O Chapeu Do Noel MIOLO

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O Chapéu do Noel

Luciene Regina Paulino Tognetta

O Chapéu
do Noel
Ilustrações de Paulo R. Masserani

Americana-SP, 2013
Copyright © 2013
Luciene Regina Paulino Tognetta

Projeto Editorial
Magali Berggren Comelato

Projeto Gráfico
Paula Leite

Ilustrações
Paulo R. Masserani

Revisão
Lara Milani
Para Gabriel, meu maior presente de Natal.
Para as amigas queridas e companheiras de investigação que se dedicam
a um tema tão presente e necessário na escola – os conflitos: Telma Vinha,
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO Vanessa Vicentin, Isabel Leme, Sanderli Bonfim, Adriana Ramos, Thais
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
Bozza, Carolina Aragão, Ana Aragão, Roberta Azzi, Orly Mantovani de
Assis, Livia Silva, Flavia Vivaldi, Mariana Wrege, Mariana Tavares, Sonia
Vidigal, Suzana Menin, Loriane Frick.
Era uma vez um Papai Noel
um pouco atrapalhado.
Certa vez, quando ele
viajava pelo céu,
deixou cair o seu chapéu.

Não demorou para quem o achou


logo saber de quem era.
Afinal, um gorro vermelho,
com barra de pluma branca,
perto de dezembro,
como não reconhecer?

Quem achou logo pensou:


“E se ao mandar o chapéu
eu fizer um pedido
para o velho Noel?”.

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Seu João do Caminhão,
assim conhecido
porque era caminhoneiro,
foi logo o primeiro.
Ele pediu um pneu novo
para seu velho caminhão.

E passou o chapéu para a frente,


já que toda aquela gente
pensou do mesmo jeito:
mandar o chapéu com um pedido feito.

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Dona Maria, a dona da padaria,
queria mesmo a blusa azul como o mar
que vira lá na vitrina
da loja bonita da esquina.

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Seu Joaquim, eletricista
que vivia subindo nos postes
da cidade feito um artista,
aproveitou para pedir
ajuda na aposentadoria,
que demorava noite e dia...

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E finalmente o pequeno Rouxinol
(apelido do menino bom de bola,
jogador de futebol) pediu ao
Papai Noel que fosse campeão
do Campeonato de Futebol
do Clube das Três Marias,
a cidade onde vivia.

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Quando Papai Noel recebeu seu chapéu, O velho Noel sorriu e leu
este estava tão grande, tão largo, pedido por pedido, porque ele sabia
que na cabeça não dava para encaixar, quanto cada um era importante
com tantos pedidos esperando para se realizar. para quem o havia feito.
Mas, experiente como era,
sabia que cada dono do pedido feito
escondia no fundo do peito
um desejo muito maior.

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O seu João do Caminhão sonhava mesmo
com o dia em que toda a sua família
parasse de brigar.
O mesmo acontecia com a dona Maria.
Tinha lá suas intrigas
com uma velha conhecida.
Com seu Joaquim não era diferente:
com o irmão não conversava
e com a mulher não se acostumava
a falar sobre o que o incomodava.

E mesmo o pequeno moleque


que jogava futebol tão bem
sabia mais do que ninguém
quanto era difícil resolver
os problemas no time,
na escola ou em casa.
Nem pai, nem mãe, nem professora,
nem amigos sabiam que não era preciso
gritar para com os problemas acabar.

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Foi então que chegou o dia
de distribuir os presentes.
Lá foi Noel de casa em casa,
no escuro da madrugada,
entregar cada pedido.

Para a dona Maria, a dona da padaria,


Para o seu João do Caminhão, outra caixinha de cor azul do mar, cheia
Noel deixou uma caixinha cheia de parafusos... de peixinhos a nadar.
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Para o seu Joaquim, ainda outra, E para o Rouxinol, jogador de futebol,
mas dentro dela nada de parafusos, Noel deixou uma camisa de time
peixes ou outra surpresa: com três estrelas no peito.
havia lá uma miniatura de cidade
com um monte de luzinhas acesas.

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E em todas as caixinhas Papai Noel fez Este presente é para lembrar
questão de explicar o que cada um tinha
que os conflitos que
acabado de ganhar:
vocês não querem ter
são como os parafusos do caminhão ou
os peixinhos do mar;
como as luzes da cidade grande
ou o céu de estrelas gigante:
não tem jeito de com eles acabar.
Quando se resolve um,
logo vem outro no lugar.

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O velho Noel voltou para casa.
Pôs o chapéu de lado, disposto a descansar.
Afinal, o Natal do ano seguinte logo viria
e de novo ele lembraria a
toda a gente essa mesma lição.
Porque o Natal não acaba,
e os conflitos, também não.

26 27
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ogn
eT
Luciene faz parte do

en
ci Grupo de Estudos e Pesquisas
Lu em Educação Moral

A história deste livro surgiu da neces- gente fez. Adivinhem com quem eu fiz essa
sidade de falar sobre algo que a gente pesquisa? Com crianças! Aí eu fiz outro
quer tanto evitar, mas não tem jeito: vai curso mais comprido, chamado doutorado
acontecer. Estou falando dos conflitos di- em Psicologia, e mais outra pesquisa, cha-
ários. Claro que seria muito bom se a gen- mada tese. Uma tese é quando a gente de-
te não tivesse um conflito, porque muitas fende uma ideia que ninguém teve antes.
vezes ele nos causa medo, angústia, pre- E eu defendi a ideia de que para alguém
ocupação, e nos desequilibra. Ao mesmo ser generoso é preciso “querer” ser as-
tempo, um conflito é uma oportunidade de sim. Portanto, ninguém ensina ninguém a
conhecer a nós mesmos, as coisas que nos ser bom. Estudei numa universidade gran-
incomodam, que nos deixam tristes, e de de de São Paulo, a USP, e uma parte do
buscar estratégias diferentes para resol- doutorado eu fiz numa universidade bem
vê-lo. Temos tentado, na nossa equipe do longe, lá em Genebra, na Suíça. Depois
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educa- que terminei o doutorado, comecei a es-
ção Moral (GEPEM) e com outros tantos crever para crianças. E também não parei
parceiros, ajudar os professores, as crian- mais de fazer pesquisa: terminei um pós-
ças e os pais a entender que os conflitos -doutorado em outra universidade que fica
em sala de aula ou em casa não são um do outro lado do Oceano Atlântico, lá na
perigo, mas um jeito de crescermos como terra do bacalhau: a Universidade do Mi-
seres humanos. É por isso que este livro nho, em Portugal. Hoje faço parte desse
faz parte da série Convivência. grupo chamado Gepem, que é uma parce-
E para quem ainda não me conhece, ria entre duas universidades – a Unicamp
vou contar algumas coisas sobre mim, mas e a Unesp, na qual atualmente trabalho, lá
de um jeito que as crianças entendam... em Araraquara. Bom, é isso tudo.
Eu sou professora de gente grande e para
isso estudei bastante. Depois da escola, fui Podem me escrever: [email protected].
fazer um curso de Pedagogia, que é uma
faculdade para ser professora. Logo após,
continuei estudando: fiz um curso que se
chama mestrado em Educação, quando a
gente escreve sobre uma pesquisa que a

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