Info 647 STJ
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Info 647 STJ
Informativo 647-STJ
Márcio André Lopes Cavalcante
ÍNDICE
DIREITO ADMINISTRATIVO
PODER DE POLÍCIA
Agência de turismo que faça câmbio é equiparada a instituição financeira e está sujeita à fiscalização do BACEN.
DIREITO CIVIL
RESPONSABILIDADE CIVIL
O companheiro que, com seu comportamento, assume o risco de transmissão do vírus HIV à parceira, deve pagar
indenização pelos danos morais e materiais a ela causados.
SEGURO
Súmula 632-STJ
DIREITO DO CONSUMIDOR
CONTRATOS BANCÁRIOS
É válida a recusa das instituições financeiras de concederem empréstimo consignado nos casos em que a soma da
idade do cliente com o prazo de duração do contrato seja superior a 80 anos.
DIREITO EMPRESARIAL
CHEQUE
O dever de garantia do emitente do cheque, previsto no art. 15 da Lei nº 7.357/85, não pode ser afastado com
fundamento nos costumes e no princípio da boa-fé objetiva.
DIREITO PENAL
DOSIMETRIA DA PENA
Condenações anteriores transitadas em julgado não podem ser utilizadas como personalidade ou conduta social
desfavorável.
DIREITO TRIBUTÁRIO
PARCELAMENTO
É ilegal a cobrança de juros de mora sobre as multas de mora e de ofício perdoadas no pagamento à vista do débito
fiscal de acordo com o art. 1º, § 3º, inciso I da Lei nº 11.941/2009.
CONTRIBUIÇÕES
ICMS não integra a base de cálculo da CPRB.
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
PREVIDÊNCIA PRIVADA
O regulamento aplicável ao participante para fins de cálculo da renda mensal inicial é aquele vigente no momento
da implementação das condições de elegibilidade.
DIREITO ADMINISTRATIVO
PODER DE POLÍCIA
Agência de turismo que faça câmbio é equiparada a instituição financeira
e está sujeita à fiscalização do BACEN
A “Boa Viagem” ajuizou ação pedindo a anulação do auto de infração alegando que é uma agência de
turismo (e não uma instituição financeira). Logo, o Banco Central não teria competência para fiscalizá-la.
A questão chegou até o STJ. O Banco Central tem competência para fiscalizar a “Boa Viagem”?
SIM.
Banco Central
O Banco Central é uma autarquia federal, prevista na Constituição Federal e disciplinada pela Lei nº
4.595/64.
A título de curiosidade, vale ressaltar que muita gente confunde de quem é a atribuição para emitir moeda,
pensando que seria da Casa da Moeda. Trata-se, contudo, de competência do Banco Central, nos termos
do art. 164 da CF/88:
Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco
central.
(...)
Desse modo, o BACEN (sigla de Banco Central) possui poder de polícia em relação às atividades
desenvolvidas pelas instituições financeiras.
Outra relevante atribuição do BACEN é a de atuar no mercado de câmbio:
Art. 11. Compete ainda ao Banco Central da República do Brasil;
(...)
III - Atuar no sentido do funcionamento regular do mercado cambial, (...)
Art. 18. As instituições financeiras somente poderão funcionar no País mediante prévia
autorização do Banco Central da República do Brasil ou decreto do Poder Executivo, quando forem
estrangeiras.
§ 1º Além dos estabelecimentos bancários oficiais ou privados, das sociedades de crédito,
financiamento e investimentos, das caixas econômicas e das cooperativas de crédito ou a seção
de crédito das cooperativas que a tenham, também se subordinam às disposições e disciplina
desta lei no que for aplicável, as bolsas de valores, companhias de seguros e de capitalização, as
sociedades que efetuam distribuição de prêmios em imóveis, mercadorias ou dinheiro, mediante
sorteio de títulos de sua emissão ou por qualquer forma, e as pessoas físicas ou jurídicas que
exerçam, por conta própria ou de terceiros, atividade relacionada com a compra e venda de ações
e outros quaisquer títulos, realizando nos mercados financeiros e de capitais operações ou
serviços de natureza dos executados pelas instituições financeiras.
(...)
Agências de turismo que façam atividades de câmbio são equiparadas a instituições financeiras
A partir da leitura dos dispositivos acima transcritos, conclui-se que as agências de turismo que atuam no
ramo de operações com moeda estrangeira (câmbio) assumem o status de instituição financeira por
equiparação.
Desse modo, a “Boa Viagem Ltda.”, como foi devidamente autorizada pelo BACEN a efetuar operações de
câmbio, é equiparada a instituição financeira (art. 17), subordinando-se, como consequência, à regular
intervenção fiscalizatória do Banco Central (art. 10, IX e 11, III), com a inerente possibilidade de aplicação
das sanções administrativas legalmente cominadas.
Logo, não há nenhuma irregularidade na conduta do BACEN de fiscalizar as atividades da agência por ela
autorizada a operar no mercado de câmbio.
Em suma:
A agência de turismo devidamente credenciada para efetuar operações de câmbio é equiparada a
instituição financeira e subordina-se à regular intervenção fiscalizatória do Banco Central.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.434.625-CE, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 09/04/2019 (Info 647).
DIREITO CIVIL
RESPONSABILIDADE CIVIL
O companheiro que, com seu comportamento, assume o risco de transmissão do vírus HIV à
parceira, deve pagar indenização pelos danos morais e materiais a ela causados
Importante!!!
O parceiro que suspeita de sua condição soropositiva, por ter adotado comportamento
sabidamente temerário (vida promíscua, utilização de drogas injetáveis, entre outros), e,
mesmo assim, continua normalmente tendo relações sexuais com sua companheira sem
alertá-la para esse fato, assume os riscos de sua conduta e, se ela for contaminada, responde
civilmente pelos danos causados.
A negligência, incúria e imprudência mostram-se evidentes quando o cônjuge/companheiro,
ciente de sua possível contaminação, não realiza o exame de HIV, não informa o parceiro sobre
a probabilidade de estar infectado nem utiliza métodos de prevenção.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.760.943-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 19/03/2019 (Info 647).
É o notório caso do jogador de basquete conhecido como Magic Johnson que, ao ser processado por uma
de suas parceiras sexuais, baseou sua defesa justamente no fato de que, no momento da relação sexual
supostamente causadora do contágio, não sabia que era portador do vírus HIV, tendo sido negado o pleito
indenizatório da autora.
Sujeito que não tinha certeza de ser portador do HIV, mas que suspeitava diante do seu comportamento
sabidamente temerário
O parceiro que suspeita de sua condição soropositiva, por ter adotado comportamento sabidamente
temerário (vida promíscua, utilização de drogas injetáveis, entre outros), deve assumir os riscos de sua
conduta.
Se esse cônjuge ou companheiro, mesmo ciente de sua possível contaminação...
- não realiza o exame de HIV (o Sistema Único de Saúde - SUS disponibiliza teste rápido para a detecção
do vírus nas unidades de saúde do país)
- não informa o(a) parceiro(a) sobre essa possibilidade
- e não utiliza métodos de prevenção...
... isso demonstra sua negligência, incúria e imprudência.
Esse comportamento mostra-se ainda mais grave em se tratando de uma relação conjugal, em que se
espera das pessoas, intimamente ligadas por laços de afeto, um forte vínculo de confiança de um para
com o outro.
Nesse sentido é a opinião da doutrina especializada:
“(...) poder-se-á atribuir responsabilidade ao parceiro sexual que não tem conhecimento de sua
soropositividade se ficar comprovado que tinha uma vida promíscua, ou seja, relacionamento
íntimo com diversos parceiros sexuais ou, ainda, que utilizava drogas injetáveis, visto que, com tal
comportamento de alto risco, poderia ele deduzir a grande probabilidade de estar contaminado
pelo vírus da AIDS e submeter-se aos testes de detecção.
Na hipótese enfocada, ficam demonstradas a negligência e a imprudência desse parceiro, por não
ter-se submetido ao exame de sangue específico, para ter certeza de seu real estado de saúde, de
soronegativo ou soropositivo, mesmo tendo conhecimento de seu comportamento de alto risco,
razão pela qual deverá ser responsabilizado pela transmissão do vírus HIV, sofrendo as
consequências previstas na lei.” (AZEVEDO, Marcos de Almeida Villaça. Aids e responsabilidade
civil. São Paulo: Atlas, 2002, p. 74).
Assim, se um parceiro sexual sabia, ou deveria saber (no caso de pessoa com comportamento de risco),
que estava contaminado pelo vírus HIV e não informou ao outro, antes da relação sexual, ficará
demonstrada sua negligência, e ele deve arcar com a reparação dos danos causados pela contaminação
de seu parceiro (AZEVEDO, op. cit, p. 39).
Comportamento de risco
Para fins de responsabilização, “considera-se comportamento de risco a pluralidade de parceiros sexuais
e a utilização, em grupo, de drogas psicotrópicas injetáveis, e encontram-se em situação de risco as
pessoas que receberam transfusão de sangue ou doações de leite, órgãos e tecidos humanos. Essas
pessoas integram os denominados ‘grupos de risco’, em razão de seu comportamento facilitar a sua
contaminação” (AZEVEDO, op. cit, p. 39).
próprias de todo relacionamento afetivo, privando sua convivente do direito de permanecer sadia,
preservando sua integridade física.
Portanto, no presente caso, ainda que João não tivesse como desígnio a efetiva transmissão do vírus HIV,
acabou assumindo o risco de realizá-la, seja porque já era sabedor de sua soropositividade no momento
das relações sexuais com sua companheira - sem lhe informar de sua condição e sem adotar as devidas
precauções -, seja porque adotava comportamento extraconjugal de risco (vida promíscua), devendo ser
responsabilizado por sua conduta.
Valor
No caso concreto, o STJ manteve o valor dos danos morais fixado pelo TJ/MG, que arbitrou o montante
em R$ 120 mil.
Em suma:
O parceiro que suspeita de sua condição soropositiva por ter adotado comportamento sabidamente
temerário (vida promíscua, utilização de drogas injetáveis, entre outros) e, mesmo assim, continua
normalmente tendo relações sexuais com sua companheira sem alertá-la para esse fato, assume os
riscos de sua conduta e, se ela for contaminada, responde civilmente pelos danos causados.
A negligência, incúria e imprudência mostram-se evidentes quando o cônjuge/companheiro, ciente de
sua possível contaminação, não realiza o exame de HIV, não informa o parceiro sobre a probabilidade
de estar infectado nem utiliza métodos de prevenção.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.760.943-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 19/03/2019 (Info 647).
Responsabilidade penal
No âmbito criminal, qual é, em tese, o crime praticado por um indivíduo que, sabendo ser portador de
HIV, pratica relação sexual com outra pessoa querendo ou assumindo o risco de transmitir o vírus?
Existem três correntes sobre o tema:
1) Perigo de contágio de moléstia grave (art. 131 do CP);
2) Homicídio doloso (art. 121);
3) Lesão corporal qualificada pela enfermidade incurável (art. 129, § 2º, II).
Prevalece a 3ª corrente, ou seja, trata-se de lesão corporal qualificada pela enfermidade incurável.
Existe julgado antigo do STF no qual a maioria dos Ministros afastou a 1ª e a 2ª posições: HC 98.712/RJ.
No mesmo sentido, podemos mencionar a existência de acórdão do STJ que afirmou ser acertado adotar
a 3ª corrente. Veja trechos da ementa:
O STF, no julgamento do HC 98.712/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio (1.ª Turma, DJe de 17/12/2010), firmou a
compreensão de que a conduta de praticar ato sexual com a finalidade de transmitir AIDS não configura
crime doloso contra a vida. Assim não há constrangimento ilegal a ser reparado de ofício, em razão de não
ter sido o caso julgado pelo Tribunal do Júri.
O ato de propagar síndrome da imunodeficiência adquirida não é tratado no Capítulo III, Título I, da Parte
Especial, do Código Penal (art. 130 e seguintes), onde não há menção a enfermidades sem cura. Inclusive,
nos debates havidos no julgamento do HC 98.712/RJ, o eminente Min. Ricardo Lewandowski, ao excluir a
possibilidade de a Suprema Corte, naquele caso, conferir ao delito a classificação de "Perigo de contágio
de moléstia grave" (art. 131, do CP), esclareceu que, “no atual estágio da ciência, a enfermidade é
incurável, quer dizer, ela não é só grave, nos termos do art. 131”.
Na hipótese de transmissão dolosa de doença incurável, a conduta deverá será apenada com mais rigor
do que o ato de contaminar outra pessoa com moléstia grave, conforme previsão clara do art. 129, § 2.º
inciso II, do Código Penal.
STJ. 5ª Turma. HC 160.982/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 17/05/2012.
SEGURO
Súmula 632-STJ
Correção monetária nos contratos de seguro
Súmula 632-STJ: Nos contratos de seguro regidos pelo Código Civil, a correção monetária
sobre a indenização securitária incide a partir da contratação até o efetivo pagamento.
STJ. 2ª Seção. Aprovada em 08/05/2019, DJe 13/05/2019.
Indenização securitária
É o valor pago pela seguradora caso o risco coberto se concretize (sinistro).
A seguradora terá que pagar o valor da indenização securitária (R$ 100 mil) acrescida de correção
monetária?
SIM.
Qual é o termo inicial dessa correção monetária? Ela será calculada a partir de quando?
A data da contratação.
Os valores da cobertura do seguro de vida devem ser acrescidos de correção monetária contada a partir
da data em que celebrado o contrato entre as partes (em nosso exemplo, 05/05/2015).
O juiz deve condenar a seguradora a pagar também juros de mora? Eles são contados desde quando?
SIM. Nas ações que buscam o pagamento de indenização securitária, os juros de mora devem incidir a
partir da data da citação da seguradora, visto se tratar de eventual ilícito contratual.
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1167778/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 07/12/2017.
Por que a súmula fala em “contratos de seguro regidos pelo Código Civil”?
Apenas para deixar claro que não se está tratando aqui da indenização decorrente do seguro DPVAT, que
é regido pela Lei nº 6.194/74. A correção monetária do seguro DPVAT possui regra própria, consagrada
em enunciado do STJ:
Súmula 580-STJ: A correção monetária nas indenizações do seguro DPVAT por morte ou invalidez, prevista
no § 7º do art. 5º da Lei nº 6.194/1974, redação dada pela Lei nº 11.482/2007, incide desde a data do
evento danoso.
DIREITO DO CONSUMIDOR
CONTRATOS BANCÁRIOS
É válida a recusa das instituições financeiras de concederem empréstimo consignado nos casos
em que a soma da idade do cliente com o prazo de duração do contrato seja superior a 80 anos
O STJ concordou com a tese do MPF? Essa restrição imposta pela instituição financeira é ilegal ou
abusiva de alguma forma?
NÃO. O pedido formulado pelo MPF foi julgado improcedente e o STJ considerou que o critério adotado
pelo banco é válido.
Em suma:
É válida a recusa das instituições financeiras de concederem empréstimo consignado nos casos em que
a soma da idade do cliente com o prazo de duração do contrato seja superior a 80 anos.
O critério de vedação ao crédito consignado - a soma da idade do cliente com o prazo do contrato não
pode ser maior que 80 anos - não representa discriminação negativa que coloque em desvantagem
exagerada a população idosa.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.783.731-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/04/2019 (Info 647).
DIREITO EMPRESARIAL
CHEQUE
O dever de garantia do emitente do cheque, previsto no art. 15 da Lei nº 7.357/85,
não pode ser afastado com fundamento nos costumes e no princípio da boa-fé objetiva
Tese de Wagner
Wagner se defendeu dizendo que ele apenas emprestou o cheque para terceiro (Denis) e que nunca teve
qualquer relação jurídica com José (nem o conhecia).
Afirmou que é comum, na prática, o empréstimo de cheques para quem não possui conta bancária,
devendo esse fenômeno ser considerado pelo Direito.
Argumentou, por fim, que, com base no princípio da boa-fé, somente Denis deve ser cobrado pela dívida:
“(...) é prática comum na sociedade brasileira o empréstimo de lâminas de cheque a amigos e familiares,
como expressão da informalidade e da solidariedade que marcam nosso povo, e que os comportamentos
de boa-fé devem ser protegidos e prestigiados pelo Poder Judiciário (...)”.
Neste caso, consoante visto acima, a lei é expressa, não havendo motivo para afastá-la dando prevalência
aos costumes.
Não se admite, portanto, o costume contra legem, ou seja, quando ele é contrário ao texto legal.
Princípio da boa-fé não pode servir para flexibilizar a regra de garantia da lei do cheque
De igual modo, a flexibilização do art. 15 da Lei nº 7.357/85, sob o argumento do princípio da boa-fé
objetiva, não tem o condão de excluir o dever de garantia do emitente do cheque, sob pena de se
comprometer a segurança na tutela do crédito, pilar fundamental das relações jurídicas dessa natureza.
Princípio da literalidade
O cheque, enquanto título de crédito, é regido, dentre outros, pelos princípios da literalidade e da
abstração.
Segundo o princípio da literalidade, “é o teor literal do documento que irá definir os limites para o exercício
dos direitos nele mencionados” (TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial. V. 2. 2ª ed. São Paulo:
Atlas, 2011. p. 31-35).
Pelo princípio da abstração, “o título de crédito se desvincula do negócio jurídico que lhe deu origem”, de
modo que “quem recebe o título de crédito, recebe um direito abstrato, isto é, um direito não dependente
do negócio que deu origem ao título” (idem, p. 35).
Ao tratar especificamente do princípio da literalidade, afirma Marlon Tomazette que “o devedor que
verbalmente assumiu a obrigação, mas não a firmou no título, não poderá ser demandado” (p. 31).
Os princípios da literalidade e da abstração até podem ser temperados pelo princípio da boa-fé objetiva,
mas desde que isso não viole os atributos e princípios inerentes aos títulos de crédito.
Em suma:
O emitente garante o pagamento do valor contido no cheque, considerando-se não escrita a declaração
pela qual se exima dessa garantia (art. 15 da Lei nº 7.357/85).
Esse dever de garantia do emitente do cheque não pode ser afastado com fundamento nos costumes e
no princípio da boa-fé objetiva.
Não há lacuna neste caso. Na ausência de lacuna, não cabe ao julgador se valer de um costume para
afastar a aplicação da lei, sob pena de ofensa ao art. 4º da LINDB.
De igual modo, a flexibilização do art. 15 da Lei nº 7.357/85, sob o argumento do princípio da boa-fé
objetiva, não tem o condão de excluir o dever de garantia do emitente do cheque, sob pena de se
comprometer a segurança na tutela do crédito, pilar fundamental das relações jurídicas dessa natureza.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.787.274-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/04/2019 (Info 647).
ECA
PROCEDIMENTO
A contagem dos prazos nos ritos regulados pelo ECA ocorre em dias CORRIDOS
(não se aplica a regra dos dias úteis do CPC/2015)
Resumindo:
1ª opção: normas do ECA.
Na falta de normas específicas:
• CPP: para regular o processo de conhecimento.
• CPC: para regular o sistema recursal.
Mas o art. 198 do ECA afirma que os recursos afetos à Justiça da Infância e da Juventude são regidos
pelas normas do CPC... Por que não aplicar os dias úteis do art. 219 do CPC/2015?
Informativo 647-STJ (24/05/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 13
Informativo
comentado
Porque há uma previsão expressa e específica no ECA dizendo que os prazos são contados em dias corridos:
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se subsidiariamente as normas gerais
previstas na legislação processual pertinente.
(...)
§ 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus procedimentos são contados em dias
corridos, excluído o dia do começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em dobro para
a Fazenda Pública e o Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 13.509/2017)
Os procedimentos regulados pela Lei nº 8.069/90 estão previstos no Capítulo III. Dentre eles está o da
apuração de ato infracional atribuído a adolescente (Seção V, arts. 171 a 190).
Assim, para análise da tempestividade da apelação, são aplicáveis os arts. 198, II e 152, § 2º, ambos do
ECA.
Como existe norma sobre a contagem do prazo em dias corridos na lei especial, não há lacuna a atrair a
aplicação subsidiária ou supletiva da regra do CPC.
Eventual conflito na interpretação das leis deve ser solucionado por meio de critérios hierárquico,
cronológico ou da especialidade.
O Código de Processo Civil não é norma jurídica superior à Lei nº 8.069/1990. O art. 198 do ECA (redação
dada pela Lei nº 12.594/2012), por sua vez, não prevalece sobre o art. 152, § 2º (incluído pela Lei nº
13.509/2017), dispositivo posterior que regulou inteiramente a contagem dos prazos. Prepondera, assim,
a especialidade, de modo que a regra específica do Estatuto da Criança e do Adolescente impede a
incidência do art. 219 do CPC.
Em suma:
Segundo o texto expresso do ECA, em todos os recursos, salvo os embargos de declaração, o prazo será
decenal (art. 198, II) e a sua contagem ocorrerá de forma corrida, excluído o dia do começo e incluído o
do vencimento, vedado o prazo em dobro para o Ministério Público (art. 152, § 2º).
Desse modo, por força do critério da especialidade, os prazos dos procedimentos regulados pelo ECA
são contados em dias corridos, não havendo que se falar em aplicação subsidiária do art. 219 do
CPC/2015, que prevê o cálculo em dias úteis.
STJ. 6ª Turma. HC 475.610/DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/03/2019 (Info 647).
INTIMAÇÕES
Na hipótese de duplicidade de intimações, prevalece a intimação eletrônica
sobre aquela realizada por meio do Diário de Justiça
Importante!!!
A partir da leitura da Lei nº 11.419/2006 em conjunto com o art. 272 do CPC/2015, conclui-se
que a comunicação dos atos processuais aos advogados ocorre, em regra, mediante a
intimação por via eletrônica, valorizando-se a informatização dos processos judiciais.
Assim, a intimação eletrônica prevalece sobre a publicação no Diário de Justiça no caso de
duplicidade de intimações.
STJ. 2ª Turma. AgInt nos EDcl no AREsp 981.940/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
16/05/2017.
STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 903.091-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
16/3/2017 (Info 601).
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1330052/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/03/2019
(Info 647).
Vale ressaltar que a posição acima não é pacífica e que existem precedentes em sentido contrário:
STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 929.175/RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 17/08/2017; STJ. 3ª
Turma. AgInt no AREsp 1101413/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 17/10/2017.
Exemplo:
Exemplo:
Se houver duplicidade de intimações, ou seja, o advogado for intimado tanto pelo DJe como pelo Portal
de Intimação, qual deverá prevalecer? Ex: a decisão foi publicada no Dje do dia 15/02/2018; ocorre que,
depois disso, houve intimação eletrônica em 19/2/2018. Qual deverá ser considerada?
A intimação eletrônica (pelo Portal). Em caso de dupla intimação, deve prevalecer a intimação via portal
eletrônico, pois essa modalidade de intimação dispensa a publicação via DJe, conforme expressamente
previsto no caput do art. 5º da Lei nº 11.419/2006:
Art. 5º As intimações serão feitas por meio eletrônico em portal próprio aos que se cadastrarem
na forma do art. 2º desta Lei, dispensando-se a publicação no órgão oficial, inclusive eletrônico.
Essa previsão expressa de dispensa de publicação no DJe reforça a conclusão de que a intimação eletrônica
é a que deve prevalecer.
Aliás, essa também foi a opção normativa esposada pelo novo CPC/2015, conforme se verifica nos
seguintes dispositivo legais:
Art. 270. As intimações realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma da lei.
Art. 272. Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações pela publicação
dos atos no órgão oficial.
Assim, não há dúvidas de que a forma preferencial de intimação é o meio eletrônico, admitindo-se,
contudo, outra via de comunicação se tal meio for inviável no caso concreto, notadamente ante a
existência de questões de índole técnicas, quando, por exemplo, o sistema encontrar-se fora do ar.
A importância da intimação eletrônica é tanta que se aplica até mesmo para as autoridades com
prerrogativa de intimação pessoal.
Em suma:
Na hipótese de duplicidade de intimações, prevalece a intimação eletrônica sobre aquela realizada por
meio do DJe.
STJ. 2ª Turma. AgInt nos EDcl no AREsp 981.940/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 16/05/2017.
STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 903.091-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 16/3/2017
(Info 601).
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1330052/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/03/2019 (Info 647).
Ocorrendo a intimação eletrônica e a publicação da decisão no DJEERJ, prevalece esta última, uma vez que
nos termos da legislação citada a publicação em Diário de Justiça eletrônico substitui qualquer outro meio
de publicação oficial para quaisquer efeitos legais.
STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 1101413/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 17/10/2017.
O prazo de 48 horas para a apresentação das contas pelo réu, previsto no art. 915, § 2º, do
CPC/1973, deve ser computado a partir da intimação do trânsito em julgado da sentença que
reconheceu o direito do autor de exigir a prestação de contas.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.582.877-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/04/2019 (Info 647).
Finalidade da ação
Uma segunda mudança foi quanto à finalidade da ação e a pessoa legitimada para propô-la. Veja:
CPC 1973 CPC 2015
A ação de prestação de contas podia ser proposta
A ação agora somente pode ser proposta na
por dois legitimados:
situação “a”, ou seja, pela pessoa que tem o
a) pela pessoa que tinha o direito de exigir a
direito de exigir a prestação de contas.
prestação de contas (ex.: os sócios que não
Vale ressaltar que “dita supressão não significa que tenha desaparecido a ação de dar contas. A
administração de bens ou negócios alheios gera sempre, para o gestor, o dever de prestar contas, de sorte
que este tem, na perspectiva do direito material, não apenas a obrigação, mas também o direito de se
livrar desse dever. Assim, coexistem sempre as duas pretensões, a de exigir e a de dar contas. O que a lei
nova fez foi submeter a procedimento especial apenas a pretensão de exigir contas. A de dar contas, por
isso, será processada sob o procedimento comum.
Para se desincumbir da obrigação de dar contas, o obrigado, quando encontrar resistência da parte
contrária, proporá ação comum, instruindo a petição inicial com o demonstrativo devido e os documentos
justificativos e pedirá ao juiz que, após ouvido o réu, seja afinal declarado por sentença prestadas as contas
que lhe incumbiam.” (THEODORO JR., Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol. II. 50ª ed., São
Paulo: Forense, 2016, p. 96).
Duas fases
O procedimento da ação de prestação de contas (ação de exigir contas) tem como característica, em regra,
a existência de duas fases.
1ª fase: nela, o juiz irá decidir se existe ou não a obrigação de o réu prestar contas. Se o julgador decidir
que não, o processo encerra-se nesta fase. Contudo, se decidir que sim, será aberta uma segunda fase.
2ª fase: servirá para que o réu propriamente preste as contas pleiteadas pelo autor e para que o julgador
avalie se aquele o fez corretamente, reconhecendo a existência de saldo credor ou devedor.
Em suma, tem-se que a ação de prestação de contas ocorre em duas fases distintas e sucessivas – na
primeira, discute-se sobre o dever de prestar contas; na segunda, declarado o dever de prestar contas,
serão elas julgadas e apreciadas, se apresentadas (STJ. 3ª Turma. REsp 1.567.768/GO, DJe 30/10/2017).
“É preciso notar, porém, que não se está diante de dois processos distintos, tramitando simultaneamente
nos mesmos autos. O processo, em verdade, é único, embora dividido em duas fases distintas. Há, pois, o
ajuizamento de uma única demanda, contendo um único mérito. A análise deste, porém, é dividida em
dois momentos: o primeiro, dedicado à verificação da existência do direito de exigir a prestação de contas,
o segundo, dirigido à verificação das contas e do saldo eventualmente existente.” (CÂMARA, Alexandre
Freitas. Lições de Direito Processual Civil. São Paulo: Atlas, 21ª ed., 2014, p. 391).
Petição inicial
Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente as razões pelas quais exige as contas, instruindo-
a com documentos comprobatórios dessa necessidade, se existirem.
O réu será citado para, no prazo de 15 dias:
Qual é o termo inicial desse prazo? Ele é contado da data da intimação do réu acerca da decisão do juiz
ou da data da intimação do trânsito em julgado? É necessário o trânsito em julgado para que comece a
correr o prazo?
SIM. O STJ, ao analisar o tema ainda sob a égide do CPC/1973, decidiu que:
O prazo de 48 horas para a apresentação das contas pelo réu, previsto no art. 915, § 2º, do CPC/1973,
deve ser computado a partir da intimação do trânsito em julgado da sentença que reconheceu o direito
do autor de exigir a prestação de contas.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.582.877-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/04/2019 (Info 647).
DIREITO PENAL
DOSIMETRIA DA PENA
Condenações anteriores transitadas em julgado não podem ser
utilizadas como personalidade ou conduta social desfavorável
Importante!!!
Eventuais condenações criminais do réu transitadas em julgado e não utilizadas para
caracterizar a reincidência somente podem ser valoradas, na primeira fase da dosimetria, a
título de antecedentes criminais, não se admitindo sua utilização também para desvalorar a
personalidade ou a conduta social do agente.
A conduta social e a personalidade do agente não se confundem com os antecedentes
criminais, porquanto gozam de contornos próprios - referem-se ao modo de ser e agir do autor
do delito -, os quais não podem ser deduzidos, de forma automática, da folha de antecedentes
criminais do réu. Trata-se da atuação do réu na comunidade, no contexto familiar, no trabalho,
na vizinhança (conduta social), do seu temperamento e das características do seu caráter, aos
quais se agregam fatores hereditários e socioambientais, moldados pelas experiências vividas
pelo agente (personalidade social).
Já a circunstância judicial dos antecedentes se presta eminentemente à análise da folha
criminal do réu, momento em que eventual histórico de múltiplas condenações definitivas
pode, a critério do julgador, ser valorado de forma mais enfática, o que, por si só, já demonstra
a desnecessidade de se valorar negativamente outras condenações definitivas nos vetores
personalidade e conduta social.
STJ. 3ª Seção. EAREsp 1.311.636-MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/04/2019
(Info 947).
Sistema trifásico
A etapa judicial adotou o sistema trifásico da dosimetria, conforme explicitado no item 51 da Exposição
de Motivos da Parte Geral do Código Penal e delineado no art. 68 do Código Penal.
Assim, a dosimetria da pena na sentença obedece a um critério trifásico:
Informativo 647-STJ (24/05/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 20
Informativo
comentado
1º passo: o juiz calcula a pena-base de acordo com as circunstâncias judiciais do art. 59, CP;
2º passo: o juiz aplica as agravantes e atenuantes;
3º passo: o juiz aplica as causas de aumento e de diminuição.
Este critério trifásico, elaborado por Nelson Hungria, foi adotado pelo Código Penal, sendo consagrado
pela jurisprudência pátria: STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1021796/RS, Rel. Min. Assusete Magalhães,
julgado em 19/03/2013.
Condenações anteriores não podem ser utilizadas como “conduta social” desfavorável
Imagine a seguinte situação hipotética:
João possui quatro condenações transitadas em julgado.
Ele está agora sendo julgado pela prática do crime 5.
No momento da dosimetria da pena, o juiz aumentou a pena-base com base em duas circunstâncias judiciais:
• Utilizo a condenação do crime 1 como maus antecedentes;
• Os crimes 2 a 4 indicam que sua conduta social é péssima, pois já se viu envolvido em vários outros
episódios que não aqueles valorados no item anterior e que demonstram que o réu não se adéqua às
regras sociais.
A defesa impugnou a decisão afirmando que o magistrado valorou negativamente circunstâncias judiciais
diversas com fundamento na mesma base empírica (registros criminais), conferindo-lhes conceitos
jurídicos assemelhados.
O Min. Teori explicou que, antes da reforma da Parte Geral do Código Penal de 1984, entendia-se que a
análise dos antecedentes abrangia todo o passado do agente, incluindo, além dos registros criminais, o
seu comportamento na sociedade.
Em outras palavras, os antecedentes judiciais e os antecedentes sociais se confundiam na mesma
circunstância. Por essa razão, antes de 1984, era permitida a utilização de condenações com trânsito em
julgado anteriores para negativar a conduta social.
Entretanto, após a aprovação da Lei nº 7.209/84, a conduta social passou a ter significado próprio.
A conduta social passou a ser utilizada apenas para avaliar o comportamento do condenado no meio
familiar, no ambiente de trabalho e no relacionamento com outros indivíduos. Ou seja, os antecedentes
sociais do réu não mais se confundem com os seus antecedentes criminais. São circunstâncias diversas.
Assim, a análise da circunstância judicial da conduta social não tem relação com a vida criminal do acusado.
O histórico criminal já é utilizado para aferir os antecedentes (primeira fase de aplicação da pena) ou a
reincidência (segunda fase de aplicação da pena). A conduta social está relacionada com aspectos
extrapenais.
Condenações anteriores também não podem ser utilizadas como “personalidade” desfavorável
Imagine a seguinte situação hipotética:
Pedro possui três condenações transitadas em julgado.
Ele está agora sendo julgado pela prática de um quarto delito (crime 4).
No momento da dosimetria da pena, o juiz aumentou a pena-base com base em duas circunstâncias judiciais:
• Utilizo a condenação do crime 1 como maus antecedentes;
• Os crimes 2 e 3 indicam que a personalidade do réu é voltada para o crime, devendo ser considerada
negativamente.
Para que o magistrado faça a valoração da personalidade do agente, ele deverá se valer de perícia? É
necessária a realização de um estudo técnico?
NÃO.
A valoração da personalidade do agente na dosimetria da pena envolve o “sentir do julgador”, que tem
contato com as provas, com os meandros do processo. Justamente por isso, não é necessária a realização
de qualquer estudo técnico.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 438.168/MS, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 21/06/2018.
Vale ressaltar, no entanto, que o juiz, para considerar como negativa a personalidade do agente, não pode
fazer considerações vagas e genéricas. É necessário que o julgador aponte elementos concretos extraídos
dos autos.
A consideração desfavorável da personalidade do agente, portanto, deve ser aferida a partir do seu modo
de agir, podendo-se avaliar a insensibilidade acentuada, a maldade, a desonestidade e a perversidade
demonstrada e utilizada pelo criminoso na consecução do delito. Sua aferição somente é possível se
existirem, nos autos, elementos suficientes e que efetivamente possam levar o julgador a uma conclusão
segura sobre a questão (Min. Laurita Vaz).
O conceito de maus antecedentes, por ser mais amplo do que o da reincidência, abrange as condenações
definitivas, por fato anterior ao delito, transitadas em julgado no curso da ação penal e as atingidas pelo
período depurador, ressalvada casuística constatação de grande período de tempo ou pequena gravidade
do fato prévio.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 924.174/DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/12/2016.
Logo, não é possível que se queira utilizar as condenações anteriores para exasperar a pena com base na
“personalidade do agente”.
A exasperação da pena pela consideração desfavorável do vetor “personalidade” deve ser realizada com
fundamentos próprios e diversos daquela relativa aos “antecedentes”. Isso porque, repita-se, o objetivo
do legislador foi o de prever oito vetores que possuem conceitos diferentes e que não se confundem.
Obs: se você ficou com dúvidas na diferença entre maus antecedentes e reincidência, veja, por favor, os
comentários que fiz para a Súmula 636 do STJ.
Não confundir
• Personalidade: análise da insensibilidade, desonestidade e modo de agir do criminoso.
• Antecedentes: histórico criminal do agente (aqui entram as condenações anteriores definitivas).
• Conduta social: representa o comportamento do agente no meio familiar, no ambiente de trabalho e no
relacionamento com outros indivíduos.
Em suma:
Eventuais condenações criminais do réu transitadas em julgado e não utilizadas para caracterizar a
reincidência somente podem ser valoradas, na primeira fase da dosimetria, a título de antecedentes
criminais, não se admitindo sua utilização também para desvalorar a personalidade ou a conduta social
do agente.
A conduta social e a personalidade do agente não se confundem com os antecedentes criminais,
porquanto gozam de contornos próprios - referem-se ao modo de ser e agir do autor do delito -, os quais
não podem ser deduzidos, de forma automática, da folha de antecedentes criminais do réu. Trata-se da
atuação do réu na comunidade, no contexto familiar, no trabalho, na vizinhança (conduta social), do
seu temperamento e das características do seu caráter, aos quais se agregam fatores hereditários e
socioambientais, moldados pelas experiências vividas pelo agente (personalidade social).
Já a circunstância judicial dos antecedentes se presta eminentemente à análise da folha criminal do réu,
momento em que eventual histórico de múltiplas condenações definitivas pode, a critério do julgador,
ser valorado de forma mais enfática, o que, por si só, já demonstra a desnecessidade de se valorar
negativamente outras condenações definitivas nos vetores personalidade e conduta social.
STJ. 3ª Seção. EAREsp 1.311.636-MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/04/2019 (Info 947).
PRISÃO
A concessão da prisão domiciliar com base no art. 318-A do CPP
aplica-se também no caso de execução provisória da pena
Importante!!!
É possível a concessão de prisão domiciliar, ainda que se trate de execução provisória da pena,
para condenada gestante ou que seja mãe ou responsável por crianças ou pessoas com
deficiência.
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por
crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que:
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
STJ. 5ª Turma. HC 487.763-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 02/04/2019 (Info 647).
IV — gestante;
As hipóteses em que a prisão domiciliar é permitida estão elencadas no art. 318 do CPP.
Discussão sobre a obrigatoriedade ou não de o juiz decretar a prisão domiciliar nessas hipóteses
Se você reparar na redação do caput do art. 318 do CPP, ela diz que o juiz PODERÁ substituir a prisão
preventiva pela domiciliar nas hipóteses ali elencadas.
Diante disso, surgiram as seguintes dúvidas:
Se uma mulher grávida estiver em prisão preventiva, o juiz, obrigatoriamente, deverá conceder a ela prisão
domiciliar com base no art. 318, IV, do CPP?
As hipóteses de prisão domiciliar previstas nos incisos IV e V do art. 318 do CPP são consideradas
obrigatórias ou facultativas?
Em regra, deve ser concedida prisão domiciliar para todas as mulheres presas que sejam:
- gestantes
- puérperas (que deram à luz há pouco tempo)
- mães de crianças (isto é, mães de menores até 12 anos incompletos) ou
- mães de pessoas com deficiência.
EXCEÇÕES:
Não deve ser autorizada a prisão domiciliar se:
1) a mulher tiver praticado crime mediante violência ou grave ameaça;
2) a mulher tiver praticado crime contra seus descendentes (filhos e/ou netos);
3) em outras situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente fundamentadas pelos juízes
que denegarem o benefício.
STF. 2ª Turma. HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891).
A exceção 3 ainda é possível? O juiz poderá deixar de aplicar a prisão domiciliar em outras situações
excepcionalíssimas?
SIM.
O art. 318-A do CPP, introduzido pela Lei nº 13.769/2018, estabelece um poder-dever para o juiz substituir
a prisão preventiva por domiciliar de gestante, mãe de criança menor de 12 anos e mulher responsável
por pessoa com deficiência, sempre que apresentada prova idônea do requisito estabelecido na norma
(art. 318, parágrafo único), ressalvadas as exceções legais.
A normatização de apenas duas das exceções não afasta a efetividade do que foi decidido pelo STF no HC
143.641/SP, nos pontos não alcançados pela nova lei.
O fato de o legislador não ter inserido outras exceções na lei, não significa que o magistrado esteja proibido
de negar o benefício quando se deparar com casos excepcionais.
Assim, deve prevalecer a interpretação teleológica da lei, assim como a proteção aos valores mais
vulneráveis.
Com efeito, naquilo que a lei não regulou, o precedente do STF deve continuar sendo aplicado, pois uma
interpretação restritiva da norma pode representar, em determinados casos, efetivo risco direto e indireto
à criança ou ao deficiente, cuja proteção deve ser integral e prioritária.
STF. 5ª Turma. HC 470.549/TO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 12/02/2019.
Em princípio, Rosângela, que passou todo o processo em liberdade, deverá aguardar o julgamento dos
recursos especial e extraordinário presa? É possível executar provisoriamente a condenação enquanto
se aguarda o julgamento dos recursos especial e extraordinário? É possível que a ré condenada em 2ª
instância seja obrigada a iniciar o cumprimento da pena mesmo sem trânsito em julgado?
SIM. Conforme entendimento atual do STF, é possível iniciar a execução da pena se o réu condenado
somente está esperando o julgamento dos recursos especial e extraordinário. Isso porque tais recursos
não gozam de efeito suspensivo. Nesse sentido:
A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a
recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência.
STF. Plenário. HC 126292/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/02/2016 (Info 814).
STF. Plenário virtual. ARE 964246 RG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/11/2016 (repercussão geral).
Vamos supor, no entanto, que Rosângela é mãe de uma criança de 3 anos de idade. Neste caso, ela
poderá ficar em prisão domiciliar? É possível aplicar a regra do art. 318-A do CPP para os casos de
execução provisória da pena?
SIM.
É possível a concessão de prisão domiciliar, ainda que se trate de execução provisória da pena, para
condenada gestante ou que seja mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência.
STJ. 5ª Turma. HC 487.763-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 02/04/2019 (Info 647).
Uma interpretação teleológica da Lei que inseriu essas hipóteses de prisão domiciliar, em conjunto com
as disposições da Lei de Execução Penal, e à luz do constitucionalismo fraterno, previsto no art. 3º e no
preâmbulo da Constituição Federal, revela ser possível se inferir que as inovações trazidas pelo novo
regramento podem ser aplicadas também à fase de execução da pena.
DIREITO TRIBUTÁRIO
PARCELAMENTO
É ilegal a cobrança de juros de mora sobre as multas de mora e de ofício perdoadas no
pagamento à vista do débito fiscal de acordo com o art. 1º, § 3º, inciso I da Lei nº 11.941/2009
O art. 1º, § 3º, inciso I, da Lei nº 11.941/2009 expressamente dispõe que o contribuinte optante
pelo pagamento à vista do débito fiscal será beneficiado com redução de 100% do valor das
multas moratória e de ofício.
A fim de estimular a quitação da dívida de uma só vez (“à vista”), o legislador optou por elidir,
de imediato, o ônus da multa que recairia sobre o contribuinte, antes da composição final do
débito.
Procedimento inverso, consistente na apuração do montante total da dívida, mediante o
somatório do valor principal com o das multas para, só então, implementar a redução do
percentual, redundaria, ao final, em juros de mora indevidamente embutidos, subvertendo-se
o propósito desonerador da lei, em especial se considerada a opção pelo pagamento à vista.
Em outras palavras, tal entender conduziria à exigência de juros moratórios sobre multas
totalmente perdoadas, o que se revela desarrazoado.
Assim, é ilegal o art. 16, caput, da Portaria Conjunta PGFN/SRF nº 6/2009, que determina a
incidência dos juros de mora, no pagamento à vista do débito, sobre o somatório do valor
principal com as multas moratória e de ofício.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.573.873-PR, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 25/04/2019 (Info 647).
Lei nº 11.941/2009
A Lei nº 11.941/2009 trata sobre diversos aspectos da legislação tributária federal, ou seja, envolvendo
tributos de competência da União.
O art. 1º trata sobre o parcelamento e o pagamento de dívidas de tributos federais. Veja o que diz um
trecho do caput:
Art. 1º Poderão ser pagos ou parcelados, em até 180 (cento e oitenta) meses, nas condições desta
Lei, os débitos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e os débitos para com a
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (...)
Desse modo, esse art. 1º prevê a possibilidade de parcelamento, em até 180 parcelas mensais, dos débitos
relacionados com tributos federais.
Em suma:
É ilegal o art. 16, caput, da Portaria Conjunta PGFN/SRF nº 6/2009, que determina a incidência dos juros
de mora, no pagamento à vista do débito, sobre o somatório do valor principal com as multas moratória
e de ofício.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.573.873-PR, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 25/04/2019 (Info 647).
CONTRIBUIÇÕES
ICMS não integra a base de cálculo da CPRB
O fisco cobrou a CPRB com base nesse valor (alíquota x 100 mil = tributo devido).
A empresa não concordou e afirmou que dos R$ 100 mil que ela recebeu, ficou apenas com R$ 75 mil,
considerando que R$ 25 mil foram repassados ao Estado-membro a título de pagamento de ICMS.
Em suma, para a empresa, a quantia paga a título de ICMS não pode ser incluída na base de cálculo da CPRB.
RE 574706/PR
Trata-se do mesmo raciocínio adotado pelo STF no julgamento do RE 574706/PR:
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não compõe a base de cálculo para a
incidência da contribuição para o PIS e a COFINS.
STF. Plenário. RE 574706/PR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/3/2017 (repercussão geral) (Info 857).
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
PREVIDÊNCIA PRIVADA
O regulamento aplicável ao participante para fins de cálculo da renda mensal inicial é aquele
vigente no momento da implementação das condições de elegibilidade
Para entendermos o julgado, é importante rever (ou aprender) os seguintes conceitos abaixo referidos:
Participante
Participante é a pessoa física que adere ao plano de previdência complementar oferecido por uma
entidade fechada de previdência complementar (EFPC).
O participante, para poder aderir a esse plano, tem que estar vinculado à entidade patrocinadora (ex: ser
funcionário do patrocinador).
Regulamento do plano
As regras sobre o plano de previdência privada estão previstas em um ato chamado de “regulamento” ou
“estatuto”.
O regulamento do plano é onde são estipulados os benefícios, os pressupostos para a sua concessão, a
forma de aporte de recursos, a aplicação do patrimônio, os requisitos de elegibilidade e outros aspectos
que formam o conjunto de direitos e obrigações entre as partes (entidade de previdência privada,
patrocinadores, participantes e beneficiários).
Participante que já tinha preenchido os requisitos para obtenção do benefício: direito adquirido
Se, quando o novo regulamento entrou em vigor, o participante já havia completado os requisitos para a
obtenção do benefício, esse novo regulamento não irá lhe alcançar, aplicando o regulamento que estava
em vigor no momento em que ele preencheu os requisitos:
Art. 17 (...)
Parágrafo único. Ao participante que tenha cumprido os requisitos para obtenção dos benefícios
previstos no plano é assegurada a aplicação das disposições regulamentares vigentes na data em
que se tornou elegível a um benefício de aposentadoria.
Neste caso, dizemos que o participante tem direito adquirido de obter o benefício segundo as regras
vigentes na data da implementação dos requisitos.
Participante que não tinha preenchido os requisitos para obtenção do benefício: direito acumulado
Enquanto o participante não preencheu as condições de elegibilidade, não se pode dizer que ele tenha
direito adquirido de ter seus benefícios calculados com base nas regras vigentes no momento em que ele
aderiu ao plano.
Diz-se que o participante possui, neste caso, mera expectativa de direito.
Esse participante, contudo, terá direito a uma “vantagem” chamada de direito acumulado, que deve ser
respeitado pelo plano. Isso está previsto no art. 17 da LC 109/2001:
Art. 17. As alterações processadas nos regulamentos dos planos aplicam-se a todos os
participantes das entidades fechadas, a partir de sua aprovação pelo órgão regulador e
fiscalizador, observado o direito acumulado de cada participante.
Desse modo, mesmo não se aplicando a ele o regulamento antigo (vigente no momento da adesão), ele
terá direito às reservas constituídas ou à reserva matemática (na prática, o cálculo do seu benefício irá
melhorar um pouco).
Benefício complementar
É o benefício pago no plano de previdência complementar (previdência privada). Ex: a aposentadoria paga
pelo plano de previdência privada (chamada de complementação de aposentadoria).
Complementação de aposentadoria: é a quantia paga pela entidade de previdência privada como
aposentadoria à pessoa que contratou a previdência complementar. É como se chama a aposentadoria
paga pela previdência privada.
Assim, a complementação de aposentadoria é uma espécie de benefício complementar, existindo outras,
como a pensão por morte, por exemplo.
O regulamento aplicável ao participante de plano fechado de previdência privada para fins de cálculo da
renda mensal inicial do benefício complementar é aquele vigente no momento da implementação das
condições de elegibilidade.
EXERCÍCIOS
Julgue os itens a seguir:
1) A agência de turismo devidamente credenciada para efetuar operações de câmbio é equiparada a
instituição financeira e subordina-se à regular intervenção fiscalizatória do Banco Central. ( )
2) (Juiz Federal TRF2 2018) A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo
Banco Central e pela Secretaria do Tesouro Nacional. ( )
3) (Juiz Federal TRF3 2018) Cabe ao Conselho Monetário Nacional exercer a competência constitucional
para emitir moeda em nome da União. ( )
4) O parceiro que suspeita de sua condição soropositiva, por ter adotado comportamento sabidamente
temerário (vida promíscua, utilização de drogas injetáveis, entre outros), e mesmo assim continua
normalmente tendo relações sexuais com sua companheira sem alertá-la para esse fato, assume os riscos
de sua conduta e, se ela for contaminada, responde civilmente pelos danos causados. ( )
5) Nos contratos de seguro regidos pelo Código Civil, a correção monetária sobre a indenização securitária
incide a partir da citação. ( )
6) Nas ações que buscam o pagamento de indenização securitária, os juros de mora devem incidir a partir
da data da citação da seguradora, visto se tratar de eventual ilícito contratual. ( )
7) A correção monetária nas indenizações do seguro DPVAT por morte ou invalidez, prevista no § 7º do art.
5º da Lei nº 6.194/1974, redação dada pela Lei nº 11.482/2007, incide desde a data do evento danoso. ( )
8) É prática discriminatória a recusa das instituições financeiras de concederem empréstimo consignado nos
casos em que a soma da idade do cliente com o prazo de duração do contrato seja superior a 80 anos. ( )
9) O dever de garantia do emitente do cheque, previsto no art. 15 da Lei nº 7.357/85, pode ser afastado, a
depender do caso concreto, com fundamento nos costumes e no princípio da boa-fé objetiva. ( )
10) O emitente do cheque garante o pagamento, considerando-se não escrita a declaração pela qual se
exima dessa garantia. ( )
11) Em razão da alteração promovida pelo CPC/2015, os prazos recursais nos procedimentos regulados pelo
ECA são contados em dias úteis. ( )
12) (Procurador ALERJ 2017) A sentença proferida na primeira fase da ação de exigir contas produz efeitos
logo após a sua publicação, pois a respectiva apelação não tem efeito suspensivo. ( )
13) (Juiz TJ/BA 2019 CESPE) Uma condenação transitada em julgado de fato posterior ao narrado na
denúncia, embora não sirva para fins de reincidência, pode servir para valorar negativamente a
personalidade e a conduta social do agente. ( )
14) Eventuais condenações criminais do réu transitadas em julgado e não utilizadas para caracterizar a
reincidência somente podem ser valoradas, na primeira fase da dosimetria, a título de antecedentes
criminais, não se admitindo sua utilização também para desvalorar a personalidade ou a conduta social
do agente. ( )
15) É possível a concessão de prisão domiciliar, ainda que se trate de execução provisória da pena, para
condenada gestante ou que seja mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência. ( )
16) É ilegal o art. 16, caput, da Portaria Conjunta PGFN/SRF nº 6/2009, que determina a incidência dos juros
de mora, no pagamento à vista do débito, sobre o somatório do valor principal com as multas moratória
e de ofício. ( )
17) Os valores de ICMS não integram a base de cálculo da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta
- CPRB, instituída pela Medida Provisória nº 540/2011, convertida na Lei nº 12.546/2011. ( )
18) O regulamento aplicável ao participante de plano fechado de previdência privada para fins de cálculo da
renda mensal inicial do benefício complementar é aquele vigente no momento da implementação das
condições de elegibilidade, haja vista a natureza civil e estatutária, e não o da data da adesão, assegurado
o direito acumulado. ( )
Gabarito
1. C 2. E 3. E 4. C 5. E 6. C 7. C 8. E 9. E 10. C
11. E 12. E 13. E 14. C 15. C 16. C 17. C 18. C