Roberto Banaco PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 80

Modelos experimentais de

Psicopatologia

Roberto Alves Banaco

Salvador - 2011

Estrutura do Curso
FUNDAMENTOS
HISTÓRIA
QUESTIONAMENTOS
ASPECTOS ÉTICOS DOS MODELOS EXPERIMENTAIS
CRITÉRIOS ATUAIS
ALGUNS MODELOS
ADICÇÃO A DROGAS
EXCESSOS COMPORTAMENTAIS
DEPRESSÃO
ANSIEDADE
• ESQUIZOFRENIA

1
CARACTERIZANDO O PROBLEMA DE
COMPORTAMENTO (Falk & Kupfer, 1998)
“Todas as culturas têm problemas de
comportamento: elas diferem em como os
administram.
Gastam tempo e recursos consideráveis
Tentam evitá-los (prevenção)
tentam se livrar deles (terapias).
[o comportamento problema] é visto como algo que
não deveria ser feito

CARACTERIZANDO O PROBLEMA DE
COMPORTAMENTO (Falk & Kupfer, 1998)
Pergunta importante: Por que esta pessoa persiste
em [seu comportamento] inapropriado?
De que fatores este comportamento é função?
A pessoa está possuída por um demônio inato,
amaldiçoado por uma feitiçaria, ou
extraordinariamente abençoada pelo poder de uma
divindade?
Com exceção desse último exemplo, a maior parte
das culturas quer que seus indivíduos mudem seus
comportamentos de forma a não emitirem seus
comportamentos-problema.

2
CARACTERIZANDO O PROBLEMA DE
COMPORTAMENTO (Falk & Kupfer, 1998)

“Como seriam as pessoas induzidas a mudarem seus


comportamentos?
Dizer a elas para que parem [de fazer o que estão fazendo]
é uma maneira (usualmente ineficaz).
Conselhos verbais para a mudança, tais como “Apenas diga
não!” são insensatos.
Comportamentos indesejados são punidos por
agências sociais formais e informais.
Algumas vezes isso é eficaz;
freqüentemente não é.

CARACTERIZANDO O PROBLEMA DE
COMPORTAMENTO (Falk & Kupfer, 1998)
“Pode-se tentar identificar as variáveis que mantêm
o comportamento problemático
Culturas tradicionais: os oráculos aplicam técnicas de
adivinhação.
Culturas modernas:
Psicanálise: eventos primários críticos que precisam ser
relembrados e resolvidos.
Análise do comportamento: busca da função do
comportamento.

3
CARACTERIZANDO O PROBLEMA DE
COMPORTAMENTO (Falk & Kupfer, 1998)

Métodos mais tradicionais se perguntam:


Qual é o propósito do comportamento aberrante?
Análise do comportamento também se pergunta sobre
isso,
No entanto não assume que o comportamento
indesejável sirva a algum propósito.
Trata o problema como uma questão empírica e não
como uma suposição orientadora.

CARACTERIZANDO O PROBLEMA DE
COMPORTAMENTO (Falk & Kupfer, 1998)

Com a introdução da função, as questões a


serem respondidas são:
De que variáveis este comportamento é função?
O que muda sua probabilidade de ocorrência?

4
FUNDAMENTOS PARA O ESTUDO
DOS MODELOS EXPERIMENTAIS
DE PSICOPATOLOGIA

ALGUNS PRESSUPOSTOS IMPORTANTES

“PSICOPATOLÓGICO”: NORMAL x ANORMAL


Critério estatístico
Normal: o que é freqüente
Anormal: o que só se vê em alguns casos
Critério científico
Normal: o que obedece a leis
Anormal : o caótico, o inexplicável
Critério da reversibilidade
Normal: mesmo ocorrendo, reverte
Anormal: não reverte
Critério do indivíduo
Normal: não leva a sofrimento
Anormal: conduz a sofrimento

5
Transtorno mental e
comportamento anormal
Falk & Kupfer, 1998
Deve-se perguntar se o comportamento
“transtornado” é primariamente
Uma resposta anormal para uma situação normal
Indica problema físico e deve ser respondido por outras
ciências
Uma resposta normal para uma situação extrema
ou desordenada
Âmbito de estudo da análise do comportamento

ALGUNS PRESSUPOSTOS IMPORTANTES

1. O comportamento é chamado de
psicopatológico, mas é ordenado
(obedece a leis)
1. Não importa se é visto só em alguns casos... Explicação
pode ser encontrada na História de Vida do indivíduo
1. Critério estatístico
2. Procura-se SEMPRE uma ordenação para explicá-lo
1. Critério científico
3. Se permanece é porque “alguma operação” o mantém
1. Critério da reversibilidade
4. Causa sofrimento porque é passível de controle
aversivo.

6
ALGUNS PRESSUPOSTOS IMPORTANTES

Causa sofrimento porque é passível de controle


aversivo.
Do ponto de vista de quem analisa:
R  S punidor :causa estranhamento
Mas resposta em extinção “precisa” ser punida?
• Se é mantida...
• R  S reforçador
•  S aversivo

ALGUNS PRESSUPOSTOS IMPORTANTES

R  S punidor : causa estranhamento


 S reforçador
 S punidor mais potente que o primeiro

7
ALGUNS PRESSUPOSTOS IMPORTANTES

2. A análise do comportamento lida com os


problemas que são essencialmente reações
normais a trajetórias históricas de contingências
ambientais que dirigiram o comportamento para
padrões “disfuncionais”
(outras questões devem ser respondidas por outras
ciências)

ALGUNS PRESSUPOSTOS IMPORTANTES

3 . HOMENS SÃO “PARECIDOS” COM OS ANIMAIS


Posição decorrente do evolucionismo (Darwin)
Existe uma continuidade entre as espécies
Vale a pena estudar organismos mais simples que os
Humanos, em interações mais simples com o ambiente
Maior possibilidade de controle experimental
O estudo desses organismos e suas interações podem
revelar aspectos de controle da psicopatologia humana

8
ALGUNS PRESSUPOSTOS IMPORTANTES

4. Aspectos parciais dos comportamentos


chamados psicopatológicos devem ser analisados
1. Há vantagens em seguir do parcial para o completo
(da análise para a síntese)
2. Conhecimento cresce a partir do método científico
1. Replicação intra e inter-espécies

ALGUNS PRESSUPOSTOS IMPORTANTES

4. Modelos animais de comportamento guardam


similaridades com aspectos dos problemas
humanos
1. “Sintomas” (topografia das respostas)
2. “Etiologia” (origem do comportamento psicopatológico)
3. “Tratamento”
1. Respondem semelhantemente às mesmas drogas
2. Respondem semelhantemente aos mesmos procedimentos
comportamentais

9
Breve histórico da formulação e
da utilização dos modelos
experimentais de Psicopatologia
nas Ciências Biológicas

Breve Histórico (Kazdin, 1978)

Darwin (1859) – Sobre a origem das espécies por


meio da seleção natural
Continuidade entre espécies inferiores e humanos
Sechenov (1863) – Reflexos do cérebro
(originalmente “Uma tentativa fisiológica para
explicar a origem dos fenômenos psíquicos)
Via a psicologia como ciência inexata (subjetiva)
Combinou neurofisiologia com psicologia (interesse
derivado do trabalho com reflexos)
“Quem deve investigar o problema da Psicologia e
como?”
O fisiologista por meio do estudo do reflexo

10
Breve Histórico (Kazdin, 1978)

Pavlov (1849-1936)
Originalmente envolvido com os reflexos
enquanto relações Estímulo-Resposta – secreções
gástricas
Observou algumas “secreções psíquicas”
Não eram evocadas por estimulação direta
Aproximação do experimentador – salivação
Controle experimental: metrônomo + pó de carne

Breve Histórico (Kazdin, 1978)


Pareamento

SN
RC
SI RI

“Normalidade” = ´típico da espécie

11
Sensibilidade ao pareamento é
resultado da evolução das espécies
“Um dos mais intrigantes aspectos do
condicionamento pavloviano é a habilidade
adquirida do Estímulo Condicionado (CS)
eliciar ou controlar uma nova resposta na
ausência do Estímulo Incondicionado (US)
previamente associado ao CS. Esta alteração
nas propriedades funcionais do CS (...) ilustra
uma notável adaptação às condições
ambientais (...)” Cunninghan (1998, p.520)

Breve Histórico (Kazdin, 1978)

Pavlov
Estudou condicionamento
Pareamento = Reforço
“Desemparelhamento” = Extinção
Estímulos semelhantes = Generalização
Estímulos distintos = Diferenciação
Estudando diferenciação: 1º modelo de
psicopatologia

12
Neurose experimental (Pavlov, 1927)

ALIMENTO SALIVAÇÃO

CONDICIONAMENTO

Neurose experimental (Pavlov, 1927)

C= 4
C= 6
E= 0 C= 9

C= 4 E= 3
4x3 C= 8
C= 2 C= 8
CIRCULO
C= 8 C= 4 E= 3
2x1
C= 10 C= 7
E= 1 E= 8
C= 6 C= 9
9x8
C= 8

13
Neurose experimental (Pavlov, 1927)

Comportamento neurótico = colapso na


capacidade de fazer discriminações normais
• “ao mesmo tempo [em que passou a apresentar erros
de discriminação], todo o comportamento do animal
sofreu uma mudança abrupta. O cão, que até então
estivera quieto, começou a ganir e a se contorcer,
arrancando com os dentes o aparelho de estimulação
mecânica da pele e mordendo os tubos que ligavam a
câmara ao observador, comportamento jamais exibido
antes. Quando levado de volta à câmara, o cão latia
com toda a força, o que também contrariava o seu
costume. Em resumo, apresentava todos os sintomas
de uma neurose aguda” (Goodwin, 2005)

Breve Histórico (Kazdin, 1978)

Darwin – estabeleceu a importância da


pesquisa animal
1871 – The descent of Man
1872 – A expressão das emoções no Homem e
em Animais
Europa e América: Psicologia Animal ou
Comparativa

14
A partir de então, foram estudadas
(Keehn, 1979)
Depressão agitada e auto-mutilação
rhesus macho, quando sua companheira foi substituída por
outras fêmeas (Tinklepaugh, 1928)
Neurose espontânea
duas chimpanzés fêmeas mantidas em cativeiro (Hebb,
1947)
Colite ulcerativa
macacos gibões estressados por interrupção social durante
cuidados médicos (Stout & Snyder, 1969)
Histeria
Bodes e vacas

E mais: (Keehn, 1979)


Entre 1951 e 1971
Epilepsia coletiva (cães)
Ninfomania (gatos)
Trauma emocional (cães, cavalos e gatos)
Indigestão e anorexia (cães e gatos)
Impotência (touros)
Ataques convulsivos fatais (lontras, martas, panteras, e lince)
Imobilidade tônica (animais de fazenda)
Fobias (touros)
Histeria (hienas)
Medos neuróticos (animais de estimação)
Mortes súbitas (cobaias e ratos)
Psicose (gatos e cães)

15
E mais: (Keehn, 1979)

animais de zoológico
Reações de fuga não adaptativas,
recusa de alimento,
agressão excessiva,
reações motoras estereotipadas,
arranhar-se,
auto-mutilações,
homossexualidade,
perversões sexuais,
perversões de apetite,
apatia e
interações mãe-bebê defeituosas.

Breve histórico (Keehn, 1979)

Além disso, reações motoras bizarras foram


relatadas:
Atividade frenética em pintinhos
Rodopios em cães criados em isolamento
Convulsões em babuínos jovens tirados de lugares
pequenos e calmos e colocados em ambientes amplos
na presença de machos adultos
Amontoamento em macacos infantes separados de
suas mães

16
Um dado pitoresco: (Keehn, 1979)

Dissociação e alucinação aparentes em rhesus criado


em isolamento social (Mitchell, 1970)
“Um... macho moveu vagarosamente seu braço direito em
direção à sua cabeça enquanto estava sentado em uma posição
rígida, enquanto olhava para sua própria mão que se
aproximava, e de repente pareceu assustado com ela. Seus olhos
abriram-se vagarosamente e ele fazia algumas vezes uma careta
de medo e ameaça em direção a ela, chegando até mesmo a
morder sua mão... Se ele não estivesse olhando diretamente
para a mão ou não a mordesse, “ela” continuava a mover-se em
sua direção... Conforme “ela” se aproximava dele, seus olhos se
tornavam cada vez mais arregalados até que sua mão batesse
em sua face. Então ele sentava-se por um ou dois segundos, com
os olhos do tamanho de um pires olhando com terror entre seus
dedos apertados...”

Questionamentos a respeito
da continuidade infrahumanos
- humanos

17
Continuidade no processo evolutivo
infra-humanos – humanos tem sido discutida (Branch
& Hackenberg, 1998)

Dois argumentos “contra”


1. Conseqüências explícitas enfraquecem a
“motivação intrínseca”
“Saber que vai ser reforçado” por uma resposta faz
com que o desempenho humano seja distinto do dos
animais infra-humanos.

Cameron & Pierce (1994) em meta


análise (61 estudos)
Experimentos usaram
4 medidas de desempenho: 2 formas de liberação de
tempo gasto na tarefa
reforçadores
(tempo) Esperados
Relatos verbais de interesse Não esperados
(atitude)
Acurácia na execução da
tarefa (performance)
Relatos verbais sobre
gostar ou não da tarefa
(vontade em participar)

2 tipos de reforçadores Ligação com desempenho


Verbais Contingente
Tangíveis Não-contingente

18
Os resultados da meta-análise
apontam que:
Para 3 das variáveis dependentes não há efeito geral, nem
positivo, nem negativo, de recompensa prévia sobre o
comportamento intrinsecamente motivado.
Há um efeito significativo sobre as medidas de atitude (o
quanto os participantes gostam da atividade)
Surpreendentemente, o resultado é positivo. O efeito é maior
quando recompensas verbais são utilizadas.
Não há um efeito geral sobre o tempo despendido na atividade
Elogios (recompensa verbal) tiveram efeitos mais positivos que
reforços tangíveis (que produziram efeitos negativos).
Mesmo assim, reforçadores tangíveis só tiveram resultados
negativos quando anunciados antes da execução da tarefa, e
quando não foram contingentes ao desempenho (eram
contingentes apenas à participação no experimento).

Continuidade no processo evolutivo


infra-humanos – humanos tem sido discutida (Branch
& Hackenberg, 1998)

Segundo argumento contra:


a consciência seria necessária para
aprendizagem em humanos (argumento
cognitivista)
Ou seja, Humanos adquirem comportamento não
apenas por contato direto com as contingências.

Resposta: Lindsley e colaboradores (1957 até 1961):


Estabeleceram controle operante em indivíduos sob vários
estados de atividade subconsciente:
Sono;
anestesia cirúrgica;
coma induzido por eletroconvulsoterapia

19
Continuidade no processo evolutivo
infra-humanos – humanos tem sido discutida (Branch
& Hackenberg, 1998)

Outra resposta: Hefferline e colaboradores:


Condicionamento de respostas encobertas
Atividade mioelétrica (movimentos imperceptíveis)
do dedão da mão sofreu controle operante
Os participantes não souberam relatar o que
faziam para obter reforço
Mais que isso, o desempenho piorava
sensivelmente quando era dada a eles a instrução
de “como fazer” para ganhar reforço

Fig. 2. Gradientes amplificados de um operante de pequena escala (contração de dedo polegar) do S1 (sexo feminino, 21 anos). Esquerda:
Curvas cumulativas de respostas para o valor reforçado (linha mais forte) e para valores maiores e menores. Cada registro começa no ponto
na ordenada que corresponde ao ponto médio de sua categoria de microvotagem. (O.L.= Operant level = Nível operante e EX. = extinção)
Painel à Direita: histograma de freqüência de respostas para os vários suboperantes registrados em intervalos de lO-min, com o valor
reforçado mostrado em preto sólido. (C1, C2, etc. são períodos sucessivos de lO-min de condicionamento.)

20
Continuidade no processo evolutivo
infra-humanos – humanos tem sido discutida (Branch
& Hackenberg, 1998)

Outras evidências:
Comportamento verbal é igual a qualquer
operante
Evidências de condicionamento de uso de classes
de palavras (pronomes, p.ex.) ou tempos verbais
com o uso de “correto” emitido pelo
experimentador (por exemplo, Tomanari e cols,
2007)

Continuidade no processo evolutivo


infra-humanos – humanos tem sido discutida (Wilson &
Blackledge, 2000)

Estratégia da continuidade produziu potentes


técnicas de mudança de comportamento
Especialmente em atraso de desenvolvimento
Deixou outras áreas praticamente intocadas
Psicoterapia de adultos, p.ex.

21
ENTRETANTO: Continuidade no processo evolutivo
infra-humanos – humanos tem sido discutida
(Wilson & Blackledge, 2000)

SOM PAI

CHOQUE Ñ CHOQUE ABUSO Ñ ABUSO

Ñ
RELATA RELATA

COMIDA COMIDA REF. REF.


SOCIAL SOCIAL

Continuidade no processo evolutivo


infra-humanos – humanos tem sido
discutida (Wilson & Blackledge, 2000)
Processos não são similares
Pombo “relata” sem apresentar respondentes
Menina esquiva do relato e apresenta fortes
respondentes
Explicação: relações de equivalência ocorrem
em Humanos, e não em infra-humanos
Relatar em Humanos adquire propriedades
aversivas condicionadas

22
APESAR DISSO: Continuidade no processo evolutivo
infra-humanos – humanos tem sido discutida (Branch
& Hackenberg, 1998)

É possível enfatizar similaridades de


processos que ocorrem entre diferentes
espécies
Ao mesmo tempo é possível reconhecer e
apreciar diferenças nas formas pelas quais
esses processos operam nas diferentes
espécies

Branch & Hackenberg, 1998 p.26

“Reconhecer que humanos são criaturas


biológicas é identificar uma dimensão ao
longo da qual eles são similares aos outros
animais. Não significa que humanos sejam
similares em todas as dimensões, mas para
alguns propósitos, essas dimensões podem
ser ignoradas”.

23
Skinner, 1969

“Embora algumas vezes seja dito que a


pesquisa com animais inferiores
impossibilita a descoberta daquilo que é
unicamente humano, é somente pelo
estudo do comportamento dos animais
inferiores que nós podemos dizer o que é
distintivamente humano”. (p.101)

Aspectos éticos dos


modelos experimentais

24
Ética e Ciência

Hume
Campo da Ética é distinto do campo da Ciência
Ética: declaração de valores
Ciência: declaração da realidade
“Ciência pode nos dizer como fazer uma bomba, mas não
se nós devemos fazê-la”.

Skinner
Uma Ética objetiva válida pode ser estabelecida
por meio de uma análise científica de valores

Ética e Ciência (Marcuse & Pear, 1979)

Para desenvolver uma ética objetiva


Não devemos começar pela pergunta “Quais
deveriam ser nossos valores?”
Devemos nos perguntar: “Afinal, por que nós
temos valores éticos?”

Comportamento ético tem origem no


conflito entre contingências naturais e
contingências sociais de reforçamento

25
Ética e Ciência (Marcuse & Pear, 1979)

Importante, portanto, descobrir o que é importante


para a sobrevivência da cultura: sua habilidade em
prevenir desintegração trazida por competição
interna excessiva;
manter a saúde e força de seus membros;
manter membros e atrair novos membros;
adaptar-se a novas condições e
induzir seus membros para trabalharem em
direção à sua sobrevivência

Ética e Ciência (Marcuse & Pear, 1979)

Como uma cultura consegue desenvolver tais


habilidades?
Preocupando-se com o bem-estar de todos os humanos
Adquirindo conhecimento
Leva ao método experimental
Que por sua vez, leva à tecnologia

Juntando tudo o que foi dito até agora:


“Nenhum experimento deve ser conduzido de
maneira que possa ferir um membro de nossa
espécie”.

26
Ética e Ciência (Marcuse & Pear, 1979)

Sobre prioridades
HUMANOS X NÃO-HUMANOS:
“O bem-estar dos humanos deve ser posto acima
do bem-estar dos animais?”
Vida humana (e em muitas medidas a diminuição
do sofrimento humano) é mais importante para a
cultura do que a vida do animal

Ética e Ciência (Marcuse & Pear, 1979)

Sobre vantagens e desvantagens do


trabalho com animais
Vantagens:
1. Animais têm obviamente um menor “espaço” de vida
1. Não se pede, por exemplo ao tratador que nos separe 10
pombos protestantes, ou 20 ratos republicanos ou 30
formigas ansiosas.
2. Animais usualmente têm uma duração de vida menor
1. Importante, p.ex. para estudos de transmissão genética
3. Pode-se controlar o ambiente do animal mais facilmente
que o ambiente de humanos.

27
Ética e Ciência (Marcuse & Pear, 1979)

Sobre vantagens e desvantagens do


trabalho com animais
Desvantagens:
1. Animais não são humanos
2. Há uma tendência infeliz de generalização a partir de
um único caso que seja notável de comportamento
animal
3. Ignorância da lei da parcimônia ao interpretar os
porquês do comportamento animal

Princípios éticos (propostos por Morrison,


2001)

Nosso primeiro compromisso é com o Ser Humano


Todos os Seres Humanos são gente
Animais não são miniaturas de gente
Nós temos uma obrigação moral enorme com os
animais sob nosso controle
Sofrimento apenas em casos estritamente necessário
Excelente controle experimental (erros são inadmissíveis)
Uso menor possível de indivíduos para a construção de
conhecimento

28
Critérios atuais para os
modelos experimentais de
psicopatologia

Elementos de um modelo

Palavra-chave: analogia (Overmier, 1992)


Modelos devem ter uma função definida pelo que
pretendem explicar ou descrever (Silva, 2003)
São procedimentos de validade definida pela precisão com
que mimetizam um transtorno mental humano. Devem ser
procuradas similaridades entre
Topografia das respostas estudadas
Seletividade a certas classes de drogas e
Processos comportamentais envolvidos

29
Elementos de um modelo

Seligman (1975)
Um bom modelo simularia um distúrbio em
Etiologia
Mecanismos fisiológicos
Comportamentos típicos
Tratamento e
Prevenção

Elementos de um modelo
Abramson & Seligman (1977)
Critérios de avaliação de um modelo:
A análise experimental do fenômeno de laboratório é completa o
suficiente para descrever os fatores essenciais de suas causas,
prevenção e cura?
A similaridade de sintomas entre o modelo e a psicopatologia
está convincentemente demonstrada?
Em que extensão a similaridade fisiológica, de causa, cura e
prevenção foram encontradas?
O modelo de laboratório descreve em todas as instâncias a
psicopatologia que ocorre “naturalmente” ou descreve apenas
um subgrupo? O fenômeno produzido no laboratório é modelo de
uma psicopatologia específica ou um modelo geral para todas as
psicopatologias?

30
Elementos de um modelo

Silva (2003): “Qualquer modelo vincular-se-á


a uma determinada visão de
psicopatologia. A criação de um modelo não
se desvincula da cultura que classificou os
transtornos”.

MODELO VIGENTE: DSM IV-R


(p. 21)
Utilizado por clínicos e pesquisadores de diferentes
orientações
Biológica, psicodinâmica, cognitiva, comportamental,
interpessoal, familiar sistêmica
Utilizado por diferentes profissionais
Psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros,
terapeutas ocupacionais e de reabilitação, advogados
Em diferentes contextos
Enfermaria, ambulatório, hospital-dia, consultoria,
consultório particular e comunidades

31
DSM IV-R (p. 21-22)

Orientação aos profissionais


evolvidos na elaboração:
Busca por acordos Grupo de trabalho do DSM
consensuais e não como 27
defensores de opiniões
abraçadas previamente
13 Grupos de Trabalho Específicos
Esforços para compatibilizar X 5 ou mais
com o Código Internacional
de Doenças (CID10) da
OMS Consultores
50 a 100 em cada grupo
Levar em consideração as
várias culturas

Manual Diagnóstico e Estatístico de


Transtornos Mentais

1. Diagnóstico  Avaliação Comportamental


Surge nos anos 70 como alternativa ao
diagnóstico tradicional
Rejeita o uso regular de testes padronizados
Defende observação sistemática – a técnica mais
importante em avaliação comportamental, livre
de problemas de validação

32
Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais

Estatístico  Sujeito único


Avaliação intra-sujeito – superação do problema
com os rótulos diagnósticos impostos pelo modelo
médico

Manual Diagnóstico e Estatístico de


Transtornos Mentais

Transtorno  Comportamento
Definições podem sugerir anormalidade
1. situação que causa incômodo a outrem; contratempo:
Desadaptabilidade; fora do “normal” (Estatística)
2. situação imprevista e desfavorável; contrariedade,
decepção: Desordem (não obedece a lei)
3. leve perturbação orgânica: Doença

33
Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais

Mentais  Comportamento
“Embora esta obra se intitule Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais, a expressão
‘transtornos mentais’ infelizmente sugere uma distinção
entre transtornos ‘mentais’ e transtornos ‘físicos’, um
anacronismo reducionista do dualismo mente/corpo.
Uma bibliografia rigorosa comprova a existência de muito
de ‘físico’ nos transtornos mentais e muito mais de
‘mental’ nos transtornos ‘físicos’. O problema criado pela
expressão persiste no título do DSM-IV, porque ainda
não encontramos um substituto apropriado”
APA, 2002, p. 27

Manual Diagnóstico e Estatístico de


Transtornos Mentais
... são concebidos como síndromes ou padrões
comportamentais ou psicológicos clinicamente
importantes, que ocorrem num indivíduo (indivíduo
é o “locus” da doença)
doença
e estão associados com sofrimento (p.ex., sintoma
doloroso) ou incapacitação (p.ex., prejuízo em uma
ou mais áreas importantes do funcionamento) ou
com um risco significativamente aumentado de
sofrimento, morte, dor, deficiência ou perda
importante da liberdade. (início
início de uma análise de
relação entre eventos)

34
Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais
Além disso, essa síndrome ou padrão não deve
constituir meramente uma resposta previsível e
culturalmente aceita diante de um determinado
evento, por exemplo, a morte de um ente querido.
(relação
relação com evento ambiental)
Qualquer que seja a causa original, a síndrome deve
ser considerada no momento como uma
manifestação de uma disfunção comportamental,
psicológica ou biológica no indivíduo (ou
ou seja,
apenas um sintoma de uma causa subjacente).
(APA, 2002, pp. 27-28)

Transtornos psiquiátricos

História da Medicina
Necessidade de classificação das “doenças
mentais”
Divergências nas nomenclaturas c/ ênfases
Fenomenologia (descrição)
Etiologia (causa)
Curso (desenvolvimento)

35
Análise do comportamento X Transtornos
psiquiátricos

Medicina (psiquiatria) Análise do


Comportamento
Fenomenologia Topografia não explica
2 na filosofia de William Hamilton (1788-
1856), a descrição imediata, anterior a qualquer
explicação teórica, dos fatos e ocorrências psíquicas

Etiologia Probabilidade
(causas) (freqüência, intensidade,
latência)
Curso Relações mantenedoras
(desenvolvimento) (organismo & ambiente)

Análise do comportamento X Transtornos


psiquiátricos
Medicina (psiquiatria) Análise do
Comportamento
Doença mental Comportamento é sempre
adaptado
Normal X Anormal Leis gerais para todos os
(critério estatístico – comportamentos
origem do DSM)

36
O que são, então os transtornos
psiquiátricos para a Análise do
Comportamento?

“... O comportamento mal adaptado pode ser


resultado de combinações quantitativas e
qualitativas de processos que são, eles
próprios, intrinsecamente ordenados,
absolutamente determinados, e normais em
sua origem”
Sidman, 1960

O que são, então os transtornos psiquiátricos para


a Análise do Comportamento?

Para onde olhar inicialmente (Ferster)


Categorias específicas do comportamento
(cujas freqüências devem ser analisadas),
encontradas na literatura clínica ou
deduzidas da experiência comum
DSM pode ser útil aqui (literatura clínica)

37
Transtornos psiquiátricos

“Patologia comportamental”
Déficit ou excesso comportamental
Comportamento adaptado...
Ou seja, prevê reforçamento em um nível mais
importante (o que justificaria a manutenção)
... que leva a sofrimento em algum grau...
Prevê também punição em nível menor
... com manifestações emocionais bastante
intensas

ALGUNS MODELOS

38
ADICÇÃO A DROGAS

Drogas

Ronald Siegel (1979)


Numerosas espécies além do homem auto-
administram plantas psicoativas em habitat
natural:
Elefantes por álcool (frutas fermentadas ou a própria
bebida)
Felinos por uma erva (Nepeta cataria) alucinógena
(brincam com “borboletas imaginárias”)
Pombos e outros pássaros por sementes de maconha
(com alterações de comportamento)
Koala por eucalipto (com efeitos narcóticos)

39
Blum (1969) – Distribuição dos principais grupos de
plantas psicoativas usadas por culturas humanas
Drogas (N=144) e espécies animais (N=109) em habitat
natural. Correlação r= .90, p<.01

homens animais

Plantas Nº culturas Plantas Nº espécies


Tabaco 57 Álcool 28
Álcool 52 Tabaco 20
Alucinógen. 40 Alucinógen. 19
Estimul. 15 Cannabis 18
Cannab. 7 Estimul. 9
Ópio 3 Ópio 9
Coca 1 Coca 6

Adição

Shepard Siegel (1979)


Sinônimo de dependência: se alguma substância for
administrada por algum período de tempo, o término da
administração é freqüentemente seguido por sintomas de
retirada e “fissura” pela substância
Nem toda adição a substância é considerada psicopatológica
Associada intimamente a tolerância: decréscimo do efeito
da droga no decorrer de repetidas administrações ou
necessidade de aumento de quantidade para obtenção do
mesmo efeito

40
Condicionamento de droga (vasta
literatura): Cunninghan, 1998:
Condicionamento
pode ocorrer muito rapidamente,
pode ser produzido por diferentes classes de drogas e
pode ser observado em diferentes espécies.
Condicionamento a drogas: sensível a parâmetros
que influenciam outras formas de condicionamento
Pavloviano:
Número de tentativas,
Intervalo entre os estímulos e
Magnitude do US

Modelo Pavloviano de tolerância

Resposta condicionada produzida pela droga pode ir na mesma


direção do efeito da droga, mas algumas vezes pode ir em direção
contrária a esse efeito

Pavlov: procedimento de administração se presta à explicação pelo


condicionamento

Procedimentos, rituais, ou
outras dicas ambientais

Estimulação
RC: oposta aos efeitos farmacológicos da droga
Efeitos da
sistêmica
produzida droga
pela droga

41
Modelo Pavloviano de tolerância

Curva do efeito da droga no tempo nas


primeiras administrações. Efeito não é
modulado por qualquer resposta
antecipatória

Administração da droga não é seguida


somente por seus efeitos: dicas
ambientais “preparam” o corpo com Explica
efeitos contrários
tolerância e
abstinência,

Efeitos das dicas ambientais são bem


pronunciados. Efeitos da droga
mínimos

CS D Explica
Efeitos das dicas ambientais
D recaída e
antecedem os efeitos da droga
overdose

42
O “lado operante” do procurar pela droga
(Cunninghan, 1998)

Reações provocadas pelo estímulo


condicionado são aversivas (“fissura”)
Estado aversivo motivaria respostas anteriores que
eliminaram o estado no passado (reforçamento
negativo)
Auto-administração reforçaria negativamente os
comportamentos instrumentais por alívio do estado
aversivo condicionado.
Este modelo prevê, portanto, a recaída, mesmo depois
de longos períodos sem o consumo da droga.

Abuso de droga (critérios)


Hartnoll, 1991
1. Legal: Depende da cultura, do momento histórico e da
perspectiva de quem define o abuso
No Ocidente: maconha, anfetamina, psicotrópicos, cocaína,
heroína
2. Clínico: probabilidade de conseqüências prejudiciais
Tabaco, álcool, tranqüilizantes, opiáceos, estimulantes
3. Epidemiológico: freqüência do uso na população
Cafeína (café, chás, refrigerantes), álcool, tabaco, maconha,
tranqüilizantes, e muito atrás, anfetaminas, psicotrópicos,
cocaína e opiáceos.
4. Auto-administração:
Cocaína e anfetaminas, opiáceos, barbitúricos, anestésicos
dissociativos, álcool, {nicotina, cafeína e benzodizepínicos},
maconha.

43
Abuso e auto-administração de drogas
(modelos): observa-se que...

Potencial de abuso e auto-administração


Drogas largamente utilizadas pelo homem não são
auto-administráveis em laboratório (tabaco,
maconha, cafeína) ou não são facilmente auto-
administráveis (álcool, benzodiazepínicos,
psicotrópicos)
Outras drogas que são facilmente auto-
administráveis não são amplamente utilizadas
pelos homens (especialmente opióides e alguns
estimulantes.

Abuso e auto-administração de drogas


(modelos)

Modelos sociais (difíceis de serem


reproduzidos em laboratório, mas não devem
ser desprezados) responderiam à primeira
questão.
Conformidade social (adolescentes começando a
fumar)
Rituais sociais (beber café pela manhã)
Reforçamento por “participar de um grupo”
Em busca de um sentido (psicotrópicos para
ampliar a consciência)

44
Abuso e auto-administração de drogas
(modelos)

Diferenças históricas na produção,


distribuição e consumo explicariam o
segundo dado
Álcool, tabaco e cafeína têm sido consideradas
legais, aceitas e comercializadas amplamente em
grande parte do mundo através dos séculos
Heroína e cocaína são drogas do séc. XX e têm
sido sujeitas a controle restrito e desaprovação
social.

Outras questões de (in)adequação dos


modelos para este problema

A maior parte dos usuários de cocaína são


ocasionais e não se tornam adictos
Dos que se tornaram adictos, a maior parte
retorna ao uso moderado
Os usuários que requerem tratamento já
sofriam de outros problemas antes da adição
à cocaína

45
Outras questões de (in)adequação dos
modelos para este problema

No laboratório:
cocaína provoca um potencial alto de abuso,
sob condições de acesso ilimitado, macacos e
ratos podem auto-administrar até o ponto de
convulsões e em alguns casos, morte.

Um ponto a ser levado em consideração:

Laboratório: animais isolados, mantidos em pequenas


gaiolas, com cateter implantado por onde a droga é
administrada, com poucas respostas disponíveis a não ser
pressionar a barra para a liberação da droga
Ratos e macacos são animais gregários
Homens em isolamento (presídios, por exemplo) podem fazer
a mesma coisa, se a droga estiver disponível

Estudos de auto-administração em animais isolados


têm uma validade duvidosa sobre como os humanos
se comportam em seus ambientes sociais e naturais

46
Tratamentos apontados pela literatura:

Remoção de estímulos associados à droga, ou


remoção do indivíduo do ambiente associado a ela;
54% de abstinentes em novas residências X 12% de
abstinentes em residências originais.

Limitações desta proposta:


Praticamente impossível a remoção descrita
Dificuldade em identificar a que aspectos do ambiente a
droga foi pareada.
Muitos dos CS para as CRs podem ser interoceptivos (p.ex.
estados de humor).

Tratamentos apontados pela literatura:

Extinção da relação CS-US


Apresentações sucessivas do CS sem a apresentação do US
Limitações desta proposta:
Além das já apresentadas para a remoção do estímulo
condicionado adicionam-se:
Desinibição (propriedade de um novo e intenso estímulo
restabelecer a a resposta condicionada a um estímulo
condicionado)
Recuperação espontânea

47
Tratamentos apontados pela literatura:

Controle contextual da extinção


Exposição do indivíduo ao contexto completo de
pareamento com a droga, obviamente sem a
permissão de seu uso.
Limitações desta proposta
“Convencer” o contexto (especialmente o social) a
participar dela.

Tratamentos apontados pela literatura:

Inibição condicionada
Apresentação de um estímulo que foi previamente
pareado com “não droga” (que deve inibir a
resposta condicionada) juntamente com o
estímulo pareado com droga.

Cunninghan (1998)

48
Williams, Johns & Norton, 1998

Excessos comportamentais

49
Comportamentos induzidos por esquema
de reforçamento
Polidipsia
“Um rato privado de alimento foi colocado em uma caixa
experimental por mais ou menos 3 horas por dia e obteve
alimento contingente a pressionar uma barra. Pequenas porções
de alimento eram fornecidas em um esquema de intervalo
variável de 1 minuto (...) A única característica não usual desta
situação foi que água esteve disponível livremente através de um
tudo para beber durante essas sessões e o volume de água
ingerida foi medido. (...) O esquema de liberação de comida em
intervalos variáveis produziu a taxa de respostas moderada e
estável já esperada. Mas o que não era esperado, e o mais
curioso, foi que os animais beberam uma quantidade imensa de
água durante as sessões. E essa quantidade não decresceu nos
dias seguintes (...) Assim, esses animais que pesavam 200g
beberam por volta de 100 ml de água em 3 horas, quase um
terço de seu peso corpóreo” (Falk & Kupfer, 1998)

Comportamentos induzidos por esquema


de reforçamento

A mesma quantidade de alimento liberada de


uma única vez (no início, no meio ou no final
da sessão) não provocam a ingestão
exagerada de água.
Privação sozinha não provoca aumento na
ingestão de água
Esquema excessivamente favorável ou
desfavorável não provocam o efeito. Apenas
esquemas de valor mediano.

50
Comportamentos induzidos por esquema
de reforçamento

Variedade de respostas Variedade de espécies


Agressão Ratos
Hiperatividade Camundongos
Cptos estereotipados Pombos
Hipertensão crônica Macacos (rhesus, Java,
Defecação chimpanzé)

Comer Cobaias

Pica Chinchilas
Humanos

Comportamentos induzidos por esquema


de reforçamento

De uma perspectiva clínica, o comportamento


disfuncional uma ou mais das seguintes
características:
Ser deficiente (repertório ausente ou fraco)
Ser excessivo
Aparecer fora de contexto (intrusivo, ou seja,
inesperado e contraprodutivo)
Comportamento adjuntivo claramente
apresenta as duas últimas características.

51
Comportamentos induzidos por esquema
de reforçamento

Manifesta-se em situações que podem ser


muito variadas
É dependente do estímulo presente na situação
para a “resposta alternativa”:
Se houver água, bebe
Se houver roda, corre
Se houver outro macho na caixa, agride
Se houver fêmea receptiva, copula
Se houver material de ninho, constrói

Comportamentos induzidos por esquema


de reforçamento

Tem sido modelo para


Adição a drogas
Excessos alimentares
Transtorno obsessivo-compulsivo
Agressão

52
DEPRESSÃO

Depressão (Ferster, 1973)

Aflige a todos em freqüência e graus


variados
Deste ponto de vista, um comportamento
como qualquer outro (Sidman, 1995)
Primeiro passo para promover o alívio:
Análise de suas causas
Descrição de suas dimensões

53
Ações da Análise do Comportamento

Comportamentalista dá ênfase à freqüência do


comportamento (dado básico)
Primeira tarefa de uma análise comportamental:
Definir o comportamento de maneira objetiva
Classes funcionais (genéricas) dos desempenhos
Componentes devem ser observados, contados e
classificados
Aplicar procedimentos
Relato objetivo das relações funcionais entre o
comportamento do paciente e e suas conseqüências
Circunstâncias que permitem aumentar ou diminuir a
freqüência

Para onde olhar inicialmente

Categorias específicas do
comportamento (cujas freqüências
devem ser analisadas)
Encontradas na literatura clínica
Deduzidas da experiência comum

54
Problemas de comportamento

Ausência pronunciada de certos itens no


comportamento
Déficit comportamental

Aumentos na freqüência de outros


comportamentos
Excessos comportamentais

Categorias encontradas na literatura


clínica

DSM: 1968  Depressão:


Estado emocional
Retardamento nos processos psicomotores
Retardamento nos processos de raciocínio
Reações emocionais depressivas
Sentimentos de culpa
Críticas e ilusões de indignidade

55
Categorias encontradas na literatura
clínica
Hoje: DSM IV-TR – preocupação com descrições detalhadas
Transtornos de Humor
Transtorno depressivo maior
Transtorno distímico
Transtorno depressivo sem outra especificação
Transtorno bipolar I
Transtorno bipolar II
Transtorno ciclotímico
Transtorno bipolar sem outra especificação
Transtorno de humor devido a condição médica geral
Transtorno de humor induzido por substância
Transtorno de humor sem outra especificação

Categorias encontradas na literatura


clínica
Transtornos:
Caracterizados pela freqüência e/ou pela duração de “episódios”
Ex.: Transtorno depressivo maior:
um ou mais Episódios Depressivos Maiores (pelo menos 2 semanas de humor deprimido ou
perda de interesse, acompanhados por pelo menos 4 sintomas adicionais de depressão.
Episódio depressivo maior:
Humor deprimido ou perda de prazer por quase todas as atividades, por mais de 2 semanas
Em crianças e adolescentes o humor pode ser irritável em vez de triste
Além disso, mais 4 sintomas adicionais dentre:
Alterações no apetite ou peso
Alterações no sono
Alterações na atividade motora
Diminuição de energia
Sentimentos de desvalia ou culpa
Dificuldades para pensar, concentrar-se ou tomar decisões
Pensamentos recorrentes de morte
Ideação suicida, planos ou tentativas de suicídio

56
Categorias encontradas na literatura
clínica
Episódio depressivo maior
Propensão ao choro
Irritabilidade
Ruminação obsessiva
Ansiedade
Fobias
Preocupação com a saúde física e queixas de dores (cefaléias, dores nas articulações,
abdômen, etc.)
Alguns indivíduos têm ataques de pânico
Dificuldade nos relacionamentos íntimos
Diminuição das interações sociais satisfatórias
Dificuldades no relacionamento sexual
Anorgasmia nas mulheres
Disfunção erétil nos homens
Problemas conjugais, profissionais e acadêmicos
Abuso de álcool e/ou outras substâncias
Maior utilização de serviços médicos

Categorias encontradas na literatura


clínica
Ex.: Transtorno distímico
Humor deprimido na maior parte do dia, na maioria dos dias, indicado por relato
subjetivo ou observação feita por terceiros, pelo período mínimo de 2 anos. (Em
crianças e adolescentes o humor pode ser irritável, por pelo menos um ano)
Presença, enquanto deprimido de duas ou mais das seguintes características:
Apetite diminuído ou hiperfagia
Insônia ou hipersonia
Baixa energia ou fadiga
Baixa auto-estima
Fraca concentração e dificuldade em tomar decisões
Sentimentos de desesperança
Critérios de exclusão (ausência de episódio depressivo maior; jamais houve episódio
maníaco, episódio misto ou episódio hipomaníaco e jamais foram satisfeitos os critérios
de Transtorno ciclotímico; não ser transtorno psicótico crônico; não deve ser efeito
fisiológico direto de substância ou condição médica geral)
Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no
funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes na vida do
indivíduo.

57
Categorias encontradas na literatura
clínica
Preocupação com especificação de outras características dos indivíduos
Ex.: Características específicas de cultura (há também de idade e gênero)
Em algumas culturas
Amplamente vivenciada em termos somáticos em vez de tristeza e
culpa
Culturas latinas e mediterrâneas
“nervosismo”
Dores de cabeça
Culturas chinesas e asiáticas
Fraqueza
Cansaço
“desequilíbrio”
Culturas do Oriente Médio
Problemas “do coração”

Depressão (o que deve ser observado)

como redução na freqüência de certos comportamentos


Inatividade
Pessoa deprimida é capaz de ficar sentada em silêncio, ou na cama
por longos períodos
Latência de resposta a perguntas é aumentada
Andar e atuação em tarefas rotineiras mais lentos
Fala (ainda que ocorra) lentificada
Contar histórias divertidas
Escrever cartas Antes, ocorriam
Fazer relatórios freqüentemente e agora
ocorrem raramente
Falar livremente

58
Depressão (o que deve ser observado)

Beck:
Representativa redução na gratificação
Ferster:
Estreita relação entre a freqüência das atuações de uma
pessoa e a perda de reforçadores (extinção)
Redução nas atividades levaria a baixa taxa de
reforçamento

Baixa freqüência de Baixa taxa de


respostas reforçamento

Skinner, 1987
What is wrong with Daily life in the Western World?

Coisas reforçadoras são relatadas como


prazerosas
Reforçam porque são gostosas ou
São gostosas porque reforçam
No entanto, são reforçadoras e são gostosas
por causa da evolução da espécie
Deve ser feita uma distinção entre agradar
e reforçar

59
What is wrong with Daily life in the Western World?

Quando nos sentimos agradados não


estamos necessariamente sentindo um
aumento na probabilidade de repetirmos a
resposta que produziu o “agrado”
Um evento reforçador é aquele que aumenta
a probabilidade da resposta que o produziu
Práticas culturais corroeram ou destruíram
certas relações entre organismo e ambiente

What is wrong with Daily life in the Western World?

Práticas culturais
Evoluíram primeiramente por causa do efeito
agradável do reforçamento
Mas muito do efeito reforçador foi perdido

60
5 práticas culturais que corroeram a
relação entre organismo e ambiente

1. A alienação do trabalhador do produto do


seu trabalho
Pessoas trabalham por salário, mas a grande
parte do que produzem não reforça seu
comportamento
(operário produz carro que não vai usar, por exemplo)
Empregadores têm que usar sanções aversivas
para que os trabalhadores façam seus trabalhos

5 práticas culturais que corroeram a


relação entre organismo e ambiente

2. Pessoas pagam outras pessoas para


produzirem o que elas consomem
Evitam a parte aversiva do trabalho
Perdem a parte reforçadora dele

61
5 práticas culturais que corroeram a
relação entre organismo e ambiente

3. Pessoas fazem muitas coisas por conselhos


mas somente porque conseqüências
reforçadoras seguiram-se quando elas
obedeceram outros conselhos
Evitam o custo de explorar novas contingências
Perdem os reforçadores da descoberta

5 práticas culturais que corroeram a


relação entre organismo e ambiente

4. Observando regras e obedecendo leis, as


pessoas evitam punição tanto pelos seus
conhecimentos, pelo governo ou pela
religião
As conseqüências pessoais que justificam as
regras ou leis são indiretas e usualmente adiadas
longamente (ir para o céu, por exemplo)

62
5 práticas culturais que corroeram a
relação entre organismo e ambiente

5. As pessoas olham para coisas bonitas,


ouvem músicas bonitas, e assistem a
entretenimentos excitantes
Mas os únicos comportamentos reforçados são
Olhar,
Ouvir e
Assistir

5 práticas culturais que corroeram a


relação entre organismo e ambiente

Resultados dessas práticas:


A despeito dos privilégios da cultura
ocidental, as pessoas tornam-se
Entediadas
Indiferentes
Deprimidas (distímicas)

63
Depressão (o que deve ser observado)

Aumento na freqüência de respostas de fuga


/esquiva
Queixas (não consigo dormir,
sinto-me péssimo)
Reforçadas pela
Pedidos de ajuda retirada de alguma
atividade indesejada
Cansaço
Doença

Depressão (o que deve ser observado)

Esquiva impede o comportamento


positivamente reforçado
Queixar-se remove Ida a festa
(esquiva)

Atenção

Diversão
Contato social
Afetos

64
Depressão (o que deve ser observado)

Repertório da pessoa deprimida é passivo


Falta de iniciativa
Seguimento de ordens Indicam preponderância de
controle aversivo sobre o
Ausência de sugestões comportamento

Silêncio

Desamparo:
Experimento de Seligman

Cães em gaiolas acopladas –


choque de tempos em tempos
Sujeito 1: pode emitir uma
resposta que elimina o choque
Empurrar uma placa lateral
com a cabeça

Sujeito 2: não pode fazer nada


Só o outro pode desligar o
choque
Sujeito 3: só é colocado na
caixa experimental, sem
choque

65
Desamparo:
Experimento de Seligman

Caixa 1: controlabilidade sobre o choque


MESMA QUANTIDADE
DE CHOQUES

MESMO AMBIENTE
(cabeça do cachorro desliga o choque)
Caixa 2: quem controla o desligamento do
choque é o movimento do cachorro da
caixa 1 (incontrolabilidade)
Caixa 3: sem choque (Grupo não tratado)

Teste:

Choque elétrico escapável numa caixa com barreira:


saltos para o outro lado desligam o choque elétrico

66
Resultados na caixa com barreira
(situação nova):

Grupo 1 (controlabilidade): aprendem a


desligar o choque rapidamente
Grupo 3 (não tratado): aprendem a desligar
o choque rapidamente
Grupo 2 (incontrolabilidade): não aprendem
a desligar o choque, ou aprendem muito
mais tarde em relação aos outros dois grupos

Desamparo:
Experimento de Seligman

sujeitos que tinham um história anterior de choques


inescapáveis
Em um situação nova, na qual eles poderiam controlar
o choque (por exemplo, saltando uma barreira)
Assim que choque é apresentado
Param de se mexer;
Deitam-se e gemem mansamente.
Após um minuto o choque é desligado;
o cão não consegue saltar a barreira e não escapa do choque.

67
Willner, Towell, Sampson, Sophokleus e Muscat
(1987)

Chronic Mild Stress (CMS)


investiga um possível efeito da exposição a
estressores suaves e crônicos (isoladamente, não
produzem efeito a longo prazo)
produziram, em ratos, decréscimo no consumo de
líquido e na preferência por água com sacarose
após submissão a um protocolo de estressores
suaves por seis semanas
Resultado interpretado como anedonia -
insensibilidade à recompensa

“estresse” = “alterações ambientais


aversivas”
O Chronic Mild Stress
interessante para a Análise do Comportamento
investiga o efeito da submissão a alterações ambientais
aversivas sobre o comportamento.

Anedonia
psicofarmacologistas = perda da sensibilidade à recompensa
analistas do comportamento = mudança na relação do
sujeito com o ambiente, em que há uma alteração no valor
reforçador de determinados estímulos devida à exposição do
sujeito a alterações ambientais aversivas.

68
Thomaz, 2001

Operante 4 semanas 6 3 semanas


(6 e 7) sem.
FR15 FR15 CMS FR15 FR15

Água pura Água + Água pura Água +


sacarose sacarose
Replicação 6
Willner & cols. sem.
(5 e 8) CMS

D is t r ib u i ç ã o s e m a n a l d o s e s t r e s s o r e s e t e s t e d e c o n s u m o d e líq u i d o

ª ª ª ª ª
HORA 5 F E IR A 6 F E IR A SÁBAD O D O M IN G O 2 F E IR A 3 F E IR A 4 FE IR A
0 0 :0 0
0 1 :0 0
0 2 :0 0
0 3 :0 0
testes semanais de consumo 0 4 :0 0

de líquido durante todo o 0 5 :0 0


0 6 :0 0
experimento. 0 7 :0 0
0 8 :0 0
com duas garrafas (água e 0 9 :0 0

água com sacarose) 1 0 :0 0


1 1 :0 0

Protocolo de alterações 1 2 :0 0
1 3 :0 0
ambientais (CMS): 1 4 :0 0
1 5 :0 0
inclinação da gaiola; luz 1 6 :0 0

estroboscópica; gaiola 1 7 :0 0
1 8 :0 0
suja; barulho 1 9 :0 0
intermitente; iluminação 2 0 :0 0
2 1 :0 0
contínua; garrafa de 2 2 :0 0
água vazia após 2 3 :0 0

privação; objeto IN C L IN A Ç Ã O D A G A IO L A O B JE T O E S T R A N H O :
estranho na gaiola;
L U Z E S T R O B O S C Ó P IC A : A G R U P A M E N T O D E D O IS S U J E IT O S :
agrupamento de dois
G A IO L A S U JA : A C E S S O R E S T R IT O A C O M ID A :
sujeitos; acesso restrito
a comida após período B A R U L H O IN T E R M IT E N T E : C H E IR O :

de privação; odor na L U Z C O N T ÍN U A : P R IV A Ç Ã O D E C O M ID A :
sala e privação de G A R R A F A V A Z IA : T E S T E D E C O N S U M O D E L ÍQ U ID O :
comida.

69
replicação
SUJEITO 05 SUJEITO 08
45 45
40 40
35 35
30 30 sacarose
25 sacarose 25
20 20 água
água
15 15
10 10
5 5
0 0
1 3 5 7 9 11 13 1 3 5 7 9 11 13

operante
SUJEITO 06 S U J E IT O 0 7
45 45
40 40
35 35
30 30
25 sacarose 25 s ac aros e

20 água 20 água
15 15
10 10
5 5
0 0
1 3 5 7 9 11 13 1 3 5 7 9 11 13

ANSIEDADE

70
ANSIEDADE EM SERES HUMANOS

1. Impossibilidade evidente de fuga


(pânico)
2. Antecipação da punição
(fobias, TOC, “doenças psicossomáticas”,
transtorno do stress pós-traumático)
3. Separação do apoio
(“insegurança”, timidez, agorafobia, fobia
social)

MODELOS DE ANSIEDADE
RESPOSTAS INCONDICIONADAS RESPOSTAS CONDICIONADAS

OPEN FIELD SUPRESSÃO CONDICIONADA

LABIRINTO ELEVADO CONTRÔLE SITUAÇÃO AVERSIVA

(ESQUIVA)

CLARO-ESCURO CONFLITO

INTERAÇÃO SOCIAL RESP. DE ENTERRAR CS-

AGRESSÃO RESP. ALARME POTENCIADA POR


CS-

ODOR DE PREDADOR

71
72
ANSIEDADE
SUPRESSÃO CONDICIONADA

• ESTÍMULO NEUTRO, QUE PRECEDE UM OUTRO ESTÍMULO,


ESTE SEGUNDO AVERSIVO
• TEMPO SUFICIENTE PARA MUDANÇAS COMPORTA-MENTAIS
• FORTES RESPOSTAS EMOCIONAIS (AVERSIVAS ELAS PRÓPRIAS)
• COMPORTAMENTO DE ESQUIVA
• INTERFERÊNCIA COM O COMPORTAMENTO OPERANTE

73
Um outro paradigma: esquiva não
sinalizada (Sidman)
Dados:
um choque elétrico liberado em um tempo fixo (por
exemplo 60 segundos)
Uma resposta (p.ex., pressão à barra) que, caso ocorra
pospõe a ocorrência do choque por mais 60 segundos
(resposta de esquiva)
Nenhum aviso exteroceptivo (não sinalizado)
Processo:
Eventualmente o animal pressiona a barra. O choque é
posposto, o que torna “Pressão à barra” nunca associada à
apresentação de choque. A própria pressão à barra passa a
sinalizar um “período de segurança” (ausência de choque).

74
Um outro paradigma: esquiva não
sinalizada (Sidman)
Processo 2:
Respostas à barra gradativamente passam a ocorrer
próximas ao período programado para a liberação dos
choques
Resultado:
Mesmo com a suspensão da liberação dos choques, o
animal continua respondendo em tempo inferior ao
anteriormente designado para programar os choques.
Se impedido de apresentar a resposta, o animal apresenta
intensa agitação e agressividade, com respondentes
descritos como ansiedade.

Um outro paradigma: esquiva não


sinalizada (Sidman)

Tem sido utilizada enquanto modelo


experimental dos rituais do transtorno
obsessivo-compulsivo

75
ESQUIZOFRENIA

Inibição Latente

Um estímulo que tenha sido previamente


apresentado, sem função, no ambiente do
indivíduo, levará mais tempo para participar
como estímulo condicionado em um
pareamento pavloviano que um estímulo
novo.
A pré-exposição ao estímulo resulta em uma
habilidade diminuída para adquirir uma nova
associação àquele estímulo

76
Inibição latente e patologia
comportamental
1. Inibição latente fornece uma ferramenta útil
para o exame de processamento de
informações básicas em certos grupos de
humanos
(esquizofrênicos e hiperativos não apresentam
inibição latente)
2. Pode ajudar a explicar por que certas técnicas
não são efetivas como seria de esperar
Por exemplo, condicionamento aversivo de gosto em
tratamentos para drogas de abuso, como o álcool. O
álcool, por ter sido apresentado várias vezes sem a
aversão, levaria um tempo maior para tornar-se um
CS para o US (substância que provoca aversão)

Inibição latente e patologia


comportamental
3. Tem sugerido técnicas que podem ser efetivas
em tratamentos profiláticos em medos e
fobias.
Imunização a alguns estímulos que freqüentemente
produzem medo e fobia tais como dentistas,
hospitais, procedimentos médicos (a pré-exposição a
esses estímulos, sem o pareamento com o estímulo
aversivo preveniria o desenvolvimento da fobia)
4. Faz decrescer efeitos colaterais indesejados em
quimio ou radioterapias
Tais como aversão a comida.

77
OUTRAS
PSICOPATOLOGIAS

Vários outros modelos

Medo
Violência
Epilepsia
Impulsividade
Etc.

78
Bibliografia consultada (e recomendada)

Abramson, L.Y and Seligman, M.E.P. (1977). Modeling psychopathology in the laboratory: history and rationale. In J.D.
Maser and M.E.P. Seligman (Eds.). Psychopathology: experimental models. Overview, 1-26. San Francisco: W.H.
Freeman and Co.
Ayres, J.J.B. (1998). Fear conditioning and avoidance. In W. O´Donohue (Ed.) Learning and behavior therapy, Chapter
7, 122-145. Boston: Allyn & Bacon.
Branch, M.C. & Hackenberg, T.D. (1998). Humans are animals too: connecting animal research to human behavior and
cognition. In W. O´Donohue (Ed.) Learning and behavior therapy, Cap. 2, 15-35. Boston: Allyn & Bacon.
Cunningham, C.L. (1998) Drug Conditioning and drug-seeking behavior. In W. O´Donohue (Ed.) Learning and behavior
therapy, chapter 26, 518-544. Boston: Allyn & Bacon.
Davidson, T.L. and Benoit, S.C. (1998). Learning and eating. In W. O´Donohue (Ed.) Learning and behavior therapy,
Chapter 25, 498-517. Boston: Allyn & Bacon.
Davis, H. (1979). Behavioral anomalies in aversive situations. In J.D. Keehn (Ed.). Psychopathology in animals:
research and clinical implications. Chapter 8, 197-222. New York: Academic Press.
Deakin, J.F.W. (1991). The clinical relevance of animal models of depression. In P. Willner (ed.). Behavioural models in
psychopharmacology: theoretical, industrial and clinical perspectives. Chapter 7, 157-174. Cambridge: Cambridge
University Press.
Dess, N.K. (2001). Eating, emotion, and the organization of behavior. In M.E. Carroll and B. Overmier (Eds.). Animal
research and human health: advancing human welfare through behavioral science. Chapter 3, 29-39.
Washington: APA.
Ellison, G.D. (1979). Animal models of psychopathology: studies in naturalistic colony environments. In J.D. Keehn
(Ed.). Psychopathology in animals: research and clinical implications. Chapter 4, 81-101. New York: Academic
Press.
Escorihuela, R.M. y Fernández-Teruel, A. (1998). Modelos animales en psicopatología y psicofarmacología: Del análisis
experimental de la conducta a la neurogenética. Psicologia Conductual, 6(1), 165-191.
Falk, J.L. & Kupfer, A.S (1998). Adjunctive behavior: application to the analysis and treatment of behavior problems. In
W. O´Donohue (Ed.) Learning and behavior therapy, Cap. 16, 334-351. Boston: Allyn & Bacon.

Forsyth, J.P. (1999) A process-oriented behavioral approach to the etiology, maintenance, and treatment of anxiety-
related disorders. In M.J. Dougher (ed.) Clinical Behavior Analysis. Chapter. 7, 153-180. Reno: Context Press.
Fuller, J.L. (1979). Genetic analysis of deviant behavior. In J.D. Keehn (Ed.). Psychopathology in animals: research and
clinical implications. Chapter 3, 61-79. New York: Academic Press.
Hartnoll, R. (1991). The relevance of behavioural models of drug abuse and dependence liabilities to the
understanding of drug misuse in humans. In P. Willner (ed.). Behavioural models in psychopharmacology:
theoretical, industrial and clinical perspectives. Chapter 19, 503-519. Cambridge: Cambridge University Press.
Hothersall, D. and Tuber, D.S. (1979). Fears in companion dogs: characteristics and treatment. In J.D. Keehn (Ed.).
Psychopathology in animals: research and clinical implications. Chapter 10, 239-255. New York: Academic Press.
Keehn, J.D. (1979). Psychopathology in animal and man. In J.D. Keehn (Ed.). Psychopathology in animals: research
and clinical implications. Chapter 1, 1-27. New York: Academic Press.
Levis, D.J. (1979). The infrahuman avoidance model of symptom maintenance and implosive therapy. In J.D. Keehn
(Ed.). Psychopathology in animals: research and clinical implications. Chapter 11, 257-277. New York: Academic
Press.
Logue, A.W. (1998). Self-control. In W. O´Donohue (Ed.) Learning and behavior therapy, Chapter 13, 252-273. Boston:
Allyn & Bacon.
LoLordo, V.M. (2001). Learned helplessness and depression. In M.E. Carroll and B. Overmier (Eds.). Animal research
and human health: advancing human welfare through behavioral science. Chapter 5, 63-77. Washington: APA.
Lubow, R.E. (1998). Latent inhibition and behavior pathology: prophylactic and other possible effects of stimulus
preexposure. In W. O´Donohue (Ed.) Learning and behavior therapy, Chapter 6, 107-121. Boston: Allyn & Bacon.
Marcuse, F.L. and Pear, J.J. (1979). Ethics and animal experimentation: personal views. In J.D. Keehn (Ed.).
Psychopathology in animals: research and clinical implications. Chapter 13, 305-329. New York: Academic Press.
Marks, I. (1977). Clinical phenomena in search of laboratory models. In J.D. Maser and M.E.P. Seligman (Eds.).
Psychopathology: experimental models. Model 5, 174-213. San Francisco: W.H. Freeman and Co.

79
Miczek, K.A. (2001). Research on animal aggression: emerging successes for understanding determinants of human
violence. In M.E. Carroll and B. Overmier (Eds.). Animal research and human health: advancing human welfare
through behavioral science. Chapter 4, 41-61. Washington: APA.
Miller, W.R., Rosellini, R.A. and Seligman, M.E.O. (1977). . Learned helplessness and depression. In J.D. Maser and
M.E.P. Seligman (Eds.). Psychopathology: experimental models. Model 3, 104-130. San Francisco: W.H. Freeman
and Co.
Montgomery, A.M.J. (1991). Animal models of eating disorders. In P. Willner (ed.). Behavioural models in
psychopharmacology: theoretical, industrial and clinical perspectives. Chapter 8, 177-214. Cambridge: Cambridge
University Press.
Morrison, A.R. (2001). A scientist’s perspective on the ethics of using animals in behavioral research. In M.E. Carroll
and B. Overmier (Eds.). Animal research and human health: advancing human welfare through behavioral
science. Chapter 22, 341-356. Washington: APA.
Overmier, J.B. (1992). On the nature of animal models of human behavioral dysfunction. In J.B. Overmier and P.D.
Burke (Eds.). Animal models of human pathology: A quarter century on behavioral research, 1967-1992.
Bibliographies in Psychology, 12, vii-xiv
Siegel, R.K. (1979). Natural animal addictions: an ethological perspective. In J.D. Keehn (Ed.). Psychopathology in
animals: research and clinical implications. Chapter 2, 29-60. New York: Academic Press.
Siegel, S. (1979). The role of conditioning in drug tolerance and addiction. In J.D. Keehn (Ed.). Psychopathology in
animals: research and clinical implications. Chapter 6, 143-168. New York: Academic Press.
Silva, M.T.A. (2003). Modelos comportamentais em neurociências. Tese de livre docência apresentada ao
Departamento de Psicologia da USP, São Paulo – SP.
Suomi, S.J. and Harlow, H.F. (1977). Production and alleviation of depressive behaviors in monkeys. In J.D. Maser and
M.E.P. Seligman (Eds.). Psychopathology: experimental models. Model 4, 131-173. San Francisco: W.H. Freeman
and Co.

Thomaz, C.R.C. (2001). O efeito da submissão ao Chronic Mild Stress (CMS) sobre o valor reforçador do estímulo.
Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-graduados em Psicologia Experimental: Análise do
Comportamento. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Williams, D.A., Johns, K.W. and Norton, G.R. (1998). Conditioned inhibition and its applications in panic and obsessive-
compulsive disorders. In W. O´Donohue (Ed.) Learning and behavior therapy, Chapter 5, 85-106. Boston: Allyn &
Bacon.
Willner, P. (1991). Animal models of depression. In P. Willner (ed.). Behavioural models in psychopharmacology:
theoretical, industrial and clinical perspectives. Chapter 5, 91-125. Cambridge: Cambridge University Press.
Wilson, K.G. & Blackledge, J.T. (1999) Recent developments in the behavioral analysis of language: making sense of
clinical phenomena. In M.J. Dougher (ed.) Clinical Behavior Analysis. Cap. 2, 27-46. Reno: Context Press.

80

Você também pode gostar