Ensinodegeografiaeautismo (Revisado)
Ensinodegeografiaeautismo (Revisado)
Ensinodegeografiaeautismo (Revisado)
¹ Discente do curso de geografia da Faculdade de Geografia e Cartografia, UFPA. Bolsista do PIBID [email protected]
² Discente do curso de geografia da Faculdade de Geografia e Cartografia, UFPA. Bolsista do PIBID- [email protected]
³ O Programa Institucional de Bolsa de Incentivo à Docência – PIBID da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes) que tem como base legal a Lei nº 9.394/1996, a Lei nº 12.796/2013 e o Decreto nº 7.219/2010
“tem por finalidade fomentar a iniciação à docência, contribuindo para o aperfeiçoamento da formação de docentes em nível superior e para
a melhoria da qualidade da educação básica pública brasileira.”
* Escola núcleo de atuações de professores e estagiários oriundos da UFPA. A Escola Primária da Universidade foi criada, conforme
resolução nº 01/64 de 09 de março de 1964 e inaugurada pelo Magnífico Reitor Prof. Dr. José Rodrigues da Silveira Neto, com base na Lei
4.440/63. Essa mesma resolução aprovava o primeiro regimento dessa instituição e determinava em seu artigo primeiro a finalidade precípua
da escola: “oferecer gratuitamente o ensino primário aos filhos dos servidores de qualquer categoria da Universidade Federal do
Pará”.(projeto político pedagógico da escola de aplicação da UFPA, pág. 12)
ABSTRACT
AUTISMO
Quando se fala de autismo temos que considerar a complexidade que permeia esta
especificidade, pois este é considerado um transtorno do desenvolvimento, o mesmo
enquadra-se em diversas tipologias clínicas que abrangem em si diversos sintomas á avaliar.
Afetando diversas áreas do desenvolvimento biológico e social do ser, a síndrome vem sendo
delineada por diagnósticos de diversas origens, e conclui-se que são muitas as características
que um indivíduo autista pode ter. Estudiosos como Leo kanner (1943) e Hans Aspeger
(1944) iniciaram análises sobre o tema, suas pesquisas foram relevantes aos posteriores
estudos sobre o transtorno, são muitos os debates a respeito das teorias destes autores
BAPTISTA C. e col. (2002). Mas não nos prolongaremos a esta questão, tendo em vista
somente a importância de considerar as primeiras definições e debates sobre autismo feitas
por estes influentes autores.
As definições sobre a síndrome são multifatoriais e devem ser consideradas em virtude
de um contexto que abarque as características biológicas, sociais e emocionais do individuo
em questão, tendo em vista em que não há um padrão á ser seguido, várias áreas do
desenvolvimento humano podem ser afetadas pela síndrome e a intensidade dos déficits
podem se distinguir entre os indivíduos, dependendo do grau da doença e seus sintomas.
Categoricamente, a pessoa com autismo tem déficits relacionados á tríade comunicação-
socialização e imaginação, isto significa dizer que o desenvolvimento destas habilidades não
se dá de maneiras satisfatórias e o bem- estar destas pessoas é criticamente afetado, pois eles
irão influir diretamente no comportamento destas pessoas, desta maneira destacamos o
seguinte diagnóstico com vista a esclarecer sintomas mais comuns da síndrome:
Não está comprovada a origem do autismo, ele pode se desencadear por diversos fatores,
biológicos, genéticos e até sociais, sabe-se que é mais recorrente em meninos e que não existe
cura específica para a síndrome, mas há uma multiplicidade de tratamentos a ser utilizados na
amenização dos sintomas (MINISTÉRIO DA SÁUDE, 2000). Reconhecemos a complexidade
do autismo e depreendemos que são muitas as dificuldades que pessoas com autismo podem
enfrentar em sua vivencia, há problemas no desenvolvimento da linguagem, prejudicando a
comunicação, problemas no processo de interação social, sendo esta um transtorno que
provoca aversão nos mesmos, pois eles não compreendem regras e a organização de nossa
sociedade que pressupõem ordem, ás vezes há problemas no processo de aquisição de
informações referentes á realidade, em virtude de esta ser permeada por leis incompreensíveis
ao autista. Pode haver problemas no processo de abstração, alguns autistas só compreendem
as informações concretas, pois é comum buscarem relacionamentos com objetos,
corroborando as vezes em fixação pelos mesmos, sendo que estes tornam-se elementos
estruturadores de seu mundo, sendo dispostos em rotinas que pouco podem ser modificadas,
porque se forem causam frustração nos mesmos.
É um desafio para qualquer profissional, trabalhar com autismo, pois, não é fácil ter que
lidar com personalidades mais complexas do que as que se está acostumado, pois poucos são
os que se formam em virtude deste trabalho, mas ressaltamos que mesmo sem formação
própria da área, a intervenção é possível como bem relatado por BAPTISTA, C. e col. (2002)
pode-se considerar a intervenção por uma perspectiva de valorização das singularidades dos
sujeitos, e reflexões e ações em prol do desenvolvimento pleno do individuo autista.
Mas em meio ao um turbilhão de tarefas que são lançadas aos professores no processo de
educação escolar atual, e na maioria das vezes sem recursos, sem condições de trabalho e
salário dignos, como é que se faz da inclusão uma prática cotidiana? E como o professor de
geografia remete-a a esta questão se no seu processo de formação não lhe foram dadas as
bases para um trabalho com os ditos “diferentes”? Como é que poderá agir em meio ao
desconhecido?
Ao longo dos três anos de nossa pesquisa nas escolas, em nosso curso e nas unidades
escolares foi comum ouvirmos as indagações acima mencionadas por professores e diversos
profissionais da educação. É explicito o sentimento de receio quanto á prática inclusiva, é
comum um sentimento de aflição, as afirmações de que não há preparo suficiente tornam-se
uma armadura contra a possibilidade de inovações em suas práticas de ensino. Conforme
ressalta MANTOAN (2000) para se fazer inclusão é necessário a ressignificação das
estruturas e das atitudes, e isto provoca uma crise em todos os atores envolvidos:
* a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) - datada de dezembro de 1996 -, pretende-se estabelecer um modelo de
Educação Especial / Inclusiva, em que todos os educandos poderão usufruir de um processo de ensino e aprendizagem que atenda suas
necessidades educacionais. Assim, argumentos na lei que sustentam a hipótese são contemplados, tais como: infraestrutura e recursos
humanos adequados para necessidades educacionais especiais. (ALMEIDA D E SAMPAIO, 2009 grifos do autor)
(Figura 01)
(Figura 02)
No colóquio, abordamos temas já trabalhados por nós, como por exemplo, ensino de
geografia para cegos, surdos e autistas. O autismo foi trabalhado em suas especificidades, de
maneira que foram elencadas características do espectro autista, seus níveis, as singularidades,
e as maneiras de lidar com a síndrome, valorizando o as particularidades dos alunos e as
melhores maneiras de trabalhar o processo de ensino aprendizagem com tais. Num primeiro
momento percebemos certa recusa da professora sobre o tema, pois a mesma dissera que isto
não problema da mesma, mas sim dos especialistas da educação especial, mas após
discutirmos a importância da atuação do professor no desenvolvimento das potencialidades
dos alunos a mesma mudou sua opinião e passou a ser receptiva quanto nossa proposta, isto
favoreceu nosso diálogo com a mesma, ao qual se tornou engrandecedor. Dúvidas, mágoas,
experiências, e falta de habilidades foram compartilhadas, discutidas, e momentaneamente
solucionadas. Num primeiro momento podemos afirmar que nosso objetivo foi alcançado,
pois, a professora F, propôs mudar suas metodologias, e acrescentando recursos sugeridos
pelo grupo ao seu ensino. A mesma relatou o quanto foi gratificante conhecer a síndrome, e
conhecer seu aluno. Assim, a atividade encerrou numa perspectiva positiva, onde a professora
sentiu-se “amparada” pelo grupo, de maneira que ela pode contar com conosco no trabalho
com crianças especiais, na inclusão destes, assim todos os presentes puderam aprender com as
experiências uns dos outros, num relação de troca e respeito.
Resultados do colóquio: Dias após o colóquio, em sala de aula a professora Fmudou suas
metodologias, passando a incorporar em suas aulas recursos visuais, que facilitasse a
compreensão do conteúdo por parte da aluna autista, figuras em slides chamaram a atenção
dos alunos, pois a professora F não utilizava Datashow, quando este foi incorporado ao tema e
o diálogo entre os alunos e especificamente o aluno A fluiu. Isso é significativo, pois,
demonstra a receptividade da professora quanto nossas propostas, de forma que o processo de
ensino- aprendizagem nesta turma passa a ter um caráter mais dinâmico, que se volta a
especificidade do aluno, e acaba por alcançar os outros alunos, pois os mesmos também
acabaram por participar mais das aulas, o que denota o ponto positivo, onde houve uma
melhora no ensino da turma como um todo. As metodologias sugeridas a serem incorporadas
ao trabalho docente na escola de aplicação com alunos com necessidades educacionais são
elencadas a seguir.
São diversos os métodos de ensino para autistas, destacamos dois modelos interessantes
á análise geográfica, o TEACCH foi sugerido em virtude de ser comum em sala de aula certa
desorganização dos objetos, cadeiras e cartazes estão dispostos numa desordem intrigante ao
autista, pois os mesmos anseiam por organização, e PECS foi sugerido por ser salutar no
processo de aquisição de informações por parte do autista, tendo em vista que sua memória
necessita de elementos visuais, então tais como expostos no colóquio segue a descrição dos
modelos:
Além destes métodos de ensino sugerimos aos professores manterem o diálogo com os
pais de seus alunos, para compreender suas necessidades características, denotando a
importância da família. É importante que o método de ensino incorpore um diálogo direto
para com o aluno, e que seja acompanhado de palavras simples a se entender. Sempre que se
apresentar um conceito ou atividade ao aluno deve-se trabalhar com o concreto, usando
imagens que representem o que foi dito, o uso de jogos também são relevantes, se caso o
aluno gostar, maquetes e quebra cabeças com coisas preferidas também proporcionam bons
resultados. Na geografia pode-se fazer uso de todos estes elementos, tendo vista seus elos com
as representações espaciais por meio da cartografia, mapas, figuras, maquetes, já fazem parte
da aula geográfica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência relatada pelo grupo revela uma realidade muito comum nas escolas, a
falta de preparo pressupõem medo na atuação escolar inclusiva , mas é preciso considerar que
historicamente percebemos as transformações sociopolíticas quanto á identidade dos sujeitos
atípicos e sua inserção na sala de aula. As quais perpassam ainda entre dificuldades e
resistências tanto entre educadores quanto ao próprio projeto político pedagógico da escola. A
ideia de uma patologia ainda está presente no cotidiano do ensino-aprendizado desses, é visto
ainda como entrave principal causador do fracasso escolar desse educando no que diz respeito
a sua formação cidadã e a sua continuidade na escola. A inclusão discutida aqui neste relato
de experiência considera para além da acessibilidade desses na sala de aula, mas
principalmente sua permanência enquanto direito, um direito de estar aprendendo com
qualidade na escola. O autista é percebido como sujeito entre o conjunto de diversidade que se
apresenta na sala de aula, mas que deve ser alcançado e estimulado ao conhecimento, o qual
não se aplica somente a conteúdos do currículo, mais que perpassa por uma gama de fatores
desse cotidiano, e que devem ser trabalhos, a escola é um ambiente que deve e pode
desenvolver esta inclusão para além da defasagem do sistema escolar.
Destarte, neste debate concluímos que a relação educador - educando necessariamente
precisava ser alterada, a limitação maior que se percebe é a ausência de formação e
informação de que como alcançar o educando especial, principalmente quando esse não
expõem ou apresenta um reflexo negativo no comportamento da suas avaliações na disciplina.
A provocação e desafio maior seria então usada á alterar essa realidade, a partir da atividade
com a turma em sala e o diálogo de formação com a educadores na perspectiva do ensino de
geografia abrangendo um diálogo interdisciplinar com outras disciplinas a fim de promover
um alcance com os demais funcionários da escola, apreendeu-se realidades diferentes, na sala
de aula com os educandos, a participação se mostrou bem mais articulada tendo em vista o
objetivo de socialização entre estes e as particularidades do autismo e o entendimento de tais
singularidades, realizada de forma adaptada como um trabalho em gincana que estimulava o
desenvolvimento em grupo.
As dificuldades expostas demonstram e ressaltam a ausência e o descaso com a inclusão
quando esta vem como algo que tirar e inquieta a zona de conforto de muitos profissionais
que se amparam ainda na formação, na ausência de recursos, na ausência de apoio funcional e
estrutural da escola ou mesmo tratam essa ainda fundamentada na patologia. Apesar desses
encontramos mesmo que em poucas pessoas a chance de se desenvolver a discussão de forma
a impactar mesmo que pequena o cotidiano da sala de aula, e valeu em muito o retorno dessa
ação em aulas analisadas em observações posteriores, o significado das mudanças em
metodologias aplicadas pela educadora provocaram um melhor desenvolvimento dos
educandos desde o autista aos típicos, em geral as aulas passam a ter então um filtro que
percebe as particularidades de cada educando, não detendo-se na suas limitações sejam elas
baseadas no psicológico, biológico ou social, mas considerando as possibilidades que o
sujeito na sua singularidade vai alcançar, para além de avaliações que ressaltam a
homogeneidade entres estes, mas o inverso , ao comparar estes consigo mesmo, visando o seu
desenvolvimento individual. Assim fica em perspectivas a continuidade do estudo e pesquisa
no interior da escola, na formação do educador tendo como objetivo a construção do
conhecimento propagação e fomentação dos debates na geografia com relação à inclusão.
REFERENCIAS: