Evangelho Segundo São Mateus
Evangelho Segundo São Mateus
Evangelho Segundo São Mateus
Desde aproximadamente 130 dC (século II), com Pápias, que foi Bispo de
Hierápolis, na Frígia (hoje parte da Turquia, na Ásia Menor), a autoria deste Evangelho é
atribuída a Mateus. O historiador Eusébio de Cesaréia nos transmitiu um pequeno trecho
da obra de Pápias: “Mateus então colocou em ordem os oráculos, em língua hebraica; cada
um os interpretou como podia” (História Eclesiástica, III, 39,15-16).
Para Pápias, portanto, Mateus teria completado o trabalho de Marcos; enquanto
este, ouvindo a pregação e os relatos de Pedro, havia escrito seu Evangelho sem
preocupar-se com a ordem em que Jesus havia dito e realizado as ações, Mateus, que havia
acompanhado o Senhor, colocara tudo em ordem tal e qual havia acontecido.
A hipótese mais aceita atualmente é a de que tenha sido escrito por um judeu
convertido ao cristianismo que falava grego e conhecia também o aramaico e/ou o
hebraico (pois há muitos termos originários dessas línguas da Palestina e muitos detalhes
que mostram os costumes judaicos), profundo conhecedor das Escrituras e do jeito dos
judeus a interpretarem, mas que não testemunhou pessoalmente o ministério de Jesus,
usando material já existente para produzir o seu texto.
Esta pessoa deveria pertencer à comunidade de Antioquia e lá Mateus,
Apóstolo do Senhor, deveria ser uma figura importante. Por isso a tradição atribuiu a ele a
autoria do Evangelho.
O redator do Evangelho de Mateus utilizou como fonte principal o Evangelho
de Marcos, escrito por volta de 65-70 dC, reproduzindo cerca de 80% do material desse
Evangelho. Mateus, porém, não fez uma simples cópia: ele modificou alguns detalhes,
alterou a ordem de alguns relatos, introduziu informações novas, acrescentou material
retirado de outras fontes.
Algumas coisas narradas no Evangelho de Mateus aparecem também no de
Lucas, mas não no de Marcos. Isso levou os estudiosos a acreditarem que existia outra
fonte escrita, conhecida por Mateus e Lucas, mas não por Marcos. Essa fonte é chamada de
“Q” (em alemão quelle = fonte) e reuniria uma série de “ditos” de Jesus: ou seja, expressões
que foram faladas por Jesus e conservadas na memória das comunidades, bem como
histórias sobre os seus milagres.
Um exemplo simples: a cura do servo do centurião (Mt 8,5-13) é encontrada
também em Lucas (7,1-10), com algumas mudanças (em Mateus o centurião vai pessoalmente,
em Lucas ele manda emissários...), mas não está presente em Marcos. Este é um dos dois
únicos relatos de milagres presentes em Mateus que não estão presentes também em
Marcos. Como possuem paralelo em Lucas, supõe-se que foram retirados de uma fonte
que Marcos não conheceu.
Boa parte desses “ditos”, juntamente com outras informações que apenas o
redator de Mateus obteve, foi inserida no Evangelho de modo bem organizado, formando
um texto coerente, com boa narrativa, capaz de prender a atenção do leitor e de imprimir
nele imagens fortes sobre a ação de Jesus.
Para termos uma visão geral do Evangelho de Mateus podemos observar esta
divisão, feita pelo Pe. Raymond Edward Brown, SS (Introdução ao Novo Testamento), que o
organiza em sete unidades: introdução, cinco partes, conclusão. Essa é apenas uma
proposta, mas que nos ajuda a termos em mente o caminho da narração de Mateus.