A
até um ponto B pode ser medido em função dos potenciais elétricos destes pontos.
Sabe-se que trabalho é igual à variação de energia potencial, ou seja,
WAB = E PA - E PB e que E PA = q ×VA e E PB = q ×VB . Então,

WAB = q × (VA -VB )

WAB = q ×VAB

onde, q é a carga elétrica (em C);


VAB é a tensão (ddp) (em V); e
WAB é o trabalho elétrico (em J).

Exemplo 1.5: Calcule o trabalho elétrico realizado pela força elétrica para transportar
uma carga de 6 mC de um ponto A até um ponto B, cujos potenciais são,
respectivamente, 60 V e 40 V.

Eletricidade I 16
Exemplo 1.6: Num campo elétrico, transporta-se uma carga de 2 mC de um ponto A até
um ponto B. O trabalho da força elétrica é de 6.10−5 J. Calcule:
a) a ddp entre os pontos A e B;
b) o potencial elétrico do ponto A, sabendo que o potencial de B é 10 V.

1.12.1. Instrumento de Medida

A tensão entre dois pontos de um circuito elétrico é medida através de um


instrumento chamado Voltímetro. A ligação do voltímetro é bastante simples, basta
conectá-lo entre os dois pontos que se deseja medir a tensão ou ddp. Na Figura 1.11,
apresenta-se o símbolo utilizado para o voltímetro.

Figura 1.11 Símbolo do Voltímetro.

1.13. Tipos de Tensão

A tensão elétrica pode ser classificada em dois tipos: tensão contínua e tensão
alternada.

a) Tensão Contínua: é aquela que apresenta sempre o mesmo valor (módulo) e mesma
polaridade com o transcorrer do tempo (Figura 1.12). É encontrada em pilhas e baterias.

0 t

Figura 1.12. Tensão contínua

Eletrostática 17
b) Tensão Alternada: é aquela que varia em intensidade (módulo) e que periodicamente
inverte a sua polaridade com o transcorrer do tempo (Figura 1.13). Podemos encontrar
tensão alternada nas tomadas residenciais. No caso do Brasil, esta inversão de
polaridade ocorre 60 vezes por segundo (a freqüência da rede elétrica é 60 Hz).

0 t

V

Figura 1.13. Tensão alternada

Eletricidade I 18
1.14. Exercícios

Nas questões de 1 a 4, assinale a afirmativa correta.

1. Duas chapas metálicas com cargas elétricas de sinais contrários, onde A tem carga
positiva e B tem carga negativa, são interligadas por um fio condutor. Através do fio,
deslocam-se:
a) prótons de B para A e elétrons de A para B.
b) prótons de A para B.
c) elétrons de B para A e prótons de A para B.
d) elétrons de B para A.

2. Atrita-se um bastão de vidro com um pano de lã, inicialmente neutros. Pode-se


afirmar que:
a) só a lã fica eletrizada.
b) só o bastão de vidro fica eletrizado.
c) o bastão e a lã se eletrizam com cargas de mesmo valor absoluto e sinais opostos.
d) o bastão e a lã se eletrizam com cargas de mesmo sinal.

3. Dispõe-se de quatro esferas metálicas P, Q, R e S. Sabe-se que P repele Q, que P


atrai R, que R repele S e que S está carregada positivamente. Pode-se dizer que:
a) P está carregada positivamente.
c) P e R têm cargas de mesmo sinal.
d) P repele S.
d) Q tem carga negativa.

4. Se aproximarmos um condutor carregado eletricamente com cargas negativas de um


condutor neutro, sem que haja contato, então:
a) o condutor neutro fica com carga total negativa e é repelido pelo condutor carregado.
b) o condutor neutro continua com carga total nula, mas não é atraído nem repelido
pelo condutor carregado.
c) o condutor neutro continua com carga total nula, mas é atraído pelo condutor
carregado.
d) o condutor neutro fica com carga total positiva e é atraído pelo condutor carregado.

Eletrostática 19
5. Uma carga elétrica positiva q é colocada, em repouso, dentro de um campo elétrico
criado por uma carga Q. Considerando os potenciais elétricos existentes nesse campo,
responda as questões abaixo.
a) Qual o sentido do movimento da carga q?
b) E se a carga q fosse negativa, qual seria o sentido do seu movimento?

6. Considerando que um elétron tem carga de 1,6.10-19 C, calcule quantos elétrons


devem ser retirados de um corpo para que ele adquira uma carga de 1C.

7. Um corpo apresenta-se eletrizado positivamente com carga Q = 32 μC. Pede-se:


a) informar se o corpo recebeu ou cedeu elétrons na eletrização, explicando sua resposta.
b) calcular o número de elétrons transferidos na eletrização.

8. Um corpo, inicialmente neutro, recebeu 300.1012 elétrons quando foi eletrizado.


Responda:
a) qual o valor da carga elétrica deste corpo?
b) o corpo, agora, está eletrizado positivamente ou negativamente?

9. Determine a intensidade da força de repulsão entre duas cargas iguais a 1 C que se


encontram no vácuo, distanciadas em 1 m.

10. Sabendo-se que a força peso é dada por P = m×g, onde m é a massa do corpo e a
aceleração da gravidade (g) é aproximadamente 10 m/s², calcule quantas pessoas de
massa igual a 90 kg são necessárias para que se obtenha uma força peso igual à força
elétrica calculada no exercício anterior?

11. Duas cargas elétricas positivas e puntiformes, das quais uma é o triplo da outra,
repelem-se com força de intensidade 2,7 N no vácuo, quando a distância entre elas é de
10 cm. Determine a menor das cargas.

12. Duas cargas elétricas puntiformes positivas, Q1 = 80 nC e Q2 = 20 nC, estão no


vácuo. Pede-se:
a) calcular a distância em que as mesmas devem ser colocadas para que a força elétrica
entre elas tenha intensidade 40 mN;

Eletricidade I 20
b) informar se a força elétrica é de atração ou de repulsão, justificando sua resposta.

13. Num ponto do campo elétrico originado por uma carga positiva, o campo elétrico
tem intensidade de 105 N/C. Coloca-se neste ponto, uma carga puntiforme negativa de
2 mC. Determine a intensidade da força, em módulo, que atua na carga e se ela é de
atração ou de repulsão.

14. Calcule o campo elétrico criado por uma carga Q = 80 mC, que está no vácuo, em
um ponto situado a uma distância de 150 cm desta.

15. O módulo do vetor campo elétrico produzido por uma carga elétrica puntiforme em
um ponto P é igual a E. Dobrando-se a distância entre a carga e o ponto P, qual o
módulo do vetor campo elétrico neste novo ponto.

16. Calcule o potencial elétrico de um campo elétrico no vácuo em um ponto distante de


3 m da carga Q = 80 mC criadora deste campo.

17. Considerando o exercício anterior, qual a energia potencial elétrica que uma carga
q = 10 mC irá adquirir quando colocada neste ponto?

18. Explique o que é tensão elétrica. Cite sua unidade.

19. Calcule a energia necessária para uma bateria automotiva de 12 V transportar


12,5.1018 elétrons do terminal negativo ao terminal positivo.

20. Em um campo elétrico criado por uma carga Q, observa-se que no ponto A temos
VA = 100 V e no ponto B, VB = 40 V. Uma carga positiva q = 2.10-8 C é colocada
dentro deste campo. Calcule o valor do trabalho elétrico realizado pelo campo elétrico
para deslocar a carga elétrica q do ponto A até o ponto B.

Eletrostática 21
Eletricidade I 22
Capítulo 2

ELETRODINÂMICA

2.1. Corrente Elétrica

A corrente elétrica é o movimento de partículas carregadas em uma direção


específica. A partícula carregada pode ser um elétron, um cátion ou um ânion e é,
muitas vezes, referida como portador de corrente. O movimento da partícula pode ser
através de um sólido, um gás, um líquido ou o vácuo. Em um sólido, como um fio de
cobre, o portador de corrente é o elétron. Os íons no fio de cobre e em outros sólidos são
mantidos rigidamente no local pela estrutura atômica (cristalina) do material. Portanto,
os íons não podem ser portadores de corrente em materiais sólidos. Entretanto, nos
líquidos e nos gases, os íons estão livres para se movimentar pela região vizinha e
tornarem-se portadores de corrente.
Em se tratando de Eletricidade, foi visto que a tensão (ddp) é a grandeza
responsável pela circulação de corrente em meios condutores. A ddp exerce uma força
elétrica sobre os portadores de corrente, fazendo com que estes entrem em movimento e,
assim, estabelecendo a circulação de corrente. A Eletrodinâmica é o ramo da
Eletricidade que estuda os fenômenos que ocorrem com as cargas elétricas em
movimento.
O símbolo de corrente elétrica é I e a unidade, no SI, é o Ampère (A). O símbolo I
foi escolhido porque, primitivamente, os cientistas falavam em intensidade da corrente
elétrica em um fio.

23
2.2. Sentidos da Corrente Elétrica

O sentido da corrente elétrica é determinado pelo sinal do portador de corrente que


é utilizado na análise do circuito. É importante salientar que este sentido é apenas uma
referência para a análise elétrica do circuito, não tendo ligação alguma com o sentido
correto do movimento dos portadores de corrente no condutor em questão.
Os sentidos da corrente elétrica podem ser:

a) Sentido eletrônico ou real: analisa o movimento das cargas elétricas negativas,


ou seja, os portadores de corrente se movimentam para pontos de maior potencial.

b) Sentido convencional: analisa o movimento das cargas elétricas positivas, ou


seja, os portadores de corrente se movimentam para pontos de menor potencial.

2.3. Corrente Contínua e Corrente Alternada

Sabendo que a responsável pelo estabelecimento de uma corrente elétrica é a


tensão, dependendo do tipo de tensão, tem-se um determinado tipo de corrente. Por
exemplo, a corrente que circula através de uma lâmpada conectada a pilhas ou a uma
bateria é uma corrente contínua. Por outro lado, a corrente que circula através de uma
lâmpada conectada a uma tomada elétrica residencial é uma corrente alternada.

i
i
I
I

0 t

0 t
I

(a) Contínua (b) Alternada


Figura 2.1. Tipos de corrente.

Eletricidade I 24
2.4. Efeitos da Corrente Elétrica

A corrente elétrica ao circular por meios condutores pode provocar vários efeitos.
Alguns são bem conhecidos, outros nem tanto. A seguir, são analisados os principais
efeitos da corrente elétrica.

a) Efeito Térmico: também conhecido pelo nome de Efeito Joule, é a


transformação de energia elétrica em calor. A corrente elétrica ao circular provoca um
aquecimento do meio condutor. Este efeito ocorre sempre que a corrente circula e pode,
em alguns casos, ser utilizado para fins práticos. Por exemplo, os chuveiros, as lâmpadas
incandescentes, os ferros de passar roupa funcionam por efeito Joule.

b) Efeito Magnético: a corrente elétrica ao circular por um meio condutor gera ao


seu redor um campo magnético. Este campo magnético pode ser utilizado para produzir
o surgimento de uma força mecânica. Como exemplo, temos o torque nos motores
elétricos produzido por esta força.

c) Efeito Luminoso: é o efeito pelo qual a corrente elétrica ao circular por meios
gasosos provoca o surgimento de luz. Este efeito é muito utilizado em lâmpadas gasosas
como, por exemplo, lâmpadas de vapor de mercúrio, lâmpadas de vapor de sódio,
lâmpadas neon, etc.

d) Efeito Químico: a aplicação de uma tensão em um meio líquido pode provocar a


dissociação dos íons que o constituem, gerando uma circulação de corrente elétrica. Este
efeito é muito utilizado nos processos de galvanização em geral (cromagem, zincagem,
banhos de ouro e de prata, etc).

e) Efeito Fisiológico: é o efeito que surge quando uma corrente elétrica circula
através de um organismo vivo. A corrente elétrica ao circular através de um músculo
provoca uma rápida e forte contração deste. É também conhecido como choque elétrico.
O maior músculo do corpo humano é o coração. Portanto, se uma corrente provoca
neste uma contração muito violenta, pode levar à morte. Em condições normais, o valor
máximo de corrente que um ser vivo suporta sem sofrer prejuízos é de, em média, 25
mA.

Eletrodinâmica 25
2.5. Cálculo da Intensidade da Corrente Elétrica

Fisicamente, a corrente elétrica relaciona a quantidade de carga elétrica que passa


através da seção transversal de um condutor e o tempo decorrido nesta movimentação.
Matematicamente, esta relação pode ser expressa como

Dq
I =
Dt

onde, ∆q é a quantidade de carga elétrica que circula através da seção transversal do


condutor; e
∆t é o intervalo de tempo decorrido (em segundos).

Exemplo 2.1: Uma carga elétrica de 960 mC atravessa a seção transversal de um fio
condutor em um tempo de 30 s. Calcule a intensidade da corrente elétrica que percorreu
este fio.

Exemplo 2.2: Uma corrente elétrica de 200 mA percorreu um condutor sólido em um


intervalo de tempo de 2 s. Calcule a quantidade de elétrons que atravessaram a seção
transversal deste condutor.

2.6. Instrumento de Medida

A corrente elétrica de um circuito elétrico é medida através de um instrumento


chamado Amperímetro. Para ligar o amperímetro, deve-se seccionar o circuito no ponto
em que se quer conhecer a corrente e ali inseri-lo. Na Figura 2.2, apresenta-se o símbolo
utilizado para este instrumento.

Figura 2.2. Símbolo do Amperímetro.

Eletricidade I 26
2.7. Resistência Elétrica

A oposição que um material oferece à circulação de corrente é chamada resistência


elétrica. O símbolo utilizado para a resistência é a letra R. No Sistema Internacional de
unidades, a unidade de resistência elétrica é o Ohm (W).
Todos os materiais oferecem alguma resistência à passagem da corrente. Alguns
mais, outros menos. Por isso, os materiais podem ser classificados em:

Condutores: oferecem resistência muito baixa à passagem da corrente elétrica. Em


geral, estes elementos possuem três ou menos elétrons na camada de valência. Como
exemplo, tem-se o cobre (1), a prata (1), o ferro (2), o alumínio (3), etc. Entre esses
elementos existe uma grande variação na capacidade de conduzir a corrente elétrica. Por
exemplo, o ferro tem, aproximadamente, cinco vezes mais resistência do que o cobre,
todavia, ambos são considerados condutores. Embora a prata seja ligeiramente melhor
condutora do que o cobre, ela é muito mais cara. O alumínio não é um condutor tão
bom quanto o cobre, entretanto é mais barato e mais leve. A supercondutividade é a
condição na qual um material não tem resistência elétrica.

Isolantes: são materiais que oferecem uma alta resistência à corrente. Em termos
práticos, considera-se como isolante aquele material que não permite que a corrente
elétrica circule através de si. Os materiais mais comumente empregados em eletricidade
são papel, madeira, vidro, plástico, borracha e mica. Normalmente, os materiais
isolantes não são elementos puros, mas materiais nos quais dois ou mais elementos são
compostos para formar uma nova substância. Neste processo, os elementos partilham
seus elétrons de valência (ligação covalente). Na natureza, não existe um material
isolante perfeito.

Semicondutores: possuem resistência intermediária entre os condutores e os


isolantes. Possuem quatro elétrons de valência. Os materiais semicondutores mais
conhecidos são germânio e silício. Os materiais semicondutores são muito utilizados em
processos industriais para a fabricação de componentes eletrônicos, tais como diodos,
transistores, circuitos integrados, etc.

Eletrodinâmica 27
2.8. Cálculo da Resistência Elétrica

A resistência elétrica de um condutor depende de três coisas: do comprimento e da


área da seção transversal do condutor e do tipo de material de que ele é constituído.
Com isso, tem-se que a resistência de um condutor é função, basicamente, das dimensões
e do tipo de material que o constitui.
Em termos de dimensão, tem-se que quanto maior o comprimento, maior será a
resistência do condutor. Quanto maior a área da seção transversal, menor será a
resistência elétrica. Portanto, pode-se escrever que

1 l
R µl Rµ Þ Rµ
A A

A constante de proporcionalidade para transformar a proporção acima em


igualdade é a resistividade do material. Esta propriedade traduz de que forma o tipo de
material influi no valor da resistência elétrica do condutor. O símbolo de resistividade
(também conhecida como resistência específica) é a letra grega rô (r). Portanto a
expressão anterior pode ser escrita como

r ×l
R=
A

Na equação acima, isolando-se a resistividade obtém-se

R×A
r=
l

portanto, em termos de unidades resulta

u(R) × u(A) W × m 2
u(r) = = = Wm
u(l ) m

Por outro lado, variações de temperatura podem provocar variação na resistência


elétrica dos condutores. Este fator de variação é conhecido como coeficiente de
temperatura da resistência e cada material tem seu próprio coeficiente. O símbolo é a

Eletricidade I 28
letra grega alfa (a) e a sua unidade é o °C−1.
Nem todos os materiais se comportam de forma semelhante com variações de
temperatura. Por exemplo, o carbono tem um coeficiente de temperatura negativo. Isto
significa que se a temperatura aumenta, a sua resistência diminui. Já a maioria dos
metais apresenta um coeficiente de temperatura positivo (a resistência elétrica aumenta
com aumentos de temperatura). Finalmente, existem materiais que, praticamente, não
variam a sua resistência com a variação da temperatura. Em geral, são ligas metálicas,
como por exemplo, o constantan (55% Cu + 45% Ni).
Matematicamente, a relação entre a resistividade e a temperatura pode ser
expressa como

r = r0 (1 + a × DT )

onde, r e r0 são as resistividades, respectivamente, nas temperaturas T e T0; e


∆T é a variação de temperatura, ou seja, ∆T = T  T0.

A Tabela 2.1 apresenta alguns materiais e os seus respectivos valores de


resistividade e coeficiente de temperatura.

Tabela 2.1. Valores típicos de resistividade e de coeficiente de temperatura de alguns materiais.

Material r (Wm) a 20°C a (°C−1)


Prata 1,6.10−8 0,0038
Cobre 1,7.10−8 0,0040
−8
Alumínio 2,8.10 0,0039
Condutores Tungstênio 5,0.10−8 0,0048
−8
Latão 8,6.10 0,0015
Constantan 50.10−8 0
−8
Níquel-cromo 110.10 0,0017
−8
Semicondutores Carbono/grafite 4.000 a 8000.10 −0,0002 a −0,0008
3
Água pura 2,5.10
Vidro 1010 a 1013
Porcelana 3,0.1012
Isolantes Mica 1013 a 1015
Baquelite 2,0.1014
Borracha 1015 a 1016
Âmbar 1016 a 1017

Eletrodinâmica 29
Exemplo 2.3: Calcule a resistência elétrica de um condutor de 8 m de comprimento que
possui uma área de seção transversal igual a 3,2 mm2. O condutor é feito de prata.

Exemplo 2.4: Considere o mesmo exemplo anterior só que, agora, o condutor de prata é
substituído por um condutor de níquel-cromo (utilizado em chuveiros elétricos).

Exemplo 2.5: A seção transversal de um fio condutor possui um diâmetro de 0,4 mm.
Sabendo que este fio possui uma resistência elétrica de 0,108 W e é feito de cobre, calcule
o seu comprimento.

2.9. Instrumento de Medida

A resistência elétrica de um circuito elétrico é medida através de um instrumento


chamado Ohmímetro. Existem aparelhos denominados multímetros que podem funcionar
como voltímetros, amperímetros e também como ohmímetros. Na Figura 2.3, apresenta-
se o símbolo utilizado para este instrumento.

Figura 2.3. Símbolo do Ohmímetro.

2.10. Lei de Ohm

Georg Simon Ohm foi um físico alemão que muito contribuiu para o progresso das
pesquisas no ramo de eletricidade. Deve-se a ele o estabelecimento da relação entre as
grandezas tensão, corrente e resistência elétrica em um circuito. Após várias
experiências, medindo tensões e correntes em diferentes condutores, verificou que, para
muitos materiais, a relação entre a tensão e corrente mantinha-se constante, sendo,
portanto, uma característica do condutor. Assim, Ohm enunciou sua lei “O quociente
entre a tensão nos terminais de um resistor e a intensidade de corrente que o atravessa é
igual à resistência elétrica do resistor”.
Matematicamente, as relações entre estas grandezas podem ser expressas como

Eletricidade I 30
V V
R= I = V = R×I
I R

Da expressão da corrente, conclui-se que “a corrente elétrica é diretamente


proporcional à tensão e inversamente proporcional à resistência elétrica”.

Exemplo 2.6: Uma minilâmpada de 12 V consome uma corrente elétrica de 80 mA.


Calcule a sua resistência elétrica.

Exemplo 2.7: Calcule a corrente da lâmpada do exemplo anterior, se ela fosse alimentada
por uma tensão de 9 V, considerando a resistência elétrica constante.

2.11. Potência e Energia Elétrica

Em Física, a grandeza potência se refere a quão rapidamente a energia é usada ou


convertida em outra forma de energia. Desde que a energia é a capacidade em realizar
trabalho, pode-se dizer que a potência está relacionada com a rapidez na realização do
trabalho. O símbolo utilizado para a potência elétrica é P e a sua unidade, no SI, é o
Watt (W).
Matematicamente, escreve-se

WAB
P=
t

onde, WAB é a quantidade de trabalho elétrico realizada; e


∆t é o intervalo de tempo em que o trabalho foi realizado.

Por outro lado, lembrando da definição de ddp, pode-se escrever que

WAB
V = ® WAB = V × q
q

que substituindo na equação da potência elétrica, resulta em

Eletrodinâmica 31
V ×q
P=
t

Mas, I = q / Dt. Então,

P =V × I

Na vida diária, nas residências, têm-se vários equipamentos elétricos que são
responsáveis pelo consumo de potência elétrica. Por este motivo, as companhias de
eletricidade poderiam ser chamadas “companhias de potência”. Contudo, quando se
paga a conta de eletricidade no final do mês, paga-se o consumo de energia elétrica ao
invés do consumo de potência elétrica. Para as companhias concessionárias de energia
elétrica interessa mais o consumo da energia elétrica do que a rapidez com que houve
este consumo de energia. Como a energia é a capacidade de realizar trabalho, pode-se
reescrever a equação de potência como

E = P × t

onde, E é a energia elétrica consumida.

Sabe-se que, no SI, a unidade de energia é o Joule (J). Entretanto, as


concessionárias de energia elétrica utilizam outra unidade para a energia.

u(E ) = u(P ) × u(t ) = kW × h = kWh

Esta unidade recebe o nome de “quilowatt-hora”. Tanto o kWh como o Joule são
unidades de energia elétrica, portanto, eles possuem uma relação entre si, que é

1 kWh = 1 kW × 1 h = 1.103 W ´ 3600 s = 3,6.106 W×s = 3,6.106 J

Eletricidade I 32
2.12. Instrumento de Medida

O wattímetro é um instrumento que permite medir a potência elétrica fornecida ou


dissipada por um elemento. Ele implementa o produto das grandezas tensão e corrente
elétrica no elemento, razão pela qual a sua ligação ao circuito é feita simultaneamente
como a de um voltímetro e de um amperímetro. Assim, dois dos terminais são ligados
entre os dois pontos do elemento, efetuando a medição da tensão, e os dois restantes são
interpostos no caminho da corrente, medindo o valor da corrente elétrica.

2.13. Efeito Joule em Resistores

Observa-se que uma corrente elétrica ao atravessar um meio condutor produz um


aquecimento deste meio. Isto se deve ao choque dos elétrons livres com os átomos do
material. Este efeito pode ser utilizado na prática, fazendo uma corrente elétrica circular
através de um resistor para produzir-se deliberadamente um aquecimento.
O efeito Joule é a transformação de energia elétrica em calor (energia térmica) e
também pode ser avaliado em termos de potência elétrica. Sabe-se que P = V × I. Por
outro lado, da expressão matemática da Lei de Ohm, tem-se que V = R × I e que
I = V / R. Substituindo na equação da potência elétrica, obtém-se

V2
P = R×I2 e P=
R

2.13.1. Aplicações práticas do efeito Joule

 Chuveiro elétrico: a corrente passando através da resistência do chuveiro gera calor


que aquece a água para o banho;
 Ferro elétrico;
 Fusível: são constituídos de um pedaço de fio que apresenta baixo ponto de fusão
(chumbo, estanho, etc). O fusível protege um circuito contra correntes de valor
elevado (curto-circuitos). Quando uma corrente elevada circula pelo fusível, gera-se
calor por efeito Joule que funde o fusível, que se rompe, interrompendo a circulação
de corrente elétrica;

Eletrodinâmica 33
 Lâmpada incandescente.

Exemplo 2.8: Um ferro elétrico de passar roupa é percorrido por uma corrente de 4 A
quando ligado a uma rede elétrica de 220 V. Calcule a potência elétrica dissipada por
ele.

Exemplo 2.9: Um aparelho elétrico instalado em uma indústria possui uma resistência de
125 W. Sabendo que ele dissipa uma potência de 500 W, determine:
a) o valor da corrente elétrica que o percorre;
b) o valor da tensão na qual o aparelho está ligado.

Exemplo 2.10: Um chuveiro elétrico em um clube fica ligado, em média, 1,5 h por dia.
Sabe-se que a potência deste chuveiro é de 6.000 W. Calcule:
a) o consumo mensal de energia elétrica em kWh e em Joules (considere o mês com 30
dias);
b) o valor deste consumo, se 1 kWh custa R$ 0,60.

2.14. Resistores

O elemento de um circuito elétrico cuja uma das funções é efetuar a conversão de


energia elétrica em energia térmica recebe o nome de resistor. Este nome se dá devido
ao fato deste componente introduzir uma resistência elétrica no circuito, uma vez que
ele se opõem à passagem de corrente elétrica.
Os resistores podem ser classificados em dois tipos: fixos e variáveis. Os resistores
fixos são aqueles cujo valor de resistência não pode ser alterada; enquanto que os
variáveis têm a sua resistência modificada dentro de um faixa de valores através da ação
de um cursor móvel.
Os resistores fixos são comumente especificados por três parâmetros: o valor
nominal da resistência elétrica; a tolerância, ou seja, a máxima variação em
porcentagem do valor nominal; e a máxima potência elétrica que ele pode dissipar.
Dentre os resistores fixos destacam-se os de fio, os de filme de carbono e os de filme
metálico. A simbologia utilizada para os resistores está mostrada na Figura 2.4.

Eletricidade I 34
R

Figura 2.4. Simbologia para os resistores fixos.

2.14.1. Resistor de Fio

Consiste basicamente em um tubo cerâmico que serve de suporte para enrolarmos


um determinado comprimento de fio ou de liga especial para se obter o valor de
resistência desejado. Os terminais desse fio são conectados às braçadeiras presas ao tubo.
Além desse, existem outros tipos construtivos, conforme mostra a Figura 2.5.

Figura 2.5. Resistores de fio.

Os resistores de fio são encontrados com valores de resistência de alguns ohms até
alguns quilo-ohms e são aplicados onde se exige altos valores de potência (acima de
5 W), sendo suas especificações impressas no próprio corpo.

2.14.2. Resistor de Filme de Carbono

Consiste em um cilindro de porcelana recoberto por um filme (película) de


carbono. O valor da resistência é obtido mediante a formação de um sulco,
transformando a película em uma fita helicoidal. Esse valor pode variar conforme a
espessura do filme ou a largura da fita. Como revestimento, encontra-se uma resina
protetora sobre a qual será impresso um código de cores, identificando seu valor nominal
e tolerância (Figura 2.6).
Os resistores de filme de carbono são destinados ao uso geral e suas dimensões
físicas determinam a máxima potência que pode dissipar.

Eletrodinâmica 35
Figura 2.6. Resistor de filme de carbono.

2.14.3. Resistor de Filme Metálico

Sua estrutura é idêntica ao de filme de carbono, sendo que se utiliza uma liga
metálica (níquel-cromo) para formarmos a película, obtendo-se, assim, valores mais
precisos de resistência e com tolerâncias de 1% e 2%.

2.14.4. Código de Cores

O código de cores é utilizado para identificar os valores de resistência elétrica


nominais dos resistores de filme (película). O código está representado na Figura 2.7 e
descrito na Tabela 2.2.

Figura 2.7. Código de cores para resistores de película.

Tabela 2.2. Código de cores para resistores de película.

Cor 1º algarismo (A) 2º algarismo (B) Multiplicador (C) Tolerância (D)


Preto 0 ×1
Marrom 1 1 × 10 ± 1%
Vermelho 2 2 × 102 ± 2%
Laranja 3 3 × 10 3

Amarelo 4 4 × 104
Verde 5 5 × 105
Azul 6 6 × 106
Violeta 7 7
Cinza 8 8
Branco 9 9
Ouro × 10−1 ± 5%
−2
Prata × 10 ± 10%

Eletricidade I 36
Observações:
1. A ausência da faixa de tolerância indica que esta é de 20%.
2. Para os resistores de precisão encontram-se cinco faixas, onde as três primeiras
representam o primeiro, o segundo e o terceiro algarismos significativos e as demais,
respectivamente, multiplicador e tolerância.

A Tabela 2.3 apresenta os valores padronizados para resistores de película.

Tabela 2.3. Valores padronizados para resistores de película.

A seguir, são mostrados alguns exemplos de leitura, utilizando o código de cores.

Exemplo 1: R = 47.102 W ± 5% = 4,7 kW ± 5%

Exemplo 2: R = 10 ´ 1 W ± 10% = 10 W ± 10%

Exemplo 3: R = 22.101 W ± 5% = 2,2 W ± 5%

Exemplo 4: R = 56.105 W ± 5% = 5,6 MW ± 5%

Eletrodinâmica 37
Exemplo 5: R = 348 ´ 1 W ± 1% = 348 W ± 1%

Eletricidade I 38
2.15. Exercícios

1. O que é corrente elétrica? Qual a sua unidade?

2. Diferencie corrente contínua de corrente alternada.

3. A cada 64 ms, uma carga de 0,16 C atravessa a seção reta de um condutor.


Determine a corrente em Ampères.

4. Determine o tempo necessário para que 4.1016 elétrons atravessem a seção reta de um
condutor, se a corrente for 5 mA.

5. Numere a segunda coluna de acordo com a primeira.


(1) Condutores ( ) 1, 2 ou 3 elétrons de valência
(2) Isolantes ( ) cobre
(3) Semicondutores ( ) alumínio
( ) alta resistência elétrica
( ) 4 elétrons de valência
( ) silício
( ) borracha
( ) baixa resistência elétrica

6. Diferencie resistência elétrica de resistividade.

7. Calcule a resistência de um fio de alumínio (r = 2,8.10-8 Wm a 20°C) com


comprimento de 1 km e diâmetro de 1,63 mm.

8. Calcule a resistividade do alumínio a uma temperatura de 60°C. Dado:


a = 0,0039°C1.

9. Qual é a resistividade da platina a 20°C se um cubo com 1 cm de lado tem resistência


de 10 mW entre as faces opostas?

Eletrodinâmica 39
10. Um resistor de fio é feito com constantan (r = 50.108 Wm) com 0,2 mm de diâmetro
enrolado em torno de um cilindro cerâmico com 1 cm de diâmetro. Quantas espiras do
fio são necessárias para obter-se uma resistência de 50 W a 20°C?

11. Quando 120 V são aplicados numa determinada lâmpada, a corrente absorvida é
0,5 A. Qual é a resistência da lâmpada?

12. Certo condutor é percorrido por uma corrente de 10 mA durante 10 minutos quando
ligado entre dois potenciais. Sabendo que é realizado um trabalho elétrico de 600 J e que
o potencial VA = 210 V, calcule o potencial elétrico VB.

13. Quando não tem um fogão para aquecer a água do chimarrão, o gaúcho usa um
aparato chamado popularmente de “rabo quente”. Calcule a corrente absorvida por um
rabo quente considerando que ele tem uma resistência de 50 W e está ligado numa
tomada de 220 V.

14. Uma torradeira elétrica tem resistência de 8,53 W e absorve 12,9 A. Calcule a tensão
aplicada.

15. Calcule a resistência de um chuveiro elétrico que consome 20 A de uma fonte de


220V.

16. Uma lâmpada de lanterna tem uma resistência de 12 W. Qual a corrente que flui pela
lâmpada se a bateria fornece uma tensão de 6 V?

17. Uma corrente de 1 A deve ser mantida para o funcionamento dos faróis de um
veículo. Sabendo que os faróis apresentam resistência de 12 W, pergunta-se:
a) qual a tensão que deve ser aplicada nos terminas da lâmpada para resultar a corrente
desejada?
b) qual a corrente nominal do fusível de proteção dos faróis?

18. Aplicando uma tensão de 12 V a uma lâmpada de lanterna, ocorre a circulação de


uma corrente de 1 A. Qual é a resistência da lâmpada?

Eletricidade I 40
19. Uma lâmpada incandescente tem as seguintes especificações: 120 V / 60 W. Calcule:
a) a corrente nominal desta lâmpada;
b) a energia consumida (em kWh) em 5 horas de funcionamento.

20. Uma estufa tem as seguintes especificações: 110 V / 2000 W. Calcule:


a) a resistência elétrica da estufa;
b) a energia elétrica consumida em 2 minutos de funcionamento.

21. Preocupado com o custo da energia elétrica, o proprietário de uma residência anotou
a potência de alguns aparelhos e o tempo de funcionamento durante o período de um
mês, resultando na tabela abaixo.

Aparelho Potência Elétrica Tempo


Chuveiro 5400 W 13 horas
Ferro de passar 750 W 24 horas
Estufa 900 W 15 horas

Sabendo que o preço do kWh é R$ 0,65 e desconsiderando qualquer imposto, calcule o


custo da energia durante o mês para a alimentação destes aparelhos.

22. Um fio de cobre é percorrido por uma corrente elétrica devido a uma tensão de
220 V existente em seus extremos. A corrente circula durante 10 s e o trabalho elétrico
realizado é de 5,5 J. Determine a corrente que percorre o condutor. Apresente a resposta
utilizando o prefixo mili.

23. Explique qual é a diferença entre resistor e resistência elétrica.

24. As especificações de um resistor são 1 kW / 1,6 W. Calcule a máxima tensão que


pode ser aplicada ao resistor.

25. Em um chuveiro, existem duas posições: verão e inverno. Explique o que ocorre
internamente quando se muda de uma posição para outra.

Eletrodinâmica 41
26. A resistência de um chuveiro elétrico tem um comprimento L. Cortando-se um
pedaço desta resistência, de modo a reduzi-la à metade do comprimento inicial, o que
acontecerá com a potência dissipada pelo chuveiro? Considere que a tensão aplicada
permanece constante.

27. Qual é a relação entre as resistências de dois ferros de passar roupa que têm a
mesma potência, porém, um é para 220 V e o outro é para 110 V?

Eletricidade I 42
Anexo A

RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS

Capítulo 1
1. Alternativa “d”
2. Alternativa “c”
3. Alternativa “d”
4. Alternativa “c”
5. Dos potenciais maiores para os potenciais menores.
Dos potenciais menores para os potenciais maiores.
6. n = 6,25.1018 elétrons
7. a) Cedeu elétrons
b) n = 200.1012 elétrons
8. a) Q = 48 mC
b) Negativamente
9. F = 9.109 N
10. 10 milhões de pessoas
11. q = 1 mC
12. a) d = 60 cm
b) Repulsão
13. F = 200 mN; Atração
14. E = 320 kN/C
15. E/4
16. V = 240 kV
17. EP = 2,4 J
19. E = 24 J
20. WAB = 1,2 mJ

43
Capítulo 2
3. I = 2,5 A
4. t = 1,28 s
7. R = 13,4 W
8. r = 3,24.10-8 Wm
9. r = 100.10-9 Wm
10. 100 espiras
11. R = 240 W
12. VB = 110 V
13. I = 4,4 A
14. V = 110 V
15. R = 11 W
16. I = 500 mA
17. a) V = 12 V
b) 1 A
18. R = 12 W
19. a) I = 500 mA
b) E = 0,3 kWh
20. a) R = 6,05 W
b) E = 240 kJ
21. R$ 66,11
22. I = 2,5 mA
24. Vmax = 40 V
26. Aumentará 2 vezes
27. R220V = 4 R110V

Eletricidade I 44

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