Anquilose Na Ortodontia
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INTRODUÇÃO
O trauma dental é muito comum na dentição mista e ocorre com grande frequência num
período de desenvolvimento incompleto das raízes dos dentes permanentes, as lesões mais
comuns são a intrusão e a avulsão, que poderão causar danos tanto pulpares quanto
periodontais, com consequências no tratamento ortodôntico.
A avulsão dental é comum em crianças entre 7 e 9 anos, quando os incisivos permanentes estão
erupcionando, ocorre com facilidade porque as raízes não completaram sua formação e por isso
tem pouca resistência à forças extrusivas.
Intrusão Avulsão
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COMO DOMINAR O TRAUMA E A ANQUILOSE NA ORTODONTIA
1 - TRATAMENTO ORTODÔNTICO E O
TRAUMA DENTAL
O plano de tratamento para os pacientes com dentes traumatizados envolve uma avaliação
detalhada do tipo, do tempo e da gravidade do trauma. Um plano de tratamento coordenado,
incorporando observações clínicas e radiográficas do reparo e das complicações, deve ser
estabelecido antes que o tratamento ortodôntico seja iniciado. Esse plano deve ser baseado em
um prognóstico realista para o dente traumatizado.
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1.1 - DIAGNÓSTICO
A anamnese é de extrema importância nos casos de dentes com história de traumatismo
dentário e indicação para tratamento ortodôntico.
É essencial que, mesmo nos dentes com pequenos traumatismos, tais como fraturas coronárias
sem envolvimento pulpar, testes de sensibilidade e um exame radiográfico sejam feitos antes do
início do tratamento ortodôntico. Quando houver dúvida sobre a condição da polpa,
recomenda-se um período de observação de três meses com repetidos testes de sensibilidade
antes de iniciar o tratamento ortodôntico. Para se chegar a um diagnóstico rápido e correto da
provável extensão do traumatismo, um exame sistemático do paciente é essencial. Além disso,
o exame clínico deve ser detalhado, os dentes são examinados quanto à presença de trincas e
fraturas e deve ser realizado um teste de mobilidade e teste de percussão.
Uma avaliação radiográfica do contorno das raízes antes do tratamento ortodôntico fornece
informações de alguns fatores de risco, tais como um contorno radicular irregular, concavidades
ao longo da superfície da raiz ou malformação radicular. Controles radiográficos regulares são
necessários para revelar uma reabsorção radicular inicial.
As radiografias intraorais têm baixa sensibilidade para detectar deslocamentos mínimos dos
dentes, raízes e fraturas alveolares. As informações geradas através das imagens de tomografia
computadorizada auxiliam na determinação do tipo e severidade do trauma.
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últimas duas décadas, a necessidade por um diagnóstico mais detalhado se faz presente. O
paciente adulto traz um somatório de particularidades, como a maior prevalência de doença
periodontal, perdas dentárias, dentes restaurados, dentes tratados endodonticamente e
seqüelas de traumatismos, coexistentes com a má oclusão.
Para a concussão, não há necessidade de tratamento, mas deve ser acompanhada com exame
clínico, radiográfico e de vitalidade pulpar por um ano. As mesmas recomendações servem para
a subluxação e o dente traumatizado deve ser imobilizado por duas semanas.
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complicações, tais como necrose pulpar e reabsorções severas ocorrem no primeiro ano após o
traumatismo.
O processo de reparo da fratura radicular pode ocorrer com uma fusão entre os fragmentos,
formando um calo de dentina no local e o dente poderia ser movimentado naturalmente após
o período de observação sem separação dos fragmentos. Caso não ocorra a fusão, a
interposição de um tecido conjuntivo é estabelecida entre os fragmentos, a porção coronária do
dente pode ser movimentada como se fosse um dente com raiz encurtada e a porção apical
geralmente é reabsorvida, pois ocorre a separação dos fragmentos e o dente deve ser avaliado
de acordo com o comprimento do segmento coronário.
Fratura radicular
1.2.4 - Luxações
Para todos os tipos de luxações deve se aguardar um período de observação de
aproximadamente um ano antes de se iniciar um tratamento ortodôntico.
Na luxação extrusiva, o dente deve ser reposicionado, imobilizado por duas semanas, deve-se
realizar o teste de vitalidade pulpar e, se necessário, o adequado tratamento endodôntico, pois
pode haver revascularização em raízes com ápices abertos.
O mesmo procedimento serve para luxação lateral, apenas aumentando a imobilização para
quatro semanas.
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Na luxação intrusiva, deve ser aguardada a erupção espontânea por três semanas em dentes
com raízes incompletas, e se não acontecer, o reposicionamento ortodôntico está indicado,
acompanhando a vitalidade pulpar. Nos dentes com raízes completas, a reposição cirúrgica ou
ortodôntica deve ser feita o quanto antes, assim como o tratamento endodôntico com hidróxido
de cálcio, pois a polpa tornar-se-á necrótica.
Luxação intrusiva
A luxação intrusiva do dente permanente é uma das injúrias mais graves ao ligamento
periodontal e apesar de ser menos freqüente na dentição permanente, sua seqüela, geralmente
compromete a longevidade do dente e pode envolver necrose pulpar, obliteração pulpar,
reabsorção radicular inflamatória, anquilose e perda marginal de osso. E o tratamento
ortodôntico e o prognóstico dependem de variáveis como idade do paciente, tipo de dentição,
estágio de desenvolvimento radicular, tempo e gravidade do trauma.
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- Reerupção passiva,
- Tracionamento ortodôntico
- Tracionamento cirúrgico do dente em questão.
Em dentes com ápice aberto: espera-se a reerupção espontânea e faz-se o controle da vitalidade
pulpar. Em dentes com ápice fechado e intrusão leve (menor que 3mm): aguarda-se a reerupção
espontânea e, caso ela não ocorra, realiza-se a extrusão ortodôntica com forças ortodônticas
leves, com aparelhos removíveis ou fixos.
Em dentes com ápice fechado e intrusão moderada (entre 3mm e 6mm): realiza-se a extrusão
ortodôntica.
Em dentes com ápice fechado e intrusão severa (maior de 6mm): realiza-se a combinação de
extrusão cirúrgica e ortodôntica. Após o tratamento da intrusão, recomenda-se fazer o controle
radiográfico e compará-lo com as radiografias iniciais, após 6-8 semanas, 6 meses e 12 meses. E
após 5 anos, para controle do sucesso ou fracasso.
Quanto a luxação extrusiva, em um estudo feito na cidade de Columbia, Carolina do Sul, nos
Estados Unidos, avaliou a resposta dos dentes avulsionados ou extruídos de pacientes
submetidos ao tratamento ortodôntico através de radiografias periapicais. A amostra consistiu
de 42 pacientes com 81 dentes traumatizados, sendo 21 avulsões e 60 luxações extrusivas.
Os pacientes possuíam más oclusões diversas e foram tratados pela mecânica Edgewise e de
Begg. Os resultados mostraram que os dentes avulsionados tiveram um aumento médio de
28,3% na velocidade de reabsorção radicular além de seis dentes terem sido perdidos pela
reabsorção completa da raiz, e os dentes com luxações extrusivas tiveram um aumento de 8,9%.
Concluiu-se que os dentes que sofrem traumatismos destas magnitudes respondem
normalmente ao tratamento ortodôntico, porém, com maior nível de reabsorção radicular
ocorrendo antes, durante e após o tratamento, pois os dentes luxados desenvolveram mais
reabsorções radiculares do que os dentes contralaterais não traumatizados.
Os dentes luxados que desenvolverem uma reabsorção inflamatória devem ser tratados
endodonticamente e observados quanto à suspensão da reabsorção radicular antes do início da
movimentação ortodôntica.
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1.2.5 - Avulsões
A avulsão dos dentes permanentes é a mais séria das injúrias e o prognóstico depende do
procedimento realizado no dente, alvéolo e do tempo pós-trauma. Recomenda-se o reimplante
como tratamento de escolha, que deve ser feito imediatamente, segurando o dente pela coroa,
lavando em água fria corrente por 10 segundos e encorajando o paciente para inserção no
alvéolo, encaminhando-o para o cirurgião-dentista fazer a imobilização com fio flexível,
permanecendo pelo menos duas semanas. Os procedimentos dependem se o dente possui raiz
com ápice aberto ou fechado, como foi estocado e se o tempo fora do alvéolo foi menor ou
maior que 60 minutos.
1.3.2 – Tratamento
- Antes do reimplante
- Examinar se há contaminação
- Integridade do dente
- Integridade do alvéolo
- Clínica e radiograficamente
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Atualmente considera-se que a imobilização deve ser passiva e flexível para permitir os
movimentos dentários fisiológicos. Normalmente, o ligamento periodontal alcança a quase
totalidade de sua resistência normal de 7 a 14 dias após o trauma. Portanto, nos casos de
avulsão sem fratura alveolar, a estabilização deve ser também de 1 a 2 semanas (2, 6, 22). Além
disso, todas as técnicas devem ser de fácil execução, tanto para colocação quanto para
remoção.
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A imobilização ideal deve permitir ao paciente excelente higienização durante o uso, ser
confortável e não dificultar a fonação e a alimentação.
ANDREASEN afirma que o período de imobilização pequeno deve ser utilizado com o intuito
de permitir a cicatrização inicial do ligamento periodontal e, ao mesmo tempo, prevenir que
áreas de anquilose progridam e se tornem permanentes. Nos casos que apresentam extensa
lesão óssea, o período de fixação deve ser em torno de 3 a 4 semanas ou mais, se necessário.
Este tempo também deve ser mantido para os casos onde o ligamento periodontal tenha
sido removido e a superfície radicular quimicamente tratada, podendo ser estendido até 6
semanas de fixação.
Barra de Erich
Dispositivo utilizado em Cirurgia Buco-maxilo-facial para fixação de fraturas de maxila e
mandíbula. Facilmente encontrada em serviço público, porém não deve ser utilizada para o
tratamento do reimplante dental.
Este dispositivo traz desvantagens para os tecidos moles e para o ligamento periodontal,
necessita de maior tempo para instalação e de profissional habilitado, além de dificultar a
higienização do local.
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Bráquetes Ortodônticos
Através desta técnica, os bráquetes ortodônticos são colados aos dentes adjacentes ao dente
reimplantado pela técnica tradicional de condicionamento ácido do esmalte e compósito.
Após finalizar este procedimento, o dente reimplantado e com o bracket colado é mantido
em sua posição original através de pressão digital. Neste momento, um fio de aço,
previamente adaptado com alicate ortodôntico, é inserido nos bráquetes e amarrado. Este
tipo de imobilização pode causar algum desconforto e irritação a mucosa labial, que
geralmente está edemaciada em decorrência da ação da força traumática. Possibilita
excelente higienização, porém necessita de profissional qualificado para a sua execução.
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4 - CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES
A Progressão da anquilose depende:
- Período extra-alveolar
- Idade do paciente
A Reabsorção por substituição é mais agressiva nos jovens e tem curso prolongado nos mais
velhos.
5 - TRATAMENTO DA ANQUILOSE
- Ocorre alteração do processo alveolar principalmente
- Em crianças e adolescentes
- Antes do surto de crescimento
Tratamento :
- Exodontia
- Luxação e tracionamento ortodôntico
- Preservando alterações no processo alveolar
Transplantes :
- Pode preservar o ligamento periodontal
- Evita alteração do processo alveolar
- As vezes utiliza-se pré-molares
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6 - TÉCNICA DECORONATION
Durante o surto de crescimento :
- Acompanhar de 6 em 6 meses
- Se houver infra oclusão ou
- Alteração do processo alveolar
- INTERVIR
A Técnica Decoronation :
- Consiste na remoção cirúrgica da coroa
- Deixar a raiz no alvéolo para ser reabsorvida, substituída pelo osso
Esta técnica foi descrita inicialmente por Malmgren e Cvek em 1984, aplicaram a técnica em
77 pacientes com idade entre 6 e 18 anos, acompanharam anualmente por 14 anos.
Resultado :
- Osso normal na maioria dos casos
- Em alguns casos – restou remanescente radicular ( que não impediu o implante)
- Pacientes tratados antes do surto de crescimento houve aumento do nível ósseo
- Na fase adulta a largura da crista alveolar foi mantida em todos os casos.
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7 - PROTOCOLO DE TRATAMENTO DA
ANQUILOSE
7.1 – Antes do surto de crescimento
Se ocorre infra oclusão e perda grave no crescimento ósseo alveolar, indicar a técnica
“Decoronation”.
7.3 – Adultos
A infra oclusão ocorre sutilmente, manter o dente anquilosado até substituir toda a raiz e
quando isso ocorrer fazer o implante.
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Causas
- Distúrbios no metabolismo local,
- Lacunas na membrana periodontal,
- Infecção localizada,
- Irritação química ou térmica,
- Falha local no crescimento ósseo, trauma mecânico e pressão anormal da língua.
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Conduta clínica :
- Na infra-oclusão severa, com alterações oclusais graves, deslocamento do germe do
sucessor.
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Referências Bibliográficas
1 – Traumatologia dentária – tratamento de incisivo anquilosado pós-reimplante, Motta, A.T.
Calheiros, A.A., Moliterno, L.F. – RBO, vol 60, n.6, Nov/Dez 2003.
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SOBRE O AUTOR
HÉLIO VENÂNCIO
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