Cadernos Navais
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CADERNOS NAVAIS
Nº 36 – Janeiro – Março de 2011
O AUTOR
O Capitão-de-mar-e-guerra José de Gouveia de Albuquerque e Sousa nasceu em Lisboa em 1957.
Obteve a licenciatura em Medicina em 1981 e ingressou por concurso público nos Quadros
Permanentes da Armada, classe de Médicos Navais, em 1984.
É especialista de Medicina Interna pelos Hospitais Civis de Lisboa desde 1991 e membro do
Colégio de Medicina Interna da Ordem dos Médicos desde 1993.
Possui, entre outros, o Curso de Aperfeiçoamento em Fisiopatoligia Hiperbárica da Marinha
Portuguesa, o Curso de Medicina Aeronáutica da Federal Aviation Administration (Detroit –
USA), o Diploma Inter-Universitário de Medicina Hiperbárica e Subaquática da Faculdade de
Medicina da Universidade de Lille (França) e o Mestrado em Medicina Subaquática e
Hiperbárica da Faculdade de Medicina da Universidade de Barcelona (Espanha).
Prestou serviço em diversas unidades navais, nomeadamente nas fragatas “João Belo” e “Vasco
da Gama”, na corveta “João Roby” e no navio-escola “Creoula”, tendo ainda embarcado no
navio-balizador “Schultz Xavier” em missões de apoio médico a operações de mergulho militar.
Em terra prestou serviço no Hospital da Marinha, na Base Naval do Alfeite e na Unidade de
Apoio às Instalações Centrais da Marinha.
Actualmente exerce os cargos de Director do Centro de Medicina Subaquática e Hiperbárica
da Marinha e de Subdirector do Hospital da Marinha.
Tem vários louvores e condecorações, designadamente a Medalha Militar de Serviços Distintos
– Prata, a Medalha de Mérito Militar - 2ª Classe, a Medalha da Cruz Naval - 3ª Classe e a
Medalha de Comportamento Militar Exemplar - Prata.
O Grupo de Estudos e Reflexão Estratégica (GERE), foi
criado pelo Despacho número 2/07, de 29 de Janeiro, do
Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA),
sucedendo ao Grupo de Estudos e Reflexão de Estratégia,
então com sete anos de existência.
Ao GERE, situado na directa dependência do Almirante
CEMA, incumbe, duma forma geral, a elaboração e
divulgação de estudos sobre assuntos estratégicos de
interesse geral e em especial para a Marinha. No âmbito das
suas competências específicas, o GERE promove a
publicação de matérias que tenham analogia com a sua
actividade, através das colecções dos Cadernos Navais,
editados pela Comissão Cultural da Marinha.
TÍTULO:
OXIGÉNIO E MEDICINA SUBAQUÁTICA E HIPERBÁRICA. PERSPECTIVA
HISTÓRICA E REALIDADE MILITAR EM PORTUGAL
COLECÇÃO:
Cadernos Navais
NÚMERO/ANO:
36/Janeiro-Março 2011
EDIÇÃO:
Comissão Cultural da Marinha
Grupo de Estudos e Reflexão Estratégica (GERE)
ISBN 978-989-8159-28-1
Depósito Legal n.º 183 119/02
EXECUÇÃO GRÁFICA: António Coelho Dias, S. A.; Tiragem: 500 exemplares
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ÍNDICE
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INTRODUÇÃO
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ções da pressão ambiente e das pressões parciais dos gases respirados, essen-
cial para o reconhecimento da utilidade terapêutica do oxigénio hiperbárico.
A grande importância táctica do mergulho de combate durante os dois
conflitos mundiais do século XX, fez com que a Medicina Militar assumisse,
durante este período de tempo, um papel pioneiro no estudo das alterações
fisiológicas e dos acidentes causados pelo mergulho, assim como do seu
tratamento.
A Medicina Militar foi responsável pelo início da prescrição do oxigénio
hiperbárico para o tratamento da doença de descompressão, fruto da necessi-
dade premente em optimizar o tratamento dos acidentes “bolhares” do
mergulho.
A experiência daí resultante, conducente a um melhor conhecimento dos
efeitos fisiológicos do oxigénio hiperbárico sobre o organismo humano, aliada
ao estudo experimental de Boerema, em que este demonstrou que o oxigénio
hiperbárico optimizava o transporte sanguíneo de oxigénio à custa da fracção
deste gás dissolvida no plasma, foi determinante para a difusão da oxigeno-
terapia hiperbárica para outros domínios da patologia, não relacionados com o
mergulho.
Neste contexto, é lícito concluir que a Medicina Militar contribuiu, de forma
significativa, para o desenvolvimento da Medicina Subaquática e Hiperbárica.
Portugal não foi excepção e a Marinha Portuguesa tem sido pioneira no
aperfeiçoamento e na difusão destas duas áreas do conhecimento entre nós.
Esta publicação é uma obra despretensiosa, que aborda com uma profun-
didade relativa, alguns dos principais temas da Medicina Subaquática e Hiper-
bárica, e que tem como principal objectivo, situar o leitor, relativamente ao
“estado da arte” nesta área do saber.
Na certeza de que ninguém é capaz de fazer tudo sozinho, de que muitos
temas ficaram por tratar, e de que outros tantos ficaram por aprofundar, o autor
espera que este trabalho sirva de estímulo à comunidade hiperbárica nacional,
no sentido de lançar “mãos à obra” e de começar, desde já, a envidar todos os
esforços ao seu alcance, para a elaboração de um livro de texto em medicina
subaquática e hiperbárica, que constitua uma referência nesta área do saber,
não só a nível nacional, como extra-fronteiras.
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PREFÁCIO
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UM UNIVERSO EM EXPANSÃO.
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Há pouco menos do que 5 mil milhões de anos atrás teve início a formação
do nosso sistema solar, presumivelmente como o resultado da compressão da
Nebulosa Solar, extensa nuvem de gás (composta por átomos de hidrogénio) e
de poeira (composta por finos grãos de grafite, silicatos e gelo de água)
interestelar, iniciada pela onda de choque gerada pela explosão de uma Su-
pernova próxima, e mantida ulteriormente por acção da atracção gravítica dos
seus elementos constituintes.
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para que a crusta, menos densa, flutue e se movimente sobre o manto gerando
os fenómenos geológicos da “deriva continental” e da “expansão dos fundos
oceânicos” que estão na origem da “teoria da tectónica das placas”, segundo a
qual a litosfera, por acção da convecção mantélica, tende a fragmentar-se em
placas tectónicas que se deslocam sobre a astenosfera animadas de uma
cinemática convergente, divergente, ou paralela.
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Surge pela primeira vez no ciclo evolutivo da vida terrestre, um ser dotado
de psiquismo, e como tal, histórico, hábil, criativo, comunicativo, proléptico,
conjunto de características estas que o tornaram altamente adaptável às mais
variadas condições desfavoráveis, transformando-o num ser verdadeiramente
panecológico.
Os primeiros indivíduos pertencentes à espécie humana, do subgénero
homo habilis, surgiram na biosfera terrestre há cerca de 3 milhões de anos
atrás, em consequência de uma mutação genómica operada em certos antro-
póides Australopitecos.
A hominização filogenética, a partir do genoma do hominídeo austra-
lopiteco mutante, caracterizou-se pelo aparecimento de uma novidade
qualitativa, que é o psiquismo e, com este, a vida histórica, que é especifica-
mente humana.
O psiquismo, faz com que o Homem represente, no momento actual, o
nível evolutivo mais elevado e diferenciado das estruturas materiais na biosfera
terrestre.
O Homem, através das suas capacidades intelectuais ou psíquicas tornou-
se governador do planeta e co-autor da própria evolução.
Segundo alguns, especialmente aqueles que numa concepção redutora não
admitem a existência de outras formas de vida inteligente no Cosmos, tornou-
se os olhos e a consciência do Universo.
Segundo outros, numa perspectiva materialista da vida, não representa
mais do que o resultado “feliz” de um processo de arranjo molecular e de estru-
turação da matéria, que levou biliões de anos a concluir-se.
Há um conjunto de notas especificamente humanas imprescindíveis à con-
cretização da sua vida, tais como o livre arbítrio, o simbolismo, a inconclusão,
o ensimismamento, o distanciamento, a pergunta, a capacidade inventiva, o
sorriso e o cuidado com os mortos, que demonstram a enorme diferença qua-
litativa entre o ser humano e o animal.
Contrariamente à vida animal, a vida humana é essencialmente projectiva
devido à capacidade que o ser humano tem, através do distanciamento, de
entender tudo aquilo que é susceptível de impressionar os sentidos, ou seja, as
coisas, como realidades, da que deriva a sua possibilidade de concepção de
uma ideia acerca do real não evidente a partir do existente e da conversão
simbólica dos signos obtidos na percepção do real, todas elas imprescindíveis à
consecução de projectos através dos quais se realiza a vida humana.
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Não poderíamos prosseguir este trabalho, sem antes fazermos uma breve
referência à descoberta e isolamento experimental do oxigénio e à determi-
nação da composição do ar atmosférico, que se revelaram de crucial importân-
cia para o derrube de noções ultrapassadas sobre a natureza do ar e de deter-
minadas reacções químicas.
Apesar da importância do ar atmosférico para a grande maioria dos
organismos vivos terrestres, e do protagonismo directo do oxigénio na evolução
da vida na Terra, reteve-se, até ao século XVIII, o conceito, que vinha já da
Antiguidade, de que o ar era uma substância elementar da Natureza, desconhe-
cendo-se, por isso a sua composição até esta época.
Embora o alquimista polaco Michael Sendivogius, tivesse afirmado, num liv-
ro que publicou em 1604, ter produzido o “elixir da vida” por aquecimento do
nitrato de potássio, considera-se, actualmente, que o isolamento experimental
deste elemento químico, só foi conseguido no século XVIII.
O oxigénio foi produzido experimentalmente, de forma independente, pelo
químico farmacêutico de origem sueca Carl Wilhelm Scheele (1742 – 1786),
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Curiosamente, este termo ainda hoje se mantém para designar este ele-
mento químico, tão precioso quão deletério para a vida.
Lavoisier caracterizou o oxigénio como “o espírito vital por excelência…um
agente do mais alto valor para o médico” e deduziu experimentalmente que este
desempenhava um papel essencial nos processos de combustão (que a com-
bustão era uma reacção na qual o oxigénio se combinava com outra substân-
cia), que a respiração não era uma simples combustão de carbono, que os seres
vivos utilizavam o oxigénio contido no ar que inalavam para a combustão dos
alimentos e para a produção de energia.
Ao provar que quando ao ar comum se retirava o oxigénio (a parte respi-
rável), restava um outro gás que tinha a “qualidade de asfixiar os animais que
eram forçados a respirá-lo”, o qual foi por ele baptizado de “azoto” (termo
grego que significa “inimigo da vida”), Lavoisier demonstrou que o ar era com-
posto por dois gases distintos que designou de oxigénio e de azoto (dois “ares”
distintos, um que mantém as combustões – oxigénio, e outro que provoca a
asfixia dos seres vivos - azoto), pondo, desta forma, em causa a noção, oriunda
da Antiguidade, de que o ar era uma substância elementar da Natureza.
Outra das experiências de Lavoisier, incluía a recolha de um outro gás que
se libertava na reacção entre alguns metais e ácidos, o qual ao misturar-se com
o oxigénio dava lugar a uma combustão e à formação de quantidades residuais
de um líquido incolor que, após alguns testes, constatou ser água.
Com a descoberta deste novo gás, que designou de hidrogénio (gerador de
água), Lavoisier pôs também em causa o conceito da água como uma substân-
cia elementar da Natureza; demonstrando experimentalmente que esta resul-
tava da reacção química entre dois elementos gasosos, por ele designados de
oxigénio e de hidrogénio.
Merece, a este respeito, ser novamente referenciado Henry Cavendish
(1731 – 1810), considerado um dos grandes químicos pneumáticos do século
XVIII, juntamente com Joseph Priestley, Joseph Black, Daniel Rutherford e
Antoine Lavoisier.
Cavendish isolou o hidrogénio, que designou de “gás inflamável”, a partir
da combinação de metais com ácidos fortes, e verificou que este gás reagia
com o “ar deflogisticado” para formar água.
Em 1775 publicou os resultados dos seus estudos experimentais que o levaram
a concluir que “o ar comum consiste numa parte de ar deflogisticado misturado com
quatro partes de ar flogisticado” e que 1/120 deste ar era constituído por outro “ar”
que não aqueles dois, só se tendo descoberto 100 anos mais tarde, com William
Ramsey e Lord Rayleigh, que esta quantidade mínima de ar residual continha árgon.
Para poder chegar a estas conclusões, Cavendish combinou hidrogénio com
ar em determinadas proporções, e constatou que o volume de gás residual,
obtido após a explosão daquela mistura gasosa, era sempre menor do que o
desta, e que da explosão da mistura resultavam, não só o gás residual, como a
formação de uma certa quantidade de água.
Cuidadosas medições levaram-no a determinar a composição da atmosfera
com uma precisão incrivelmente próxima da realidade.
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A TOXICIDADE DO OXIGÉNIO.
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efeito descrito por Paul Bert, descobriu acidentalmente que o oxigénio inalado
durante períodos prolongados de tempo a pressões parciais moderadamente
elevadas, era tóxico para os pulmões, causando edema pulmonar inflamatório
com redução da capacidade vital.
Rebecca Gershman e Daniel L. Gilbert foram os primeiros a propor, em
1954, que os efeitos tóxicos do oxigénio eram causados pelos radicais livres
dele derivados, depois de notarem semelhanças entre os efeitos tóxicos
resultantes da exposição dos organismos às radiações ionizantes e os induzidos
pelo stress oxidativo.
A redução mitocondrial do oxigénio é feita, na sua maior parte, de forma
tetravalente (recebe quatro electrões e quatro iões H+) e conduz à formação de
duas moléculas de água.
Esta sequência de reacções é conduzida pela cadeia transportadora de
electrões, sendo a etapa final catalisada pela enzima citocromo-oxidase.
Contudo, cerca de 1 a 3% do oxigénio utilizado na respiração celular sofre
uma redução incompleta, responsável pela formação de radicais livres,
nomeadamente o radical livre anião superóxido (O2.- - também formado pela
reacção catalisada pela xantina-oxidase, pela reacção catalisada pela NADPH
oxidase presente em macrófagos e em células endoteliais, entre outras, e
produto de reacções de auto-oxidação).
Para além deste, são também exemplos de radicais livres: o radical hidroxilo
(OH. – produto da reacção de Fenton, reagente e produto da reacção de Haber-
Weiss, produto da exposição a radiações ionizantes, muito reactivo, de semi-
vida muito curta interagindo com qualquer biomolécula vizinha), o oxigénio
singuleto (1O2 – espécie reactiva de oxigénio formado pelo aumento da energia
excitatória ao nível do oxigénio molecular, e produto de reacções dependentes
da luz), o radical peroxil (ROO.), o radical alcoxil (RO.), e o óxido nítrico (NO.).
De entre estes, o OH. e o O2.- são aqueles que têm maior relevo em termos
biológicos, porque são formados durante o processo de redução mitocondrial do
oxigénio, durante a metabolização de bases purínicas no ciclo de Lowenstein, ou
em consequência da redução do peróxido de hidrogénio (H2O2) pelo anião
superóxido (O2.-) catalisada por redutores como o Fe2+, Cu+, ou ascorbato
(reacção de Haber-Weiss catalisada por redutores).
O peróxido de hidrogénio (H2O2) é produzido a nível celular por redução
divalente do oxigénio, ou por dismutação (espontânea ou catalisada) do radical
anião superóxido (O2.-), e não se classifica como um radical livre, dado que não
possui electrões desemparelhados, sendo, por isso, menos reactivo do que os
radicais livres e tendo uma semi-vida mais longa do que estes (superior a 10-2
segundos).
A menor semi-vida dos radicais livres OH. e o O2.- (1x10-9 segundos e 1x10-6
segundos, respectivamente), é uma consequência da sua elevada instabilidade
electrónica, da qual deriva a possibilidade de captarem electrões de outras
moléculas com as quais colidam, nomeadamente durante os processos de
peroxidação lipídica das membranas celulares, para formarem outros radicais
livres, como os radicais peroxil e alcoxil, os quais, tais como outras moléculas
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O “efeitoPaul Bert”:
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Barotraumatismos do ouvido:
De entre os barotraumatismos associados à prática do mergulho, os mais
frequentes são os otorrinolaringológicos, nomeadamente os do ouvido médio,
ou barotraumatismos timpânicos.
O ouvido médio é uma estrutura oca, revestida de mucosa epitelial e que
contém no seu interior a cadeia ossicular do ouvido médio, constituída por três
peças ósseas de reduzidas dimensões, articuladas entre si, o martelo, a bigorna
e o estribo, e que servem para transmitir as vibrações da membrana timpânica
ao ouvido interno, sendo esta informação mecânica ulteriormente transformada
em sinalização nervosa pelas células neurossensoriais cócleovestibulares e,
finalmente, processada a nível cortical.
Esta cavidade está separada do canal auditivo externo pela membrana
timpânica e comunica intermitentemente com a nasofaringe através de uma
estrutura tubular, a trompa de Eustáquio, a qual é constituída por dois segmen-
tos distintos: o proximal de paredes ósseas e com lúmen real; o distal, mem-
brano-cartilaginoso, de lúmen virtual.
Os barotraumatismos do tímpano ocorrem tipicamente durante a descida,
isto é, durante a fase de aumento da pressão ambiente.
Para melhor se compreender a sua génese importa, antes de mais, reter
que a fisiopatologia do ouvido médio é, em grande medida, condicionada pelo
comportamento da trompa de Eustáquio, a qual tem como principais funções,
a drenagem do ouvido e o equilíbrio das pressões.
A pressão no ouvido médio, ou pressão endotimpânica, está condicionada
a variações fisiológicas, que são compensadas pela trompa de Eustáquio.
De entre os factores que mais contribuem para as variações fisiológicas das
pressões no ouvido médio, está a capacidade que a mucosa que reveste inter-
namente a caixa do tímpano tem de reabsorver parte do ar aí contido, gerando,
ao fim de um determinado período de tempo, uma depressão endotimpânica,
que, quando excede os 2 cm de água, interfere com a audição normal.
Neste contexto, é necessário que, periodicamente, o lúmen da porção
membrano-cartilaginosa da trompa de Eustáquio, virtual no estado de repouso,
se converta em real, permitindo, desta forma, a ventilação do ouvido médio e
a igualização das pressões.
A trompa abre automaticamente uma vez por minuto, em vigília e de 5 em
5 minutos durante o sono, com movimentos involuntários de deglutição, de bo-
cejo, de respiração forçada.
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Em casos muito graves pode haver, inclusivé, fractura óssea associada. Esta
ocorre mais frequentemente nos seios maxilares superiores, dado que a sua
parede interna é constituída por osso muito fino, papiliforme e multiperfurado.
O mergulhador poderá tentar evitá-lo, suspendendo ou reduzindo significa-
tivamente a velocidade da subida.
Neste contexto, a sinusopatia aguda constitui uma contra-indicação relativa
e transitória para a prática do mergulho, até que esteja totalmente resolvida.
Barotraumatismos dentários:
Os barotraumatismos dentários são essencialmente de dois tipos:
Dor durante a fase de descida, por efeito directo do aumento de pressão
sobre a polpa dentária em dente cariado não obturado;
Retenção de ar, durante a subida, em dente mal obturado (por obliteração
acidental, por detrito alimentar, ou outro corpo estranho, que entretanto se mo-
bilizou, impactando ao nível do orifício de saída).
O ar hiperpressurizado e retido no interior do dente, pode causar a sua
explosão e, nos casos mais graves, fractura associada do maxilar ou da mandí-
bula, consoante a sua localização.
Cólicas do escafandrista:
As cólicas do escafandrista são causadas pela produção intestinal de gases
durante a prática do mergulho a uma determinada profundidade.
A massa de gás contida do tracto digestivo do mergulhador, muito mais
significativa do que a que tinha no início do mergulho, ao expandir-se por redu-
ção da pressão ambiente (lei de Boyle-Mariotte), quando este inicia a subida,
pode ocasionar cólicas intensas por distensão das paredes das vísceras ocas,
muitas vezes acompanhadas de reacção vaso-vagal com hipotensão e síncope.
Em casos raros, pode ocorrer pneumoperitoneu secundário a ruptura visceral.
Com o intuito de prevenir este tipo de acidentes barotraumáticos, o mergu-
lhador deve abster-se de ingerir alimentos flatulentos ou bebidas gaseificadas
na véspera e antes do mergulho.
Barotrauma pulmonar:
O barotrauma pulmonar, ocorre durante o mergulho autónomo e que é
causado por um regresso brusco à superfície com retenção pulmonar do ar pres-
surizado previamente inalado a uma determinada profundidade.
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Hipóxia:
A hipóxia é uma das causas mais frequentes de morte por afogamento e
ocorre raramente durante o mergulho autónomo, excepto no âmbito do quadro
de insuflação pulmonar acima descrito, ou por esgotamento das reservas de
gás respirável contido nas garrafas de mergulho, ou por poluição acidental do
ar contido nas garrafas de mergulho, ou por embolização maciça capilar
pulmonar no contexto de disbarismo descompressivo, ou por barotrauma do
pulmão complicado com pneumotórax hipertensivo (raro).
A hipóxia é muito mais frequente no snorkling e no mergulho em apneia.
No snorkling, a principal causa é a utilização de um snorkel inadequado, de
calibre estreito e comprimento exagerado, o que gera franco aumento do traba-
lho respiratório, cansaço e diminuição do rendimento muscular. A renovação do
ar pode ver-se comprometida, na medida em que, devido ao excessivo com-
primento do tubo, a maioria do ar exalado pelo mergulhador fica retido no tubo,
sendo de novo por ele inspirado no ciclo respiratório seguinte, o que significa
que o mergulhador parte, nestas circunstâncias, para um novo ciclo respiratório
com um ar hipersaturado em dióxido de carbono e dessaturado em oxigénio.
O mergulho em apneia é particularmente perigoso, se for precedido de
hiperventilação antes da imersão.
Nestas circunstâncias, o mergulhador parte em hipocápnia e com um grau
relativo de alcalose respiratória para a imersão.
Quando o mergulhador inicia a imersão em alcalose respiratória, pode
permanecer mais tempo submerso, porque a estimulação do centro respi-
ratório bulbar depende do pH e das concentrações de dióxido de carbono em
circulação, logo, nestas condições, aumenta o intervalo de tempo para que o
metabolismo produza a quantidade de anidrido carbónico necessária para
estimular o centro bulbar e despoletar a necessidade imperiosa de regresso à
superfície.
Contudo, num mergulho praticado nestas condições, o mergulhador parte
com o mesmo conteúdo de oxigénio e este é consumido com a mesma taxa
durante a imersão.
Numa imersão prolongada artificialmente pela alcalose induzida pela hiper-
ventilação pré-imersão, o mergulhador inicia a subida para a superfície com va-
lores basais muito reduzidos das pressões parciais de oxigénio.
Durante a subida, à medida que reduz a pressão ambiente há uma dimi-
nuição directamente proporcional das pressões parciais de oxigénio.
A diminuição das pressões parciais de oxigénio abaixo de um limiar crítico
faz-se acompanhar de perda súbita de conhecimento, sem qualquer sintomato-
logia premonitória, o que em imersão pode causar a morte por afogamento.
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poucos metros por minuto, mas os sintomas tendem a regredir algumas horas
após a estabilização da pressão ambiente.
Os efeitos da pressão absoluta de exposição, ou seja, da profundidade atin-
gida, tornam-se clinicamente evidentes para profundidades superiores a 300
metros e persistem, independentemente do tempo de permanência na profun-
didade considerada.
Experimentalmente, constatou-se que o tempo de compressão e o de des-
compressão gastos para minorar a sintomatologia do HPNS, tornam o mergulho
com heliox impraticável para além de certas profundidades e muito pouco ren-
tável em situação real, com elevados dispêndios, em termos de meios materiais,
técnicos e humanos, e elevados riscos individuais para quem os pratica.
Estes inconvenientes foram ultrapassados com o advento da robótica de
exploração do meio subaquático, permitindo a realização de tarefas bem mais
minuciosas, com muito menos dispêndio de tempo e de recursos, e obviando
os inconvenientes atinentes aos elevados riscos humanos que este tipo de
imersões comporta.
Há variações individuais, no que diz respeito à susceptibilidade para a
eclosão do síndroma, mas não há variação significativa em diferentes mergu-
lhos praticados pelo mesmo mergulhador.
Há outros factores que têm sido considerados predisponentes para a eclo-
são do HPNS, para além da velocidade de compressão e da susceptibilidade
individual, nomeadamente o stress psicológico, a ansiedade, o esforço físico, a
fadiga, a hipotermia, a taquipneia e a retenção de CO2.
Para além destes, admite-se, também, que factores ambientais, tais como
as águas frias, as correntes, a má visibilidade e o calor durante a compressão,
possam contribuir para a maior precocidade da eclosão dos sintomas e dos
sinais que caracterizam o HPNS.
A sua prevenção total é pouco provável, mas há várias medidas que podem
minorar os sintomas ou retardar a sua eclosão, nomeadamente recorrendo a
taxas de compressão mais lentas e/ou introduzindo paragens a um determi-
nado nível de profundidade durante a compressão, ou adicionando outros gases
inertes à mistura, tais como o azoto (Trimix).
O recurso a misturas gasosas respiráveis ternárias, ao suprimir os efeitos
neurológicos, viabilizou a exposição do ser humano até pressões absolutas de
71 atmosferas.
O álcool, os anestésicos e os anticonvulsivantes, também suprimiram o
HPNS no animal de experiência, contudo, não há qualquer tipo de experiência
relativamente ao seu uso em humanos, por motivos óbvios.
Os mecanismos fisiopatológicos subjacentes ao HPNS não estão cabalmen-
te esclarecidos.
Contudo há várias teorias que tentam explicar a fisiopatologia do HPNS, de
entre as quais nos ocorre mencionar duas, uma mecânica, de ordem meramen-
te física, e outra bioquímica:
Assim, dado que o hélio é um gás inerte e, por conseguinte, não interage
quimicamente com qualquer outro elemento biológico, hipotetizou-se que os
seus efeitos, no que diz respeito à fisiopatologia do HPNS, poderão ser de
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circular livremente, com a corrente venosa de retorno, até ao filtro capilar pul-
monar, a partir do qual a grande maioria é eliminada por via respiratória, nunca
chegando a dar sintomas, ou proporcionando um quadro frustre de insuficiência
respiratória do tipo restritivo (“bolhas silenciosas ou instáveis”).
Contudo, se a embolização do filtro capilar pulmonar ultrapassar a sua
capacidade de depuração dos êmbolos por via respiratória, assiste-se a uma
exclusão funcional de parte significativa da rede capilar alveolar pulmonar, com
quadro de desequilíbrio da relação ventilação-perfusão em desfavor desta últi-
ma, determinante de hipoxémia e de hipertensão ao nível da pequena circu-
lação, causadora da abertura de shunts intra-pulmonares artério-venosos, de
um “foramen ovale” eventualmente patente, ou do “ductus arteriosus”, se for
tal o caso, com migração dos êmbolos gasosos para a circulação arterial sisté-
mica, até embolizarem um vaso de menor calibre do que o seu diâmetro, pas-
sando, a partir de então, a constituir as “bolhas estáveis ou sintomáticas”.
Por razões de ordem exclusivamente anatómica e hemodinâmica, os êmbo-
los arteriais tendem a migrar para os vasos cerebrais através dos troncos supra-
aórticos, dando origem a embolias dificilmente reversíveis e a quadros neuro-
lógicos dependentes do calibre e da topografia do vaso embolizado.
Quando a doença de descompressão assume expressão clínica cerebral, os
sintomas mais frequentes, são os do sofrimento isquémico dos territórios nu-
tridos pela artéria cerebral média esquerda ou dos dependentes do sistema
vértebro-basilar.
Outra forma mais rara de embolização arterial, no contexto da doença de
descompressão, é a embolização das artérias coronárias, a qual tem mais pro-
babilidade de ocorrer quando o mergulhador se encontra em posição invertida,
no momento da formação do êmbolo.
Este quadro fisiopatológico é agravado pela probabilidade de as bolhas
causarem lesão secundária, por atrito, do endotélio vascular, e despoletarem a
activação em cascata de uma série de fenómenos biológicos com expressão sis-
témica e conducentes a hipovolémia e hemoconcentração, por extravasamento
de quantidades maciças de líquido para o espaço extravascular, por aumento
generalizado da permeabilidade capilar.
A forma mais frequente de expressão clínica da D.D., é a da lesão da medu-
la espinal.
Há várias teorias explicativas deste tipo de lesões: a teoria embólica; a
teoria do infarto venoso; a teoria das bolhas autóctones; a teoria da hemorragia
e da inflamação.
Segundo a teoria do infarto venoso, outras bolhas podem, entretanto, seguir
um curso diferente e em vez de migrarem para a circulação sistémica a partir
da circulação pulmonar, podem, a partir desta e devido a gradientes de pressão,
determinados pela hipertensão pulmonar, desenvolvida no decurso de todo este
processo, migrar retrogradamente, seguindo o trajecto da veia ázigos, até aos
espaços venosos epidurais, onde coalescem com outras bolhas formadas “in
situ”, ou até aqui transportadas pelo sistema linfático.
Este embolismo venoso retrógrado maciço, causa importante estase veno-
sa, obstaculizando a drenagem venosa de segmentos da medula correlatos,
com importante congestão ao seu nível, dificuldade de dessaturação e de oxi-
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Vestibular.
Fig 2: Classificação da doença disbárica de Francis e Smith. (Adaptado de: Marroni A. et al.: Dysbaric
Ilness, in: Handbook, on Hyperbaric Medicine, D. Mathieu (Ed.), 2006, Springer, p. 180).
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Fig 3: Diagnóstico diferencial entre acidentes disbáricos embolígenos (adaptado de Desola Alà J: Accidentes
de buceo (2). Medicina Clínica, 1990, vol.95, n.5:29-36.).
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Aparelho respiratório:
Antecedente de pneumotórax espontâneo é uma contra-indicação absoluta
para a prática do mergulho;
Todos os processos pulmonares com componente obstrutivo devem contra-
-indicar a prática destas imersões, pelo risco acrescido de barotrauma pulmonar;
O enfisema pulmonar, em especial o bolhar, os processos pleurais cica-
triciais e parenquimatosos que implicam perda da elasticidade e da “complian-
ce” pulmonar, devem igualmente contra-indicar o mergulho, assim como os
grandes síndromas bronco-pulmonares;
As broncopneumonias em actividade e os derrames pleurais não esclareci-
dos e não tratados, são contra-indicação temporária, até à sua completa reso-
lução, sem défice ou sequelas importantes;
A asma brônquica, particularmente quando de difícil controlo medicamen-
toso, com crises broncospáticas frequentes, particularmente nos jovens, grupo
etário onde predomina a asma de esforço e induzida pelo frio;
Todas as situações acima referidas comportam um risco acrescido de
barotrauma do pulmão.
Aparelho digestivo:
Hérnias, eventrações e deiscências da parede abdominal, pelo risco de en-
carceramento, ou de estrangulamento, com ruptura expansiva durante a subida;
Aerocolia sintomática persistente, pelo risco acrescido do quadro de “cóli-
cas do escafandrista” durante a emersão;
A patologia grave por refluxo gastro-esofágico e a úlcera péptica em actividade,
com episódios prévios de hemorragia digestiva alta, recomendam prudência.
Aparelho cardiovascular:
Doença coronária não tratada (risco de quadro coronário agudo durante a
imersão);
Doenças valvulares cardíacas com repercussão hemodinâmica significativa,
susceptíveis de precipitarem uma descompensação cardíaca perante solicitações
hemodinâmicas acrescidas (estenose aórtica cerrada, insuficiência mitral com
estase pulmonar, etc., com risco de descompensação cardíaca aguda, crise sin-
copal, síndroma coronário agudo e edema agudo do pulmão, durante a imersão);
Arritmias hemodinamicamente significativas, particularmente se com fre-
quência ventricular rápida, pelo risco de descompensação cardíaca aguda
durante a imersão;
Bloqueios completos de ramo, bloqueios bifasciculares (risco de dissociação
auriculo-ventricular completa), sindroma de pré-excitação ventricular (risco de
taquicardia paroxística com repercussão hemodinâmica, ou défice relativo de
perfusão do miocárdio);
Miocardiopatias hemodinamicamente significativas, pelo risco de descom-
pensação cardíaca aguda, durante a imersão;
Hipertensão arterial pelo risco de descompensação cardíaca aguda, crise
sincopal, síndroma coronário agudo e pelo risco acrescido de doença de des-
compressão;
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Aparelho otorrinolaringológico:
Sinusopatias agudas e crónicas, rinites, laringites, traqueítes, amigadalites,
desvios consideráveis do septo nasal, polipose nasal, quisto branquial, disfun-
ção tubária severa e persistente, exostoses do canal auditivo externo com
repercussão clínica, quadros vertiginosos ou labirínticos requerendo medicação,
são contra-indicações, enquanto não solucionadas clinicamente, pelo risco
acrescido de acidente disbárico barotraumático;
São-no igualmente as lesões timpânicas que permitam o trânsito directo da
água para o ouvido médio, os quadros labirínticos não esclarecidos e sintomá-
ticos e as epistaxis recidivantes e clinicamente significativas.
Aparelho visual:
O glaucoma constitui contra-indicação absoluta para a prática do mergulho.
Aparelho génito-urinário:
As lesões parenquimatosas renais e as litíases renais, particularmente se
sintomáticas, contra-indicam o mergulho, enquanto não resolvidas clinicamente;
A gravidez desaconselha o mergulho (risco de doença de descompressão
feto-placentária, de toxicidade fetal da hiperóxia).
Sistema endócrino-metabólico:
Constituem contra-indicação a diabetes mellitus e todos os estados hipogli-
cemiantes. Contudo não está demonstrado que o mergulho se associe a um
risco acrescido de hipoglicémia.
Tipo constitucional:
O problema da obesidade relativamente ao mergulho foi, durante muito
tempo, hipertrofiado, devido ao facto de se considerar que este tipo constitu-
cional implicava um risco significativamente acrescido de doença de descom-
pressão, tendo-se chegado a contra-indicar o mergulho para excessos ponde-
rais superiores a 10%.
Se isto pode ter algum fundamento relativamente a mergulhos com perfis
específicos e muito exigentes, o mesmo não acontece em relação ao mergulho
recreativo, praticado a reduzidas profundidades, raramente para além dos 10
metros de profundidade.
Para além disso, o excesso de panículo adiposo contraria as perdas
térmicas.
Por isso, a obesidade, tirando os casos de obesidade mórbida, não contra-
ria a prática do mergulho autónomo recreativo.
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Idade:
A idade mínima para a prática do mergulho autónomo recreativo é 16 anos,
não havendo limite máximo restritivo.
Contudo, parece haver um aumento da incidência dos acidentes descom-
pressivos imprevistos nos indivíduos de grupos etários mais avançados o que,
pelo menos teoricamente, se poderá ficar a dever a uma diferente distribuição da
gordura corporal e a graus, incipientes ou manifestos, de insuficiência vascular
periférica, que poderiam interferir com a dinâmica da difusão dos gases inertes.
Além do mais, há um inexorável declínio da capacidade física com o
envelhecimento, devido a alterações cardiovasculares, metabólicas, respirató-
rias, músculo-esqueléticas, neurológicas e da termorregulação, que se vão pro-
cessando de forma progressiva, embora com amplas variações individuais, pelo
que a programação do mergulho autónomo recreativo para o idoso, deve ter
em linha de conta a sua potencial menor capacidade física e tolerância ao esfor-
ço, em comparação com a dos grupos etários mais jovens.
Resposta ao esforço:
Todo o candidato que, uma vez submetido a um teste de esforço evidencie
dificuldade de retorno à normalidade (aos valores basais) dos parâmetros vitais
decorridos três minutos após o termo do teste de stress físico, deve ser desa-
conselhado de praticar mergulho.
Quanto à avaliação prévia do candidato, esta deverá englobar uma cuida-
dosa anamnese com vista à detecção de contra-indicações ou de factores
limitativos para a prática do mergulho.
A anamnese deverá ser complementada com um cuidadoso exame físico,
que contemple a pesquisa de alterações neurológicas, de hérnias ou de pontos
fracos da parede abdominal, de disfunção tubária objectivada através da mano-
bra de Valsalva. O exame físico deverá incluir sempre uma rigorosa auscultação
pulmonar e cardíaca e a avaliação do estado circulatório periférico.
As provas complementares mais importante são a espirometria, a manobra
de Valsalva, a otoscopia e o teste de esforço.
Todos os outros exames complementares deverão ser solicitados à medida
das necessidades, para cada caso em particular.
O médico examinador deve ser cauteloso, abstendo-se de excessivo rigor,
pela frustração que pode causar, e também de excessivo optimismo, pelos ris-
cos e danos potenciais para o candidato.
Devem constituir requisitos para a aptidão, um estado mental normal, uma
adequada motivação pessoal para a prática do mergulho, um razoável estado
físico geral, a ausência de doença crónica ou aguda que constitua contra-indi-
cação para o mergulho.
O praticante deve ser encorajado a zelar pela sua boa condição física,
praticando regularmente exercícios de “endurance” e de resistência, condição
essa evidenciada pelo retorno à normalidade dos parâmetros vitais em menos
de 3 minutos após o teste de esforço, ou, se quisermos, pela realização de uma
prova de esforço em tapete rolante de acordo com o protocolo de Bruce, com
monitorização electrocardiográfica e tensional normais.
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“Six Italians dressed in rather unusual diving suits and equipped with mate-
rials of laughably little cost, have swung the military balance of power in the
Mediterranean in favour of the Axis“.
Esta afirmação de Sir Winston Churchil, aquando do afundamento dos HMS
Valiant and HMS Queen Elizabeth da esquadra britânica do Mediterrâneo, por
seis mergulhadores de combate da Xª Flottiglia MAS italiana, durante a 2ª
Guerra Mundial, ilustra bem o reconhecimento da importância táctica e estra-
tégica do Mergulho Militar, o qual já era praticado na Antiguidade por vários povos
e culturas, nomeadamente pelos assírios, macedónios, gregos, e romanos.
A prática do mergulho militar da Antiguidade, tecnicamente rudimentar,
perpetuou-se até ao termo da Idade Média e terminou com a unidade de mer-
gulhadores romanos de combate conhecidos como os “Urinatores” (“Urinator”
– do latim – mergulho ou mergulhador) em 1565, ano em que esta desenvolveu
a sua última acção militar, a qual foi marcada pela sua vitória contra uma muito
bem organizada e treinada força de nadadores turcos otomanos, durante o
cerco destes a Constantinopla.
O mergulho militar, beneficiando dos inventos tecnológicos entretanto
ocorridos e já mencionados, sofreu um grande impulso, durante os dois confli-
tos mundiais do século XX, tendo-se assistido, durante esta época, a um grande
empenho, por parte das principais Marinhas mundiais, em aperfeiçoar e ampliar
a capacidade de actuação e a eficácia dos seus mergulhadores.
Este empenho foi objectivado pela criação, durante a 1ª Guerra Mundial, das
primeiras unidades de mergulhadores de combate, destinadas a operações de
sabotagem e de demolição submarinas, pela construção, antecedendo e durante
a 2ª Guerra Mundial, de torpedos e de mini-submarinos tripulados por mer-
gulhadores, pela utilização de equipamento com respiração de oxigénio em
circuito fechado, de que são exemplos os “Rebreathers” de O2 puro para escape de
submarinos acidentados e os equipamentos de mergulho autónomo com
inalação de O2 reciclado em circuito fechado, para missões de sabotagem a baixa
profundidade sem formação de bolhas à superfície, e pela tentativa de aper-
feiçoamento técnico dos equipamentos de mergulho autónomo com respiração de
ar em circuito aberto, para aumentar a profundidade e autonomia da sua actuação.
Foi, também, durante esta época que se iniciaram os primeiros mergulhos
profundos com Heliox, empreendidos, do ponto de vista militar, com o intuito
de aumentar a capacidade operacional naval, em termos de guerra de minas e
de remoção de obstáculos, de sabotagem e de salvamento submarino.
O interesse, por parte da maioria das Marinhas do mundo, em preparar uni-
dades especiais de mergulhadores de combate ou aperfeiçoar as já existentes,
cujas capacidades de actuação se viram ampliadas após a aquisição do “Aqua Lung”
de Gagnan e Cousteau, perpetuou-se para além da Segunda Guerra Mundial.
Constitui exemplo, a participação das UDT’s (Underwater Demolition
Teams) americanas, na guerra da Coreia (1950-1953), na guerra do Vietname
(1967-1971), na “Operação Justa Causa” empreendida no Panamá (1989), na
“Operação Tempestade no Deserto” (1990-1991), e, mais recentemente, nas
acções militares empreendidas nas Guerras do Afeganistão e do Iraque.
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Em 1857, S.B. Birch publicava na revista “The Lancet”, o seu ponto de vista
acerca do “estado da arte” relativamente à oxigenoterapia normobárica, no
qual considerava o oxigénio, de grande utilidade em várias doenças intratáveis,
em que o doente necessitasse “de mais ar do que aquele que poderia obter…
a partir do ar atmosférico que o circunda”. Este autor teve a preocupação de
salientar, na mesma publicação, que o oxigénio não era uma “panaceia
universal”.
Em 1859, o mesmo autor constatou, numa publicação no British Medical
Journal, o crescente interesse da classe médica pelo oxigénio, como agente tera-
pêutico, e descreveu a cura de um caso de insuficiência cardíaca congestiva,
secundária a obesidade mórbida, numa doente do sexo feminino, com inalações
diárias de oxigénio.
A popularização e a vulgarização da oxigenoterapia normobárica, no seio
da classe médica, por esta altura, encontra-se bem expressa no artigo de Henry
Davenport, datado de 25 de Julho de 1872 e publicado no Boston Medical and
Surgical Journal, no qual descrevia e classificava as entidades mórbidas, em
que acreditava que esta terapêutica era benéfica.
Neste artigo, o seu autor agrupava as doenças susceptíveis de beneficiarem
de oxigenoterapia em três categorias principais: as doenças agudas que cursam
com dispneia (bronquite aguda, insuficiência cardíaca, retenção azotada,
doença de Bright, intoxicação por ópio, por exemplo); as doenças crónicas, nas
quais o oxigénio actuaria como um “tónico, aumentando o peso e a força
muscular” (tísica, enfisema, dispepsia aguda, anemia, etc.); as doenças espas-
módicas (asma, coreia, epilepsia e outras afecções convulsivas). Para o trata-
mento de algumas destas afecções, o autor preconizava a inalação diária de 3
ou 4 galões de oxigénio, equivalentes a 2 litros de oxigénio por minuto, durante
8 minutos.
Em 1885, num artigo publicado no “The Medical Record”, Samuel S. Wallian
exortou a classe médica a resgatar a oxigenoterapia normobárica das mãos dos
charlatães, a quem esteve indevidamente entregue durante décadas.
O mesmo autor descreveu, noutro artigo, algumas das causas técnicas da
ineficácia da oxigenoterapia, referindo-se à inadequada preparação deste gás
medicinal, como uma das principais. Neste artigo, o seu autor atribuiu alguns
dos insucessos do oxigénio à restrição da sua administração exclusivamente por
via inalatória, e preconizou outras vias de administração deste gás, nomeada-
mente a cutânea e a gastrointestinal.
Vários outros artigos, de finais do século XIX e princípios do século XX,
traduziram o grande entusiasmo da classe médica em relação à oxigenoterapia
normobárica, generalizando a sua aplicação tendo havido, inclusive, alguns
que, à semelhança do referido no parágrafo anterior, advogaram, para além da
via inalatória, a utilização de outras vias de administração do oxigénio,
nomeadamente a subcutânea, a intravenosa, a intra-cavitária (intra-articular,
pleural e abdominal), a gastrointestinal, particularmente nos casos em que a via
respiratória se revelasse inadequada.
Em 1890 foi publicado pela primeira vez, o recurso à inalação contínua de
oxigénio, para tratamento de um caso de pneumonia severa.
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Até então, o oxigénio era prescrito na dose de 4 galões duas vezes ao dia,
ou de 2 ou 3 galões várias vezes ao dia. O autor do artigo relatou que o forne-
cedor lhe enviou uma mensagem advertindo-o que nenhum ser humano pode-
ria, eventualmente, suportar uma tão grande quantidade de oxigénio, “tendo
em conta o perigoso grau de estimulação do sistema e o aumento da com-
bustão ao nível dos tecidos…”.
Em 1910 foi publicado um artigo que preconizava a inalação de oxigénio
misturado com vapor de álcool, devido às suas propriedades “cardiotónicas”.
Em 1912 foi publicado um artigo que propunha a utilização de uma
máscara especialmente desenhada com o objectivo de assegurar elevadas
concentrações de oxigénio. Neste artigo, o seu autor salientava o carácter
absurdo e ineficaz da forma tradicional de administração de oxigénio, através
de um funil colocado na vizinhança da face dos doentes, com a qual a maior
parte do oxigénio se dissipava na atmosfera.
O artigo da autoria de J.S. Haldane, datado de 1917 e publicado no British
Medical Journal, marcou o início da era da oxigenoterapia moderna. Nele, o seu
autor salientava os efeitos benéficos da administração de oxigénio nas enti-
dades mórbidas que cursam com insuficiência respiratória e circulatória, e real-
çava que os riscos inerentes à administração prolongada de oxigénio puro
deviam ser tidos em mente e balanceados contra os riscos resultantes da inter-
rupção da administração contínua deste gás.
No mesmo ano, foi publicado um artigo, da autoria de Meltzer, relativo ao
valor terapêutico da inalação de oxigénio sob pressão positiva, em que os doen-
tes beneficiavam da inalação intermitente de oxigénio hiperpressurizado, consi-
derando o seu autor que os benefícios clínicos resultavam da melhoria da ven-
tilação pulmonar e do subsequente aumento da eliminação do dióxido de
carbono acumulado em excesso nestes doentes.
No “Meeting” sobre a utilização terapêutica do oxigénio, realizado em 1920,
cujas conclusões seriam publicadas onze dias depois no British Medical Journal,
Haldane definiu a hipoxémia como uma deficiência de oxigénio no sangue arte-
rial, explanou a sua fisiologia (considerando-a resultante de uma diminuição da
difusão de oxigénio através da barreira alvéolo-capilar pulmonar, ou de um
desequilíbrio da relação ventilação-perfusão pulmonar), nomeou as suas prin-
cipais causas, nomeadamente as afecções respiratórias (pneumonias e bronqui-
tes) e as doenças cardíacas, referiu-se aos efeitos deletérios da hipoxémia per-
sistente sobre o organismo humano, e deu como exemplos, a eclosão dos sin-
tomas do mal de montanha após a exposição, durante algumas horas, a um
ambiente ligeiramente hipobárico, e a exteriorização de sintomatologia grave,
em diferido, após uma intoxicação ligeira por monóxido de carbono (esta cor-
responderá, eventualmente, a uma das primeiras publicações do síndroma neu-
rológico tardio secundário a uma intoxicação por monóxido de carbono). Neste
“Meeting” foram referidos os efeitos benéficos da oxigenoterapia nos casos que
cursavam com hipoxémia, e foi relatada por J. Barcroft, a sua experiência, do
tratamento com oxigénio, de combatentes intoxicados com gases de guerra.
A oxigenoterapia era realizada em compartimentos estanques com a capa-
cidade de 1.000 pés cúbicos, com uma atmosfera interna com uma composição
de 40-50% de oxigénio e de 50-60% de azoto.
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CONCEITO.
O termo hiperbárico significa “relacionado com, produzir, operar, ou ocorrer
a pressões superiores à pressão atmosférica normal”.
A medicina hiperbárica engloba a terapêutica hiperbárica e a oxigenote-
rapia hiperbárica.
A medicina hiperbárica dedica-se ao estudo e tratamento das doenças
susceptíveis de regredirem ou de melhorarem com a exposição dos seus por-
tadores a elevadas pressões, ambiente e de oxigénio molecular, por meio da
inalação deste gás, de ar, ou de outras misturas gasosas respiráveis, no interior
de compartimentos estanques hiperpressurizados.
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Câmaras hiperbáricas:
Os tratamentos hiperbáricos são ministrados em câmaras hiperbáricas, que
são compartimentos estanques construídos com materiais resistentes a elevadas
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pressões, os quais têm habitualmente uma configuração cilíndrica, para que haja
uma mais uniforme distribuição das pressões sobre a sua superfície interior.
As câmaras hiperbáricas (câmaras de descompressão ou compressão)
estão classificadas como dispositivos médicos tipo IIb (directiva 93 / 42 CCE de
14 de junho de 1993) destinados a tratamento e investigação.
Podem ser monolugar, bi-lugar, ou multi-lugar, consoante alojam apenas um,
dois, ou mais doentes em simultâneo no seu interior, no decurso dos tratamentos.
As câmaras monolugar são pressurizadas com O2, e estão actualmente em
desuso, pois, não só comportam um risco acrescido de incêndio e de deflagra-
ção, como também devotam o acidentado a uma situação de isolamento, não
sendo, por isso, possível prestar-lhe assistência no decurso dos tratamentos.
Apesar de tudo, as modernas câmaras monolugar são construídas em material
acrílico, permitindo a comunicação visual entre o doente e o ambiente exterior,
e estão providas de sistemas de comunicação verbal.
As câmaras multi-lugar são pressurizadas com insuflação de ar no seu
interior até se atingir a pressão ambiente de trabalho desejada e têm volu-
metria suficiente para alojarem simultaneamente vários
indivíduos, sendo assim possível o acompanhamento
dos doentes por profissionais de saúde no decurso dos
tratamentos hiperbáricos; Uma vez alojados no seu
interior e atingida a pressão de trabalho pretendida, os
doentes inalam oxigénio puro, ou outras misturas gaso-
sas respiráveis, por meio de máscara buco-nasal, de
tenda cefálica, ou de tubo endo-traqueal, em circuito
Fig 4: Câmara multi-lugar. semi-aberto, isto é, o gás inspirado é conduzido para o
aparelho respiratório através de uma traqueia munida
de válvula unidireccional, e os gases expirados são drenados directamente para
o exterior da câmara através de outra traqueia apetrechada com válvula de não
retorno; Desta forma, não há contacto directo dos gases respirados pelo doente
com o ar contido no interior da câmara, pelo que raramente as concentrações de
oxigénio, a este último nível, excedem os valores de segurança recomendados
(22.5%) estando, assim, minimizado o risco de incêndio e deflagração.
A duração e a pressão máxima de trabalho, das sessões rotineiras de oxige-
noterapia hiperbárica, estão limitadas a 3 ATA´s e a 120 minutos, como forma
de prevenção da ocorrência das manifestações clínicas dos efeitos tóxicos da
hiperóxia, neurológicos e respiratórios, respectivamente.
A British Hyperbaric Association define quatro categorias de câmaras hiper-
báricas, de acordo com a sua capacidade e aplicações terapêuticas; na verdade
esta classificação corresponde mais a uma categorização dos diferentes tipos
de facilidades hiperbáricas:
As de categoria 1 – são câmaras multilugar com capacidade para tratar
pacientes em estado crítico, nomeadamente que requeiram ventilação assistida
e monitorização sofisticada e permanente dos parâmetros vitais, e prestação de
cuidados intensivos em ambiente hiperbárico (“advanced life support”).
As de categoria 2 – são câmaras multilugar com capacidade para tratar aci-
dentados de mergulho e pacientes em geral, excepto aqueles em estado crítico
(“basic life support”).
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CENTRO DE MEDICINAA
SUBAQUÁTICA E HIPERBÁRICA
HIPERB ÁRICA
A
Hospital - Internamento
U.C.E. – B.O.
S.A.P.
UNIDA DE HIPERBÁRICA
UNIDADE Serviços Médico-Cirúrgicos
Supervisores de Segurança
Operadores do Sistema
Assistentes Técnicos
SISTEMA HIPERBÁRICO
HIPERB ÁRICO
Compressores de Ar
Armazenamento de Ar, O 2, misturas.
Médicos
CÂMARA
ÂMARA Assistentes
Enfermeiros
Recipiente de Pressão
Mono ou multilugar .
Fig
Fig5:
5:Estruturação
Estruturação de
de um centrodedemedicina
medicinahiperbárica
hiperbárica (Modificado
de: de: COST B14. Working Group «Safety»
European
European Code ofGood
GoodPractice
Practiceforfor Hyperbaric Oxygen Therapy (May in:
2004), in: http://www.oxynet.org).
um centro (Modificado COST B14. Working Group «Safety»
Code of Hyperbaric Oxygen Therapy (May 2004), http://www.oxynet.org).
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Sendo cada uma delas, por sua vez, suportada num de entre três níveis
possíveis de evidência:
Nível A – recomendação apoiada por nível de evidência 1 (forte evidência de
acção benéfica em estudos humanos, apoiada em, pelo menos, dois estudos
concordantes duplamente cegos, com significativa amostra populacional, estudos
controlados e randomizados com poucas ou nenhumas falhas metodológicas);
Nível B – recomendação apoiada por nível de evidência 2 (evidência de
acção benéfica baseada em estudos duplamente cegos controlados, randomi-
zados mas com falhas metodológicas, ou abrangendo pequenas amostras po-
pulacionais, ou um único ensaio clínico);
Nível C – recomendação suportada por nível de evidência 3 (fraca evidência
de acção benéfica, baseada apenas em opinião consensual de peritos, ou em
estudos não controlados – grupo de controlo histórico, estudo de cooperação, etc.).
Tipo I:
Urgentes:
Intoxicação pelo monóxido de carbono (nível de evidência B);
Síndroma de Crush (nível de evidência B);
Acidentes de descompressão (nível de evidência C);
Embolismo gasoso (nível de evidência C);
Infecções bacterianas anaeróbias ou mistas (nível de evidência C).
Electivas:
Prevenção da osteorradionecrose após extracção dentária (nível de evidência B);
Osteorradionecrose da mandíbula (nível de evidência B);
Radionecrose dos tecidos moles – cistite pós-rádica hemorrágica (nível de
evidência B).
Tipo II:
Pé diabético ulcerado (nível de evidência B);
Enxerto cutâneo ou retalho músculo-cutâneo comprometido (nível de evidência C);
Osteorradionecrose de outros ossos (nível de evidência C);
Proctite / enterite rádio–induzida (nível de evidência C);
Lesões rádio–induzidas dos tecidos moles (nível de evidência C);
Cirurgia de implante em tecido previamente irradiado (acção preventiva) (nível
de evidência C);
Surdez súbita (nível de evidência C);
Úlceras isquémicas (nível de evidência C);
Osteomielite crónica refractária (nível de evidência C);
Neuroblastoma estadio IV (nível de evidência C).
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Tipo III:
Encefalopatia pós – anóxica (nível de evidência C);
Radionecrose laríngea (nível de evidência C);
Lesão rádio–induzida do SNC (nível de evidência C);
Síndroma de reperfusão pós–cirurgia arterial reconstrutiva (nível de evidência C);
Reimplantação de membro (nível de evidência C);
Queimaduras superiores a 20% da superfície corporal e do segundo grau (nível
de evidência C);
Doenças oftalmológicas isquémicas agudas (nível de evidência C);
Feridas crónicas seleccionadas, secundárias a processos inflamatórios (nível de
evidência C);
Pneumatose quística intestinal (nível de evidência C).
Outras indicações:
Mediastinite pós-esternotomia (nível de evidência D);
“Stroke” (nível de evidência D);
Doença de células falciformes (nível de evidência D);
Otite externa maligna (nível de evidência D);
Infarto agudo do miocárdio (nível de evidência D);
Necrose da cabeça femoral (nível de evidência D);
Tinnitus (nível de evidência E);
Cistite intersticial (nível de evidência E);
Paralisia facial periférica (de Bell) (nível de evidência E);
Paralisia cerebral (nível de evidência F);
Esclerose múltipla (nível de evidência F);
Insuficiência feto–placentária (nível de evidência F).
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Neuro-angiografia;
Broncografia;
Broncoscopia;
Infusão intravenosa periférica de líquidos, particularmente com bombas de
pressão;
Troca de catéter transseptal;
Gastroscopia;
Histeroscopia;
Colangeopancreatografia retrógada endoscópica;
Cardiopatia congénita cianosante;
Tentativa de suicídio com auto-laceração do punho.
Relativamente às técnicas neuro-angiográficas, diagnósticas ou terapêu-
ticas, um estudo retrospectivo concluiu que este tipo de complicação só ocorre
no decurso dos procedimentos terapêuticos, ditos de intervenção.
As manifestações clínicas são essencialmente cardiocirculatórias e neuro-
lógicas, mas dependem do território embolizado.
A gravidade clínica está relacionada com a velocidade de injecção do gás,
com o volume injectado, com a localização anatómica do ponto de intromissão
do gás nos vasos, com a natureza do gás (gravidade tanto maior quanto menor
a solubilidade do gás) e com a posição do doente.
Estes quadros clínicos revestem-se de considerável gravidade, com taxas
de mortalidade que rondam os 18% e com taxas de sequelas de cerca de 13%.
De entre os exames complementares que poderão dar um contributo posi-
tivo para o diagnóstico de aeroembolismo arterial cerebral, destacamos os se-
guintes: ultrassonografia, tomografia axial computorizada, ressonância magné-
tica nuclear, monitorização perioperatória.
Alguns dos autores com mais experiência no tratamento das embolias
gasosas arteriais cerebrais, consideram que, em princípio, todo o acidente
vascular cerebral que se venha a manifestar no pós-operatório de uma cirurgia
cardíaca, deve ser encarado e abordado terapeuticamente como se de uma em-
bolia gasosa se tratasse.
A abordagem terapêutica imediata do aeroembolismo arterial inclui
oxigenação normobárica a 100% (para início da desnitrogenação do êmbolo
gasoso) e reposição da estabilidade hemodinâmica, com tentativa de correcção
do compromisso cardiovascular, através dos meios terapêuticos disponíveis em
cuidados intensivos.
O uso de esteróides e o posicionamento do doente em Trendlenburg com
decúbito lateral direito são alvo de controvérsia, mas recomendados por muitos.
O posicionamento do doente em decúbito lateral esquerdo e em posição de
Trendlenburg, é aceite para o tratamento do embolismo venoso mas não do
arterial.
O OHB é, nestes casos, a única forma possível de tratamento, proporcionando:
Aumento da entrega plasmática de oxigénio aos tecidos isquemiados e
hipóxicos;
Redução do volume e do diâmetro dos êmbolos vasculares, com a atenua-
ção das áreas de tecido em sofrimento isquémico (quer por redução dos efeitos
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OTHB: contra-indicações:
Actualmente não existem propriamente contra-indicações absolutas para o
tratamento com oxigénio hiperbárico.
Contudo, existem situações clínicas que podem ser agravadas por esta
modalidade terapêutica e que constituem contra-indicações relativas.
São exemplos certa afecções respiratórias (pneumotórax hipertensivo não
drenado, antecedentes de pneumotórax espontâneo, certos doentes submeti-
dos a toracotomias, infecções agudas das vias respiratórias, sinusopatias agudas
e crónicas, asma brônquica agudizada), neurológicas (hiper-susceptibilidade a
convulsões), cardiovasculares (doenças cardíacas com grande instabilidade he-
modinâmica), gastroenterológicas (aerocolia muito acentuada e sintomática).
Nestes casos, compete ao médico diplomado em medicina hiperbárica,
estabelecer o balanço entre os benefícios e os riscos individuais proporcionados
por esta terapêutica, optando pela sua aplicação quando considere que os be-
nefícios ultrapassam largamente os riscos, e que estes não colocam em causa
o prognóstico vital do doente a tratar.
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V. REALIDADE PORTUGUESA.
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Não é, pois, de espantar que entre nós, tal como no resto da Europa, a este
ímpeto e entusiasmo inicial em relação à terapêutica com ar comprimido, se
tivesse seguido um silêncio que perdurou cerca de meio século, silêncio esse
que viria a ser interrompido com a demonstração, experimental e prática, da
utilidade da terapêutica hiperbárica em geral, e da oxigenoterapia hiperbárica,
em particular, no tratamento da doença de descompressão (1937, cerca de 20
anos após a concepção, por Draeger, do dispositivo monolugar para tratamento
com oxigénio hiperbárico dos acidentados de mergulho acometidos de síndro-
ma descompressivo agudo) e mais tarde, (após a segunda metade do século XX),
no tratamento de um certo número de afecções causadas, agravadas, ou
perpetuadas, pela hipóxia ao nível dos tecidos orgânicos.
Em Portugal a Marinha desempenhou um papel pioneiro e determinante na
renovação do interesse da comunidade médica pela terapêutica hiperbárica e
pela oxigenoterapia hiperbárica, assim como na sua implementação prática e
no seu desenvolvimento.
Com efeito, como resultado da necessidade de providenciar apoio terapêu-
tico aos acidentes de mergulho decorrentes da actividade militar operacional
em meio hiperbárico subaquático, foi instalada em 1953, na Escola de Mergu-
lhadores da Esquadrilha de Submarinos da Base Naval do Alfeite, a primeira
câmara hiperbárica em Portugal.
Os tratamentos dos acidentes de mergulho eram então efectuados com ar
comprimido.
Em 1967, foi adquirida pela Escola de Mergulhadores da Armada, na Esqua-
drilha de Submarinos, uma nova câmara hiperbárica com maior capacidade e
tecnologicamente mais desenvolvida do que a anterior.
Em 1968, teve início no nosso país, naquela unidade militar, a aplicação da
oxigenoterapia hiperbárica, então efectuada com o recurso a equipamentos de
mergulho autónomo com inalação de oxigénio puro
em circuito fechado.
Em 1989, fruto do reconhecimento dos bene-
fícios inerentes à prestação de apoio terapêutico,
aos acidentados de mergulho, em centro hiperbá-
rico hospitalar, e da utilidade e necessidade cres-
cente da prestação deste tipo de tratamentos a
doentes do sector civil da nossa comunidade por-
Fig 8: CMH-HM (1ª câmara- 1989). tadores de patologias, agudas ou crónicas, susce-
ptíveis deles beneficiarem, foi criado o Centro de
Medicina Hiperbárica do Hospital da Marinha (CMH-HM), tendo, para o efeito, sido
instalada uma câmara multi-lugar em área anexa ao Hospital da Marinha.
Apesar de, nesta época, a câmara não ter capacidade para tratar doentes crí-
ticos, passou a ser dado de forma rotineira, apoio terapêutico aos doentes do sector
civil da nossa comunidade, carecidos destes tratamentos, para além, obviamente,
do já prestado relativamente aos acidentados de mergulho, militares e civis.
O apoio permanente, em regime de serviço de urgência, entrou em funcio-
namento desde Janeiro de 1992, e desde essa data, o CMH-HM passou a figurar
nas listas de câmaras hiperbáricas da Undersea and Hyperbaric Medical Society
(UHMS) e da European Underwater Baromedical Society (EUBS).
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Director
Subdirector
Departamento Administrativo
Secretaria Central
Serviço de Pessoal
Serviço de Transportes
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85% eram oriundos de outros hospitais, 14% foram orientados para o CMSH
pelos seus médicos assistentes e 1% dirigiu-se ao CMSH por iniciativa própria.
De entre as patologias tratadas em regime de urgência até finais de 2009,
sobressaem, por ordem decrescente de frequência, as intoxicações por monóxido de
carbono (1.113 casos, correspondendo a cerca de 82,9% do total dos casos tratados
em urgência), a doença de descompressão (81 casos – 6,04% do total) e as
infecções necrosantes graves dos tecidos moles (49 casos – 3,65% do total). Para
além de 4 casos de intoxicação pelo sulfureto de hidrogénio, de 4 casos de embolia
gasosa e de 2 casos de cistite rádica hemorrágica complicados com hematúria grave,
há ainda a salientar 89 casos de surdez de instalação súbita (6,63% do total), isto
porque esta afecção era, no início, tratada em regime de urgência. Contudo, a surdez
brusca passou a ser tratada no CMSH, não em regime de urgência, mas em diferido,
ao fim das duas primeiras semanas de evolução e em caso de falência do tratamento
medicamentoso protocolar, ou antes, se solicitado pelo médico especialista.
89 Surdez súbita
2 Cistite rádica
14 Gangrena de Fournier
12 Gangrena gasosa
4 Aeroembolismo
81 Doença de descompressão
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1.000 1.100
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201 Osteorradionecrose
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1.000
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horário de funcionamento
25
rotineiro do serviço.
18,2 18,4
20
2009, de 1 e de 2 semanas,
1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009
Fig 14:Nº
Nºdoentes
doentes tratados/dia (média).
respectivamente.
Fig 14: tratados/dia (média).
46
te ao longo dos anos, regis- 11.0 0 0
11.2
02
tou-se um decréscimo ligei- 10 .0 0 0
12 .0 0 0
10.2
2
9.81
8
9.29
ro dos indicadores globais 9 .0 0 0
3
0
8.60
9
8.42
4
8.18
8.14
3
6.48
00
6.02
.0 0 0
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CONCLUSÕES:
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VI. CRÉDITOS:
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• NAVAL FORCES UNDER THE SEA: THE REST OF THE STORY. Sponsored
by: Office of Naval Research/Undersea & Hyperbaric Medical Society,
James T. Toiner, Arthur J. Bacharach, Blair H. Barrett, Don Chandler,
Marshall L. Nuckols, James Vorosmarti (Eds.), Best Publishing Company,
2007.
• HYPERBARIC PHYSICS WITH BUBBLE MECHANICS AND DECOMPRESSION
THEORY IN DEPTH. Bruce R. Wienke, Best Publishing Company, 2008.
• HYPERBARIC MEDICINE PRACTICE. Eric P. Kindwall, Harry T. Whelan, Best
Publishing Company, 2008.
• HYPERBARIC MEDICINE PROCEDURE: The Kindwall HBO Handbook 9th
Edition. Eric P. Kindwall, Jeffrey A. Niezgoda, ACHM, 2008.
• PHYSIOLOGY AND MEDICINE OF HYPERBARIC OXYGEN THERAPY.
Neuman & Thom, Saunders Elsevier, Philadephia, 2008.
• TEXTBOOK OF HYPERBARIC MEDICINE. Jain K.K. (Eds.), Hogrefe & Huber
Publishers, 2009.
• THE ECHM COLLECTION, VOLUME 1. Alessandro Marroni, Daniel Mathieu,
Francis Wattel. ISBN: 1-930536-25-9, Best Publishing Company.
• THE ECHM COLLECTION, VOLUME 2. Alessandro Marroni, Daniel Mathieu,
Francis Wattel. ISBN: 1-930536-28-3, Best Publishing Company.
• THE ECHM COLLECTION, VOLUME 3. Alessandro Marroni, Daniel Mathieu,
Francis Wattel. ISBN: 1-930536-48-8, Best Publishing Company.
• BREVE HISTÓRIA DO TEMPO. Stephen Hawking, Gradiva, Lisboa, 2009.
• COSMOS. Carl Sagan, Lisboa, Gradiva, 2009.
• O ESPECTÁCULO DA VIDA. Richard Dawkins, Casa das Letras, Alfragide,
2009.
• THE GRAND DESIGN. NEW ANSWERS TO THE ULTIMATE QUESTIONS O F
LIFE. Stephen Hawking & Leonard Mlodinov, Bantam Press, 2010.
• BREVE HISTÓRIA DE QUASE TUDO, Bill Bryson, Bertrand Editora, Lda,
Lisboa, 2010.
• AOS OMBROS DE GIGANTES. Stephen Hawking, Texto Editores Lda.,
Alfragide, 2010.
• EPISÓDIOS “AHA”. INSPIRAÇÕES SÚBITAS E PALPITES FELIZES EM
CIÊNCIA (O CASO DE ALBERT EINSTEIN). Daniel Duarte de Carvalho,
Esfera do Caos Editores, Lisboa, 2011.
• NAS FRONTEIRAS DO UNIVERSO, Rita Rebelo de Andrade (Coord.),
Fundação Calouste Gulbenkian I Serviço de Ciência / Gradiva, Lisboa,
2011.
• VIDA: ORIGEM E EVOLUÇÃO. André Levy, Francisco Carrapiço, Helena
Abreu, Marco Pina (Dir. Cientª), Esfera do Caos Editores e Autores, Lisboa,
2011.
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CADERNOS NAVAIS
Volumes Publicados
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