Apostila Psicologia Do Trabalho PDF
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PSICOLOGIA DO TRABALHO
1
Sumário
INTRODUÇÃO 4
CAP.1: O indivíduo e a Organização do Trabalho ....................................................6
Adaptação do homem ao trabalho ..............................................................................7
Cronobiologia ............................................................................................10
CAP.2: Aspectos psicológicos do ambiente de trabalho ............................................12
Motivação Humana ..................................................................................................12
Fadiga e Monotonia .................................................................................................14
CAP.3: Qualidade de vida no Trabalho ...................................................17
Principais conceitos ....................................................................................................17
Estilo de vida e Estresse .............................................................................................19
Doenças Psicossomáticas ..........................................................................................21
CAP.4: Comportamento Emocional no Trabalho .....................................................24
As emoções ...............................................................................................................24
Ansiedade e Sofrimento Psíquico ................................................................................27
Medo e ideologia defensiva .........................................................................................32
Assédio Moral e suas consequências ...........................................................................33
CAP.5: Psicopatologias do Trabalho .........................................................37
Doenças Mentais .......................................................................................................37
Transtornos afetivos mais comuns relacionados ao Trabalho ..................................38
2
Treinamento e manutenção do comportamento seguro ...........................................49
CONCLUSÕES .............................................................................................................51
REFERÊNCIAS ............................................................................................................52
ANEXOS ........................................................................................................................54
3
INTRODUÇÃO
4
de seleção, problemas de ajustamento do trabalhador ao cargo. Para esse autor o
estudo da Psicologia do Trabalho não compreende o entendimento de outras
questões que não sejam relacionadas ao trabalhador.
No entanto, novos estudos ampliaram a área de investigação existente e passou a
haver um maior interesse pela vida laboral de uma pessoa, procurando entender
mais complexamente como as pessoas podem se relacionar de uma maneira mais
eficiente, tanto para benefícios profissionais, como para o benefício próprio. Temas
como a saúde do trabalhador e Ergonomia foram mais amplamente discutidos,
fazendo hoje a Psicologia do Trabalho como a entendemos.
Podemos dizer que a Psicologia do trabalho é a área da Psicologia que busca
diversas respostas para algumas das questões abaixo:
a) Como o homem se adapta ao ambiente de trabalho?
b) Quais são as maiores pressões que a vida laboral exerce sobre o indivíduo?
c) Como o ambiente de trabalho pode ser nocivo ao indivíduo?
d) Como o ambiente de trabalho pode beneficiar o indivíduo?
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CAPÍTULO I:
O INDIVÍDUO E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
A vida profissional exige, cada vez mais, que o trabalhador se empenhe no exercício
da sua profissão. Assim, mesmo para exercer um cargo que exige baixo nível
intelectual, as empresas e indústrias preferem selecionar profissionais que dominem a
função a que se candidatam, também desejando do futuro empregado que seja
comprometido com os objetivos do empregador, que tenha várias habilidades, que seja
ágil e tenha sempre vontade de aprender mais.
O trabalhador deve, também, sempre se empenhar para executar mais do que lhe é
pedido, portanto, o trabalhador é muito pressionado para conseguir atingir todos os
ideais de quem lhe contrata. Essa situação é por vezes assustadora, pois a motivação
humana não depende apenas de interesse pessoal, ela depende de outros fatores, como
por exemplo, recompensas, ambiente externo favorável, ausência de distúrbios
psicológicos, etc.
Segundo Dejours (2000), a organização do trabalho não cria doenças específicas,
estas dependem da estrutura de personalidade de cada pessoa. Sendo assim, um
trabalhor pode sofrer de depressão e estresse no emprego, mas isto só irá se tornar um
grave problema se houver uma predisposição anterior deste empregado desenvolver
estes distúrbios. O trabalho e a pressão que se impõe a um trabalhador pode ser a gota
d’água para um transtorno ou um surto, mas não pode ser os únicos responsáveis por
adoecer alguém.
Logicamente, um problema anterior pode ser agravado se o trabalhador não consegue
lidar com todas as pressões que o ambiente de trabalho lhe oferece, e estas não são
poucas. Um dos fatores seria a própria dificuldade de relacionar-se em grupo, com
outras pessoas.
De acordo com Moscovici (2000), a relação positiva estabelecida entre as pessoas é
denominada competência interpessoal, definida como “habilidade de lidar eficazmente
com as relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma adequada às
necessidades de cada uma e às exigências da situação” (Moscovici, 2000, p.27).
Foram listados os seguintes fatores causadores de problemas ao encarar a rotina
laboral. Entre eles constam:
6
época em que surgem as primeiras relações de trabalho e isto se dá com a
industrialização das sociedades e com o crescimento do sistema capitalista.
7
de acúmulo de riquezas. Na verdade, o trabalho era mais uma das tarefas diárias
realizadas por homens e mulheres. Se havia algum tipo de divisão de trabalho o critério
único era sexual.
Sendo assim, havia atividades masculinas e atividades desempenhadas apenas
pelas mulheres. A valorização da terra como cultura e como provedora de todos os bens
era típico das sociedades tribais, as pessoas viviam apenas com a terra. Por muitos
historiadores e sociólogos o termo primitivo foi rebatido, uma vez que, uma sociedade
que possui claros valores culturais e valoriza a terra como a única fonte de sua
subsistência não deve ser considerada primitiva.
Não se pode também qualificar todas as tribos como iguais em termos de seus
trabalhos e rituais, isto depende de outros fatores, todas as tribos tem rituais específicos
e que revelam sua riqueza.
Outro fato interessante das sociedades tribais é a sua relação com o tempo. Para
os homens “primitivos”, o tempo era algo a ser preservado e dividido entre as
atividades de caça, pesca, rituais, danças e lazer. (Barbosa, s/a. p.39) Não existia a
noção de divisão de tempo entre lazer X trabalho, pois, como já foi dito, o trabalho era
apenas mais uma atividade que gerava subsistência.
O TRABALHO NAS SOCIEDADES ESCRAVOCRATAS
Muito sustentada pela pirataria e pelas guerras, a sociedade escravista nasceu da
necessidade de exclusão entre os seres humanos (Barbosa, s/a. p.41). Era necessário que
se identificasse peculiaridades entre as pessoas com a finalidade de definir suas funções.
Sabe-se que na Grécia Antiga, o ócio era preservado como alto valor cultural,
desse modo, era deixado aos escravos o trabalho árduo e as atividades manuais e
práticas para aqueles “homens de pouco valor”. A cor da pele nessa sociedade fazia a
diferença e serviu para designar relações de poder e obediência. (Barbosa, s/a. p.41)
Existiam, assim, homens para mandar e homens feitos, pela natureza, para obedecer. O
desenvolvimento cultural era visto apenas como resultante do ócio e da exaltação das
disciplinas como Filosofia.
O TRABALHO NAS SOCIEDADES FEUDAIS
Nestas sociedades da chamada “Idade das Trevas”, o trabalho era visto como
uma relação de poder entre os senhorios (donos das terras) e os vassalos (aqueles que
detinham os instrumentos para trabalhar com a terra).
Estamos falando de uma sociedade organizada em feudos, o contexto social era
o grande esvaziamento das cidades, um retrocesso demográfico, e a ruralização
predominava. Assim as sociedades feudais eram organizadas, em tornos de feudos e a
situação da organização do trabalho se dava entre senhor-plebeu.
O clero também tinha importante papel neste momento, influenciando o estilo
de vida e todas as relações mantidas entre os indivíduos. O trabalho, por assim dizer, era
considerado, não mais escravo, mas, sobretudo, uma relação de servidão.
Eram comuns nas sociedades feudais as chamadas escolas de ofício, destinadas
à aprendizagem de uma determinada atividade para aqueles que tivessem condições. O
trabalho vira ofício a ser ensinado, como por exemplo, o ofício de navegador.
8
O TRABALHO NAS PRIMEIRAS SOCIEDADES CAPITALISTAS
O grande avanço causado pelo reabastecimento do comércio, com as guerras
civis e com o advento do Iluminismo, a centralização política e administrativa por meio
dos Estados Nacionais fez surgir uma nova sociedade baseada na organização e nas
divisões entre as classes. Nesta época, o homem vinha observando um grande avanço
tecnológico que modificou as relações entre as pessoas e com o trabalho.
A energia elétrica fazia com que as pessoas passassem mais tempo livre às ruas,
o comércio crescia fazia seu papel em criar os primeiros objetos de desejo, as
mercadorias eram vistas como necessárias para a sobrevivência (Solomon, 2008).
É a época dos primeiros automóveis que aumentaram a mobilidade das pessoas
e, com isto, elevou a capacidade comercial e industrial da sociedade. As primeiras
indústrias surgem e os primeiros empregados são aqueles que necessitam se adaptar às
tecnologias que surgem para tornar a vida menos primitiva. O filme “Tempos
Modernos” (1936) estrelado por Charlie Chaplin mostra o interessante mundo das
sociedades recém industrializadas e a crescente automação do homem diante da
imponência do maquinário. Este é o primeiro capitalismo de que se tem notícia.
Sabe-se que as condições de trabalho dos primeiros operários eram péssimas na
metade do século XIX. Longas jornadas de trabalho, salários baixos, trabalho infantil e
tantos outros problemas fizeram surgir o movimento sindicalista, o qual segundo
Barbosa, foram “nascidos das caixas de solidariedade criadas pelos trabalhadores para
socorrer emergências como enterros, amparo a órfãos, socorro à enfermos”.
AS SOCIEDADES CAPITALISTAS ATUAIS
De acordo com os teóricos da Administração Contemporânea, vivemos uma
crise no sistema de acumulação de capital, isto quer dizer que evoluímos tanto e a
passos tão largos em relação ao acúmulo de riquezas (tão diferentemente das sociedades
tribais) que chegamos a um ponto de colisão.
As crises econômicas que atingiram os Estados Unidos da América (país
símbolo do capitalismo) em 1929 se repetem e com maior força, desde os primeiros
anos do século XXI.
Diante do que percebemos da atualidade, é justamente o capitalismo e o excesso
de riqueza acumulada por uns e a falta do essencial para uma grande parcela da
sociedade que vem gerando os problemas aos quais assistimos. Crises imobiliárias,
crises econômicas e crescente alta na inflação geram mais situações como mendicância
e miserabilidade.
Sobre as primeiras crises financeiras que marcaram o fim do século XX,
podemos citar o filme “Roger and me” (1989), documentário de Michael Moore que
retrata a crise que assolava a cidade do cineasta com o fechamento da GM , responsável
pelo salário de boa parte dos habitantes da pequena Flint, nos Estados Unidos.
Tendo em vista a exploração da mão-de-obra, os escândalos que a mídia acaba
mostrando em relação à mão-de-obra escrava na atualidade, podemos pensar o que
podemos fazer diante de tal crise? O problema é o sistema de acúmulo de riquezas?
Seria o capitalismo, como muitos estudiosos dizem, o veneno do capitalismo?
9
Resta uma pergunta: como o homem, o trabalhador, o subordinado (Soto, 2008),
o colaborador, enfim, como as pessoas, que já foram operários e hoje possuem
diferentes denominações vem sobrevivido a tantas mudanças em torno da atividade que,
se serve para dotá-lo de uma identidade e de valores, pode servir, também, para
desestruturar suas forças que poderiam ser empregadas em outras atividades.
A noção de tempo evoluiu de acordo com a forma pela qual a sociedade acumula
suas riquezas, o que consideramos valores nas empresas e indústrias vem se
modificando e hoje podemos pensar, será que a lógica do “Time is Money” faz sentido
atualmente? Será que o “tempo é dinheiro” é a única definição que temos para o que
poderia ser tempo, realmente, livre?
Cronobiologia
10
O sono é um dos sincronizadores mais potentes do organismo, ele regula todas
as outras atividades que alguém realiza durante um dia. As horas que passamos
dormindo regularizam e ajustam “os ponteiros” do nosso sistema, fazendo como que
nos sintamos dispostos ou indispostos ao longo do dia. Assim, algumas pessoas podem
facilmente ser consideradas:
Pessoas matutinas: acordam e dormem cedo
Pessoas vespertinas: preferem dormir por volta das três da manhã, acordando ao meio-
dia.
A luminosidade é considerada um potente regularizador do organismo. Exemplo
disso são as pessoas que se sentem mais deprimidas ou mesmo tristes durante um
inverno rigoroso. Sem a luminosidade do dia, o organismo começa a produzir, à noite, o
hormônio do sono, chamado de melatonina. A melatonina é o regulador que nos faz
dormir ou não ter sono, sua produção está associada à falta de luz do dia, pois a luz
artificial não é tão forte, não interferindo na sua produção.
Dito isto, para quem trabalha pela manhã, às 07 horas, é provável que seu
organismo tenha começado a produzir o hormônio quando a pessoa começou a dormir, é
durante o sono que ele é produzido, sendo interrompido quando o dia começa e as
atividades começam a aparecer.
Um pouco antes de um trabalhador acordar seu organismo começa a produzir
um hormônio essencial para prepara-lo para o trabalho: o cortisol. Também associado
ao estresse, esse hormônio é a preparação ideal para alguém que precisa realizar várias
funções logo cedo, como preparar café da manhã, comer, sair, levar filhos para escola e
realizar funções laborais. Como o organismo se prepara melhor se tiver produzido
cortisol, é provável que as pessoas se sintam mais dispostas durante ao dia. Por esse
fator, é mais fácil que uma pessoa se canse menos se fizer exercícios pela manhã, logo
após ao acordar do que à noite, quando o organismo já começa a se preparar para
relaxar e permitir a chegada do sono.
Saber sobre o ciclo cicardiano das pessoas é essencial para que os trabalhadores
sejam entendidos, a motivação e a disposição são muito associadas ao ritmo biológico
que cada pessoa possui. Sendo assim, uma pessoa que trabalha com segurança do
trabalho deve entender que as pessoas possuem níveis de disposição diferentes e isso
nem sempre depende de seu “comprometimento” com a empresa, isto depende de
fatores biológicos, mesmo que fatores externos sejam importantes sincronizadores,
como vimos.
11
CAPÍTULO II
ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO AMBIENTE DE TRABALHO
A MOTIVAÇÃO HUMANA
Por muito tempo se estudou Motivação através do conceito de atenção. Ou seja, as
pesssoas teriam diferentes limiares perceptivos. Assim, as pessoas teriam diferentes
focos pelos quais percebem o mundo. Isto pode influenciar a sua motivação para
estudar, para trabalhar e para viver, em geral.
As maiores dificuldades que as pessoas encontram sobre o tema da Motivação e
sua aplicação à Psicologia do Trabalho diz respeito aos seguintes temas-chave:
a. Dificuldade em perceber o que motiva diferentes pessoas;
b. Como manter a motivação de alguém?
c. Como transformar motivação em desempenho?
d. Como domar as incertezas?
12
Para responder a estas perguntas, os estudiosos da Psicologia desenvolveram
algumas teorias, uma delas é a Teoria da Motivação de Maslow, citada pela maioria
dos autores expressivos na área de marketing . O conhecimento desta teoria é necessária
ao profissional de Administração e também para o profissional da Psicologia do
Trabalho, pois está centrada nos fatores psicológicos determinantes do comportamento
humano e, portanto, do comportamento do trabalhador.
Maslow diz que é impossível a uma pessoa faminta pensar em liberdade, amor,
sentimentos humanitários e respeito, pois tais conceitos e sentimentos “não enchem o
estômago”.
As necessidades de segurança surgem na medida em que as necessidades
fisiológicas estejam razoavelmente satisfeitas. Levam a pessoa a proteger-se de
qualquer perigo, seja ele real ou imaginário. Assim, como na necessidade fisiológica, o
organismo pode ser fortemente dominado por tal necessidade, que passa a dirigir e a
determinar a direção do comportamento.
13
Satisfeitas as necessidades acima, surgem as necessidades de amor, afeição e
participação. Segundo Maslow esta se refere à necessidade de afeto das pessoas que
consideramos (namorado, filhos, amigos). São necessidades sociais presentes em todo
ser humano. Para o autor, a frustração dessas necessidades leva à falta de adaptação e a
psicopatologias graves.
As necessidades de estima se referem às necessidades ou desejos das pessoas
de uma autoavaliação estável, bem como, uma autoestima firme. A satisfação desta
necessidade gera sentimentos de autoconfiança, de valor, de capacidade e sentimento de
utilidade. Sua frustração leva a sentimentos de inferioridade, fraqueza e desamparo.
As necessidades de auto-realização são necessidades de crescimento e revelam
uma tendência de todo ser humano em realizar plenamente o seu potencial. O
aparecimento desta necessidade supõe que as anteriores estejam satisfeitas.
No ambiente de trabalho, sabemos que a motivação e a satisfação dessas
necessidades estão submetidas a diversos fatores que podem ser internos como externos
ao trabalhador, como, por exemplo:
a. Objetivos perseguidos (internos)
b. Estrutura da organização (externo)
c. Características pessoais (internos)
d. Estímulos do ambiente (externos)
e. Características do grupo de trabalho (externo)
Fadiga e Monotonia
O resultado do choque entre os desejos do trabalhador e a organização do
trabalho causa uma vivência de insatisfação principalmente sobre o que se está
realizando, sobre a tarefa que está sendo feita, a pessoa insatisfeita não acha o menor
sentido em estar fazendo determinada tarefa, a consequência direta disto é a fadiga.
A fadiga é considerada psíquica e somática. Psíquica porque não
necessariamente a pessoa está com o corpo exausto, cansado, mas sente-se como se
estivesse, então existe uma vivência subjetiva da fadiga. A fadiga também é
somática porque tem sua origem no corpo, é o corpo que sofre. Dejours (2000)
acredita que a fadiga não provém somente da sobrecarga de trabalho ou de um órgão
do corpo, como as mãos de um artesão ou de um trabalhador de uma usina, isso quer
dizer que uma pessoa pode se sentir cansada de...não fazer nada!
Isso parece estranho? Não se pensarmos que a maioria das pessoas não gostaria
de simplesmente viver em estado de repouso eterno, não fazendo nada. A maioria
das pessoas que entram em greve, em uma indústria, por exemplo, reivindicam
melhores condições de trabalho, mas também buscam sentir algum prazer na forma
de trabalhar.
Dito isto, podemos afirmar com clareza que a maioria das pessoas prefere
dedicar suas energias a um trabalho em que se sinta livre para criar e no qual
acredite a receberem uma licença eterna para...não fazerem nada!
Sabemos que a fadiga, o cansaço e monotonia são queixas frequentes nos relatórios
de satisfação dos trabalhadores em uma organização. Além das reclamações frequentes
sobre salários e condições de trabalho, muitas pessoas relatam se sentirem cansadas,
esgotadas e até mesmo incapacitadas de realizarem trabalhos devido ao alto grau de
14
monotonia das tarefas realizadas. Dejours, em seu livro “A loucura do trabalho” cita um
caso interessante sobre secretárias:
A situação relatada foi a seguinte: uma determinada empresa, passando por uma
mudança estrutural, ofereceu uma fase de repouso forçado a uma seção inteira de
trabalho. Continua Dejours,
Entretanto, as secretárias estavam submetidas à disciplina dos horários
e ao controle de uma chefia. Durante alguns meses quase nenhum
trabalho lhes foi dado. Ao mesmo tempo, foi-lhes proibido terem
atividades não profissionais (proibição de tricotar, fazer palavras-
cruzadas, etc). O efeito principal resultante dessa “organização de
trabalho” foi o aparecimento de uma fadiga considerável que levou a
... licenças de trabalho! (Dejours, 2000, p.131).
Infelizmente sabemos que muitos elementos que causam fadiga são próprios de
alguns cargos, fazem parte do perfil de uma determinada tarefa. Por exemplo, o cargo
de alguém cuja função seja pagar contas, carimbar documentos, grampear papeis, tirar
fotocópias ou recolher lixo nas casas.
Esse tipo de atividade é facilmente considerada cansativa e por conta disto, a
satisfação e a motivação do trabalhador são prejudicadas. Alguns dos motivos que
levam ao cansaço e à desmotivação podem ser evitados com algumas medidas eficazes,
como, por exemplo, uma análise ergonômica1. Dejours diz que, muitas vezes, a fadiga e
a monotonia estão relacionadas a problemas no ambiente físico do trabalhador que
podem ser resolvidos a partir de medidas simples. A primeira delas seria uma análise
do cargo ou do posto que consistiria em observar o trabalhador no seu posto de
trabalho e detectar as falhas ou dificuldades que ele enfrenta para realizar suas
atividades (observação direta do trabalhador).
O objetivo dessa análise seria observar e registrar os problemas do ambiente
externo, medindo variáveis importantes, como:
a. Barulho;
b. Iluminação;
c. Vibração;
d. Poeiras;
e. Temperatura;
f. Umidade;
Depois que é feita essa análise é possível identificar o que poderia estar causando
fadiga ou monotonia no trabalhador, mas também se deve entender se não seria da
natureza do cargo ser “monótono”.
Tendo realizada toda esta análise, a organização pode fazer mudanças para que os
problemas de cansaço que forem relatados sejam diminuídos ou resolvidos. Para os
trabalhadores é fundamental que exista um ambiente de trabalho adequado, mas nem
sempre o que é considerado “tranquilo” para algúem é normalmente compreendido
como tranquilo para outra pessoa.
1
O tema da Ergonomia será detalhadamente estudado no capítulo 3 desta apostila.
15
Além do comportamento do trabalho, é preciso entender algo chamado vivência
subjetiva, ou seja, como o trabalhador se sente no ambiente de trabalho, o que pode ser
surpreendente.
Dejours cita um caso curioso: Diminuir o barulho que existe numa oficina pode
causar queixas nos funcionários! Por exemplo, após o “barulho” ser resolvido, alguns
funcionários da oficina podem se sentir mais cansaços ainda e podem dizer que isso se
deve à falta de barulho (Dejours, 2000, p.54)!
Isso é possível! Os funcionários podem alegar que um pouco de barulho é
necessário para que consigam ficar atentos a uma determinada tarefa que deve ser
realizada. Nesse caso, as medidas ergonômicas esqueceram da vivência subjetiva.
16
CAPÍTULO III
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
Principais conceitos
Higiene do Trabalho: Está relacionada com as condições ambientais que devem
assegurar as condições de saúde do trabalhador e o bem-estar das pessoas. Também é
entendido como “um conjunto de normas e procedimentos que visa à proteção da
integridade física e mental do trabalhador” (Chiavenato, 2010, p.471). São temas de
interesse da higiene do trabalho: “exposição do organismo humano a agentes externos,
como ruído, ar, temperatura, umidade, luminosidade e equipamentos de trabalho”
(Chiavenato, 2010, p.470).
Saúde Mental: É um tema que diz respeito ao estudo das condições que devem ser
asseguradas ao trabalhador para que seja promovido seu bem-estar psicológico. As
condições devem atuar positivamente sobre o comportamento e a personalidade do
trabalhador, evitando situações de elevado estresse e comprometimento psíquico. De
acordo com Chiavenato (2010), os principais itens do programa de higiene do trabalho
são:
17
1. Ambiente físico do trabalho:
18
c) Introdução das ferramentas que reduzam a necessidade de esforço físico
humano2.
19
6. Secretárias
Apesar desta lista, outras profissões consideradas mais calmas podem ser muito
estressantes se considerarmos as condições de trabalho as quais o trabalhador é
submetido ou o contexto de seu trabalho.
Uma dona de casa, por exemplo, pode ter uma rotina de trabalho muito mais
estressante do que uma secretária se somarmos à rotina da dona de casa todas as
atribuições referentes ao cuidado com a casa e os filhos. O índice de donas de casa
estressadas pode ser elevado se pensarmos na responsabilidade de se criar filhos e
cuidar da manutenção de uma casa, algumas responsabilidades como estas podem estar
ausentes no trabalho de uma secretária.
Nosso estilo de vida contribui muito para percebermos nosso trabalho como
estressante ou não. Geralmente pessoas que costumam acumular tarefas tendem a
considerar seu trabalho mais estressante do que outras que buscam ser mais
disciplinadas, mas isso depende muito da personalidade do trabalhador.
Isto quer dizer que cada pessoa reage de uma forma a uma situação no trabalho e
na vida em geral. Pessoas que são consideradas viciadas em trabalho estão mais
propensas a serem estressadas do que outras que não prezam tanto alcançar metas
profissionais elevadas.
1. Morte de cônjuge
2. Desemprego
3. Aposentadoria
4. Férias
5. Casamento
Alguns podem estranhar essa lista, pois não é composta apenas de eventos
negativos. Então, a pergunta é: como eventos positivos podem causar estresse? A
resposta é simples: toda mudança implica reformular roteiros e planos, e isso é
estressante.
20
O ESTRESSE
O estresse juntamente com a depressão são as maiores causas de afastamento
temporário dos trabalhadores de uma organização. O estresse é “um conjunto de reações
físicas, químicas e mentais de uma pessoa decorrente de estímulos estressores existentes
no ambiente” (Chiavenato, 2010, p.473).
Frequentemente as causas do estresse estão divididas entre as causas pessoais –
estilo de vida - e as causas ambientais. Sobre o ambiente, diariamente nos expomos a
situações estressantes ao estarmos no trânsito, expostos ao calor ou ao frio, passando
situações de privação de comida ou sexo.
Uma sociedade com o nível de avanço tecnológico como a que vivemos expõe
muito facilmente seus indivíduos a situações de estresse elevados.
Fisiologicamente, o estresse é ocasionado pelo aumento da produção do
hormônio cortisol que seria responsável pelo preparo do organismo para exercer
atividades. O cortisol liberado em excesso pode ocasionar problemas de saúde, tais
como: ataques cardíacos, úlceras, morte súbita, agravamento de problemas crônicos,
gastrite, entre outros. Antes de acontecerem esses problemas, o corpo humano
experimenta algumas sensações, as mais comuns associadas ao alto índice de cortisol no
organismo são:
a. Aceleração do ritmo cardíaco
b. Aceleração do processo respiratório
c. Disponibilidade de glicose no sangue
d. Reações de luta ou fuga
e. Hipertensão
Além dos problemas fisiológicos, é possível notar alguns efeitos do estresse no
comportamento. Estes podem ser:
21
Doenças psicossomáticas
3
Uma das consequências desse comportamento é a síndrome de burn out, compreendida como um
esgotamento total do indivíduo, incapacitando-o para a vida em geral.
22
A organização de trabalho, por sua vez, tem um modo de funcionar: divide o
tempo em intervalos específicos, em fases de trabalho e em fases de descanso, mas
toda essa divisão deve levar em consideração o ritmo cicardiano, as técnicas de
ergonomia, e a própria personalidade do trabalhador, ou seja, uma tarefa muito difícil de
se realizar, o que levará a insatisfação, pois raramente todos ficarão satisfeitos com a
rotina de trabalho.
Um estudioso sobre os efeitos do trabalho na vida do trabalhador, Boyadijian,
analisou o impacto que o desemprego temporário causa em uma pessoa. As respostas as
quais o investigador chegou foi que nem tudo é negativo, ao contrário! Houve relatos de
pessoas que voltaram a cuidar do próprio corpo, voltaram a fazer projetos pessoais e
voltaram...a sonhar!
Doenças comumente compreendidas como psicossomáticas são, portanto,
doenças que atingem o corpo porque a mente não conseguiu resolver um conflito. Como
o trabalho é por si só exigente, ele exige de nós uma força e muitas vezes, uma privação
de liberdade que, se não conseguimos aceitar e fazer algo com isso, iremos adoecer.
Alguns tipos de doenças psicossomáticas podem ser:
1. Doenças de pele
2. Doenças estomacais
3. Doenças autoimunes
4. Doenças crônicas
Apesar destes exemplos existem tantos outros problemas que só revelam uma
coisa: a mente e o corpo trabalham em conjunto, quando um falha o outro sofre.
23
CAPÍTULO IV
COMPORTAMENTO EMOCIONAL NO TRABALHO
Outra pergunta é muito importante para a Psicologia do Trabalho: Por que algumas
pessoas com QI modesto se saem bem na vida enquanto outras, com escore mais alto
não conseguem? Para responder a esta pergunta, o autor diz que a diferença está nas
aptidões chamadas inteligência emocional que incluem, autocontrole, zelo e
persistência e a capacidade de nos motivar a nós mesmos.
Entende-se que a inteligência emocional pode ser ensinada para todos que desejam
alcançar melhores desempenho em sua vida profissional e pessoal.
As emoções
Em geral há um equilíbrio entre estas duas mentes. Elas são independentes mas
algumas vezes estas mentes se combinam: o sentimento é importante para o
pensamento. Como utilizamos muito do pensamento na vida profissional, podemos
imaginar que o comportamento emocional, ou a mente que sente, influencia o que
pensamos e como realizamos as tarefas laborais.
Para que não entrem em choque, sentimentos e pensamentos precisam ser adaptados
às situações as quais o indivíduo esteja exposto. No entanto, devido às pressões diárias
que a organização do trabalho nos impõe é quase impossível pensar que as duas mentes
vivam em estado de harmonia, não o tempo todo.
24
representações , em parte, por reações dessa corrente contra o sentimento. Ou seja, as
emoções são o efeito que os sentimentos exercem sobre o que pensamos.
A grande maioria das teorias sobre as emoções admite que as emoções são
essenciais para o comportamento humano e que são o resultado de uma adaptação às
situações. Algumas das emoções humanas podem ser aqui listadas: o medo, a cólera, a
dor, algumas vezes a alegria, sobretudo o excesso de alegria.
A criança descobre muito depressa que suas reações emotivas, ligadas em sua
origem a dores físicas, têm grande poder sobre os que a cercam, como conseqüência de
fenômenos de contágio emotivo. Assim, o que era reação quase reflexa se torna arma
para agir sobre os familiares.
Como dizia uma criança de 5 anos: ‘Choraria até que você me dê”. Algumas
crianças também se utilizam de desordens orgânicas para exercer influência sobre
outrem: choros, manifestações de medo que constituem apelo à ajuda, etc.
AS SITUAÇÕES EMOTIVAS
25
ADAPTANDO A EMOÇÃO ÀS SITUAÇÕES
Uma situação inusitada ocorre quando estamos diante de algo que nossoes
esquemas reacionais não poderiam imaginar. Uma situação como essa exige
que busquemos um meio para lidar com elas, um meio novo, pois não há
nada parecido com uma situação inusitada que possa ser útil na nova
situação.
c. Situações repentinas:
Toda situação imprevista provoca uma desorganização dos sistemas
reacionais, pois coloca em prova tudo que já havia sido organizado como
defesas para que as emoções não “tomem conta” da mente que pensa.
Uma morte subida, um acidente, um assalto, uma demissão súbita, todas
essas situações imprevistas nos colocam em provação porque exigem
respostas as quais não havíamos pensado antes.
AS EXPRESSÕES EMOTIVAS:
A expressão das emoções pode ser considerada reações espontâneas que são
aprendidas socialmente, portanto, nós aprendemos desde que entramos em contato com
outros seres humanos quais tipos de expressões emotivas são valorizadas naquele grupo
social. Por exemplo, algumas manifestações de dor moral (luto) são mais toleráveis e
aceitas em sociedade do que as de cólera e estas são mais toleráveis do que as de medo.
Assim, cada pessoa tem sua maneira particular de lidar com situações que
provoquem cólera, ira, do mesmo modo que cada pessoa possui uma maneira de expressar
26
tristeza ou alegria, por isso que o comportamento humano não pode ser necessariamente
padronizado, cada pessoa aprendeu o seu modo de expressar, e “ler” essa expressão não
é algo fácil.
A EMOTIVIDADE
O oposto disso é quando o trabalho não consegue manter as aspirações pessoais dos
trabalhadores, gerando insatisfação e fadiga, este seria um trabalho fatigante.
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emerge um sofrimento que pode ser atribuído ao choque entre uma
história individual, portadora de projetos, de esperança e de desejos, e
uma organização de trabalho que os ignora. Esse sofrimento, de
natureza mental, começa quando o homem, no trabalho, já não pode
fazer nenhuma modificação na sua tarefa no sentido de torna-la mais
conforme as suas necessidades fisiológicas e a seus desejos
psicológicos, isto é, quando a relação homem-trabalho é bloqueada
(Dejours, 2000, p.133).
Algumas das reações comuns que revelam o sofrimento psíquico são o medo e a
vergonha diante da tarefa que um trabalhador realiza. A vergonha diz respeito ao medo
de ser robotizado, de ser comparado à máquinas, de ser considerado sujo, de ser
desprovido de inteligência ou imaginação.
As pessoas também sofrem não apenas pelo que fazem no trabalho ou pela fatiga,
mas pelo que as outras pessoas pensam sobre o que elas fazem, é por isso a sensação
comum de vergonha diante das pessoas que fazem parte de seu grupo social.
No que diz respeito à relação do homem com o trabalho, Dejours considera que
existem duas situações diferentes que podem causar sofrimento, elas estão associadas ao
conteúdo significativo em relação ao sujeito e ao conteúdo significativo em relação
ao objeto.
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Codo e Coelho (1995) define que, ao ser mecanizado e automatizado, o
trabalhador pouco a pouco vai abandonando a própria vida e interesses para passar a
defender os interesses da organização, aos poucos o trabalhador se torna o “artíficie do
seu próprio sofrimento” (Codo e Coelho, 1995, p.65).
Essa conclusão foi retirada de uma pesquisa realizada com telefonistas cujo trabalho
consistia basicamente em tarefas mecânicas e condicionadas. Estas são algumas falas
reproduzidas durante a pesquisa:
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mecanizante (que impõe um comportamento condicionado) e o trabalhador não vê
propósito na tarefa que ele mesmo desempenha, as chances de o trabalho ser considerao
penoso é muito alta, o que contribui para a vivência subjetiva de frustração, insatisfação,
a prova maior de que há sofrimento psíquico.
O que fazer quando há sofrimento psíquico? Infelizmente as organizações
passam a explorar os sentimentos decorrentes do sofrimento, como, por exemplo, a
agressividade que é gerada pelo trabalho que é repetitivo, cansativo e predispõe um
controle que uma pessoa pode não possuir, mas deve demonstrar diante do cliente,
como é o caso das telefonistas.
Segundo Dejours, a agressividade sentida pelas telefonistas não podem ser
expostas ao cliente, o que as leva a uma saída mais problemática: dirigir a agressão para
si próprias. Como isto acontece? De uma maneira perversa: a agressão dirigida para si
mesmo (autodirigida) e é usada na adaptação da tarefa que se realiza. Assim, a
agressividade é transformada em culpa, sendo que a frustração que se sente naquele
trabalho alimenta a disciplina que deve ser total. Sentindo-se agressivas, as telefonistas
entendem que isto não é correto e voltam a energia da agressividade para a organização
da tarefa que realizam, isto é, transformam tudo isso em culpa que vai orientar sua
forma de realizar o serviço.
Como tudo isto pode trabalhar a favor da organização? De uma maneira muito
simples: proibidas de desligar o telefone (somente o assinante pode fazer isso), de se
irritar ou de responder desaforos que ouve, a telefonista age de uma maneira adaptada
para que aquela tarefa acabe logo: elas entendem que precisam fazer tudo o mais rápido
possível. Eis o segredo para manter a produtividade: irritar as telefonistas para que estas
indiretamente “empurrem” o assinante a desligar a ligação e assim, comecem outra
ligação.
Conclusão: no caso exemplificado das telefonistas, não é o trabalho que causa o
sofrimento, é o sofrimento que causa o trabalho e que aumenta a possibilidade da
produtividade.
Porém, uma ressalva deve ser feita: o sofrimento deve ser utilizado apenas em
uma certa dose, pois , não respeitar os limites de cada um, ou a quantidade de
sofrimento que cada um suporta pode levar a pessoa a descompensar, a sofrer além do
necessário para manter a produção, por isso, o sofrimento psíquico a serviço do trabalho
deve ser dosado, caso contrário pode agir como força contrária à produção, havendo
aumento do índice de afastamento por motivo de saúde.
Diante do que foi dito, se nota um interesse em manter elevado o nível de ansiedade
do trabalhador para que isso produza um bom desempenho. A pesquisa sobre as
telefonistas que foi exposta acima provou que eram as telefonistas mais “nervosas” as
que tinham melhor desempenham, trabalham mais rápido. O que é explorado, na
verdade, não é o sofrimento em si, mas as formas como o trabalhador se defende do
sofrimento, através de seus mecanismos de defesa.
Por exemplo, no caso das telefonistas, era a autoagressão transformada em culpa
que as fazia ligar para mais pessoas, aumentando a produtividade (Dejours, 2000,
p.104).
Outro exemplo de exploração da ansiedade se dá com operários de indústrias,
usinas. Dejours entende que a maioria da mão de obra dessas organizações não é
treinada e nem detem um conhecimento adequado sobre o maquinário que operam,
sobre as condições dos sistemas que utilizam, pois esse saber é vetado ao trabalhador
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que está mais abaixo na escala hierárquica: o saber está com os engenheiros, com os
mecânicos, com os gerentes de linha e staff.
Sendo assim, como trabalham os operários que todos os dias manejam máquinas
extremamente perigosas? Dejours diz que esses operários compartilham entre eles, de
forma oral e nunca escrita, os “macetes” de cada máquina, de cada sistema. Assim, se o
ambiente de trabalho for amigável, os operários passam as informações úteis para
operação de cada máquina para os outros colegas de trabalho, mas esse conhecimento
não é formalizado e sim, produto da experiência do trabalhador com a máquina que
opera, ou seja, o macete é fruto da experiência de trabalho.
A falta de um saber adequado, de um treinamento e de estudos sobre o
maquinário que opera gera a sensação de intranquilidade ou ansiedade, pois, quando não
se tem o saber adequado, o trabalhador está refém da experiência que possui com a
máquina e dos macetes que podem, inclusive falhar.
Essa é uma das causas dos acidentes de trabalho: achar que a máquina irá se
comportar de uma maneira, porém, a surpresa vem justamente do imprevisto, de uma
ação inesperada – porque o saber sobre aquela possibilidade nunca foi transmitido para
o trabalhador operário (Dejours, 2000, p.105).
Tudo isso indica que para o funcionamento de uma organização como uma indústria
ou mesmo de qualquer organização, é necessário a convivência entre o saber
universitário (saber que aqueles melhor posicionados na escala hierárquica detém) e o
saber popular ( representado pelos macetes advindos da experiência aleatória que cada
operário mantém com a máquina que utiliza).
Sendo assim, uma usina não poderia funcionar somente com o saber universitário,
do mesmo modo que os macetes dos operários não são suficientes para lhes dar
segurança sobre as máquinas que operam, essa falta de comunicação e de troca de
saberes é um dos elementos centrais para a ocorrência de incidentes e de acidentes de
trabalho.
A Ansiedade
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geralmente incidem no corpo, podendo gerar sequelas psicológicas, as más condições de
trabalho também contribuem para este tipo de ansiedade.
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Freud, psicanalista austríaco, entende que esta é responsável por grande parte do que
conhecemos por nossa personalidade.
A mente inconsciente possui mecanismos de defesa que são prontamente
ativados quando alguém se encontra diante de um perigo. Certamente alguns trabalhos
não podem ser compreendidos como prazerosos, muitos são, inclusive, perigosos.
Porém, sabemos que o trabalho é essencial para a sobrevivência e para a manutenção do
lar, para a educação dos filhos, para, enfim, viver uma vida digna.
O que fazer, então, quando não se tem opção, a não ser aceitar aquele trabalho
que coloca nossa vida diante de um perigo evidente, a incapacitação, um acidente, a
morte?
Não há nada o que fazer, o indivíduo, devido à ansiedade de fome (medo de não
conseguir ter dignidade, de não conseguir pagar as próprias contas) aceita e no momento
em que realiza as funções, no momento em que se entende como trabalhador, como
operário da construção civil, como operador de máquinas complexas, esse mecanismo
entra em ação , sem que ele possa escolher.
O uso desse mecanismo, como já dissemos, é compartilhado por todos que
exercem a mesma função, ou por pessoas de um mesmo grupo social. Esse uso coletivo
da ideologia defensiva evita que o trabalhador se sinta só e tenha que utilizar os
mecanismos de defesa pessoais (individuais) diante do perigo que o trabalho representa.
Exemplos de mecanismos individuais de defesa podem ser o alcoolismo (para suportar
o trabalho), atos violentos e por fim, a loucura que pode ser a consequência de uma
severa perturbação psicossomática.
Desse modo, a partir do que foi dito, podemos entender que a percepção de que
o trabalho é perigoso é algo geral, assim como a maneira de evitar pensar nisso, isto se
dá pelo recurso à ideologia defensiva que pode ser compreendida por uma frase muito
comum na sabedoria popular “O que os olhos não vêem, o coração não sente”, se não
vou ao médico, não sei que estou doente, se não uso equipamento de segurança
necessário ao exercício da minha profissão, não lido com o fato evidente de que ela é
perigosa.
O Assédio moral e suas consequências
Um dos fatores que contribuem para o sofrimento no trabalho é o que tem sido
chamado de assédio moral. No Brasil há menos de vinte anos vem sido estudado esse
tema por profissionais que lidam com Psicologia do Trabalho.
Dados de uma pesquisa realizada entre 1996 e 1998 revelaram que 42% das
pessoas entrevistadas (de um total de 494) já tinham passado por situações
constrangedoras no ambiente de trabalho (Tarciano e Guimarães, 2004, p.3).
A expressão assédio moral surgiu em 1998 e foi criado pela psicanalista
Hirigoyen que a definiu como “toda e qualquer conduta abusiva (gesto, palavra,
comportamento, atitude...) que atente, por sua repetição ou sistematização, contra
a dignidade ou a integridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando seu
emprego ou degradando o clima de trabalho” (Hirigoyen, 2002)
Para Leymann, assédio moral é definido por ser uma repetição de um
comportamento hostil que um superior exerça contra alguém que, por sua vez,
33
reage com sofrimento ou miséria física e psicológica, já para a pesquisadora
Margarida Barreto, o assédio moral é toda atitude ou comportamento agressivo que
visa denegrir ou desmoralizar emocional e moralmente o assediado, o que torna o
ambiente de trabalho insuportável (Tarciano e Guimarães, 2004, p.6).
É importante dizer que as atitudes ou comportamentos que revelam assédio
moral muitas vezes são veladas ou escondidas. Para ser qualificada como uma situação
de assédio moral perante a Justiça, é preciso ser comprovada:
a) A intensidade da violência psicológica e causadora de um sofrimento que não
teria outra causa;
b) Uma situação prolongada em relação ao tempo;
c) A intenção de ocasionar um dano psíquico ou moral ao trabalhador para
marginalizá-lo no ambiente de trabalho;
d) A transformação em patologia (doença) que pressupõe um diagnóstico clínico.
O que é considerado como definidor do assédio moral, de fato, é o
comportamento de quem assedia, o resultado, ou os danos psíquicos causados
podem ser duradouros, permanentes, ou temporários, mas a gravidade ou
intensidade desses problemas dependem muito da personalidade de quem sofre o
assédio.
Hirigoyen também definiu quais seriam as atitudes hostis que podem indicar
assédio moral. Seriam elas:
a) Atitudes que deterioram as condições de trabalho;
b) Atitudes que geram isolamento e recusa de comunicação;
c) Atitudes que geram atentado contra a dignidade;
d) Violência verbal, física ou sexual (Hirigoyen, 2002)
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Deve ser dito que situações estressantes pelas tarefas típicas do trabalho, más
condições de trabalho, agressões pontuais (que não aconteçam com frequência) não
são consideradas atitudes de assédio moral. Portanto, a dificuldade do trabalho ou a
própria organização do trabalho não é assédio moral. Do mesmo modo, criticar
construtivamente o trabalhador, avaliar seu desempenho, pois todo o trabalho pressupõe
que haja alguma imposição e dependência do trabalhador perante o trabalho.
É preciso saber disso para que não se diga que todas as atitudes de imposição do
empregador ou mesmo do exercício da disciplina perante um empregado sejam
consideradas como assédio moral (Tarciano e Guimarães, 2004, p.17).
AS CONSEQUENCIAS DO ASSÉDIO MORAL
No ambiente de trabalho/desempenho
As consequências do assédio moral mexem tanto com o ambiente de trabalho,
como com o clima da organização, os principais fatores que decorrem de uma situação
de assédio moral são:
1. Queda de produtividade
2. Redução da qualidade do serviço
3. Faltas (Absenteísmo)
4. Demissão
Todas essas consequências levam ao trabalhador a prejuízos financeiros, bem
como o comprometimento da sua imagem profissional. Além dessas consequências,
podemos ainda citar o aumento de processos judiciais com pedidos de reparação de
danos morais, alta rotatividade dos funcionários. Essas são as consequências que
podem ser vistas, mas há também as consequências para o exercício do trabalho, por
exemplo, se for o caso de um atendente ao público, é possível que haja dificuldade em
se relacionar com o cliente, há também chances de diminuir a criatividade do
profissional.
Para o trabalhador
Os danos à vida do trabalhador assediado podem variar de acordo com a
personalidade da pessoa e de como e quanto ela pode suportar o clima de tensão que é
instalado. Os sintomas podem ser temporários ou se tornarem doenças (psicopatologias)
cuja cura pode ser muito difícil. Alguns dos sinais mais importantes que podem indicar
assédio moral são:
a) Cansaço
b) Nervosismo
c) Distúrbios do sono
d) Enxaquecas
e) Distúrbios digestivos
f) Dores na coluna
g) Depressão (quando o assédio é prolongado)
h) Falta de confiança em si
i) Diminuição da capacidade de enfrentar estresse
j) Pesadelos
k) Problemas de memória
l) Ansiedade extrema
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m) Pessimismo quanto ao futuro
n) Sentimentos de culpa
o) Hipertensão arterial
p) Tentativas de suicídio
q) Aumento de peso
r) Uso de drogas
s) Tremores
t) Palpitações
É bom lembrar que os problemas aqui relatados precisam ter uma relação direta
com as atitudes de assédio moral por parte do empregador. Problemas arteriais ou de
coluna, por exemplo, que já existiam antes do assédio, tendem a se agravar, uma vez
que sabemos que a mente comanda nosso corpo.
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CAPÍTULO V:
PSICOPATOLOGIAS DO TRABALHO
39
CAPÍTULO VI
DISTÚRBIOS DO COMPORTAMENTO
Além dos transtornos afetivos e das doenças mentais que mais incapacitam para
a vida laboral estão os comportamentos ditos “de risco” que levam o sujeito a uma
gradativa perda de controle sobre a própria vida e nisto se inclui suas capacidades para
exercer qualquer atividade laboral.
Com frequência, os problemas de comportamento aqui citados são decorrentes
do sofrimento psíquico e da insatisfação em relação ao que se realiza, seja na vida
pessoal ou na vida laboral. Nesta apostila iremos tratar dos distúrbios de comportamento
que foram ocasionados pelo ambiente de trabalho.
Toxicomania
Freud dizia que era natural do ser humano buscar meios para não vivenciar
situações de desprazer ou de sofrimento (1996/1920). Sendo assim, todo ser humano
vive em busca da felicidade e de mantê-la, mas também possuem a esperança de anular
o sofrimento. Um dos meios mais eficazes de evitar o sofrimento é submeter-se à
substâncias tóxicas que, uma vez presentes no organismo inibem a percepção e a
sensação de qualquer situação de desprazer.
As drogas seriam, assim, o meio mais rápido de evitar o sofrimento. Quando o
sofrimento é associado a uma vivência contínua, como no trabalho, o indivíduo arrisca
sua imagem como profissional, sua subsistência e a de sua família numa tentativa de
não sofrer, a droga seria, então, uma “válvula de escape” para a pessoa suportar a rotina
de trabalho que muitas vezes é desgastante, fadigante (Dejours, 2000).
Segundo o DSM-IV, o abuso de substâncias psicoativas é entendido como “um
padrão desadaptativo de utilização de substâncias orginando um dano ou uma
perturbação clinicamente significativos que se manifestam, ao longo de um período de
12 meses, através de um (ou mais) dos seguintes comportamentos:
a) Uso frequente de substâncias que resulta em incapacidade para cumprir
obrigações importantes relacionados com o papel do indivíduo no trabalho,
escola ou casa;
b) Uso recorrente de substâncias em situações em que existe um perigo físico;
c) Problemas legais recorrentes associados ao consumo de substâncias;
Uso continuado apesar da existência de problemas sociais ou interpessoais persistentes
ou recorrentes provocados ou exacerbados pelos efeitos das substâncias (Organização
Internacional do Trabalho, 2003, p.xv)
As drogas ilícitas
As drogas podem ser consideradas ilícitas quando não são toleradas pelas
legislação de um país. Trata-se de substâncias psicoativas intoxicantes que podem ser
divididas em três grupos:
1. Psicodepressores: barbitúricos, morfina e heroína;
2. Alucinógenos: cannabis, LSD, MDMA (possui efeitos estimulantes);
3. Estimulantes, tais como anfetamina, cocaína e crack
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b) Inquietação
c) Irritabilidade
d) Ansiedade
e) Depressão
f) Sonolência ou insônia
g) Comportamentos bizarros e violentos
Nunca se sabe exatamente quais serão os efeitos e os impactos causados pelo
abuso de droga em um organismo, isso dependerá de muitos fatores, incluindo:
1. A quantidade de droga consumida;
2. Experiência anterior com a substância;
3. Estado de espírito da pessoa;
4. Personalidade, atividade da pessoa que consome;
5. Momento e local de consumo;
6. Presença de outras pessoas;
7. Consumo simultâneo com outras drogas;
8. Modo de administração (como é usada, se via oral, venosa, etc).
42
Internacional do Trabalho, 2003, p.xvi). O vício em álcool costuma ser progressivo e
fatal4.
Algumas das características do alcoolismo são:
a) Controle deficiente contínuo ou periódico sobre o consumo de bebidas
alcóolicas;
b) Obsessão com álcool;
c) Consumo frequente de bebidas alcoólicas apesar dos problemas por isto
causados;
d) Frequentes distorções de pensamento;
e) Distúrbios psicóticos (alucinações alcoólicas)
Sobre o trabalhador que abusa do álcool, é preciso dizer que esta é uma maneira
ilusória de se evitar o sofrimento decorrendo do trabalho sufocante. Segundo Karam
(2003), o vício em álcool ligado à vida laboral decorre da dificuldade que uma pessoa
tem em sair da esfera doméstica e entrar no ambiente público onde frequentemente é
cobrado por seu desempenho.
As pessoas se deixam levar pelo álcool também quando o trabalho não é
prazeroso e não permite que sua criatividade e imaginação apareçam, seria um trabalho
que só pode ser vivenciado como sofrimento porque não promove nada do aspecto
emocional, apenas angústia, o que bloqueia as pessoas que, ao não falarem, ao se
calarem, escolhem um meio ilusório para evitar o sofrimento.
Um dos problemas em retirar o álcool da vida de alguém está no fato de que a
bebida alcoólica é relativamente barata e socialmente aceita, sendo assim, se torna a
substância mais comumente eleita pelos trabalhadores para aliviar o sofrimento (Lopes,
de Paula, Barreto, 2010, p.8).
Alguns dos fatores que favorecem o uso do álcool pelos trabalhadores tem
relação com o fato de:
1. Dar uma falsa impressão de pertencimento ao lugar de trabalho;
2. Falsa sensação de proteção;
3. Falsa sensação de integração entre os membros do grupo
4
Ainda de acordo com a Organização Internacional de trabalho, o indivíduo que faz uso esporádico de
uma substância pode ficar altamente intoxicado com pequenas quantidades de álcool e também de
droga, por isso é bom ter cuidado quando se notar um uso excessivo de drogas em uma pessoa, mesmo
que este não seja um uso frequente.
43
b. Os problemas dessa ordem devem ser considerados problemas de saúde como
qualquer outro, sem haver preconceito no trato das questões;
c. Os empregadores, trabalhadores e seus representantes devem avaliar em
conjunto os efeitos das drogas no local de trabalho e devem cooperar na
elaboração por escrito de uma política para a empresa sobre o tema;
d. Adoção de disposições razoáveis para identificar condições de trabalho que
tenham influencia nos problemas sobre álcool e drogas;
e. Aplicação de restrições relativas ao uso de álcool e drogas;
f. Instituição de programas de informação, instrução e formação sobre o tema do
álcool e drogas para ser integrado em programas de saúde mais amplos;
g. Estabelecimento de sistemas para assegurar a confidencialidade de toda
informação que for comunicada sobre o problema de abuso de álcool e drogas
h. Realização de análises toxicológicas para determinar o consumo de substâncias
tóxicas;
i. Não discriminar os trabalhadores que aceitem tratamento e reabilitação;
j. Sempre preferir estratégias de aconselhamento, tratamento e reabilitação ao
invés de sanções disciplinares.
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CAPÍTULO VII
ACIDENTES DE TRABALHO
Os acidentes de trabalho são acontecimentos muito comuns nas organizações.
As causas de um acidente de trabalho são muito complexas e para serem combatidos
não basta encontrar possíveis culpados.
De acordo com o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) (2011)
define como acidente do trabalho5 “aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a
serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional, permanente ou temporária, que cause morte, a
perda ou a redução da capacidade para o trabalho. Considerem-se acidente do trabalho a
doença profissional e a doença do trabalho” (Kamimura e Tavares, 2012, p. 3).
Quando ocorre um acidente, muito deve ser investigado dentro do ambiente
organizacional: instalações, estrutura física, fator humano, relações hierárquicas, etc.
Neste capítulo iremos investigar as causas mais comuns que levam a acidentes de
trabalho.
O Fator Humano
O fator humano pode ser um grande causador de acidentes quando entendemos
que todo trabalhador pode enfrentar problemas em diversos setores de sua vida que não
necessariamente têm relação com o seu desempenho profissional. A personalidade de
uma pessoa, por exemplo, pode ser um elemento influenciador de acidentes, pois
existem pessoas mais propensas a sofrerem acidentes do que outras, e muito disso pode
se dever a características pessoais, como, por exemplo, impaciência, falta de
concentração, necessidade interna de correr riscos, etc.
Geralmente quando um acidente ocorre no ambiente de trabalho diversas
análises devem ser feitas, e as causas que podem ser encontradas nem sempre dependem
do uso de equipamentos de proteção individual, é preciso entender qual a cultura que a
organização possui em relação ao uso dos equipamentos, se há uma política de
prevenção a acidentes, se há políticas de incentivo do uso de equipamentos, se há uma
necessidade de informar os operários da necessidade de evitação de riscos.
Sabemos que apesar de todos esses incentivos serem importantes, os fatores
humanos nem sempre podem ser modificados, pois se trata da personalidade de cada um
e muitas vezes a maneira pela qual alguém foi criado, o ambiente familiar e social
influenciam a bagagem individual que cada pessoa “carrega” ao longo da vida. Isto fará
com que tenha maior ou menor dificuldade em aceitar críticas e sugestões, permitirá que
lide melhor ou pior com situações estressantes (como por exemplo enfrentar sérios
riscos de vida ao exercer determinada profissão).
Por isso é tão difícil coibir ou impedir que os fatores humanos da personalidade
causem acidentes de trabalho, por mais que se incentive políticas de evitação de
acidentes é preciso contar com a colaboração dos operários e ainda com seu interesse
5
Também estão na categoria de acidente do trabalho os acidentes em que o trabalho contribuiu
diretamente para a ocorrência da lesão, alguns acidentes sofridos no local e no horário de trabalho,
doenças decorrentes de contaminação do empregado no exercício profissional e acidentes sofridos no
trajeto para o trabalho ou sofridos a serviço da empresa (Kamimura apud Kamimura e Tavares, 2012).
45
em proteger-se. Alguém poderia se perguntar: mas não seria próprio do ser humano
lutar para proteger-se? A resposta não é tão simples assim, sabemos que a personalidade
humana é determinada também por fatores inconscientes que muitas vezes podem levar
o indivíduo a se sabotar ,a encarar riscos e até em sentir prazer com isso, em estar
colocando constantemente a própria vida em perigo (Freud, 1920/1996).
Personalidade e atos inseguros
Robbins (2005) estudou alguns traços de personalidade que predispõe as pessoas
a acidentes de trabalho e aqui está a lista de algumas das características que mais se
relacionam a acidentes:
1. Timidez: Se alguém é tímido o suficiente para não fazer perguntas, pois
pode achar que suas perguntas serão encaradas como uma prova de que é
uma pessoa incapaz de operar uma determinada máquina, por exemplo, pode
deixar de tirar uma dúvida e isso pode levá-lo a desconhecer certas
características do equipamento que opera. A timidez em excesso pode
bloquear a comunicação gerando mal entendidos que ocasionalmente
estariam associados à acidentes. Por isso, é preciso lembrar: nunca
saberemos tudo, e sempre poderemos recorrer a alguém mais experiente para
tirarmos nossas dúvidas.
6
Carl Gustav Jung foi um psicólogo suíço que desenvolveu a teoria analítica. Fez um longo estudo sobre
os tipos de personalidade.
47
e. Pessoas emocionais: Pessoas emocionais são consideradas muito propensas
a sofrerem um acidente de trabalho, pois de acordo com Jung (1985) a
emoção é facilmente descontrolável e potencialmente desorganizadora, o
pior momento para tomar decisões, inclusive as que envolvem estar ou não
em risco, é o momento em que estamos emocionados, pois todas as funções
superiores relacionadas ao pensar estão prejudicadas.
f. Pessoas racionais: São pessoas regidas prioritariamente pelo pensamento e
também pelo sentimento. Ao contrário do que pode parecer, o sentimento é
responsável pelo fato de nos agradarmos ou não de uma coisa, e não pode ser
confudida com a emoção (falta de julgamento). Uma pessoa racional
primeiro analisa uma coisa e cria um conceito (através da função racional do
pensamento) e depois julga se se agrada ou não desta coisa (Jung, 1985).
Uma pessoa assim, em um ambiente de trabalho, tende ser organizada,
concentrada e reflexiva, sempre avaliando os riscos de cada ação.
g. Pessoas perceptivas: Pessoas perceptivas podem ser perceptivas para o
ambiente externo, para tudo que está a seu redor (tipo
perceptivo/extrovertido para Jung), mas também podem ser facilmente
conectadas ao ambiente interno, ou seja, atentas aos próprios sentimentos e
emoções (perceptivo/introvertido). A percepção, em si, é uma função vital do
aparelho psíquico e é importante que seja desenvolvida. Para o ambiente de
trabalho é interessante que a pessoa consiga equilibrar percepção interna
com a percepção externa. O contrário do tipo perceptivo é a intuição.
h. Pessoas julgadoras: Pessoas que gostam de julgar são extremamente
racionais e reflexivas, frequentemente analisam o ambiente e formam um
conceito dele, se forem muito severas consigo mesmas também demonstra
que também têm um alto grau de percepção interna. Estas pessoas costumam
ser muito conscienciosas.
Reações emocionais aos acidentes de trabalho
As reações emocionais a um acidente de trabalho podem ser complexas devido à
complexidade da personalidade humana. Há pessoas que possuem o que os psicólogos
chamam de alta capacidade de “resiliência” ou seja, pessoas que são capazes de reverter
os danos ou prejuízos causados por uma situação traumatizante, essas pessoas têm sido
muito estudadas atualmente pelos psicólogos que buscam analisar motivação e
desempenho.
Infelizmente, a maioria dos estudos sobre as reações emocionais a um trauma
corresponde ao estudo de patologias causadas em decorrência de um acidente de
trabalho que incapacita temporária ou permanentemente um trabalhador. As patologias
que são mais diagnosticadas são:
1. Depressão: Corresponde ao prolongamento da sensação de tristeza,
acompanhado por vivência de angústia permanente e embotamento do
humor. A depressão, quando em decorrência de um acidente de trabalho
muitas vezes tem relação à fantasias relacionadas com a nova situação
ocasionada pelas consequências do acidente. Por exemplo, o amputamento
de um membro, a sensação de ser discriminado a partir de agora, de não ter
mais capacidade de trabalhar, etc. A depressão é multifatorial, determinada
por muitas causas, porém se estiver diretamente relacionada a uma mudança
drástica de vida devido a um acidente de trabalho, ela pode ser sim uma
48
depressão com uma causa preponderante. O depressivo frequentemente tem
atitudes de se isolar e seu desempenho profissional pode sofrer desequilíbrio.
É importante acompanhar o empregado depressivo, com políticas de
acompanhamento feito por psicólogo organizacional e também com a
sugestão de acompanhamento psicoterápico extra-organização. Todo cuidado
é pouco, pois o depressivo grave pode chegar a atitude extrema do suicídio.
2. Distúrbios do sono: Ocorre quando as pessoas, mesmo após um acidente,
continuam trabalhando em condições inadequadas que podem prejudicar os
ciclos cicardianos do trabalhador, deixando com sono comprometido.
Distúrbios do sono também podem ser decorrentes de ansiedade e angústia
extrema provocados por preocupações relacionadas ao trauma sofrido.
3. Transtorno de Estresse Pós-traumático: Como o nome já diz, é um
transtorno que ocorre depois de um trauma, como um acidente de trabalho.
Caracteriza-se por ser um distúrbio de ansiedade que prejudica o sono e a
concentração devido ao constante rememoramento da situação traumática.
Há pessoas que relatam ouvir com frequência o barulho da máquina que lhe
acidentou, a frenagem violenta de um carro antes de um acidente, etc. as
cenas fortes que foram vividas voltam à tona quando qualquer situação as
relembra. As pessoas que sofrem desse transtorno se tornam hiperviligantes
(extremamente atentas) por medo de que ocorra novamente a situação do
acidente/trauma, costuma também ter pesadelos recorrentes com a situação.
4. Fobia: Também é uma perturbação ansiogênica (de origem na ansiedade)
que leva o indivíduo ao temor extremo (medo em excesso) de algo ou
alguma situação da qual não tinha antes do acidente. Exemplo: adquirir fobia
de ambientes fechados, fobia de andar de elevador ou de operar uma
determinada máquina por conta do acidente sofrido. É bom lembrar que a
fobia não tem cura até ser tratada com psicoterapias ou psicanálise, a fobia,
ao contrário do que possa parecer, não desaparece “com o tempo” sem
tratamento adequado.
5. Síndrome do pânico: Distúrbio de ansiedade causado pelo reavivamento
das sensações vivenciadas no acidente de trabalho. O indivíduo tem a
sensação de morte iminente, apresenta queixas respiratórias, sudorese (suor
excessivo) e taquicardia (aceleramento do aparelho cardíaco), todos de
origem emocional, ou seja, não podem ser confundidos com problemas de
origem fisiológica. É justamente esta a diferença fundamental para ser
diagnosticada a síndrome do pânico, a origem da doença e a não existência
de disfunções fisiológicas.
Treinamento e manutenção do comportamento seguro
O treinamento e a manutenção do comportamento seguro é uma obrigação da
organização e um direito do operário/trabalhador. Cada organização possui sistemas
políticos que consideram adequados para a realidade que vivenciam e estas políticas
devem sempre contemplar o bem-estar do trabalhador.
A organização deve zelar para que os sistemas sejam postos em prática, isso
evitaria boa parte dos erros que são considerados falhas humanas. Além disso deve
haver o interesse de promover sempre um ambiente de trabalho harmonioso e
equilibrante, no sentido que Dejours definia: um ambiente de trabalho que possa
promover descargas de energia psíquica e promover prazer. Para ser um ambiente
49
assim, há que se treinar e manter comportamentos considerados seguros, tanto no
exercício do trabalho como em toda a vida do trabalhador, em seus vários ambientes.
Algumas organização promovem cartilhas que ensinam como manter o
comportamento seguro , incitando ações que iriam diminuir os riscos relacionados ao
trabalho. Abaixo segue um resumo de comportamentos, atitudes e medidas
considerados seguros para serem estimulados, tanto pela empresa como pelos
profissionais.
Comportamentos seguros do trabalhador:
1. Agir sempre de maneira segura (reflexiva) seja qual for o ambiente em que
esteja inserido;
2. Buscar controlar todas as situações de risco que possam estar envolvidas nas
atividades relacionadas ao seu trabalho;
3. Respeitar normas e procedimentos estabelecidos pela política de prevenção de
acidentes da organização;
4. Sensibilização de colegas com relação à importância das normas de segurança;
5. Desenvolver atitudes éticas e que promovam saúde de todos no ambiente de
trabalho;
6. Evitar exposição a agentes químicos, biológicos ou físicos7 sem a devida
proteção;
7. Evitar manusear resíduos sólidos, líquidos e gasosos sem proteção;
8. Descartar corretamente o lixo
7
Riscos ambientais químicos: Tintas, vernizes, solventes, limpeza de peças com óleo diesel, poeiras
minerais, escapamento de veículos, manutenção de máquinas, etc.
Riscos ambientais físicos: Ruído, calor, vibração, condições de ambiente físico precárias (podendo causar
“síndrome do edifício doente”)
Riscos ambientais biológicos: Manuseio de lixo urbano, manutenção em galerias de esgoto, lixo
hospitalar, seringas não descartáveis ou não esterilizadas, etc.
50
CONCLUSÕES
Promover a segurança no trabalho deve ser obrigação das organizações e direito
de todo o trabalhador. A área do conhecimento da Psicologia do Trabalho vem
desenvolvendo vários estudos, juntamente com a Medicina do Trabalho, a Ergonomia,
que permitam a existência de uma relação harmoniosa entre homem e trabalho.
O trabalho, apesar de ter sua origem relacionada à tortura e à sacrifício pode ser
uma atividade em que as pessoas obtenham prazer, e não apenas sustento financeiro,
subsistência própria e familiar. O trabalho, quando prazeroso permite ao indivíduo uma
identidade e lhe fornece muitas vantagens, inclusive necessárias para a satisfação das
necessidades humanas. O homem, como sabemos, possui inúmeras necessidades que
quando não são satisfeitas impedem a saúde psíquica.
É trabalho do técnico em segurança do Trabalho entender melhor quem são os
empregados, e isso significa vê-los como uma pessoa, que possui necessidades
fisiológicas, mas também possui profundos desejos, desejo de aprovação, de
reconhecimento. É também necessário que o técnico de segurança do trabalho, ao
entender dos obstáculos provenientes do ambiente de trabalho, perceba quais são as
reações emocionais que os trabalhadores desenvolvem como defesa diante da
desarmonia do ambiente, diante do desprazer, ou seja, é preciso entender sobre o
sofrimento psíquico quando este surge para que seus danos não sejam tão profundos.
Sofrimento advindo do ambiente de trabalho pode gerar inúmeras reações como
doenças físicas e doenças de fundo emocional, estas, inclusive, são as maiores causas de
afastamento profissional. Diante de tanta complexidade, o ser humano encontra seus
meios para lidar com as situações que lhe são apresentadas, e isso é preciso ser
entendido, pois muitas dessas reações são involuntárias, já que muitas das atitudes
humanas são determinadas por fatores inconscientes (obscuros e dificilmente
revelados).
É dever do técnico de segurança apoiar e utilizar a escuta como um importante
instrumento norteador de suas ações, quais sejam de cobrar normas e políticas de
assistência ao trabalhador. Lembrando que é a vida do trabalhador o maior bem, o
melhor recurso de uma organização.
Saber quem é esse trabalhador requer conhecer muito mais do que a ficha
profissiográfica de um funcionário, requer entender de toda a complexidade da
personalidade humana, compreender as motivações e os tipos de personalidade
responsáveis por determinadas características.
No entanto, apesar de sabermos que existem listagem de tipos de personalidade,
o técnico de segurança de trabalho deve entender cada trabalhador como único, assim
como entender quais são os movimentos que um grupo faz em relação a um ambiente de
trabalho (reações coletivas).
Zelar para que a vida humana seja respeitada é trabalhar com a humanização do
ambiente de trabalho, é escutar as pessoas para além da profissão ou do posto
hierárquico que ocupem, é entender que as pessoas são diferentes e que podem reagir de
maneira diferente diante de um perigo, de um risco, de um acidente de trabalho. Ter
essa compreensão permite que o técnico seja um profissional comprometido.
51
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Walmir. SOCIOLOGIA E TRABALHO: uma leitura sociológica
Introdutória. s/a. 238p.
52
SOLOMON, Michael. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo, sendo.
São Paulo: 2008.
53
ANEXOS
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ALGUNS EFEITOS DO ABUSO DE SUBSTÂNCIAS TÓXICAS NO AMBIENTE
DE TRBALHO
55
O PESCADOR E O ADMINISTRADOR
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TESTANDO SEU COMPROMETIMENTO
___ Você tem um almoço de família marcado há tempos, no dia em questão, seu chefe
pede, informalmente, para que você almoce com ele. Você vai.
___ Você já atendeu o telefone celular em seu período de folga.
___ Você costuma levar trabalho para casa.
___ Já foi chamado atenção por estar preocupado com o trabalho em ocasiões
informais.
___ Fala bastante dos acontecimentos do trabalho em casa.
___ Costuma acordar durante a noite com uma ideia na cabeça que tenha relação com
seu trabalho.
___ Seus melhores amigos estão no seu trabalho.
___ Já se apresentou para alguém falando sobre sua ocupação profissional.
___ Considera o trabalho o melhor lugar para se estar.
___ Entende que é preciso ter momentos de folga para se relaxar.
___ É do tipo de pessoa que começa a ficar entediado se não tem muito o que fazer
durante o dia.
___ Não gosta de conversar sobre assuntos profissionais em casa.
___ Não costuma conversar muito com os colegas de trabalhos, fala apenas o essencial.
___ Frequentemente ouve das pessoas que é muito comprometido com sua profissão.
___ Não pensa em deixar o trabalho, pois se sente satisfeito com sua atual ocupação.
___ Já deixou de sair com alguém para resolver um problema referente ao trabalho.
___Odeia quando chega a segunda-feira.
___ Odeia que chegue a sexta-feira, pois este é o último dia de trabalho.
___ Geralmente as pessoas percebem que seu humor melhora quando chega a sexta-
feira.
___ Procura oportunidades para se manter atualizado.
___ Não costuma procurar, mas está atento ao que o mercado oferece como outras
oportunidades para se desenvolver.
___ Pensa que “em time que está ganhando não se mexe”.
___ Frequentemente acha que suas tarefas são urgentes.
___ Sente-se ansioso com as tarefas que tem a fazer ou que já fez.
___ Tem receio de parecer pouco eficiente perante o chefe.
___ Tem receio de adiar a tarefa.
___ Sente-se incomodado quando não entrega uma tarefa dentro do prazo.
___ Tem insônia porque fica pensando frequentemente em tarefas do trabalho.
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SEM SAIR DE CASA:
No início do século XX, Henry Ford, o inventor da fábrica moderna, reclamava: “ Por
que toda vez que solicito um par de braços, vocês me trazem um ser humano junto?”
Naquela época, Ford queria apenas mão-de-obra. O mundo mudou. Um século depois, a
velha linha de montagem da Ford foi robotizada e transformada em células de produção
e satélites de fornecedores para proporcionar a fábrica enxuta e just-in-time. Na fábrica
automatizada do futuro, o trabalho humano será residual ou apenas de supervisão. Na
difusão dos micros e das redes, surge o teletrabalho: o trabalho em casa, por
encomenda, com ou sem vínculo empregatício, plugado nos avanços da tecnologia da
informação. Privilégio da nova geração de micreiros.
José Pastore bota mais lenha na fogueira: “Mais cedo do que se imagina, a
maioria dos trabalhadores vinculados ou não às empresas estará atuando em casa, em
oficina em particular ou em escritório próprio. O teletrabalho, servido pelo computador,
substituirá o trânsito, a poluição e o estresse da cidade grande.
O que deve melhorar a qualidade de vida do profissional e a produtividade da
empresa. “Isto não é ficção, pois o número de americanos que trabalham em empresas
sem sair de casa pulou de seis milhões para 48 milhões, segundo estudo do Media Lab
do MITT.
Joelmir Betting lembra que, em vez de o empregado deslocar-se para o local de
trabalho, este vai até o endereço do trabalhador – ainda que situado a centenas de
quilômetros da empresa. Na garupa do teletrabalho, vem aí o emprego global,
impensável há menos de meia década. Uma pessoa morando em Caravelas, BA, poderá
trabalhar para uma empresa de Cincinatti, Estados Unidos, ou para uma empresa de
Uberaba, MG, seja em tempo integral ou parcial, em trabalho permanente ou contínuo.
É o que acontece com empresas indianas fazendo o call-center de empresas
americanas. Pesquisas mostram que a produtividade do teletrabalho em casa é de até
40% maior que a da mesma tarefa na empresa.
O lado ruim do teletrabalho é que ela dificulta a supervisão, afeta o sigilo do
negócio, rompe o conceito de carreira e promoção, acaba com o calor humano do
trabalho em grupo. Nos Estados Unidos já existem contratos coletivos de teletrabalho
para mulheres arrimos de família, deficientes físicos e para universitários.
O próprio Beting trabalha em casa desde 1977. Fala-se, hoje, em usinas
comunitárias de teletrabalho, em vilas suburbanas, em aldeias do interior e em
plataformas mundiais de teletrabalho que já funcionam na Índia e na Indonésia.
A interconectividade dos computadores, do telefone e do televisor patrocina essa
onda da informação. Nos Estados Unidos, proliferam as worknets: os teletrabalhadores
interconectados para a solução de problemas, tomada de decisões ou execução e
subcontratação de tarefas por encomendas.
Fonte: CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas
organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
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CLASSIFICAÇÃO DOS ACIDENTES DE TRABALHO DE ACORDO COM O
MINISTÉRIO DA PREVIDêNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL (MPAS) (2011):
TIPO DESCRIÇÃO
Acidentes sem CAT Corresponde ao número de
registrado acidentes cuja
Comunicação de Acidentes
Trabalho – CAT não foi
cadastrada no INSS.
Acidentes com CAT Corresponde ao número de
registrado acidentes cuja
Comunicação de Acidentes
do Trabalho – CAT foi
cadastrada no INSS. Não
são contabilizados o
reinício de tratamento ou
afastamento por
agravamento de lesão de
acidente do trabalho ou
doença do trabalho, já
comunicados anteriormente
ao INSS.
Acidentes típicos Acidentes decorrentes da
característica da atividade
profissional desempenhada
pelo acidentado.
Acidentes de trajeto São os acidentes ocorridos
no trajeto entre a residência
e o local de trabalho do
segurado e vice-versa.
Acidentes devido à doenças Acidentes ocasionados por
do trabalho qualquer tipo de doença
profissional peculiar a
determinado ramo de
atividade constante na
tabela da Previdência
Social.
Acidentes liquidados Número de acidentes cujos
processos foram
encerrados
administrativamente pelo
INSS, depois de
completado o tratamento e
indenizadas as seqüelas.
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Após este período, o segurado deverá ser encaminhado à perícia médica da Previdência Social para
requerimento do auxílio-doença acidentário.
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