Bases Da Comunicação Empresarial

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Danielle Guglieri Lima

Bases da comunicação empresarial.


Da linguística à gramática.

2009
Agradeço,

A Deus,
por mais esta realização;

À minha família,
minha fonte de energia;

Dedico,

A todos os colegas de trabalho;


Aos que já foram meus alunos; e,
A João Fernandes Lima, in memoriam.

2
Sumário
Apresentação

1.0 Fundamentos da linguística


1.1 Linguagem, pensamento e cultura
1.2 Os níveis de linguagem
1.3 A interação verbal
1.4 Os elementos de comunicação
1.5 As funções da linguagem
1.5.1 Funções sociais da linguagem
1.5.2 A efetividade da comunicação

2.0 Tipos de leituras


2.1 Leitura informativa seletiva
2.2 Leitura informativa crítica
2.3 Leitura interpretativa
2.4 Níveis de leitura
2.5 Estratégias de compreensão do texto

3.0 Tipos de texto


3.1 Narração
3.2 Descrição
3.3 Dissertação expositiva
3.4 Dissertação argumentativa
3.5 Redação científica
3.5.1 Citações
3.5.2 Referências bibliográficas
3.5.3 Técnicas de organização da escrita científica
3.6 Textos oficiais
3.6.1 Ofício
3.6.2 Memorando
3.6.3 Carta
3.6.4 Requerimento/Solicitação

4.0 Uso da internet e a contribuição do e-mail


4.1 Estrutura do e-mail
4.2 Técnicas de construção

5.0 Noções de Fonologia e fonética


5.1 Ortografia
5.2 Acentuação

3
6.0 As classes gramaticais
6.1 Substantivo
6.2 Artigo
6.3 Adjetivo
6.4 Verbo
6.5 Advérbio
6.6 Pronome
6.7 Numeral
6.8 Preposição
6.9 Conjunção
6.10 Interjeição

7.0 Frase, oração e período


7.1 O período simples
7.1.1 Termos essenciais da oração: sujeito
7.1.2 Termos essenciais da oração: predicado
7.1.3 Termos integrantes
7.1.4 Termos acessórios
7.2 O período composto por coordenação
7.3 O período composto por subordinação

8.0 Noções de regência e concordância


8.1 Regência
8.2 Concordância

9.0 Alguns problemas com a norma culta

Conclusão

4
Apresentação

5
Introdução

Saber se comunicar, muitas vezes acarreta problemas para as pessoas, por


acharem que a comunicação eficiente é algo longínquo. Isto é um erro, pois a boa
comunicação, tanto na oralidade quanto na escrita é, ou deveria ser, acessível a todas as
pessoas com boa vontade e orientação linguística adequada, visto que todos nós falamos,
ouvimos, lemos e escrevemos durante toda a vida a Língua Portuguesa.
Este livro é o resultado de anos de observação em sala de aula e de pesquisas
acadêmicas e se constitui de duas partes: a primeira, que explora os conceitos linguísticos
mais atuais, relativos à linguagem no sentido mais amplo da palavra; a segunda, que
tratará dos conceitos de linguagem enquanto estrutura, ou seja, busca revisar os conceitos
gramaticais necessários para que se atinja uma eficaz postura comunicativa.
Tais conteúdos são trabalhados desta maneira devido ao fato de que todo o falante
nativo de uma língua já conhece a sua estrutura, precisa apenas adequá-la às diversas
possibilidades linguísticas aos objetivos que cada modalidade (falada/escrita) de
linguagem dispõe.
É fato de que o sentido e a estrutura de qualquer língua andam juntos, bem como
a interação entre os participantes de um evento comunicativo, seja este de qualquer
natureza linguística verbal ou não verbal.
Esta obra é recomendada a pessoas que queiram saber mais sobre novos conceitos
de linguagem, e serve como material de apoio para o aprendizado do português
instrumental, principalmente para os estudantes do curso de Administração de Empresas e
áreas afins, pois é um manual de fácil e consulta quanto aos aspectos mais diversos da
língua.

6
1.0 Fundamentos da linguística

A linguística é uma ciência pluridisciplinar que estuda as manifestações da


linguagem, e aqui, neste livro, o foco será um de seus ramos: a linguística textual, ou
seja, o estudo da linguagem por meio de textos ou eventos comunicativos. A linguística
textual teve seus estudos, nos moldes mais atuais, iniciados, especialmente na Alemanha,
na década de 60 por um linguista chamado Weinrich (1966)1.
Se a linguística estuda a linguagem, a linguística textual estuda a linguagem
proferida por meio de textos, sejam orais ou escritos, o que desencadeia uma outra
questão, pois afinal, o que é um texto?
Segundo Fávero & Koch (2002)2:
(...) o texto, em sentido lato, designa toda e qualquer manifestação da
capacidade textual do ser humano, (que se trate de um poema, quer de uma
música, uma pintura, uma escultura, etc.) isto é qualquer tipo de comunicação
realizada por meio de signos.

Um signo, pois, é dividido em duas partes: o significante e o significado. Se


tomarmos como exemplo o signo linguístico /CASA/, conseguimos entender que a
imagem mental de que temos ideia, com relação a este signo, pode ser a de uma casa de
qualquer tipo: grande, pequena, com piscina, branca ou azul, dentre outras tantas
características mensuráveis.

1
WEINRICH, H; HEILDELBERG, Verlag Lambert Scneider. Linguistik der Lüge, 1966.
2
FÁVERO, Leonor Lopes; KOCH, Ingedore Villaça. Linguística textual: uma introdução. 6 ed. São Paulo:
Cortez, 2002.

7
O signo /CASA/ pode possuir como significante as letras C A S A e como
significado encontrado no dicionário (Holanda 1994/1995): S.f.(2) morada, vivenda,
moradia, residência, habitação3.
Retomando as ideias temos:
O significante, que é a palavra em si, a sua forma e estrutura.
O significado é o que identificamos por esta palavra, o sentido que vem à cabeça,
ou a imagem mental, dada por toda uma sociedade.
Um exercício simples é pensarmos em algumas palavras tais como: peixe, carro,
anel, blusa, ou qualquer outra que conheçamos, pois terá uma parte estrutural e outra um
sentido.
Portanto os textos podem ser reconhecidos por signos verbais (falados ou escritos)
ou não-verbais (cores, imagens, expressões faciais e corporais), assim como podem
também ser constituídos apenas por palavras, dotadas de um “todo” comunicativo, por
exemplo:
a) Socorro! (que nos remete a ideia de que alguém necessita de ajuda)
b) Fogo! (que nos remete a ideia de que há um incêndio próximo)
Textos também podem ser expressos por uma frase coerente:
a) Raphael foi ao parque.
b) O presidente afirmou que aumentará as vagas para curso superior em todas as
universidades federais e estaduais.
Diferentemente do que poderia acontecer em um emaranhado de palavras, o qual
não constitui um texto, por não ter significação nenhuma, conforme em:
a) Parque foi Raphael ao.
b) Afirmou vagas que aumentará para o presidente superior curso estaduais e
federais universidades.
Muitas vezes, um texto pode comunicar algo breve ou algo mais elaborado e,
dentre tantas possibilidades não-verbais, como, por exemplo, figuras, cores, texturas e
sons, podemos verificar os seguintes textos, conforme em:

3
Significado de acordo com Aurélio Buarque de Holanda, 1994/1995.

8
a) Expressão indicativa de um pedido de silêncio, a qual pode ser vista
frequentemente em hospitais e casas de repouso.

b) Imagem indicativa de que uma pessoa beija outra e é recebida de forma


positiva.

c) Placa de trânsito que indica liberdade/permissão para estacionar.

d) Indicação de material reciclável ou local próprio para a reciclagem

Para Fávero (2002)4, as diferentes textualidades de um texto derivam da


competência específica, que todo o falante de uma língua possui, chamada de
competência textual, a qual constitui a capacidade que o falante tem em entender,
parafrasear, resumir, atribuir títulos e distinguir textos, quanto a sua tipologia.
Para que seja eficaz o entendimento do que vem a ser a competência textual é
preciso que sejam lidos os textos a seguir:
a) A raposa e as uvas5
Esopo

Uma Raposa, morta de fome, viu ao passar, penduradas nas grades de uma viçosa videira, alguns cachos de uvas negras e
maduras.
Ela então usou de todos os seus dotes e artifícios para pegá-las, mas como estavam fora do seu alcance, acabou se cansando
em vão, e nada conseguiu.
Por fim deu meia volta e foi embora, e consolando a si mesma, meio desapontada disse:
– Olhando com mais atenção, percebo agora que as uvas estão todas estragadas, e não maduras como eu imaginei a
princípio.
4
FÁVERO. Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. 9 ed. São Paulo: Ática, 2002.
5
Disponível em: http://sitededicas.uol.com.br/fabula30a.htm

9
Moral da História: ao não reconhecer e aceitar as próprias limitações, o vaidoso abre assim o caminho para sua infelicidade.

b) A raposa e as uvas6

Millôr Fernandes

De repente a raposa, esfomeada e gulosa, fome de quatro dias e gula de todos os tempos, saiu do deserto e caiu na sombra
deliciosa do parreiral que descia por um precipício a perder de vista. Olhou e viu além de tudo, à altura de um salto, cachos de uvas
maravilhosos, uvas grandes, tentadoras. Armou o salto, retesou o corpo, saltou, o focinho passou a um palmo das uvas. Caiu, tentou
de novo, não conseguiu. Descansou, encolheu mais o corpo, deu tudo que tinha, não conseguiu nem roçar as uvas gordas e
redondas. Desistiu, dizendo entre dentes, com raiva: "Ah, também, não tem importância. Estão muito verdes". E foi descendo, com
cuidado, quando viu à sua frente uma pedra enorme. Com esforço empurrou a pedra até o local em que estavam os cachos de uva,
trepou na pedra, perigosamente, pois o terreno era irregular e havia o risco de despencar, esticou a pata e conseguiu! Com avidez
colocou na boca quase o cacho inteiro. E cuspiu. Realmente as uvas estavam muito verdes!

MORAL: A frustração é uma forma de julgamento tão boa quanto qualquer outra.

De acordo com os estudos relativos à competência textual fica claro que o texto
“b”está se remetendo ao texto “a”, primeiramente porque é mais atual e depois, porque
possui características muito próximas àquele, além de carregar a interpretação do autor
Millôr Fernandes, que insere inúmeras ideias novas à fábula original de Esopo, fazendo
desta, uma paródia.

Uma paródia é uma paráfrase, ou seja, uma entendimento do geral, explicado com
as palavras do falante ou mesmo, recontada por este, sem que nenhum dos elementos
sejam retirados do texto, com um tom de ironia, sarcasmo ou qualquer indicação
provocativa de riso.

As inserções de Millôr somente nos fazem sentido porque já temos o


conhecimento de mundo necessário, indicado para entender tal texto.

1.1. Linguagem, pensamento e cultura

O conhecimento de um indivíduo é a realidade do seu saber histórico, é


tudo o que o constitui. Tal conhecimento está calcado em suas experiências
individuais e coletivas, bem como nas manifestações de sua linguagem, as quais
refletem a maneira de entender, individual e socialmente, o mundo do qual ele é
parte integrante. (LIMA, 20087.)

6
Revista Veja, nº 187, de 05/04/1972.

7
LIMA, Danielle Guglieri. Oralidade e Regionalismo em João Simões Lopes Neto. Porto Alegre:
Alcance/Tchê, 2008.

10
Segundo Ferreira (2004) 8, a partir do momento em que o homem percebeu sua
linguagem, como produto das relações essenciais de seu trabalho socializado, passou a
exercer ativamente o poder espiritual e material que a construção da consciência lhe
permitira.
Ao tornar a linguagem articulada, o homem atingiu a capacidade de falar e,
com isso, passou a criar formas diversificadas, condizentes com o que era preciso para
cada momento do dia a dia, e passou a se expressar em todos os locais por onde passava.
Inicialmente o homem falou, depois documentou esta fala com a escrita. Por
isso é que a fala tem um tom mais natural do que a escrita, visto que esta é o produto do
processo daquela. Ferreira (id), ao citar Rocco (1989, p. 26), lembra que, ainda hoje, há
por volta de três mil línguas faladas e pouco mais de cem dessas línguas possuem
registro escrito. Logo, o número superior na existência de línguas ágrafas em relação às
línguas escritas revela
(...) a importância da oralidade no desenvolvimento das comunidades
linguísticas, também evidencia a importância da escrita como portadora de um
poder sociocultural, capaz de alterar a feição do mundo, ainda que o número de
línguas escritas seja percentualmente muito baixo face à quantidade das línguas
ágrafas.

Muitos se comunicam apenas pela fala, o que não os faz piores ou melhores do que os
que têm na língua a possibilidade de documentação, oferecida pela escrita. A oralidade é
importante e a escrita também, em uma relação de igualdade total. Não se tem notícias de povos
que somente se comunicam escrevendo, pois a escrita é a materialização das ideias, proferidas
pela fala.

1.2 Os níveis de linguagem

Sabemos que, por meio da língua falada, primeiro nível da linguagem, o


mundo se atualiza pelo fato de cada comunidade fazer uso da sua capacidade de
comunicar-se, primeiramente pela fala, e algumas comunidades apenas por ela,

8
FERREIRA, Luiz Antônio. Oralidade e escrita: um diálogo pelo tempo. São Paulo: Efusão, 2004.

11
conforme sua organização social e de acordo com o modo como é vista sua realidade. A
fala é a língua natural e primeira do ser e, na visão de Bronkcart (2003) 9:

(...) toda a língua natural apresenta-se como estando baseada em um código


ou em um sistema, composto de regras fonológicas, lexicais e sintáticas
relativamente estáveis, que possibilitam a intercompreensão no seio de uma
comunidade verbal.

E, de acordo ainda com o mesmo autor,


(...) uma língua natural só pode ser aprendida através das produções
verbais efetivas que assumem aspectos muito diversos, principalmente por serem
articuladas a situações de comunicação muito diferentes.

O homem é aprendiz das experiências sociais e comunicativas, por que passa


ao longo de sua vida; tais experiências o constituem, enquanto ser social e, por isso,
refletem na forma como está organizada a sua comunicação, tanto na fala como na
escrita, segundo o nível de linguagem. A escrita surgiu para documentar o que fora
relatado pela fala e por isso possui uma estrutura um pouco mais fixa, mas da mesma
forma, apresenta diferentes graus de utilização.
Para que as duas ideias sejam entendidas de forma mais eficaz é preciso estar
ciente das peculiaridades existentes entre fala e escrita e, para que fique definitivamente
claro que fala e escrita possuem muito mais semelhanças do que diferenças, pois são
duas partes distintas de uma determinada língua, examinaremos, a seguir, um quadro
construído por Fávero, Andrade e Aquino (1999) 10.
Fala Escrita
-Interação face a face. -Interação a distancia (espaço-temporal).
-Planejamento simultâneo ou quase -Planejamento anterior à produção.
simultâneo à produção.
-Criação coletiva: administrada passo-a- -Criação individual.
passo.
-Impossibilidade de apagamento. -Possibilidade de revisão.
-Sem condições de consulta a outros textos. -Livre consulta.
-A reformulação pode ser promovida tanto -A reformulação é promovida apenas pelo
pelo falante como pelo interlocutor. escritor.
-Acesso imediato às reações do interlocutor. -Sem possibilidade de acesso imediato.
-O falante pode processar o texto, -O escritor pode processar o texto a partir das
redirecionando-o a partir das reações do possíveis reações do leitor.
interlocutor.
9 -O texto mostra todo o seu processo de -O texto tende a esconder o processo de criação,
BORNCKART,
criação. Jean-Paulo. Atividade de linguagem, textos apenas
mostrando e discursos: por um interacionismosócio-
o resultado.
discursivo. EDUC: São Paulo, 2003.
10
FÁVERO, Leonor Lopes; ANDRADE, Maria Lúcia C. V. O.; AQUINO, Zilda G. O. Oralidade e escrita:
perspectivas para o ensino de língua materna. 3 ed. Cortez: São Paulo, 1999.

12
Figura 1: Fala e Escrita.
Fonte: Fávero, Andrade e Aquino (1999, p.74).

Para a comparação entre as possibilidades, veremos que um diálogo construído


pode representar um diálogo verídico, conforme o criado a seguir. Tal diálogo está
baseado nos princípios do quadro estudado, em que a fala está próxima a um processo e
a escrita, a um produto, ou seja, a fala pode ser transformada e remodelada a qualquer
momento, enquanto a escrita, não.

L1 – Quando Antônio nasceu tive de deixar meu emprego, já que o menino nasceu com
problemas respiratórios e precisava de muita atenção, sabe?
L2 – Sei, sei... Mas o que você fazia antes dele nascer?
L1 – Eu era enfermeira, veja o que é o destino das pessoas... Eu trabalhava em um
hospital próximo de casa, atendendo no berçário neonatal.
L2 – uhn...
L1 – Era um trabalho maravilhoso, me sentia muito à vontade com as crianças. Então,
quando Antônio nasceu, tive de deixá-las para cuidar do meu próprio filho, sabe... mas
hoje voltei ao meu ritmo e o Toninho já é um homem feito.

Este trecho de fala não se trata de um discurso rebuscado, polido, mas de um


discurso mais distenso no qual o tópico discursivo, ou seja, o assunto, sobre o que se
fala é o nascimento de Antônio, tratado, no final do texto por sua mãe, L1, por
“Toninho”.
No caso de transformarmos esta fala em um texto escrito e com discurso
indireto, teríamos algo próximo a:

A primeira locutora disse que quando seu filho Antônio nasceu tive de deixar meu
emprego, pois o menino apresentou problemas respiratórios e precisou de muita
atenção. Neste momento foi questionada sobre qual sua ocupação na referida ocasião.
A locutora disse ser enfermeira e, que por ironia do destino, trabalhava em um
hospital próximo de casa, no berçário neonatal. Disse ser um trabalho maravilhoso e
que a fazia sentir-se à vontade.
Explicou que após o parto deixou os seus pacientes para cuidar do seu próprio filho;
finalizou que hoje voltou ao seu ritmo, pois “Toninho” já é um homem feito.

E se quiséssemos apenas manter o discurso direto, mas na forma escrita,


algumas mudanças teriam de ser feitas, e uma das possibilidades para tal seria:

13
L1 – Quando Antônio nasceu tive de deixar meu emprego, visto que ele teve
problemas respiratórios e precisava de muita atenção.
L2 – Sei, mas o que você fazia antes de ele nascer?
L1 – Eu era enfermeira, e trabalhava em um hospital próximo de casa, no berçário
neonatal.
L2 – Sim.
L1 – Era um trabalho maravilhoso, pois me sentia muito à vontade com as crianças,
as quais tive de deixar, para dedicar-me apenas ao meu filho. No entanto, hoje voltei
ao meu ritmo, pois o “Toninho” já é um homem feito.

Há muitas semelhanças nas mensagens dos três textos, pois tudo o que é dito,
escrito trata de um mesmo assunto, mas de formas diferenciadas, as quais deverão ser
adequadas a cada tipo de comunicação ou texto.
Como este exemplo há outros tantos e com estruturas diferentes. Com isto
queremos deixar claro que o ponto principal desta abordagem não é a busca pelo erro,
mas pela adequação, tanto da fala quanto da escrita em todos os âmbitos possíveis, pelos
quais “transita” o falante ou o escritor; tal busca dependerá também da interação entre
texto, contexto, locutores e propostas, nas mais diversas situações comunicativas.

1.3 A interação verbal

Segundo Aurélio Buarque de Holanda (1994/95), interação é a ação que se exerce


mutuamente entre duas ou mais coisas, ou duas ou mais pessoas; ou seja, constitui-se por
ser uma ação recíproca.
A reciprocidade consiste em atos cotidianos, como um aceno de cabeça, oferecer a
mão para cumprimentar os outros, sorrir ao desejar bom dia ou ouvir enquanto o outro
fala.
No caso, não poderia deixar de ser diferente, pois a interação, no ponto de vista
social, é exercida pela reciprocidade entre as pessoas, ou seja, é uma ação conjunta,
podendo ou não, ser previamente planejada.
A interação, segundo alguns estudiosos da linguagem, como Goffman (1970)11,
por exemplo, pode ser não-focalizada ou focalizada; esta diz respeito à interação

11
GOFFMAN. Erving. Ritual de la interación. Buenos Aires: Tienpo Contemporâneo, 1970.

14
intencional, como uma conversa, uma comunicação e aquela, diz respeito à interação pela
co-presença.
Um exemplo de uma interação não-focalizada é o fato de duas pessoas,
desconhecidas, que andam na calçada, e que para evitar um choque de trânsito, deixam
com que quem esteja em maior facilidade, passe à frente do outro.
Em um texto a interação focalizada acontece a partir da construção de
significados produzida pelo escritor, em contraponto à construção de significados
levantados pelo leitor, que de forma cognitiva12, interagem ou pretendem interagir entre
si.
Interagir é, pois, deixar claras as ideias ao outro, buscando entender as ideias dele,
e, sempre que possível, desviar de “choques” idealistas. Um bom exemplo dito seria
ouvir ou ler um determinado texto, com ideias diferentes daquelas que temos previamente
sobre algum assunto, sem utilizar valores preestabelecidos, podendo aprová-las, total ou
parcialmente, ou, ainda refutá-las.

1.4 Os elementos de comunicação

A comunicação aconteceu mediante a interação do homem com o mundo que o


rodeia, e este mesmo homem estabeleceu códigos para se comunicar e alcançar
efetivamente suas metas, seus interesses. O nosso código é a língua portuguesa e,
enquanto código verbal, se expressa por meio de signos linguísticos, formados por um
significante e um significado.
O signo linguístico é a palavra, propriamente, seu significante é a sua parte
estrutural e seu significado é o seu sentido, conforme já foi exemplificado neste livro
com a palavra CASA.
Ao usar tais signos linguísticos de forma agrupada e que tenham um sentido
comunicativo, tanto falante como ouvinte exerce dois movimentos comunicativos de
suma importância: codificação e decodificação.

12
Entenda-se por cognitivo todo o conhecimento próprio e adquirido durante a vida por uma pessoa.

15
O movimento de codificação consiste selecionar a ideia do que se quer dizer e
passar esta ideia para o código de língua portuguesa, por meio da seleção de palavras
que deem sentido à ideia a ser expressa por meio de fala ou escrita.
Conforme Blinkstein (2006), o movimento de decodificação ou
descodificação13 consiste em ouvir ou ler o código e transformá-lo em ideia de modo
que esta faça sentido ao ouvinte. São, portanto, movimentos recíprocos que acontecem a
todo o momento durante a interação comunicativa, conforme em:

Olá meu O Meu é


Quero nome é Bruno, O nome
convers Lucas. tudo do
ar, bem? garoto é
preciso
Lucas
me
apresen
tar.

Os elementos
Código da comunicação
para ideia tanto
faladaIdeia
= codificação quanto escrita
para são =
código seis, de acordo com
decodificação
o modelo de Roman Jacobson, membro do círculo Lingüístico de Praga:

Desse modo identificamos os elementos da comunicação postulados por


Jacobson (1956)14:
Emissor: Quem emite, e consequentemente codifica a mensagem.
Receptor: Quem recebe e, portanto, decodifica a mensagem.
Mensagem: Que consiste o conteúdo a transmitido pelo emissor.
Código: O conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem.
Referente: O contexto relacionado tanto ao emissor, quanto ao receptor.
Canal: O meio pelo qual circula a mensagem.
É necessário que todos os seis elementos comunicativos estejam presentes em
qualquer comunicação. Vejamos como estão dispostos na conversação ou em qualquer
evento comunicativo:

Canal = fala, escrita, mímica, aspectos fisionômicos....

13
BLINKSTEIN, Izidoro. Técnicas de comunicação escrita. 22 ed. São Paulo: Ática, 2006.
14
Roman Jakobson foi um linguista russo que apresentou as funções da linguagem em um texto que tem
como título Linguística e poética. Trata-se de uma conferência proferida em 1956, na qual o autor
esboçava a comparação entre a linguagem quotidiana e a poesia.

16
Emissor Código = Línguas Portuguesa, Inglesa, Espanhola... Receptor

Mensagem
(conteúdo)

Referente = o contexto, entorno, tudo o que diz respeito ao lugar e a postura dos enunciadores.

Todo e qualquer evento comunicativo está centrado na eficiência do que está


sendo dito, portanto se qualquer um dos elementos de comunicação faltar ou for mal
utilizado, teremos instaurado um ruído de comunicação, ou seja, uma falha na
comunicação.
Se a falta ou um problema ocorrido na comunicação desencadeia um ruído, a
falta de qualquer elemento de comunicação pode dar origem a tal problema, conforme
veremos a seguir:
1. O ruído centrado no emissor acontece quando este não se expressa de forma
adequada, ou não conhece a língua de forma proficiente ou não domina determinado
conteúdo do que está falando.
EXEMPLOS:
Um aprendiz de língua inglesa tentando conversar com um falante nativo.
Um professor de línguas querendo explicar o Teorema de Pitágoras.
2. O ruído centrado no receptor acontece quando este não dá a atenção devida à
mensagem que está sendo passada, seja por meio da fala, ou pela escrita.
EXEMPLOS:
A professora explica, mas o aluno está fazendo o dever de outra matéria.
A mãe fala, mas a filha está pensando na festa de sábado.
3. O ruído centrado na mensagem acontece quando faltam informações no conteúdo
desta.
EXEMPLOS:
Quero que você vá antes à estação e compre passagem para as oito horas de
amanhã. (do dia ou da noite?)

17
Mande-me todos os arquivos recebidos. (De que dia? Em qual período?)
4. O ruído centrado no canal acontece quando o canal comunicativo está falho.
EXEMPLO:
Quando uma ligação tem linha cruzada, ou quando a professora fala e outros
alunos conversam e gerando no ambiente, muitos sons que confundem os ouvintes.
5. O ruído centrado no código acontece quando o locutor não conhece o código utilizado
no evento comunicativo.
EXEMPLO:
Um texto em hebraico, ou um texto científico da área de física nuclear lido por
um aluno de ensino médio ou um profissional da área das humanas.
6. O ruído centrado no contexto acontece quando algo acontece no ambiente em que se
dá o evento comunicativo e atrapalhando-o.

1.5 As funções da linguagem


Para cada um dos elementos de comunicação temos uma função
correspondente a qual chamamos de funções da linguagem.

E. DE COMUNICAÇÃO CENTRADA NO(A) FUNÇÃO


EMISSOR REMETENTE EMOTIVA/EXPRESSIVA
RECEPTOR DESTINATÁRIO APELATIVA/CONATIVA
MENSAGEM CONTEUDO POÉTICA
CANAL MEIO FÁTICA
CÓDIGO SISTEMA DE SIGNOS METALINGUISTICA
CONTEXTO AMBIENTE REFERENCIAL

Utilizar de forma adequada os elementos de comunicação e as funções de


linguagem otimizam o entendimento do texto tanto para o emissor, quanto para o
receptor.
Vejamos a seguir, a utilização e um exemplo de cada uma destas funções da
linguagem:

Função emotiva (ou expressiva)

18
É a função centralizada no emissor. Tem o objetivo de revelar sua opinião, e
consequentemente suas emoções e, por este motivo, em tal função prevalece o uso da
primeira pessoa do singular, estando presentes nela, as interjeições e exclamações.
É a linguagem utilizada nas biografias, memórias, poesias líricas e cartas de
amor.
EXEMPLOS:
“Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como os guardasse”.
(O guardador de rebanhos – Fernando Pessoa/Alberto Caeiro)

“Quero você somente ao meu lado!


Amo-te demais”.

“Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa
lembrança estas memórias póstumas”.
(Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis)

Função apelativa (ou conativa)


Função centralizada no receptor; pois acontece quando o emissor procura
influenciar, de forma persuasiva, o comportamento do receptor.
Devido ao fato de que o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso do
pronomes tu e você, ou ainda, o nome da pessoa, além dos vocativos e verbos no
imperativo.
Tal função é comumente usada em discursos, sermões e propagandas que se
dirigem diretamente ao consumidor.
EXEMPLOS:
“Compre batom”. - Propaganda de chocolates.
“Se beber, não dirija”. - Campanha nacional do Brasil para a diminuição de acidentes de
trânsito.
“Venha para o mundo de Marlboro”. - Propaganda de cigarros.

19
Função poética
Função centralizada na mensagem, revelando recursos imaginários do emissor.
Nesta se valoriza criatividade e a combinação de palavras. É considerada uma
linguagem figurada e pode ser vista em obras literárias e letras de música.
EXEMPLOS:
“As Indagações
A resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas.
Cuidado
A poesia não se entrega a quem a define.
Das escolas
Pertencer a uma escola poética é o mesmo que ser condenado à prisão perpétua”.
(Caderno H - Mario Quintana)

Função metalingüística
É a função que está centrada no código, usando a linguagem para falar da
própria linguagem. A palavra que fala da palavra, ou um texto que se auto explica, por
exemplo, são próprios desta tipologia de função.
EXEMPLOS:
“Conforme já dito neste trabalho”.
“Casa: substantivo feminino singular que indica moradia”.
“Precisa de ajuda especializada imediatamente, isto é, rapidamente, se não morre”.
“O poeta é um fingidor, finge ao completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que
deveras sente”.
(Autopsicografia - Fernando Pessoa)

Função fática
Está centrada no canal, tendo como objetivo estabelecê-lo, prolongar ou não o
contato com o receptor, bem como testar, a todo o momento, sua eficiência. Tal função é
muito utilizada nas salas de bate-papo, no MSN Messenger, nas falas ao telefone e nos
rádios, bem como em saudações e cumprimentos.
EXEMPLOS:

20
“- Alô?
- Alô.
- Quem fala?
- Mariana. Com quem gostaria de falar?
- Oi Dona Mariana, aqui é o encanador, você deixou uma mensagem para eu
comparecer e verificar o encanamento da cozinha.
-Ah, certo, pode ser amanha às 15h?
- Combinado. Até lá.
- Até”.

“- Bom Dia!
- Bom Dia!”
Em ambas as falas, há o estabelecimento e o firmamento do contato entre os
interlocutores.

Função referencial (ou denotativa)


Está baseada no elemento do contexto. Caracteriza-se por se objetiva, direta,
denotativa e é a função mais usada de todas, além de aparecer sempre combinada às
outras funções.
Nesta função prevalece a terceira pessoa do singular. Está muito presente na
linguagem usada nas notícias de jornal e livros científicos, ou em tudo o que diga
respeito ao contexto, ou seja, o meio onde acontece o evento comunicativo.

EXEMPLOS:
“O discurso é sempre heterogêneo no sentido de que acolhe, além do locutor, o
interlocutor...”
(Oralidade na literatura - Hudnilson Urbano)

“São Paulo apresentou 90 km de lentidão às 18h de ontem”.

21
Não há, em nenhuma das circunstâncias, a emissão de juízo de valores, uso de
linguagem figurada ou outra observação a ser feita, o que acontece é somente a presença
de uma informação.

1.5.1 Funções sociais da linguagem


A linguagem tem seu objetivo na comunicação, porém se constitui de muitos
itens, tais como as intenções dos falantes.
Para estudarmos as funções sociais ou as macrofunções da linguagem, temos que
pensar o texto, tanto falado quanto escrito, como um plano de ideologias.
Halliday (1970)15, explica que a língua possui muitas funções e dá destaque
para estas três:
1. Função ideacional da linguagem está baseada no campo dos discursos, dotada de
intenções e de ideologias, pois todo o discurso proferido é uma resposta a outro
discurso.
EXEMPLO:
Imagine uma situação de humor entre dois amigos: um grita porque está
machucado e o outro, munido de uma maleta de primeiros socorros, ao invés de ajudar o
primeiro com a sua dor, põe um esparadrapo em sua boca para sanar seus gritos.
Podemos dizer que o amigo que colocou o esparadrapo na boca do outro não
está preocupado com este, e sim com o barulho que ele está fazendo. Neste caso o
humor acontece, justamente pelo fato de o amigo “tratar” do grito e não do machucado,
ou seja, o contrário do que é esperado pelo conhecimento de mundo que temos, pois
quando alguém se machuca devemos buscar ajudar e não piorar as coisas.

2. Função interpessoal da linguagem, está preocupada com a interação dos


participantes do discurso.
EXEMPLO:

15
HALLIDAY, M. K. A. Functional diversity in language. In: Fundations of language. vol. 6. p. 322-361.
1970.

22
Uma patroa com alto nível social conversando com uma empregada analfabeta
e, intencionalmente, com o intuito de menosprezá-la diria:
- Marta, venha já até aqui e dê um jeito neste quiproquó imediatamente!
A mesma patroa, agora sem a intenção de menosprezar Marta e buscando a interação,
diria:
- Marta, por favor, venha até aqui e dê um jeito nesta bagunça....
3. Função textual, refere-se a todas as propriedades semânticas e gramaticais de um
discurso, viabilizando sua eficácia e adequando-o ao seu contexto.
Caso não existisse a função textual da linguagem, escreveríamos da mesma
maneira textos literários, instrucionais ou científicos perceba as peculiaridades de cada
um destes textos e reflita sobre o objetivo e o modo que cada um deles foi produzido:
EXEMPLO 1:
Dois velhinhos, amigos de muito tempo, conversam em uma casa de repouso para idosos:
- Barbosa, eu tenho oitenta e três anos e estou cheio de dores e problemas. Você deve ter mais ou menos a minha idade.
Como é que você se sente?
- Eu?! Ora, como um recém-nascido!
- Como um recém-nascido?!
- É, sim! Careca, sem dentes e acho que acabei de fazer xixi na calça.

EXEMPLO 216:
TYLENOL (fragmento da bula):
- IDENTIFICAÇÃO DO MEDICAMENTO
Janssen-Cilag Farmacêutica Ltda.
TYLENOL®
Paracetamol
- FORMAS FARMACÊUTICAS E APRESENTAÇÕES
USO ADULTO
USO ORAL
Comprimidos de 500 mg em embalagem contendo 200 comprimidos.
Comprimidos revestidos de 750 mg em embalagens contendo 20 ou 200 comprimidos.
Tylenol® 500 mg:
Cada comprimido contém 500 mg de paracetamol.
Excipientes: amido, celulose microcristalina, dioctilsulfosuccinato de sódio, estearato de cálcio e metabissulfito
de sódio.
Tylenol® 750 mg:
Cada comprimido revestido contém 750 mg de paracetamol.
Excipientes: carboximetilcelulose sódica, celulose microcristalina, dioctilsulfosuccinato de sódio, estearato de
magnésio, hipromelose, macrogol e povidona.

O primeiro texto trata-se de uma piada, pela graça que carrega e pela distensão
dos discursos diretos, muito próximos da fala real e o segundo é parte de um texto
técnico que contém informações sobre um determinado produto.

16
Disponível em: http://www.bulas.med.br

23
A linguagem é multifuncional e está nitidamente calcada em aspectos sociais,
portanto, assim como em um evento comunicativo temos a presença dos seis elementos
proposto por Roman Jakobson (1956), temos também, interagindo com os componentes
discursivos postulados por Halliday (1970), as macrofunções da linguagem estudadas:
ideacional, interpessoal e textual.
Na vida as pessoas precisam entender que não basta saber escrever ou saber
falar corretamente é preciso que o locutor, ao fazer uso da palavra, mostre sua ideologia,
estreite relações entre os interlocutores com os quais interage e utilize uma estrutura
textual compatível a tudo isto.

1.5.2 A efetividade da comunicação

Diante de tudo o que aprendemos, é preciso que tenhamos em mente que não
basta apenas conhecer os mecanismos do bom funcionamento da língua, cabe-nos
sempre o bom senso ao adequar a forma de comunicação ao objetivo que estamos
propostos.
Não devemos esquecer que a capacidade de linguagem e o pensamento,
juntamente ao estabelecimento e a passagem de cultura de uma geração a outra é o que
difere os animais irracionais dos seres humanos.
Desta forma sabemos que quando nos comunicamos desejamos atingir metas,
ou seja, alcançar nossos objetivos e, para isto devemos ter em mente que nossa
linguagem deve ser:
1. Clara, no sentido da apresentação de nossas ideias;
2. Objetiva, no sentido de que sabemos exatamente o que queremos dizer; e,
3. Específica, no sentido das escolhas lexicais, que devem ser adequadas, de modo que o
falante ou escritor zele sempre pela escolha de vocábulos que conhece.
Tendo consciência de todos estes aspectos, a comunicação será eficiente, pois
alcançará suas metas; o falante terá credibilidade, alcançando também, seu sucesso.

2.0 Tipos de leituras

24
Assim como acontece com os objetivos que devemos ter ao falar e escrever,
acontece ao lermos alguma coisa.
Para o leitor proficiente é muito comum, ao ler o título, imaginar o que vem a
seguir, no entanto há perigos, pois em alguns textos o título pode ser chamado de
orientador ou desorientador.
Será orientador quando for um resumo real do que foi lido, e desta forma
facilitará seu entendimento; será desorientador se sua função for satirizar, questionar e
“sair fora” do que o leitor imagina encontrar. Esta prática não está errada, porém é muito
astuciosa e exige habilidades para ser realizada.
Ao estabelecermos objetivos de leitura de um texto, deparamo-nos com três
tipologias diferentes relacionadas à leitura: a seletiva e informativa crítica e a
interpretativa, cada uma destas exige do leitor habilidades muito distintas.

2.1 Leitura informativa seletiva

Para realizar tal leitura, o leitor deve ter a habilidade de saber claramente o
motivo porque está lendo determinado texto, para possivelmente realizar instruções
provenientes dela ou ainda, verificar se as informações ali contidas interessam ou não ao
seus objetivos.
Quando lemos textos instrucionais, tais como manuais de eletro-eletrônicos,
bulas de remédios ou receitas diversas, realizando a habilidade anteriormente citada, da
mesma forma em que lemos o resumo de um artigo científico, ou a manchete de um
jornal; pois nossas primeiras impressões quanto ao conteúdo farão com que sigamos ou
não a leitura.

2.2 Leitura informativa crítica

25
Ao realizar uma leitura informativa crítica, o leitor já sabe se continua ou não
a leitura, pois já realizou a seleção dos textos que irá consultar ou da receita que irá
fazer, por exemplo.
Para realizar tal escolha, o leitor deve ter a habilidade de sintetizar o que lhe é
mais importante, ou o que lhe mais interessa e, com isso, continuar a sua leitura.
Neste caso ainda o leitor, para saber o que lhe interessa e ter optado por tal
escolha deve ter um conhecimento, ainda que pequeno, sobre o que está lendo para só
então manifestar-se de forma crítica diante das informações lidas; ou seja, o leitor após
ter selecionado o texto e ter se aprofundado nele tem capacidade de interação, aplicando
seus conhecimentos sobre o mesmo tema.
No caso da receita, o leitor pode interagir utilizando mudanças de ingredientes
ou de quantidades, bem como no caso de uma produção científica, onde o leitor pode
interagir junto a seus conhecimentos, preenchendo suas lacunas quanto à falta de
conteúdo da sua mensagem, ou simplesmente reforçando-a.

2.3 Leitura interpretativa

Para a realização deste tipo de leitura, o leitor deve já ter feito sua seleção,
deve também já ter dialogado com o texto, levando em consideração seus
conhecimentos de mundo e o próximo passo é ler o que não está efetivamente dito por
palavras, mas por intenções.
Sabemos que todo o texto é uma resposta a outro texto, e que ninguém que
escreve ou fala espera não ser ouvido. Sabemos também, que o texto possui
componentes ideacionais, os quais já estudamos e, por este motivo o bom leitor sabe que
não está diante de um aglomerado de palavras, mas de um todo de ideias, e para
desvendá-las parte de muitas observações, tais como: saber onde foi publicado, quem é
o autor, a questão histórica do momento, dentre outros itens.

2.4 Níveis de leitura

26
Embora devamos ter objetivos muito claros ao realizar qualquer tipo de leitura,
sejam as leituras informativas ou interpretativas, devemos saber que interiormente
obedecemos a passos a serem seguidos para que realmente consigamos interagir com o
texto que estamos lendo.
Gradualmente, ao ativarmos nossa capacidade de leitura, deveríamos ter as
seguintes habilidades: intelecção, compreensão, interpretação e extrapolação.
A intelecção é a capacidade que o leitor tem em decodificar as letras, formar
palavras e frases; constitui o nível mais superficial da leitura e é o nível em que
conseguimos ler e decodificar, mas também é onde o entendimento ainda fica a desejar.
A compreensão constitui um nível de maior aprofundamento das ideias de um
texto e consiste em o leitor reproduzir o que leu com as suas palavras, sem omitir ou
inserir informações, ou seja, parafrasear.
A interpretação é um nível ainda mais profundo que a compreensão, pois aqui o
leitor além de decodificar e compreender, consegue perceber a ideologia do texto, ou seja,
lê nas entrelinhas.
A extrapolação é o nível mais profundo de entendimento de um texto, porque
consiste em decodificar, compreender, perceber o que não está escrito, mas está dito e
finalmente dialogar com as informações ali contidas.
A extrapolação consiste primeiramente em interagir com o texto e deve ser
feita sempre pensando realmente nas leituras autorizadas pelo autor e nas referências
textuais contidas no texto. Não devemos extrapolar de forma negativa, levando em
consideração qualquer tipo de informação. Devemos em primeiro lugar, ter o bom senso
na hora da análise de um texto.

2.5 Estratégias para entender o texto

Nem sempre é fácil compreender um texto de forma eficaz. Para isto, podemos
estabelecer alguns itens que ajudarão na hora de ter uma ideia geral do texto que
estamos lendo, que é a técnica de sublinhar e a técnica de esquematizar.

27
Não há uma regra específica e exata de como se realizar tais técnicas, cabe o
bom senso do leitor e a seleção de informações realmente importantes aos seus
objetivos.

2.5.1 Sublinhar

É uma técnica muito eficaz e consiste em destacar tudo o que realmente


importa em um texto, pois como sabemos, cada parágrafo de um texto deve ter uma
ideia principal e é exatamente aí que queremos chegar.
Usar esta técnica é muito eficaz na leitura dos enunciados de provas, por
exemplo, pois lendo atentamente uma vez e sublinhando as ações solicitadas pelo
examinador, temos maior chance de acertar a questão, vejamos:
Enunciado:
A comunicação humana acontece mediante ao uso de dois movimentos:
Opções de resposta:
a.( ) Fala e audição.
b.( X ) Codificação e decodificação.
c.( ) Conversação e codificação.
d.( ) Codificação e audição.
e.( ) Codificação e orientação.

Ao sublinhar os itens mais importantes da questão, esta se torna muito mais


clara, pois compreendemos o seu objetivo, e entendemos o que a questão, em exemplo,
solicita: “que saibamos os dois movimentos da comunicação humana”.
No caso de um fragmento de texto, a técnica de sublinhar acontece de forma
semelhante:
(...) Poucas mulheres comandam as 500 maiores empresas brasileiras ou
mundiais. A diretoria das grandes companhias é em geral um Clube do Bolinha, em que
mulheres não entram. Da última vez que contei, não passavam de cinco as mulheres
presidentes das 500 maiores empresas brasileiras17.

17
Disponível em: http://www.kanitz.com/veja/mulheres.asp

28
Percebemos que ao ler rapidamente o texto e sublinhar as informações mais
importantes verificamos que, na visão do administrador do texto apenas 5 mulheres são
presidentes em grandes empresas no Brasil.
Com esta técnica temos em relevo a ideia principal de um texto, ou de um
parágrafo apenas.

2.5.2 Esquematizar

Outra técnica muito eficaz é a de esquematizar os textos, no entanto não é tão


simples, visto que pressupõe a utilização da técnica de sublinhar, a qual já foi
anteriormente utilizada, pois para esquematizar é necessário ter os pontos importantes
do texto bem claros em mente.
Para deixar claro como pode ser realizado este trabalho, vejamos agora na
íntegra o mesmo texto analisado anteriormente:
Administração feminina
Steven Kanitz

Poucas mulheres comandam as 500 maiores empresas brasileiras ou mundiais. A diretoria das grandes
companhias é em geral um “Clube do Bolinha”, em que mulheres não entram. Da última vez que contei, não
passavam de cinco as mulheres presidentes das 500 maiores empresas brasileiras.
"Mulher não sabe administrar", disse-me o dono de um conglomerado brasileiro, cujas filhas ficavam em
casa e os filhos e genros ajudavam o papai a tocar o negócio. 'Administração é coisa para homem', afirmou outro
empresário. De fato, muito da teoria e modo de pensar em administração vem de uma forma masculina de ver o
mundo: agressivo, calculista, sem escrúpulos. E muitos dos termos usados nesse meio têm origem claramente militar:
'companhia', 'divisão', 'campanha' publicitária, 'guerra' de preços, 'aniquilar' a concorrência, 'conquistar' mercados, e
assim por diante.
A administração teve um avanço depois da II Guerra Mundial, quando várias técnicas desenvolvidas na
época, como logística, pesquisa operacional, disciplina regimental foram usadas com grande sucesso nas primeiras
multinacionais, necessitadas de que ordens fossem obedecidas a 15.000 quilômetros de distância da sede.
Nesta cultura militar e masculina, não é de estranhar que mulheres não se sentissem à vontade e
desistissem da carreira nas grandes empresas. As poucas mulheres que galgam os altos escalões das 500 maiores, com
todo o respeito que elas merecem, o fazem dançando a música dos homens. A contragosto, precisam dar uns socos na
mesa de vez em quando e soltar alguns palavrões por aí. Sendo franca minoria, as mulheres nunca conseguem impor
sua forma própria, um estilo feminino de administração.
Conheço todas as 500 maiores empresas brasileiras, as quais analisei durante 25 anos,e de cinco anos
para cá comecei a estudar as 400 maiores entidades beneficentes deste país, uma pesquisa que realizo todo ano, e que
encontra-se disponível na internet no endereço www.filantropia.org.
Para a minha grande surpresa notei um novo estilo de administrar. Diferente, mais eficiente, mais
competente e mais dinâmico do que aquele visto nas empresas 'masculinas'. Aliás, não deveria ser surpresa, porque as
entidades brasileiras sempre viveram com orçamentos apertados, nunca tiveram gordura para cortar. O estoque de
uma fábrica fica parado por meses sem precisar de supervisão. Tente fazer o mesmo com 359 crianças de uma creche,
por um minuto. Administrar creches, hospitais ou meninos de rua seria um treinamento excelente para os futuros
administradores do país.
As 400 maiores entidades nacionais beneficentes são muito mais bem administradas do que a maioria das
empresas brasileiras, por mais absurda que possa parecer esta minha observação. Existem várias razões para esse
desempenho superior das entidades beneficentes. Clareza de propósito, ética, motivação dos funcionários, satisfação
pessoal com os resultados. Mas a principal razão para mim é bem clara: a grande maioria, se não a totalidade das 400
maiores entidades, é administrada por mulheres.

29
Esquema sugerido:
Masculina Administração Feminina

Apenas 5 destas
Nas 500 maiores empresas
maiores tem mulheres Nas 400
empresas do presidentes. entidades
Brasil é feita beneficentes
na maioria do Brasil é
por homens. feita na
maioria por
mulheres.
Se submetem ao estilo
masculino, não
Tal ideia se desencadeou
conseguem mostrar o
pelo momento pós II
Guerra, devido à cultura seu, com isto a
militar:forca, administração é 1. Estilosas;
decisão,calculista, semelhante 2. Competentes;
conquistador. 3. Dinâmicas.

= Nem sempre = Sempre


SUCESSO SUCESSO

Não podemos dizer que este esquema é o único possível, mas podemos
entendê-lo como uma possibilidade viável, visto conter todos os itens importantes do
texto, e de forma organizada.
Para que estas duas técnicas de leitura não fiquem jogadas de lado é importante
que nunca deixemos de praticá-las, por este motivo, treinar é sempre um aprendizado,
além de ajudar muito na interpretação de textos.

3.0 Tipos de textos


Produzir um texto não é algo simples, pois requer habilidades linguísticas e de
conhecimento estrutural, já que cada texto tem um objetivo, um propósito.
Quanto aos tipos de texto que conhecemos apontamos três: a narração, a
descrição e a dissertação, sendo esta última, nosso principal foco de estudo, pois no
ambiente de trabalho o mundo corporativo é, dentre esses, o tipo de texto mais usado.
Diante desta pequena exposição relembremos as três tipologias.

30
3.1 Narração

Um texto narrativo é um textos que apresenta uma seqüência de fatos ou de


acontecimentos em determinado período de tempo e em um espaço específicos.
Além disso, uma narrativa compreende a existência de personagens e,
principalmente de quem conta a história, o qual pode estar na perspectiva de primeira ou
de terceira pessoas.
Uma característica da narrativa é o momento do seu clímax, pois a história
começa de uma forma, passa por momentos de tensão, atinge seu clímax, que é o ponto
onde os “problemas” terão ou não suas soluções, seguidos do final, que consiste na volta
da normalização das ações vividas pelas personagens. O tempo verbal da narrativa é o
seu ponto forte e, geralmente, consiste nos pretéritos e no presente.

3.2 Descrição

A descrição marca um texto que apresenta uma sequência de aspectos, sejam


qualidades ou defeitos, sejam reais ou imaginárias. Fundamentalmente, a descrição
apresenta um grande números de adjetivos e permeia, muitas das vezes nos textos
narrativos e dissertativos, dificilmente a encontraremos com tipologia única de um texto.
O texto, conforme já foi explicado, de maior valor neste momento para nós é o
texto dissertativo, que compreende a utilização de uma sequência de ideias e opiniões a
respeito de um determinado assunto, ou seja, há um tema e a partir dele, poderão
interagir outros textos com outras ideias e o autor poderá ou não tomar parte disto tudo.

3.3 Dissertação expositiva

A dissertação expositiva consiste basicamente em:


1. Delimitar o tema.
2. Levantar idéias.

31
3. Realizar um plano de escrita.
4. Desenvolver a introdução, em que o tema é apresentado.
5. Desenvolver o conteúdo do texto, onde são mostradas ideias contra ou a favor da tese
apresentada.
6. Desenvolver a conclusão, realizando um fechamento de tudo o que foi escrito, mas
sem a apresentação do ponto de vista do autor.
A dissertação expositiva serve para o leitor como um texto de análise, pois é o
leitor que lhe atribuirá valores, não o escritor, visto sua função ser apenas apresentar ao
leitor os dados colhidos.

3.4 Dissertação argumentativa

A dissertação argumentativa consiste basicamente em:


1. Delimitar o tema.
2. Levantar idéias.
3. Realizar um plano de escrita.
4. Desenvolver a introdução, em que o tema é apresentado.
5. Desenvolver o conteúdo do texto, onde são mostradas ideias contra ou a favor da tese
apresentada.
6. Realizar uma argumentação perante os fatos, e ainda selecionar a argumentação de
outrem para realizar uma contra-argumentação, que pode ser positiva ou negativa.
7. Desenvolver a conclusão, realizando um fechamento de tudo o que foi escrito,
mediante a consolidação do ponto de vista do autor.
Ao contrário da dissertação expositiva, a qual serve para o leitor como um
texto de análise e é este que tira suas conclusões, a dissertação argumentativa apresenta
a opinião positiva ou negativa de quem escreve, em forma de argumentação ou contra-
argumentação.

3.5 Redação científica

32
Existem alguns tipos de trabalhos científicos, que se adequarão a cada objetivo do
ser humano, dentre eles, aqui veremos a monografia, os trabalhos didáticos, o resumo de
textos e a resenha bibliográfica, mas primeiramente, veremos suas características
principais.

3.5.1 Citação

Todos os tipos de trabalhos científicos possuem características em comum, pois


todos os textos devem ter início, meio e fim e possuem elementos de três naturezas: aos
textuais que são os textos propriamente, os pré-textuais que são elementos que antecedem
os textos, tais como índices, folha de rosto, agradecimentos, etc., e os pós-textuais que
compreendem as conclusões, referências bibliográficas, anexos ou apêndices.
É muito comum que um texto científico dialogue com os autores teóricos e o que
nunca deve faltar nele é a citação bibliográfica, que pode, e deve ser feita no corpo do
texto quando for inferior a quatro linhas e a citação fora do corpo do texto, que exige um
espaçamento e tamanho de letras especiais.
Lembre-se sempre que este livro não é um manual no assunto, apenas trabalha
com indicativos para uma pesquisa maior, que pode ser realizada em obras apropriadas18.
Uma citação dentro do corpo do texto pode acontecer de muitas maneiras,
vejamos ambos os modelos de citação realizados pela autora deste livro em um artigo
sobre o ensino superior no período do império:

1) No corpo do texto:

“A situação da educação brasileira era lamentável, e a Constituição de 1823


denunciava claramente esse fato, pela voz de Costa Barros, que afirmava não haver no
Ceará um só mestre em Latim, não por falta de qualificados, mas pelos baixos salários
oferecidos; e a situação não era diferente nas outras províncias.

18
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico, 22.ed. Ver. e ampl. São Paulo:
Cortez, 2002.

33
Sobre tal fato, Haidar (1971: 81), afirma que: “Pouco lisonjeira era a situação da
instrução pública no Brasil logo após a Independência. Procurando evidenciar a
necessidade de se instituir um sistema público de educação nacional, denunciavam os
constituintes de 23, a situação do ensino em todo o país”.

Ou:

A situação da educação brasileira era lamentável, e a Constituição de 1823


denunciava claramente esse fato, pela voz de Costa Barros, que afirmava não haver no
Ceará um só mestre em Latim, não por falta de qualificados, mas pelos baixos salários
oferecidos; e a situação não era diferente nas outras províncias.
Sobre tal fato, Haidar (1971: 81), afirma que pouco lisonjeira era a situação da
instrução pública no Brasil logo após a Independência, procurando evidenciar a
necessidade de se instituir um sistema público de educação nacional, denunciavam os
constituintes de 23, a situação do ensino em todo o país.

2) Fora do texto:

Depois de proclamada a Independência e fundado o Império do Brasil em 1822,


segundo Miranda (1975: 43),

(...) entramos numa fase de debates, projetos, reformas de ensino primário,


secundário e superior, em vista a uma estruturação da educação nacional. Desde
o século XVIII ideias filosóficas, políticas e educacionais francesas orientam os
intelectuais brasileiros cultos e, agora no século XIX irão exercer uma maior
influência e servirão também como modelos de orientação.

No corpo do texto percebemos que a citação pode estar entre aspas ou em itálico e
antes ou depois desta deve conter o nome do autor, ano de publicação e página para
consulta e todas as palavras se organizam em um texto que possui espaço 1,5 e a letra
deve sempre Times New Roman ou Arial, tamanho 12.
A estrutura do texto e a fluência das informações nele contidas devem sempre ser
levadas em consideração ao se fazer uma citação, pois não podemos apenas “jogar” as
ideias dos teóricos, para que estas dialoguem com as que apresentamos, assim, devemos
adequar o discurso como um todo.

34
A citação fora do texto deve ter espaço simples e manter o mesmo tipo da letra
usada em todo o texto, porém ser diminuída para o tamanho 10 e ter um recuo maior.
Quando realizamos uma paráfrase relacionada a um texto ou apenas queremos
indicar uma bibliografia do autor, isto pode ser feito em forma de nota de rodapé ou
usando a expressão Cf. Miranda (1975: 43), indicando ao leitor que seria relevante que
este lesse o referido autor.

3.5.2 Referência bibliográfica

A referência bibliográfica é um elemento pós-textual e possui, dependendo de sua


função, muitas regras de utilização. Veremos aqui as mais simples e, para uma consulta
que necessite de mais informações, use nas normas da ABNT (NBR 6023:2000).
Em todos os casos, uma referenciação deve conter:
1) Nome do autor: Iniciado pelo sobrenome, escrito em maiúsculo, separado do restante
do nome por vírgula e finalizado pelo ponto final, por exemplo:
TEIXEIRA, Leonardo.

PRETI, Dino.

LIMA, Danielle Guglieri.

2) Título da obra: Vem após o nome do autor, em itálico, seguido do ponto final,
conforme exemplo abaixo:

TEIXEIRA, Leonardo. Comunicação na Empresa.

PRETI, Dino. Sociolinguística, os níveis da fala.

LIMA, Danielle Guglieri. Oralidade e regionalismo em João Simões Lopes Neto.

3) Edição da obra: Quando for a partir da segunda edição, apresenta-se apenas o número
da edição, seguido de pontuação e da sigla e.d, tudo em minúsculo, exemplo:

PRETI, Dino. Sociolingüística, os níveis da fala. 9.ed.

4) Local da publicação: O nome da editora e a data, sendo que depois da cidade de


publicação vem dois pontos e então o nome da editora, seguido de vírgula e data,
conforme exemplificaremos a seguir:

35
TEIXEIRA, Leonardo.Comunicação na Empresa. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007.

PRETI, Dino. Sociolingüística, os níveis da fala. 9.ed. São Paulo: EDUSP, 2003.

LIMA, Danielle Guglieri. Oralidade e regionalismo em João Simões Lopes Neto. Porto
Alegre: Alcance/ Tchê, 2008.

É muito importante:
a) Ficar atento que após cada item da referência bibliográfica aparece um ponto final.

b) Periódicos, artigos em revistas e jornais e artigos da internet têm formas distintas de


serem citados, consulte sempre a NBR atualizada.

c) A data pode ser também colocada logo após o nome do autor, mas o importante é que
todas as referências sejam feitas igualmente em todo o documento.

3.5.3 Técnicas de organização da escrita científica

Sempre que é necessário escrever textos acadêmicos, devemos ter um subsídio


teórico, ou seja, devemos lançar mão de outros textos científicos para que produzamos o
nosso texto, pois ninguém escreve a partir do nada, sendo que todo o texto é uma resposta
a outro texto.
Boas técnicas para deixar claro o que cada texto lido tem de mais importante são a
resenha e o resumo, pois cada vez que temos de escrever, se tivermos resumos
catalogados em uma pasta de nosso computador, podemos retomar tais textos para utilizá-
los novamente sem ter de ir à biblioteca, a menos que queiramos nos aprofundar.
Outro item importante é a identificação de cada texto, pois a referência completa,
conforme o explicitado anteriormente, ajuda na hora de procurar o texto original para
realizarmos possíveis citações.

3.5.3.1 Resumo

O resumo é uma técnica muito exigida na vida acadêmica, pois facilita a


catalogação ou fichamento de obras para uso ou não do pesquisador.

36
Para que um resumo eficiente seja realizado, primeiramente é necessário que o
texto seja bem lido e entendido e, depois de todas as ideias compreendidas, pode-se então
utilizar a técnica do esquema ou do sublinha, ambas já trabalhadas neste livro.
Um bom resumo se preza pela capacidade de síntese, não das palavras
importantes, ao contrário do que sempre aprendemos, mas de um contexto, de ideias do
texto em si, pois é muito problemático quando as ideias de um determinado escritor são
deturpadas por um resumo malfeito.

3.5.3.2 Resenha

A resenha de livros é uma síntese do que está apresentado em determinada obra e,


até então, um resumo, seguido de um comentário informativo, crítico ou ambos. Será
informativa ao expor os fatos; crítica, quando seu ator se manifesta sobre os fatos e
crítico-infomativa quando apresenta os fatos e os comenta.
Segundo Severino (2002, p. 132) a resenha se estrutura por diferentes partes, são
elas:
a) Cabeçalho, onde são colocados os dados bibliográficos.
b) Informação sobre o autor, para que o leitor saiba quem está tecendo uma opinião.
c) Exposição sintética do texto.
d) Comentário crítico.

3.6 Textos oficiais

Nos dias de hoje muitos sites confiáveis da internet disponibilizam gratuitamente


ou em forma de pacotes pagos os conteúdos das escritas organizacionais específicas para
cada área de atuação, no entanto aqui nos deteremos nos tipos de escritas que organizam
as corporações, dentre elas: o ofício, que é um documento, como diz o nome, oficial,
portanto necessita de um timbre; a carta, que possui sua estrutura muito demarcada, mas
que perdeu um pouco de espaço, quando no papel, para a velocidade da comunicação
eletrônica e o requerimento, ainda muito usado na comunicação tanto externa quanto
internamente.

37
3.6.1 Ofício

O ofício é quase que exclusivamente utilizado no serviço público, na


comunicação entre chefia e o público externo. Na empresa privada apenas é utilizado
quando dirigido ao serviço público.
Com a modernidade, o conteúdo do ofício continua a ter seu grau de formalidade,
no que diz respeito ao uso dos pronomes de tratamento, os quais devem ser
cuidadosamente utilizados, mas sem os exageros do passado, quando se perdia muito
tempo com ideias fora do contexto e com palavras rebuscadas.
O ofício não deixa de ser, para a empresa pública uma carta comercial, no entanto,
algumas empresas privadas também têm usado tal documentos quando se remetem a
órgãos estatais a que estão subordinadas.
Indicaremos aqui um exemplo de ofício, disponibilizado pela internet, no entanto,
se dúvidas maiores persistirem, consulte o Manual de Redação da Presidência da
República, pois este manual é a mais adequada fonte para consulta neste caso.

(Modelo de Ofício para Adesão a Ata de Registro de Preços)19


Ofício nº ......
Município/Estado/Distrito Federal,..... de ........ de 200_
A Sua Senhoria o Senhor
NOME
Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE
SBS Quadra 02 Bloco F Edifício Áurea
Brasília-DF
Assunto: Adesão a Ata de Registro de Preços referente ao Pregão Eletrônico nº.../200_

Senhor Presidente,
Com fulcro no art. 8º, § 1º, do Decreto nº 3.931, de 19 de setembro de 2001, consulto Vossa Senhoria sobre a possibilidade
de adesão à Ata de Registro de Preços referente ao Pregão Eletrônico nº.../200_, realizado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação - FNDE.
A referida adesão visa à aquisição, por esta Prefeitura Municipal de... ou Secretaria de Educação do Estado de ...
de <quantidade> ônibus de transporte escolar, zero quilômetro para _____ passageiros ou <quantidade> embarcações
novas para ____ passageiros, junto à licitante vencedora do certame.
Solicitamos, ainda, uma vez atendido o pleito em tela, que nos encaminhe o(s) ofício(s) de autorização do FNDE e da(s)
empresa(s) vencedora(s) do processo licitatório, bem como a cópia da Ata de Registro de Preços, e a(s) Proposta(s) de Preço(s)
vencedora(s).
Para qualquer necessidade de contato, disponibilizamos o endereço de e-mail
_______________________________________________ e, ainda, o(s) telefone(s) deste Órgão: (XX) 0000-0000 e fone-fax (XX)
0000-0000.

Atenciosamente,
___________________________________
XXXXXXXXXXXXX
<Dirigente do órgão interessado>

19
Disponível em: http://ftp.fnde.gov.br/web/resolucoes_2007/res003_28032007_anexo_08.doc

38
3.6.2 Memorando

O memorando consiste em uma ligeira nota ou comunicação por escrito, hoje


podemos entendê-lo assim como o e-mail corporativo, pois serve para passar adiante um
número restrito de informações; do latim, o memorandum, significa algo que não pode
ser esquecido, algo que serve para ficar na memória.
O memorando é usado nas empresas para deixar formalmente e por escrito, toda e
qualquer resolução tomada, acertada, acordada, vejamos um exemplo:

Memorando n.º /05-Sigla


Estado, de de 2005.
De: Emissor
Para: Setor ou Receptor
Assunto: Mensagem

Pronome de tratamento e cargo do destinatário,

Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto.
Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto.
Assunto.Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto.

Atenciosamente,

[Nome do emissor]
[Cargo]

3.6.3 Carta

A carta nada mais é do que um escrito que enviamos a uma pessoa e que pode ter
inúmeros conteúdos, neste caso, trataremos da carta comercial que é a carta utilizada
pelas empresas para comunicar algo.
A carta comercial pode se apresentar de maneiras distintas, aqui apresentamos
uma delas:

(Data)Estado, dia, mês e ano de postagem.


(Destino) Setor a quem a carta será destinada.
(Pessoa)Invocação da pessoa a ser entregue a informação com o uso do pronome adequado.

Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto.
Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto.
Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto.

39
(Fecho)
Agradecimento.
Assinatura / Função.

3.6.4 Requerimento/Solicitação

Um requerimento ou petição consiste no ato de querer ou pedir algo a outrem por


meio da escrita, tal tipo de escrita é muito utilizada no mundo empresarial, vejamos um
exemplo:

REQUERIMENTO/SOLICITAÇÃO DE (colocar o que irá solicitar)

Exmo. Senhor
(A quem se destina com o uso dos pronomes de tratamento)

Fulano de Tal,

__(nome completo)___, brasileiro(a),__(estado civil)__, __(profissão)__, portador da Cédula de Identidade R.G. nº ___________,
residente na Rua _____________, nº ______, Bairro de _________, cidade e Município de _______________, vem à presença de
V.Exa. para expor e requerer o que segue:

Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto.
Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto.
Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto. Assunto.

Pede Deferimento,

__________________________
Local/data

_______________________
Nome/assinatura

Embora tenhamos estudados os modelos mais utilizados de textos oficiais e


específicos, sabemos que em função da agilidade e rapidez na comunicação, a internet
tem sido a melhor escolha para o envio de comunicados de todas estas naturezas, os quais
devem ser sempre anexados à mensagem explicativa, jamais devem ser colocados
diretamente nos e-mails.

4.0 O uso da internet e a construção de e-mails


Sabemos que o mau uso da internet na empresa vem crescendo de forma
alarmante, pois da mesma forma que a empresa busca rapidez e eficiência também cresce
o seu desperdício por tempo e dinheiro.

40
O grande problema é a jornada de trabalho dos empregados, considerada longa,
fazendo com que estas pessoas, ao invés de produzirem, na maior parte do tempo, passem
a acessar conteúdos na internet que não fazem a menor diferença ao trabalho a que foram
designadas.
Ao começar a fazer uso de um equipamento de computador e a visitar sites que
não dizem respeito ao ambiente de trabalho, o usuário percebe existir o anonimato, ou
seja, percebe que não está sendo vigiado o tempo todo e pode fazer tudo o que quiser,
mudar sua identidade, e qualquer dado seu.
Tal anonimato exerce fascínio entre os usuários da rede mundial de computadores,
o que, de certa forma mexe com a ideia do que é certo e do que é errado, que na maioria
das vezes é deixada de lado, pelo glamour proporcionado pelo mundo virtual.
O cuidado com o uso da internet deve ser diário e contínuo, para tanto, o uso do e-
mail empresarial deve, também ter sua estrutura e finalidade preservadas, pois sabemos
que nos dias de hoje muitas empresas disponibilizam e-mails corporativos aos seus
funcionários, e estes devem obedecer às regras rígidas, porém simples.

4.1 A estrutura do e-mail

A estrutura do e-mail irá variar de acordo com o seu objetivo e segue o padrão
culto do uso da linguagem, o único problema é que o e-mail não pode conter intimidades
e tampouco rebuscamento, deve se ater ao seu objetivo: informar com clareza e
objetividade.
Ao escrevermos qualquer tipo de comunicação corporativa podemos seguir os
modelos mostrados anteriormente, porém devemos ter cuidado com o cabeçalho, o qual
não deve ser repetido.

4.2 Técnicas de construção

Como então construímos um e-mail? É simples, pois tal escrita deve ser breve,
mas conter introdução, desenvolvimento e conclusão,

41
Hoje existe uma norma convencionada “netiqueta”, ou seja, são regras de bom
uso da internet, mas o mais importante da “netiqueta” quanto à escrita do e-mail é o que
não devemos fazer:

1. Não gritar, ou seja, não usar todas as letras em maiúsculo. Para destacar algo use
asteriscos ou aspas simples ou duplas.
2. No espaço do assunto do e-mail, seja um pouco descritivo, não peça ajuda neste
momento, escreva algo simples, mas que concentre o que deve ser dito.
3. Não use sinais como >><< // ou outros para chamar a atenção para a sua mensagem, isto
não funciona.
4. Não envie e-mails no formato HTML, pois este uso triplica o tamanho e aumenta a
vagarosidade na entrega da mensagem.
5. Use na assinatura, seu nome, o nome da organização a que você é associado, um ou dois
URLs e até uma citação filosófica curta.
6. Não use gravuras e arte nos seus e-mails a menos que seja um logotipo pequeno da
empresa.
7. Não faca cross-posting e multi-posting. Escolha cuidadosamente a lista para a qual sua
mensagem deva ser postada e poste somente lá.
8. Não use o meio eletrônico para falar mal de alguém.
9. A postagem de UCEs (em inglês: E-mail Comercial Não Solicitado) e de spam é
extremamente depreciada.
10. Não discuta sobre religião, futebol ou partidos políticos.
11. Evite e-mails longos e/ou chatos com muitas informações teóricas ou técnicas.
12. Não deixe de ler antes de enviar tudo o que escreveu.
13. Não responda um e-mail para todas as pessoas de uma lista, somente quando for
extremamente necessário.
14. Não envie mensagens duplas, tome cuidado.
15. Evite usar abreviaturas, mas se isto for necessário atenha-se apenas às seguintes e no
âmbito interno da empresa:
hj: hoje q: que tb: também vc: você v6 ou vcs: vocês

16. Não deixe de usar a acentuação na internet.

Tomando alguns cuidados o uso da internet se torna mais eficiente e nossas


comunicações correm menores riscos de serem mal-entendidas. Para maiores dúvidas,
use o site http://www.debian-rs.org/ de onde foi retirada a base para a reelaboração de tais
regras.
É sabido que todas as “dicas” relacionadas à comunicação são sempre bem-
vindas, mas há outro ponto muito importante, além de estudos lingüísticos e
interacionais.

42
Também importante para a efetividade da mensagem é a expressão escrita, no
sentido de adequação gramatical, pois os usuários da língua precisam conhecer os
mecanismos gramaticais da norma culta para usar no seu dia-a-dia. Diante disto é preciso
entender a gramática, que nada mais é do que o registro da expressão falada.
Não se trata decorar regras inúteis ou estudar a gramática com exaustão, a
proposta deste trabalho é, além de refletirmos sobre situações diárias de comunicação
oral e escrita e relembrar alguns conceitos básicos, saber que este livro se apresenta como
um manual de consulta rápida e fácil a qualquer estudante, profissional ou pessoa
interessada, embora esteja muito distante de ser uma gramática propriamente.
Passaremos aos estudos estruturais da Língua Portuguesa, nossa língua materna, e
como diz o nome, é intrínseca em nossos conhecimentos.

5.0 Noções de fonologia e fonética


A fonologia é a ciência, dentro da Língua Portuguesa, que estuda os fonemas,
ou seja, os sons de nossa língua, os quais podem ser percebidos apenas na língua falada.
Exemplo: dia/tia/fia/lia olho/ilha/alho gato/rato/pato

A fonética estuda as particularidades regionais destes sons, ou seja, o modo


como se fala no sul ou no norte. Tente pronunciar a palavra interior como se fosse um
gaúcho, um paulista ou um carioca e verá a diferença.
As variações de um mesmo fonema, damos o nome de alofone.
No entanto, não devemos confundir o fonema com a letra, pois fonema é a
mínima unidade sonora da língua e letra é a representação desta sonoridade.
Uma mesma letra pode representar fonemas diferentes, é o caso do X, veja:
Exército – som de z Peixe – som de ch Crucifixo – som de cs

Há inúmeros símbolos utilizados para que um som seja posto no papel, a esta
atividade damos o nome de transcrição fonológica.
Os fonemas podem ser classificados de diversas maneiras, mas aqui veremos
apenas as vogais, semivogais e as consoantes.
Semivogais são fonemas semelhantes ao fonema vogal, mas não possuem o
papel indispensável como estes dentro da sílaba.

43
A união de fonemas forma sílabas. A sílaba é uma emissão de som único que
contem mais de um fonema, podendo ser constituída por:
Fonema vogal +fonema consoante = am Fonema consoante + fonema vogal = ma
Fonema vogal + fonema semivogal = eu Fonema semivogal +fonema vogal = eu

As palavras, quanto ao seu número de sílabas podem ser:


Monossílabas – com uma sílaba – pão
Dissílabas – com duas sílabas – café
Trissílabas – com três sílabas – amada
Polissílabas – com quatro ou mais sílabas – alameda

De acordo como são formados os agrupamentos de vogais, semivogais e


consoantes temos, denominados, os encontros vocálicos e os encontros consonantais,
determinados pela separação silábica.

5.1 ENCONTROS DE FONEMAS

Encontros vocálicos consistem nos encontros de vogais e semivogais dentro


de uma mesma sílaba e são conhecidos como:
1. Ditongos: O encontro de uma vogal+semivogal ou vice-versa.
EXEMPLO: papai, caucasiana, chapéu
Os ditongos podem ser crescentes, quando tiverem a formação semivogal+vogal: história,
Mário, calcário.
Ou decrescente, quando tiverem a formação vogal+semivogal: foice, vogais, roupão.

2. Não tão recorrente como os ditongos, há também os tritongos, formados pelo esquema
vogal+semivogal+vogal, dentro de uma mesma sílaba: Uruguai queijo, averiguei.

IMPORTANTE: ditongos e tritongos NUNCA podem ser separados na sílaba.

3. Hiatos constituem o encontro de duas vogais na palavra, mas que nunca podem ficar na
mesma sílaba, já que são duas vogais: saúde, ruim, voo, caatinga.

Sobre os encontros vocálicos não devemos esquecer que:

* Cada sílaba tem a presença de uma vogal;


* Vogais e semivogais ficam agrupadas na mesma sílaba;
* Duas vogais ficam em sílabas separadas.

44
Encontros consonantais são grupos formados por mais de uma consoante, sem
uma vogal e existem dois tipos distintos:

1. Dígrafos consonantais: Constituem duas consoantes com o objetivo de formar um


único som (fonema): CH, LH, NH, RR, SS, SC, SÇ, XC, XS.

GU,QU (apenas quando seguidos de e ou i serão considerados dígrafos) – guerrilha,


queijo. Quando o u for pronunciado não serão dígrafos.

EXEMPLO: CHAVE – CARTILHA – TENHO – CARRO – ASSOALHO – NASCER –


DESCER - EXCEÇÃO – EXSUAR – SANGUE – AQUI.

2. Dígrafos vocálicos formados por vogais seguidas de m ou n, que não representam


propriamente uma consoante, mas indicam a nasalidade da vogal anterior: tampa, tanto,
exemplo, tenda, jasmim, tinta, tombo, ponto, algum, nunca.

5.2 REGRAS PARA DIVISÃO SILÁBICA:

Devemos ter em mente que se a divisão silábica é importante para os


agrupamentos de letras nas sílabas, tendo suas regras próprias:
São separados:

a) Hiatos;

b) Letras dos dígrafos:


rr - car-ro
ss - cas-sa-do
sc - a-do-les-cên-cia
sç - nas-ço
xc - ex-ce-der;

c) Vogais idênticas: vo-o, le-em;

d) Grupos formados por:


cç - In-te-lec-ção
cc - oc-ci-pi-tal

e) Encontros consonantais que não constituem dígrafos:


en-tão
car-ga
nos-tál-gi-co

5.1 Ortografia

45
Orto significa estrutura e grafia, escrita, portanto a palavra ortografia significa,
na sua totalidade, a estrutura certa da grafia de um som.
Antes de serem apresentadas as regras de ortografia, devemos lembrar que
poderemos nos deparar com três tipos de palavras distintas:
1. Homônimas: palavras com mesma grafia, mas com sentidos diferentes, como a
palavra almoço, que possui mais de um significado.
EXEMPLOS:
O almoço estava bom. (Substantivo)
Sempre almoço aqui. (Verbo)

OBSERVAÇÃO: Além de homônima a palavra almoço também é homógrafa, visto ter a


mesma pronúncia para significados diferentes.

2. Homófonas: palavras que possuem o mesmo som, porém com escritas e sentidos
diferentes.
EXEMPLOS:
Caça = caçada - A caçada será muito proveitosa.
Cassa = anular - O mandato foi cassado.
As orientações ortográficas são inúmeras, no entanto aqui, de forma breve
apresentaremos as mais importantes, mas vale lembrar que sempre, em um momento de
dúvida, a melhor maneira de resolver a situação é consultando um bom dicionário.

X/CH
1. Sempre após um ditongo usa-se X: caixa, queixo.
2. Palavras que são iniciadas por EN, são escritas com X: enxugar, enxame.
3. Palavras iniciadas com CH, prefixadas por EM são escritas com CH: encharcar,
enchapelar.
4. Após ME inicial, usa-se X: mexa, mexerica, no entanto, podemos escrever também
mecha, que significa mecha de cabelo, diferente de mexa, do verbo mexer.
5. Todas as palavras de origem africana são escritas com X: xavante, xará.
6. Nas palavras vindas do inglês, substituímos o sh por X: shampoo – xampu.

46
G/J
1. Usamos o G em palavras com o sufixo: AGEM, IGEM, UGEM: garagem, vertigem,
ferrugem.
2. Após A inicial usa-se G, exceto em ajeitar: ágil, agiota.
3. Palavras com origens africana e indígena são grafadas com J: pajé, jibóia.
4. Toda a palavra escrita com J, que ao ser substituída pela palavra primitiva de sua
família, se for escrita com J deve também ser assim grafada: sujeira – sujo, laranjinha –
laranja, lojista – loja.

S/Z
1. Toda a palavra derivada de uma primitiva gafada com S, será assim grafada: rosa –
roseira, analisado – análise.
2. O mesmo acontece para as palavras com Z: deslizar – deslize.
3. Usa-se ÊS e ESA para nacionalidade, título ou origem: baronesa, francês, burguês.
4. Usa-se nos substantivos abstratos derivados de adjetivos: beleza, rapidez.
5. Em sufixos de adjetivos usa-se S: amoroso, chuvoso.
6. Em sufixos de verbos usa-se Z: enfatizar, hospitalizar.
7. Após um ditongo, deve-se usar S: coisa, Cleusa.

E/I
1. Ditongos nasais se escrevem com E: cães, mães.
2. Verbos com infinitivo –oar/-uar escrevem-se com E: perdoe, abençoe.
3. Verbos com infinitivo –air/-oer/-uir escrevem-se com I: sai, dói.

O/U
1. Se utiliza O ou U mediante a consulta da palavra primitiva: mágoa – magoo, curtume
– curtir.

5.3 Acentuação

47
Sabemos que não acentuar uma palavra é tão importante quanto acentuá-la,
para isto, devemos seguir dez regras, pois um acento ou a falta dele pode causar
problemas ao entendimento dos vocábulos, e consequentemente a falta de coesão.
Em 2008 foram reformuladas as regras de acentuação gráfica, com o prazo de
adaptação até 2012, para que todos os países de língua portuguesa tenham o mesmo uso,
já que se comunicam com a mesma linguagem, a primeira delas é que o alfabeto passa a
ter 26 letras, incluindo as letras k, w e y.
Além desta há outras tantas modificações, vejamos:

Acentuação dos monossílabos:


Continuam a ser acentuados os monossílabos tônicos terminados em: A, E, O,
seguidos ou não de S. EXEMPLO: pá, cá, pé dê, pó, nó

Acentuação dos oxítonos:


São acentuados os oxítonos terminados em: A, E, O e EM, ENS, seguidos ou
não de S. EXEMPLO: maçã, café, trenó, ninguém, reféns.

Acentuação dos paroxítonos:


Devem ser acentuados os paroxítonos terminados em: i (s), u(s), um, uns,
ão(s), ã(s), ei(s),r, x n, l. Use a fórmula: U(us)EI(eis) UM(uns)LI(is)RÃO(ãos) NX PS.
EXEMPLO: lápis, fórum, órfãos, órfãs, níqueis, cárter, tórax, próton, nível.
Também devem ser acentuados os paroxítonos terminados em todos os
ditongos crescentes. EXEMPLO: espontâneo, vícios, amêndoas, vácuo, ingênuos.

Acentuação dos proparoxítonos:


Todos os proparoxítonos são acentuados. EXEMPLO: lâmpada, máximo,
mínimo, mágica.

Acentuação dos ditongos:


Devem ser acentuados os ditongos abertos: éi(s), ói(s) e eu(s) somente nas
oxítonas e monossílabos tônicas. EXEMPLO: anéis, caracóis, chapéu.

48
Nas paroxítonas, os ditongos abertos não são mais acentuados. EXEMPLO:
jiboia, alcaloide.

Acentuação dos hiatos:


Não existe mais o circunflexo no penúltimo O fechado do hiato OO(s).
EXEMPLOS: voo, perdoo.
Os hiatos, formados por I ou U tônicos, permanecem acentuados. EXEMPLO:
Saída, saúde
Mas quando pertencerem a um ditongo, perdem o acento antigo. EXEMPLO:
Baiuca, feiura
Quando o I ou U estiverem no final das palavras ou no plural, devem ser acentuados.
EXEMPLO:
Piauí - tuiutús

Acento diferencial:
A lei no. 5.765 de 18/12/1971 aboliu a maioria dos acentos diferenciais, no
entanto, até 2008 algumas palavras ainda apresentavam tal diferenciação, o que hoje já
não existe mais nas palavras homógrafas: para = verbo / preposição, pelo = preposição /
pronome / substantivo masculino (cabelo); por = preposição / verbo.

Acentuação das formas verbais:


A. 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos ter, vir e seus
derivados recebe acento circunflexo no E da sílaba tônica:
Ele tem – este têm Ele contém – eles contêm
Ele vem – eles vêm Ele intervém – eles intervêm.
B. Não existe mais o acento da 3ª pessoa do plural dos verbos dar, crer, ler e ver.
Ele dê – eles deem Ele lê – eles leem
Ele crê – eles creem Ele vê – eles – veem

Trema:

49
Só deve ser usado em nomes próprios ou derivados deles. EXEMPLO: Müller,
mülleriano.

6.0 As classes gramaticais


Assim como vimos que cada texto tem o seu objetivo, devemos saber que cada
palavra também o tem, sempre é bom que revisemos suas classificações.
Nomeamos a diversidade de palavras, classes gramaticais, que, em Língua
Portuguesa, são dez: substantivo, adjetivo, artigo, verbo, pronome, advérbio preposição,
numeral, conjunção e interjeição.

6.1 Substantivo
É a classe que abriga o maior número de palavras, pois tudo tem um nome e o
substantivo é a classe de palavras que dá nome aos seres. Os substantivos possuem tipos
distintos: comum, próprio, concreto, abstrato, primitivo, derivado, simples, composto e
coletivo. Vejamos os substantivos contidos nos fragmentos do texto La Cave Des Vins –
A Arte em Degustar Vinhos (2007, p.22 )20:

A loja física deverá ser estabelecida em espaço amplo, com decoração moderna e ligada
ao tema, necessariamente com ambiente climatizado.
A loja deverá ser instalada no bairro Jardim, em Santo André. Esse é um bairro nobre,
em uma região central do ABC, com fácil acesso a outras áreas nobres de São Caetano,
de São Bernardo e mesmo de São Paulo, com o melhor poder aquisitivo da região.

Nesta primeira análise vemos que todos os substantivos sublinhados têm a


função de nomear os seres em geral e por este motivo são chamados substantivos
comuns, no entanto, todos os substantivos quem nomeiam seres específicos que aqui
percebemos ser os nomes das cidades possuem outra nomenclatura: são chamados
substantivos próprios e estão assinalados em itálico no texto.
Existem substantivos chamados concretos e abstratos, estes necessitam de
seres concretos para existir, aqueles, existem por si só, é o caso da palavra loja,

20
Retirado do livro “Os mais relevantes projetos de conclusão dos cursos MBAs 2006”. Coordenação
editorial de Maria Madalena Nascimento Fonseca. Santo André, SP: Strong, 2007.

50
substantivo concreto e da palavra decoração, substantivo abstrato, pois para ser realizada
precisa, necessariamente, dos decoradores.
Outros substantivos presentes no fragmento em estudo são os substantivos
primitivos, dotados de seu radical, e, por este motivo originam os outros, chamados
derivados. Em “A loja física deverá ser estabelecida em espaço amplo, com decoração
moderna e ligada ao tema, necessariamente com ambiente climatizado.” Percebemos
que os substantivos sublinhados são primitivos e poderiam designar substantivos
derivados deles, tais como: logística, espaçado, temática e ambientalização, por
exemplo.
Existem ainda os substantivos simples e compostos, que são assim nomeados
devido a sua formação, se forem formados por um radical, como loja, por exemplo,
serão nomeados simples, mas se forem formados por dois ou mais radicais serão
denominados compostos. No texto os nomes das cidades são bons exemplos, pois além
de serem nomes próprios; Santo André, São Caetano, São Bernardo e São Paulo,
também se constituem por dois radicais distintos; compostos.
A fim de finalizarmos o estudo dos substantivos falemos dos coletivos, que
indicam coleções ou grupos de palavras, os quais não encontramos no texto em estudo,
por não serem muito usados nos textos científicos e empresariais, no entanto, a título de
curiosidade podemos lembrar-nos de cardume, alcatéia e biblioteca, entre tantos outros.
Além dos diferentes tipos, os substantivos possuem flexão, ou seja, podem
modificar-se em gênero, número e grau.
O gênero de um substantivo esclarece se é feminino ou masculino. Muitos
podem ser convertidos do masculino para o feminino e vice-versa, apresentando-se de
forma biforme ou uniforme.
Serão biformes os substantivos que apresentam formas distintas para feminino
e masculino, seja pelo uso de artigos finais, como é o caso de menino e menina, seja
pela atribuição de palavras distintas para cada um dos sexos, como cão e cadela.
Serão uniformes os substantivos que utilizam a mesma forma para designar
quaisquer dos sexos; primeiramente, pelo uso de um artigo inicial, os chamados
substantivos comuns de dois gêneros, como em o repórter e a repórter; ou mediante o
uso das palavras macho e fêmea, próprias dos substantivos chamados epicenos, o caso

51
de boto macho e boto fêmea; e finalmente os, chamados sobrecomuns, que não
admitem gênero, é o caso de a criança, que somente saberemos se é menino ou menina
pelo contexto.
O número do substantivo diz respeito à quantidade, se ele é singular ou plural.
Para o número há inúmeras formas de formação de plural, mas as mais comuns são a
adição do “s”, “ãos”, “ões” e “éis”.
O grau do substantivo é designado pelo aumentativo ou diminutivo, e admite
duas formas, a sintética e a analítica. Será sintética quando acrescentamos sufixos que
mudarão o grau da palavra, ou seja, no substantivo menino, por exemplo, pode-se
acrescentar um sufixo indicativo de diminutivo ou de aumentativo, respectivamente em
menin-inho ou menin-ão.
O grau do substantivo será analítico quando acrescentamos palavras que
expressam a ideia de diminuição ou de aumento, como em menino grande ou menino
pequeno.

6.2 Artigo

O artigo está intimamente ligado ao substantivo e existe para acompanhá-lo,


indicando o gênero, determinando-o ou generalizando-o. Os artigos também se flexionam
em gênero, número e grau.
No fragmento de texto, ainda em estudo, percebemos os artigos, sublinhados, bem
como as contrações de preposição mais artigos, em+o = no e de+a= da:

A loja física deverá ser estabelecida em espaço amplo, com decoração moderna e ligada
ao tema, necessariamente com ambiente climatizado.
A loja deverá ser instalada no bairro Jardim, em Santo André. Esse é um bairro nobre,
em uma região central do ABC, com fácil acesso a outras áreas nobres de São Caetano,
de São Bernardo e mesmo de São Paulo, com o melhor poder aquisitivo da região.

6.3 Adjetivo

52
O adjetivo também tem a ver com o substantivo, pois o qualifica, o caracteriza,
portanto, o modifica. Consideramos um adjetivo facilmente quando consideramos o seu
contexto.
Os adjetivos podem ser simples (formados por apenas um radical), compostos
(formados por mais de um radical), primitivos (quando não deriva de um substantivo ou
verbo), derivados e pátrios (quando se referir a cidades, estados ou países). Ainda no
texto em uso, percebemos como adjetivos:
A loja física deverá ser estabelecida em espaço amplo, com decoração moderna e ligada
ao tema, necessariamente com ambiente climatizado.
A loja deverá ser instalada no bairro Jardim, em Santo André. Esse é um bairro nobre,
em uma região central do ABC, com fácil acesso a outras áreas nobres de São Caetano,
de São Bernardo e mesmo de São Paulo, com o melhor poder aquisitivo da região.

O adjetivo poderá também se apresentar em forma de locução adjetiva como


climatizado (de clima) e central (do centro). É muito importante lembrar que não
existem adjetivos equivalentes para as funções adjetivas, elas são únicas.
Quanto às flexões, os adjetivos são semelhantes às dos substantivos,
compreendem mudanças em gênero, número e grau. O gênero e o número são simples;
este se refere ao singular e ao plural, aquele, ao masculino e ao feminino.
Mais complexa é a flexão de grau do adjetivo que se apresenta de duas formas
distintas: Comparativo (igualdade, superioridade e inferioridade) e Superlativo, que tem
a função de atribuir intensidade ao adjetivo podendo ser absoluto (analítico ou sintético)
ou relativo (de superioridade ou de inferioridade).

6.4 Verbo

É a classe de palavras que indica ação, estado ou fenômeno da natureza, ou


seja, é uma classe de palavras dinâmica, pois está centrada em movimentos. O verbo
possui flexões de modo (indicativo, subjuntivo e imperativo), tempo (presente pretérito
e futuro), número (singular e plural), pessoa (três do plural e três do singular) e voz
(ativa e passiva).
Os verbos podem se apresentar em três formas diferentes:
No infinitivo: Quando está em sua forma não conjugada, como amar, comer,
dormir e compor, por esta forma apresenta infinitivo nas terminações -ar. -er, -ir, -or.

53
No gerúndio: Quando a ação está acontecendo, como em amando, comendo,
dormindo e compondo, por esta forma apresenta as terminações –ando, -endo, -indo,-
ondo.
No particípio: Quando indica o passado, como em amado, comido, dormido e
composto, por esta forma apresenta terminações em -ado, -ido e -odo.
No fragmento de análise há os seguintes verbos:
A loja física deverá ser estabelecida em espaço amplo, com decoração moderna e ligada
ao tema, necessariamente com ambiente climatizado.
A loja deverá ser instalada no bairro Jardim, em Santo André. Esse é um bairro nobre,
em uma região central do ABC, com fácil acesso a outras áreas nobres de São Caetano,
de São Bernardo e mesmo de São Paulo, com o melhor poder aquisitivo da região.

Percebemos que a presença verbal acontece mais pelas locuções verbais,


deverá ser, repetidas e pelo uso de um verbo de ligação, pois não há outros verbos de
ação devido aos objetivos do texto, diferente do que ocorreria se tal texto fosse uma
narração ou descrição.
O verbo se flexiona em três pessoas, que são chamadas as pessoas do discurso,
podendo ser singulares ou plurais:
1ª. Pessoa – quem fala, o enunciador no singular EU e no plural: eu + os outros = NÓS.
2ª. Pessoa – com quem se fala, o receptor, no singular TU/VOCÊ e no plural VÓS.
3ª. Pessoa – de quem se fala, o referente, no singular ELE(a) e no plural ELES(as).
As flexões de vozes verbais podem ser três: a voz ativa, a voz passiva e a voz
reflexiva.
A voz ativa acontece quando o sujeito exerce a ação, e por este motivo,
chamamos o sujeito de agente. (EXEMPLO: A empresa faliu.)
A voz passiva acontece quando o sujeito sofre a ação, e por este motivo
chamamos o sujeito de paciente. (EXEMPLO: A falência ocorreu na empresa.)
A voz passiva pode apresentar duas estruturas distintas, a passiva analítica e a
passiva sintética, aquela é formada por um verbo auxiliar mais um verbo no particípio
(EXEMPLO: A administração é influenciada pelo crescimento do dólar) e esta, é
formada por um verbo transitivo na terceira pessoa mais a partícula apassivadora “se”
(Administram-se empresas ricas).

54
A voz reflexiva acontece quando o sujeito sofre e ao mesmo tempo pratica a
ação. (EXEMPLO: A imagem da empresa refletiu-se).
Não devemos esquecer que existem , além dos verbos de ação, outros:
Os verbos auxiliares, dentre tantos temos os mais importantes: ser, estar, ter e
haver, os quais acompanham o verbo principal. (EXEMPLO: Tenho andado distraído.)
Os verbos de ligação, como ser, estar parecer, permanecer, ficar (no sentido de
estar). (EXEMPLO: Ando distraído./A menina parece triste./ A avó ficou doente.)
Há muito ainda o que estudar sobre verbos, por exemplo, questões que dizem
respeito a sua regularidade, no entanto, nossos estudos aqui são o suficiente para uma
revisão, mas se você ficar incomodado com algo não mencionado, já que nosso objetivo
é apenas relembrar conceitos básicos da língua escrita, não esqueça que uma boa
gramática resolverá o problema.

6.5 Advérbio

O advérbio é a classe de palavras que modifica o verbo, e no caso a seguir,


veremos que o advérbio sublinhado está modificando o verbo deverá, longe de si. Em um
texto, tal retomada faz parte de sua tessitura, pois as palavras interagem entre si e não
apenas por proximidade.

A loja física deverá ser estabelecida em espaço amplo, com decoração moderna e ligada
ao tema, necessariamente com ambiente climatizado.
A loja deverá ser instalada no bairro Jardim, em Santo André. Esse é um bairro nobre,
em uma região central do ABC, com fácil acesso a outras áreas nobres de São Caetano,
de São Bernardo e mesmo de São Paulo, com o melhor poder aquisitivo da região.

Quanto à tipologia os advérbios possuem sete agrupamentos distintos, os quais


valem a pena serem lembrados:

a) De lugar: longe, perto aqui, ali, lá, acolá, à esquerda, à direita, entre outros.
b) De tempo: hoje, ontem, amanhã, jamais, já, agora, às vezes, breve, entre outros.
c) De modo: bem, mal, pior, melhor e a maioria dos advérbios terminados em
“mente” – fortemente, calmamente, suavemente, diabolicamente.
d) De negação: não, tampouco, de forma alguma, nem pensar, entre outros.
e) De dúvida: talvez, acaso, provavelmente, entre outros.
f) De afirmação: sim, é claro, obviamente, sem dúvida, entre outros.
g) De intensidade: muito, pouco bastante, menos mais, entre outros.

55
Ainda devemos mencionar que existem outros quatro advérbios, chamados
interrogativos, pois ocorrem nas sentenças com interrogações diretas ou indiretas, são
eles:
a) De lugar: onde b) De tempo: quando c) De modo: como d) De causa: por quê

O advérbio não é flexionado em gênero ou número, apenas em grau,


superlativo e comparativo.
Será superlativo sintético quando verificarmos um aumento com relação ao
contexto, junto ao acréscimo de outro advérbio, conforme,
A loja estabeleceu-se aqui perto.

Será superlativo analítico quando o advérbio for acrescido de um sufixo,

A loja estabeleceu-se pertíssimo.

Será comparativo quando existir uma comparação real tem três níveis, de
superioridade, de igualdade e de inferioridade, exatamente como acontece no adjetivo:

A loja estabeleceu-se mais longe do que aquela.


A loja estabeleceu-se tão longe quanto aquela.
A loja estabeleceu-se menos longe do que aquela.

6.6 Pronome

O pronome é a classe de palavras que acompanha ou substitui o substantivo,


com o intuito de substituir um nome, indicar ou situar sua posição no discurso.
Existem vários tipos de pronomes, veremos então os pronomes pessoais,
indicativo das pessoas do discurso, podem ser do caso reto ou oblíquo. Serão do caso
reto quando tiverem a função de sujeito da oração, e do caso oblíquo quando
funcionarem como um complemento dela.
Observemos o quadro:
Número/Pessoa Pronomes retos Pronomes oblíquos

1ª. P. singular eu me mim, comigo


2ª. P. singular tu te ti, contigo
3ª. P. singular ele/ela o, a, lhe, se ele(a), si, consigo
1ª. P. plural nós nos nós, conosco
2ª. P. plural vós vos vós, convosco
3ª. P. plural eles/elas os, as, lhes, se eles(as), si consigo
A diferença está na frase é a seguinte: ÁTONOS TÔNICOS

56
1) Ela passeia pelo parque.
(o pronome exerce função de sujeito)

2) Todos os pensamentos passam-lhe despercebidos.


(o pronome exerce função de complemento e substitui passam por ela)

Dentro da classificação dos pronomes pessoais existem ainda os pronomes de


tratamento, utilizados para chamar a segunda pessoa do discurso você, vindo do vossa
mercê, passando pelo “vosmicê” e, finalmente, você, o mesmo que tu. Não se deve
confundir que você designa a segunda pessoa, mas se flexiona como a terceira pessoa do
discurso, veja:
Tu vais passear hoje?
Você vai passear hoje?
Dentre todos os pronomes de tratamento, que são muitos, os que mais
interessam para o uso empresarial são:
Vossa Majestade – usado para reis, rainhas e imperadores. (V.M.)
Vossa Alteza – usado para príncipes, duques e arquiduques. (V.A.)
Vossa Santidade – usado para o Papa. (V.S.)
Vossa Eminência – usado para cardeais. (V. Ema.)
Vossa Excelência – usado para altas autoridades e pessoas de respeito, como
presidentes, senadores, governadores, prefeitos, vereadores, advogados,
desembargadores, curadores e oficiais generais (até coronéis). (V.Exa.)
Vossa Senhoria – usado para altas autoridades e pessoas de respeito, como funcionários
graduados e demais patentes militares, diretores de estabelecimentos federais, estaduais
e municipais. (V. Sa.)
Vossa Magnificência – usado para reitores de universidades. (V.M.)
Tome muito cuidado para não criar confusão com os pronomes vossa e sua,
pois vossa é indicativo de segunda pessoa, ou seja, com quem se fala e sua é indicativo
de terceira pessoa, ou seja, sobre quem se fala, como vemos em:
Vossa Santidade está se sentindo bem?
(Aqui a pessoa está falando com o Papa.)
Sua Santidade não se sentiu bem ao chegar ao Brasil.
(Aqui a pessoa está falando sobre o Papa.)

57
Além dos pronomes pessoais, utilizados em maior número, existem ainda
os pronomes possessivos, indicativos de posse, os demonstrativos, que indicam o
posicionamento de uma pessoa em relação às pessoas do discurso:

1ª. P – proximidade de quem fala – tempo presente:


– este(s) – esta(s) – isto –

2ª. P – proximidade de quem escuta – tempo passado ou futuro próximos:


– esse(s) – essa(s) – isso –

3ª. P – distância de quem se fala e de quem escuta – passado remoto:


– aquele(s) –aquela(s) – aquilo.

Outros pronomes muito usados no discurso empresarial são os relativos, pois


têm a função de retomar um termo expresso anteriormente ou antecedente. Dentre os
relativos existem os chamados variáveis (o qual, cujo, quanto), que se flexionam quanto
a número e gênero, e os invariáveis (que, onde e quem).
Os pronomes indefinidos se referem a terceira pessoa do discurso denotando
certa imprecisão, dentre seus exemplares os mais usados são: alguém, ninguém ou
qualquer. Podem ser divididos em pronomes variáveis e invariáveis, como alguém,
ninguém, algo e tudo, dentre outros.
Como diz o nome, a função do pronome interrogativo é formular uma pergunta
e nem todos são variáveis, pois que, o mais usado destes pronomes, não varia.

6.7 Numeral

O numeral é a classe de palavras que indica quantidade ou posição ocupada


por um ser. Os numerais podem ser cardinais, ordinais, fracionários ou multiplicativos.
Os cardinais são aqueles que demonstram uma quantidade determinada, como
um, dois, três, mil, um milhão e se flexionam em gênero, número e grau, vejamos
algumas mudanças.
Os ordinais são aqueles que indicam ordem ou posição ocupada; primeiros,
terceiro, centésimo, último, penúltimo e antepenúltimo.

58
Os fracionários indicam partes de um todo, como uma fração ou divisão, assim
como: meio, quarto, quinto, milésimo, treze avos.
Os multiplicativos indicam, como diz o nome, multiplicações, como em:
dobro, triplo quádruplo, cêntuplo.

EXEMPLOS:

1) A corporação adquiriu um helicóptero.


2) Fui o penúltimo trabalhador a sair da empresa.
3) A arte de administrar é constituída dois terços por inteligência.
4) Sai daquele emprego porque o emprego atual paga o triplo daquele salário.

6.8 Preposição

Revendo o fragmento do texto em estudo, vemos que as palavras sublinhadas são


invariáveis e servem para unir teremos ou orações entre si.

A loja física deverá ser estabelecida em espaço amplo, com decoração moderna e ligada
ao tema, necessariamente com ambiente climatizado.
A loja deverá ser instalada no bairro Jardim, em Santo André. Esse é um bairro nobre,
em uma região central do ABC, com fácil acesso a outras áreas nobres de São Caetano,
de São Bernardo e mesmo de São Paulo, com o melhor poder aquisitivo da região.

Existem as preposições essenciais, e mais usadas, no texto destacadas por: em


e com e as preposições acidentais, que não nos deteremos aqui. As preposições
essenciais podem estar combinadas entre si, é o que percebemos em: no = em+o.
Vejamos todas as preposições essenciais e suas possíveis contrações:
a ante, até, após, com, contra, de desde, em, entre para, per, perante, por sem, sob,
sobre, trás.
As combinações das preposições acontecem, quando existe uma preposição
unida à outra palavra de classe distinta, é o caso de:
aos – (preposição a + artigo os).
aonde – (preposição a + advérbio onde).

As contrações acontecem quando na união há a perda de algum elemento


fonético, é o caso de:
donde – (preposição de + advérbio onde).
na – (preposição em + artigo a).

59
Há uma ocorrência de contração que merece destaque, a esta ocorrência
chamamos de crase, quando a preposição a se funde ao artigo a e a crase, quando ocorre
deve ser marcada pelo sinal gráfico à.
A crase ocorre em maior número em alguns casos específicos:

1) Diante de um substantivo feminino.

EXEMPLO: Vou à França.

2) Diante de um núcleo do objeto direto feminino.


EXEMPLO: Assisti à última leitura de Machado de Assis.

A crase nunca ocorre diante de verbos, sujeito, pronome pessoal, pois não
admitem artigos.
A melhor maneira de se tirar dúvidas quanto ao uso da crase é a substituição da
palavra feminina por uma maiúscula que peça artigo, se esta não alterar a ideia daquela,
usa-se crase.

EXEMPLO: Assisti à última peça de Marília Pêra.


Assisti ao último jogo da seleção.

Os pronomes que também admitem crase são “aquele” e “a qual”, bem como
suas flexões.

6.9 Conjunção

A conjunção, assim como a preposição é uma classe de palavras invariáveis


que serve para unir orações ou termos de uma oração, pode ser coordenativa ou
subordinativa, veja a diferença:

1) Eu comprei morangos e bananas.

2) Juro que não vai doer se um dia roubar o seu anel de brilhantes... (Rita Lee)

Na primeira sentença tem-se a conjunção “e” que une o termo morangos ao


termo bananas, é chamada de coordenativa, diferente da segunda sentença, pois a

60
conjunção “que” mostra claramente que, o fato de o anel ser roubado não vai doer, estar
subordinado à oração principal, juro.
Não é o ideal somente decorar as conjunções, como sempre nos tentaram fazer
na escola, o que funciona mesmo é entender a ideia que cada um destes conectores tem,
para que possamos utilizá-los de maneira eficaz. A seguir mostraremos os conectivos
mais usados:
Ideia de adição: e, nem.
Ideia de alternância: ou, ora...ora.
Ideia de causa: como, visto que.
Ideia de comparação: como, tal qual.
Ideia de conclusão: logo, então, portanto.
Ideia de condição: se, caso, exceto a menos que.
Ideia de conformidade: conforme, segundo
Ideia de conseqüência: tal, de modo que.
Ideia de finalidade. A fim de que, para.
Ideia de oposição: mas, porém. (adversativo)
Embora, ainda que. (concessivo)
Ideia de proporção: à medida que, ao passo que.
Ideia de tempo: quando, enquanto.

No exemplo abaixo, vemos as conjunções “portanto” e “de modo que”;


observe que a citação foi reformulada para identificar um maior número de conjunções a
título apenas deste estudo:
A loja física deverá ser estabelecida em espaço amplo, com decoração moderna e ligada
ao tema, necessariamente com ambiente climatizado.
A loja deverá ser instalada no bairro Jardim, em Santo André. Esse é um bairro nobre,
em uma região central do ABC, portanto* de fácil acesso a outras áreas nobres de São
Caetano, de São Bernardo e mesmo de São Paulo, de modo que* sejam atendidas as
pessoas de melhor poder aquisitivo da região.

6.10 Interjeição

Também uma classe de palavras invariável, utilizada para exprimir emoções e


depende totalmente do contexto, pois tem a ver com a entonação, sempre ocorre com a

61
presença da pontuação exclamativa: “!”. Lembre-se que devido ao seu objetivo, de
entonar pensamentos, a interjeição não deve fazer parte do discurso escrito de um
administrador.
As interjeições acontecem para exprimir vários tipos de sentimentos distintos e
possuem ideias de: advertência, afugentamento, alegria, animação, aplauso, chamamento,
desejo, dor, espanto, silêncio e terror.

7.0 Frase, oração e período


Frase, oração e período constituem ideias distintas, mas o que as difere? Vejamos.

FRASE é uma unidade de comunicação lingüística e, necessariamente pode não


se constituir por verbo. No entanto as frases podem ser nominais ou verbais.
São exemplos de frases nominais constituídas sem verbos:
Rua!
Socorro!

São exemplos de frases nominais constituídas por um verbo de ligação (ser, estar,
parecer, permanecer, andar, no sentido de estar), Já as frases verbais são constituídas por
um verbo de ação (amar, comprar, querer).
Vejamos exemplos de frases retiradas do fragmento do texto Exemvel –
Excelência Empresarial Sustentável (2008, p. 110)21:

(1)O mercado está passando por um amplo processo de transformação. (2)Sistemas


tradicionalmente utilizados como referencial – (3)centrados em cargos – (2)vêm
mostrando sua fragilidade em articular sistemicamente as várias ações da gestão da
organização, e, por conseguinte, (4)comprometem o reconhecimento de seu valor.

(5)Para lidar adequadamente com esta realidade (6)existe uma abordagem de gestão de
pessoas (7)que tem no seu núcleo o conceito de competência. (7)Este conceito apresenta
imensas possibilidades de articular as relações entre as diferentes ações de gestão de
RH, como por exemplo, (8)a conjugação de desempenho, desenvolvimento e potencial,
aumentando em conseqüência a sinergia do sistema.

21
Retirado do livro “Os mais relevantes projetos de conclusão dos cursos MBAs 2006”. Coordenação
editorial de Maria Madalena Nascimento Fonseca. Santo André, SP: Strong, 2007.

62
O trecho é composto por nove frases, sendo a (3) intercalada e não contém
nenhuma frase chamada nominal, embora possua o verbo ser, que neste caso apóia o
verbo principal. Teríamos um exemplo desta tipologia se modificássemos a frase (1),
usando um verbo de ligação que desencadeia tal ideia e não apenas acompanha o verbo
principal. O verbo parece formar uma locução verbal com o infinitivo (não há
conjugação) passar.

(1) O mercado está passando por um amplo processo de transformação.


(1) O mercado parece passar por um amplo processo de transformação.

As frases podem ser de diversos tipos: interrogativas, quando questionam;


imperativas, quando ordenam; exclamativas quando demonstram um estado afetivo ou
entonação; e declarativas, afirmativas ou negativas, quando declaram algo.
As frases são constituídas por duas partes muito importantes, o sujeito, que é o ser
que age, sofre ação ou declara alguma coisa e o predicado, que pode ser nominal, quando
seu núcleo for um verbo de ligação, ou verbal quando o seu núcleo for um verbo de ação.

O mercado /está passando por um amplo processo de transformação.


Locução Verbal de Ação – Predicado verbal.

O mercado/ parece passar por um amplo processo de transformação.


Locução Verbal de Ligação – Predicado nominal.

Toda a frase que for constituída de um verbo, seja ela verbal ou nominal, que
tenha um sujeito e um predicado ligados por este verbo entre si, chamamos de ORAÇÃO.
Contamos o número de orações de uma frase de acordo com a quantidade de seus
verbos, veja:
(5)Para lidar adequadamente com esta realidade (6)existe uma abordagem de gestão de
pessoas (7)que tem no seu núcleo o conceito de competência. (7)Este conceito apresenta
imensas possibilidades de articular as relações entre as diferentes ações de gestão de
RH, como por exemplo, (8)a conjugação de desempenho, desenvolvimento e potencial,
(9)aumentando em consequência a sinergia do sistema.

Chamamos de PERÍODO a frase constituída por uma ou mais orações, podendo


ser simples ou composto. Um período simples é formado por uma única oração absoluta,
ou seja (1), enquanto o período composto constrói-se por meio de duas ou mais orações e
pode articular-se por coordenação ou por subordinação, conforme vimos anteriormente.

63
7.1 O período simples

Sabemos que o período simples é aquele que é formado por apenas uma oração,
na qual o sujeito, o predicado e seus termos essenciais, estão ligados por um verbo. Dizer
que um período possui termos essenciais, indica que são esses os termos indispensáveis
para a formação de ações de uma sentença.
Estudaremos tais termos: sujeito e predicado, denominados termos essenciais da
oração, respectivamente.

7.1.1 Termos essenciais da oração: sujeito

Quando existe, o sujeito concorda com o verbo, vejamos:

O mercado /está passando por um amplo processo de transformação.


Sujeito Locução Verbal de Ação – Predicado verbal.

Quanto à tipologia, o sujeito pode ser:

SUJEITO SIMPLES: Quando tiver apenas um núcleo.


EXEMPLO: O mercado / está passando por mudanças.

O sujeito da oração é o vocábulo “mercado” que também é o seu núcleo.

SUJEITO COMPOSTO: Quando existir mais de um núcleo do sujeito.


EXEMPLO: O escritório e a produção da empresa / são partes igualmente importantes.

O sujeito da oração compreende toda a primeira parte e tem como núcleos os


substantivos “escritório” e “produção da empresa”.

SUJEITO INDETERMINADO: Quando não está evidenciado o núcleo, e no lugar dele


existe a terceira pessoa do plural ou a terceira pessoa do singular, seguida do pronome
“se”.

EXEMPLOS:
Disseram que fariam greve.
Quem disse que fará greve? “Eles”.

Precisam-se de digitadores.

64
Do que é que se precisa? De “digitadores” ou “deles”, equivalente a terceira pessoa do
plural.

ORAÇÃO SEM SUJEITO: Quando não há sujeito, as orações são compostas apenas
por predicado e acontecem principalmente:

a) Com verbos indicativos de fenômenos da natureza (chover, nevar, etc.).


EXEMPLOS: Choveu muito esta noite.
Chuviscou.

b) Com os verbos estar, fazer, haver e ser, indicativos de fenômenos meteorológicos.


EXEMPLO: Faz calor na cidade.
Ainda está cedo.

c) Com o verbo haver (quando é impessoal) indicando a existência de algo ou um


acontecimento.
EXEMPLOS: Havia bons motivos para a greve.
Houve rebelião durante a tentativa de paz.

7.1.2 Termos essenciais da oração: O predicado

O predicado é a informação nova a ser revelada sobre o sujeito e pode ser verbal,
nominal e verbo-nominal.

PREDICADO VERBAL: É o predicado que tem como núcleo um verbo de ação, ou


seja um verbo com transitividade, como o verbo comprar, no exemplo a seguir:

A empresa /projeta muitos lucros.


Predicado verbal

PREDICADO NOMINAL: É o predicado que tem como núcleo um nome ou um verbo


de ligação, que irá qualificar o sujeito.

EXEMPLOS:
O setor parece frágil. (adjetivo)
Predicado nominal

As estratégias de vendas / andam problemáticas.(substantivo)


Predicado nominal

PREDICADO VERBO-NOMINAL: É o predicado que apresenta mais de um


complemento, podendo ser um do sujeito e outro do objeto.

Os homens / julgam as corporações * inconstantes.

65
O verbo julgar pede um complemento, denominado verbal, e embutido no seu
complemento que são as corporações, está presente outro conceito relativo, marcado com
asterisco, o qual indica que as corporações, Complemento Verbal, *são inconstantes, que
constitui um Complemento Nominal.
Note que o verbo ser não está presente na forma escrita, mas é perfeitamente
adequado à situação.
.

7.1.3 Termos integrantes da oração

Os termos integrantes da oração aparecem quando analisamos o predicado das


orações, que como já estudamos, pode ser verbal, nominal e verbo-nominal.
Existem, portanto os complementos verbais e nominais e agente da passiva.
Vejamo-los respectivamente:

COMPLEMENTO VERBAL

O complemento verbal pode identificar, de acordo com a transitividade dos


verbos nele empregados, o objeto direto e o objeto indireto, conforme em:

A empresa / comprou / vale-transportes.


Verbo que pede complemento (Verbo Transitivo Direto)
Complemento sem preposição= vale-transportes (Objeto Direto)

A empresa / precisa de dinheiro.


Verbo que pede complemento (Verbo Transitivo Indireto)
Complemento com preposição = de dinheiro (Objeto Indireto)

A empresa / viabilizou benefícios para os funcionários.


Verbo que pede dois complementos (Verbo Transitivo Direto e Indireto)
Complemento sem preposição = benefícios (Objeto Direto)
Complemento com preposição = para os funcionários (Objeto Indireto)

Maria / chorou.
Verbo que não pede complemento (Verbo Intransitivo)
Se não há Complemento Verbal, não há objeto.

DICA ÚTIL: Dependendo do contexto, os verbos pedirão ou não complemento; quando


não o pedirem são chamados intransitivos, quando pedirem complemento e estes não

66
necessitarem de preposição, serão transitivos diretos, mas quando necessitarem serão
transitivos indiretos ou serão ambos.

COMPLEMENTO NOMINAL: É o predicado que tem como núcleo um nome, que


conforme já estudamos, pode ser transitivo, ou seja, pedir um complemento. Enquanto ao
complemento de um verbo de ação, damos o nome de complemento verbal, e ao núcleo
nominal, damos o nome de complemento nominal.

EXEMPLOS:
Joana / desenvolveu profunda misericórdia pelos pobres.
O núcleo deste predicado é o substantivo misericórdia que é
transitivo porque pede complemento = pelos pobres (Complemento
Nominal).

O trabalho / é necessário ao homem.


O núcleo deste predicado é o adjetivo necessário que é transitivo
porque pede complemento = ao homem (Complemento Nominal)

AGENTE DA PASSIVA: Já estudamos que o sujeito agente age e o sujeito paciente


sofre uma ação, conforme vemos em:

A empresa/rendeu bons lucros neste mês. Os lucros/foram rentáveis para a empresa.


Sujeito. agente. Sujeito. paciente

Neste caso, temos uma nomenclatura distinta para designar o processo verbal,
pois a locução foram rentáveis é chamada de locução verbal passiva e desencadeará um
complemento, denominado agente da passiva. Vejamos outros exemplos:

Machado de Assis / é adorado pelos leitores.


Locução verbal + adorar + particípio
Agente da passiva = preposição + substantivo.

O homem / é corrompido pela ganância.


Locução verbal + corromper + particípio
Agente da passiva = preposição + substantivo.

7.1.4 Termos acessórios da oração

67
Anteriormente, estudamos os termos essenciais da oração, nomeados sujeito e
predicado. Depois, os termos integrantes da oração, que vão ao encontro dos estudos do
predicado, sendo nomeados como complementos (verbal ou nominal) ou objetos (diretos
ou indiretos) e, finalmente estudaremos os termos acessórios da oração.
Tais termos caracterizam-se por serem os substantivos, adjetivos e verbos que
acompanham os substantivos e os verbos que exercem nas orações as funções essenciais,
como núcleo do sujeito e do predicado.
Os termos acessórios têm a característica de serem acidentais, explicativos ou
circunstanciais, vejamos inicialmente, um exemplo bem claro, apenas contendo o
predicado verbal:

Nevou.

Sabemos que se trata de um verbo que designa um fenômeno da natureza e é


suficiente para passar transmitir a ideia, mas pode estar rodeado de termos acessórios,
que ampliam a gama de informações que poderão estar contidas nele:

Nevou fortemente no sul dos Estados Unidos.

Sabemos que esta é uma oração sem sujeito e seu predicado é verbal, desse modo,
as informações, todas em destaque, são consideradas termos acessórios, pois corroboram
para os detalhes de uma ideia já conhecida.
Os termos acessórios da oração podem ser adjuntos adverbiais, adjuntos
adnominais, apostos e vocativos.

O ADJUNTO ADVERBIAL é um termo que indica uma circunstância e


modifica um verbo, conforme veremos nos destaques:
1) Ontem viajei de ônibus àquela horrível cidade.
2) O amor mudou muito.
3) Ainda amava, muito mais que no início.
4) Cortou-a com a faca.

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ADJUNTO ADNOMINAL é o termo acessório que explica, determina ou
especifica um substantivo, ou seja, tem uma função de adjetivação do substantivo e,
dentro da oração, as classes que o constituem são: adjetivos, artigos, numerais e
pronomes, conforme em:

A jovem professora / escreveu um livro notável.

SUJEITO (simples): A jovem professora.


NÚCLEO DO SUJEITO: professora.
PREDICADO (verbal): escreveu um livro notável.
NÚCLEO DO PREDICADO: escreveu (VTD).
OBJETO DIRETO: um livro notável.
NÚCLEO DO OBJETO DIRETO: livro (substantivo).
COMPLEMENTO NOMINAL: notável (do OD: o livro era notável).

Tendo analisado os temos essenciais e integrantes da oração passemos aos


adjuntos adnominais (acessórios).
A jovem professora / escreveu um livro notável.
1 2 3 4 5
São ADJUNTOS ADNOMINAIS:

1) artigo
2) adjetivo
3) artigo
4) substantivo
5) adjetivo

O APOSTO é o termo acessório que amplia, explica, resume ou desenvolve a ideia


de outro termo e vem sempre entre vírgulas ou inserido em outro tipo de pontuação,
conforme em:

1) Hoje, quarta-feira, é dia de feira.


2) A teologia, ciência das religiões, anda pouco procurada.
3) A humanidade se estrutura em: corpo e alma.
4) Machado de Assis, maior escritor brasileiro, ainda vive em nossas mentes.
5) A aula de hoje, comunicação empresarial, está monótona.

O VOCATIVO é também um termo acessório da oração que tem a função de chamar,


evocar um ouvinte ou a segunda pessoa do discurso, conforme em:

1) Que venhas, belo sol da manhã.


2) Tu, poderosa anfitriã, não os deixe sair bêbados.
3) Marcela, venha já até aqui.

69
Não podemos esquecer que não é a função deste livro estudar de forma aprofundada a
gramática, mas sim, relembrar as questões gramaticais mais importantes, e, por este
motivo, sempre que uma dúvida de maior porte surgir, utiliza uma boa gramática, as
sugeridas por mim, encontram-se na bibliografia deste volume.

7.2 O período composto por coordenação

Anteriormente, foi realizada uma revisão sobre o período simples, ou seja, frases
que se constituem de apenas um verbo ou de uma locução verbal. Agora trataremos do
período composto, que possui mais de um verbo, portanto mais de uma oração. O período
composto pode apresentar duas relações distintas entre as orações: de coordenação ou de
subordinação.
As orações coordenadas são orações igualmente importantes para o período e, o
mais importante aqui, não é saber toda a tipologia, mas saber que as orações podem ser
assindéticas, quando unidas por justaposição, e sindéticas quando possuírem um síndeto,
ou seja, uma conjunção.
Tal explicação fica mais clara se verificarmos os exemplos:

a) Saiu cedo, comprou tudo o que devia. Oração Coordenada Assindética

b) Saiu cedo e comprou tudo o que devia. Oração Coordenada Sindética

Fica claro que no exemplo “a” a união das orações é feita por uma vírgula e no
exemplo “b”, tal união acontece pela conjunção aditiva “e”.
Quando um período é composto por coordenação sindética, ou seja, possui
conjunção, pode ser classificado, mediante a esta conjunção, da seguinte maneira:

Oração Coordenada Sindética Aditiva – quando a ideia é de adição. (e, nem)


Deitei E dormi.
Não me diverti NEM brinquei.

Oração Coordenada Sindética Adversativa – quando a ideia é de oposição. (mas,


porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto)
Deitei, PORÉM não dormi.

70
São Paulo é rica MAS o trânsito da cidade vai parar.

Oração Coordenada Sindética Alternativa – quando a ideia é de alternância. (ora...ora,


ou...ou, quer...quer)
Fale agora OU cale-se para sempre.
ORA brinca de boneca ORA quer ser adulta.

Oração Coordenada Sindética Conclusiva – quando a ideia é de conclusão. (logo,


portanto, então)
Estudou, LOGO passou no vestibular.
Gostamos um do outro, PORTANTO casaremos.

Oração Coordenada Sindética Explicativa – quando a ideia é de explicação. (que,


porque, pois)
Ela não gosta de sair à noite PORQUE teme o escuro.
Seja simpática QUE os amigos aparecerão.

Não há dificuldade para a identificação de um período composto por coordenação.


O único problema é a verificação de que as duas orações possuem a mesma importância,
não há uma mais importante do que a outra; feita esta constatação, é preciso ver como as
orações estão unidas, por justaposição, assindéticas (ou por uma conjunção), ou
sindéticas. Caso sejam sindéticas, cabe analisar a ideia da conjunção e identificar a
tipologia.
Para analisar sintaticamente um período composto, devemos separá-lo em todos
os períodos simples que contiver e proceder verificando os termos essenciais, integrantes
e acessórios de cada um destes períodos.
Veja o seguinte exemplo de uma análise do período composto por coordenação:

Ela mudou, pois o apartamento está vazio.


Oração 1 Oração 2
Oração 1:
Sujeito: ela .
Núcleo do sujeito: ela – pronome pessoal do caso reto.
Predicado verbal: mudou.
Núcleo do predicado: mudou – Verbo Intransitivo.

Oração 2:
Sujeito: o apartamento.
Núcleo do sujeito: apartamento.
Predicado nominal: está vazio.
Núcleo do predicado: está – Verbo de Ligação.

71
Predicativo do sujeito: vazio.

Termos acessórios: pois – conjunção explicativa.


O: adjunto adnominal de “apartamento”.

Conclusão da análise: as orações coordenadas estão unidas pelo síndeto/conjunção


“pois” com o valor explicativo e, devido a isto, em sua totalidade, é considerada uma
oração coordenada sindética explicativa.

7.3 O período composto por subordinação

Revisamos o período composto por coordenação e sabemos que existem os


períodos compostos por subordinação e os períodos mistos.
Na coordenação sabemos que as orações que estão articuladas a outras têm igual
importância, mas na subordinação a relação entre tais orações, como diz o próprio nome é
de subordinação, ou seja, uma é a oração principal e as outras estão dependentes dela e
são as denominadas orações subordinadas.
As orações subordinadas podem ser orações desenvolvidas, ou seja, orações que
apresentam o verbo conjugado em uma das formas possíveis e, normalmente, apresentam
uma conjunção ou um pronome relativo.
As formas reduzidas acontecem quando o verbo da oração apresenta-se nas
formas de infinitivo, gerúndio ou particípio.
Há três grandes grupos de subordinadas: as substantivas, que possuem funções
iguais as de um substantivo, ou seja, sujeito, objetos, complemento nominal, predicativo
e aposto; as adjetivas, por sua vez, desempenham as funções que um adjetivo pode
possuir, tais como, restritivo ou explicativo e, finalmente, as adverbiais, que possuem o
maior número de utilizações, visto acompanharem as possíveis utilizações de um
advérbio na oração em que está inserido, sendo elas de causa, conseqüência, condição,
concessão, comparação, conformidade, finalidade, proporção e tempo.
Lembremos, rapidamente exemplos de cada uma das respectivas tipologias de
subordinadas, mas não esqueça que se existirem dúvidas maiores recorra sempre há um
gramática de qualidade conforme as citadas no final deste livro.
Passaremos agora ao estudo das orações subordinadas adjetivas, que se
apresentam em menor número às substantivas:

72
O.S.Substantivas: Possuem valor igual ao de um substantivo, são elas:

1) subjetivas:
Orações que exercem a função de sujeito.
EXEMPLO: É preciso /que haja alguma coisa de flor em tudo isto (Vinícius de Moraes)
OP O.S.S. Subjetiva
2) objetivas diretas:
Orações que exercem a função de objeto direto.
EXEMPLO: Juro /que falarei toda a verdade.
OP O.S.S. Objetiva Direta
3) objetivas indiretas:
Orações que exercem a função de objeto indireto.
EXEMPLO: Lembre-se/de que falarei toda a verdade.
OP O.S.S. Objetiva Indireta
4) completivas nominais:
Orações que exercem a função de complemento nominal.
EXEMPLO: Tenho a certeza/ de que estamos realizados.
OP O.S.S. Completiva Nominal
5) predicativas:
Orações que exercem a função de predicativo do sujeito.
EXEMPLO: Meu desejo é/ que tenhas bons sonhos.
OP O.S.S. Predicativa
6) apositivas:
Orações que exercem a função de aposto.
EXEMPLO: só desejo uma coisa: que se case comigo.
OP O.S.S. Apositiva

LEGENDA:
OP - Oração Principal.
OSS - Oração
O.S.Subordinada Substantiva.
Adjetivas: Possuem valor igual ao de um substantivo, são elas:

1) restritivas:
Oração que possui uma restrição.
EXEMPLO: As mulheres/que gostam de si mesmas são seguras. O.S.A. Restritiva
AsOP orações subordinadas adverbiais são, em número, as mais relevantes, pois se
referem a circunstancias diversas, conforme em:
restrição
2) explicativas:
Oração que possui uma explicação.
EXEMPLO: As mulheres, /que gostam de si mesmas, são seguras. O.S.A. Explicativa
OP
Explicação

LEGENDA:
73
OP - Oração Principal.
OS - Oração Subordinada Adjetiva.
As orações subordinadas adverbiais, últimas a serem lembradas exprimem
algumas circunstâncias.
O.S. Adverbiais: São circunstanciais de acordo com o advérbio utilizado.

1) causa:
Eu te amo porque não amo a mim mesmo. (Carlos Drummond Andrade)

2) conseqüência:
O cão é tão gordo que explodiu.

3) condição:
Tudo vale a pena se alma não é pequena. (Fernando Pessoa)

4) concessão:
Só irei se ela for.

5) comparação:
Eu deixo a arte como deixo a vida.

6) conformidade:
Como é o cão, também é o dono.

7) finalidade:
8.0 Noções de regência e de concordância
Vou cuidar dos filhos para que eles cuidem de mim.

8) proporção:
Quanto mais o tempo passa, mais gosto de ti.

9) tempo:
Antes de sair, feche a porta.

LEGENDA:
OS - Oração Subordinada.

8.1 Regência
O que é regência?

74
É o nome que damos à ligação das palavras interdependentes de uma sentença,
podendo ser verbal ou nominal, pois sabemos que alguns verbos são transitivos e pedem
complementos e alguns nomes também. Vejamos que a regência do verbo “referir”
acontece da mesma forma que no substantivo “referência”:

A professora referiu-se à situação acadêmica. Objeto Indireto


Verbo Transitivo Indireto

A professora fez uma referência à situação acadêmica. Complemento Nominal


Substantivo

Muito importante:
1. Os verbos e nomes que admitem complementos são chamados de subordinantes
(referiu-se e referência).
2. Os termos que são complementares, tanto objetos, quanto adjuntos são chamados
subordinados ou regidos.

REGÊNCIA VERBAL: São, mediante a diversidade de complementos, as diferentes


formas de um verbo:

a. A enfermeira assistiu o doente.


(ajudou)
b. A enfermeira assistiu ao doente.
(viu)

a. Cheguei ao metrô.
no local do

b. Cheguei no metrô.
no meio de transporte, dentro de

Alguns verbos intransitivos, como, por exemplo, CHEGAR/IR/COMPARECER


têm a seguinte regência:
a. Cheguei a esta casa.
Verbo Adjunto Adverbial
Intransitivo de Lugar

b. Cheguei a esta casa em setembro.

Verbo Adjunto Adverbial Adjunto Adverbial


Intransitivo de Lugar de Tempo

75
c. Fui ao cinema.
Verbo Adjunto Adverbial
Intransitivo de Lugar

d. Fui ao cinema ontem.


Verbo Adjunto Adverbial Adjunto Adverbial
Intransitivo de Lugar de Tempo

e. Compareci ao estádio.

Verbo Adjunto Adverbial


Intransitivo de Lugar

f. Compareci no estádio.
Verbo Adjunto Adverbial
Intransitivo de Lugar

Não diferente dos outros, os verbos transitivos diretos merecem atenção,


principalmente no que se refere ao uso dos pronomes oblíquos o, a, os, as, que indicam
sempre um objeto direto.

Quanto à regência alguns verbos ficam:

Abandonar - abandoná-lo/la = abandonar ele/ela


Adorar - adorá-la/lo = adorar ele/ela
Conhecer - conhecê-lo/la = conhecer ele/ela

IMPORTANTE: Apenas usamos o pronome oblíquo LHE quando este tiver valor de
adjunto adnominal.

EXEMPLO: Conheço-lhe o mau humor (dele).

Quanto aos verbos transitivos indiretos, podemos considerar:

Consistir (em) = A aula consiste em analise de tópicos.


O verdadeiro saber consiste no aproveitamento dos conteúdos.

Obedecer (a) = Obedeça aos seus pais.

76
Obedeça às leis.

Responder (a) = Responda ao questionário.


Responda às questões.

Renunciar (a) = Renuncio às minhas convicções.


Renuncio ao espírito.

REGÊNCIA NOMINAL: É a forma como se apresentam os complementos dos nomes.


Quanto aos “erros da norma padrão”, acontecem em menor número do que na regência
verbal. Vejamos:

SUBSTANTIVOS
1. Sentia aversão aos estudos.
2. Tenho medo de você.
3. Devo obediência a Igreja.
4. Quando teremos respeito para com os pais?

ADJETIVOS
5. Escrevia poemas acessíveis a todos.
6. Era capaz de produzir muitas peças de arte.
7. José de Alencar é contemporâneo de Machado de Assis.
8. Este filme é impróprio para crianças.
9. Bom senso é necessário a todos.

ADVÉRBIOS
10. Todos os advérbios terminados em mente são regidos pela preposição “de”.
11. Os advérbios com ideia de relativo a, semelhante a também são regidos pela
preposição “de”.
12. São da mesma forma regidos os advérbios perto e longe.

8.2 Concordância

São muitas as regras para o estabelecimento da concordância, seja ela nominal ou


verbal, e não devemos esquecer que neste livro trabalharemos apenas com as regras
mais básicas.

8.2.1 CONCORDÂNCIA NOMINAL

77
À variação no gênero e número de um nome substantivo com relação a outro,
adjetivo ou palavras com o valor de adjetivo (artigo, numeral, pronome adjetivo e
particípio), recebem o nome de concordância nominal.
Vejamos alguns substantivos isoladamente:
Carro Cachorro Mesa Bola

Ao atribuirmos aos substantivos uma definição, uma qualidade, e um número,


veremos que todos os acompanhamentos, que também são nomes, se flexionam para
realizar a concordância:
Os carros são azuis. As carroças velhas desapareceram.
O carro é vermelho. A charrete é charmosa.

O cachorro marrom corre intensamente. A cadela poodle é branquinha.


Os cachorros pretos são ferozes. As cachorrinhas são lindas.

As mesas de minha casa são italianas. O quarto é de madeira.


A mesa acrílica de minha casa quebrou. Os quartos são amplos.

A bola é de plástico. O pião é vermelho.


As bolas são verdes. Os piões são coloridos.

ALGUNS CASOS IMPORTANTES E ESPECIAIS:

1. O adjetivo irá para o plural ou irá concordar com o substantivo mais próximo:

EXEMPLOS:
A menina desenvolveu por aquele brinquedo um amor e um zelo doentios.
A menina desenvolveu por aquele brinquedo um amor e um zelo doentio.

2. No caso de substantivos com gêneros diferentes, o adjetivo ficará no masculino


ou concordará com o substantivo mais próximo:

EXEMPLOS:
A enciclopédia traz contos e crônicas brasileiros.
A enciclopédia traz contos e crônicas brasileiras.
A enciclopédia traz conto e crônica brasileira.

3. Quando o adjetivo vem antes, geralmente concorda com o substantivo posposto:

EXEMPLOS:
Percorre tortuosos caminhos e veredas.
Percorre tortuosas veredas e caminhos.

78
OBSERVAÇÃO 1: Cuidado com as expressões “É proibido” e “É necessário”, que
quando se referirem a um substantivo genérico não vaiam, mas se este substantivo for
determinado por um artigo, este concorda com o substantivo.

OBSERVAÇÃO 2: Não confunda meio com meia, pois meio equivale à metade e
concorda com o substantivo e meia é um substantivo e o advérbio meia é invariável.

8.2.2 CONCORDÂNCIA VERBAL

A regra geral para a concordância verbal está no numero de sujeitos da oração.

1. Se houver apenas um sujeito, o verbo concordará com ele.


EXEMPLOS:
Eu comi melancia.
Nós gostamos de alface.

2. Se houverem mais sujeitos, os verbos terão concordâncias diferentes:


EXEMPLO:
Ela sonhou que tu chegavas de carruagem.
Sujeito: ela Sujeito: tu

3. Se o sujeito tiver mais do que um núcleo, o verbo irá para o plural:


EXEMPLO:
Eu e ela estamos apaixonados.
Sujeito 1: Eu
Sujeito 2: Ela

OBSERVAÇÃO 1: Os verbos impessoais que indicarem fenômenos da natureza ficam na


3ª. pessoa do singular.
EXEMPLO:
Choveu muito na serra.

OBSERVAÇÃO 2: O verbo impessoal “haver”, no sentido de “existir” é empregado


apenas na 3ª. pessoa do singular.
EXEMPLOS:
Houve um momento de tensão.
Havia algo de estranho no ar.

OBSERVAÇÃO 3: A regra da 3ª. Pessoa vale também par os verbos impessoais “haver” e
“fazer”, quando estes indicam tempo decorrido.
EXEMPLOS:
Há muito tempo não te vejo.
Faz muito tempo que no te vejo.

79
9.0 Problemas com a norma culta
Usar a norma culta nem sempre é a coisa mais fácil que temos de fazer, no entanto
algumas situações exigem tal uso. Nesta parte do livro, gostaríamos que alguns pontos, de
maior relevância fossem estudados para que causassem transtornos na hora de escrever.
Lembre-se: Ninguém é obrigado a saber tudo, mas todos nós devemos saber onde
buscar ajuda. Quando temos problemas com nossa empresa, queremos os conhecimentos de
um administrador e quando temos problemas com a adequação da linguagem, devemos
buscar um manual, simples como este ou, dependendo do caso, uma gramática bem
conceituada.

1. Mas / Mais:

EXEMPLOS:
Eu ia ao cinema, mas tive problemas com o trânsito. (Conjunção adversativa)
Ela é a garota mais inteligente da turma. (Intensidade)

2. Mal / Mau:
Mal pode ser um advérbio ou um substantivo. É advérbio de modo quando significa
“de modo irregular”.
EXEMPLOS:
Os negócios vão mal. (Advérbio)
O mal da sociedade é o dinheiro. (Substantivo)

Mau é um adjetivo e é variável, admitindo as formas más e maus, além de ser


antônimo de bom.
EXEMPLOS:
Os meninos são maus.
As hienas são más.

Regra básica: Mal = Bem e Mau = Bom

3. Aonde e Onde:
Há controvérsias entre os próprios gramáticos sobre esta questão, entretanto onde é o
advérbio que indica lugar em que se está ou que se passa algum fato e aonde
(preposição+advérbio) usamos ao dar ao texto ideia de movimento.
EXEMPLOS:
O lápis está onde deixei. (Lugar exato)
Para aonde caminha a humanidade?(Ideia de movimento)

80
4. Ao encontro e de encontro:
Ao encontro significa estar a favor de, e de encontro significa estar, contra algo.
EXEMPLOS:
Fui ao encontro de meu amor. (Semelhança, proximidade)
Nossas ideias vão de encontro à de outros pesquisadores. (Contrariedade, repulsa)

5. A e Há:
Se for possível trocar a expressão por FAZ emprega-se HÁ, se não for possível,
emprega-se A.
EXEMPLOS:
Há muito tempo não te vejo. (Semelhante ao emprego do verbo faz)
Daqui a pouco chegaremos à aula. (Impossível empregar o verbo faz)

6. O pronome relativo cujo está cada vez mais raro, portanto, para entendermos essa
palavra na leitura e empregá-la corretamente, devemos considerar, na maioria das vezes
que:

1) Sempre se posiciona antes de um substantivo.


EXEMPLO:
A bolsa cuja dona é a menina, foi roubada.

2) Sofre variação de gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural).


EXEMPLOS:
A bolsa cuja dona é a menina, foi roubada.
As bolsas cujas nuances azuis estão à venda.
O carro cujo cambio é automático parece velho.
Os lápis cujas pontas quebraram foram jogados no lixo.

3) Nunca vem seguido de artigo.


EXEMPLO:
Rafael é um rapaz cujo trato é fino.
(e não: cujo o trato)

4) Todo cujo significa “de algo” ou “de alguém”.


EXEMPLO:
Conheço um médico cuja mãe está desempregada. (mãe do médico)

Existem outros casos mais complexos do uso do pronome relativo “cujo” e suas
flexões, o que não cabe ver neste momento, visto que estudar de forma profunda a
gramática não é nosso ponto específico, mas ter noções dela.

81
Conclusão

Muitos são os estudos relativos à interface das modalidades da língua, os quais


não foram, e nem poderiam ser o nosso objetivo de realização, no entanto acreditamos na
importância da abordagem de questões linguísticas, visto que facilitam o estudo de
questões gramaticais e vice-versa.
Este trabalho constituiu um breve estudo destas interfaces e contém algumas
posturas teóricas, as quais não constituem a totalidade de prismas, longe disto. Buscamos
propor uma síntese de tais pontos para que o profissional de administração ou de áreas
afins tenha em mãos um manual de fácil entendimento e de rápido acesso para consultas
relativas às questões linguísticas ou gramaticais mais diversas do dia-a-dia.
É importante ressaltar que as posturas contidas ao longo desta obra advêm de
pesquisas e constatações da autora e, que no caso de qualquer dúvida quanto à citação de
um estudioso ou teórico é necessário e muito prudente que se consulte a fonte original,
sempre indicada nas notas de rodapé.
Quanto ao estudo das normas gramaticais, é lícito lembrar que este trabalho não
possui todas as possibilidades da linguagem descritas em uma gramática, tão pouco esta
vem a ser a sua função, visto não ser este o seu objetivo.

82
Esperamos que este trabalho tenha contribuído para o engrandecimento cultural e
para o aumento de conhecimentos relativos à linguagem a qual crescemos usando e
usamos todos os dias e esperamos que nas questões do dia-a-dia que requeiram resolução
rápida esta obra seja sempre fonte de consulta.
Finalmente, gostaríamos de ressaltar que conhecer a linguagem e aplicá-la de
forma adequada nos mais diversos contextos sociais é muito fácil, desde que, como já
dissemos, tenhamos bons materiais de consulta e um pouco de forca de vontade.
Use e abuse de seus mais recentes conhecimentos, porque ter medo de se
comunicar, neste mundo globalizado, é coisa do passado.

Indicação de gramáticas para consultas


específicas

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37.ed. Rio de Janeiro: Lucerna,


2007.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 2.
ed. 26º. Impressão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1985.
NICOLA, José; INFANTE, Ulisses. Gramática Contemporânea da Língua Portuguesa.
13.ed. São Paulo: Scipione, 1994.

83
Referências Bibliográficas
BLIKSTEIN, Izidoro. Técnicas de comunicação escrita. 22. ed. São Paulo: Ática. 2006.
BORNCKART, Jean-Paulo. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um
interacionismosócio-discursivo. EDUC: São Paulo, 2003.
FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. 9 ed. São Paulo: Ática, 2002.
FÁVERO, Leonor Lopes; ANDRADE, Maria Lúcia C. V. O.; AQUINO, Zilda G. O.
Oralidade e escrita: perspectivas para o ensino de língua materna. 3. ed. Cortez: São
Paulo, 1999.
FÁVERO, Leonor Lopes; KOCH, Ingedore Villaça. Linguística textual: uma introdução.
6. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
FERREIRA, Luiz Antônio. Oralidade e escrita: um diálogo pelo tempo. São Paulo:
Efusão, 2004.
GOFFMAN, Erving. Ritual de la interación. Buenos Aires: Tienpo Contemporâneo,
1970.
HALLIDAY, M.K.A. Functional diversity in language. In: Fundations of language. v. 6.
p. 322-361. 1970.
HOLANDA, Aurélio Buarque Ferreira. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1994/1995.
LIMA, Danielle Guglieri. Oralidade e Regionalismo em João Simões Lopes Neto. Porto
Alegre: Alcance/Tchê, 2008.
REICHERT, Andréia; PARADELLA, Débora; ROSSI, Douglas; et al. La cave Dês vins:
A arte em degustar vinhos. In: Os mais relevantes projetos de conclusão dos cursos
MBAS 2006. v. 5 n. 2. Santo André: Strong. 2007.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São Paulo:
Cortez, 2002.
WEINRICH, H.; HEILDELBERG, Verlag Lambert Scneider. Linguistik der Lüge. 1966.

84
Revista Veja, nº 187, de 05/04/1972.

Referências Eletrônicas

http://www.bulas.com.br
http://www.debian.org.rs.
http://www.kaniz.combr
http://www. sitededicas.uol.com.br/fabula30a.htm

85

Você também pode gostar