Pós 25 Abril

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Após a descompressão da população devido à liberdade conquistada e bem sustentada nas

manifestações do 1º de maio de 1974, os anos que se seguiram foram conturbados, resultado


das grandes tensões político-ideológicas que dividiam o país e das diferentes perspetivas de
democracia que se apresentavam.

O período Spínola ou spinolismo

- Portugal fervilhava em manifestações populares em torno de reivindicações salariais, sociais


(habitação, saúde e educação), políticas e culturais. Esta situação leva á demissão de Palma
Carlos e assim, ao fim do I Governo provisório. É a primeira derrota de Spínola que ficava mais
isolado em relação ao crescimento da esquerda em Portugal. Spínola defendia a adoção de
uma política federalista para a resolução da questão colonial e atrasar ao máximo o processo
de independência imediata preconizada pelo MFA que se radicalizava à esquerda.

Gonçalvismo – período compreendido entre julho de 1974 e setembro de 1975 e que se


caracteriza por uma aproximação do modelo soviético sob o ponto de vista político e
económico. Desenvolveu-se em quatro governos provisórios.

II Governo Provisório (18/07 a 30/09/1974) – foi promovida a independência imediata das


colónias após a assinatura da Lei 7/74 por parte do Presidente da República. Este tenta
reforçar o seu poder através de uma manifestação de apoio da “maioria silenciosa” (setores da
sociedade mais conservadores e defensores da democracia), todavia sem êxito o que obriga
António de Spínola a demitir-se a 30 de setembro. Este foi substituído por Costa Gomes que se
identificava mais com a fórmula política defendida pelo MFA.

 Golpe de 11 de março de 1975 – as forças apoiantes de Spínola, com o apoio da direita


conservadora tentam um golpe de Estado de modo a travar a onda reivindicativa e o
rumo que a Revolução estava a levar. Acusavam o governo provisório de estar a ser
controlado pelo PC, pela extrema-esquerda e pelos setores mais radicais do MFA O
golpe falhou, tendo Spínola procurado exílio em Espanha.
 Dissolução da Junta de Salvação Nacional e do Conselho de Estado que é substituído
pelo Conselho da Revolução. Este conselho vai ter amplos poderes institucionais
 25/04/1975 – Eleições livres para a Assembleia Constituinte, com uma afluência às
urnas que se situou no 91,7%. Resultado destas eleições dando a vitória ao PS (37,9%)
seguindo PPD (26,4%), tendo o PC, apenas 12,5% dos votos.
 A esquerda continuava a impor-se na sociedade portuguesa que, com a ajuda do
COPCON chefiado por Otelo levava a cabo uma série de ocupações de terras, fábricas,
casas devolutas e saneando pessoas ligadas ao regime deposto. Fazia eleger comissões
de trabalhadores e de moradores – PODER POPULAR, o poder do povo que resolvesse
os seus problemas imediatos e que promovesse uma verdadeira revolução social.
Tudo parecia encaminhar Portugal para a adoção de um modelo coletivista sob a
égide do MFA.
 PREC (Processo revolucionário em Curso) – radicalização das posições políticas quer à
esquerda, quer à direita - possibilidade de uma guerra civil.
 Verão Quente de 75 – a oposição entre as forças políticas atinge o rubro, expressando-
se em gigantescas manifestações de rua, assaltos a sedes partidárias e a proliferação
de organizações armadas quer à direita, quer à esquerda. É neste clima de verdadeira
tensão que um grupo de oficiais do Conselho da Revolução, encabeçados pelo Major
Melo Antunes produz o Documento dos Nove.
 Documento dos Nove - este documento critica abertamente os setores mais radicais
do MFA promovendo uma prática política isenta da influência dos partidos políticos.
Este documento declina a adoção do modelo soviético (democracia popular) e da
social democracia, propondo a organização de uma democracia política baseada no
modelo socialista.
 Neste contexto, verifica-se a destituição de Vasco Gonçalves pondo fim ao V Governo
Provisório, iniciando-se o VI Governo Provisório, chefiado por Pinheiro de Azevedo
até julho de 1976.
 Otelo saraiva de Carvalho é substituído no comando da região militar de Lisboa, por
Vasco Lourenço.
 Golpe Militar de 25 de novembro – golpe encabeçado pelos paraquedistas de Tancos
em defesa de Otelo e do processo revolucionário. Como o golpe falhou, falham
igualmente as tentativas da esquerda revolucionária tomar o poder e fica aberto o
caminho para a implantação da democracia liberal.

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