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30/7/2012

Estruturas Metálicas

SOLDAS

UNEB – Universidade do Estado da Bahia


DCET I – Curso de Engenharia de Produção Civil
Profa Ana Gabriela Saraiva

Estruturas Metálicas - Soldas


1 - TIPOS, QUALIDADE E SIMBOLOGIA DE
SOLDAS

1.1 – Definição. Processos construtivos

A solda é um tipo de união por coalescência do material, obtida


por fusão das partes adjacentes. A energia necessária para
provocar a fusão pode ser de origem elétrica, química, óptica ou
mecânica.

As soldas mais empregadas na indústria de construção são as de


energia elétrica. Em geral a fusão do aço é provocada pelo calor
produzido por um arco voltaico. Nos tipos mais usuais, o arco
voltaico se dá entre um eletrodo metálico e o aço a soldar,
havendo deposição do material do eletrodo. O material fundido
deve ser isolado da atmosfera para evitar formação de impurezas
na solda.

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O isolamento pode ser feito de diversas maneiras, sendo as mais comuns as
indicadas abaixo:

a) eletrodo manual revestido – o revestimento é consumido juntamente com


o eletrodo, transformando-se parte em gases inertes, parte em escória;

b) arco submerso em material granular fusível – o eletrodo é um fio


metálico sem revestimento, porém o arco voltaico e o metal fundido ficam
isolados pelo material granular.

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c) arco elétrico com proteção gasosa (também conhecido como MIG/MAG –
Metal Inert Gas / Metal Active Gas) – o eletrodo é um arame sem
revestimento, e a proteção da poça de fusão é feita pelo fluxo de um gás (ou
mistura de gases) lançado pela tocha de soldagem.

d) arco elétrico com fluxo no núcleo – o eletrodo é um tubo fino preenchido


com o material que protege a poça de fusão.

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A escoria produzida pelas reações químicas do revestimento, tem


menor densidade que o metal da solda e, em geral, aflora na
superfície, devendo ser retirada após o resfriamento.

A solda de eletrodo manual revestido é a mais utilizada na indústria.


O processo apresenta enorme versatilidade, podendo ser empregado
tanto em instalações industriais pesadas quanto em pequenos
serviços de campo.

O processo de solda por arco voltaico submerso é largamente


utilizado em trabalhos de oficina. Ele se presta à automatização,
produzindo solda de grande regularidade.

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O processo de solda com proteção gasosa é utilizado


principalmente no modo semi-automático em que a tocha de
soldagem é conduzida pelo soldador mas as outras operações,
como alimentação do arame, são automáticas.

Na fabricação de estruturas metálicas soldadas, devem ser


tomadas precauções com a retração da solda após o seu
resfriamento, o que pode resultar em distorção dos perfis. Por
isso, a sequência de soldagem deve ser programada de maneira
que distorções causadas por uma solda sejam compensadas por
outra. Além disso, o aquecimento produzido pela solda e o
posterior resfriamento diferenciados entre partes do perfil
resultam em tensões residuais internas nos perfis.

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1.2 – Tipos de Eletrodos

Os eletrodos utilizados nas soldas por arco voltaico são varas de


aço-carbono ou aço de baixa liga. Os eletrodos com revestimento
são designados, segundo ASTM, por expressões do tipo E70XY,
onde:

E = eletrodo
70 = resistência à ruptura fw da solda em ksi
X = número que se refere à posição de soldagem satisfatória (1-
qualquer posição; 2- somente posição horizontal)
Y = número que indica tipo de corrente e de revestimento do
eletrodo.

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Os principais tipos de eletrodos empregados na indústria são:

E60 = fw = 60 ksi = 415 MPa


E70 = fw = 70 ksi = 485 MPa

Os eletrodos sem revestimento, utilizados nas soldas com arco


submerso, recebem também denominações numéricas
convencionais indicativas de resistência (em geral 60 e 70 ksi) e
outras propriedades, iniciadas pela letra F.

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1.3 – Soldabilidade de Aços Estruturais

A soldabilidade dos aços reflete a maior ou menor facilidade de se obter uma


solda resistente e sem fraturas.

Dada a enorme importância assumida pela solda nos últimos decênios, as


formulações químicas dos aços visam sempre a obter produtos soldáveis.

Os aços-carbono até 0,25%C e 0,80%Mn são soldáveis sem cuidados


especiais. Para teores de carbono superiores a 0,30% é, em geral, necessário
fazer um preaquecimento e um resfriamento lento, pois as soldas sem esse
tratamento apresentam ductilidade muito pequena.

Os aços de baixa liga sem e com tratamento térmico são geralmente


soldáveis, devendo-se adotar eletrodos adequados e eventualmente fazer
preaquecimento do metal-base.

Para o aço A 36 utilizam-se eletrodos E60XX e E70XX do tipo comum ou


baixo hidrogênio. Para os aços de baixa liga (A242, A441, A572)
recomendam-se eletrodos E70XX ou E80XX do tipo baixo hidrogênio.

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1.4 – Defeitos na Solda

As soldas podem apresentar grande variedade de defeitos. Entre eles


podemos citar:

a) fraturas a frio – o calor interno imposto pelo processo de solda afeta a


microestrutura tanto do metal da solda quanto do metal-base adjacente à
poça de fusão na região conhecida como zona termicamente afetada
(ZTA). Esta zona atinge temperaturas de fusão e, após o resfriamento, sua
microestrutura fica diferente do restante do material-base. Com o
resfriamento rápido, devido à absorção de calor pelo metal adjacente à
solda, há a tendência à formação de microestruturas mais frágeis do que
as do aço original, e portanto mais suscetíveis à ocorrência de fraturas
sob ação mecânica (fraturas a frio).

A origem dessas fraturas está relacionada também à absorção de


hidrogênio presente, em geral, no revestimento dos eletrodos.

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As fraturas a frio podem ser evitadas controlando-se a velocidade de
resfriamento, por exemplo, com preaquecimento do metal-base e com a
utilização de eletrodos com revestimento de carbonato de sódio
(eletrodos de baixo hidrogênio – essenciais no caso de aços de baixa
liga).

b) Fraturas a quente – estas fraturas ocorrem no material da solda durante


a solidificação e são devidas à presença de impurezas, em geral enxofre
e fósforo, solidificando-se a temperaturas mais baixas que a do aço.

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c) fusão incompleta, penetração inadequada – decorrem em geral de
insuficiência de corrente;

d) porosidade – retenção de pequenas bolhas de gás durante o


resfriamento; frequentemente causada por excesso de corrente ou
distância excessiva entre o eletrodo e a chapa;

e) inclusão de escória – usual em soldas feitas em várias camadas,


quando não se remove totalmente a escória em cada passe;

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1.5 – Controle e Inspeção da Solda

Em face da grande sensibilidade a defeitos, a solda deve ser sempre feita


em condições controladas. A norma americana da “American Welding
Society” AWS D 1.1 contém as especificações para execução de solda
estrutural incluindo técnicas, qualificações dos soldadores e procedimentos
de inspeção, os quais são também adotados pela norma brasileira NBR
8800.

Nas estruturas comuns utiliza-se a inspeção visual por inspetor treinado;


nessa inspeção verificam-se as dimensões de solda (geralmente com auxílio
de gabaritos especiais) e observa-se a ocorrência de defeitos como
penetração inadequada e trincas superficiais.

Nas indústrias de perfis soldados e nas estruturas de grande


responsabilidade (por exemplo, pontes soldadas) utilizam-se ensaios não
destrutivos como ultrassom, raios X ou líquido penetrante.

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1.6 – Classificação de Soldas de Eletrodo Quanto à Posição do Material
de Solda em Relação ao Material-Base

Na Fig. 4.3 apresentamos os tipos de solda de eletrodos, conforme a


posição do material de solda em relação ao material a soldar (material-
base).

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Nas soldas de entalhe (solda de chanfro), o metal de solda é colocado
diretamente entre as peças metálicas, em geral dentro de chanfros. A solda
pode ser de penetração total ou parcial. Os chanfros podem ser de diversas
formas, como indicado na Fig. 4.4.

Nas soldas de filete (cordão), o material de solda é depositado nas faces


laterais dos elementos ligados. Nas soldas de tampão e de ranhura, o
material de solda é depositado em orifícios circulares ou alongados (rasgos)
feitos em uma das chapas do material-base.

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1.7 - Classificação Quanto à Posição Relativa das Peças
Soldadas

Na Fig. 4.5 apresentamos diversos tipos de ligações soldadas classificadas


segundo a posição relativa das peças soldadas.

Figura 4.5

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1.8 – Posições de Soldagem com Eletrodos

Na Fig. 4.6 indicamos as posições de soldagem que podem ser


utilizadas como eletrodos.

A posição plana produz os melhores resultados, sendo utilizada


preferencialmente nos trabalhos de oficina, quando é possível
colocar as peças nas posições adequadas. As posições horizontal e
vertical são usadas correntemente em trabalhos de oficina e de
campo. A posição sobrecabeça é a mais difícil, sendo seu emprego
limitado a casos especiais. Trata-se de uma soldagem mais
susceptível a defeitos, em particular à ocorrência de inclusão de
escória, pela sua menor densidade em relação ao metal da solda.

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1.8 – Posições de Soldagem com Eletrodos

Figura 4.6

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1.9 – Simbologia de Solda


A fim de facilitar a representação nos desenhos dos tipos e
dimensões de soldas desejadas, adotou-se uma simbologia
convencional.

A Simbologia de solda da norma brasileira se baseia nas normas


americanas AWS. Na Fig. 4.7 reunimos as principais regras para a
representação gráfica dos tipos de soldas.

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Figura 4.7

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A Fig. 4.8 ilustra diversos tipos de ligações soldadas com as respectivas
simbologias e descrições.

Figura 4.8

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Figura 4.8 – Continuação

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2 – ELEMENTOS CONSTRUTIVOS PARA PROJETO

2.1 – Soldas de Entalhe

As soldas de entalhe são, em geral, previstas para total


enchimento do espaço entre as peças ligadas (penetração total).
Utiliza-se então, nos cálculos, a seção do metal-base de menor
espessura (Fig. 4.9a).

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Quando o projeto prevê enchimento incompleto (penetração
parcial), com chanfro em bisel, a espessura efetiva te é tomada igual
à profundidade y do entalhe menos 3 mm, quando o ângulo da raiz
do entalhe fica entre 45o e 60º (exceto na soldagem com proteção
gasosa ou com fluxo no núcleo em posições plana e horizontal
quando toma-se te=y); quando este ângulo é maior que 60º em
chanfros em V ou bisel, toma-se te igual à profundidade do entalhe
(Fig. 4.9b). Com chanfros em J ou em U, a espessura efetiva é igual
à profundidade do chanfro.

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Nas ligações de topo de chapas de espessuras diferentes quando a


parte saliente da peça mais espessa for superior a 10 mm, deve-se
fazer um chanfro, como indicado na Fig. 4.9a, para evitar
concentrações de tensões na seção de transição. A ligação de
chapas com larguras diferentes se faz com curva de transição,
também para evitar concentração de tensões.

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As gargantas da solda com penetração parcial (Fig. 4.9b) são
projetadas com espessuras mínimas construtivas (te min), a fim
de se garantir a fusão do metal-base (ver Tabela 4.1).

As soldas de entalhe com penetração parcial não podem ser


usadas em ligações de peças sob flexão.
Tabela 4.1 - Dimensões mínimas das gargantas de solda de entalhe com
penetração parcial (NBR 8800)

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2.2 – Soldas de Filete

As soldas de filete são assimiladas, para efeito de cálculo, a triângulos


retângulos. Os filetes são designados pelos comprimentos de seus lados.
Assim, um filete de 8 mm significa filete de lados b iguais a 8 mm. Um
filete de 6 mm x 10 mm designa filete com um lado de 6 mm e outro de 10
mm. Na maioria dos casos, os lados dos filetes são iguais. Denominam-se
garganta do filete a espessura desfavorável t, indicada na Fig. 4.10; perna,
o menor lado do filete; e raiz, a interseção das faces de fusão.

Figura 4.10

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A área efetiva para cálculo de um filete de soda de lados iguais (b)


e comprimento efetivo ℓ vale:

t ℓ = 0,7 b ℓ (1)

As soldas de filete realizadas pelo processo de arco submerso são


mais confiáveis que as de outros processos. Adotam-se então
espessuras efetivas maiores que as indicadas na Fig. 4.10, a saber:

b 10 mm te = b (2)
b ≥ 10 mm te = t + 3 mm

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O comprimento efetivo ℓ na equação 1 é o comprimento total da
solda incluindo os retornos de extremidade, exceto no caso de
filetes longitudinais de peças sob esforço axial, quando ℓ é tomado
igual ao comprimento L da solda multiplicado pelo fator de
redução β dado por: L
1,2 0,002 sendo 0,6 ≤ β ≤ 1,0
b

Este fator redutor se aplica a


soldas longas (L > 100b) para
levar em conta a não uniformidade
na distribuição de tensões, o que
contraria a hipótese de
uniformidade usualmente adotada
no cálculo das solicitações. O
mesmo efeito ocorre e ligações
parafusadas.

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Os filetes de solda devem ser tomados com certas dimensões
mínimas para evitar o resfriamento brusco da solda por condução
de calor e assim garantir a fusão dos materiais, evitar a ocorrência
de fraturas a frio e minimizar distorções. A dimensão (perna)
mínima do filete é determinada em função da chapa mais fina,
conforme indicado na Tabela 4.2. Entretanto, a perna do filete não
precisa exceder a espessura da chapa mais fina, a não ser por
necessidade de cálculo.

Tabela 4.2 – Dimensões mínimas de filetes de solda (AISC, NBR 8800)

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As dimensões máximas a adotar para os lados dos filetes são condicionadas
pela espessura da chapa mais fina (Fig. 4.11). A folga de 1,5 mm entre a
espessura t da chapa e a perna b da solda se destina a evitar a fusão da quina
superior da chapa e a consequente redução da perna e da garganta de solda, o
que poderia ocorrer para t = b.

Num filete de solda de comprimento L, em cada extremidade há um


pequeno trecho em que a espessura da garganta cai até zero. Levando isso
em conta, a norma brasileira, baseada na americana, especifica
comprimentos mínimos construtivos do cordão de solda, a saber:

L 4b 40 mm

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Em ligações de extremidade de peças tracionadas feitas unicamente com
soldas de filete longitudinais (Fig 4.14a) o comprimento dos filetes (Lw)
deve ser maior ou igual à largura a da chapa.
As terminações de filetes de solda requerem certas precauções nos casos
em que a formação de entalhes pode afetar a resistência estática e/ou a
resistência à fadiga quando as cargas cíclicas impõem danos de suficiente
magnitude. Um exemplo em que as normas de projeto recomendam que a
solda comece a uma pequena distância do bordo do transpasse encontra-
se ilustrado na Fig. 4.12. Trata-se de uma emenda em filetes longitudinais
em que um dos seus extremos coincide com uma borda tracionada.

Figura 4.14

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3 – RESISTÊNCIA DAS SOLDAS

3.1 – Soldas de Entalhe

As resistências de cálculo das soldas são dadas em função de uma


área efetiva de solda.
Aw = te . ℓ (4)
onde
te = espessura efetiva
ℓ = comprimento efetivo,

E pela área AMB do metal-base, igual ao produto do comprimento da


solda pela espessura da peça mais delgada da ligação.

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Para soldas de entalhe de penetração total sujeitas a tensões de


compressão ou tração ou perpendiculares ao eixo da solda, as
resistências de cálculo são obtidas com base no escoamento do
metal-base (fy)

Rd AMB f y a1 (a)

Para soldas de entalhe de penetração parcial sob tração ou


compressão perpendiculares ao eixo da solda, a resistência é
determinada com o menor valor entre as Equações b e c.

Metal-base Rd AMB f y a1 (b)

Metal da solda (c)


Rd 0,60 Aw fw w1

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Onde:

fw = tensão resistente do metal da solda;


γw1 = 1,25 para combinações normais, especiais ou de construção;
γw1 = 1,05 para combinações excepcionais de ações.

Na equação c o fator 0,60 reduz a resistência para levar em conta


incertezas na qualidade da solda na raiz e outros efeitos.

Para tensões de tração ou compressão paralelas ao eixo da solda de


penetração total ou parcial, não é preciso verificar a resistência.

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Para tensões de cisalhamento, as tensões atuando em direções
diferentes são combinadas vetorialmente. A resistência de projeto
Rd é dada pelas seguintes expressões:

Penetração total: Metal-base Rd AMB 0,60 f y a1

Penetração parcial: Metal da solda Rd Aw 0,60 f w w2

Onde:

γw2 = 1,35 para combinações normais, especiais ou de construção;


γw2 = 1,15 para combinações excepcionais.

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3.2 – Soldas de Filete

As resistências das soldas de filete são dadas em função da área.

Aw = área da solda = t ℓ

Onde t = espessura da garganta.

Para efeito de resistência de cálculo do filete não precisam ser


considerados esforços solicitantes de tração ou compressão atuando
na direção paralela ao eixo longitudinal da solda. Estas solicitações
ocorrem em soldas de filete que ligam as chapas componentes de
perfis soldados submetidos a momento fletor. Entretanto deve ser
considerada a transferência de esforços de uma chapa à outra por
cisalhamento através da garganta de solda; o estado limite é o de
ruptura do metal da solda.

Estruturas Metálicas - Soldas


Os esforços solicitantes em qualquer direção no plano perpendicular
ao eixo longitudinal da solda (Fig. 4.13) são considerados, para
efeito de cálculo, como esforços cisalhantes. A resistência de cálculo
pode ser obtida com a expressão seguinte:
0,60 f (a)
Rd Aw w w2

Quando a solda estiver sujeita a tensões não-uniformes, a resistência


pode ser determinada em termos de esforço por unidade de
comprimento:
t 0,60 f
w w2 (b)

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A equação a ( Rd Aw 0,60 f w w2 ) subestima a resistência de
soldas de filete cujo eixo tem inclinação θ > 0 em relação à
força solicitante. Por isso a NBR 8800 apresenta uma
expressão alternativa de Rd em função do ângulo θ. No caso
de ligações concêntricas com trechos de solda posicionados
longitudinal e transversalmente à força, as resistências Rdl e
Rdt destes trechos calculadas com a equação a podem ser
somadas diretamente para se obter a resistência total Rd ; ou
se pode tomar Rd como (0,85 Rdl + 1,5 Rdt ), caso forneça um
valor maior que o anterior.

Estruturas Metálicas – Exercícios


Soldas
1)

2)

FIM

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4 – DISTRIBUIÇÃO DE ESFORÇOS NAS SOLDAS

4.1 – Composição dos Esforços em Soldas de Filete

Nas soldas de filete, qualquer que seja a direção do esforço aplicado,


admite-se, para efeito de cálculo, que as tensões na solda sejam de
cisalhamento na seção da garganta.
A Fig. 4.13 mostra um filete de solda, com garganta t e comprimento ℓ
sujeito a um esforço vertical Fy e um horizontal Fx . As tensões de
corte na garganta de solda são calculadas com as equações:

Fx Fy
x t y t

Multiplicando as tensões pela espessura t, obtêm-se os esforços por


unidade de comprimento. Essas forças são somadas vetorialmente,
produzindo uma força resultante que deve ser inferior ao valor dado pela
equação b ( t 0,60 f w w2 ).

Estruturas Metálicas - Soldas


4.2 – Emendas Axiais Soldadas

A Fig. 4.14a ilustra a distribuição de tensões cisalhantes em regime


elástico nos filetes longitudinais de solda. Essa distribuição é semelhante
à distribuição de esforços de corte em emendas parafusadas. As maiores
tensões ocorrem nas extremidades do cordão de solda. No estado limite
último, próximo à ruptura, as deformações plásticas nas regiões extremas
promovem uma redistribuição de tensões que tendem para um diagrama
uniforme.

Entretanto, se a ligação for longa, a


redistribuição de tensões não
atingirá a região central da solda
antes da ruptura das regiões
extremas. Por isso as normas
reduzem o comprimento L da solda
para o cálculo do comprimento
efetivo ℓ ( L
1,2 0,002 ).
b

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4.2 – Emendas Axiais Soldadas

Nas emendas com filetes transversais, as tensões também são


consideradas uniformemente distribuídas (Fig. 4.14b). Para esse tipo de
emenda as normas (AISC, NBR 8800) indicam comprimentos mínimos
de transpasse (Fig. 4.14c) para evitar rotações excessivas na ligação,
como mostrado na Fig. 4.14d.

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4.3 – Ligação Excêntrica por Corte

Na Fig. 4.15a, vemos a ligação soldada de uma chapa em consolo,


com uma carga excêntrica.

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Estruturas Metálicas - Soldas


Para efeito de cálculo, consideramos na Fig. 4.15b as áreas das gargantas
rebatidas no plano do consolo. A força aplicada F tem uma excentricidade e
em relação ao centro de gravidade da área de solda. Ela pode ser reduzida a
uma força centrada F e um momento Fe. O dimensionamento se faz com as
mesmas hipóteses adotadas nas ligações de conectores com cargas
excêntricas. A tensão cisalhante F provocada pelo esforço centrado F em
um ponto qualquer do cordão é dada pela equação:
F
F t
A tensão cisalhante M provocada pelo momento Fe é calculada com a
equação: Fe
M
r
Ip
Fe Fe
Ou decompondo-se nas duas direções x e y x
y y
x
Ip Ip
Onde Ip = momento polar da área de solda referida ao centro de gravidade.

Estruturas Metálicas - Soldas


O momento polar de inércia Ip pode ser calculado com a soma dos
momentos de inércia retangulares Ix e Iy da seção de solda. Os momentos
polares Ip para diversas seções de solda são fornecidos na Tabela A11,
Anexo A do livro de Pfeil, para espessura da garganta t = 1 e são
proporcionais a t, já que a espessura é pequena. Sendo assim, as equações
abaixo podem ser reescritas em termos de esforços por unidade de
comprimento
F
pF F
t

Fe
pM M
t r
I p
t 1

Esses esforços devem ser somados vetorialmente e comparados aos esforços


resistentes da equação t 0,60 f w w2

O métodos apresentado é conhecido como método elástico e é considerado


conservador. Pode-se, alternativamente, utilizar o método denominado
centro instantâneo de rotação (Salmon & Johnson, 1990).

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4.4 – Soldas com Esforços Combinados de Cisalhamento e
Tração ou Compressão
Soldas longitudinais. Consideremos a seção de perfil I soldado da
Fig. 4.16a. A ligação da alma com a mesa pode ser solda de entalhe
(Fig. 4.16b) ou solda de filete (Fig. 4.16c).

Estruturas Metálicas - Soldas


4.4 – Soldas com Esforços Combinados de Cisalhamento e
Tração ou Compressão

Se na seção considerada, atuarem um esforço cortante V e um


momento fletor M, os diagramas de tensões cisalhante e normal
são dados pela resistência dos materiais:
VS
Ib

M
y
I
Onde :
S = momento estático da chapa de mesa do perfil referido ao eixo x;
I = momento de inércia do perfil em relação ao eixo x.

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Estruturas Metálicas - Soldas


Para a solda de entalhe (Fig. 4.16b), a largura b é a espessura t0 da
chapa da alma. Para a solda de filete (Fig. 4.16c), b representa a
soma das gargantas dos dois cordões de solda.

De acordo com as normas AISC e NBR 8800, esse tipo de ligação


pode ser calculado sem consideração das tensões normais, isto é,
verificando-se apenas as tensões cisalhantes.

Efeitos locais, como os de carga concentrada (Fig. 4.16e), devem


ser levados em conta. Neste caso, a tensão vertical nas soldas de
filete dada pela equação seguinte deve ser combinada vetorialmente
com a tensão horizontal.
P
2t a' 2t f

Estruturas Metálicas - Soldas


Soldas transversais. Na Fig. 4.17 vemos a ligação entre uma
viga e uma coluna com chapa de topo soldada à viga. Na
Fig. 4.17b mostramos um corte na seção de solda, com
áreas das gargantas rebatidas (no caso de soldas de filete). A
ligação transmite um esforço cortante V e um momento M.

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Estruturas Metálicas - Soldas


O esforço cortante produz uma tensão de cisalhamento vertical
(Fig. 4.17c). Como as mesas do perfil transmitem tensões
cisalhantes muito baixas, devemos contar nesse caso somente com
os cordões da alma da viga. Temos então:
V
2th0
O momento fletor produz tensões . Com as propriedades
geométricas da seção resistente composta das seções da garganta
de solda rebatidas utiliza-se uma composição vetorial arbitrária:
2 2
d máx d d res

A tensão normal perpendicular à direção do filete é tratada na


equação anterior como tensão cisalhante horizontal, combinando-
se vetorialmente com a tensão cisalhante vertical devida ao esforço
cortante.
A equação anterior também pode ser escrita em termos de esforços
por unidade de comprimento.

Estruturas Metálicas - Soldas


5 – COMBINAÇÃO DE SOLDAS COM CONECTORES

O trabalho conjunto de solda e conectores é influenciado pela


rigidez de cada um dos tipos de ligação utilizados.

Em construções novas, os parafusos não podem ser considerados


atuando em conjunto com soldas, exceto parafusos em ligações por
corte. Neste caso, com soldas longitudinais de filete, a contribuição
dos parafusos deve ser limitada a 50% da resistência do grupo de
parafusos em ligação de apoio.

Em construções existentes, reforçadas por soldas, os rebites ou


parafusos de alta resistência em ligações por atrito já existentes
podem ser considerados para resistir às solicitações da carga
permanente já atuando. As solicitações devidas aos novos
carregamentos devem ser resistidas pelas soldas de reforço que
forem acrescentadas à ligação.

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