Exercícios - Frei Luís - de - Sousa - Correcao
Exercícios - Frei Luís - de - Sousa - Correcao
Exercícios - Frei Luís - de - Sousa - Correcao
O texto dramático, à semelhança do texto narrativo, pode ser escrito em prosa ou em verso. É constituído por um
texto principal que corresponde às falas das personagens em discurso direto. Estas podem surgir sob a forma de
diálogo, ou apartes. A par e passo, deparamo-nos também com um texto secundário, que consiste nas didascálias
ou indicações cénicas, onde podemos encontrar informações relativas ao tempo, aos espaços , ao guarda-roupa,
iluminação, atitudes e comportamentos das personagens, tom de voz ,sons, entre outros, importantes quer para
quem vai encenar ou representar uma peça, quer para quem lê. As didascálias surgem normalmente escritas em
itálico e/ou entre parênteses, no início de cada fala e/ou intercaladas com as falas das personagens, dando as
informações necessárias. O texto dramático é geralmente concebido para ser representado, designando-se assim
por peça de teatro. Esta tipologia textual tem como objetivo reproduzir um ou vários acontecimentos reais ou
fictícios - ação, situados no tempo e no espaço, representados pelas personagens. Quanto à estrutura externa, o
texto dramático organiza-se em atos que por sua vez se subdividem em cenas. A mudança de ato corresponde à
mudança de cenário, a de cena à entrada e saída de personagens. Relativamente à estrutura interna, que tem a ver
com o desenrolar da ação , o texto dramático divide-se em apresentação - apresentação das personagens e dos
antecedentes da ação; conflito - sucessão gradual dos acontecimentos que fazem avançar a ação e desenlace - a
conclusão, o desfecho da ação.
Tendo em conta as características da tragédia clássica que podemos observar em "Frei Luís de Sousa", assinala
como verdadeiras ou falsas as afirmações seguintes.
O segundo casamento de Madalena, sem a certeza absoluta da morte do primeiro marido pode ser considerado um
desafio ao destino. V
Telmo é também uma personagem que vive em constante conflito (dilema interior) porque se sente dividido entre o
carinho que já sente por Maria e a fidelidade a D. João de Portugal. V
A presença do destino implacável (Ananké) verifica-se essencialmente no momento em que as flores murcham nas
mãos de Maria. F
Ao longo de toda a obra podemos encontrar indícios ou presságios de um final trágico V
A Anagnórise consiste no reconhecimento de que D. João de Portugal está cativo em Alcácer Quibir e se prepara
para voltar. F
O regresso inesperado de D. João provoca uma mudança repentina no desenrolar dos acontecimentos, pois assim
Manuel Coutinho torna-se culpado pelo crime de bigamia e Maria passa a ser considerada filha ilegítima. F
Ao identificar-se como "Ninguém", o romeiro assume assim a sua anulação do mundo dos vivos, tornando-se em
mais uma das vítimas do destino cruel. V
Maria é a única que escapa ao poder destruidor do destino, pois a sua morte em palco é apenas uma estratégia
para enganar o Romeiro. F
A nível da estrutura externa, "Frei Luís de Sousa" respeita as regras da tragédia clássica, pois divide-se em cinco
partes. F
Em "Frei Luís de Sousa", verificamos a presença da lei das três unidades (tempo, ação e espaço). F
Telmo desempenha uma função semelhante à do coro da tragédia clássica, porque tece comentários e dá
conselhos, essencialmente a Madalena. V
Tal como na tragédia clássica, nesta peça, as personagens surgem em número reduzido e são personalidades
ilustres. V
A Linguagem nesta peça de teatro é sóbria e elevada, estando escrita em verso como é característico da tragédia
clássica. F
A catástrofe em "Frei Luís de Sousa" abate-se sobre todas as personagens da família, aniquilando-as de forma cruel.
V
Tal como o próprio autor referiu na "Memória ao Conservatório Real", esta peça é um drama romântico pelo
conteúdo, mas uma verdadeira tragédia pela forma que apresenta. F
As marcas do Romantismo estão também em evidência nesta obra literária. Da listagem a seguir apresentada,
assinala as afirmações que te parecerem corretas.
As personagens, nomeadamente D. Madalena, tendem a apresentar sentimentos exacerbados, de tristeza, angústia,
desespero, entre outros de conotação negativa. V
O interesse pelos clássicos é uma característica do Romantismo presente nesta obra. F
Como é característico dos Românticos, em "Frei Luís de Sousa" os acontecimentos mais relevantes ocorrem ao final
do dia ou durante a noite. V
O nacionalismo e o patriotismo são valores marcantes do movimento romântico, que podemos encontrar
representados na personagem Manuel de Sousa, por exemplo. V
Dona Madalena pode ser considerada a mulher demónio dos românticos, uma vez que seduziu Manuel de Sousa
quando era ainda casada com D. João. V
A elevada religiosidade que percorre a obra deixa em aberto uma esperança de salvação. V
A crença no Sebastianismo surge na obra para comprovar que é sempre importante esperar por um D. Sebastião
que venha resolver os nossos problemas. F
A crença em agouros e superstições está evidente em D. Madalena, Manuel de Sousa e Frei Jorge. F
No que se refere ao espaço físico, em "Frei Luís de Sousa", a ação decorre:
Primeiro em Almada e depois em Lisboa, no palácio de Manuel de Sousa Coutinho.
No palácio de D. João e depois no palácio de Manuel Coutinho, na parte baixa que dava para a capela.
No palácio de Manuel Coutinho, numa sala antigo do palácio de D. João e na parte baixa deste último.
Na sala dos retratos existente nos dois palácios.
Quando nos debruçamos sobre o estudo do tempo da representação (tempo que é apresentado em cena e ao
qual o leitor ou espectador tem acesso) em "Frei Luís de Sousa", podemos constatar que:
Toda a história decorre numa sexta-feira, dia fatídico em "Frei Luís de Sousa.
A ação decorre num espaço de vinte e um anos.
A ação decorre durante uma semana, com particular incidência nas duas sextas-feiras.
A ação decorre numa sexta-feira de tarde e, uma semana depois, ao final da tarde e alta noite.
O tempo e o espaço são simbólicos e reveladores da atmosfera trágica que percorre toda a peça, porque:
O espaço afunila-se, passando as personagens de uma sala ampla, colorida e iluminada para um espaço mais
fechado e com menor luminosidade, e o tempo aumenta de intensidade.
O espaço afunila-se, passando as personagens de uma sala ampla, colorida e iluminada para um espaço mais
fechado e com menor luminosidade, e o tempo concentra-se na sexta-feira de tarde e noite.
Passaram-se vinte e um anos e este é um número simbólico para os escritores românticos.
As personagens que neles circulam também são simbólicas, bem como o número três e o sete.
Depois de efetuares um cuidado e refletido estudo sobre as personagens em "Frei Luís de Sousa", podes chegar à
conclusão de que a personagem principal é:
Manuel de Sousa Coutinho, pois o título da obra tem o seu nome.
Dona Madalena, pois é a personagem que detém mais falas e toda a tragédia se abate sobre ela.
Maria, pois é a única vítima inocente no desenrolar da história.
D. João, pois embora esteja ausente até ao final do segundo ato, a sua presença faz-se sentir sempre através dos
agouros de Telmo e dos medos de Madalena.
Toda a família, pois todos desempenham um papel relevante e a tragédia afeta a todos sem exceção.
Telmo, pois é a personagem que vive o conflito interior mais intenso ao ter que optar entre o amor e a fidelidade
que deve a D. João e o carinho que já sente por Maria.
Síntese da Obra Frei Luís de Sousa
Frei Luís de Sousa é uma obra dramática escrita por Almeida Garrett no século XIX. Trata-se de um drama
romântico que se abateu sobre a família de Manuel de Sousa Coutinho e Dona Madalena.
No Ato primeiro, Madalena vive apreensiva com a possibilidade de regresso de Dom João de Portugal, seu
primeiro marido. No final do Ato primeiro, o incêndio ateado por Manuel de Sousa Coutinho ao seu palácio
mostra o seu patriotismo e adensa a ação dramática, precipitando a mudança dos acontecimentos.
O Ato segundo desenrola-se no palácio de Dom João de Portugal, onde a ação atinge o seu clímax (auge) e
se dá o desfecho (fim) com a revelação da identidade do Romeiro (Dom João de Portugal).
O Ato terceiro desenvolve-se na parte baixa do palácio e na capela, denunciando o fim das preocupações
materiais e o abandono dos bens do Mundo, através da entrada de Dona Madalena e Manuel de Sousa
Coutinho para o convento, tornando-se este Frei Luís de Sousa. Maria Morre com tuberculose.
Este drama romântico foi inspirado na vida real de Manuel de Sousa Coutinho (escritor português do século
XVI e XVII) que foi aprisionado em Argel, tendo conseguido regressar a Portugal, onde casou com Dona
Madalena de Vilhena, viúva de Dom João de Portugal, desaparecido em Alcácer Quibir. Devido à peste que
assolou Lisboa, a sua casa foi requerida pelos Governadores do Reino, mas Manuel deitou-lhe fogo. A sua
única filha morre e, consequentemente, de acordo com a sua esposa, decidem ambos dissolver o
matrimónio e ingressar na vida religiosa, tornando-se Manuel Frei Luís de Sousa.
Personagens:
Dona Madalena de Vilhena é a primeira personagem a aparecer em cena. Foi casada com Dom João de
Portugal e, passados 7 anos do seu desaparecimento, casa com Manuel de Sousa Coutinho de quem tem
uma filha (Maria).
Manuel de Sousa Coutinho é um Nobre e Honrado português que queima o seu próprio palácio para não
receber os Governadores.
Maria de Noronha, filha de Dona Madalena e de Manuel de Sousa Coutinho, é uma menina frágil, com
tuberculose que acredita com fervor no regresso de Dom Sebastião. Com o regresso do primeiro marido de
Madalena, Maria torna-se filha ilegítima. Será ela a vítima sacrificada no drama pois acaba por morrer.
Telmo Pais, o velho criado, confidente e fiel. Como verdadeiro crente no mito sebastianista, Telmo acredita
no regresso de Dom João de Portugal.
O Romeiro apresenta-se como um peregrino. Não pretende a desgraça da família de Manuel e Dona
Madalena, por isso identifica-se como “ninguém”.
Frei Jorge, irmão de Manuel, confidente nas horas de angústia, ouve as confissões de Dona Madalena. Tem
um papel muito importante na identificação do Romeiro, quando este aponta o quadro de Dom João de
Portugal.
Simbologia:
Ao longo do texto, são vários os elementos simbólicos que contribuem para pressagiar o desenrolar da ação
e a desgraça das personagens.
Situações e dados simbólicos:
A leitura dos versos de Camões.
A referência “ a sexta-feira” como dia aziago (azar), o fim da tarde e a noite.
A numerologia foi escolhida intencionalmente, sete anos à procura de Dom João, catorze anos que vive com
Manuel, vinte e um anos depois da batalha. O número sete é um número primo que se liga ao ciclo lunar,
ao ciclo vital. O número três é número da criação e significa o ciclo perfeito.
Maria vive apenas treze anos e na crença popular treze é número de azar.
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