Guia Asma 2017

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TUDO O QUE

DEVE SABER
- sobre -
ASMA
Tudo o que deve
saber sobre ASMA
Dificuldade em respirar, intolerância ao esforço, cansaço, respiração acelera-
da e sibilância são alguns dos sintomas mais frequentemente reportados por
quem sofre de asma.

A doença respiratória inflamatória crónica está associada a reações alérgicas in-


duzidas por agentes como os ácaros, os pólenes ou fumo do tabaco, por exemplo,
e afeta pessoas de todas as idades e géneros.

Apesar de ser, atualmente, uma doença com um baixo impacto em termos de


mortalidade, a asma ainda é causa de perda de qualidade de vida, de uma ele-
vada taxa de internamentos, de um elevado consumo de recursos de saúde e
de absentismo laboral e escolar.

Neste Guia pode encontrar algumas informações


essenciais sobre a doença, nomeadamente sobre
os sintomas, o diagnóstico e o tratamento.

Pode ainda encontrar informação sobre a asma na


| Dr.ª Joana Branco criança, no idoso e na grávida e sobre a relação entre
a asma e a rinite, duas patologias de natureza alérgica
que, muitas vezes, coexistem no mesmo doente.

Colaboraram para esta publicação a Dr.ª Joana


Branco, interna de Pneumologia do Hospital Beatriz
Ângelo, e a Dr.ª Nídia Caires, interna de Pneumologia
do Hospital de Santa Marta.
| Dr.ª Nídia Caires

Para mais informações ou para o esclarecimento de dúvidas sobre a asma procure informação em
www.sppneumologia.pt ou consulte o seu médico.
3
O que é a asma?

A asma é uma doença obstrutiva


das vias aéreas que tem por Utilizado pela prim
base um processo inflamatório eira vez
por Hipócrates no
crónico, que condiciona a seu livro
“Corpus Hippocrat
contração dos músculos ium”, o
termo “asma” de
riva do Grego
brônquicos (ou broncoconstrição) ἅσθμα ou ásthm
, que significa
e consequente limitação do fluxo “dificuldade em re
de ar que respiramos, e que é spirar”
potencialmente reversível.

A sua causa não é completamente conhecida. NÚMEROS:


Sabe-se, no entanto, que o que está na sua base
são mecanismos de hiperreatividade exagerada
que alguns indivíduos apresentam quando são De acordo com informação da Organização
expostos a estímulos que em indivíduos saudá- Mundial de Saúde, a asma é uma das doen-
veis são inócuos. ças crónicas mais comuns a nível mundial
e a mais comum na idade pediátrica.
Estima-se que:

Algumas causas da asma: 235 milhões de pessoas


sofrem atualmente da doença
• Alergénios ambientais e
ocupacionais EM PORTUGAL:
• Animais 11,0% de prevalência no grupo
• Tabaco etário dos 6 aos 7 anos
• Prática de exercício físico 12,0% entre os 13 e os 14 anos
• Emoções fortes ou condições 5,2% dos 20 aos 44 anos
meteorológicas + de 600 mil portugueses
sofrem de asma

A SABER:
• As queixas variam de doente para doente e agravam-se, muitas vezes, à noite e
nas primeiras horas da manhã.
• Podem variar também ao longo do ano, habitualmente com sintomas apenas
nas mudanças de estação.
• A asma representa um grande encargo para os sistemas de saúde mundiais
dada a sua elevada morbilidade.

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Quais os sintomas da asma?

Um doente com asma refere Sintomas de casos moderados


tipicamente sintomas tais como a graves de asma
dispneia (que é definida como
sensação de “falta de ar”),
pieira (descrita muitas vezes • Polipneia (aumento dos ciclos respiratórios por
minuto ou “respirar rápido”)
como “gatinhos”), opressão • Dificuldade em terminar frases
torácica (ou sensação de • Dessaturação periférica (diminuição dos níveis
peso no peito) e tosse, mais de oxigénio no sangue da circulação periférica)
frequentemente seca. • Cianose (coloração azulada principalmente a
nível da língua, lábios e mucosas)
• Taquicardia (aumento da frequência cardíaca)
• Tiragem ou adejo nasal (sinais de dificuldade
CRISE DE ASMA: respiratória extrema em que o corpo recorre ao
ave, que uso dos músculos acessórios da respiração)
É o quadro mais gr víduo • Sibilos à auscultação pulmonar (que traduzem
di
surge quando o in a constrição brônquica)
sto ao estímulo
está expo • Sonolência excessiva, fadiga diurna, níveis de
esso
causador do proc de concentração reduzidos e, por todos estes moti-
ór io, que po
inflamat vos, diminuição do rendimento escolar ou da ati-
ser um ou m ais
vidade laboral

Como é feito o diagnóstico da asma?

O diagnóstico é sugerido pelos sinais e sinto-


mas característicos, principalmente se estive- Outras opções de diagnóstico:
rem enquadrados num determinado contexto,
isto é, se a eles conseguirmos associar a pre-
sença de estímulos como alergénios ambien-
tais, ocupacionais ou animais, tabaco, a prática Realizar uma prova de provocação é outra das op-
de exercício físico, emoções fortes ou mudan- ções de diagnóstico. Esta prova faz-se com meta-
ças de estação ou a melhoria perante a ausên- colina, uma substância que não produz qualquer
cia de tais estímulos.
efeito num indivíduo saudável, mas atua como
estímulo que origina obstrução dos brônquios
num indivíduo asmático.
A importância da ESPIROMETRIA:
A espirometria é o exame recomendado para Da avaliação inicial de um doente em que existe
o diagnóstico da asma, uma vez que permite suspeita de asma, costumam fazer também par-
confirmar a existência, ou não, de obstrução te testes de sensibilidade cutânea, para deteção
ao fluxo de ar, e a sua reversibilidade. de potenciais alergias.
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Em que consiste o tratamento da asma?

A abordagem farmacológica da asma assenta A asma não tem cura. Contudo,


em dois grandes pilares: o tratamento agudo é possível atingir um controlo
e o tratamento de controlo.
adequado da doença, por forma
a melhorar a qualidade de vida.

TRATAMENTO AGUDO
Do tratamento agudo fazem parte medi-
camentos de alívio, dos quais se destacam
os broncodilatadores de ação rápida e os
corticoides sistémicos, estes últimos nas
exacerbações moderadas a graves.

TRATAMENTO DE CONTROLO

O tratamento de controlo a longo prazo O advento da Imunoterapia


tem como objetivos atingir a estabilidade
da inflamação e dos sintomas, diminuir o
grau de limitação do fluxo aéreo e mini-
mizar o risco de exacerbações. É importante evitar os estímulos associados
à origem da inflamação. Cabe ao médico e ao
Soluções: doente delinearem a melhor estratégia para
atingir esta evicção.
• Corticoides inalados
• Broncodilatadores de longa ação Uma possibilidade é utilizando a imunoterapia,
• Antagonistas dos recetores dos que consiste na tentativa de dessensibilização
leucotrienos de um doente a um determinado alergénio e se
• Corticoides sistémicos apresenta hoje como a única forma de alterar o
curso natural da doença.

IMPORTANTE

Uma particularidade do tratamento da asma é que este funciona por degraus.

Isto significa que através da avaliação regular do doente asmático podemos reduzir a dose
ou o número de medicamentos caso a doença esteja bem controlada, ou, por outro lado,
aumentar a dose ou associar outros medicamentos caso o doente mantenha sintomas.

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A Asma e a Rinite

A rinite alérgica caracteriza-se fun-


uma das
A rinite alérgica é damentalmente por rinorreia (“cor-
freq uentes
doenças mais rimento nasal”), obstrução nasal e
, com uma
a nível mundial entre prurido nasal (“comichão” no nariz).
ada
incidência estim
25 a 30%
O tratamento
À semelhança do que acontece na asma, é de-
sencadeada por estímulos que podem ser am- O tratamento da rinite alérgica baseia-se no
bientais, ocupacionais, e animais, entre outros.
controlo sintomático, com destaque para:
É uma doença que também pode apresentar
sazonalidade. A rinite alérgica tem como me- • O uso de corticoides nasais e anti-histamínicos
canismos base alguns dos processos que es- • Evicção dos estímulos identificados como des-
tão na origem da asma e de outras doenças poletadores de sintomas, tal como na asma
alérgicas como a conjuntivite, o que justifica, • A imunoterapia, com um papel de extrema
pelo menos em parte, a sua estreita relação. importância

A SABER:
• A grande maioria dos doentes asmáticos (quase 80%) tem também rinite alérgica.
• O contrário já é menos frequente: pensa-se que entre 20 a 50% dos doentes com rinite
alérgica têm asma.
• Dada a elevada ocorrência das duas doenças em simultâneo, é muito importante ex-
cluirmos uma quando na suspeita ou na confirmação da outra, porque são entidades que
se agravam mutuamente e cuja abordagem completa é essencial para se atingir um
controlo mais eficaz.

A Asma e o Desporto

cício
A prática de exer que Os doentes com asma podem e
sde
físico é segura, de mas devem ser encorajados a praticar
gu idas algu
sejam se desporto, seja na forma de aulas
da ções so bre a
recomen de educação física, desportos de
eixas
prevenção das qu lazer ou de alta competição.
7
Por isso, ACONSELHA-SE: Cuidados a ter:

• O seguimento médico adequado e man-


ter a asma controlada com medicação re- Num número significativo de asmáticos (40-
gular (como a corticoterapia inalada) 90%) o exercício físico pode ser um fator de-
sencadeante de sintomas de asma (sensação de
• Medidas farmacológicas adicionais (pré- falta de ar, pieira, tosse ou sensação de opressão
-medicação, como broncodilatadores de torácica).
curta duração de ação e antagonistas dos
recetores dos leucotrienos) Geralmente, os sintomas surgem no final da
prática e estão relacionados com o tipo e fre-
• Medidas não farmacológicas (exercícios quência de exercício realizado.
de aquecimento pré-exercício e alonga-
mentos pós-exercício físico, respiração As queixas são mais prováveis quando os treinos
nasal, utilização de máscaras, evicção dos são de longa distância, contínuos ou ao ar-livre
fatores irritantes) principalmente com exposição a ambiente frio e
seco (atletismo, ciclismo, desportos de Inverno).

A Asma e a Gravidez

As exacerbações e o mau controlo da asma du-


ma geralmente rante a gravidez podem ser devidos a fatores me-
O controlo da as e a gravidez cânicos ou hormonais, ou à cessação ou redução
altera-se durant o das grávidas da medicação habitualmente administrada devi-
terç
onde cerca de um to dos sintomas, do a receios da grávida ou do médico assistente.
sofre agravamen ria dos sintomas
elho
um terço tem m m a asma estável.
o m anté Aumento das exacerbações e uma doença
e um terç es
er form a, as exacerbaçõ , mal controlada levam a:
De qualqu idez
s durante a grav
são mais comun no 2º trimestre • Maiores riscos para o bebé (parto pré-
principalmente -termo, baixo peso ao nascer ou mortalida-
de peri-natal)
• Maiores riscos para a mãe (pré-eclâmpsia)

IMPORTANTE
• Apesar da preocupação com a medicação para a asma durante a gravidez, os riscos para a
saúde da mãe e do feto da presença de asma não controlada são muito maiores do que os
potenciais efeitos adversos da medicação usada para tratar e controlar a doença.

• A abstinência tabágica durante toda a gravidez é fortemente recomendada, tendo em con-


ta que predispõe ao aparecimento de asma na criança.

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A asma no idoso

A asma no idoso é geralmente subva- relacionadas com a asma (rinite, refluxo gas-
tro-esofágico, DPOC, apneia do sono), quer car-
lorizada e subdiagnosticada, podendo
diovasculares (insuficiência cardíaca, arritmia,
constituir um verdadeiro desafio, isquémia do miocárdio).
tendo em conta as modificações das
características clínicas e funcionais A estratégia terapêutica da asma no idoso
neste grupo de doentes. é semelhante à dos doentes mais jovens:
• Especial atenção às interações medica-
• É muitas vezes interpretada como cansaço e
mentosas em doentes frequentemente
“própria da idade”, com justificação no sedenta-
polimedicados
rismo ou noutras patologias.
• Prevenção dos efeitos adversos associa-
• É frequentemente mais grave. dos à terapêutica da asma, como cataratas,
arritmias, osteoporose ou retenção urinária
• De difícil controlo sintomático. • A escolha de dispositivos inalatórios
mais simples e ajustados à destreza ma-
• Associada a várias comorbilidades: presença nual é essencial na adesão ao tratamento
de duas ou mais doenças concomitantes, quer e controlo da doença

A asma na criança

A asma é a doença crónica mais


prevalente na idade pediátrica e tem Dificuldades da asma
início habitualmente antes dos 5 anos em idade pediátrica
de idade. É, no entanto, difícil o seu
diagnóstico até à idade pré-escolar.
• Os sintomas são variáveis e inespecíficos,
A escolha do dispositivo é fundamental no como por exemplo pieira e tosse, podendo ocor-
tratamento da asma nesta faixa etária: rer durante infeções respiratórias virais
• Os exames funcionais respiratórios utilizados
• Para crianças entre os 0 e os 3 anos estão para complementar o diagnóstico de asma não
indicados os inaladores pressurizados de são geralmente reprodutíveis nesta faixa etária
dose calibrada associados a câmara expan- • O diagnóstico é mais provável quando os sin-
sora com máscara facial tomas respiratórios ocorrem: durante a prática
• Entre os 4 e os 5 anos os inaladores com de exercício físico, riso ou choro (na ausência
peça bucal de infeção respiratória); na presença de doença
• Nas crianças com idade superior a cinco alérgica concomitante (rinite alérgica ou eczema
anos, a abordagem diagnóstica e terapêutica atópico); quando, pelo menos, um dos progeni-
é praticamente sobreponível à dos adultos tores tem asma; ou quando existe melhoria dos
sintomas com a terapêutica instituída
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BIBLIOGRAFIA:

http://www.medicalnewstoday.com/info/asthma/asthma-history.php
Palange, P. et al, ERS Handbook of Respiratory Medicine
http://www.who.int/topics/asthma/en/
http://www.who.int/respiratory/other/Rhinitis_sinusitis/en/
Wheatley, L. et al, Allergic Rhinitis, The New England Journal of Medicine, 372;5, January 2015
GINA (Global Initiative for Asthma), updated 2017
Salvatore Battaglia, et al, Asthma in the elderly: a different disease? Breathe, March 2016, Volume 12, No 1
https://www.asthma.org.uk/advice/living-with-asthma/exercise-and-activities/
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Edição: Produção:

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