Texto - A1 - Sentido de Vida Na Fase Adulta e Velhice
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RESUMO
ABSTRACT
The unceasing search for meaning to life is part of the existential questioning. Viktor
Frankl is a pioneer in this field. Later, researchers have used his lessons to expand the
definition of the construct 'meaning of life'. Transcultural studies lead to a better
understanding of this theme, but further research still needs to be done. The available
instruments are being tested and improved; however, we already have relevant
information on the theme, and it contributes largely to the study of the development of
adulthood and later life. This article aims at showing the evolution of the concept
'meaning of life' and how researches have been dealing with the theme in the field of
adulthood and later life development.
Com base nessas informações, serão apresentados relatos de pesquisas dos dois
grandes grupos de investigações e as lacunas que ainda precisam ser preenchidas.
De acordo com o autor, não é possível ao psicólogo dar um sentido para a vida do
outro, mas sim ajudá-lo a encontrar o seu próprio sentido (Sommerhalder &
Goldstein, 2006). Ele propõe quatro fatores que podem levar a pessoa a encontrar
um sentido para a vida: (a) A valorização do que é importante para a pessoa, ou
seja, aquilo que teve significado durante a vida, desde os pequenos até os grandes
eventos. As experiências de vida influenciam na forma que cada um tem de lidar
com as situações. (b) As escolhas - o indivíduo é responsável por cada escolha que
faz ao longo da vida, inclusive diante de situações adversas. Frankl aborda o
sofrimento como uma grande oportunidade de crescimento pessoal, que, no
entanto, depende de como a pessoa o enfrenta. Ela pode sucumbir à dor, ou extrair
ensinamentos da situação difícil. (c) Responsabilidade - por tudo o que a pessoa
faz, pelas escolhas e decisões. (d) Significado imediato - dar sentido às coisas que
acontecem na vida diária, tanto as experiências positivas, quanto as negativas
(Frankl, 1999).
Para uma vida com sentido, três valores são significativos: valor criativo - produzir
algo significativo, fazer uma boa ação; valor vivencial - vivenciar, experimentar
aquilo que a pessoa recebe do mundo, que pode estar relacionado às experiências
de trocas afetivas ou mesmo interagindo com os objetos do mundo. O sentido pode
ser encontrado em uma experiência independente de qualquer ação, e um único
momento de experiência intensa pode prover significado para a vida toda; valor
atitudinal - transformar a tragédia pessoal em triunfo, ou seja, buscar lições de
crescimento pessoal nos momentos difíceis (Frankl, 1999). Segundo esse autor, a
falta de sentido para a vida poderia desencadear sintomas como ansiedade,
depressão, falta de esperança e declínio físico.
Reker (2000) observa que o construto sentido de vida tem sido considerado, nos
últimos anos, o mais complexo e discutido na literatura, por diferentes abordagens.
As dimensões mais exploradas levam em conta o modo como o sentido é
experienciado. A literatura denomina componentes estruturais, que representam
aquilo que as pessoas relatam das suas vivências, como as percebem. Eles estão
relacionados às experiências em si. É também nessa perspectiva que se inserem as
fontes de sentido, ou seja, em quais esferas da vida se localizam as razões do viver.
Reker (1997) afirma que o sentido de vida está associado a ter um propósito, uma
direção, uma razão para a existência, ter uma percepção de identidade pessoal e
interesse social, além de sentir-se satisfeito com a vida, mesmo diante de situações
difíceis, quando o "para que viver" é essencial. Na dimensão individual, as crenças,
os valores e as necessidades da pessoa norteiam quais as metas que ela deve
perseguir e em quais relacionamentos deve investir. Isso funciona como um guia
para as buscas e os engajamentos individuais.
O construto sentido de vida tem uma dimensão individual, como também tem um
componente cultural. Os valores e temas da vida, embora sejam individuais, fazem
parte de um todo maior que é a cultura na qual o sujeito está inserido, e isso
influencia as decisões pessoais, ou seja, os sujeitos decidem também com base em
opiniões, valores e metas coletivas (Prager, 1997). A necessidade de estar inserido
no contexto social, de sentir-se parte da cultura faz com que muitos fatores
relacionados ao sentido individual sejam compartilhados pela coletividade.
Há teóricos que defendem que o sentido de vida não muda muito ao longo da
existência, ou seja, sofre somente transformações graduais na conjunção com
mudanças nos sistemas de crenças e valores (Zika & Chamberlain, 1992).
Envelhecer é um processo e as preferências não mudam drasticamente, ou seja,
elas acompanham esse caminho. As escolhas vão sendo feitas tendo por base as
crenças, os valores e as experiências do indivíduo e, salvo em situações
extraordinárias - como doenças graves, catástrofes etc., que conduzem o indivíduo
a uma ressignificação da sua vida que, eventualmente, o impulsionam a mudanças
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Atchley (1989) desenvolve um modelo que trata de mudanças sofridas por adultos.
A premissa central de sua tese, chamada de teoria da continuidade, é a de que na
meia-idade e na velhice as mudanças sofridas pelos adultos têm por finalidade a
adaptação, a preservação e a manutenção de estruturas externas e internas, e
defende que, para tanto, são utilizadas estratégias ampliadas, desenvolvidas e
adaptadas às novas situações. Os adultos utilizam-se das experiências passadas
para resolver as questões do presente, numa forma de continuidade e adaptação.
Coerência e consistência são parte desse pressuposto, o que não significa oposição
à mudança. Crescimento, desenvolvimento e mudanças adaptativas não implicam
permanecer sempre da mesma forma. Acontecimentos variados podem modificar a
direção e o contexto de vida, o que não significa rompimento total com o passado. O
modelo consiste de princípios gerais adaptativos para as pessoas que estão
envelhecendo normalmente e de formas de utilização dessas estratégias no
trabalho, na vida pessoal, na esfera familiar e no convívio social.
Revisão de Literatura
A seguir serão expostos dados de pesquisas, para uma visão geral de como as
investigações estão sendo conduzidas nos dois grupos.
As informações obtidas nos estudos de Prager (1996, 1997) e Reker e Wong (1988)
permitem afirmar que as fontes de sentido relacionamento pessoal e satisfação de
necessidades básicas são comuns aos indivíduos adultos, mas não se pode deixar
de considerar que o sentido de vida também é adquirido socialmente e que varia de
uma cultura para outra. Em relação ao gênero, Prager (1996) e Reker e Wong
(1988) encontraram mais semelhanças do que diferenças nas fontes de sentido
entre homens e mulheres. No entanto, atividades criativas, relacionamento pessoal,
servir aos outros, preservação de valores e ideais humanos e atividades religiosas
foram mais frequentes entre as mulheres. Tais descobertas são importantes para a
reflexão sobre a influência da cultura, da faixa etária e do gênero na atribuição de
valor para os diversos aspectos da vida. Esses achados devem ser considerados
nos delineamentos de pesquisas e nas conclusões sobre o que é importante para o
viver.
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Somente estudos longitudinais poderiam dar informações mais precisas sobre como
a maturidade e o processo de envelhecimento humano interagem, assim como
sobre a constante necessidade de adaptação e ajuste para alterações no
desenvolvimento e os esforços para manter estabilidade e continuidade no sentido
de vida. Os estudos transversais, com diferentes grupos etários, retratam apenas
momentos específicos da vida dos indivíduos, mas como têm menor exigência
operacional, custo mais reduzido e demandam menos tempo, são mais utilizados.
Há necessidade de dados longitudinais, mas isso não diminui a importância das
pesquisas transversais.
Essas descobertas indicam direções sobre as fontes de sentido na vida, como elas
se apresentam e como são percebidas na fase adulta. Também são de grande
relevância para uma melhor compreensão da atribuição de significado ao longo da
vida adulta e da velhice.
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Conclusão
Referências
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Recebido: 12/01/2009
1ª revisão: 21/04/2009