MANTOAN, Maria T. E. - A Integração Da Pessoa Com Deficiência
MANTOAN, Maria T. E. - A Integração Da Pessoa Com Deficiência
MANTOAN, Maria T. E. - A Integração Da Pessoa Com Deficiência
A evolução das idéias e práticas relativas aos serviços para pessoas com deficiência, em
particular, a ênfase sobre a inserção escolar, colocam inúmeras questões aos
educadores, especialistas e a todos os que se interessam por este estudo.
A questão da repetência e evasão no ensino fundamental tem como indicador na
imaginação social, como na cultura escolar, a incompetência de certos alunos, como os
pobres e os deficientes. Mesmo sabendo, que para a maioria das pessoas somos seres
únicos e singulares, é preciso respeitar os educandos em sua individualidade, sendo
injusto e inadequado ser categorizado a qualquer pretexto.
Se considerarmos normal apresentarmos déficit em nossos comportamentos e em áreas
de nossa atuação, pessoal ou grupal, assim como em um outro aspecto de nosso
desenvolvimento físico, social, cultural, por sermos seres perfectíveis, que constróem,
pouco a pouco e na medida do possível, suas condições de adaptação ao meio, se
considerarmos tudo isto, acreditamos que se adicionarmos princípios educacionais
válidos para todos os alunos, a inclusão escolar dos deficientes acontecerá naturalmente.
Com isto, a Educação Especial adquirirá uma significação, destinada não só a um grupo
de alunos, os deficientes, mas uma educação especializada no aluno e em pesquisas do
desenvolvimento de novas maneiras de se ensinar adequadas à heterogeneidade dos
aprendizes e compatível com os ideais democráticos de uma educação para todos.
Isto vai depender da fusão e não de junção, justaposição, agregação de uma
modalidade à outra, mas sim incorporar elementos distintos para se poder criar uma nova
estrutura, sem os elementos originais.
Simplesmente ter-se uma classe especial, numa escola regular não significa uma fusão,
mas uma justaposição de recursos .
Assim, necessita para isto, adequação de novos conhecimentos oriundos das
investigações atuais de outras ciências às salas de aula, tipicamente escolar.
A questão da integração e inclusão reforça ainda mais a vigência do paradigma tradicional
dos serviços. Mesmo defendendo a integração, muitos continuam a mantê-la, isto por
não se ter um entendimento adequado desses dois vocábulos, sendo empregados para
expressar situações de inserção diferentes, mesmo tendo um significado semelhante,
divergem para a consecução de suas metas.
Na Integração ,trata-se de uma alternativa em que tudo se mantém ,nada se questiona
dependendo assim da adaptação do aluno às opções do sistema escolar, em sala regular,
em uma classe especial ou mesmo em uma instituição especializada.
Já ,a inclusão é não deixar ninguém de fora do sistema escolar, sendo mais radical
quanto a isto, assim a adaptação será do sistema escolar, tendo que se ajustar as
particularidades dos alunos, visto como metáfora “o caleidoscópio”, precisando de todos
os diferentes pedaços para configurar um todo harmonioso, ensino especializado no
aluno, que exige mudanças no relacionamento pessoal e social e na maneira de se
efetivar os processos de ensino e de aprendizagem.
A questão da integração da pessoa deficiente mental é uma questão complexa, uma vez
que passa por aspectos que vão do próprio conceito de deficiência mental até as suas
implicações sob o ponto de vista pessoal e social.
A população deficiente mental não é homogênea nem uniforme, sendo assim, como a
integração pode acontecer?
A questão é complexa e não podemos resumi-la simplesmente a partir de aspectos
puramente ideológicos ou teóricos.
Assim sendo, a questão da integração se mescla ainda como uma questão ética, se a
pensarmos como um ramo da filosofia que oferece abordagens críticas, racionais
defensáveis e sistemáticas para que se determine se uma situação é ou não correta (
Hought, 1996). Dessa maneira ela ultrapassa as questões legais reguladas pela justiça
comum ,atingindo os aspectos mais elaborados do ser humano.
Mais que uma questão legal que privilegie “direitos” ao trabalho ou à escola, muito pouco
cumpridos em nosso país, é uma questão ética que transforma seres humanos menos
favorecidos, sob o ponto de vista adaptativo, em indivíduos à margem do processo social,
sem quaisquer chances de reversão do quadro.
Ensino itinerante foi definido pelo MEC como "o trabalho educativo desenvolvido em
várias escolas por docente especializado, que periodicamente trabalha com educando
portador de necessidades especiais e com o professor de classe comum, porporcionando-
lhes orientação, ensinamentos e supervisão dos mais adequados ("Política Nacional de
Educação Especial, MEC, 1995.p.40.).
O papel da Educação Especial até hoje em nosso país, não tem atendido a totalidade das
necessidades daqueles que deveriam ter acesso aos serviços oferecidos por ela.
Por fim, aquela pequena parcela que consegue ingressar nas instituições de Educação
Especial, quer sejam públicas, quer privado-assistenciais, não têm o atendimento
qualificado, o que se comprova pelo alto índice de escolarização alcançado por ampla
maioria do alunado e pelas dificuldades de integração no mundo do trabalho (os melhores
índices alcançados têm sido proveniente dos estratos sociais superiores, cujas famílias
têm condições econômicas para financiarem atendimentos privados, tanto no que se
refere aos atendimentos clínicos (diagnóstico e tratamento) como escolares.
É sob a perspectiva de que... "implicação crítica que coloca o indivíduo dentro de uma
história de assuntos sociais pode evidenciar pontos débeis nos regimes de verdade,
identificando, portanto, lugares potenciais de transformação..."(Popkewtz, 1994), que esta
breve reflexão pretende se inserir, como uma pequena contribuição para que a Educação
Especial, concebida como parte integrante da Educação Brasileira, possa se constituir,
cada vez mais, em fator significativo para a integração social produtiva e individualmente
satisfatória das pessoas responsáveis por sua existência.
Outros termos além de integração estão sendo utilizados nos segmentos de nossa
sociedade que lidam com indivíduos portadores de deficiência, tais como :
NORMATIZAÇÃO, NORMALIZAÇÃO E INCLUSÃO, tendo sido utilizados como
conotação similar.
NORMATIZAÇÃO – estabelecer normas para (...)
NORMALIZAR – tornar normal ; fazer voltar à normalidade ; regularizar, voltar ao estado
normal(...)
INTEGRAÇÃO – o ato ou efeito de integrar-se; ação ou política que visa integrar em um
grupo as minorias raciais, religiosas, sociais etc.(...)
INCLUSÃO – ato ou efeito de incluir ; ato pelo qual um conjunto contém ou inclui outro(...)
... " Acredito , portanto, que todo o empenho deverá ser dirigido no sentido de integrar ao
sistema escolar regular normal a maior parte das crianças; mas me parece que uma
parcela significativa de individuos portadores de deficiência terão melhores oportunidades
de aprendizado e de desenvolver de forma otimizada seu potencial em uma situação de
aprendizado diversa daquela que nosso sistema educacional regular pode oferecer-lhes
nos dias de hoje.
Levando-se em conta o que foi exposto acima, eu diria que a melhor resposta, para a
questão : Você é a favor da integração ? Não é SIM nem NÃO, mas DEPENDE ".(José
Salomão Schwartzman)
Quando a inclusão é guiada por um sólido modelo teórico de aprendizagem e de ensino,
ela se constitui para os pesquisadores em educação e os agentes escolares em uma
nova forma de responder às necessidades dos alunos especiais. Segundo Skrtic et
al(1996), mais que um novo modelo de serviço aos alunos especiais, a inclusão
corresponde ao novo contexto sócio-cultural que emerge no início do século XXI.