Livro - Língua Brasileira de Sinais - Libras PDF
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Licenciaturas
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (Libras)
Rosana Ribas Machado
CDD : 371.912
A Coordenação
SUMÁRIO
■■ PALAVRAS DA PROFESSORA 7
■■ OBJETIVOS E EMENTA 9
V ISUALIZANDO E VIVENCIANDO
O USO DA LIBRAS 89
■■ SEÇÃO 1- LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (Libras) –
ALGUMAS IDEIAS DO USO DOS SINAIS NAS ATIVIDADES
EDUCACIONAIS E AS SUAS VIVÊNCIAS NESSA LÍNGUA 91
Objetivo Geral
■■ Compreender os significados da Libras no contexto histórico dos Estudos
Objetivos Específicos
■■ Adquirir noções sobre aquisição de Linguagem da criança surda;
Ementa
■■ A história da surdez e a educação do sujeito surdo no Brasil: questões
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao término desta unidade, você será capaz de:
ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1: Os significados dos Estudos Culturais e Estudos Surdos
Longe
Eu sentir tenho dor, fica longe mora uma mulher.
Eu vou sentir saudade, guardar lembrar para sempre.
Eu sem medo e sem perder, pode quando ajuda sempre entender.
Ser futuro como uma família, ser pensar difícil que paciência.
Eu voltei sempre ver, quem longe, sempre encontrar, quem fiquei
feliz.
Si fiquei triste, eu sofre e sozinho porque sempre um tempo.
Eu vontade uma quem é pessoa, meu lado é amor com quem é
mulher!
Danilo Felipe Chequer Zardo
O navio
O navio navegar olhar longe na montanha.
O navio navegar olhar perto na montanha.
Chegar muito árvores olhar cima da árvore coco e cair no chão pegar
lavar e pegar canudo e sentar depois tomar coco e olhar no mar.
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UNIDADE 1
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
Aproximá-lo da compreensão de que além das línguas faladas e
escritas, existem as línguas sinalizadas nas comunicações entre os seres
humanos. E que elas são produzidas nas práticas sociais cujos sujeitos
constituem suas identidades culturais, pela experiência visual em sua
comunicação.
SEÇÃO 1
OS SIGNIFICADOS DOS ESTUDOS CULTURAIS
E ESTUDOS SURDOS
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UNIDADE 1
Universidade Aberta do Brasil
Exemplificando:
Procure em noticiários de jornais, reportagens de grupos sociais
que lutam por suas causas nas questões de gênero, raças e línguas e faça
seus comentários aqui:
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Língua Brasileira de Sinais (Libras)
múltipla e multifacetada, que se constitui em uma
diferença politicamente reconhecida e localizada,
na maioria das vezes, dentro do discurso da
deficiência (SKLIAR, 2000, p.11).
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UNIDADE 1
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UNIDADE 1
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
SEÇÃO 2
ASPECTOS HISTÓRICOS
DA EDUCAÇÃO DE SURDOS
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UNIDADE 1
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
VISÃO SOCIOANTROPOLÓGICA: Silveira (2000,p.177-178)
argumenta sobre as imagens e representações da surdez no aspecto
antropológico dizendo que:
As representações de surdez que se inspiram num modelo
antropológico e atualmente buscam um horizonte de legitimação nos
Estudos Culturais, veem a comunidade dos surdos como possuindo
uma cultura com traços distintivos peculiares, com uma Língua
própria (a Língua dos Sinais) e, em consequência, formas particulares
de organização (inclusive social) e de representação, nas quais a visão
adquire uma dimensão quantitativa e qualitativa diferente da sua
função entre os ouvintes. Neste campo de representações, constituem-
se a legitimidade dessa específica cultura visual, da Língua dos
Sinais, como conjunto estruturado e significativo de sentidos que se
intercambiam dentro da comunidade, e o credenciamento da minoria
surda como uma minoria diferente, mas não deficiente.
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UNIDADE 1
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IMPORTANTE!
SURDO-MUDO APAGUE ESTA IDEIA!
Fonte: FERNANDES, S. Bons sinais. Revista Discutindo Língua Portuguesa, São Paulo: Escala
Educacional, ano 1, n.4. 2006.
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UNIDADE 1
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
O fato é que historicamente na educação de surdos sempre
os ouvintes é que tomaram, determinaram, impuseram as decisões
sobre o processo educacional, causando-lhes marcas culturais, muitas
vezes negativas, impendo-lhes procedimentos pedagógicos próprios
de ouvintes, por acreditar que pela fala, o surdo estaria incluso na
sociedade, desenvolvendo todos os seus potenciais para aquisição do
conhecimento.
Por esta crença, é que em 1880 houve a “ERA NEGRA PARA
EDUCAÇÂO DOS SUJEITOS SURDOS”; o Congresso de Milão.
Veja neste desenho de um surdo
http://1.bp.blogspot.com/_YMsfDiyoHo8/ScwMyYmZTHI/AAAAAAAAAEg/U_1rH4H-
a8A/s1600-h/Calv%C3%A1rio+dos+Surdos+fig.jpg
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UNIDADE 1
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No dia 11 de setembro de 1880, houve uma votação por 160 votos com
quatro contra, a favor de métodos orais na educação de surdos, a partir daí a língua
de sinais foi proibida oficialmente alegando que a mesma destruía a habilidade da
oralização dos sujeitos surdos. (...) ficou decidido no Congresso Internacional de
Professores Surdos, em Milão, que o método oral deveria receber o status de ser
o único método de treinamento adequado para pessoas surdas. Ao mesmo tempo,
o método de sinais foi rejeitado, porque alegava que ele destruía a capacidade de
fala das crianças. O argumento para isso era que ‘todos sabem que as crianças
são preguiçosas’, e por isso, sempre que possível, elas mudariam da difícil oral
para a língua de sinais (WIDELL,1992, p. 26).
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UNIDADE 1
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
educacionais, é que surgiram modelos educacionais para o processo de
ensino e aprendizado destes alunos e estão presentes com maior ou menor
intensidades no processo educacional.
Outro exercício:
Pegue uma gravura de pato. Em frente ao espelho, imite um pato,
faça todos os movimentos que você puder parecido com esse animal. Sinta
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UNIDADE 1
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UNIDADE 1
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
VOCÊ SABIA?
Existem 4 propostas de bilinguismos:
LEMBRE-SE!
Os pesquisadores surdos e ouvintes sobre
bilinguismo reconhecem não somente o uso da
Libras para os surdos,
mas também a escrita da língua portuguesa.
Refere-se às
identidades culturais
Outros dois modelos educacionais para os surdos são: nos diversos grupos
sociais. Entende-se a
PEDAGOGIA DO SURDO: rompe com a ideia de prática educacional
diferença mesmo, não
clinica para os surdos e entra na modalidade da DIFERENÇA
DIFERENÇA. contendo aspectos
da mesmidade, que
Essa modalidade de educação surge em um momento em que os
posições iluministas
surdos, através da diferença cultural, da sua identidade, não estão sujeitos pregam para atingir a
perfeição.
ao ouvinte; mas produzem sua própria aprendizagem, são autores desses
conhecimentos.
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UNIDADE 1
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VOCÊ SABIA?
(...) quase metade dos professores eram surdos. Não
existiam audiologistas, terapeutas de reabilitação, ou
psicólogos educacionais e, para a maioria, nenhum
destes eram aparentemente necessário. (...) pelo
contrário a criança e o adulto surdos eram descritos
em termos culturais: que a escola frequentaram,
quem eram os seus parentes e amigos surdos
(caso os houvesse), quem era a sua esposa surda,
onde trabalhavam, quais as equipes desportivas de
surdos e organizações de surdos a que pertenciam,
qual o serviço que prestavam à comunidade dos
surdos? ( LANE, 1992, p.36)
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UNIDADE 1
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
Se uma criança, adolescente surda ou ouvinte, é impedida de participar
ativamente dos ambientes comunicativos nos quais uma língua é usada, pode-se
esperar que naturalmente adquira uma primeira língua?
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UNIDADE 1
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UNIDADE 1
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
reconhecimento da diferença linguística dos surdos, como sujeitos sócioantropológicos.
Os surdos nas suas relações sociais, com seus pares surdos, constroem sua identidade
cultural, com o outro que fala a mesma língua, constituindo características próprias desta
comunidade. Assim, rompe-se com a ideia do corpo doente, da orelha “estragada”, da
falta, assume-se a representação da possibilidade, da autoria, das suas “vozes”, que de
outra forma reprimida pela maioria ouvinte, que lhes viam como “problemas” a serem
corrigidos.
Neste sentido, percebe-se que os surdos politizados estão rompendo com esse
colonialismo dos ouvintes sobre os surdos, e aprender na língua de sinais, ultrapassando
apenas o direito linguístico Os surdos estão se afirmando enquanto grupo social com
base nas relações da diferença, pois são eles que sabem sobre a língua de sinais, são
eles que sabem ensinar os surdos, são eles que são visuais espaciais.
Lembre-se! Esta primeira unidade traz um novo olhar sobre os sujeitos surdos.
Até o momento ainda não falamos especificamente sobre a organização linguística da
Libras, mas sim sobre os aspectos culturais, sociais, educacionais os quais envolvem o
aprendizado da mesma. Você já percebeu, inicialmente, que não é somente conhecer
sinais, vivenciar a Libras.
O que faremos na unidade seguinte: estudar sobre surdez, sobre Libras, é colocar-
se no lugar do outro. É assumir outra forma de pensamento e Linguagem, que própria
de nosso mundo sonoro e mergulhar no mundo das imagens, na interlocução de uma
comunicação visual espacial.
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UNIDADE 1
UNIDADE II
Teorias linguísticas sobre a
aquisição da línguagem pela
criança surda
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao término desta unidade, você será capaz de:
ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1: Conceito de língua / linguagem e língua de sinais
Universidade Aberta do Brasil
SEÇÃO 1
CONCEITOS DE LÍNGUA / LINGUAGEM E LÍNGUA DE SINAIS
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UNIDADE 2
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
pensamentos, expressos em diferentes Linguagens: escritas, faladas
e sinalizadas, constituindo as culturas, os valores e as identidades
culturais de um povo.
Para os sujeitos ouvintes, seu canal de comunicação é oral auditivo,
cujos enunciados são expressos pela fala e pela escrita. Para os sujeitos
surdos, que utilizam a experiência visual na comunicação, usam a visão
e as mãos, o corpo, para expressar seus enunciados, e também a escrita,
desde que significada pelo domínio da sua primeira língua, a língua
de sinais. E é neste contexto que os estudos surdos tem localizado a
surdez como diferença, ao se constituir numa experiência visual e não
auditiva. O importante é Ver, estabelecer as relações de Olhar. Usar
a direção do olhar para estabelecer relações gramaticais. A cultura é
visual, produzindo significados nas relações sociais, estabelecidas pela
diferença.
A diferença é sempre uma relação: não se pode ser diferente
de forma absoluta, total, e sim relativamente a alguma outra coisa,
considerada precisamente como não-diferente.
Partindo deste olhar, sobre sujeitos ouvintes e surdos, é que se faz,
necessário compreender os conceitos de língua/Linguagem e língua de
sinais, cujo processo de aquisição desta, será significado para a criança,
se estiver exposta desde o mais cedo possível na interlocução com a
língua visual espacial.
CONCEITOS
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UNIDADE 2
Universidade Aberta do Brasil
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UNIDADE 2
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
começam a entender as marcas das sentenças de negação, vão
incorporando os classificadores para expressar movimentos
dos objetos e acompanhar com o olhar a direção desses
objetos; já utiliza a estrutura de razão (POR QUÊ), Por volta dos
quatro anos, já apresentam condições de produzir sinais mais
complexos, usando o espaço, para combinar os movimentos
como forma de sinais estruturados; formando novas palavras
e produzindo sentenças mais complexas. Aos poucos, toda
essa organização visual espacial, vai se tornado mais clara,
as histórias, as narrativas das crianças vão acontecendo em
níveis mais elaborado, com argumentações, através do jogo
corporal.
• Fernandes (2005, p.23) explica que a língua de sinais é o sistema
mediador da criança surda por excelência, e a semiose é o
conceito que melhor descreve essa atividade de mediação entre
as percepções e sua transformação em conceitos mentais.
A semiose, como
LEIA MAIS SOBRE: processo, é o princípio
que descreve as formas
IDENTIDADES SURDAS NESTE LINK http://www.feneis.com.br/arquivos/As_
como esse processo
Diferentes_Identidades_Surdas.pdf se realiza na mente de
LINGUAGEM – TESE (DOUTORADO EM LINGUÍSTICA) – LUCIA MARIA NUNES - um dado intérprete: no
A ESCRITA EM GESTO: UM CASO DE SURDEZ – UNICAMP, 2004. processo de percepção
e apreensão da
experiência, a mente
interpretadora converte a
experiência apreendida
Nesta breve noção de aquisição de língua de sinais por crianças em signo, em signos de
sistemas de linguagem
surdas, você observou que existe um caminho diferenciado para aquisição
que o indivíduo dispõe e
da mesma e que em decorrência dessa ser visual espacial, o processo de escolhe para atualizar na
dependência do contexto
aprender a língua portuguesa também é distinto, por ser oral auditivo, é
(Fernandes, 2005, p.23).
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UNIDADE 2
Universidade Aberta do Brasil
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UNIDADE 2
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
A Linguagem, as narrativas, os textos, os discursos não apenas descrevem ou
falam sobre as coisas, ao fazer isso, eles instituem as coisas, inventando sua identidade.
No que se refere a identidade surda, esta se constrói dentro de uma cultura visual, e não
em uma cultura ouvinte. Essa diferença precisa ser entendida não como uma construção
isolada, mas como construção multicultural, constituída na relação social da diferença e
não na deficiência.
Neste sentido, esta unidade mostrou a você o processo de significação da
aquisição da linguagem pelas crianças surdas, com o uso da língua de sinais. Esse
processo requer a interlocução das crianças com adultos usuários da língua de sinais,
os quais também estão em diferentes níveis de conhecimentos linguísticos da Libras em
suas práticas.
Geralmente as crianças surdas vivenciam o aprendizado da Libras em escolas
do ensino regular, com aulas de 1h semanal, promovidas por projetos específicos de
Libras, organizadas pelas secretarias municipais de educação, secretarias estaduais
de educação ou centro especializados na área da surdez, porém, essas iniciativas são
insuficiente; não se pensa em uma política linguística que garanta a fluência e interação
efetiva em todo processo da comunicação de uma forma visual espacial
A internalização das experiências vividas pelas crianças, nas práticas sociais,
com os outros, são os processos pelos quais as crianças vão construindo, constituindo
suas identidades, suas impressões, suas imagens e representações sobre o mundo em
que vivem.
Desta forma, para as crianças surdas, para que haja esta “escuta” de sinais,
é importante compreender a surdez como alteridade, ao reconhecer o direito de
aprendizado e uso de duas línguas pelos surdos, a língua de sinais e a língua portuguesa,
como grupo social de direitos sociais, culturais, econômicos e linguísticos, fazem parte
da mesma nação.
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UNIDADE 2
UNIDADE III
Libras: a Língua Brasileira
de Sinais
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao término desta unidade você deverá:
ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1: Conhecendo aspectos linguísticos da Língua Brasileira
de Sinais (Libras)
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UNIDADE 3
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
SEÇÃO 1
CONHECENDO ASPECTOS LINGUÍSTICOS DA LÍNGUA
BRASILEIRA DE SINAIS (Libras)
VOCÊ SABIA?
O Estado do Paraná foi um dos primeiros
Estados a oficializar a língua de sinais no Brasil,
através da Lei 12.095/98?
Através da Lei da Libras 10.436 de 24 de abril
de 2002 é que se tornou obrigatório o aprendizado
da Libras nas Licenciaturas?
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UNIDADE 3
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UNIDADE 3
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza
DECRETO DA LIBRAS
Decreto Lei de LIBRAS
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005.
Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe
sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098,
de 19 de dezembro de 2000.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe
confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto
na Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, e no art. 18 da Lei no 10.098, de
19 de dezembro de 2000,
DECRETA:
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de
2002, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000.
Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela
que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por
meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente
pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras.
Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral,
parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por
audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.
CAPÍTULO II
DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR
Art. 3º A Libras deve ser inserida como disciplina curricular
obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do
magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia,
de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de
ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
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UNIDADE 3
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
§ 1º A formação do instrutor de Libras pode ser realizada também
por organizações da sociedade civil representativa da comunidade
surda, desde que o certificado seja convalidado por pelo menos uma das
instituições referidas nos incisos II e III.
§ 2º As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação
previstos no caput.
Art. 7º Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto,
caso não haja docente com título de pós-graduação ou graduação em
Libras para o ensino dessa disciplina em cursos de educação superior, ela
poderá ser ministrada por profissionais que apresentem pelo menos um
dos seguintes perfis:
I - professor de Libras, usuário dessa língua com curso de pós-
graduação ou com formação superior e certificado de proficiência
em Libras, obtido por meio de exame promovido pelo Ministério da
Educação;
II - instrutor de Libras, usuário dessa língua com formação de nível
médio e com certificado obtido por meio de exame de proficiência em
Libras, promovido pelo Ministério da Educação;
III - professor ouvinte bilíngue: Libras - Língua Portuguesa, com
pós-graduação ou formação superior e com certificado obtido por meio
de exame de proficiência em Libras, promovido pelo Ministério da
Educação.
§ 1º Nos casos previstos nos incisos I e II, as pessoas surdas terão
prioridade para ministrar a disciplina de Libras.
§ 2º A partir de um ano da publicação deste Decreto, os sistemas e
as instituições de ensino da educação básica e as de educação superior
devem incluir o professor de Libras em seu quadro do magistério.
Art. 8º O exame de proficiência em Libras, referido no art. 7o, deve
avaliar a fluência no uso, o conhecimento e a competência para o ensino
dessa língua.
§ 1º O exame de proficiência em Libras deve ser promovido,
anualmente, pelo Ministério da Educação e instituições de educação
superior por ele credenciadas para essa finalidade.
§ 2º A certificação de proficiência em Libras habilitará o instrutor ou
o professor para a função docente.
§ 3º O exame de proficiência em Libras deve ser realizado por banca
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Língua Brasileira de Sinais (Libras)
curricular nos cursos de formação de professores para a educação infantil
e para os anos iniciais do ensino fundamental, de nível médio e superior,
bem como nos cursos de licenciatura em Letras com habilitação em
Língua Portuguesa.
Parágrafo único. O tema sobre a modalidade escrita da língua
portuguesa para surdos deve ser incluído como conteúdo nos cursos de
Fonoaudiologia.
CAPÍTULO IV
DO USO E DA DIFUSÃO DA LIBRAS E DA LÍNGUA PORTUGUESA
PARA O ACESSO DAS PESSOAS SURDAS À EDUCAÇÃO
Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir,
obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação
e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos
curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de
educação, desde a educação infantil até à superior.
§ 1º Para garantir o atendimento educacional especializado e o
acesso previsto no caput, as instituições federais de ensino devem:
I - promover cursos de formação de professores para:
a) o ensino e uso da Libras;
b) a tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa; e
c) o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para
pessoas surdas;
II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino
da Libras e também da Língua Portuguesa, como segunda língua para
alunos surdos;
III - prover as escolas com:
a) professor de Libras ou instrutor de Libras;
b) tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa;
c) professor para o ensino de Língua Portuguesa como segunda
língua para pessoas surdas; e
d) professor regente de classe com conhecimento acerca da
singularidade linguística manifestada pelos alunos surdos;
IV - garantir o atendimento às necessidades educacionais especiais
de alunos surdos, desde a educação infantil, nas salas de aula e, também,
em salas de recursos, em turno contrário ao da escolarização;
V - apoiar, na comunidade escolar, o uso e a difusão de Libras entre
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UNIDADE 3
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
modalidade oral da Língua Portuguesa e a definição dos profissionais
de Fonoaudiologia para atuação com alunos da educação básica são de
competência dos órgãos que possuam estas atribuições nas unidades
federadas.
CAPÍTULO V
DA FORMAÇÃO DO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LIBRAS -
LÍNGUA PORTUGUESA
Art. 17. A formação do tradutor e intérprete de Libras - Língua
Portuguesa deve efetivar-se por meio de curso superior de Tradução e
Interpretação, com habilitação em Libras - Língua Portuguesa.
Art. 18. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto,
a formação de tradutor e intérprete de Libras – Língua Portuguesa, em
nível médio, deve ser realizada por meio de:
I - cursos de educação profissional;
II - cursos de extensão universitária; e
III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de
ensino superior e instituições credenciadas por secretarias de educação.
Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras pode
ser realizada por organizações da sociedade civil representativas da
comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado por uma das
instituições referidas no inciso III.
Art. 19. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto,
caso não haja pessoas com a titulação exigida para exercício da tradução
e interpretação de Libras - Língua Portuguesa, as instituições federais
de ensino devem incluir, em seus quadros, profissionais com o seguinte
perfil:
I - profissional ouvinte, de nível superior, com competência e fluência
em Libras para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira
simultânea e consecutiva, e com aprovação em exame de proficiência,
promovido pelo Ministério da Educação, para atuação em instituições de
ensino médio e de educação superior;
II - profissional ouvinte, de nível médio, com competência e fluência
em Libras para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira
simultânea e consecutiva, e com aprovação em exame de proficiência,
promovido pelo Ministério da Educação, para atuação no ensino
fundamental;
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Língua Brasileira de Sinais (Libras)
CAPÍTULO VI
DA GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO DAS PESSOAS
SURDAS OU COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela educação
básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência
auditiva, por meio da organização de:
I - escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos
e ouvintes, com professores bilíngues, na educação infantil e nos anos
iniciais do ensino fundamental;
II - escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de
ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino
fundamental, ensino médio ou educação profissional, com docentes das
diferentes áreas do conhecimento, cientes da singularidade linguística
dos alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e intérpretes
de Libras -Língua Portuguesa.
§ 1º São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue
aquelas em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa
sejam línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento de todo o
processo educativo.
§ 2º Os alunos têm o direito à escolarização em um turno diferenciado
ao do atendimento educacional especializado para o desenvolvimento de
complementação curricular, com utilização de equipamentos e tecnologias
de informação.
§ 3º As mudanças decorrentes da implementação dos incisos I e II
implicam a formalização, pelos pais e pelos próprios alunos, de sua opção
ou preferência pela educação sem o uso de Libras.
§ 4º O disposto no § 2o deste artigo deve ser garantido também para
os alunos não usuários da Libras.
Art. 23. As instituições federais de ensino, de educação básica e
superior, devem proporcionar aos alunos surdos os serviços de tradutor
e intérprete de Libras - Língua Portuguesa em sala de aula e em outros
espaços educacionais, bem como equipamentos e tecnologias que
viabilizem o acesso à comunicação, à informação e à educação.
§ 1º Deve ser proporcionado aos professores acesso à literatura e
informações sobre a especificidade linguística do aluno surdo.
§ 2º As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino
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UNIDADE 3
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
VIII - orientações à família sobre as implicações da surdez e sobre a
importância para a criança com perda auditiva ter, desde seu nascimento,
acesso a Libras e à Língua Portuguesa;
IX - atendimento às pessoas surdas ou com deficiência auditiva
na rede de serviços do SUS e das empresas que detêm concessão ou
permissão de serviços públicos de assistência à saúde, por profissionais
capacitados para o uso de Libras ou para sua tradução e interpretação; e
X - apoio à capacitação e formação de profissionais da rede de
serviços do SUS para o uso de Libras e sua tradução e interpretação.
§ 1º O disposto neste artigo deve ser garantido também para os
alunos surdos ou com deficiência auditiva não usuários da Libras.
§ 2º O Poder Público, os órgãos da administração pública estadual,
municipal, do Distrito Federal e as empresas privadas que detêm
autorização, concessão ou permissão de serviços públicos de assistência
à saúde buscarão implementar as medidas referidas no art. 3o da Lei no
10.436, de 2002, como meio de assegurar, prioritariamente, aos alunos
surdos ou com deficiência auditiva matriculados nas redes de ensino da
educação básica, a atenção integral à sua saúde, nos diversos níveis de
complexidade e especialidades médicas.
CAPÍTULO VIII
DO PAPEL DO PODER PÚBLICO E DAS EMPRESAS QUE DETÊM
CONCESSÃO OU PERMISSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS, NO APOIO
AO USO E DIFUSÃO DA LIBRAS
Art. 26. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Poder
Público, as empresas concessionárias de serviços públicos e os órgãos da
administração pública federal, direta e indireta devem garantir às pessoas
surdas o tratamento diferenciado, por meio do uso e difusão de Libras e
da tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa, realizados
por servidores e empregados capacitados para essa função, bem como o
acesso às tecnologias de informação, conforme prevê o Decreto no 5.296,
de 2004.
§ 1º As instituições de que trata o caput devem dispor de, pelo menos,
cinco por cento de servidores, funcionários e empregados capacitados
para o uso e interpretação da Libras.
§ 2º O Poder Público, os órgãos da administração pública estadual,
municipal e do Distrito Federal, e as empresas privadas que detêm
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Língua Brasileira de Sinais (Libras)
Portuguesa, a partir de um ano da publicação deste Decreto.
Art. 31. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 22 de dezembro de 2005; 184o da Independência e 117o
da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Fernando Haddad
Instrutor de Libras –
___________________________________________________________________
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UNIDADE 3
Universidade Aberta do Brasil
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UNIDADE 3
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
símbolo @.
EX.: AMIG@, MUIT@, FRI@.
1. VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
NOME
ASL LIBRAS
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UNIDADE 3
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Ex.:
VERDE
1º 2º 3º
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UNIDADE 3
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
2 - ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE
Ex: ÁRVORE
LIBRAS - representa o tronco usando o antebraço e a mão aberta, as
folhas em movimento.
LSC (Língua de Sinais Chinesa) - representa apenas o tronco da
árvore com as duas mãos (os dedos indicador e polegar ficam abertos e
curvos).
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UNIDADE 3
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LIBRAS LSC
PESSOA
A PERDOAR
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UNIDADE 3
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
3 ESTRUTURA GRAMATICAL
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UNIDADE 3
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http://www.google.com.br/imgres?imgurl
DIRECIONALIDADE DO MOVIMENTO
a)Unidirecional: movimento em uma direção no espaço, durante
realização de um sinal.
b)Ex.: PROIBID@, SENTAR, MANDAR..
c)Bidirecional: movimento realizado por uma ou ambas as mãos,
em duas direções diferentes.
Ex.: PRONT@, JULGAMENTO, GRANDE, COMPRID@,
DISCUTIR, EMPREGAD@, PRIM@, TRABALHAR, BRINCAR.
d)Multidirecional: movimentos que exploram várias direções no
espaço, durante a realização de um sinal.
Ex.: INCOMODAR, PESQUISAR.
TIPOS DE MOVIMENTOS
a) movimento retilíneo:
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UNIDADE 3
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
ENCONTRAR ESTUDAR PORQUE
b) movimento helicoidal:
c) movimento circular:
d) movimento semicircular:
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UNIDADE 3
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e) movimento sinuoso:
f) movimento angular:
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UNIDADE 3
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
b) Orientação das mãos: direção da palma da mão durante a
execução do sinal da LIBRAS, para cima, para baixo, para o lado, para
a frente, etc. Também pode ocorrer a mudança de orientação durante a
execução de um sinal.
Ex.: MONTANHA, BAIX@, FRITAR.
d) Região de contato: a mão entra em contato com o corpo, através
do:
TOQUE: MEDO, ÔNIBUS, CONHECER.
DUPLO TOQUE: FAMÍLIA, SURD@, SAÚDE.
RISCO: OPERAR, JOSÉ (nome bíblico), PESSOA.
DESLIZAMENTO: CURSO, EDUCAD@, LIMP@, GALINHA.
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ESTRUTURA SINTÁTICA
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UNIDADE 3
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
Há alguns casos de omissão de verbos na LIBRAS:
Primeira pessoa
Singular: EU - apontar para o peito do enunciador (a pessoa que fala)
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Dual: NÓS – 2
Trial: NÓS – 3
Quatrial: NÓS - 4
Plural:
NÓS – GRUPO NÓS - TOD@
Segunda pessoa
Singular: VOCÊ - apontar para o interlocutor (a pessoa com quem
se fala).
Dual: VOCÊ – 2
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UNIDADE 3
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
Trial: VOCÊ - 3
Quatrial: VOCÊ – 4
Terceira pessoa
Singular: EL@ - apontar para uma pessoa que não está na conversa
ou para um lugar convencional.
Dual: EL@ - 2
Trial: EL@ - 3
Quatrial: EL@ - 4
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Tipos de referentes:
Referentes presentes. Ex.: EU, VOCÊ, EL@...
Referentes ausentes com localizações reais. Ex.: RECIFE,
PREFEITURA, EUROPA...
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UNIDADE 3
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
Ex.:
EL@ VIAJAR RIO QUANDO-PASSADO (interrogação)
EL@ VIAJAR RIO QUANDO-FUTURO (interrogação)
EU CONVIDAR VOCÊ VIR MINH@ ESCOLA. VOCÊ PODER
D-I-A (interrogação)
QUE-HORAS? / QUANTAS-HORAS?
Para se referir a horas aponta-se para o pulso e relaciona-se o
numeral para a quantidade desejada.
Ex.:
CURSO COMEÇAR QUE-HORAS AQUI (interrogação)
Resposta: CURSO COMEÇAR HORAS DUAS.
Para se referir a tempo gasto na realização de uma atividade, sinaliza-
se um círculo ao redor do rosto, seguido da expressão facial adequada.
Ex.: VIAJAR RIO-DE-JANEIRO QUANTAS-HORAS (interrogação)
POR QUE / PORQUE
Como não há diferença entre ambos, o contexto é que sugere, através
das expressões faciais e corporais, quando estão sendo usados em frases
interrogativas ou explicativas.
e) Pronomes indefinidos:
NINGUÉM (igual ao sinal acabar): usado somente para pessoa;
NINGUÉM / NADA (1) (mãos abertas esfregando-se uma na outra)
: é usado para pessoas e coisas;
NENHUM (1) / NADA (2) (CM [F] balança-se a mão) é usado para
pessoas e coisas e pode ter o sentido de "não ter";
NENHUM (2) / POUQUINHO (CM [F] palma da mão virada para
cima): é um reforço para a frase negativa e pode vir após NADA.
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Ex.:
"Eu pergunto para você." "Você pergunta para mim."
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TOMAR /BEBER
TOMAR-CAFÉ
TOMAR-ÁGUA
BEBER-PINGA / BEBER-CACHAÇA
CORTAR-TESOURA
CORTAR-CABELO
CORTAR-UNHA
CORTAR-PAPEL
CORTAR-FACA
CORTAR-CORPO - “ operar”
CORTAR-FATIA
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NÃO-PODER
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Ex.:
PRESENTE
(agora / hoje)
LIBRAS HOJE EU-IR CASA MULHER^BENÇÃO ME@
Português "Hoje vou à casa da minha mãe"
LIBRAS AGORA EU EMBORA
Português “Eu vou embora agora.”
PASSADO
(Ontem / Há muito tempo / Passou / Já)
LIBRAS DEL@ HOMEM^IRMÃ@ VENDER CARRO JÁ
Português "O irmão dela vendeu o carro."
LIBRAS ONTEM EU-IR CASA ME@ MULHER^BENÇÃO
Português "Ontem, eu fui à casa da minha mãe."
LIBRAS TERÇA-FEIRA PASSADO EU-IR RESTAURANTE
COMER^NOITE
Português Na terça-feira passada, eu jantei no restaurante."
FUTURO
(amanhã / futuro / depois / próximo)
LIBRAS EU ESTUDAR AMANHÃ
Português "Amanhã irei estudar "
LIBRAS PRÓXIMA QUINTA-FEIRA EU ESTUDAR
Português "Estudarei na quinta-feira que vem"
LIBRAS DEPOIS EU ESTUDAR
Português "Depois irei estudar"
LIBRAS FUTURO EU ESTUDAR FACULDADE
MATEMÁTICA
Português "Um dia farei faculdade de matemática"
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Tipos de classificadores
a) Quanto à forma e tamanho dos seres (tipos de objetos):
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UNIDADE 3
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Cl [54] pessoas (quatro pessoas andando juntas, pessoas
em fila, árvores, postes);
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3. 2.6 Role-Play
Este é um recurso muito usado na LIBRAS quando os surdos estão
desenvolvendo a narrativa. O sinalizador coloca-se na posição dos
personagens referidos na narrativa, alternando com eles em situações de
diálogo ou ação.
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UNIDADE 3
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português. Vejamos alguns exemplos:
HOMEM^VELH@ “vovô”
MULHER^VELH@ “vovó”
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UNIDADE 3
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Advérbios de modo:
MUITO: utilizado como intensificador em LIBRAS e expresso através
das expressões facial e corporal ou de uma modificação no movimento do
sinal.
RÁPIDO: para estabelecer um modo rápido de se realizar a ação,
há uma repetição do sinal da ação e a incorporação de um movimento
acelerado.
CADEIRA / SENTAR
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UNIDADE 3
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
VAMOS EXERCITAR?
Faça seu nome completo usando
o alfabeto datilológico.
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UNIDADE 3
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CURIOSIDADE!
Conhece esse termo SignWriting? É o
sistema de escrita para escrever as línguas de
sinais. Veja os exemplos e depois navegue neste
link http://www.signwriting.org/library/history/
hist010.html para saber mais.
Ex:
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UNIDADE 3
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
Como foi essa parte dos estudos?
Nesta unidade, você pode observar através dos estudos de noções dos
aspectos linguísticos da Libras, que ela é uma língua que possui todos os elementos
necessários que a identifica com seu status linguístico Você também percebeu, que a
Libras não é uma língua tão fácil de aprender. Não é uma mímica. Para sua aquisição
é necessário muito estudo e principalmente seu exercício corporal, na interação
com as comunidades surdas ou com ouvintes que a dominem linguisticamente,
internalizando sua aquisição.
Estudou que ela compõe-se pelas variações linguísticas, iconicidade e
arbitrariedade e estrutura gramatical. Esta é a diferença de sua modalidade ser visual
espacial, se comparada com línguas orais. Todo seu desenvolvimento acontece na
percepção sensorial, por onde são atribuídos sentidos aos movimentos, traduzindo,
interpretando os conhecimentos, que rompem com a ideia dos discursos orais e
assumem a forma dos discursos sinalizados.
É nesta leitura e vivência visual, que os surdos constituem suas representações
culturais, políticas, sociais, educacionais de uma comunidade, que compreende o
mundo pela imagem, os quais vem traçando suas lutas e tensões com a sociedade
ouvinte que, por vezes, o compreende como guetos, grupos isolados.
Os surdos organizam-se em grupos ,em diferentes espaços sociais, para
sentirem-se compreendidos, respeitados na língua que este outro surdo fala, como
eu, é a identificação dos pares, é o ser surdo.
E esse processo de ser surdo, é que causa estranheza para o ouvinte.
Nós ouvintes, nunca precisamos ir para uma educação infantil, aprender a dizer
papai, mamãe, bola, etc. Naturalmente, desde bebês, fomos emitindo nossos sons
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UNIDADE 3
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naturais e construindo na linguagem com nossos pais, a língua portuguesa oral, com
afetividade e emoções.
E os surdos, que nascem surdos? Sua relação com o mundo é visual, e se os
pais não percebem as reações sonoras de seus filhos, tardiamente é descoberta a
surdez, e a criança já começa a ficar em defasagem na aquisição da linguagem. E
isto não significa déficit cognitivo, mas sim atraso na linguagem, comprometendo o
seu desenvolvimento normal de linguagem, se dadas as possibilidades de estar o
quanto antes no acesso à língua que lhe dará condições de significar suas relações
com o mundo. E essa significação, não está em relação natural na mesma língua
das de seus pais, caso sejam filhos de pais ouvintes, precisa ser aprendida em
um espaço linguístico, que a ensine em toda sua dimensão de linguagem. Neste
momento, no Brasil, são as escolas bilíngues para surdos, que apresentam essa
possibilidade mais efetiva de aprendizado, desenvolvendo metodologias em uma
pedagogia visual.
É notável os avanços em pesquisas científicas, tecnológicas que apresentam
as características da cultura surda, cujas práticas sociais-educacionais, estão sendo
produzidas em uma pedagogia visual.
As experiências da visualidade produzem subjetividades marcadas pela
presença da imagem e pelos discursos viso espaciais provocando novas formas de
ação do nosso aparato sensorial, uma vez que a imagem não é mais somente uma
forma de ilustrar um discurso oral. O que percebemos sensorialmente pelos olhos
é diferente quando se necessita interpretar e dar sentido ao que estamos vendo.
Por isso, as formas de pensamento são complexas e necessitam a interpretação da
imagem discurso Essa realidade implica re-significar a relação sujeito conhecimento
principalmente na situação de ensinar e aprender (Campello,2008,P.11).
Com este novo olhar sobre cultura surda, o direito de comunicar-se em língua
de sinais, configura-se uma outra realidade aos sujeitos surdos.
As comunidades surdas em nosso país, como em outros países do mundo,
estão apropriando-se de conhecimentos científicos, que legitima a identidade cultural
surda.
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UNIDADE 3
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
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UNIDADE 3
UNIDADE IV
Visualizando e vivenciando
o uso da Libras
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
O acadêmico deverá ser capaz de:
pessoas surdas;
de noções de Libras.
ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1: Lílgua Brasileira de Sinais (Libras) – Algumas ideias do uso
Você teve como foco de estudo na unidade III a língua de sinais, a Libras.
Também estudou as noções gerais da linguística da Libras, compreendendo
que é uma língua oficial em nosso país, usada pelas comunidades surdas,
que têm como meio de comunicação a experiência visual.
Nesta unidade IV, outro aspecto a apreender é uma noção, alguns
olhares sobre o letramento visual, ou seja, aqui você verá algumas
sugestões de atividades com uso do português escrito e de sinais, que
estão sendo realizadas como práticas metodológicas para os alunos
surdos. Primeiramente, o aprendizado dos conteúdos curriculares, todo
o estudo, as discussões, o conhecimento do surdo no diálogo em Libras,
significado por imagens e paralelamente a construção na escrita do
português.
Estará disponível para você, o registro em desenho de vinte e duas
lições com sinais, organizada por uma categoria básica de palavras do
português. Libras não é a tradução de todas as palavras em português, em
sinal; onde cada palavra escrita ou falada do português tem um sinal. Na
unidade III, você estudou sua composição.
A Libras compõe-se por sinais criados pela comunidade surda
brasileira, cujos sinais estão na constituição do uso da língua, por
diferentes grupos de surdos brasileiros.
Para você aprendê-la, visualize os sinais, navegue nos links citados
e na aulas práticas com a instrutora(o) de sinais, é que seu aprendizado
irá sendo construído. Através destes links, você poderá conhecer muito
mais sobre as comunidades surdas, e desenvolver estudos e algumas
vivências sobre a Libras.
http://www.feneis.com.br/
http://www.ines.gov.br/
http://www.acessobrasil.org.br/libras/
http://www.libras.ufsc.br
http://www.mec.gov.br
http://www.wfdeaf.org
http://www.gallaudet.edu/
http://lsbvideo.com.br
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Finalizando, e de extrema importância, deixo para você um roteiro
de estratégias de ações a serem realizadas pelos profissionais da escola
do ensino regular, pelos centros de atendimentos especializados na área
da surdez e pelas secretarias municipais de educação, os procedimentos
e encaminhamentos a serem realizados ao chegar um aluno surdo no
contexto educacional. Com a efetiva aplicação dessas ações, acredita-se
em uma efetiva educação bilíngue para surdos, respeitados como sujeitos
na diferença, e não na deficiência.
SEÇÃO 1
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (Libras) - ALGUMAS IDEIAS
DO USO DOS SINAIS NAS ATIVIDADES EDUCACIONAIS E
AS SUAS VIVÊNCIAS NESSA LÍNGUA
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HISTÓRIA: EM PORTUGUÊS E COM SINAIS
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compreendida como processo cultural, de um grupo social que possui
uma diferença linguística, no caso dos surdos brasileiros, a Libras.
Assim, as línguas de sinais transpõem “verdades” que tentaram
narrar o sujeito surdo, como o não “ser surdo”. Ser surdo vai além de
uma narrativa linguística, ao constituir-se como sujeito que possui uma
identidade cultural própria. E que, atualmente, vivencia-se as relações
interculturais, as aproximações, as singularidades, as diferenças, entre
surdos e ouvintes, nas práticas sociais.
Portanto, não vejo como despedida ou encerramento as minhas
palavras escritas neste livro. Deixo meu até breve, meus agradecimentos
pela oportunidade de compartilhar com você esse conhecimento sobre a
Libras, que também ao traçá-lo na forma escrita, me faz e me desperta
um contínuo de estudos e aprendizados.
A produção desse material foi um processo desafiador. Você
compreendeu que a Libras é uma língua corporal e seu aprendizado está
em vivenciá-la. Instigou-me a ideia de escrever de uma forma que não
fosse de um jeito somente teórico, mas que você pudesse estabelecer
algumas relações dos conteúdos com o seu corpo, como também interagir
com os surdos.
Necessário foi deslocar meu olhar teórico sobre Libras e assumir
a compreensão das relações práticas que esta língua tem para que você
entrasse nesta nova travessia linguística, uma língua visual espacial.
Um dos eixos dessa disciplina centrou-se no estudo dos aspectos
linguísticos da Libras: as variações linguísticas, a iconicidade e
arbitrariedade, a estrutura gramatical, que a constituem como língua na
modalidade viso espacial, mas, não é somente esse aspecto. As línguas
de sinais narram as subjetividades culturais dos surdos, nas relações com
seus pares e que o legitimam como grupo social.
Por fim, mostrou-se a visualização do uso dos sinais em algumas
sugestões de atividades com alunos surdos, e os indicativos de sites,
que lhes aproximará muito mais ao universo das língua de sinais. Mas
o fundamental, é sua interação com os sujeitos surdos, é nesta relação,
mediação intercultural, que seu corpo vai deslocar-se do pensamento
sonoro, ao transpor a comunicação oral auditiva, para uma comunicação
visual espacial.
È nesse momento de apreender, compartilhar saberes, de estabelecer
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REFERÊNCIAS
Universidade Aberta do Brasil
Um fraterno abraço
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REFERÊNCIAS
FERREIRA BRITO, Lucinda. Por uma gramática das línguas de sinais. Tempo
Brasileiro, UFRJ. Rio de Janeiro,1995.
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REFERÊNCIAS
Universidade Aberta do Brasil
SAUSSURE, F. de. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 1970. (Org.
Charles Bally e Albert Sechehaye).
SILVEIRA, Rosa Hessel. Contando Histórias sobre surdos (as) e surdez. In:
COSTA, Maria Vorraber (Org). Estudos Culturais em Educação. Porto Alegre:
UFRGS, 2000.
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REFERÊNCIAS
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
NOTAS SOBRE A AUTORA
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AUTOR