GLOBALIZAO E A PERDA DA IDENTIDADE

CULTURAL
GLOBALIZATION AND THE LOSS OF CULTURAL IDENTITY

Edilson da Costa
Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela UFPR, Mestre em Tecnologia pela UTFPR, graduado em
Filosofia pela UFPR e em Cincias Religiosas pela PUC/PR, professor da Faculdade de Campina Grande do Sul
(Facsul)
[email protected].

Adriano Alves Klein

Mestrando em Direito Econmico e Social pela PUC/PR, Especialista em Direito Civil pelo Instituto Romeu
Bacellar/Unibrasil, graduado em Direito pela PUC/PR, advogado e professor de graduao da Faculdade
Educacional de Araucria (Facear)
[email protected].

RESUMO
O presente artigo, resultado de pesquisa bibliogrfica, tem por objetivo mostrar que o acentuado
progresso econmico na era ps-liberalismo criou condies para a conscincia da importncia da
liberdade. Por outro lado, implicou tambm no aumento da injustia social e o Estado passou a
intervir em todos os seus domnios (econmico, social e cultural), inaugurando, portanto, o Estado
Social. Atualmente, cabe ao Estado brasileiro, ainda que sob a influncia do neoliberalismo, e no
alheio ao processo globalizante, fomentar a cultura nacional, formulando polticas pblicas baseado
em diretrizes que salvaguardem o desenvolvimento cultural e, ao mesmo tempo, facilitem o
conhecimento das demais culturas.
Palavras chave: Globalizao. Identidade cultural.
ABSTRACT
As a result of bibliographic research, this paper aims to show that the steep economic progress in
the post-liberalism era has created conditions for the awareness of the importance of freedom. On
the other hand, it also resulted in the increase of social injustice and the State started to intervene in
all of its fields (economic, social and cultural), inaugurating, therefore, the Social State. Currently,
even though it is still under the influence of neoliberalism, and not alien to the process of
globalization, it is up to the Brazilian State to promote national culture, and formulate public policies
based on guidelines that safeguard the cultural development and facilitate the understanding of
other cultures.
Keywords: Globalization. Cultural Identity

GLOBALIZAO E A PERDA DA IDENTIDADE CULTURAL

- 11

INTRODUO

Inicialmente, para fins de situar a atual fase pela qual o Estado passa, tornase importante resgatar o seu conceito. No Direito Pblico, o Estado pode ser
entendido como o agrupamento de indivduos, segundo Silva:

estabelecidos ou fixados em um territrio determinado e submetidos

autoridade de um poder pblico soberano, que lhes d autoridade
orgnica. a expresso jurdica mais perfeita da sociedade, mostrando-se
a organizao poltica de uma nao, ou de um povo (SILVA, 2004, pp.
553-554).

Hegel, numa abordagem filosfica, indica que o Estado , primeiramente, a

formao interna, como tambm o desenvolvimento que se refere a si mesmo - o
direito interno ou a Constituio. Em segundo lugar, o Estado o indivduo
particular, e, por conseguinte em relao com outros indivduos particulares o que
d lugar ao direito externo dos Estados. (HEGEL, 1980, p.15).
Numa abordagem jurdica comum, o Estado pode ser conceituado como
sendo a reunio de pessoas vivendo sob um ordenamento jurdico, compreendendo
um povo, territrio e a soberania.
Ao longo da histria, trs modelos se destacam na concepo do Estado:
Estado Liberal, Estado Social e o Estado Democrtico de Direito1.
O Estado Liberal acentua a separao entre o pblico e o privado e as
garantias individuais favorecem os interesses dos detentores da propriedade.
O mnimo de interferncia estatal trouxe, inicialmente, alguns benefcios
inegveis, como, o
progresso econmico acentuado, criando-se condies para a revoluo
industrial; o indivduo foi valorizado, despertando-se a conscincia para a
importncia da liberdade humana; desenvolveram-se as tcnicas de poder,
surgindo e impondo-se a idia do poder legal em lugar do poder pessoal
(DALLARI, 2003,p.277).

O Estado Democrtico de Direito aquele que se pretende aprimorado, na exata medida em que
no renega, antes incorpora e supera, dialeticamente, os modelos liberal e social que o antecederam
e que propiciaram o seu aparecimento no curso da Histria. (MENDES; COELHO, 2009, p.171).
Ius Gentium - Curitiba, ano 6, n. 12, p. 10 - 27, jul./dez 2012

12 - Edilson da Costa e Adriano Alves Klein

Dalmo Dallari (2003, p.277) indica que Estado Liberal criou tambm
condies para sua prpria superao, primeiramente, face ao ultra-individualismo
que, ao ignorar a natureza associativa do homem, deu margem a um
comportamento egosta e vantajoso aos mais hbeis, audaciosos e menos
escrupulosos. Segundo ele,

Ao lado disso, a concepo individualista da liberdade, impedindo o

Estado de proteger os menos afortunados, foi a causa de uma crescente
injustia social, pois, concedendo-se a todos o direito de ser livre, no se
assegurava a ningum o poder de ser livre. (DALLARI, 2003, p.277).

No Estado Liberal, possvel perceber que, com a valorizao do indivduo e

a proteo da liberdade, foi assegurada uma situao de privilgio para os que
economicamente eram fortes (DALLARI, 2003, p.277). Afirma ainda Dallari:

E como acontece sempre que os valores econmicos so colocados

acima de todos os demais, homens medocres, sem nenhuma formao
humanstica e apenas preocupados com o rpido aumento de suas
riquezas, passaram a ter o domnio da sociedade. (DALLARI, 2003, p.278).

Pablo Lucas Verd ressalta ainda que:

O Estado Liberal de Direito apontava para a consecuo da liberdade.
Porm, em razo de seu individualismo e da neutralidade que adotava
ante as transformaes sociais, estava muito longe de realizar a justia
social. (VERD, 2007, p.87).

Aps a Crise de 1929 e a II Grande Guerra, surge o denominado Estado do

Bem Estar Social (Welfare State) como resposta fase enfrentada pelos pases
Europeus, tendo como principais objetivos: garantir o bom funcionamento do
mercado e defender os direitos dos cidados na sade, educao, alimentao,
fundamentando-se na igualdade de oportunidades.
O Estado interveio, portanto, nos seus domnios econmico, social e cultural,
muitas vezes de maneira autoritria, no caso da maioria dos pases ocidentais, com
a vontade de associar reconstruo econmica profundas reformas sociais e uma
transformao da conscincia nacional. (TOURAINE, 2007, p.28).

GLOBALIZAO E A PERDA DA IDENTIDADE CULTURAL

- 13

Ainda que no abandone o interesse capitalista, o Estado Social tem suas

bases fundadas no interesse coletivo, com o reconhecimento dos direitos do
proletariado e de direitos polticos. O Estado Social de Direito, por sua vez, volta
sua atuao para a manuteno da justia social. (VERDU, 2007, p.87).
Ocorre que, na dcada de 1970 e 1980, esse modelo sofreu diversos
questionamentos, em especial quando da crise de Petrleo (72-73), que, segundo
Jaqueline Lima Dourado2, pode ser identificada por pelo menos quatro causas: 1) a
mo-de-obra ficou mais cara, consequentemente, ocorreu a diminuio do lucro das
empresas; 2) houve uma queda no consumo, aumentando o desemprego; 3) houve
um aumento do capital especulativo; 4) iniciou-se a crise fiscal do estado capitalista,
necessitando-se diminuir os gastos pblicos.
Frente a tais problemas, ressurgem, como uma possvel soluo, os ideais do
Estado Liberal3, mas com uma nova denominao Neoliberalismo3- que defende a
liberdade absoluta do mercado e restringe a interveno estatal sobre a economia.
O incio desse discurso neoliberal marcado por dois nomes: Margaret
Thatcher Inglaterra que, dentre outras medidas, fez o parlamento britnico
aprovar leis que revogavam privilgios dos sindicatos, privatizou empresas estatais,
reduziu tributos e estabilizou a moeda; e, Ronald Reggan Estados Unidos que,
pelas suas medidas, proporcionou um elevado crescimento econmico com
reduo de impostos, mas, em contrapartida, tambm teve um elevado aumento da
dvida pblica.4

DOURADO,
Jacqueline
Lima.
O
estado
neoliberal.
Vdeo
aula.
<http://www.youtube.com/watch?v=xxN3HOlCX7c> acesso em: 24 set. 2011.
3. O antigo liberalismo econmico era substitudo por um novo liberalismo que aceitava a
interveno estatal a favor do pleno emprego; as grandes empresas como forma mais eficiente de
organizao da produo, seguindo planos de crescimento, dimensionando o mercado e
introduzindo inovaes; as instituies financeiras multilaterais, como reguladoras do dinheiro
mundial, com uma cotao fixa para o dlar em ouro (a libra inglesa tambm teve este privilgio,
mas logo teve de abandon-lo); os partidos polticos (exceto os comunistas, que foram ilegalizados,
a partir de 1947, sob a presso da Guerra Fria); a distribuio de renda atravs de um regime fiscal
progressivo, etc. (SANTOS, 2004, p.31).
4 .Mas a onda neoliberal comeou a tornar-se hegemnica. Ela se iniciou com a vitria da Sra. Tatcher
como primeiro-ministro da Inglaterra e a eleio de Ronald Reagan como presidente dos Estados
Unidos. Neste perodo, as polticas econmicas dos pases mais poderosos estiveram dirigidas a uma
desregulamentao da vrios mercados, privatizao de vrias empresas e atividades econmicas e
ao aumento da competitividade internacional. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, sobretudo, tais
Ius Gentium - Curitiba, ano 6, n. 12, p. 10 - 27, jul./dez 2012

14 - Edilson da Costa e Adriano Alves Klein

Posteriormente, essa concepo poltica neoliberal expandiu-se por outras

regies, no Brasil, possvel situar o seu incio durante o exerccio da presidncia de
Fernando Collor de Mello.

CONCEITO DE GLOBALIZAO

A globalizao marca um novo ciclo de expanso do capitalismo, um

processo de propores imensurveis envolvendo naes e nacionalidades,
regimes polticos e projetos nacionais, grupos e classes sociais, economias e
sociedades, culturas e civilizaes. (IANNI, 2002, p.11).
O termo globalizao se presta a vrias interpretaes (VIEIRA, 2005,
p.69), porm, defensvel a assertiva que a globalizao um fenmeno
intrinsicamente vinculado ao neoliberalismo.

Ao longo do ltimo quartel do sculo XX, o Estado intervencionista foi

substitudo, quase em toda parte (e quase completamente), por um
Estado que procura, sobretudo, atrair os investimentos estrangeiros e
facilitar as exportaes nacionais, e ao mesmo tempo por empresas que
se integram cada vez mais em aglomerados transnacionais e so
associadas a redes financeiras que, apoiadas em novas tcnicas
matemticas, podem obter lucros importantes da circulao das
informaes em tempo real. Estas rpidas transformaes so a
conseqncia direta de uma internacionalizao da produo e dos
intercmbios que vo desembocar na globalizao da economia.
(TOURAINE, 2007, p.29).

Globalizao, pode no ser uma palavra particularmente atraente ou

elegante. Mas absolutamente ningum que queira compreender nossas
perspectivas no final do sculo pode ignor-la. (GIDDENS, 2000, p.18).
Rubens Ricupero (2001, p.28) salienta que a expresso globalizao possui
certa ambiguidade, sendo utilizada at mesmo de maneira contraditria, porm,
pode ser reduzida em duas grandes categorias gerais:

medidas se complementaram com a diminuio de impostos sobre as camadas mais ricas da

populao e cortes importantes dos gastos sociais. (SANTOS, 2004, p.21).

GLOBALIZAO E A PERDA DA IDENTIDADE CULTURAL

- 15

1)
as descries objetivas do fenmeno que buscam identificar as
caractersticas que distinguem a globalizao como fenmeno histrico;
2)
e as de natureza ideolgica que ao partir da realidade, existente
ou suposta, busca extrair a prescrio de determinadas polticas em
matria de conduta econmica.

De maneira ampla, a globalizao pode ser tambm definida como a

intensificao das relaes sociais em escala mundial, que ligam localidades
distantes de tal maneira que acontecimentos locais so modelados por eventos
ocorrendo a muitas milhas de distncia e vice-versa. (GIDDENS, 1991, p.69).
Devido a sua sbita popularidade, o seu conceito nem sempre claro
(GIDDENS, 2000, p.18). Para Celso Pinto, do Conselho Editorial da Folha de So
Paulo, um exemplo para se entender a globalizao pode ser:

O furaco financeiro que veio da sia passou pela Europa, Estados Unidos
e chegou ao Brasil, teve pelo menos uma vantagem didtica. Ningum
pode mais alegar que nunca ouviu falar da globalizao financeira. At
poucos meses, provvel que poucos soubessem onde ficava a Tailndia
ou Hong Kong. Hoje muita gente sabe que um resfriado nesses lugares
pode virar uma gripe aqui. Especialmente se fizer uma escala em Nova
York (PINTO, Celso. Disponvel em
<http://ni.faj.br/nourau/document/get.php/2471/Globaliza%E7%E3o.doc>
Acesso em 23 Ago. 2005).

A globalizao, tem algo a ver com a tese de que agora vivemos todos num
nico mundo (GIDDENS, 2000, p.18), da a utilizao de termos recorrentes
vinculados a essa idia, como: aldeia global, shopping Center global, fbrica global,
etc.
fato que a globalizao caracterizada grandemente pelo aspecto
econmico, porque, nesse campo, seus efeitos so facilmente visualizados, como: o
aumento do comrcio internacional, o livre fluxo financeiro entre os pases, a
presena cada vez maior de investidores estrangeiros em territrio nacional, etc.
Para Vieira, a globalizao aqui compreendida principalmente em sua dimenso
econmica dominante de interligao mundial de mercados (VIEIRA, 2005, p.70).
Alm do aspecto econmico, a globalizao est relacionada a outros
campos: a) social: podem ser observadas as aes conjuntas de pases e
organizaes internacionais para combater epidemias, misria, explorao do
Ius Gentium - Curitiba, ano 6, n. 12, p. 10 - 27, jul./dez 2012

16 - Edilson da Costa e Adriano Alves Klein

trabalho infantil, etc.; b) poltico: as decises internas levam em considerao o

cenrio global e suas implicaes; c) cultural: o comportamento humano
influenciado pelos meios de comunicao, ou seja, as fontes de informao se
uniformizam devido ao alcance mundial, provocando certa homogeneizao
cultural entre os pases.

A globalizao normalmente associada a processos econmicos, como a

circulao de capitais, a ampliao dos mercados ou a integrao
produtiva em escala mundial. Mas, descreve, tambm fenmenos da
esfera social, como a criao e expanso de instituies supranacionais, a
universalizao de padres culturais e o equacionamento de questes
concernentes totalidade do planeta (meio ambiente, desarmamento
nuclear, crescimento populacional, direitos humanos, etc.). Assim, o
termo tem designado a crescente transnacionalizao das relaes
econmicas, sociais, polticas e culturais que ocorrem no mundo,
sobretudo nos ltimos 20 anos. (VIEIRA, 2005, p.73).

Esse fenmeno no um acontecimento recente5, pode-se indicar seu incio

nos sculos XV e XVI, com a expanso martimo-comercial europeia, o que o
diferencia do atual momento a velocidade e abrangncia de seu processo, pois, a
III Revoluo Industrial, tambm conhecida como Revoluo Tcnica Cientfica
Informacional, criou as condies tecnolgicas para o atual estgio da globalizao.

Observamos que a globalizao econmica que vivenciamos peculiar

pela velocidade, extenso, interconexo da movimentao de
mercadorias e informaes ao redor do mundo, nunca antes visto na
histria. Tais fatores contriburam para o aumento da internacionalizao
do comrcio, produzindo um crescimento gigantesco no comrcio
mundial, em tal proporo que tomou os Estados impotentes para
controlar os fluxos de capitais, cuja dinmica rompe ou ultrapassa as
fronteiras estatais, fazendo com que as fronteiras nacionais comeassem
a perder sentido. (LIMA, 2001, p.55).

5. Como ilustrao, considere o mundo no incio do ltimo milnio, em vez de no seu final. Por volta
do ano 1000, o alcance global da cincia, da tecnologia e da matemtica estava mudando a natureza
do Velho Mundo, mas a disseminao naquela poca era, em grande parte, na direo oposta da que
vemos atualmente. A alta tecnologia do mundo do ano 1000 inclua o papel, a tipografia, a balestra, a
plvora, a ponte suspensa por corrente de ferro, a pipa, a bssola, o carrinho de mo e a ventoinha
giratria. Mil anos atrs, esses itens eram amplamente usados na China e totalmente
desconhecidos em qualquer outro lugar. A globalizao tratou de espalh-los por todo o mundo,
inclusive pela Europa. (SEN; KLIKSBERG, 2010, p.18).

GLOBALIZAO E A PERDA DA IDENTIDADE CULTURAL

- 17

Ocorre que foi dada uma maior nfase globalizao aps haver-se
dissolvido a bipolaridade ps Segunda Guerra Mundial. Ainda em 1989 ano da
queda Muro Berlim - o mundo vivia no clima da Guerra Fria, de um lado o bloco dos
pases capitalistas, de outro, o bloco de pases socialistas.
Posteriormente queda do Muro, o sistema de polaridades definidas passou
para um sistema de polaridades indefinidas, ou seja, para a multipolarizao
econmica do mundo, o confronto ideolgico (capitalismo x socialismo) d lugar
para uma disputa econmica entre pases e blocos de pases.
Embora comporte diversas conceituaes, no mbito da poltica econmica,
a globalizao, caracteriza-se pelo crescimento da atividade econmica para alm
das fronteiras polticas, regionais e nacionais de um Estado, em propores
mundiais, buscando o lucro pela livre concorrncia.
Liszt Vieira (2005, p.78), citando Alain Touraine, indica que a globalizao se
apia em quatro grandes transformaes: a) criao de uma sociedade
informatizada, com a difuso mundial de indstrias de comunicao que modificam
nossa experincia do tempo e do espao, a natureza das cidades e a relao entre
culturas; b) internacionalizao do capital financeiro, que aufere mais lucros na
movimentao de capitais do que no investimento produtivo; c) a emergncia de
novos pases industriais, sobretudo os Tigres Asiticos, que associam abertura
econmica do mercado com rgido autoritarismo poltico; d) influncia cultural
norte americana no resto do mundo.
Entretanto, resta clara a ligao da globalizao com o neoliberalismo,
especialmente no que diz respeito ao seu aspecto econmico, visto que o
neoliberalismo apregoa abertura e liberdade absoluta de mercado, reduo de
protecionismo e reduo de barreiras, fatores propcios e impulsionadores da
globalizao.

Ius Gentium - Curitiba, ano 6, n. 12, p. 10 - 27, jul./dez 2012

18 - Edilson da Costa e Adriano Alves Klein

EFEITOS POSITIVOS DA GLOBALIZAO

A globalizao rechaada por muitos autores, sendo concebida com um

fenmeno unilateral e negativo, imposto pelas empresas transnacionais e pelo
neoliberalismo (VIEIRA, 2005, p.103).
Porm, ao se rejeitar a globalizao da cincia e da tecnologia, simplesmente
porque ela representa a influncia e o imperialismo ocidentais

no apenas significa negligenciar as contribuies globais vindas de

vrias partes do mundo que esto solidamente por trs de toda cincia
e tecnologia chamadas ocidentais, mas tambm uma deciso bastante
tola do ponto de vista prtico, dada a extenso de quanto o mundo
inteiro pode se beneficiar com o processo. (SEN; KLIKSBERG, 2010, p.19).

Conforme apresenta Liszt Vieira (2005, p.104), possvel encontrar razes

positivas ao fenmeno:
1) o processo de globalizao o resultado de foras materiais e espirituais
que no podem ser revertidas sem causar custos econmicos, sociais, ecolgicos e
culturais maiores que os causados pela globalizao. O retorno a formas superadas
de isolamento nacional afetaria o desenvolvimento de novas tecnologias, reduziria
o nvel de vida da populao, favoreceria as solues estatistas, burocrticas e
autoritrias, bem como fenmenos diversos de regresso cultural;
2) a soluo de problemas globais, como a deteriorao ecolgica, extrema
pobreza e marginalizao dos pases mais pobres, requerem a reorientao da
globalizao e no sua reverso ou deteno;
3) o crescimento econmico favorecido pela globalizao e regionalizao,
assim como, a democratizao poltica, o saneamento ambiental e a
internacionalizao dos movimentos sociais dos pases em desenvolvimento;
4) a globalizao constitui a precondio objetiva das transformaes
futuras em direo a um mundo solidrio e pacfico.
E, ainda, Giddens ressalta que a globalizao no um acidente em nossas
vidas hoje. uma mudana de nossas prprias circunstncias de vida. o modo
como vivemos agora. (GIDDENS, 2000, p.29).

GLOBALIZAO E A PERDA DA IDENTIDADE CULTURAL

- 19

IDENTIDADE CULTURAL

O conceito de identidade no facilmente elaborado, demasiadamente

complexo, muito pouco desenvolvido e muito pouco compreendido na cincia
social contempornea para ser definitivamente posto prova. (HALL, 2006, p.08).
J a cultura em sentido lato o complexo que inclui conhecimentos,
crenas, arte, moral, lei, costumes, assim como todas as capacidades e hbitos
adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade (TYLOR apud WILLEMS,
1962, p.06).
No contexto histrico, uma vez que a humanidade se construiu dispersandose sobre quase toda a superfcie de terras emersas (WARNIER, 2000, p.66), houve
uma formao diversificada da lingustica, dos costumes, das crenas, etc.
Portanto, sociedade e cultura so interdependentes, uma no existe sem a
outra.

No h como negar essa assero enquanto se refere a sociedades

humanas. Estas, sim, encontram as possibilidades de sua prpria
sobrevivncia somente no aparelhamento cultural criado por elas
mesmas (...) Esta correspondncia de sociedade e cultura, no entanto no
existe em nvel sub-humano. (WILLEMS, 1962, p.17).

A cultura tambm compreende as regras ou normas da vida social, ou seja,

uma sociedade existe, quando os seus membros agem de maneira ordenada, de
acordo com regras implcitas ou explicitamente reconhecidas, tais como, os
costumes, usos, leis, ordenanas, praxes, etc. (WILLEMS, 1962, p.18).

Avanando um pouco mais no conceito de cultura, pode-se dizer que ela

representa o prprio significado do existir humano. Ela se confunde com
esse existir, medida que o significa e o marca como seu criador, mas
tambm como o sentido ou os sentidos de seu existir. (CORRA, 2008,
p.19).

Ius Gentium - Curitiba, ano 6, n. 12, p. 10 - 27, jul./dez 2012

20 - Edilson da Costa e Adriano Alves Klein

Ainda que a sociedade seja formada por diferentes membros no que se

refere classe, gnero ou raa, uma cultura nacional busca unific-los numa
identidade cultural, para represent-los todos como pertencendo mesma e grande
famlia nacional. (HALL, 2006, p.59).
Nesse contexto, uma cultura nacional um discurso construtor de sentidos
que influencia e organiza tanto as aes como as concepes que os membros da
sociedade tm de si mesmos (HALL, 2006, p.51). Ao produzir sentidos sobre a nao

sentidos com os quais podemos nos identificar, constroem identidades.

Esses sentidos esto contidos nas estrias que so contadas sobre a
nao, memrias que conectam seu presente com seu passado e imagens
que dela so construdas. (HALL, 2006, p.51).

importante salientar, a observao realizada por Arthur Jos Poerner

(2000, p.13) que afirma que o governo no faz cultura, nem deve faz-la, porm,
deve favorecer a pluralidade da criao, preservando e cuidando de documentos
culturais do passado:

O governo no faz cultura, nem deve faz-la, a no ser quando o ocupam

ditadores, preocupados com o culto de sua prpria personalidade, ou
interessados em fazer da arte e do pensamento armas de domnio.
Quando isso ocorre, baboseiras como Mein Kampf so vistas como obras
de arte e homens de extraordinria inteligncia, como o filsofo Martin
Heidegger, se deixam contagiar pela fora do totalitarismo e se curvam a
artistas como o frustrado pintor dominical Adolf Hittler. Mas, se o
governo no faz cultura, deve favorecer a pluralidade da criao artstica
e literria, ao mesmo tempo que lhe cabe a responsabilidade de cuidar
dos documentos culturais do passado, memria da alma das naes.
(POERNER, 2000,p.13).

GLOBALIZAO E A PERDA DA IDENTIDADE CULTURAL

A expresso aldeia global pode ser visualizada como uma teoria da cultura
mundial, entendida como cultura de massa, mercado de bens culturais, universo
de signos e smbolos, linguagens e significados que povoam o modo pelo qual uns e

GLOBALIZAO E A PERDA DA IDENTIDADE CULTURAL

- 21

outros situam-se no mundo, ou pensam, imaginam, sentem e agem. (IANNI, 2002,

p.119).
Alm disso, tornou-se um clich a afirmao de que vivemos em nico
mundo (FEATHERSTONE, 1997, p.123), o planeta tornou-se um territrio da
humanidade. (IANNI, 2002, p.22).
fato que com a intensificao do ritmo da integrao global, acelerou-se o
fluxo e os laos entre as naes, impactando diretamente sobre as identidades
nacionais.
Portanto, nesse planeta globalizado, verifica-se uma crise de identidade, que
faz parte de um processo mais amplo de mudana, que desloca as estrutura e os
processos das sociedades, abalando as suas referncias centrais (HALL, 2006, p.07).

Para aqueles/as tericos/as que acreditam que as identidades modernas

esto entrando em colapso, o argumento se desenvolve da seguinte
forma. Um tipo diferente de mudana estrutural est transformando as
sociedades modernas no final do sculo XX. Isso est fragmentando as
paisagens culturais de classe, gnero, sexualidade, etnia, raa e
nacionalidade que, no passado, nos tinham fornecido slidas localizaes
como indivduos sociais. Estas transformaes esto tambm mudando
novas identidades pessoais, abalando a idia que temos de ns prprios
como sujeitos integrados. (HALL, 2006, p.09).

Como verificado anteriormente, as culturas nacionais surgem habitualmente

com os processos de formao do Estado, porm, uma vez que estes se unem cada
vez mais, uns com outros, colocam-se diante de presses para desenvolver uma
identidade cultural coerente (FEATHERSTONE, 1997, p.127), ocorrendo o que
denominado de homogeneizao cultural.

Nesta perspectiva, esto aqueles que vem a globalizao com um

processo de homogeneizao, isto , de padronizao e estandardizao
das atitudes e comportamentos em todo o mundo, colocando em risco a
diversidade cultural da humanidade. (VIEIRA, 2005, p.70).

ngela Kretschmann, entende, porm, que uma das consequncias

paradoxais do processo de globalizao, a percepo da finitude e da ausncia de
limites do planeta e da humanidade no produzir homogeneidade, e sim,
Ius Gentium - Curitiba, ano 6, n. 12, p. 10 - 27, jul./dez 2012

22 - Edilson da Costa e Adriano Alves Klein

familiarizar-nos com a maior diversidade, com a grande amplitude das culturas

locais. (KRETSCHMANN, 2008, p.312).
certo que a globalizao permitiu o acesso a novas tecnologias, rompeu
limites econmicos, geogrficos, mas, ao mesmo tempo, face aos vnculos mais
intensos entre os pases, as consequncias relacionadas identidade cultural foram
sendo gradativamente desprezadas.
O fluxo cultural entre as diversas naes e o prprio consumismo global cria
possibilidades de identidades partilhadas, tornando, assim, as culturas nacionais
mais expostas a influncias externas, sendo difcil conservar as identidades culturais
intactas ou mesmo impedir que elas se tornem enfraquecidas. (HALL, 2006, p.74).
Segundo ele:

Quanto mais a vida social se torna mediada pelo mercado global de

estilos, lugares e imagens, pelas viagens internacionais, pelas imagens da
mdia e pelos sistemas de comunicao globalmente interligados, mais as
identidades se tornam desvinculadas desalojadas de tempos, lugares,
histrias e tradies especficos e parecem flutuar livremente. (HALL,
2006, p.75).

O fenmeno da dominao cultural no foi criado pela globalizao, ainda

que esta o torne evidente, podendo at mesmo acentu-lo, mas esse fenmeno
remonta aos primrdios da histria, estando ligado fora militar, poltica ou
econmica. Marco Polo e Cristovo Colombo podem ser considerados agentes
involuntrios dessa dominao (POERNER, 2000, p.16). Poerner afirma ainda que:

A colonizao das Amricas, desde as proezas e espertezas iniciais do

portugus Caramuru Diogo lvares Correia (? 1557) e dos espanhis
Hernn Cortes (1485-1547) e Francisco Pizzarro (1475-1541), foi um
processo constante de dominao, quando do etnocdio cultural.
(POERNER, 2000, p.16).

Ainda que a globalizao apresente um impacto negativo sobre a identidade

cultural, ela tambm favorece o multiculturalismo e a integrao entre as naes,
possibilitando a multiplicao de diversidades e uma maior troca de conhecimentos.

GLOBALIZAO E A PERDA DA IDENTIDADE CULTURAL

- 23

Portanto, possvel entender-se que a globalizao tem um efeito de

contestar e deslocar a identidade cultural, possui um efeito pluralizante sobre as
identidades, produzindo uma variedade de novas posies de identificao,
tornando as identidades mais posicionais, polticas, plurais e diversas, e menos,
fixas, unificadas ou trans-histricas. (HALL, 2006, p.87).
Porm, como afirma Stuart Hall, ainda que seu efeito permanea
contraditrio, parece improvvel que a globalizao v simplesmente destruir as
identidades nacionais. mais provvel que ela v produzir, simultaneamente, novas
identificaes globais e novas identificaes locais. (HALL, 2006, p.87).
defensvel, portanto, afirmar que ao Estado brasileiro, ainda que esteja
sob a influncia do neoliberalismo, e no esteja alheio ao processo globalizante,
cabe fomentar a cultura nacional, formulando polticas pblicas, contendo diretrizes
que salvaguardem o desenvolvimento cultural e facilitem o conhecimento das
demais culturas (AZEVEDO apud POERNER, 2000, p.15).

CONSIDERAES FINAIS

Ainda que no tenha sido objetivo deste trabalho esgotar o tema, at em

razo da sua extenso e complexidade, os apontamentos delineados permitem que
se chegue s seguintes concluses:
a) Aps o liberalismo que acentuou o progresso econmico, que criou
condies para a conscincia da importncia da liberdade, mas que tambm
aumentou a injustia social, o Estado passou a intervir em todos os seus domnios
(econmico, social e cultural), inaugurando o Estado Social;
b) Com as crises surgidas na dcada de 70 e 80, o modelo de Estado Social
sofreu questionamentos, ressurgindo como possvel soluo os ideais do Estado
Liberal, mas com uma nova denominao Neoliberalismo que defende a
liberdade absoluta do mercado restringindo interveno estatal sobre a
economia;

Ius Gentium - Curitiba, ano 6, n. 12, p. 10 - 27, jul./dez 2012

24 - Edilson da Costa e Adriano Alves Klein

c) Com maior visibilidade nos Estados Unidos (Ronald Reggan) e na

Inglaterra (Margaret Thatcher), o neoliberalismo expandiu-se para outras regies,
iniciando-se no Brasil durante o exerccio da presidncia por Fernando Collor de
Mello;
d) A globalizao no um fenmeno recente, pode-se indicar seu incio nos
sculos XV e XVI, com a expanso martimo-comercial europia, o que o diferencia
do atual momento, a velocidade e abrangncia do seu processo, que foi
favorecido pela III Revoluo Tcnica Cientfica Informacional;
e) Ainda que expresso globalizao possua certa ambiguidade, pode ser
entendida como a intensificao das relaes sociais em escala mundial, da a
utilizao de termos recorrentes como: aldeia global, fbrica global, mundo
globalizado, etc.;
f) A globalizao no caracterizada apenas pelo aspecto econmico, est
relacionada tambm a outros campos: social, poltico e cultural;
g) Resta clara a ligao da globalizao com o neoliberalismo, especialmente
no aspecto econmico, visto que o neoliberalismo defende a abertura e a liberdade
absoluta de mercado, reduo de protecionismo e reduo de barreiras, fatores
propcios e impulsionadores da globalizao;
h) O conceito de identidade no facilmente elaborado, j o de cultura,
significa o complexo de conhecimentos, crenas, moral, lei e costumes, adquiridos
pelo homem como membro de uma sociedade, podendo-se afirmar que sociedade e
cultura so interdependentes;
i) A cultura nacional busca unificar os membros de uma sociedade, numa
identidade cultural prpria, criando o sentimento de pertencer uma mesma e
grande famlia nacional;
j) Face globalizao e consequente integrao global, o fluxo e os laos
entre as naes foram intensificados, impactando sobre as identidades nacionais,
verificando-se, com isso, uma crise de identidade, gerando, tambm, a denominada
homogeneizao cultural;

GLOBALIZAO E A PERDA DA IDENTIDADE CULTURAL

- 25

k) A dominao cultural no foi criada pela globalizao, esta a torna mais

evidente e pode at mesmo acentu-la, porm, o fenmeno remonta aos
primrdios da histria, estando ligado fora militar, poltica e econmica;
l) Mesmo que a globalizao apresente um impacto negativo sobre a
identidade cultural, defensvel afirmar-se que ela tambm favorece o
multiculturalismo, possibilitando a multiplicao de diversidades e uma maior troca
de conhecimentos;
m) Diante disto, uma vez que o Estado brasileiro no pode ficar alheio
globalizao e sofre as influncias do neoliberalismo, cabe a ele, fomentar a cultura
nacional, formulando polticas pblicas que salvaguardem o desenvolvimento e
facilitem o conhecimento das demais culturas.

Ius Gentium - Curitiba, ano 6, n. 12, p. 10 - 27, jul./dez 2012

26 - Edilson da Costa e Adriano Alves Klein

REFERNCIAS

CORRA, Rosa Lydia Teixeira. Cultura e diversidade. Curitiba: Ibpex, 2008.

DALLARI, Dalmo. Elementos da teoria geral do Estado. 24.ed. So Paulo: Saraiva,

2003.

DOURADO,
Jacqueline
Lima.
O
estado
neoliberal.
Vdeo
<http://www.youtube.com/watch?v=xxN3HOlCX7c> acesso em: 24 set. 2011.

aula.

FEATHERSTONE, Mike. O desmanche da cultura globalizao, ps-modernismo e

identidade. Traduo de Carlos Eugnio Marcondes de Moura. So Paulo: Studio
Nobel, 1997
GIDDENS, Anthony. As conseqncias da modernidade. Traduo de Raul Fiker. So
Paulo: Unesp, 1991.

_____. Mundo em descontrole: o que a globalizao est fazendo de ns. Rio de

Janeiro: Record, 2000.
HALL, Stuart. A identidade cultural na ps-modernidade. Traduo de Tomaz Tadeu
da Silva; Guaciara Lopes Louro. 11. ed. Rio da Janeiro: DP&A Editora, 2006.
HEGEL, Georg Willhem Friederich. Textos escolhidos. So Paulo: Abril Cultural, 1980.
IANNI, Octavio. A era do globalismo. Rio de Janeiro: Civilizao brasileira, 2002.
_____. Teorias da globalizao. 13. ed. Rio de Janeiro: Civilizao brasileira, 2006.
KRETSCHMANN, ngela. Universalidade dos direitos humanos e dilogo na
complexidade de um mundo multicivilizacional. Curitiba: Juru, 2008.
LIMA, Abili Lzaro Castro de. Uma reflexo sobre a poltica na ps-modernidade.
Revista da Faculdade de Direito da UFPR, v.36. pp. 51-59, 2001.
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocncio Mrtires; BRANCO, Paulo Gustavo
Gonet. Curso de direito constitucional. 4.ed. So Paulo: Saraiva, 2009.

GLOBALIZAO E A PERDA DA IDENTIDADE CULTURAL

- 27

PINTO, Celso. Folha de So Paulo. Conselho Editorial Pg.6. 21/12/2012. Disponvel

em <http://ni.faj.br/nourau/document/get.php/2471/Globaliza%E7%E3o.doc> Acesso
em 23 Ago. 2005.
POERNER, Arthur Jos. A identidade cultural na era da globalizao poltica
federal de cultura no Brasil. 2.ed. Rio de Janeiro: Revan, 2000.
RICUPERO, Rubens. O Brasil e o dilema da globalizao. 2.ed. So Paulo: Editora
Senac, 2001.
SANTOS, Theotonio dos. Do terror esperana auge e declnio do neoliberalismo.
Aparecida: Ideias e letras, 2004.
SEN, Amartya; KLIKSBERG, Bernardo. As pessoas em primeiro lugar: a tica do
desenvolvimento e os problemas do mundo globalizado. So Paulo: Cia. da Letras,
2010.
SILVA, De Plcido e. Vocabulrio jurdico. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
TOURAINE, Alain. Um novo paradigma: para compreender o mundo de hoje. 3.ed.
Petrpolis: Vozes, 2007.
VERD, Pablo Lucas. A luta pelo estado de direito. Rio de Janeiro: Forense, 2007.
VIEIRA, Liszt. Cidadania e globalizao. 8.ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.

WARNIER, Jean-Pierre. A mundializao da cultura. Traduo de Viviane Ribeiro.

Bauru: Edusc, 2000.
WILLEMS, E. Antropologia social. Traduo de Yolanda Leite. So Paulo: Difuso
Europia do Livro, 1962.

Ius Gentium - Curitiba, ano 6, n. 12, p. 10 - 27, jul./dez 2012