Apostila Curso de PPRA 2017

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Fundacentro – ES

CURSO

COMO ELABORAR E GERÊNCIAR O


PROGRAMA DE PREVENÇAO DE RISCOS
AMBIENTAIS – PPRA

2017
Fundacentro – ES

Apostila utilizada no curso “Como


Elaborar e Gerenciar o PPRA”,
organizada pelo tecnologista da
Fundacentro - Antônio Carlos Garcia
Junior.

2017
SUMÁRIO
1. OBJETIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO ..................................................................... 1
1.1. A estrutura do PPRA ...................................................................................................... 1
2. A RELAÇÃO TRABALHO SAÚDE.............................................................................. 2
2.1. O Homem e o Trabalho .................................................................................................. 2
2.2. O Ambiente de Trabalho ................................................................................................ 3
2.3. A Organização do Trabalho .......................................................................................... 4
3. DO DESENVOLVIMENTO DO PPRA .......................................................................... 4
4. PROCESSO DE AVALIAÇÃO E GERENCIAMENTO DE RISCOS ............................ 6
4.1. Conceito sobre Risco ..................................................................................................... 8
4.2. Classificação dos Fatores de Riscos......................................................................... 9
4.3. A Análise de Riscos como Instrumento de Controle Ambiental ...................... 11
4.4. Etapas de um Estudo de Analise de Risco ............................................................ 12
5. INSPEÇÕES NOS LOCAIS DE TRABALHO ............................................................ 15
5.1. Tipos de inspeção ......................................................................................................... 15
5.2. Como fazer uma inspeção .......................................................................................... 15
5.3. Fazendo uma lista de verificação ............................................................................. 16
6. TÉCNICAS PARA IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS .................................................. 16
6.1. Análise Preliminar de Perigos (APP) ....................................................................... 17
6.2. Análise de Perigos e Operabilidade (HazOp)......................................................... 18
6.3. Consolidação dos cenários acidentais ................................................................... 19
6.4. Estimativa dos efeitos físicos e avaliação de vulnerabilidade ......................... 20
7. METODOLOGIAS DE RECONHECIMENTO E AVALIAÇÃO QUALITATIVA DOS
FATORES DE RISCO ....................................................................................................... 21
7.1. Probabilidade de Ocorrência e Gravidade do Dano ............................................ 21
7.2. Medidas de controle Existentes ................................................................................ 25
7.3. Estimativa do Risco ...................................................................................................... 26
8. DOCUMENTO BASE ................................................................................................. 28
8.1. Capa e folha de rosto do Documento ...................................................................... 28
8.2. Sumário ............................................................................................................................ 29
8.3. Introdução do PPRA ..................................................................................................... 29
8.4. Identificação da Empresa ............................................................................................ 30
8.5. Política de Segurança da Empresa........................................................................... 30
8.6. Responsabilidades ....................................................................................................... 30
8.7. Atividades da Empresa ................................................................................................ 31
8.8. Ciclo Produtivo .............................................................................................................. 31
8.9. Caracterização dos Riscos ......................................................................................... 31
8.10. Conclusões e Recomendações ................................................................................. 33
8.11. Plano Anual ..................................................................................................................... 35
8.12. Dos Prazos ...................................................................................................................... 36
9. CONTROLE DOS RISCOS ........................................................................................ 36
9.1. Inviabilidade técnica ou econômica ......................................................................... 37
9.2. Hierarquia do Controle................................................................................................. 37
9.3. Avaliação das medidas de controle ......................................................................... 38
9.4. Do nível de Ação ............................................................................................................ 39
9.5. Monitoramento ............................................................................................................... 39
9.6. Registro dos dados....................................................................................................... 39
9.7. Das Responsabilidades ............................................................................................... 39
9.8. Das Informações ............................................................................................................ 40
9.9. Das disposições finais ................................................................................................. 40
10 GERENCIAMENTO DE RISCOS..................................................................................40
10.1 Levantamento da situação atual...........................................................................41
10.2 Politica de segurança.............................................................................................41
10.3 Planejamento...........................................................................................................42
10.4 A implantação e Operação.....................................................................................42
10.5 Verificação e ação corretiva..................................................................................44
10.6 Levantamento gerencial.........................................................................................45
11 AVALIAÇÃO GLOBAL DO PPRA................................................................................45
11.1 Métodos de Avaliação............................................................................................46
12 GERENCIAMENTO.....................................................................................................48
12. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .......................................................................... 49
Anexo 1 - NR 9...................................................................................................................50
Anexo 2- Exercício 1.........................................................................................................55
Anexo 3 Exercício 2..........................................................................................................57
1

1- OBJETIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO

Todos os empregadores brasileiros devem elaborar e executar no âmbito de suas


empresas um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, conforme previsto
na Norma Regulamentadora (NR 9) cujo objetivo é a preservação da saúde e a
integridade dos trabalhadores contratados. Por este aspecto todo empresa independente
do grau de risco e do numero de empregados deve cumprir esta determinação.

O PPRA deve fazer parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas da
empresa no campo de preservação da saúde e da integridade física dos trabalhadores,
como a prevenção de acidentes, a melhoria do conforto no trabalho, o controle dos riscos
ergonômicos e estar articulada com as demais NRs, em especial com o Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO – NR 7.

O PPRA deve ser elaborado prevendo ações de antecipação, reconhecimento,


avaliação e conseqüente controle dos agentes ambientais existentes ou que venham a
existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e
dos recursos naturais.

O PPRA apesar de seu caráter multidisciplinar é considerado essencialmente um


programa voltado para a higiene ocupacional (MIRANDA & DIAS, 2004).

1.1. A Estrutura do PPRA

O PPRA deverá conter, no mínimo, a seguinte estrutura (9.2.1):


a) Planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e cronograma;
b) estratégia e metodologia de ação;
c) forma de registro, manutenção e divulgação dos dados;
d) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA.

Pelo menos uma vez ao ano, ou sempre que necessário, deverá ser realizado uma
análise global do PPRA para avaliação do seu desenvolvimento e realização dos ajustes
necessários e estabelecimento de novas metas e prioridades (9.2.1.1).
O PPRA deverá ser descrito num documento-base contendo todos os aspectos
estruturais citados acima (9.2.2).
O documento base e suas alterações devem ser discutidos com a CIPA, quando
existente na empresa e uma copia deve ser anexada ao livro de atas desta comissão. E
sempre estar disponível para as autoridades competentes nos locais de trabalho para sua
analise de acompanhamento de sua execução.

O cronograma previsto na estrutura deverá indicar claramente os prazos e os


responsáveis para o desenvolvimento das etapas e cumprimento das metas do PPRA
(9.2.3).
2

2. A RELAÇÃO DE TRABALHO E SAÚDE

As condições de trabalho são percebidas, desde a antiguidade, como um dos


fatores mais importantes na determinação do processo saúde-doença. No século XVIII, o
médico Bernardino Ramazzini (1633-1714) relacionou com precisão a origem de
determinadas doenças em mais de 50 ocupações, registradas em seu livro De Morbis
Artificum Diatriba, traduzido em nossa língua como As Doenças dos Trabalhadores
(MENDES & DIAS, 1991). Todavia, após 150 anos de sua morte, as condições de
trabalho mudaram radicalmente e os problemas de saúde relacionados com o trabalho se
tornaram mais evidentes.
A Saúde do Trabalhador tem como objeto de estudo o processo saúde-doença
dos grupos humanos, em sua relação com o trabalho (MENDES & DIAS, 1991). Além de
objetivar a compreensão do “por que” e do “como” ocorrem às doenças e os acidentes do
trabalho, ainda pretende apresentar alternativas que possam romper o processo de
adoecimento, sempre na perspectiva da apropriação destes métodos pela classe
trabalhadora.
Esta complexidade torna a área de estudo da Saúde do Trabalhador um campo
interdisciplinar, em que há a necessidade de, segundo Nunes (2002), conjugar saberes
para uma abordagem mais profunda desta questão.
Por outro lado, a Saúde do Trabalhador precisa, cada vez mais, de progredir em
suas bases científicas, para desvendar como ocorrem nos grupos de trabalhadores, os
processos biológicos, psicológicos e sociais de desgaste e o surgimento das doenças.

2.1. O Homem e o Trabalho

A origem do homem se confunde com a origem do trabalho. O ato de pensar e agir


para alcançar um determinado fim de forma consciente e que se aprimora ao longo do
tempo é como denominamos o ato de trabalhar.
No inicio, acionado pela necessidade de sobrevivência em um ambiente hostil, o
homem produziu as primeiras ferramentas de pedra e teve na vida em grupo o
desenvolvimento do trabalho em equipe, este foi sem duvida o ponto de apoio para
superar suas fragilidades. Assim, ele arrancou a pele dos animais para superar suas
deficiências e sobreviver ao frio das eras glaciais, dominou o fogo o que facilitou a
digestão da carne e sua proteção dos predadores.
Segundo Wisner (1992) o homem é um animal complexo constituído por três
instâncias: o corpo físico, o aparelho cognitivo e o psíquico. Qualquer sobrecarga sobre
qualquer um destes aspectos poderá ter reflexo nos outros. Assim, quando olhamos a
exposição do homem aos diversos fatores de riscos nos ambientes de trabalho não
podemos analisar a exposição separadamente. A promoção da saúde no trabalho exige
que haja sempre um equilíbrio, evitando-se qualquer carga excessiva.
Cada ser humano carrega dentro de si uma historia genética que os torna único e
por isso mesmo, capaz de sofrer ou de reagir diferentemente dos outros aos diversos
agentes de riscos existentes no ambiente de trabalho. Assim, uma dose de uma
determinada substância, ou um determinado barulho pode causar danos diferentes em
cada pessoa, apesar de haver Limites de Tolerâncias (LT) estipulados por algumas
instituições de pesquisa, que empiricamente estabelece um nível médio de exposição
sob a qual a maioria das pessoas estaria protegida e não adoeceria.
3

É mais fácil visualizar na execução do trabalho as atividades que podem causar


danos no aspecto físico do homem, caso de acidentes, do que nos aspectos cognitivos e
psíquicos, mas é fundamental raciocinar que não é possível isolar ou separar o físico do
mental, ambos funcionam simultaneamente. Como a visão dos técnicos da área de
saúde e segurança no trabalho é centrada no aspecto formal de causa e efeito a análise
de riscos geralmente é limitada aos aspectos objetivos e pouco se faz para prevenir as
doenças psicossomáticas.
Todo sistema de segurança no trabalho deve ser destinado essencialmente a
proporcionar as melhores condições de vida nos locais de trabalho e isso abarca todos
os aspectos do ser humano. E quando se fala de saúde deve ser olhado pelo seu
aspecto mais amplo “não apenas a ausência de doenças, mas um estado de completo
bem-estar físico, mental e social” Ou seja, a saúde não tem continuidade com a doença,
mas é um modelo a ser construído a partir de parâmetros do “bem-estar”,
necessariamente social, histórico, escapando finalmente à tirania da fisiopatologia
(MEDRONHO, 2004).

2.2. O Ambiente de Trabalho

O ambiente de trabalho tem sido palco de muitos infortúnios para os trabalhadores


desde o inicio da historia humana. Algumas das doenças do trabalho como a silicose já
era conhecida como doença pulmonar dos trabalhadores das pedreiras desde a antiga
Grécia, quando foi relatada por Hipócrates, pai da medicina.
No mundo moderno o termo ambiente de trabalho é muito abrangente, tendo em
vista o grande numero de atividades, postos de trabalho e condições oferecidas para
realizar as atividades aos trabalhadores. Vamos adotar a definição de ODDONE, de que
ambiente de trabalho é o conjunto de todas as condições de vida no local de trabalho.
Tais como: as características do local (dimensões, iluminamento, aeração, rumorosidade,
presença de poeiras, gás ou vapores, fumaça etc.) além das atividades realizadas (tipo
de trabalho, posição operário, ritmo de trabalho, horário de trabalho, turnos, alienação,
valorização do patrimônio intelectual e profissional). Outros aspectos a serem levados em
consideração são como se dá às relações de trabalho, a organização dos serviços,
questões de hierarquias e domínio do trabalhador sobre o tempo livre.
Entre as concepções sobre a ocorrência de doenças existem duas concepções
básicas: a primeira que aponta a doença como conseqüência do desequilíbrio do
organismo ou quebra de harmonia como o meio ambiente e a segunda concepção
ontológica vê a doença como um ser ou algo que penetra no corpo do ser humano e o
adoece (CANQUILHEM, 1978). Nas duas concepções percebe-se a influencia do meio
ambiente externo como causador no interior do ser humano da doença ou da morte.
Estudar o ambiente de trabalho e sua interação com o corpo dos trabalhadores é o
desafio dos profissionais da área da saúde e segurança no trabalho. Lembrando sempre
que os fatores não atuam isoladamente e, portanto devem ser analisados pelo aspecto
multifatoriais.
Alguns ergonomistas preferem ser referir a “estruturas” em vez de ambiente de
trabalho quanto são analisados os aspectos socioeconômicos, devido a estes fatores
ficarem fora de alcance da ação da ergonomia. É evidente que uma analise das
atividades e das situações de trabalho devem pontuar micro-situações, salário, moradia
entre outros que podem interferir na analise do ambiente de trabalho. Sobre estes
aspectos veja Wisner (1992).
4

2.3. A Organização do Trabalho

A organização do trabalho como o próprio nome diz é a forma como se realiza a


produção nos locais de trabalho.
Historicamente sempre foi o trabalhador que geria sua forma de trabalhar. Isso
ocorreu sistematicamente entre os antigos artífices e durou ate o inicio da revolução
industrial, quando ainda o “saber fazer” era domínio dos trabalhadores. Mas, com o
extraordinário avanço no século XX, da tecnologia e da produtividade do trabalho as
coisas foram progressivamente mudando.
Estas mudanças se iniciaram no fim do século XIX e inicio do século XX e se
intensificaram após os estudos de alguns administradores pioneiros. Entre eles tem
destaque o trabalho do engenheiro americano Frederick Wislow Taylor (1856-1915). O
trabalho de Taylor foi consolidado na famosa obra “Princípios da Administração
Cientifica”, publicado em 1911. Neste trabalho, Taylor propôs a substituição do empirismo
por métodos científicos da divisão de trabalho: seleção por aptidão e treinamento nas
tarefas dos trabalhadores, cooperação entre a gerência e o trabalhador para assegurar a
consecução das tarefas através do pagamento extra por produção, divisão de
responsabilidade entre a administração e o trabalhador, cabendo à administração o
planejando e organizando o trabalho.
Taylor, através da observação sistemática do trabalho, se apropriava do saber dos
operários, verificava quando havia perda de rendimento e com isso conseguia selecionar
os trabalhadores mais capazes. Por este processo Taylor conseguiu grande avanço na
produção de sua empresa. Esta forma de administração é denominada de Taylorismo,
pois segundo seus adversários, despreza o saber operário e suas necessidades
humanas se preocupando exclusivamente com o aspecto da produção.
Na verdade Taylor deu inicio ao processo de organização do ambiente de trabalho
atual que teve grande repercussão na explosão de produtividade da humanidade, e teve
seus seguidores na linha de montagem da FORD e mais recentemente nas empresas
japonesas.
Atualmente muito se fala na qualidade do produto, na automação, na reengenharia
produtiva, na flexibilização do trabalho, terceirização e outras formas de relação de
trabalho, que sistematicamente prejudicam os trabalhadores. Estas novas formas de
organização exploram as aptidões humanas ao extremo e alguns autores a indicam como
fontes de estresse por piorar as relações interpessoais e por precarizar as condições de
trabalho que são aceitas pelos trabalhadores e seus sindicatos devido à falta de emprego
estrutural do mundo atual.

3. DO DESENVOLVIMENTO DO PPRA

O PPRA deverá incluir as seguintes etapas:


a) Antecipação e reconhecimento dos riscos;
b) Estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;
c) Avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;
d) Implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia;
5

e) Monitoramento da exposição aos riscos;


f) Registro e divulgação dos dados.

a) Antecipação e reconhecimento
A antecipação ocorre sempre nas seguintes situações:
• A análise de novos projetos;
• Mudanças nas instalações;
• Uso de novos produtos;
• Novos métodos ou processo de trabalho ou de modificação das já existentes;

O objetivo é a identificação dos riscos potenciais e a introdução de medidas de


controle necessárias ainda no projeto, antecipando-se a exposição ao risco ambiental. Os
cenários de risco devem ser previstos e projetado os seus controles.

Tabela 1: Ficha para reconhecimento de riscos no ambiente de trabalho;

Identificação Causa/Fonte Geradora Tipo de Exposição Trabalhadores


do Risco Expostos
Ruído Motores dos caminhões, Contínua Auxiliar de
trânsito de veículos. Produção
Mecânico
Óleos Básicos Troca de óleo de Intermitente Auxiliar de
motores e lubrificação Produção
de partes mecânicas.
Mecânico

Já o reconhecimento dos riscos é um processo contínuo na empresa, ele inclui


dois processos:

1- Caracterização do processo: desde a entrada da matéria prima até a expedição final,


indicando em cada etapa quais os riscos existentes, indicando fontes, trajetórias,
consequências e formas de controle;
2- Caracterização das funções: descrever as atividades realizadas e as interações com
os riscos e as medidas adotadas
Esta etapa envolve a identificação e a explicitação dos riscos existentes nos
ambientes de trabalho.

As informações necessárias nesta etapa são:


a) A identificação e localização das possíveis fontes geradoras;
6

b) As trajetórias e meios de propagação;


c) A caracterização das atividades e do tipo de exposição;
d) Identificação das funções e determinação do número de trabalhadores expostos ao
risco;
e) a caracterização das atividades e do tipo de exposição;
f) a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de comprometimento com a
saúde dos trabalhadores;
g) os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos indicados, disponíveis na literatura
técnica;
h) a descrição das medidas de controle existentes.

A NR 9 no item 9.1.2.1 – quando não forem identificados riscos ambientais nas


fases de antecipação ou reconhecimento, descritas no item 9.3.2 e 9.3.3, o PPRA poderá
resumir-se às etapas previstas nas alíneas “a” (antecipação e reconhecimento dos riscos)
e “f” (registro e divulgação dos dados) do desenvolvimento do programa (subitem 9.3.1).

4. PROCESSO DE AVALIAÇÃO E GERENCIAMENTO DE RISCOS

Para realizar estudos sobre o processo de trabalho Rigotto (1993, p.162),


recomenda que as informações necessárias a serem obtidas devam abarcar os seguintes
aspectos:

1- Identificação das empresas do ramo de atividade, importância econômica na região em


que estão instaladas e o número de trabalhadores contratados direta e indiretamente;
2- Aspectos históricos sobre como as empresas surgiram e o contexto sócio-econômico e
como se organizam as representações de classe dos trabalhadores;
3- O processo de produção onde se verificará a capacidade produtiva, matérias-primas
utilizadas, os meios de produção (máquinas, equipamentos, ferramentas, o mobiliário,
etc.) e o fluxograma da produção;
4- Organização do Trabalho onde se verifica a divisão das tarefas (concepção e
execução), os mecanismos de controle da produção (ritmos, produtividade, autonomia), a
jornada de trabalho (turnos, tempo para pausas, horas-extras, rodízios de funções),
aspectos de estabilidade no emprego, salário e a relação com os sindicatos das
categorias;
5- Instalações da empresa: onde o espaço físico do local de trabalho é analisado no
aspecto de divisão espacial (layout), ventilação, iluminação, conforto e higiene (banheiros,
bebedouros, vestiários, áreas de lazer, refeitórios, etc.);
6- Descrição das condições ambientais de trabalho: onde se estuda se no meio ambiente
de trabalho existem elementos que possam ser agentes nocivos para os trabalhadores
como os aerodispersóides (poeiras, fumos metálicos, gases e vapores), a presença de
energias como o ruído, vibração, radiações, a presença de microorganismos que possam
ser fonte de contaminação e as situações que podem provocar acidentes, incluída aí uma
análise da gestão destes fatores de risco;
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7- Relação com o meio ambiente: como se dá a disposição de todos os resíduos sólidos e


líquidos do processo de produção e qual é sua influência no ecossistema do entorno da
fábrica.

Para realizar esta etapa do estudo é necessário realizar visitas aos locais de
trabalho para observar in loco as formas de organização da produção e registrar em
documento de campo quais os principais fatores de risco à saúde dos trabalhadores que
estão presentes no processo de trabalho. Durante este trabalho é fundamental que se
façam entrevistas com pessoas da empresa como diretores e pessoas ligadas a este
ramo industrial que participaram do seu desenvolvimento, com o propósito de se obter
informações sobre os seguintes fatos: como surgiu a empresa, suas características
principais, época de consolidação no pólo industrial, principais mercados consumidores e
o desenvolvimento da mão-de-obra. Entre os entrevistados os encarregados de produção
sobre: aonde aprenderam a gerenciar a produção, como capacitaram a mão-de-obra,
rotatividade e quando aparecem os primeiros sinais de adoecimento e desgaste nos
trabalhadores.
O estudo das cargas de trabalho no PPRA não é um levantamento exaustivo para
cada função existente no processo produtivo, mas um levantamento qualitativo preliminar,
cujo objetivo é identificar a presença de fatores de riscos que podem representar fontes
de desgaste dos operários.

O processo começa com o reconhecimento da existência dos fatores de risco no


local de trabalho que possam ser gênese de lesões ou patologias nos trabalhadores e
termina com a tomada de decisões gerenciais de controle. Esquematicamente podemos
dizer que este processo envolve as seguintes etapas:

1ª Fase:
- Identificação dos riscos (fatores e prováveis danos);
- Estimativa do risco (probabilidades de ocorrência);
- Identificação e análise das opções de eliminação ou controle do risco;
- Aprovação de sua viabilidade técnica e econômica.

2ª Fase:
- Tomada de decisão e planejamento das medidas;
- Implantação das medidas;
- Monitorar e avaliar a eficácia das medidas implantadas;
- Revisão ou manutenção das medidas.

Portanto a identificação dos riscos no ambiente de trabalho é fundamental para


iniciar-se seu controle e sua avaliação é necessária para que se possam estabelecer
critérios de prioridades.
Não podemos confundir “percepção de risco” com a “avaliação de risco”, pois
aquela é uma interpretação pessoal, de leigos, que envolve muitas vezes conotações
socioeconômicas e de crenças de uma determinada situação de risco. Assim, muitas
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vezes são verificados conflitos entre os resultados destas avaliações com as realizadas
por técnicos especialistas, resultando em conflitos (Krimsky, S e Golding, D, Social
Theories of Risk, Praeger, Wstport/London, 1992). Como a percepção do risco é em
parte subjetiva pode levar a minimização ou um exagero de sua potencialidade.
Mas vale ressaltar que os especialistas devem levar em consideração o
conhecimento dos trabalhadores que vivenciam diariamente os fatores de riscos nos
ambientes de trabalho e criam formas de convivência defensiva contra estas condições,
sendo, portanto detentores de um conhecimento que não pode ser desprezado.

4.1. Conceito sobre Risco

O conceito de risco pode apresentar diferentes interpretações que podem trazer


confusões, principalmente para os leigos. Nos textos técnicos em português tem havido
bastante confusão conceitual sobre o conceito de perigo, risco e fator de risco. Outra
confusão é sobre a avaliação de risco e análise de risco.
O conceito de risco (Hazard) que iremos utilizar é da “possibilidade de perda/dano
e a probabilidade de que tal perda ou dano ocorra”, ou então ”uma medida da
probabilidade e magnitude de conseqüências adversas, incluindo agravos, doença ou
perda econômica“ (KOLLURO, 1996). Baseado nestes conceitos o pesquisador da
Fundacentro Gilmar Trivelato (1998), concluiu que o risco é bidimensional, representando
a possibilidade de um efeito adverso ou dano e a incerteza da ocorrência, sua
distribuição no tempo ou a sua magnitude do resultado adverso.
Por estas definições a possibilidade de um trabalhador sofrer um dano pessoal
(lesão ou doença) somente existirá se ele estiver exposto a um fator de risco, perigo ou
uma situação de risco, que tenha potencial para causar o dano (Damage).
Outra definição, bem à anterior e a de que o Risco pode ser definido como uma ou
mais condições de uma variável, com o potencial necessário para causar danos
(impactos) (DE CICCO, 1993
Já o termo “Perigo” (Danger) representa uma situação de ameaça à existência de
uma pessoa, ser ou coisa; ou, ainda, uma ou mais condições de uma variável com
potencial de causar danos ou lesões (CETESB,1994). Dano é a severidade da lesão, ou
a perda física, funcional ou econômica, que podem resultar se o controle sobre o risco é
perdido (DE CICCO, 1993).
O conceito de risco está associado à relação entre a freqüência da exposição e as
conseqüências que podem ocorrer em função da exposição (CARDELLA, 1999)
Iremos utilizar o conceito de “fator de risco” como sendo uma condição ou um conjunto
de circunstâncias que tem o potencial de causar um efeito adverso. Quando um fator de
risco sozinho apesar de ser uma condição necessária, mas não suficiente, para produzir
o dano, que ocorrerá com a combinação com outros fatores de risco utilizaremos o termo
“situação de risco”.
Concluindo, risco é um conceito formal e não pode ser observado e sim avaliado,
isto é são necessários dados estatísticos para que se possa mensurar sua importância,
enquanto o fator de risco ou situação de risco são conceitos mais concretos e podem ser
observados nos locais de trabalho.
No entanto devemos ressaltar que existe uma diferença entre a capacidade de um
fator de risco (agente) em causar dano e a possibilidade de que este agente cause o
dano. O potencial intrínseco de um agente só se caracteriza como um risco se ele pode
atingir algum órgão do corpo humano e danificá-lo. Por exemplo: a sílica livre cristalizada
9

é o agente etiológico da silicose, um bloco de granito é constituído por muitas partículas


de sílica, mas esta só será um risco caso seja submetida a um processo industrial e
produza partículas que possam ser inaladas por um trabalhador.
O reconhecimento das condições risco no ambiente de trabalho à saúde do
trabalhador envolve um conjunto de procedimentos, sendo a fase mais importante para o
estabelecimento das ações de prevenção.

4.2. Classificação dos Fatores de Riscos

Na NR 5 especificamente no anexo IV instituído pela portaria nº 25 de 29/12/1994


cria a obrigatoriedade da elaboração do Mapa de Risco pela Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes – CIPA classifica o riscos ocupacionais em grupos segundo sua
natureza. Os riscos são classificados em: físicos (Grupo 1), químicos (Grupo 2),
biológicos (Grupo 3), de Acidentes (Grupo 4) e ergonômicos (Grupo 5).

Na NR 9 consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e


biológicos existentes no ambiente de trabalho que, em função de sua natureza,
concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à
saúde do trabalhador (9.1.5). Estes agentes são assim definidos conforme a sua
natureza:

Agentes físicos: São as diversas formas de energia a que possam estar expostas os
trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas,
radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infra-som e o ultra-som.

Agentes Químicos: São as substâncias, compostos e produtos que possam penetrar no


organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases,
vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser
absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.

Agentes Biológicos: São os microorganismos, como: as bactérias, fungos, bacilos,


parasitas, protozoários, vírus, entre outros, que podem levar o trabalhador à infecção ou
ao parasitismo.

Fazer o reconhecimento das condições de riscos nos locais de trabalho exige a


identificação ou não de um problema para a saúde do trabalhador. A análise visa indicar
o agente, estabelecer sua provável magnitude, a exposição, tempo de exposição e se os
controles existentes são suficientes.

Saber identificar o fator de risco e qualificar sua capacidade de gerar danos é à


base de todo trabalho de gerenciamento de risco, pois a partir daí a empresa deve
assumir sua existência. Ao assumir que o fator de risco faz parte do ambiente de trabalho
deve-se tomar as medidas de correção e controle através de procedimentos,
equipamentos de proteção coletiva, e se for necessário o uso dos equipamentos de
proteção individual – EPI sempre acompanhada de uma supervisão de segurança
eficiente.
Para completar os agentes de riscos no ambiente de trabalho não considerados
ambientais podemos citar os agentes ergonômicos e os de acidentes do trabalho

Agentes Ergonômicos: São os decorrentes da organização do conforto no trabalho como:


Esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, exigência de postura
inadequada, controle rígido da produção, imposição de ritmos excessivos, trabalho em
10

turno e noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e repetitividade, demais


situações que possam causar estresse físico e psíquico. Abrangem riscos que atuam
sobre o corpo físico, o mental e o psíquico do trabalhador.

Agentes de Acidentes: São os que podem causar lesões nos trabalhadores de forma
imediata como: o Arranjo físico, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas
inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada, eletricidade, local classificado como
sujeito a incêndio ou explosões, armazenamento inadequado, pisos irregulares, animais
peçonhentos, incêndios, intoxicações agudas entre outros.

AMBIENTE SEM CONTROLE

Ambientes Insalubres Enfermidades e Diagnóstico


ou perigoso Lesões

Tratamento e cura

Pessoa Saudável
Figura 1: Ambiente Insalubre e com riscos de acidentes
11

GESTÃO DO AMBIENTE

Ambientes Insalubres Enfermidades e Diagnóstico


ou perigosos Lesões

INTERVENÇÕES
Tratamento e cura

AMBIENTE
CONTROLADO
Pessoa Saudável

Figura 2: Ambiente controlado

4.3. A Análise de Riscos como Instrumento de Controle Ambiental

As técnicas de análise de riscos em uso nas empresas para o controle de


acidentes do trabalho estão sendo utilizada, também, como ferramenta para as ações de
controle ambiental, tanto no âmbito preventivo como corretivo.
A utilização de técnicas avançadas para a análise de riscos proporciona ao
governo e às empresas a possibilidade de, em conjunto, adotarem soluções para o
gerenciamento dessas questões, na medida em que propiciam as condições para a
previsão da ocorrência de distúrbios em seus processos, proporcionando assim os
subsídios necessários para a definição de alternativas que compatibilizará os requisitos
de segurança e meio ambiente com Este conceito extrapolado para a questão ambiental
seria analisado como impacto ao meio ambiente.
Assim, tomando-se por base nestas definições concluímos que o perigo é uma
propriedade intrínseca de uma atividade, instalação ou substância; já o risco está
associado à chance de acontecer um evento indesejado. Dessa forma, o controle de um
determinado risco é possível por meio da implantação de ações para reduzir tanto a
probabilidade de o acidente acontecer como as conseqüências por ele geradas, caso ele
venha a ocorrer. Portanto, os estudos de analise de riscos voltados para a prevenção de
acidentes maiores, no contexto do controle ambiental, devem resultar na proposição de
medidas para o pleno gerenciamento de riscos (CETESB, 1994).
O estudo de análise de riscos requer análises precisas e detalhadas de sistemas,
equipamentos e operações presentes em uma planta industrial, já que é de grande
importância identificar as causas básicas e as seqüências de eventos e falhas que podem
12

levar a ocorrência de um acidente. Dessa forma os estudos devem prever e quantificar os


prováveis cenários acidentais, bem como suas respectivas conseqüências em termos de
explosões, incêndios, vazamentos tóxicos e outras reações violentas e indesejadas, de
modo que medidas concretas e efetivas de gerenciamento sejam incorporadas no
processo operacional da empresa (Freitas, 2000, 259 p).

4.4. Etapas de um Estudo de Analise de Risco

Vamos analisar, brevemente, as técnicas de uso desta metodologia com referência


à atividade de transporte de cargas perigosas, ou seja, pelo aspecto de riscos ao meio
ambiente e não ainda sobre o risco de exposição ocupacional.
Podemos dividir os estudos de análises de riscos em cinco etapas:
caracterização do empreendimento e da região;
identificação do perigo;
analise de conseqüências e de vulnerabilidade;
cálculo e avaliação de risco;
programa de gerenciamento dos riscos.

a) Caracterização do empreendimento e da região.

Neste primeiro momento são necessários os levantamentos preliminares de dados


sobre o empreendimento e as regiões que estarão sujeitas aos riscos decorrentes da
atividade. Principais informações necessárias:

- Localização e descrição geográfica da região, incluindo os mananciais hídricos,


rodovias a serem utilizadas, etc;
- Distribuição da população ao longo da área de abrangência;
- Características climáticas e meteorológicas da região;
- Em caso de haver local de armazenamento fazer descrição física e layout das
instalações;
- Características das substâncias químicas transportadas: formas movimentação,
manipulação, armazenamento e características físico-químicas e toxicológicas;
- Descrição das unidades de cargas a serem utilizadas no transporte

b) Identificação de Perigos

Existem muitas técnicas para a realização desta importante etapa, entre elas
citamos abaixo as principais:

* Análise Histórica de Acidentes: consiste no levantamento de acidentes ocorridos em


atividades similares, realizado em bancos de dados de acidentes ou em bibliografia
13

técnica específica. Vários dados podem ser obtidos como taxas de freqüências,
conseqüências e as principais causas;

* Listas de Verificação (Checklist): Este instrumento é uma seqüência lógica de perguntas


para a avaliação de conformidade das condições de segurança de uma atividade ou
instalação, por meio da análise de sua situação física, dos equipamentos utilizados e das
operações praticadas;

* Análise “E se...” (What if...?): Esta técnica contempla o exame de possíveis anomalias
que possam ocorrer nas etapas do projeto, construção e operação de uma instalação
industrial, por meio de questionários onde as perguntas sempre iniciam pelo termo “E
se..?. As perguntas formuladas sempre sugerem uma ocorrência inicial que pode
acarretar uma seqüência de falhas”.

* Análise Preliminar de Perigos (APP): A APP (PHA – Preliminar Hazard Analyses) é a


técnica mais utilizada no Brasil para identificação de perigo. Os peritos devem fazer
inspeções nas instalações e nos locais de trabalho e registrar em uma planilha específica,
os principais fatores de riscos encontrados, suas causas, principais efeitos, categorias de
riscos, recomendações para redução dos riscos e como fazer seu gerenciamento;

* Análise de Modos de Falha e Efeitos (AMFE): Esta técnica identifica as falhas de


componentes de um sistema ou instalação. Analisa também as possíveis conseqüências
das falhas.

* Hazard & Operability Study (HAZOP): é um método de detecção de desvios (anomalias)


de projetos ou na operação de uma instalação ou sistema.

Todas as técnicas podem ser utilizadas isoladamente ou em conjunto, de modo


que possam propiciar condições de prevenção de falhas e indicar as ações a serem
tomadas imediatamente para controle e diminuição dos danos.

c) Análise de Conseqüências e de Vulnerabilidade

Esta etapa tem por finalidade analisar as possíveis conseqüências geradas pelas
hipóteses acidentais caracterizadas na fase de identificação dos perigos, bem como a
vulnerabilidade das pessoas e do meio ambiente a estes impactos (CETESB, 1994).
Uma técnica a ser utilizada para a identificação das seqüências acidentais e a
definição da tipologia dos acidentes é a denominada “Análise de Árvores de Eventos –
AAE". Esta análise é realizada por meio da utilização de modelos de cálculo para
simulação dos fenômenos decorrentes das hipóteses acidentais, como: incêndios,
explosões e vazamentos tóxicos.
A análise da vulnerabilidade deve ser realizada através do estudo dos efeitos
decorrentes desses impactos no homem e no meio ambiente, investigando:
14

- Poder de dispersão das substâncias no meio ambiente;


- Velocidade de infiltração no solo;
- Miscibilidade na água;
- Níveis de concentração em solos e água;
- Formas de monitoramento de resíduos na natureza;
- Tratamento de resíduos,

Estes estudos irão apontar pelas conseqüências consideradas intoleráveis, em


termos de impactos agudos ao homem e aos ecossistemas vulneráveis, o grau de
importância a ser dado a cada tipo de transporte. Assim, em substâncias cujos riscos
intrínsecos sejam elevados, haverá necessidade de o transporte ser realizado com
batedores, velocidade controlada, isolamento de rodovias, entre outras providências a
serem tomadas ao longo de toda a rota.

d) Cálculo e Avaliação de Risco


Para ser calculado adequadamente é necessário definir uma ferramenta que seja
adequada à determinação da freqüência dos eventos e sua gravidade. Normalmente é
utilizada a “Análise de Árvores de Falhas – AAF”, cujas taxas de falhas e as
probabilidades de ocorrência de erros são extraídas de bases de dados de confiabilidade
ou de estudos específicos encontrados em bibliografia internacional. As estimativas das
conseqüências decorrentes das hipóteses acidentais consideradas são extraídas da
análise de vulnerabilidade realizada na etapa anterior (CETESB, 1994).

e) Programa de Gerenciamento de Riscos


A última etapa é a construção pela empresa de um Programa de Gerenciamento de
Riscos, que demonstre a política da empresa frente às exigências legais de manter
padrões de segurança que garantam o menor risco possível para as pessoas e o meio
ambiente.
O gerenciamento deve contemplar medidas de redução das freqüências de
acidentes, estabelecimento de indicadores de eficiência e de subprogramas de controle
dos fatores de riscos. Além disso, deve prever exercícios simulados, para que se possam
verificar se as medidas de emergência são eficientes. Destacamos as seguintes ações a
serem contempladas no programa gerencial:

. Melhoria da qualidade da frota de veículos e das instalações;


. Aumento da confiabilidade dos serviços;
. Programa de treinamento e capacitação de todos os empregados;
. Ações para redução de impactos de acidentes;
. Melhoria no sistema de comunicação;
. Sistemas de controle e contenção de vazamentos;
. Ações para proteção da população exposta;
. Plano de emergência.
15

A empresa deve estar em sintonia com todos os órgãos públicos e participar de


Planos de Ajuda Mútua, de comissões que discutam as questões relacionadas à
segurança no transporte e na manutenção de um posto de atendimento de emergência
coletivo.

5. INSPEÇÕES NOS LOCAIS DE TRABALHO

É indispensável que o SESMT e os setores produtivos realizem inspeções nos


diversos terminais portuários, procurando visitar todos os locais em que são executados
trabalhos portuários.

5.1. Tipos de inspeção

Existem vários tipos de inspeção que podem ser realizados nos locais de trabalho.
O importante é que as inspeções sejam planejadas para que não se transformem em
apenas uma visita.

1- Inspeção Geral: é uma inspeção mais simples, onde se procura ter um panorama
geral dos setores de trabalho.
2- Inspeção Localizada: este tipo de inspeção é realizado quando se quer
esclarecer uma situação de risco que foi observada em inspeções gerais, por
algum membro da CIPA, por queixas de trabalhadores ou ainda por ocorrência de
acidentes de trabalho.
3- Inspeção de Fatores de Risco: é uma inspeção em que se procura detectar
situações ou condições que possam causar acidentes ou constituírem fontes de
agentes agressivos à saúde dos trabalhadores, como por exemplo: operações
com produtos perigosos, ausência de proteções coletivas, problemas com
sinalização, falta de conforto nos locais de trabalho, entre outras.

5.2. Como fazer uma inspeção

A inspeção deve ser feita com o acompanhamento, passo a passo, dos serviços
realizados no local previamente escolhido. Para facilitar sua realização, o ideal é seguir o
fluxo das atividades ou dos serviços realizados. Faça o fluxograma acompanhando desde
a chegada da materia prima, sua transformaçao até o setor de expedição.
Para que a inspeção seja planejada previamente é fundamental definir o objetivo
da inspeção, pode-se criar um roteiro ou uma ficha de verificação, onde serão anotadas
todas as situações em que os trabalhadores possam sofrer algum tipo de dano e quais os
controles disponíveis – equipamentos de segurança individual ou coletivo. A inspeção
somente estará completa, se os trabalhadores forem escutados, isso é fundamental para
se obter informações sobre os principais problemas e situações que eles consideram
perigosas.
As inspeções realizadas serão posteriormente debatidas pela equipe técnica do
setor e medidas corretivas devem ser solicitadas à gerencia competente.
16

5.3. Fazendo uma lista de verificação

Para facilitar o processo de identificação de perigos no ambiente de trabalho, a


norma britânica BS 8800/96 indica uma lista de referência que se origina com perguntas
como:
Durante as atividades de trabalho, os seguintes perigos podem existir?

a) escorregões ou quedas no piso;


b) quedas de pessoas de alturas;
c) quedas de ferramentas, materiais, entre outros, de alturas;
d) pé direito inadequado;
e) perigos associados com o manuseio ou levantamento manual de ferramentas, cargas
etc;
f) perigos da planta e de máquinas associadas com a montagem, operação, manutenção,
modificação, reparo e desmontagem;
g) perigos de veículos, cobrindo tanto o transporte no local quanto o de percursos em
estradas ou ruas;
h) incêndio e explosões;
i) violência contra o pessoal;
j) substâncias que possam ser inaladas;
k) substâncias ou agentes que possam causar danos aos olhos;
l) substâncias que possam causar danos ao entrar em contato ou serem absorvidas pela
pele;
m) substâncias que possam causar danos sendo ingeridas;
n) energias prejudiciais (eletricidade, radiação, ruído, vibração);
o) disfunções dos membros superiores associadas com o trabalho e resultantes de
tarefas freqüentemente repetidas;
p) ambiente térmico inadequado (quente ou frio);
q) níveis de iluminação;
r) superfícies de piso escorregadias e não uniformes;
s) guarda-corpos ou corrimões inadequados em escadas;
t) trabalho em turno noturno;
u) ritmo acelerado de trabalho;
v) Presença de animais peçonhentos;
x) Microorganismos (Vírus, bactérias, platelmintos, fungos etc);
z) Outros tipos de animais (aves, gado em geral, cães, etc)
17

Cada supervisão ou gerencia deve elaborar sua própria lista de verificação,


levando em consideração as características do trabalho executado.

6. TÉCNICAS PARA IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS

Várias são as técnicas que podem ser utilizadas para a identificação de perigos
numa instalação industrial. Entre as diversas técnicas utilizadas para a identificação de
perigos, as mais comumente utilizadas, e aqui apresentadas, são:

 Análise Preliminar de Perigos (APP);


 Análise de Perigos e Operabilidade (Hazard and Operability Analysis - HazOp).

No entanto, outras técnicas, como por exemplo, “E se ?” (What If ?) e Análise de


Modos de Falhas e Efeitos (AMFE), entre outras, poderão ser utilizadas, desde que
adequadas à instalação em estudo.

6.1. Análise Preliminar de Perigos (APP)

A APP - Análise Preliminar de Perigos (PHA - Preliminary Hazard Analysis) é uma


técnica que teve origem no programa de segurança militar do Departamento de Defesa
dos EUA. Trata-se de uma técnica estruturada que tem por objetivo identificar os perigos
presentes numa instalação, que podem ser ocasionados por eventos indesejáveis.

Esta técnica pode ser utilizada em instalações na fase inicial de desenvolvimento,


nas etapas de projeto ou mesmo em unidades já em operação, permitindo, nesse caso, a
realização de revisão dos aspectos de segurança existentes.

A APP deve focalizar todos os eventos perigosos cujas falhas tenham origem na
instalação em análise, contemplando tanto as falhas intrínsecas de equipamentos, de
instrumentos e de materiais, como erros humanos. Na APP devem ser identificados os
perigos, as causas e os efeitos (conseqüências) e as categorias de severidade
correspondentes (Tabela 7), bem como as observações e recomendações pertinentes aos
perigos identificados, devendo os resultados ser apresentados em planilha padronizada. A
Figura 3 apresenta um exemplo de planilha para a realização da APP.

PERIGO CAUSA EFEITO CATEGORIA OBSERVAÇÕES E


DE SEVERIDADE RECOMENDAÇÕES

Figura 3 – Exemplo de planilha para APP


18

6.2. Análise de Perigos e Operabilidade (HazOp)

A Análise de Perigos e Operabilidade é uma técnica para identificação de perigos


projetada para estudar possíveis desvios (anomalias) de projeto ou na operação de uma
instalação.
O HazOp consiste na realização de uma revisão da instalação, a fim de identificar
os perigos potenciais e/ou problemas de operabilidade por meio de uma série de
reuniões, durante as quais uma equipe multidisciplinar discute metodicamente o projeto
da instalação. O líder da equipe orienta o grupo através de um conjunto de palavras-
guias que focalizam os desvios dos parâmetros estabelecidos para o processo ou
operação em análise.
Essa análise requer a divisão da planta em pontos de estudo (nós) entre os quais
existem componentes como bombas, vasos e trocadores de calor, entre outros.

Tabela 1 - APP - Categorias de Severidade

CATEGORIA DE SEVERIDADE EFEITOS


I – Desprezível Nenhum dano ou dano não mensurável.
II – Marginal Danos irrelevantes ao meio ambiente e à
comunidade externa.
Possíveis danos ao meio ambiente devido a
liberações de substâncias químicas, tóxicas ou
III – Crítica inflamáveis, alcançando áreas externas à
instalação. Pode provocar lesões de gravidade
moderada na população externa ou impactos
ambientais com reduzido tempo de
recuperação.
Impactos ambientais devido a liberações de
substâncias químicas, tóxicas ou inflamáveis,
IV – Catastrófica atingindo áreas externas às instalações.
Provoca mortes ou lesões graves na população
externa ou impactos ao meio ambiente com
tempo de recuperação elevado.

A equipe deve começar o estudo pelo início do processo, prosseguindo a análise


no sentido do seu fluxo natural, aplicando as palavras-guias em cada nó de estudo,
possibilitando assim a identificação dos possíveis desvios nesses pontos.
Alguns exemplos de palavras-guias, parâmetros de processo e desvios, estão
apresentados nas Tabelas 2 e 3.
A equipe deve identificar as causas de cada desvio e, caso surja uma
consequência de interesse, devem ser avaliados os sistemas de proteção para determinar
se estes são suficientes. A técnica é repetida até que cada seção do processo e
equipamento de interesse tenha sido analisada.

Em instalações novas o HazOp deve ser desenvolvido na fase em que o projeto se


encontra razoavelmente consolidado, pois o método requer consultas a desenhos, P&ID's
e plantas de disposição física da instalação, entre outros documentos.
19

Tabela 2 - Palavras-guias

Palavra-guia Significado
Não Negação da intenção de projeto
Menor Diminuição quantitativa
Maior Aumento quantitativo
Parte de Diminuição qualitativa
Bem como Aumento qualitativo
Reverso Oposto lógico da intenção de projeto
Outro que Substituição completa

Tabela 3 – Parâmetros, palavras-guias e desvios.

Parâmetro Palavra-guia Desvio


Não Sem fluxo
Fluxo Menor Menos fluxo
Maior Mais fluxo
Reverso Fluxo reverso
Pressão Menor Pressão baixa
Maior Pressão alta

Temperatura Menor Baixa temperatura


Maior Alta temperatura
Nível Menor Nível baixo
Maior Nível alto

Os principais resultados obtido do HazOp são:

 Identificação de desvios que conduzem a eventos indesejáveis;


 Identificação das causas que podem ocasionar desvios do processo;
 Avaliação das possíveis consequências geradas por desvios operacionais;
 Recomendações para a prevenção de eventos perigosos ou minimização de
possíveis consequências.

A Figura 4 apresenta um exemplo de planilha utilizada para o desenvolvimento da


análise de perigos e operabilidade.

Palavra-Guia Parâmetro Desvio Causas Efeitos Observações e


Recomendaçõ
es

Figura 4 – Exemplo de planilha para HazOp

6.3. Consolidação dos cenários acidentais

Identificados os perigos da instalação em estudo, devem ser claramente elencados


os cenários acidentais considerados, os quais serão estudados detalhadamente nas
etapas posteriores do trabalho.
20

Para tanto, deve-se estabelecer claramente o critério considerado para a escolha


dos cenários acidentais considerados relevantes, levando-se em conta a severidade do
dano decorrente da falha identificada.
Assim, por exemplo, caso a técnica de identificação de perigos utilizada tenha sido
a APP, todos os perigos classificados em categorias de severidade III e IV deverão ser
contemplados na lista de cenários acidentais a serem estudados nas etapas posteriores
do estudo. Já, na aplicação de outras técnicas, como HAZOP, AMFE e What If, entre
outras, o analista deve deixar claro o critério utilizado para a definição dos cenários
acidentais escolhidos como relevantes.

6.4. Estimativa dos efeitos físicos e avaliação de vulnerabilidade

A estimativa dos efeitos físicos decorrentes de cenários acidentais envolvendo


substâncias inflamáveis deverá ser precedida da elaboração de Árvores de Eventos para
a definição das diferentes tipologias acidentais.

A Análise de Árvores de Eventos (AAE) deverá descrever a seqüência dos fatos


que possam se desenvolver a partir do cenário acidental em estudo, prevendo situações
de sucesso ou falha, de acordo com as interferências existentes, até a conclusão das
mesmas com a definição das diferentes tipologias acidentais. As interferências a serem
consideradas devem contemplar ações, situações ou mesmo equipamentos existentes ou
previstos no sistema em análise, as quais se relacionam com o evento inicial da árvore e
que possam acarretar diferentes “caminhos” para o desenvolvimento da ocorrência,
gerando, portanto diferentes tipos de fenômenos.

A estimativa dos efeitos físicos deverá ser realizada através da aplicação de


modelos matemáticos que efetivamente representem os fenômenos em estudo, de acordo
com os cenários acidentais identificados e com as características e comportamento das
substâncias envolvidas.

Os modelos a serem utilizados deverão simular a ocorrência de liberações de


substâncias inflamáveis e tóxicas, de acordo com as diferentes tipologias acidentais.

Para uma correta interpretação dos resultados, esses modelos requerem uma série
de informações que devem estar claramente definidas. Portanto, neste capítulo estão
definidos os pressupostos que deverão ser adotados para o desenvolvimento dessa etapa
do estudo de análise de riscos, bem como a forma de apresentação dos resultados.
Qualquer alteração nos dados aqui apresentados, deverá ser claramente justificada.

Deve-se ressaltar que todos os dados utilizados na realização das simulações


deverão ser acompanhados das respectivas memórias de cálculo, destacando-se, entre
outros, os cálculos das taxas de vazamento, as áreas de poças e as massas das
substâncias envolvidas nas dispersões e explosões de nuvens de gás ou vapor.
21

7. METODOLOGIAS DE RECONHECIMENTO E AVALIÇÃO


QUALITATIVA DOS FATORES DE RISCO

As técnicas abordadas no item anterior se destinam em sua maioria em identificar


riscos às plantas industriais, processo de trabalhos, máquinas e equipamentos e os riscos
de acidentes, mas não tem o objetivo de avaliar o risco ocupacional, ou seja, qual a
gravidade da exposição aos fatores de risco.
Basicamente reconhecer os riscos é fazer a identificação da presença dos fatores
de riscos no ambiente de trabalho. Já para avaliar o risco necessitamos verificar qual é o
impacto na saúde do trabalhador quando ele fica exposto a estes fatores de risco.
Neste trabalho utilizaremos uma metodologia que abarca estratégias indicadas e
validadas pela American Industrial Hygiene Association (AIHA) que teve como base
técnica a norma britânica BS 8800.
A detecção da presença dos fatores de riscos é realizada por setor, primeiramente
caracterizando as condições gerais do ambiente e posteriormente enumerando as
principais atividades realizadas pelas equipes de trabalho ou por função. Serão
considerados também a jornada de trabalho, os equipamentos e ferramentas utilizados e
as fontes de agentes ambientais presentes no ambiente ou gerados pelo serviço.
Os trabalhadores devem ser questionados e incentivados a falarem sobre os
serviços e sua percepção de exposição aos riscos ambientais. Alem do conhecimento do
trabalhador sobre os quase acidentes ou situações que eles indicarem como inseguras
são de fundamental importância neste estudo. Por outro lado eles se sentirão valorizados
e como preconiza a NR 9 farão parte do processo de gestão dos riscos ambientais.

7.1. Probabilidade de Exposição (PE) e Probabilidade de Dano (PD)

A avaliação do risco é a fase em que devemos qualitativamente estimar a


Probabilidade de Ocorrência da exposição do trabalhador (PE) a uma não conformidade e
caso haja probabilidade de lesões pessoais qual será a Gravidade do Dano (PD). Tanto a
PO quanto o GD serão mensurados através de atribuição de valores entre 1 a 4 de
acordo com a menor ou maior possibilidade de ocorrência dos danos prováveis da
exposição ao fator de risco.
Os riscos de acidentes e os ergonômicos não fazem parte do PPRA, mas esta
técnica também pode ser utilizada para estes riscos, conforme o que se preconiza abaixo.

A avaliação destes indicadores é feita de acordo com o grupo de risco que se vai
analisar. No caso de risco de acidentes, levamos em consideração:

a) A freqüência de acidentes ocorridos na empresa – CAT ou entrevistas com os


trabalhadores sobre as situações perigosas;
b) Relatos de quase acidentes.
c) Freqüência de acidentes ocorridos registrados em boletins estatísticos disponíveis;
d) A inspeção nos locais de trabalho sobre a presença dos fatores de riscos e dos
métodos de controle utilizados.

Quando constatado a presença de algum agente ambiental que possam causar


doenças o fator preponderante é a exposição que pode ser estimada analisando os
seguintes fatores:
22

a) Vias de exposição (inalação, ingestão, via epidérmica);


b) Intensidade de exposição,
c) Duração;
d) Freqüência;
e) Quais as exigências físicas, mentais e psíquicas são requeridas para realizar o
trabalho.
Os riscos ergonômicos podem também ser analisados levando-se em
consideração:

a) Postura de trabalho;
b) Ritmo exigido para realização da tarefa;
c) Repetitividade;
d) Tempo de pausas;
e) Controle do trabalhador sobre a produção;
f) Testes para verificação de fadiga e estresse.

Para se chegar à mensuração qualitativa do PE e do PD teremos que construir


tabelas que possam servir como indicadores. A construção destas tabelas surge pela
experiência adquirida pelos profissionais que as utilizam. Nos exemplos abaixo indicamos
algumas situações a serem aplicadas que foram indicadas pela AIHA..

Na tabela 4 podemos analisar a PE relativa à ocorrência de acidentes que pode ser


obtida nos locais a serem estudados através das estatísticas de acidentes ou pela análise
da execução dos serviços realizada por profissionais da área da segurança do trabalho.

Tabela 4 – Categorias de Probabilidade de Ocorrências de Acidentes

ÍNDICE CATEGORIA DESCRIÇÃO


0 Insignificante Provavelmente não Ocorrerá
1 Baixa É possível que ocorra em longo prazo
2 Média É possível que ocorra em médio prazo
3 Alta Provavelmente irá ocorrer em médio prazo
4 Muito Alta Provavelmente irá ocorrer em um curto espaço de tempo

Na tabela 5 o que se deve ser estudado é a exposição dos trabalhadores aos


agentes ambientais. Detectado a presença do agente será estudado qual é a exposição
do trabalhador ao agente levando-se em consideração também o tempo.

Tabela 5 – Probabilidade de Ocorrência de Exposição a Agentes Ambientais (PE)


CATEGORIA DESCRIÇÃO
0 Não há exposição Nenhum contato com o agente ou contato improvável.
1 Exposição níveis baixos Contatos infrequentes com o agente a níveis baixos.
2 Exposição moderada Contato freqüente com o agente a baixas
concentrações/intensidade ou infrequentes a altas
concentrações/intensidades.
3 Exposição elevada Contato freqüente com o agente a altas
concentrações/intensidades.
4 Exposição altíssima Contato freqüente com o agente a
concentrações/intensidades elevadíssimas.
23

Em todas as situações podem ser elaboradas tabelas especificas para cada tipo de
risco a fim de se aprimorar a capacidade de

A gravidade do dano (PD) pode ser estimada atribuindo-se valores maiores ou


menores quando analisarmos o potencial do agente causar dano a saúde ou a magnitude
das lesões no caso de acidentes.

Na tabela 6 verificamos o PD quando analisamos qual é a conseqüência ou o dano


causado caso ocorra o acidente, também obtido pela estatística ou pela análise da
situação em estudo.

Tabela 6 – Categorias Relacionadas às Conseqüências do Acidente

PD CATEGORIA DESCRIÇÃO
CONSEQÜÊNCIA
0 Inexistente O Fato ocorrido não implicará em nenhum dano
ou efeito adverso
1 Desprezível ou Provavelmente não afetará a segurança e a
Insignificante saúde das pessoas resultando em menos de um
dia de trabalho perdido, entretanto é uma não
conformidade com um critério específico.
2 Marginal ou moderado Pode causar uma lesão ou doença ocupacional
de efeitos reversíveis de pouca importância,
resultando na perda de dias de trabalho ou danos
à propriedade irrelevantes.
3 Crítico Pode causar lesões severas, doenças
ocupacionais severas ou danos significativos à
propriedade.
4 Catastrófico Pode causar mortes ou perda das instalações.

A mesma análise é feita quando estudamos os efeitos dos agentes ambientais


sobre a saúde dos trabalhadores, conforme a tabela 7. Assim, quanto maior é a
capacidade do agente em causar um dano irreversível maior será a gravidade do dano.

Tabela 7 – Gradação Qualitativa dos Efeitos


PD DESCRIÇÃO
0 Efeitos reversíveis de pouca importância ou desconhecidos ou apenas suspeitos.
1 Efeitos reversíveis preocupantes.
2 Efeitos reversíveis severos e preocupantes.
3 Efeitos irreversíveis preocupantes.
4 Ameaça à vida ou doença/lesão incapacitante.

Para aprimorar nossa análise neste aspecto podemos levar em consideração


aspectos sobre os agentes ambientais levando em consideração para a análise diversos
parâmetros técnicos.

Entre os principais estão os Limites de Tolerância ou TLvs indicados pela NR 15 ou


pela ACGIH, os denominados TLvs (Limites de Exposição para Substâncias Químicas e
Agentes Físicos), veja a tabela 5. Outra questão a ser levada em consideração na análise
24

é a capacidade carcinogênica, tóxica e corrosiva do agente químico, veja as tabelas 9 e


10.
É indicado dispor de informações técnicas de qualidade sobre todos os produtos
químicos utilizados no processo industrial, as fichas de emergência dos produtos
perigosos e a constituição químicas das matérias primas utilizadas. Alguns produtos ao
serem desgastados no processo industrial podem gerar substâncias que antes eram
inertes no interior do produto, mas que por reação química ou por abrasão podem vir a
ser dispostas no ambiente de trabalho.
A questão dos TLvs merecerá um capítulo a parte a ser considerado, pois eles se
referem às concentrações em que se acredita que a maioria dos trabalhadores possa
estar exposta, repetidamente, dia após dia, sem sofrer efeitos adversos à saúde. Todavia
devido á grande variação da susceptibilidade individual, uma percentagem da população
exposta poderá experimentar desconforto a algumas substancias em concentrações
iguais ou menores que os limites de exposição (ACGIH, 2016). Algumas pessoas podem
ainda ser hipersuscetíveis e terem respostas não usuais a algumas substâncias químicas
devido a fatores genéticos, faixa etária, sexo, hábitos pessoais (fumo, álcool ou uso de
drogas e medicamentos) ou exposições anteriores.
Assim, o serviço médico da empresa ou os profissionais que aplicam este método
devem levar em consideração sempre os casos atípicos.

Tabela 8: Graduação do dano conforme os Limites de Exposição.

Dano potencial TLvs – Limites exposição (ACGIH)


Índice de Gravidade
(PD) Gases e vapores Particulados (névoas e poeiras)
(PPM) (mg/m³)
4 Severo 0-10 0-0,1
3 Sério 11-100 0,11-1,0
2 Moderado 101-500 1,1-10
1 Leve Acima de 500 Acima de 10

Na tabela 9 verificamos que quanto menor é o limite de exposição (TLv), maior será
o dano que o agente poderá causar ao organismo exposto.

Tabela 9: Exposição a agentes químicos irritantes, cáusticos ou corrosivos.

(PD) Categoria Descrição


1 Leve Levemente irritante para peles, olhos e mucosas. Vapores e
fumos irritantes em contato com a pele, olhos e membranas
mucosas.
2 Moderado Irritante para membranas mucosas, olhos, pele e sistema
respiratório superior.
3 Sério Altamente irritante e corrosivo para membranas, mucosas,
pele, sistema respiratório e digestivo, com lesões não
incapacitantes.
4 Severo Efeito cáustico e corrosivo severo sobre a pele, mucosa e
olhos, perda de visão, podendo resultar em morte ou lesões
incapacitantes.
25

No caso de agentes carcinogênicos nossa avaliação deve ser em prol da


segurança daí a graduação do dano já começa em 2, devendo-se sempre superestimar a
prevenção de exposição a estes agentes, conforme a tabela 10.

Tabela 10: Exposição a agentes carcinogênicos.

(PD) Categoria Descrição

2 Moderado Carcinogênico, teratogênico ou mutagênico confirmado


somente em animais.
3 Sério Suspeito de ser carcinogênico; teratogênico ou mutagênico
em seres humanos.
4 Severo Produto carcinogênico, teratogênico ou mutagênico
confirmado para seres humanos.

7.2. Medidas de controle Existentes

O uso de Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC e Equipamentos de Proteção


Individual - EPI pode ser utilizado como parâmetro para atenuação da graduação tanto da
probabilidade de ocorrência de exposição como da graduação do dano. No entanto deve-
se tomar bastante cuidado nesta análise.
No caso as medidas preventivas, principalmente os EPIs podem mascarar o risco
analisado, pois devemos levar em conta o uso adequado, a efetividade da proteção que o
equipamento promete oferecer e o conhecimento do trabalhador sobre o risco e sobre o
equipamento que ele utiliza. Por outro lado o EPI é uma proteção adicional quando o risco
não foi controlado.
A análise deve levar em conta também se as medidas de proteção coletiva
existentes têm manutenção e se são adequadas aos agentes, atribuindo-se índices
menores onde há controle e maior quando houver deficiências.
Na tabela 11 temos o exemplo de tabela que pode ser utilizada para analisar o
agente conforme a proteção oferecida no ambiente de trabalho.

Tabela 11 - Categorias de Probabilidade de Ocorrência de Acidentes ou doenças em


Função da Eficiência das Medidas Preventivas

ÍNDICE CATEGORIA DESCRIÇÃO DA CONDIÇÃO DAS MEDIDAS


PROBABILIDADE PREVENTIVAS
0 Insignificante Muito Boa
1 Baixa Boa
2 Média Apresenta pequenos desvios
3 Alta Apresenta desvios ou problemas
4 Muito Alta Medidas preventivas inadequadas ou inexistentes

.
26

7.3. Estimativa do Risco

O grau de risco é analisado com a confrontação da Probabilidade de Ocorrência de


Exposição (PE) com a Probabilidade da Gravidade do Dano (PD), através da utilização da
tabela 9. Onde obtemos a estimativa se o risco é tolerável, isto é, reduzido ao nível mais
baixo e razoavelmente praticável (BS 8800), ou caso contrário é passível de uma
intervenção de controle imediata.
Esta estimativa servirá como base analítica da eficiência das medidas de
segurança adotada pela empresa e como parâmetro após implantação de melhorias. Este
também será o indicador das prioridades de ações do PPRA no cronograma anual.
Quanto maior for a estimativa de risco e o número de trabalhadores expostos maior será
sua prioridade.
Nesta fase do estudo do documento base não será levado em consideração a
questão do custo da implantação das medidas previstas no PPRA.

Tabela 12 – Estimativa do Risco Segundo a BS 8800

Índice de Índice de Probabilidade da Gravidade do Dano (PD)


Probabilidade
de Ocorrência
da Exposição 1 2 3 4
(PE)
RISCO RISCO RISCO RISCO
1
TRIVIAL TOLERÁVEL TOLERÁVEL MODERADO
RISCO RISCO RISCO RISCO
2
TOLERÁVEL TOLERÁVEL MODERADO SUBSTÂNCIAL
RISCO RISCO RISCO RISCO
3
TOLERÁVEL MODERADO SUBSTÂNCIAL SUBSTÂNCIAL
RISCO RISCO RISCO RISCO
4
MODERADO SUBTÂNCIAL SUBSTÂNCIAL INTOLERÁVEL

Para se compreender o significado da estimativa de risco veja a definição dada


pela BS 8800 para cada parâmetro:

Risco Trivial: Nenhuma ação é requerida e nenhum registro documental precisa ser
mantido.
Risco Tolerável: Nenhum controle adicional é necessário. Pode-se considerar uma
solução mais econômica ou aperfeiçoamento que não imponham custos extras. A
monitoração é necessária para assegurar que os controles sejam mantidos.
Risco Moderado: Devem ser feitos esforços para reduzir o risco, mas os custos de
prevenção devem ser cuidadosamente medidos e limitados. As medidas de redução de
risco devem ser implantadas dentro de um período de tempo definido.
Quando o risco moderado é associado a conseqüências extremamente prejudiciais, uma
avaliação posterior pode ser necessária, a fim de estabelecer, mais precisamente, a
probabilidade de dano, como uma base para determinar a necessidade de medidas de
controle aperfeiçoado.
27

Risco Substancial: O trabalho não deve ser iniciado até que o risco tenha sido reduzido.
Recursos consideráveis poderão ter de ser alocados para reduzir o risco. Quando o risco
envolver trabalho em execução, ação urgente deve ser tomada.
Risco Intolerável: O trabalho não deve ser iniciado nem continuar até que o risco tenha
sido reduzido. Se não for possível reduzir o risco, nem com recursos ilimitados, o trabalho
tem de permanecer proibido.

Na tabela 13 estão indicadas as principais ações a serem tomadas em relação à


avaliação qualitativa. Nota-se que as medidas de prevenção são prioritárias em relação
às ações de avaliação quantitativas que são caras e não trazem benefícios para os
trabalhadores,

Tabela 13: Medidas Técnicas


AVALIAÇÃO QUANTITATIVA MEDIDA DE PREVENÇÃO
Necessidade Prioridade Necessidade Prioridade
TRIVIAL Não é necessária - Não é necessária -
Necessária somente Manter e melhorar
para comprovar as as medidas ALTA
medidas de controle, existentes se
TOLERÁVEL BAIXA
ou eventualmente apresentar
para fins de vantagens BAIXA
documentação. econômicas.
Necessária para ALTA (PD 4)
ALTA
avaliar eficácia das
MÉDIA (PD 3 Manter medidas e
MODERADO medidas de controle
e 2) melhorá-las se for
e documentar
viável. MÉDIA
exposição BAIXA (PD 1)
Necessária para
melhor estimar a ALTA Necessária a
exposição implantação de
medidas de
SUBSTÂNCIAL Não é necessária
controle ou de
para decidir adotar melhoria nas ALTA
ou melhorar existentes
medidas de controle
Necessária somente
quando há
ALTA
exigências legais
O trabalho deve ser
(previdência)
interrompido até a AÇÃO IMEDIATA
INTOLERÁVEL Não é necessária - adoção de alguma OU
para decidir pela medida, no mínimo INTERRUPÇÃO
adoção ou melhoria em caráter DO TRABALHO.
de medidas de emergencial.
controle.
28

8. DOCUMENTO BASE

O documento base do PPRA deverá conter no mínimo as seguintes informações:


1- Identificação das empresas do ramo de atividade, importância econômica na região em
que estão instaladas e o número de trabalhadores contratados direta e indiretamente;

2- Aspectos históricos sobre como as empresas surgiram e o contexto sócio-econômico e


como se organizam as representações de classe dos trabalhadores;
3- O processo de produção onde se verificará a capacidade produtiva, matérias-primas
utilizadas, os meios de produção (máquinas, equipamentos, ferramentas, o mobiliário,
etc.) e o fluxograma da produção;
4- Organização do Trabalho onde se verifica a divisão das tarefas (concepção e
execução), os mecanismos de controle da produção (ritmos, produtividade, autonomia), a
jornada de trabalho (turnos, tempo para pausas, horas-extras, rodízios de funções),
aspectos de estabilidade no emprego, salário e a relação com os sindicatos das
categorias;
5- Instalações da empresa: onde o espaço físico do local de trabalho é analisado no
aspecto de divisão espacial (layout), ventilação, iluminação, conforto e higiene (banheiros,
bebedouros, vestiários, áreas de lazer, refeitórios, etc.);
6- Descrição das condições ambientais de trabalho: onde se estuda se no meio ambiente
de trabalho existem elementos que possam ser agentes nocivos para os trabalhadores
como os aerodispersóides (poeiras, fumos metálicos, gases e vapores), a presença de
energias como o ruído, vibração, radiações, a presença de microorganismos que possam
ser fonte de contaminação. Indicar a posição no layout das fontes dos riscos, os
equipamentos de proteção coletiva, se existir e uma análise da gestão destes fatores de
risco;
7- Relação com o meio ambiente: como se dá a disposição de todos os resíduos sólidos e
líquidos do processo de produção e qual é sua influência no ecossistema do entorno da
fábrica.
O relatório do documento base tem que ser escrito obedecendo a NBR 12256 que
estabelece as normas como deve ser escrito um trabalho cientifico ou relatório técnico e a
NBR 6023/2002 que estabelece as orientações para fazer citações ou referências
bibliográficas.

8.1. Capa e folha de rosto do Documento

Na capa deverá ser utilizada a folha de papel timbrado da empresa contendo o


título “Programa de Prevenção de Riscos Ambientais”, o nome da empresa ou
estabelecimento onde foi realizado o trabalho e a data da sua conclusão, que passará a
ser a data do documento base.
A folha de rosto Com o mesmo aspecto da capa deve indicar a que se destina o
trabalho e seus autores ou responsáveis.
29

8.2. Sumário

O sumário deve figurar em uma folha própria, contendo o detalhamento do PPRA e as


respectivas páginas onde se encontram os assuntos:
• Introdução.........................................4
• Objetivo.............................................9
• Identificação da empresa.................10
• Atividades da empresa.....................11

8.3. Introdução do PPRA

Neste texto deve estar explicito todo o interesse da empresa em cumprir o


conteúdo da NR 9 e das demais normas de SST do Ministério do Trabalho e Emprego e o
compromisso de realizar todos os esforços para prevenir riscos a saúde.
O empregador é que deve assinar o PPRA e assim nesta introdução fica explicito o
compromisso de se fazer cumprir integralmente a programação do PPRA.
Como exemplo de texto de abertura, veja abaixo.

“Em 29 de dezembro de 1994, a portaria n.25 aprovou o texto da Norma


Regulamentadora NR-9 que estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implantação,
por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como
empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA”.
“O PPRA está descrito neste documento base e contêm os aspectos estruturais do
programa, a estratégia e metodologia de ação, forma de registro, manutenção e
divulgação dos dados, bem como a periodicidade e a forma de avaliação do
desenvolvimento do programa e o planejamento anual com o estabelecimento das metas
a serem cumpridas com os prazos para sua implantação conforme o cronograma anual”.

Devendo estar indicadas as interfaces com outros programas, tais como: Programa
de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, Programa de Proteção Respiratória
– PPR, Programa de Controle de Ruído Ocupacional – PCRO e Programa de Prevenção
de Riscos Ergonômicos – PPRE.
O PPRA constitui-se numa ferramenta de extrema importância para segurança e
saúde dos empregados, proporcionando identificar as medidas de proteção do
trabalhador a serem implantadas, servindo também para a elaboração do PCMSO
prevista na NR-7.
30

8.4. Identificação da Empresa

Após a introdução deve-se fazer a identificação da empresa com as seguintes


informações:
• Razão social;
• CNPJ;
• CNAE e atividade principal;
• Grupo, sub-grupo;
• Grau de risco;
• Endereço completo e telefones;
• Horário de funcionamento da empresa;
• Jornada diária;
• Nº de empregados;
• Responsável pela inspeção

8.5. Política de Segurança da Empresa

É um compromisso fundamental da “Marmoraria Brasil”, garantir condições seguras


e ambientes de trabalho adequado e compatível com as normas legais relativas à
segurança e saúde do trabalho, proporcionar treinamentos específicos para todos
empregados, capacitando-os a reconhecer os fatores de riscos e as formas de controle
adotadas pela empresa.
A direção da Marmoraria Brasil enfatiza que sua política em saúde e segurança no
trabalho é prioritária em relação à da produção, pois a saúde de seus empregados vem
em primeiro lugar. Assim, em caso do trabalhador encontrar uma situação de risco grave
e eminente deverá paralisar o serviço e informar a seu superior hierárquico para que a
situação possa ser sanada.

8.6. Responsabilidades

O texto deve indicar qual é a responsabilidade de cada um dos responsáveis pelo


cumprimento das metas no PPRA.
• do gerente da empresa;
• Dos encarregados por setor;
• Do setor administrativo;
• Dos empregados;
• Da CIPA
31

8.7. Atividades da Empresa

Descrever neste item, de forma sucinta, como as atividades ocorrem no


estabelecimento e quais os seus processos de trabalho;
Trata-se de uma empresa de pequeno porte dirigida por um sócio proprietário,
sendo constituída pelo setor produtivo e por um escritório.
Sua atividade básica é o beneficiamento de pedras ornamentais (mármore e granito);

8.8. Ciclo Produtivo

• Recebimento de matéria prima (chapas de mármore e granito);


- Movimentação e estocagem manual;
• Polimento das chapas;
- Polimento manual...
• De acordo com os pedidos as peças são cortadas nas medidas, coladas e
estocadas para secagem;
• Despacho para cliente.

Figura 5: Fluxograma

Recebimento material
Estoque Polimento
Almoxarifado

Compras e Corte conforme Expedição


Recebimento pedido Os pedidos

Contabilidade

8.9. Caracterização dos Riscos

• Dados Preliminares:
32

• Dados disponíveis na literatura sobre os riscos relativos às atividades da empresa


são:
• Inalação de poeiras de sílica livre cristalizada emitida nos cortes e polimentos das
chapas de granito;
• Exposição contínua a ruído acima de 85 DBa

Outras informações:
• Acidentes e doenças registrados em anos anteriores;
• Ações de fiscalizações: apontar a data e os pontos exigidos pelos auditores fiscais;
• Prioridades apontadas pelos dados preliminares: Controle emissão de poeiras,
ruído e melhorias na ergonomia;
• Estratégias para o reconhecimento dos riscos: Divisão da empresa nos setores
(Escritório, Estoque/almoxarifado, Produção e Expedição.

Reconhecimento dos Riscos


• Caracterização do ambiente e processo de trabalho;
• Caracterização da força de trabalho: nº de trabalhadores por função e descrição
das tarefas realizadas por função.
• Horário e jornada de trabalho;
• Observações gerais.

Figura 6: Principais Fatores de Riscos Ambientais Encontrados

Agente Características Danos Potenciais a Saúde

Poeira contendo O granito é constituído de A poeira contendo sílica


sílica quartzo e feldspato, sendo pode acumular nos pulmões
o primeiro o principal e causar a Silicose (³) e
responsável pela câncer de pulmão. Doença
presença de sílica incurável e já identificada
cristalina. para trabalhadores deste
setor (¹).

Ruído Proveniente do corte e do A exposição ao ruído pode


polimento de chapas de resultar em grave problema
granito. que é a perda auditiva
induzida pelo ruído (PAIR)
após alguns anos de
exposição. A perda é
irreversível e já identificada
para trabalhadores deste
setor(²).
33

Vibração Nas operações de O uso prolongado dessas


acabamento o uso de ferramentas durante a
ferramentas manuais jornada de trabalho pode
motorizadas como ocasionar problemas de
esmerilhadoras, lixadeiras ordem vascular, neurológica,
etc. osteo muscular, muscular
entre outros efeitos(¹).

8.10. Conclusões e Recomendações

As avaliações contidas neste documento base não se esgotam por si só devendo


ser reavaliadas caso haja evolução técnica nos conhecimentos sobre o assunto ou novas
informações possam ser adquiridas nas observações diárias feitas pelos gerentes de
setores.

Cachoeiro do Itapemirim, 30/07/2016_______________________ assinar.

• Anexos:
• Avaliações ambientais;
• Estudos de Equipamentos de Proteção Coletiva;
• Formulários de acompanhamento da execução do PPRA.
34

Tabela 14: Estimativa de Risco da Empresa Marmoraria Brasil.


:
TAREFA/OPERAÇÃO SITUAÇÕES Fonte CONSEQUÊNCIAS MEDIDAS DE POPULAÇÃO Estimativa
DE RISCO OU CONTROLE de
OU EXPOSTA
(AGENTES E (PE) (PD) RISCO
EFEITOS
ITEM ANALISADO FATORE S POTÊNCIAIS
DE RISCO)
Poeira Uso de
contendo Pátio de
Silicose e perda protetor Encarregado
Gerenciar a produção sílica estocagem e 3 1 Tolerável
auditiva auricular e (1)
do galpão
Ruído mascara PPF3

Politrizes e Protetor Ajudantes (3)


Perda auditiva,
Ruído maquinas a auricular tipo 3 2 Moderado
estresse e fadiga.
Recebimento de corte plug
Matéria prima e
transporte interno. Movimentação
Poeira
de veículos e
contendo Silicose Não utilizam Ajudantes (3) 3 3 Substancial
do galpão de
sílica
corte
Mascara
Presença de Politrizes descartável Polidores (3) 2 3 Moderado
poeiras tipo PPF3
Silicose
contendo Mascara Cortador (5)
sílica Serra de corte descartável 4 4 Intolerável
Corte e polimento de Ajudante (3)
chapas tipo PPF3
Cortador (5)
Perda auditiva Protetor 4 2 Substancial
Ruído Serra de corte temporária e auricular tipo Ajudante (3)
permanente plug
Polidor (3) 3 2 Moderado
35

8.11. Plano Anual

Período: 02/01/2017 a 31/12/2017.


Declaração: É o compromisso da empresa de executar as fases operacionais
do PPRA de forma a investir recursos no controle, monitoramento e revisão do
PPRA.

Tabela 15: Cronograma de ações 2017.


Natureza Objetivos Ação Estratégia Cronograma Responsável
do risco e Metas programada Metodologia

I F
Química Garantir Uso de Informar aos 02/01
proteção protetores trabalhadores sobre o
Poeira
de respiratório risco da poeira de
Sílica
inalação s sílica, adquirir o EPI
de adequado e treinar no
poeiras uso.
de sílica.
Instalar Realizar estudo de 02/01 15/02
sistema de viabilidade econômica
corte a
úmido
Compra do sistema 15/02 30/02

Instalação 01/04 30/06


Física Controle Avaliação Realizar avaliação 02/02 30/02
de ambiental ambiental
Ruído
exposiçã
o.

Figura 6: Planilha de acompanhamento de Execução


Etapas Data Conclusão Atividade Data Problemas e atrasos
previstas Prevista executada Conclusão
Efetiva

Ação: Responsável
Observações:Avaliação:
36

O plano anual deve prever as reuniões de avaliação da execução das


etapas conforme a seguinte ordem de ações:

1- Exame periódico da situação: reunião semestral com os responsáveis pela


execução com o coordenador;

2- Avaliação anual: uma auditoria com profissional externo competente em


higiene ocupacional, escolhido a critério do coordenador do PPRA. O resultado
da auditoria deve ser apresentado em reunião geral a fim de determinar ações
futuras e estabelecer os objetivos para o próximo período

8.12- Dos Prazos

Apesar de não haver indicação na NR 9 dos prazos para execução das


medidas de controle o tempo indicado como base são:

• Caráter imediato: até 30 dias;


• Curto prazo: 1 a 3 meses;
• Médio prazo: 3 a 12 meses.
• Longo prazo: 1 a 2 anos

9. Controles dos Riscos

Deverão ser tomadas medidas necessárias e suficientes para


eliminação, a minimização ou o controle dos riscos ambientais sempre que
forem verificadas as seguintes situações:

A- identificação, na fase de antecipação, de risco potencial a saúde;


B- constatação, na fase de reconhecimento de risco evidente a saúde;
C- quando os resultados das avaliações ambientes ultrapassarem os valores
limites previstos na NR 15 ou, na ausência destes os valores limites de
exposição ocupacionais adotados pela ACGIH.
D- quando através do PCMSO, ficar caracterizado o nexo causal entre danos a
saúde do trabalhador e a situação a que ficaram expostos.

O estudo desenvolvimento e implantação de medidas de proteção


coletiva deverão obedecer a seguinte hierarquia (9.3.5.2):
37

A- medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou formação de agentes


prejudiciais à saúde;
B- medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no
ambiente de trabalho;
C- medidas que reduzam os níveis de concentração desses agentes no
ambiente de trabalho.

9.1. Inviabilidade técnica ou econômica

Quando comprovado pelo empregador a inviabilidade técnica da medida


de proteção coletiva ou quando estas não forem suficientes ou em fazem de
implantação devem ser adotadas as seguintes medidas emergenciais:
A- medidas de caráter administrativo ou de organização de trabalho;
B- utilização de equipamento de proteção individual – EPI.

9.2. Hierarquia do Controle

a) Controle do risco na fonte;


 Substituição de materiais;
 Substituição/modificação de processos e de equipamentos;
 Controle e manutenção de processos e equipamentos;
 Métodos úmidos

b) Controle da propagação do agente


 Ventilação geral diluidora;
 Ventilação local Exaustora;
 Isolamento;

c) Controle ao nível do trabalhador.


 Limitação do tempo de exposição;
 Educação;
 Treinamento;
 Vigilância médica;
 Equipamento de Proteção Individual.

d) Outras medidas
38

 Planta do local (lay-out);


 Limpeza;
 Transporte;
 Armazenagem;
 Rotulagem;
 Sinais e avisos;
 Vigilância ambiental;
 Práticas de trabalho adequadas
 Equipamentos mínimos para evitar agravamento de danos.

Sobre a questão econômica seria importante que em documento a parte


do documento base fosse realizado um orçamento total da execução do
PPRA a fim de que a empresa pudesse colocar no seu orçamento os
recursos financeiros necessários para o cumprimento de todas as etapas do
PPRA.
Muitas empresas ficam sem conseguir fazer um bom planejamento
orçamentário quando desprezam os custos a serem dispendidos na área de
cumprimento das leis trabalhistas.

9.3. Avaliação das medidas de controle

O PPRA deve estabelecer critérios e mecanismos de avaliação da


eficácia das medidas de proteção implantadas considerando os dados obtidos
nas avaliações realizadas e no controle médico de saúde previsto na NR – 7.
Os indicadores de avaliação é um dos desafios do sistema de gestão a
serem implantado na empresa. Por exemplo, o sistema pode prever que todos
os trabalhadores sejam treinados a utilizarem o protetor auricular em um
determinado local de trabalho. Após o período de treinamento em inspeções
regulares serão anotados quantos trabalhadores estavam utilizando
corretamente o equipamento é isso poderá dar um indicador da eficiência do
treinamento. Outro exemplo é realizar medições ambientais para verificar a
eficiência de captação de poeira de um exaustor pela concentração medida.

Exemplo de programa de Avaliação:


Implantar o uso de proteção auricular;
Objetivo: O uso contínuo do protetor auricular por todos os empregados
nos locais com LT acima de 85 Dba;
Estratégia: Compra de protetores auriculares de boa qualidade, realizar
palestras com todos os empregados sobre a importância do uso
39

continuo e sobre a higienização e guarda do equipamento, realizar


inspeções periódicas;
Indicador: % de trabalhadores que usam > 80%.

9.4. Do nível de Ação

Considera-se nível de ação o valor acima do qual devem ser iniciadas


ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que a exposições a
agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição. As ações devem
incluir monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores
e o controle médico.
Deverão ser objeto de controle sistemático:
A- para agentes químicos, a metade dos limites de exposição ocupacional;
B- para ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%), conforme critério
estabelecido a NR 15, anexo I, item 6.

9.5. Monitoramento

Para o monitoramento da exposição dos trabalhadores e das medidas


de controle deve ser realizada uma avaliação sistemática e repetitiva da
exposição a um dado risco, visando a introdução ou modificação das medidas
de controle sempre que necessário (9.3.7.1).

9.6. Registro dos dados

Deverá ser mantido pelo empregador um registro de dados, estruturado


de forma a constituir um histórico técnico e administrativo do desenvolvimento
do PPRA;
 Os dados devem ser mantidos por um período mínimo de 20 anos;
 O registro dos dados deverá estar sempre disponível aos trabalhadores
interessados e seus representantes e para as autoridades competentes.

9.7. Das Responsabilidades

Do empregador:
- Estabelecer, executar e assegurar o cumprimento do PPRA como
atividade permanente da empresa ou instituição;
Do trabalhador:
- Colaborar e participar da implantação d PPRA;
- Seguir as orientações recebidas nos treinamentos oferecidos dentro do
PPRA;
40

- Informar ao seu superior hierárquico direto ocorrências que, a seu


julgamento, possam implicar riscos à saúde dos trabalhadores.

9.8. Das Informações

Os trabalhadores interessados terão o direito de apresentar propostas e


receber informações e orientações a fim de assegurar a proteção aos riscos
ambientais identificados na execução do PPRA;

Os empregadores deverão informar os trabalhadores de maneira


apropriada e suficiente sobre os riscos ambientais que possam originar-se nos
locais de trabalho e sobre os meios disponíveis para prevenir ou limitar tais
riscos e para proteger-se dos mesmos (9.5).

9.9. Das disposições finais

Sempre que vários empregadores realizem, simultaneamente, atividades


no mesmo local de trabalho terão o dever de executar ações integradas para
aplicar as medidas previstas no PPRA visando a proteção de todos os
trabalhadores expostos aos riscos ambientais gerados (9.6.1).
O conhecimento e a percepção que os trabalhadores têm do processo
de trabalho e dos riscos ambientais presentes, incluindo os dados consignados
no mapa de riscos, previstos na NR-5, deverão ser considerados para fins de
planejamento e execução do PPRA em todas as suas fases (9.6.2).
O empregador deverá garantir que, nas ocorrências de riscos ambientais
nos locais de trabalho que coloquem em situação de grave e iminente risco um
ou mais trabalhadores, os mesmos possam interromper de imediato as suas
atividades, comunicando o fato ao superior hierárquico direto para as devidas
providências (9.6.3).

10 Gerenciamento do PPRA

Todo gerenciamento tem como objetivo a execução de um determinado


plano de trabalho previamente elaborado com um objetivo a ser atingido com a
melhor eficiência e eficácia possível.

No caso do PPRA o gerenciamento tem que ser compatível com o


processo de tomada de decisão, a qual uma ação é tomada ou uma política é
desenvolvida uma vez que é admitida a existência de um risco ambiental.

A base desta decisão integram os aspectos técnicos, políticos, sociais e


econômicos e estabelecimento de prioridades de ações.
Assim, o gerenciamento vai depender diretamente dos objetivos da
organização para a qual foi elaborada.
41

Se a empresa quer realmente fazer uma boa gestão dos riscos


ambientais ela irá alocar todos os recursos necessários para a execução de
todas as etapas previstas no PPRA.
Isso implica que o coordenador do PPRA tem o poder decisório para
fazer cumprir o que foi planejado no documento base.

Normalmente, as empresas brasileiras não dão a devida importância às


questões ligadas à segurança e saúde do trabalhador. Geralmente, são
negligenciados os cálculos dos custos de investimentos na prevenção de
acidentes e preservação da saúde dos empregados da empresa. Este fato
pega, às vezes, o gerente despreparado, pois não possuindo programas de
gestão à altura de seus problemas, acaba levando a administração ao
insucesso e a perdas de produção e de dinheiro por passivos trabalhistas.
Prejuízos estes causados por multas, processos judiciais, pagamentos de
adicionais de riscos ou insalubridades e perdas de produção por afastamento
do empregado por acidentes ou por parada do processo produtivo.

Os gerentes responsáveis pela produção devem considerar as questões


de segurança e saúde dos trabalhadores como parte integrante do setor
produtivo, implantando programas de segurança e saúde atrelados ao de
qualidade total e de proteção ambiental em respeito às normas nacionais.
Assim um bom coordenador do PPRA deve acompanhar continuamente
as ações priorizadas para verificar se os objetivos selecionados estão sendo
alcançados ou não, se a priorização das ações foi correta, se os resultados
alcançados mudaram ou não a situação desejada (GIL, 1995).

Um dos sistemas de gerenciamento de segurança e saúde no trabalho –


SST, que tem sido adotado mundialmente é o modelo inglês BS 8800 –
Sistemas de Gestão de Saúde e Segurança Industrial, que confere bastante
ênfase à gestão voltada para a melhoria constante das condições de trabalho
existentes no ciclo produtivo. A seguir, abordaremos alguns aspectos contidos
nesta norma bem sucedidos e fundamentais para que haja uma política da
organização produtiva na prevenção de acidentes e de falhas operacionais.

10.1 Levantamento da Situação Inicial

O levantamento inicial deve ser feito pela organização responsável pela


gestão das questões de segurança e saúde, com a finalidade de obter
informações que darão suporte para a tomada de decisões sobre o escopo,
execução e adequabilidade do sistema proposto, assim como facilitar o
estabelecimento de um padrão a partir do qual as melhorias poderão ser
avaliadas ou medidas.
O levantamento inicial deverá responder à pergunta “onde estamos agora?”.
O levantamento deve comparar os dispositivos existentes com:

a) as exigências da legislação que trata de segurança e saúde ocupacional;


b) as práticas existentes dentro da organização sobre segurança e saúde
ocupacional;
c) o melhor desempenho e prática da organização;
42

d) a eficiência e eficácia dos recursos existentes ao gerenciamento de


segurança e saúde ocupacional.

10.2 Política de Segurança e Saúde

A fim de endossar sua política de segurança e saúde no trabalho, a mais


alta gerência da organização deve defini-la através de documentos. Assumindo
os seguintes compromissos:

a) reconhecer a segurança e saúde no trabalho como parte integrante do


desempenho do negócio;
b) obter elevado nível de desempenho de segurança e saúde no trabalho,
como atendimento aos requisitos legais, e promover o contínuo
aperfeiçoamento, com economicidade do desempenho;
c) proporcionar os recursos necessários para implantação da política;
d) após estabelecer os objetivos gerenciais em segurança e saúde, divulgá-los,
mesmo que seja através dos boletins internos;
e) colocar o gerenciamento de segurança e saúde como uma responsabilidade
primordial da gerência de linha, do executivo hierarquicamente mais alto até o
nível de supervisão;
f) assegurar sua compreensão em todos os níveis da organização;
f) promover o envolvimento e interesse dos trabalhadores, a fim de obter
sua participação efetiva nos resultados;
g) assegurar que os trabalhadores recebam treinamento que os capacitem
para o desempenho de suas atividades com responsabilidade;
h) revisar periodicamente a política e o sistema de gerenciamento,
realizando auditoria para verificação do seu cumprimento.

10.3 Planejamento

O sucesso ou fracasso de qualquer atividade só poderá ser avaliado


adequadamente se forem estabelecidos critérios claros de desempenho, com a
definição do que deve ser feito, quem é o responsável, quando deve ser feito e
o resultado desejado.
O planejamento deve ser embasado na observação dos seguintes
aspectos:

a) Avaliação de risco: realizar a avaliação dos riscos presentes em todas as


atividades da organização;
b) Requisitos Legais: identificar os requisitos legais referentes aos riscos
identificados, assim como quaisquer outros requisitos aplicáveis ao seu
gerenciamento;
c) Providências para gerenciamento de segurança e saúde no trabalho: a
organização deve tomar providências para cobrir as seguintes áreas chaves:

- Planos e objetivos gerais, incluindo pessoal e recursos, para executar a


sua política;
- Ter acesso a conhecimento suficiente de SST, capacitações e
experiências para administrar suas atividades com segurança e segundo os
requisitos legais;
43

- Planos operacionais e financeiros para executar ações de controle de


riscos e aos requisitos identificados;
- Planejamento de atividades organizacionais;
- Planejamento para a medição da eficiência, auditorias e levantamento
de situação;
- Executar as ações corretivas que se demonstrem necessárias.

10.4 Implantação e operação

a) Estrutura e Responsabilidade

A responsabilidade quanto às questões de SST recai, em primeiro lugar,


sobre a alta gerência. Esta é a forma mais prática para que o sistema de
gestão possa ser implantado em todos os locais e esferas de operação dentro
da organização. Em todos os níveis da organização as pessoas precisam:

- ser responsáveis pela saúde e segurança daqueles que dirigem, delas


próprias e de outros com os quais trabalham;
- estar conscientes de sua responsabilidade com a saúde e segurança de
pessoas que possam ser afetadas pelas atividades que controlam, como, por
exemplo, empreiteiros e o público;
- estar conscientes da influência que sua ação ou inação pode ter sobre a
eficácia de gerenciamento de SST.

b) treinamento, conscientização e competências.

A administração deve identificar as competências, em todos os níveis, e


organizar todos os treinamentos necessários.

c) Comunicações

A administração deve estabelecer e manter um sistema apropriado para:

. a informação eficaz e, sempre que possível, aberta sobre SST;


. tomar as providências necessárias para provisão de consultoria de
especialistas;
. envolver sempre os empregados, esclarecendo adequadamente os problemas
de SST no ambiente de trabalho.

d) Documentação do Sistema de Gerenciamento e seu Controle

A administração deve dispor de documentos mínimos que possam reter


os conhecimentos sobre os planos e resultados do gerenciamento. Este item é
de fundamental importância para capacitar a administração a implantar com
sucesso seu sistema de gerenciamento.
Os documentos devem sempre ser atualizados e aplicáveis aos fins para
os quais foram criados.

e) Controle Operacional
44

Independente do tamanho do porto e complexidade de operações


realizadas é fundamental que a gestão das questões de SST seja inteiramente
integrada. Assim, as administrações devem se consorciar para que possam
garantir que todos os serviços sejam realizados com segurança e ainda:

- definir a alocação de responsabilidades e prestação de contas na


estrutura gerencial;
- assegurar que as pessoas tenham a necessária autoridade para
executar as suas tarefas;
- atribuir recursos compatíveis com o seu tamanho e natureza.

f) Preparação e respostas a emergências

Cabe à administração tomar providências para estabelecer planos de


contingências em emergências previsíveis e minimizar seus efeitos.

10.5 Verificação e Ação Corretiva

Neste item estão aspectos executivos do plano de gerenciamentos que


balizarão a eficácia do sistema de controle de segurança e saúde no trabalho.

a) Monitoramento e medição

A quantificação do desempenho é importantíssima para prover de


informações o sistema de gerenciamento. O desempenho possibilita o
monitoramento e a extensão, na qual a política e os objetivos estão sendo
adequados e inclui:

. Medições proativas que monitorem, por exemplo, o atendimento pela


vigilância e inspeções das providências tomadas sobre SST, sistemas seguros
de trabalho, autorizações e liberações de área para trabalhar, etc;
- medições reativas de desempenho que monitorem acidentes, quase
acidentes, problemas de saúde e registros históricos de deficiências de
desempenho de SST.

b) Ação Corretiva

Após a identificação de deficiências, as causas originárias devem ser


catalogadas e ações corretivas tomadas.

c) Registros

A administração deve manter arquivados todos os documentos necessários


para demonstrar o cumprimento de requisitos legais.

d) Auditoria
45

A auditoria deve ser feita periodicamente por pessoa competente e


independente da área a ser auditada, tanto quanto possível, podendo ser
externo ou da própria administração.
As auditorias devem cobrir os seguintes pontos, prioritariamente:

- o sistema global de gerenciamento implantado pelo setor ou pela


administração é capaz de obter ou promover os padrões requeridos de
desempenho em SST?
- a administração está cumprindo todas as suas obrigações com relação a
SST?
- quais os pontos fortes e fracos do sistema de gerenciamento de SST?
- a organização, ou os setores, está realizando realmente o que alega?

As auditorias podem ser as mais abrangentes possíveis ou apenas


abordar um determinado aspecto, de acordo com a necessidade. O importante
é que seu resultado deve ser divulgado a todas as pessoas relevantes da
organização e ações devem ser tomadas a fim de corrigir os desvios
encontrados.

10.6 Levantamento Gerencial

A frequência e o conteúdo dos levantamentos periódicos do sistema de


gerenciamento de SST são definidos pela administração, devendo considerar
os aspectos:

- o desempenho global do sistema de gerenciamento de SST;


- o desempenho de elementos individuais do sistema;
- as conclusões das auditorias;
- os fatores internos e externos, como as mudanças na estrutura
organizacional, leis pendentes, a introdução de novas tecnologias, entre outros,
com identificação da ação necessária para remediar quaisquer deficiências.

O sistema de gerenciamento de SST deve ser concebido para adaptar-


se constantemente aos fatores internos e externos, ou a correções de rumo. O
levantamento periódico proporcionará à administração condições de realizar
previsões, oferecendo meios para aperfeiçoar a sua abordagem proativa na
minimização de riscos e melhoramento do desempenho do negócio.

11 Avaliação Global do PPRA


Planejar significa definir objetivos a serem atingidos e decidir quais
destes objetivos têm prioridade. Significa escolher o melhor caminho para
atingi-los e alocar recursos necessários. Planejar é elaborar um plano de ação
com base em prioridades definidas, em recursos disponíveis ou a serem
conseguidos.
Planejar também significa avaliar como estão sendo executados os
projetos, programas anteriores a fim de corrigir suas falhas e encontrar outras
soluções.
46

Para planejar um bom PPRA é necessário fazer a avalição do programa


vigente e verificar o que foi feito ou o porquê algo deixou de ser feito. Verificar
se as metas foram atingidas no período e se foram eficientes corrigindo se algo
deu errado para o período seguinte.

Geralmente a avaliação deve ser feita por comparação, ou seja, a


mesma situação em diferentes momentos; um local com outro ou podemos
fazer por um padrão ou modelo de referência – seja configurada por taxas de
frequência, gravidade, incidência ou prevalência.
Outra forma é a analise de eficiência e eficácia das medidas adotadas,
sendo que a eficiência definida como fazer mais com menos recursos ou agir
sem desperdiçar recursos.
Por outro lado a eficácia seria a verificação se as ações deram os
resultados esperados, ou seja, se alcançamos com qualidade as metas
programadas.
De qualquer forma toda a avaliação do PPRA deve procurar
acompanhar ou monitorar todos os momentos ou passos de nossas ações
durante sua execução, a fim de identificarmos possíveis falhas de processos.

EFICIÊNCIA EFICÁCIA
Ênfase nos meios; Ênfase nos resultados;
Resolver problemas; Atingir objetivos;
Cumprir tarefas. Obter resultados

11.1 Métodos de Avaliação

Podemos utilizar vários métodos para fazer a avaliação do PPRA,


sendo:

1- Pela “efetividade das ações” - significa resultar na mudança de uma


determinada realidade ou na transformação de uma situação.
2- Pelos resultados alcançados – a avalição por esse método é baseado na
comparação entre os resultados previstos e realizados. É um método prático,
mas que depende somente do ponto de vista do supervisor a respeito do
desempenho avaliado.
3- Pelos objetivos - baseia-se numa avaliação do alcance de objetivos
específicos, mensuráveis, alinhados aos objetivos organizacionais e
negociados previamente entre cada setor ou responsável.

Portanto o processo de avaliação é um processo contínuo de sucessivas


aproximações de conhecimento da realidade referente a toda ordem de
questões relacionadas a nossa atuação.
Para uma avaliação ser demonstrada será necessária a criação de
indicadores. Os indicadores irão demonstrar quais variáveis são significativas
para compor a medida? Identificando quais serão os elementos na composição
de um indicador, os quais podem auxiliar na elaboração de outros indicadores.
47

Indicadores servem para medir situações específicas e são fundamentais não


apenas para o trabalho gerencial, mas para todo o processo de planejamento.

Tipos de indicadores que interessam para a nossa avaliação:


a) Horas/ano de treinamento por empregado;
b) Índices de rotatividade e absenteísmo;
c) Confiabilidade de recursos;
d) Taxas de frequência e de gravidade por acidentes do trabalho;
e) Incidência e prevalência de doenças ocupacionais;
f) Taxa de execução das ações previstas no PPRA.

Para construir indicadores é preciso identificar o que é preciso acompanhar,


ou seja, o que é importante no processo para o resultado final.

No PPRA tem vários processos são importantes serem avaliados:

a) Avaliar se a identificação, a avaliação e as medidas de controle dos agentes


ambientais foram realizadas adequadamente;
b) Cumprimento do PAA - Medir se as ações previstas foram atendidas ou não
no prazo;
b) Controles de Agentes Ambientais– Identificar se os controles são eficientes
na prevenção de doenças;
c) Participação - Identificar se os empregados, gerentes e diretores têm
participado da execução do PPRA.

Exemplo de criação de um indicador

Exemplo 1
Indicador Hora de Treinamento por Setor
Objetivo: Medir a participação do setor no total de treinamento.
Periodicidade: Anual.
Responsável: Gestores dos Setores e de Treinamento.
Fórmula de Cálculo:
Σ (CTs) / Vt * 100, onde:
CTs = Somatório de hora de cada treinamento feito por cada empregado do
setor.
Vt = Hora total do treinamento oferecido no período

Intervalo de Validade:
Ideal = De 0,80 a 1,00 (da média por Setor)
Setor Pouco Treinada = Abaixo de 0,80
Setor com excesso de treinamento = Acima de 1,20
Variáveis Necessárias:
Nome do Setor
Data de Apuração dos dados
Hora de treinamento por empregado
Registro de curso feito pelo empregado
Carga horária total de treinamento no período.
48

Exemplo 2
Falta de uso de proteção auricular;
Objetivo: Uso em tempo integral por todos os empregados do protetor auricular
nos locais com LT acima de 82 Dba;
Periodicidade: diária.
Estratégia: Realizar palestras com todos os empregados, realizar inspeções
diárias para verificar quem não está utilizando o equipamento de proteção
individual;
Fórmula de Calculo:
Σ (NT) / NTT * 100, onde:
NT = Número de trabalhadores que não utilizam o EPI no setor.
NTT = Número de trabalhadores total do setor.
Indicador: % de trabalhadores que usam > 90%.

Para um bom planejamos ao detectarmos um problema devemos


estabelecer s uma estratégia para enfrentá-lo. Assim devemos fazer um bom
planejamento, determinar os indicadores que possam demonstrar se os nossos
objetivos estão sendo alcançados e executar as ações planejadas.
No final do período voltamos a analisar para medir em que grau a realidade foi
transformada para o cenário que planejamos. Caso nosso plano não foi eficaz
devemos corrigir nossa estratégia e propor as mudanças necessárias.

A avaliação global do PPRA tem assim como objetivo a analise da


execução do programa no ano anterior, verificar suas falhas e propor medidas
de correção para o ano seguinte no documento base.

12- GERENCIAMENTO
O gerenciamento do PPRA consiste basicamente em acompanhar o
desenvolvimento de cada fase prevista no Plano de Ação Anual – PAA. Neste
aspecto o gerente deve ser o responsável em fornecer os recursos financeiros,
humanos e materiais para a execução do plano. Aqui o gerente tem o papel de
“fazer acontecer”.
O comprometimento de todas as pessoas da cadeia hierárquica da
empresa no sucesso do PPRA, ou seja, cabe o gerente a incentivar,
acompanhar e avaliar o desempenho de cada um nas suas responsabilidade e
competências.
O problema do gerente é que todo o plano seja factível e que a empresa
tenha os recursos necessários para a execução do plano. A solucionabilidade
dos problemas irá dar o grau de governabilidade do gerente. Se o gerente não
tem governabilidade ele não terá sucesso no gerenciamento.
O sucesso do plano depende então em muitos casos a compatibilidade
das ações com os recursos técnicos, humanos e financeiros da empresa.
Assim, é importante ajustar as necessidades de investimento em controles ao
longo do tempo a fim de dar sustentabilidade ao plano de ação.
49

Referências Bibliográficas
ABHO, TLVs e BEIs da ACGIH, São Paulo, ABHO, 2016.

CANQUILHEM, G. O normal e o patológico, Rio de Janeiro: Forense


Universitária, 1978.

FACCHINI, L.A. Por que a doença? A inferência causal e os marcos teóricos de


análise. In: BUSCHINELLI, J. T., org., Isto é trabalho de gente? Vida, doença
e trabalho no Brasil. p.33-55. Petrópolis: Vozes, 1993.

GIL, C.R.R. Avaliação de projetos: análise de projetos UNI – Londrina.


Dissertação de mestrado em saúde Coletiva, Londrina, 1995.

LAURELL, A.C. & NORIEGA, M. Processo de produção e saúde – Trabalho


e desgaste operário. São Paulo: Hucitec, 1989.

Manuais de Legislação Atlas. Segurança e Medicina do Trabalho. 62ª Edição


2008. São Paulo: Editora Atlas.
MARX, Karl. O capital: critica da economia política. Livro 1, 21ª ed. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

MEDRONHO, Roberto A. Epidemiologia. São Paulo: Editora Atheneu, 2004.


MENDES, René & DIAS, Elizabeth Costa. Da medicina do trabalho à saúde do
trabalhador. Revista de Saúde Pública. 25 (5): p.341-349, São Paulo, 1991.

MENDES, René. Importância da ocupação como determinante de saúde-


doença: aspectos metodológicos. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional.
n.67, v.17, jul-ago-set, São Paulo, 1989.

MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL. Doenças Relacionadas ao Trabalho.


Brasília, Ministério da Saúde do Brasil, 2001.
MIRANDA, Carlos Roberto & DIAS, Carlos Roberto. PPRA/PCMSO: auditoria,
inspeção do trabalho e controle social. Rio de Janeiro: Cadernos de Saúde
Pública, 20 (1): 224-232 jan-fev 2004.
ODDONE, I. et al. Ambiente de trabalho: a luta dos trabalhadores pela
saúde. São Paulo: HUCITEC, 1986.

ROUQUAYROL, Maria Zélia & ALMEIDA FILHO, Naomar. Epidemiologia &


Saúde. 6ª ed, MEDSI: Rio de Janeiro, 2003.

TRIVELLATO, G.C. Metodologias de reconhecimento e avaliação qualitativa de


riscos ocupacionais. São Paulo: Fundacentro, 1998.

WISNER, A. A Inteligência no Trabalho. São Paulo: Fundacentro. 1994.


50

ANEXO 1

Portarias de Alteração:
Portaria GM n.º 3.214, de 08 de junho de 1978 06/07/78
Portaria SSST n.º 25, de 29 de dezembro de 1994 30/12/94 (Rep. 15/12/95)

NR 9 - PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS (109.000-3)

9.1. Do objeto e campo de aplicação.


9.1.1. Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece a obrigatoriedade da elaboração e
implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam
trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais -
PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da
antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos
ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em
consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. (109.001-1 / I2)
9.1.2. As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de cada estabelecimento
da empresa, sob a responsabilidade do empregador, com a participação dos
trabalhadores, sendo sua abrangência e profundidade dependentes das características
dos riscos e das necessidades de controle. (109.002-0 / I2)
9.1.2.1. Quando não forem identificados riscos ambientais nas fases de antecipação ou
reconhecimento, descritas nos itens 9.3.2 e 9.3.3, o PPRA poderá resumir-se às etapas
previstas nas alíneas "a" e "f" do subitem 9.3.1.
9.1.3. O PPRA é parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas da empresa no
campo da preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, devendo estar
articulado com o disposto nas demais NR, em especial com o Programa de Controle
Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO previsto na NR 7.
9.1.4. Esta NR estabelece os parâmetros mínimas e diretrizes gerais a serem observados
na execução do PPRA, podendo os mesmos ser ampliados mediante negociação coletiva
de trabalho.
9.1.5. Para efeito desta NR, consideram-se riscos ambientais os agentes físicos,
químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua
natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar
danos à saúde do trabalhador.
9.1.5.1. Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar
expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas
extremas, radiações ionizantes, radiações ionizantes, bem como o infra -som e o ultra-
som.
9.1.5.2. Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que
possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos,
névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição,
possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão.
9.1.5.3. Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas,
protozoários, vírus, entre outros.

9.2. Da estrutura do PPRA.


51

9.2.1. O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deverá conter, no mínimo, a


seguinte estrutura:
a) planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e cronograma;
(109.003-8 / I1)
b) estratégia e metodologia de ação; (109.004-6 / I1)
c) forma do registro, manutenção e divulgação dos dados; (109.005-4 / I1)
d) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA. (109.006-2 / I1)
a) 9.2.1.1. Deverá ser efetuada, sempre que necessário e pelo menos uma vez ao ano,
uma análise global do PPRA para avaliação do seu desenvolvimento e realização dos
ajustes necessários e estabelecimento de novas metas e prioridades. (109.007-0 / I2)
9.2.2. O PPRA deverá estar descrito num documento-base contendo todos os aspectos
estruturais constantes do item 9.2.1.
9.2.2.1. O documento-base e suas alterações e complementações deverão ser
apresentados e discutidos na CIPA, quando existente na empresa, de acordo com a NR
sendo sua cópia anexada ao livro de atas desta Comissão. (109.008-9 / I2)
9.2.2.2. O documento-base e suas alterações deverão estar disponíveis de modo a
proporcionar o imediato acesso às autoridades competentes. (109.009-7 / I2)
9.2.3. O cronograma previsto no item 9.2.1 deverá indicar claramente os prazos para o
desenvolvimento das etapas e cumprimento das metas do PPRA.

9.3. Do desenvolvimento do PPRA.


9.3.1. O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deverá incluir as seguintes
etapas:
a) antecipação e reconhecimento dos riscos; (109.010-0 / I1)
b) estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle; (109.011-9 / I1)
c) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores; (109.012-7 / I1)
d) implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia; (109.013-5 / I1)
e) monitoramento da exposição aos riscos; (109.014-3 / I1)
f) registro e divulgação dos dados. (109.015-1 / I1)
9.3.1.1. A elaboração, implementação, acompanhamento e avaliação do PPRA poderão
ser feitas pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho - SESMT ou por pessoa ou equipe de pessoas que, a critério do empregador,
sejam capazes de desenvolver o disposto nesta NR.
9.3.2. A antecipação deverá envolver a análise de projetos de novas instalações,
métodos ou processos de trabalho, ou de modificação dos já existentes, visando a
identificar os riscos potenciais e introduzir medidas de proteção para sua redução ou
eliminação. (109.016-0 / I1)
9.3.3. O reconhecimento dos riscos ambientais deverá conter os seguintes itens, quando
aplicáveis:
a) a sua identificação; (109.017-8 / I3)
b) a determinação e localização das possíveis fontes geradoras; (109.018-6 / I3)
c) a identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agentes no
ambiente de trabalho; (109.019-4/I3)
d) a identificação das funções e determinação do número de trabalhadores expostos;
(109.020-8 / I3)
e) a caracterização das atividades e do tipo da exposição; (109.021-6 / I3)
f) a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível comprometimento
da saúde decorrente do trabalho; (109.022-4 / I3)
g) os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados, disponíveis na
literatura técnica; (109.023-2 / I3)
52

h) a descrição das medidas de controle já existentes. (109.024-0 / I3)


9.3.4. A avaliação quantitativa deverá ser realizada sempre que necessária para:
a) comprovar o controle da exposição ou a inexistência riscos identificados na etapa de
reconhecimento; (109.025-9/I1)
b) dimensionar a exposição dos trabalhadores; (109.026-7 /I1)
c) subsidiar o equacionamento das medidas de controle. (109.027-5 / I1)
9.3.5. Das medidas de controle.
9.3.5.1. Deverão ser adotadas as medidas necessárias suficientes para a eliminação, a
minimização ou o controle dos riscos ambientais sempre que forem verificadas uma ou
mais das seguintes situações:
a) identificação, na fase de antecipação, de risco potencial à saúde; (109.028-3 / I3)
b) constatação, na fase de reconhecimento de risco evidente à saúde; (109.029-1 / I1)
c) quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores
excederem os valores dos limites previstos na NR 15 ou, na ausência destes os valores
limites de exposição ocupacional adotados pela American Conference of Governmental
Industrial Higyenists-ACGIH, ou aqueles que venham a ser estabelecidos em
negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios técnico-
legais estabelecidos; (109.030-5 / I1)
d) quando, através do controle médico da saúde, ficar caracterizado o nexo causal entre
danos observados na saúde os trabalhadores e a situação de trabalho a que eles ficam
expostos. (109.031-3 / I1).
9.3.5.2. O estudo desenvolvimento e implantação de medidas de proteção coletiva
deverão obedecer à seguinte hierarquia:
a) medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais
à saúde;
b) medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente de
trabalho;
a) medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses agentes no ambiente de
trabalho.
9.3.5.3. A implantação de medidas de caráter coletivo deverá ser acompanhada de
treinamento dos trabalhadores quanto os procedimentos que assegurem a sua eficiência
e de informação sobre as eventuais limitações de proteção que ofereçam; 9.032-1 / I1)
9.3.5.4. Quando comprovado pelo empregador ou instituição, a inviabilidade técnica da
adoção de medidas de proteção coletiva ou quando estas não forem suficientes ou
encontrarem-se em fase de estudo, planejamento ou implantação ou ainda em caráter
complementar ou emergencial, deverá ser adotado outras medidas obedecendo-se à
seguinte hierarquia:
a) medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho;
b) utilização de Equipamento de Proteção Individual - EPI.
9.3.5.5. A utilização de EPI no âmbito do programa deverá considerar as Normas Legais
e Administrativas em vigor e envolver no mínimo:
a) seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a que o trabalhador está exposto e à
atividade exercida, considerando-se a eficiência necessária para o controle da exposição
ao risco e o conforto oferecido segundo avaliação do trabalhador usuário;
b) programa de treinamento dos trabalhadores quanto à sua correta utilização e
orientação sobre as limitações de proteção que o EPI oferece;
c) estabelecimento de normas ou procedimento para promover o fornecimento, o uso, a
guarda, a higienização, a conservação, a manutenção e a reposição do EPI, visando a
garantir a condições de proteção originalmente estabelecidas;
53

d) caracterização das funções ou atividades dos trabalhadores, com a respectiva


identificação dos EPI utilizado para os riscos ambientais.
9.3.5.6. O PPRA deve estabelecer critérios e mecanismos de avaliação da eficácia das
medidas de proteção implantadas considerando os dados obtidos nas avaliações
realizadas e no controle médico da saúde previsto na NR 7.
9.3.6. Do nível de ação.
9.3.6.1. Para os fins desta NR, considera-se nível de ação o valor acima do qual devem
ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as
exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição. As ações devem
incluir o monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e o
controle médico.
9.3.6.2. Deverão ser objeto de controle sistemático as situações que apresentem
exposição ocupacional acima dos níveis de ação, conforme indicado nas alíneas que
seguem:
a) para agentes químicos, a metade dos limites de exposição ocupacional considerados
de acordo com a alínea "c" do subitem 9.3.5.1; (109.033-0 / I2)
b) para o ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%), conforme critério estabelecido na
NR 15, Anexo I, item 6. (109.034-8 / I2)
9.3.7. Do monitoramento.
9.3.7.1. Para o monitoramento da exposição dos trabalhadores e das medidas de controle
deve ser realizada uma avaliação sistemática e repetitiva da exposição a um dado risco,
visando à introdução ou modificação das medidas de controle, sempre que necessário.
9.3.8. Do registro de dados.
9.3.8.1. Deverá ser mantido pelo empregador ou instituição um registro de dados,
estruturado de forma a constituir um histórico técnico e administrativo do
desenvolvimento do PPRA. (109.035-6 / I1)
9.3.8.2. Os dados deverão ser mantidos por um período mínimo de 20 (vinte) anos.
(109.036-4 / I1)
9.3.8.3. O registro de dados deverá estar sempre disponível aos trabalhadores
interessados ou seus representantes e para as autoridades competentes. (109.037-2 / I1)

9.4. Das responsabilidades.


9.4.1. Do empregador:
I. estabelecer, implementar e assegurar o cumprimento do PPRA como atividade
permanente da empresa ou instituição.
9.4.2. Dos trabalhadores:
I. colaborar e participar na implantação e execução do PPRA;
II. seguir as orientações recebidas nos treinamentos oferecidos dentro do PPRA;
III. informar ao seu superior hierárquico direto ocorrências que, a seu julgamento,
possam implicar risco à saúde dos trabalhadores.

9.5. Da informação.
9.5.1. Os trabalhadores interessados terão o direito de apresentar propostas e receber
informações e orientações a fim de assegurar a proteção aos riscos ambientais
identificados na execução do PPRA. (109.038-0 / I2)
9.5.2. Os empregadores deverão informar os trabalhadores de maneira apropriada e
suficiente sobre os riscos ambientais que possam originar-se nos locais de trabalho e
sobre os meios disponíveis para prevenir ou limitar tais riscos e para proteger-se dos
mesmos.
54

9.6. Das disposições finais.


9.6.1. Sempre que vários empregadores realizem, simultaneamente, atividades no
mesmo local de trabalho terão o dever de executar ações integradas para aplicar as
medidas previstas no PPRA visando à proteção de todos os trabalhadores expostos aos
riscos ambientais gerados. (109.039-9 / I2)
9.6.2. O conhecimento e a percepção que os trabalhadores têm do processo de trabalho e
dos riscos ambientais presentes, incluindo os dados consignados no Mapa de Riscos,
previsto na NR 5, deverão ser considerados para fins de planejamento e execução do
PPRA em todas as suas fases. (109.040-2 / I2)
9.6.3. O empregador deverá garantir que, na ocorrência de riscos ambientais nos locais
de trabalho que coloquem em situação de grave e iminente risco um ou mais
trabalhadores, os mesmos possam interromper de imediato as suas atividades,
comunicando o fato ao superior hierárquico direto para as devidas providências.
(109.041-0 / I2)
55

Anexo 2:
EXERCÍCIO 1 – IDENTIFICAÇÃO DE POSSÍVEIS RISCOS À SAÚDE DO
TRABALHADOR

UTILIZE A PLANILHA DAS PAGINAS SEGUINTES PARA SUAS RESPOSTAS

A – ATIVIDADES PROFISSIONAIS

Para cada uma das atividades abaixo relacionadas, identifique os possíveis


riscos à saúde ou integridade física do trabalhador indicando os fatores de risco
(químicos, físicos, biológicos) que você considera relevantes (no máximo 2); e
os respectivos danos/lesões.

1. Professor de primeiro grau (de 5ª a 8ª série), com 39 horas-aula


semanais e turmas variando de 30 a 40 alunos por classe, utiliza quadro negro
com giz.
2. Pizzaiolo: trabalha das 6 horas da tarde à meia-noite: abre a massa,
coloca os ingredientes e com auxílio de uma pá coloca e retira as pizzas no
forno a lenha.

3. Auxiliar de enfermagem: prepara e aplica medicamentos (incluindo soro


e injeções), coleta amostras de fluídos biológicos, troca a roupa de cama, faz
higienização de alguns pacientes, atende chamados diversos.

4. Coletor de Lixo: acompanha o caminhão de lixo, apanha os sacos ou


outros recipientes contendo lixo que estão nas frentes das casas e joga no
caminhão.

5. Frentista de posto de gasolina: atende os clientes, enche os tanques de


combustível, recebe dinheiro, faz manutenção rápida de carro (água, óleo,
filtros, calibragem de pneus, etc.).

6. Faxineiro: faz limpeza geral em diversos ambientes (empresa terceirizada),


inclusive de banheiros.
56
Exercício 1: IDENTIFICAÇÃO DE POSSÍVEIS RISCOS À SAÚDE DO TRABALHADOR

Atividade ou operação Fatores de risco Lesões ou danos à saúde


1

6
57
ANEXO 3
Exercício 2: Estimativa do Nível de Risco e Priorização de Ações
Atividade e situação de exposição a riscos Fatores de Riscos Dano Principal TLVs PE PD NR Ação Necessária
Ambientais
1- Um trabalhador seca peças zincadas
utilizando-se de um bico de ar comprimido. O
nível de pressão sonora (leq 1 m) varia entre
87 e 91 dB. A atividade é realizada de forma
intermitente durante toda a jornada de oito
horas, sendo que em média, a cada hora
executa esta atividade por 10 m.
Considerar que no resto do tempo trabalha
abaixo do Nível de ação.
2- Um técnico de enfermagem colhe amostras
de sangue em laboratório de análises clinicas
utilizando tubo vacutainer (c/ agulha
descartável) e dispositivo destruidor de
agulhas (por fusão de metal). Não utiliza
nenhum tipo de EPI.

3- Um trabalhador da indústria gráfica limpa


blanquetas de impressora off-set utilizando-se
para isso de tolueno. A limpeza é realizada a
cada meia hora e o frasco contendo ½ litro de
tolueno fica às vezes fica aberto no local.

TLV= Limite de tolerância. PE= Probabilidade de exposição; PD= Probabilidade do dano e NR= Nível de Risco.
58
Atividade e situação de exposição a riscos Fatores de Riscos Dano TLVs PE PD NR Ação Necessária
Principal
4- Um funcionário de manutenção faz
soldagens de reparo usando maçarico oxi-
acetileno, em estruturas de aço e usando
varetas de adição também de aço. Faz em
média 6 soldagens por dia que dura cerca de
20 minutos cada. Não há sistema de
ventilação local exaustora, mas o ambiente é
ventilado.

5- Em uma marcenaria, um trabalhador lixa


uma madeira com uma lixadeira elétrica, sem
proteção coletiva. Um\ avaliação ambiental
feita na empresa indicou que a concentração
de poeira é de 4 mg/m³.
Considerar que a madeira seja de pinho.

6- Costureira em uma célula de produção tem


que produzir 100 peças por hora com uma
maquina de costura reta. Ela reclama de
poeira no local de trabalho e de ruído como
agentes ambientais que a incomodam.
Avaliações ambientais anteriores indicam que
a exposição de ruído está abaixo do NA e que
a concentração de poeira é de 0,06 mg/m³.

TLV= Limite de tolerância. PE= Probabilidade de exposição; PD= Probabilidade do dano e NR= Nível de Risco.
59
Atividade e situação de exposição a riscos Fatores de Riscos Dano TLVs PE PD NR Ação Necessária
Principal
7- Em uma oficina de carro é feito o
desengraxamento a frio utilizando-se latões
de querosene ou gasolina, sem qualquer
medida de controle. A imersão das peças é
feita manualmente em um latão de 200 litros
cortado pela metade.
8- Um técnico trabalha como substituição de
elementos no circuito utilizando-se solda
estanho-chumbo (branca). Em geral essa
atividade de soldagem não consome mais que
40 minutos da jornada de trabalho. O fio de
solda é uma liga contendo 65% de estanho e
35% de chumbo que também contém um
fluxo – pasta á base de resina de breu
(colofônia). Utiliza-se um ferro de solda
quente para derreter o metal e ativar o fluxo.
Essa técnica de soldagem envolve as
seguintes etapas: 1. Limpeza da base onde
será soldada a peça (placa de circuito) com
solvente em spray – mistura de isopropanol
(50%), detergente não iônico (1%) e água,
utilizando-se estopas para retirar o excesso e
remover as sujeiras (2) soldagem com ferro
de solda aquecido a uma temperatura entre
270-300 ºC. (funde o metal e ativa a resina
que remove a escória que impede a boa
aderência da solda).
TLV= Limite de tolerância. PE= Probabilidade de exposição; PD= Probabilidade do dano e NR= Nível de Risco.

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