Hipertensão Arterial PDF
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Os valores da pressão arterial de cada indivíduo são determinados pela pressão a que o
sangue circula nas artérias do organismo, em consequência da acção de bombeamento que
o coração efectua por pulsação. Assim, de cada vez que o coração se contrai (sístole), o
sangue é expelido através da artéria aorta. A pressão máxima atingida durante a expulsão do
sangue é a chamada pressão sistólica (pressão máxima). Em seguida, a pressão dentro das
artérias vai descendo à medida que o coração se relaxa. A pressão mais baixa atingida é a
chamada pressão diastólica (pressão mínima).
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medição, só pela presença do médico (reacção de alarme), sendo então chamada de
“hipertensão de bata branca”.
Considera-se que um indivíduo é hipertenso quando tem uma pressão arterial repetidamente
superior ou igual a 140mmHg para a sistólica e/ou 90mmHg para a diastólica. No entanto,
para certos doentes, como os diabéticos ou renais ou já com doença cardiovascular,
recomenda-se que tenham valores inferiores a 130/80mmHg. Não existe uma definição
claramente estabelecida para os valores da pressão arterial nas crianças. No entanto,
considera-se, geralmente, que os valores tensionais acima 110/70 mmHg, devem ser
considerados suspeitos, antes dos 10 anos de idade.
Com a idade a pressão arterial tem tendência a subir. Todavia a pressão arterial elevada no
idoso não deve ser considerada normal.
RISCOS da HIPERTENSÃO ARTERIAL
A hipertensão arterial é um factor de risco importantíssimo de doença cardiovascular, e a
principal causa de morte e incapacidade no nosso País. Hoje, reconhece-se que a adopção de
um estilo de vida saudável pode prevenir, pelo menos em parte, o aparecimento de HTA. Por
outro lado, sabe-se que existe um enorme potencial para reduzir a incidência de doença e de
morte cardiovascular se a HTA for detectada precocemente e controlada adequadamente.
Está bem demonstrado que uma pressão arterial sistólica (PAS) superior a 160mmHg ou uma
diastólica (PAD) superior a 95mmHg, triplicam o risco de acidente vascular cerebral,
duplicando também o risco de doença coronária.
Nos primeiros anos, a HTA não provoca geralmente quaisquer sintomas ou sinais de doença,
à excepção dos valores tensionais elevados detectáveis através da medição da pressão
arterial, o que levou a que se apelidasse a HTA de “assassino silencioso”.
Contudo, com o decorrer dos anos, a pressão arterial acaba por lesar os vasos sanguíneos e
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Esta doença pode levar a graves lesões dos órgãos vitais, tais como:
• A parede arterial enfraquecida pela pressão arterial elevada pode ceder e dilatar-se,
formando um pequeno balão, que chamamos aneurisma. Se isto acontecer, na artéria
aorta ou numa artéria do cérebro, poderá ocorrer uma crise cardiovascular que põe em
risco a vida do indivíduo.
• A HTA obriga o coração a trabalhar mais para bombear o sangue através dos vasos. Este
maior esforço leva o coração a hipertrofiar-se e, finalmente, a dilatar-se. Como consequência
pode surgir insuficiência cardíaca (quando o coração já não consegue bombear sangue
suficiente para satisfazer as necessidades do organismo). Por outro lado, o fluxo de sangue
ao músculo cardíaco pode tornar-se insuficiente surgindo angina de peito.
Em estudos realizados nos Centros de Saúde, a HTA secundária, ou seja, com causa
detectável, costuma ser inferior a 5%. No entanto, em certas séries hospitalares que recebem
doentes mais graves, essa percentagem é superior.
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TUDO O QUE DEVE SABER SOBRE A HIPERTENSÃO ARTERIAL
Por este motivo (95% sem causa identificada), não é apropriado nem desejável, e nem
sequer possível, investigar a causa em todos os indivíduos com HTA. Contudo, em casos
seleccionados, especialmente os doentes resistentes à terapêutica, os casos mais graves e os
hipertensos jovens, ou em que se levante qualquer suspeita clínica, devem ser investigados,
no sentido de detectar causas curáveis de hipertensão. Como nestes casos a cura da doença
é possível, os exames para pesquisa da causa de HTA devem, por isso, ser realizados se
houver sinais ou sintomas suspeitos.
Não devemos esquecer que os factores hereditários não são modificáveis, mas o estilo de
vida é. A adopção de um estilo de vida saudável não só é benéfico em termos de
prevenção e controlo da HTA, como de diversas outras doenças não transmissíveis (cancro
ou diabetes) e bem assim da saúde em geral. Existe todo um conjunto de erros no estilo
de vida que condicionam, nos indivíduos susceptíveis, o aparecimento e/ou o
agravamento da HTA ou suas complicações:
• Excesso de consumo de sal A maior parte dos Portugueses consome sal em excesso.
O consumo de sal em Portugal era, até há poucos anos, superior em mais de duas vezes
ao consumo médio “per capita” dos outros países do Mercado Comum Europeu.
Pensa-se que o consumo excessivo e desnecessário de sal contribui para o
desenvolvimento da HTA nos países industrializados (as civilizações que não consomem
sal, não sofrem de hipertensão)
• Excesso de peso corporal A HTA é muito mais frequente nos indivíduos com excesso
de peso e obesos e está, nestes indivíduos, associada a outros factores de risco
cardiovascular. Está calculado que uma redução de 5 Kg no peso corporal se acompanha
de um descida da pressão arterial de 10 mmHg para a pressão sistólica e de 5 mmHg
para a diastólica. Esta descida permite controlar a maioria dos hipertensos ligeiros.
• Excesso de álcool Sabe-se hoje que três ou mais copos de vinho (ou o equivalente em
outras bebidas alcoólicas) contribui para elevar a pressão arterial. Está bem demonstrado
que, quando se reduz o consumo de álcool, a pressão arterial desce.
mmHg. A actividade física proporciona outros benefícios tais como, ajudar a controlar o
peso, reduzir a tensão provocada pelo stress, condicionar um sono mais profundo,
TUDO O QUE DEVE SABER SOBRE A HIPERTENSÃO ARTERIAL
• Doenças do rim:
Nem todas as doenças renais se associam a HTA mas, por outro lado, elas são a principal
causa de HTA secundária conhecida, sobretudo as doenças do parênquima renal. A
estenose (estreitamento) da artéria renal é uma causa relativamente rara, mas que se
diagnosticada, pode, em muitos casos, ser curada cirurgicamente ou, mais recentemente,
por angioplastia (dilatação da artéria estreitada, com um catéter que tem um balão
insuflável na ponta, ao jeito do que se faz para a doença coronária).
• Doenças endócrinas
São muito raramente causa de hipertensão. As mais frequentes actuam através de uma
produção hormonal aumentada pelas suprarenais, geralmente por um tumor que pode ser
removido cirurgicamente, como por exemplo, o hiperaldosteronismo primário, o
feocromocitoma ou mesmo a síndrome de Cushing.
• Doença iatrogénica:
Anticonceptivos orais. Quase todas as mulheres que tomam a pílula sofrem uma elevação,
mesmo que ligeira, da pressão arterial. Num pequeno número de casos, essa elevação
pode ser considerável e levar a HTA.
DETECÇÃO e CONTROLO
da HIPERTENSÃO ARTERIAL
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TUDO O QUE DEVE SABER SOBRE A HIPERTENSÃO ARTERIAL
Os benefícios da detecção precoce e do controlo da HTA na comunidade estão bem
demonstrados.
Detecção precoce: Existem motivos importantes que justificam que os Portugueses devam
medir a pressão arterial regularmente:
• A HTA não tratada implica um risco elevado de doença cardiovascular que pode progredir,
silenciosamente, durante anos.
• Cerca de 3,3 milhões de Portugueses são hipertensos. Estima-se que 46% destes, ou seja,
mais de 1,5 milhões nem sequer saibam que são hipertensos. Todavia estes números
representam já algum avanço nestes últimos anos, pois há quinze ou vinte anos só 5 ou 6
em cada 100 doentes hipertensos estavam bem tratados. Com base nos motivos atrás
apontados, todos os adultos devem medir a sua pressão arterial, pelo menos uma vez por
ano, se ela for normal (isto aplica-se com maior razão aos indivíduos obesos, diabéticos,
fumadores, ou com história de doença cardiovascular na família).
Quem deve MEDIR a PRESSÃO ARTERIAL ?
A medição da pressão arterial, embora seja um acto relativamente
simples e fácil de aprender, deve ser efectuada com todo o
cuidado e rigor por médicos, enfermeiros e outras pessoas
devidamente treinadas. Todavia, para facilitar a medição e a
detecção de casos não suspeitos, cada vez mais se defende o fácil
acesso à medição da tensão arterial, inclusive com aparelhos
automáticos colocados em locais públicos (farmácias ou
supermercados, por exemplo).
Qualquer eventual alteração encontrada deve, todavia, ser depois confirmada ou não, por um
médico ou outro profissional de saúde.
O que é necessário?
O esfigmomanómetro de mercúrio é, sem dúvida, o equipamento que proporciona maior
confiança e rigor na medição da pressão arterial. Ele é o padrão contra o qual todos os outros
equipamentos, por mais sofisticados que sejam, devem ser comparados. Dispõe-se, hoje em
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dia, de equipamentos semi-automáticos que, desde que bem calibrados, podem tornar mais
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Como medir?
Uma boa regra é a de medir primeiro a pressão arterial sistólica pelo método da palpação da
artéria radial, no pulso. Só depois se deve passar ao método auscultatório, medindo a pressão
arterial sistólica (aparição dos sons) e a pressão arterial diastólica (desaparição dos sons).
Para efectuar uma medição com valor diagnóstico, é fundamental respeitar o seguinte:
o ambiente deve ser calmo e confortável.
No resto do dia, esses indivíduos podem ter pressão arterial dentro dos limites do normal. É por
isso lógico pensar que os valores da pressão arterial medida em casa são mais representativos
da sobrecarga tensional do que as medições feitas em consulta médica. É por isso vantajoso
que os médicos, em casos seleccionados, se apoiem nas medições efectuadas em casa pelo
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doente, para decidir sobre o diagnóstico e tratamento. Isto é particularmente importante nos
Em clínicas melhor apetrechadas estão a ser cada vez mais utilizados pressurómetros
automáticos, ambulatórios, que permitem medir a pressão arterial do indivíduo durante as
suas actividades habituais, no seu ambiente quotidiano. É possível, deste modo, ter uma
informação muito detalhada, da verdadeira sobrecarga tensional a que o aparelho
cardiovascular desse indivíduo está submetido, ao longo das 24 horas do dia.
TRATAMENTO da HIPERTENSÃO
Diversos ensaios clínicos mostram que o tratamento farmacológico é verdadeiramente eficaz
no controlo da hipertensão e redução das suas complicações.
Embora os fármacos anti-hipertensores devam ser prescritos sem hesitação nos doentes com
hipertensão moderada a grave (PAD >105 mmHg), já o mesmo não se passa nos casos com
HTA ligeira.
Nestes doentes, deve-se sempre começar por fazer um período inicial de avaliação
diagnóstica cuidadosa e iniciar-se um programa de medidas não farmacológicas.
Verifica-se em muitos casos uma descida espontânea da pressão arterial, relacionada com a
habituação do doente às manobras de medição e ao médico. A instituição de medidas não
farmacológicas vai trazer só por si enormes benefícios ao doente, não só em termos de descida
da tensão, como também de correcção de outros factores de risco cardiovascular: obesidade,
hiperlipidémia, diabetes, tabagismo, sedentarismo, erros alimentares, alcoolismo, etc.
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pressão arterial sem provocar quaisquer efeitos
Finalmente, não esquecer que nem todos os doentes reagem da mesma maneira aos
diferentes fármacos anti-hipertensores. Um mesmo fármaco, que controla facilmente um
doente, pode causar efeitos secundários intoleráveis noutro. No entanto, dispomos hoje em
dia de um arsenal terapêutico em constante progresso que, quando judiciosamente
utilizado, permite controlar a hipertensão na esmagadora maioria dos casos, sem interferir
com o bem-estar do doente.
Setembro 2006