Ng7 SF Dimensão Cultura
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SABERES FUNDAMENTAIS NA DIMENSÃO
CULTURA
O conceito de cultura
Ao consultarmos o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, esbarramos com a seguinte
definição:
CULTURA - s.f. - Ação, efeito, arte ou maneira de cultivar; lavoura; (…); desenvolvimento das
capacidades intelectuais quer em geral quer no domínio particular: literária, artística, matemática,
filosófica; maneiras coletivas de pensar e de sentir; conjunto de costumes, instituições e de obras que
constituem a herança social de um grupo ou de uma comunidade; conjunto de ações do meio que
asseguram a integração de um indivíduo numa coletividade, sabedoria, apuro, elegância. Do latim
“cultura”.
In Costa, J. Almeida e Melo, A. Sampaio. Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora. Porto. 1979
Numa rápida pesquisa, podemos concluir que amiúdes vezes, o conceito sociológico e antropológico de
cultura é o mais vulgarizado, nos termos em que
foi definido pelo antropólogo Edward B. Tylor nos
finais do século século XIX:
“Cultura é todo aquele complexo que inclui o
conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os
costumes e todos os outros hábitos e capacidades
adquiridos pelo homem como membro da
sociedade.”
Imagem disponível em: http://desconversa.com.br/sociologia/resumo-
cultura/
“A palavra "cultura" aparece no fim do séc. XI. Designa, nomeadamente, um pedaço de terra trabalhada
para produzir vegetais e torna-se sinónimo de agricultura (...). Em meados do séc. XVI, o sentido figurado de
cultura do espírito começa a ser empregado pelos humanistas do Renascimento. É no séc. XVIII que a
cultura em ciências, letras e artes se torna um símbolo da filosofia das Luzes e que Hobbes designa por
"cultura" o trabalho de educação do espírito em particular durante a infância. O homem cultivado tem
gosto e opinião, requinte e boas maneiras. No séc. XIX, a palavra "cultura" tem por sinónimo "civilização".
Mas, ao passo que E. F. Tylor (1871) define a cultura através do desenvolvimento mental e organizacional
das sociedades, como "esse todo complexo que inclui os conhecimentos, as crenças religiosas, a arte, a
moral, os costumes e todas as outras capacidades e hábitos que o homem adquire enquanto membro da
sociedade", a antropologia cultural americana, uns sessenta anos mais tarde, insiste no desenvolvimento
material e técnico e na transmissão do património social. Segundo os culturalistas, a cultura, enquanto
modo de vida de um povo, é uma aquisição humana, relativamente estável mas sujeita a mudanças
contínuas que determina o curso das nossas vidas sem se impor ao nosso pensamento consciente.”
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Ao sistematizar as ideias contidas neste texto, conclui-se que a palavra "cultura" é pluridimensional e
pode significar, nomeadamente:
- terra trabalhada para produzir vegetais (agricultura);
- desenvolvimento do espírito;
- civilização (conhecimentos, crenças religiosas, arte, moral, costumes, capacidades e hábitos);
- desenvolvimento material e técnico;
- património social;
- modo de vida de um povo.
Adaptado de Pombo, António Pedro et all. À Descoberta da Sociologia,
Módulos 1,2,3 e 4, Porto Editora. Porto. 2011.
Por ter sido fortemente associada ao conceito de civilização no século XVIII, a noção de cultura muitas
vezes confunde-se com as de desenvolvimento, educação, bons costumes, etiqueta e comportamentos
elitistas. Daí a dicotomia (e, eventualmente, hierarquização) entre “cultura erudita” e “cultura popular”.
O conceito Cultura é também associado, comummente, a manifestações artísticas elevadas (eruditas)
como a pintura, escultura, arquitetura, literatura, a música, etc.
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Carlos Mendes de Sousa, professor universitário, ensaísta, 1960
“ Cultura é saber que a Lua controla as marés, que o som do violoncelo é o mais próximo da voz humana,
que no Butão há um índice de felicidade. É não ter preconceitos sobre a importância das coisas e estar
disponível para pôr em causa amanhã tudo o que hoje damos como certo. Ser culto há 40 anos devia dar
uma trabalheira logística e muita despesa. Papel, livros, jornais e revistas, sessões de cinema, palestras (só
o nome…). Agora, temos o mundo na mão, e só precisamos de o querer conhecer. De saber fazer escolhas e
ter espírito crítico. Pode visitar-se o Louvre sem sair do sofá. Há bibliotecas completas online. Podemos
escutar toda a obra de Mozart sem entrar numa sala de concertos. O acesso à cultura é mais democrático.”
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O conceito sociológico de cultura
A cultura é um fenómeno exclusivo do ser humano e representa tudo o que nele não é inato, não é
natural. Assim, sabemos que os atos de comer, beber, dormir, reproduzir-se e morrer são naturais no ser
humano mas que a forma como ele pratica ou organiza esses atos no seu quotidiano, no seu grupo, é
cultural.
Na cultura ocidental, comemos com talheres; na oriental, come-se com pauzinhos. Há culturas em que
se dorme a sesta. A nossa cultura é monogâmica, ou seja, só nos permite casar com uma pessoa de cada
vez, outras há que são poligâmicas e que consideram natural o casamento simultâneo com mais do que
uma pessoa. Os rituais fúnebres também variam largamente de cultura para cultura: em Portugal,
habitualmente, usamos o preto
como forma de luto, mas é o
branco que cumpre essa função
noutras culturas.
A cultura representa, pois, as
várias formas que o ser humano
encontrou de se relacionar com a
Natureza, inclusive com a sua
própria natureza, e de a
1- “Quando os sociólogos falam do conceito de cultura, referem-se a esses aspetos das sociedades humanas
que são aprendidos e não herdados. Esses elementos da cultura são partilhados pelos membros da
sociedade e tornam possível a cooperação e a comunicação. Eles formam o contexto comum em que os
indivíduos de uma sociedade vivem as suas vidas.”
2- “(...) é, obviamente, o todo integral constituído por implementos e bens de consumo, por cartas
constitucionais para os vários agrupamentos sociais, por ideias e ofícios humanos, por crenças e costumes.
Quer consideremos uma cultura muito simples ou primitiva, ou uma extremamente complexa e
desenvolvida, deparamo-nos com uma vasta aparelhagem, em parte material, em parte humana, em parte
espiritual, com a ajuda da qual o homem é capaz de lidar com os problemas concretos, específicos, com que
se defronta.”
B. Malinowski, "Que é cultura?", in Uma Teoria Científica da Cultura, Zahar, 3.ª edição
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Da análise destes textos podemos sintetizar as seguintes ideias relativamente ao significado sociológico
de cultura:
adequados (pauzinhos, talheres, pratos, copos, taças, etc.), que há determinados alimentos que se devem
comer e outros que não são permitidos, que há regras de cortesia e de boa educação durante as refeições.
- Os elementos culturais são partilhados por um determinado número de pessoas, as quais, ao fazê-lo,
constituem-se como uma comunidade distinta das demais. A cultura tem, assim, a função social de
organizar a interação dos indivíduos, de Ihes atribuir significado e de facilitar a vida em conjunto. O termo
cultura pode ser aplicado a uma sociedade global (por exemplo, a chamada "cultura ocidental", da qual
fazemos parte) mas também a grupos mais pequenos (a subcultura punk, por exemplo).
- A cultura concretiza-se num determinado modo de vida que compreende maneiras de pensar, de agir
e de sentir. Ou seja, a cultura determina os valores e as crenças dos indivíduos (o seu pensamento), os seus
comportamentos (condicionados precisamente por esses valores e essas crenças) e os seus sentimentos.
Tomemos o exemplo daquelas culturas onde a idade dos indivíduos é um bem extremamente
valorizado. Nelas, acredita-se que os idosos são pessoas sábias porque acumularam ao longo da sua
existência um conjunto vasto de saberes e de experiências, estando em vantagem sobre os mais novos. Por
isso, a autoridade dos idosos é inquestionável, as suas opiniões são respeitadas e todos sob a sua alçada
contribuem para o seu bem-estar.
Ao contrário, a cultura ocidental valoriza
sobretudo a juventude, a boa forma e a
beleza física, pelo que os idosos têm
dificuldade em encontrar um lugar próprio,
não só na família como na sociedade em
geral. Além disso, a rapidez vertiginosa a
que estas sociedades evoluíram nos últimos
anos tornou obsoletos os saberes antigos,
inutilizando social e culturalmente todos
Rancho Regional das Lavradeiras de Carreço - Imagem publicada em: aqueles que não se adaptaram,
http://bloguedominho.blogs.sapo.pt/viana-do-castelo-rancho-regional-das-4338714 nomeadamente a maioria dos idosos.
Ao conjunto de normas e símbolos que regem e unificam, numa dada cultura, as maneiras de agir,
pensar e sentir dos seus membros (ou seja, as práticas e comportamentos) chamamos padrão de cultura.
Por exemplo, a forma como nos vestimos, cumprimentamos e interagimos nos locais públicos
corresponde a comportamentos padronizados, dos quais nem sempre nos apercebemos mas que nos
permitem saber como agir e o que esperar dos outros em cada situação.
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Esta previsibilidade é, contudo, fundamental para a manutenção da coesão social, pois gera nos
indivíduos um sentimento de segurança do qual só se apercebem quando são confrontados com algo
diferente, inesperado ou bizarro (uma situação, um comportamento, uma imagem, etc.).
“A cultura de uma sociedade engloba tanto os aspetos intangíveis - as crenças, as ideias e os valores que
constituem o teor da cultura - como os aspetos tangíveis - os
objetos, os símbolos ou a tecnologia que representam esse
conteúdo.”
Anthony Giddens, op.cit.
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Apesar desta distinção, os aspetos materiais e espirituais da cultura não devem ser encarados
separadamente. De facto, eles influenciam-se mutuamente.
Na cultura hindu, a vaca é considerada um animal sagrado e, por isso, a sua carne é rejeitada na
alimentação. Neste exemplo, o espiritual condiciona o material, a crença dita o comportamento.
Inversamente, graças à proliferação do uso da informática e do telemóvel, os postais de boas festas
enviados pelo correio foram largamente substituídos pelas mensagens de correio eletrónico e SMS. Aqui, o
material condicionou o espiritual, a tecnologia modificou a tradição. Paralelamente à influência recíproca
entre elementos materiais e espirituais de cada cultura, que conduz à sua evolução ao longo do tempo, o
próprio ser humano é um agente produtor de
cultura.
“Diremos que o valor é uma maneira de ser ou de agir que uma pessoa ou uma coletividade reconhecem
como ideal e que faz com que os seres ou as condutas aos quais é atribuído sejam desejáveis ou estimáveis.
(...) Pode dizer-se que o valor se inscreve de maneira dupla na realidade: apresenta-se como um ideal que
solicita a adesão ou convida ao respeito; manifesta-se nas coisas ou nas condutas que o exprimem de
maneira concreta ou, mais exatamente, de maneira simbólica.”
Um valor é pois algo que, numa determinada cultura, se considera ideal ou desejável. Além disso, os
valores concretizam-se por intermédio das regras e das normas que, por sua vez, condicionam os
comportamentos.
“As ideias que definem o que é importante, útil ou desejável são fundamentais em todas as culturas.
Essas ideias abstratas, ou valores, atribuem significado e orientam os seres humanos na sua interação com
o mundo social. A monogamia - a fidelidade a um único parceiro sexual - é um exemplo de um valor
proeminente na maioria das sociedades ocidentais. As normas são as regras de comportamento que
refletem ou incorporam os valores de uma cultura. As normas e os valores determinam entre si a forma
como os membros de uma determinada cultura se comportam”
Anthony Giddens, op. cit.
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Os valores predominantes numa dada cultura podem estar descritos formalmente, nomeadamente em
textos institucionais, como as leis de cada país. Outros não estão formalizados mas apenas inscritos na
mente de cada indivíduo - são, por isso, informais -, não deixando de condicionar fortemente as suas ações.
A liberdade, por exemplo, é considerada um valor essencial em Portugal desde o 25 de Abril de 1974,
consagrado e regulamentado nos textos jurídicos: a liberdade de opinião, de expressão, de voto e de
associação, entre outras. Já a amizade, por seu turno, é um valor também globalmente aceite mas que não
está formalizado. A amizade pressupõe uma série de regras implícitas, como o dever de lealdade e o
companheirismo, e concretiza-se em comportamentos mais ou menos comuns, como a comunicação sob
variadas formas, o convívio e a partilha.
Uma das características principais dos valores é o facto de orientarem (ou mesmo determinarem) as
ações das pessoas e dos grupos. Os atores sociais, com efeito, não pensam, avaliam, decidem e escolhem
no vazio - fazem-no, sim, pautados por um sistema de referências em que acreditam e que consideram
desejável.
Outra sua característica é a relatividade espacial
e temporal. Os valores são sempre específicos de
uma sociedade particular, que os moldou e
adotou. Por esta razão, os valores não só variam de
cultura para cultura como igualmente dentro da
mesma cultura, entre os vários grupos que a
constituem e ao longo do tempo.
adere. Os valores são pois sempre específicos duma sociedade; são-no também dum tempo histórico,
porquanto variam não só no tempo como duma sociedade para outra.”
Guy Rocher, op. cit.
“As normas e os valores variam muitíssimo entre culturas. (...) Mesmo no seio de uma sociedade ou
comunidade, os valores podem ser contraditórios: alguns grupos ou indivíduos podem valorizar crenças
religiosas tradicionais, enquanto outros podem aprovar o progresso e a ciência. Há pessoas que preferem o
sucesso e o conforto material, outras favorecem a simplicidade e uma vida pacata.”
Anthony Giddens, op. cit.
A diversidade cultural
“Não são só as crenças culturais que variam de cultura para cultura. Também a diversidade do
comportamento e práticas humanas é extraordinária. AB formas aceites de comportamento variam
grandemente de cultura para cultura, contrastando frequentemente de um modo radical com o que as
pessoas das sociedades ocidentais consideram "normal". Por exemplo, no Ocidente moderno, as crianças de
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doze ou treze anos são consideradas demasiado novas para casar. No entanto, em outras culturas são
arranjados casamentos entre crianças dessas idades. No Ocidente, comemos ostras, mas não comemos
gatinhos e cachorros, e tanto uns como outros são considerados, em algumas partes do mundo, iguarias
gastronómicas. Os Judeus não comem carne de porco, enquanto os Hindus, embora comam porco, evitam a
carne de vaca. Os Ocidentais consideram o ato de beijar uma parte natural do comportamento sexual, mas
em muitas outras culturas esse ato ou é
desconhecido ou considerado de mau
gosto. Todos estes diferentes tipos de
comportamento são aspetos das grandes
diferenças culturais que distinguem as
sociedades umas das outras.”
Anthony Giddens, op. cit.
Cultura e socialização
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Contudo, como lemos anteriormente, para além da diversidade de valores no espaço, a evolução dos
valores no tempo, nas diferentes culturas e dentro de uma mesma sociedade condiciona a forma e o modo
de socializar.
Sendo a socialização um processo de transmissão de cultura, a forma como esta é transmitida constitui
também uma manifestação cultural própria e singular.
O dinamismo da cultura
As subculturas
O dinamismo das sociedades contemporâneas, cosmopolitas e multiculturais, é caracterizado por uma
pluralidade de manifestações culturais.
O conceito de subculturas refere-se, pois, às diferentes manifestações culturais presentes neste tipo de
sociedades, designando o conjunto de padrões de comportamentos, crenças, valores e interesses próprios
de determinados grupos sociais.
As subculturas mais significativas surgem associadas a movimentos culturais, artísticos e políticos que,
pela sua irreverência e criatividade, marcaram importantes transformações em diversos períodos da
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História contemporânea. Os movimentos hippie, punk e hip hop, entre outros, são exemplos ilustrativos de
subculturas com impacto entre os jovens e, posteriormente, nos valores e padrões de comportamento da
própria cultura dominante.
O conceito de subcultura relaciona-se estreitamente com o de contracultura, pois, muitas vezes, os
movimentos minoritários rejeitam e contestam radicalmente os valores e modos de vida dominantes na
sociedade.
A aculturação
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diretos e contínuos, dando origem a uma cultura nova ou a uma síntese híbrida das duas - tornou-se uma
das preocupações fundamentais das sociedades do presente.
Determinados autores defendem que, devido à rapidez da comunicação entre os diferentes países do
Globo, os traços originais das culturas nacionais tendem a enfraquecer a ou mesmo a perder-se, em favor
de culturas estrangeiras com maior poder de atração (efeito de homogeneização cultural).
Em reforço desta tese, apontam como paradigma a expansão dos bens e valores culturais do mundo
ocidental (representado principalmente pelos Estados Unidos da América mas também pela Europa) para
as restantes regiões do planeta, processo que designam por ocidentalização. Nesta aceção, a globalização
equivale a um poderoso instrumento de "imperialismo cultural", cujos agentes pretendem impor uma
cultura mundialmente uniforme (a ocidental), à custa da aniquilação dos hábitos e tradições de outros
povos.
Os programas televisivos de entretenimento, os blogues de opinião e debate existentes na Internet, as
imagens sedutoras da publicidade e os filmes de grande audiência no cinema são, neste contexto, alguns
dos mais eficazes veículos de difusão dos modelos culturais de matriz ocidental.
Outros autores, porém, encaram a globalização como um processo que conduz a uma crescente
diferenciação cultural. O mundo contemporâneo
caracteriza-se, segundo esta perspetiva, pela
coexistência de uma variedade de culturas, dando
a todos os indivíduos a oportunidade de escolher e
combinar formas culturais nacionais e estrangeiras.
Contrariamente, pois, à tese da
homogeneização, os adeptos da diferenciação
cultural consideram que a globalização amplia a
diversidade, fragmenta as formas culturais e gera
identidades culturais híbridas (isto é, compostas
quer por traços nacionais quer por influências
Imagem disponível na Internet em: http://free-stock- estrangeiras).
illustration.com/hip+hop+dancing
Ilustre-se esta ideia com o que se passa hoje na
indústria discográfica. Paralelamente ao inegável predomínio dos produtos anglo-saxónicos - o hip hop
norte-americano e a pop britânica, por exemplo, que têm liderado nos últimos anos as vendas de discos e o
número de downloads (música em formato digital disponível na Internet) -, outras expressões musicais,
dirigidas a públicos minoritários, têm conseguido penetrar neste mercado global altamente concorrencial. É
o caso da chamada world music, ou música étnica,
originária de países tão diversos como o Mali, o
Paquistão, a Irlanda ou Cuba.
O etnocentrismo cultural
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Tal atitude gera fenómenos de rejeição e, eventualmente, de conflito entre indivíduos portadores de
culturas diferentes.
A diversidade cultural é uma realidade, nomeadamente em locais como a Europa e os Estados Unidos da
América, mas esse facto nem sempre é pacífico ou bem aceite. Tem-se registado, nos últimos anos, um
aumento de sentimentos de intolerância e de manifestações de racismo - ou seja, de rejeição de indivíduos
de raça ou de etnia diferente - e de xenofobia - rejeição de indivíduos de nacionalidade diferente.
Vimos que a escola é responsabilizada pela reprodução das desigualdades sociais, na medida em que é
portadora de um currículo académico e de um "currículo
escondido" que se adequam às classes mais favorecidas da
sociedade - com maior poder simbólico e cultural - e que
excluem, por inadaptação, as crianças das classes menos
favorecidas. Com efeito, estas crianças são portadoras de
uma cultura diferente da cultura escolar, que o sistema de
ensino não valoriza nem está preparado para valorizar.
O mesmo acontece quando incluímos n este conceito de
"cultura diferente" as culturas das minorias étnicas, cada
vez mais presentes na nossa sociedade.
Imagem disponível na Internet em :
https://arquivopublicors.wordpress.com/tag/cultura-africana/ A imigração tem provocado profundas transformações
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demográficas em Portugal e, nessa medida, as escolas estão a tornar-se “instituições multiculturais por
excelência”. Para além da etnia cigana - desde há muito presente em Portugal e sempre vivendo grandes
dificuldades de integração social e escolar -, tem-se registado nos últimos anos uma forte corrente
imigratória vinda dos países africanos de expressão portuguesa (os PALOP) e, mais recentemente, dos
países do Leste da Europa e do Brasil.
No caso particular das crianças oriundas de África, que há décadas fazem parte da população escolar
portuguesa, jogam contra si a situação de pobreza e exclusão social em que frequentemente vivem, as
diferenças culturais e linguísticas face aos seus meios de origem, o tipo de linguagem utilizada, o analfa-
betismo ou a iliteracia dos pais e, ainda, a desconfiança e o distanciamento destes face à escola. O
insucesso escolar destes alunos é muito frequente e o abandono é precoce, aumentando a probabilidade
de se reproduzirem as desigualdades sociais, económicas e culturais que enfrentam.
Os alunos estrangeiros
“O número de alunos estrangeiros nas escolas portuguesas subiu 15,7 por cento nos últimos quatro
anos, de acordo com dados anunciados no 3.º Encontro de Educadores de Infância e Professores do 1.º Ciclo
do Ensino Básico, que dedica a reunião à
inclusão destes jovens. "É uma mudança rápida
que há que enquadrar com cuidado, até pela sua
dimensão, embora este não seja um facto novo,
já que há alunos estrangeiros em grande
quantidade nas escolas desde a independência
das antigas colónias", disse Diogo Santos, um
dos organizadores, citando dados oficiais. (...)
Sob o tema "Responder às diferenças - Uma
exigência da Escola no Séc. XXI", os participantes
tratarão de analisar as respostas a dar ao cres-
cente número de alunos de origens socioeconó- Imagem disponível na Internet em :
http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2014-06-13/estudantes-estrangeiros-
micas e culturais muito diversas. poderao-ser-incluidos-como-bolsistas-integrais-do-prouni.html
Números do Ministério da Educação mostram que, no ano letivo de 2003/2004, mais de 81 mil alunos
das escolas portuguesas eram naturais de países estrangeiros ou com ascendentes oriundos de outras
culturas e nacionalidades.
"Há escolas em que são maioria os alunos estrangeiros ou filhos de estrangeiros", disse Diogo Santos.”
O respeito pela diversidade e pelo pluralismo cultural tornou-se uma preocupação premente nos dias de
hoje, face também ao aumento dos conflitos étnicos e religiosos ao nível mundial. Numa época em que é
cada vez mais comum o convívio e/ou confronto entre indivíduos pertencentes a grupos culturais, étnicos e
religiosos distintos, a escola vê-se perante a necessidade de gerir a sua diversidade cultural interna e de
educar os jovens para uma cidadania plena.
Por essa razão, diversos autores defendem a aposta na educação intercultural enquanto modelo que
reconheça o valor insubstituível da diversidade, abrindo espaço às diferenças e subjetividades dos alunos, e
que procure alcançar maior justiça social, garantindo iguais oportunidades de sucesso escolar.
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A ARTE
Definições de arte
Pietro Maria Bardi, História da arte brasilera, 2.ª ed. São Paulo: Melhoramentos, 1975 (adaptado) e
http://www.ntecarazinho.relrs.g12.br/Oficina%20Front%20Page/arte3.htm.Maio 2010 (adaptado)
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Experiência estética
Todos nós somos inclinados a aceitar formas e cores convencionais como as únicas corretas. Por vezes,
as crianças pensam que as estrelas devem ter mesmo o formato estelar, embora não o tenham
naturalmente.
Os adultos que insistem em que, num
quadro, o céu deve ser azul e a relva
verde, não são muito diferentes dessas
crianças. Indignam-se se vêem outras
cores num quadro, mas se tentarmos
esquecer tudo o que ouvimos a respeito
de relva verde e céu azul, e olharmos o
mundo como se tivéssemos acabado de
chegar de outro planeta, numa viagem de
descoberta, e o víssemos pela primeira
vez, talvez concluíssemos que as coisas
são suscetíveis de apresentar as cores e
formas mais surpreendentes.
Fotografia artística - Imagem disponível na Internet em:
Ora, os artistas sentem, às vezes, como http://michaeldre.blogspot.pt/2014/09/fotografia-artistica.html
se estivessem empreendendo tal viagem
de descoberta. Querem ver o mundo como se fosse uma novidade e rejeitar todas as noções aceites e
todos os preconceitos sobre a carne ser rosada e as maçãs amarelas ou vermelhas. Não é fácil libertarmo-
nos dessas ideias preconcebidas, mas os artistas que conseguem fazê-Io produzem frequentemente as
obras mais excitantes. São eles quem nos ensinam a ver na natureza novas belezas de cuja existência nunca
havíamos sonhado. Se os acompanharmos e apreendermos através deles, até mesmo um relance de olhos
para fora da nossa própria janela poderá converter-se numa aventura emocionante.
Tendências literárias
O conceito de tendências literárias [ou estéticas literárias] está vinculado ao de estilo de época. 0 estilo
de época advém de um conjunto de normas que orienta e caracteriza as manifestações culturais de um
momento histórico. Esse conjunto de normas costuma atender aos padrões de gosto e às exigências
ideológicas da classe social dominante, a qual selecciona as manifestações artísticas a que se dá maior
projecção, e muitas vezes condena ao esquecimento formas artísticas de outras camadas sociais. Num
período artístico qualquer, coexistem diversos sistemas de normas estéticas, dos quais um se destaca por
motivos sociais e económicos e acaba por ser registado historicamente, passando a ser tomado como
sinónimo artístico de determinada época.
Além disso, o conceito de período literário pode criar alguns equívocos. Podemos, por exemplo,
desenvolver a falsa impressão de que os limites cronológicos de um período são rigorosos. Lembremo-nos
sempre de que cada período se insere num processo, e que as datas apontadas como limite são na
realidade mera indicação de factos significativos das transformações literárias.
Ulisses Infante, Textos de leitura e escritas: literatura. língua e redação, vol. 1. São Paulo: Scipione. Disponível em :
http://www.pg.cefet.br/croeme/espacoarte/estudar.htm. Junho de 2010
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A arte fala da cultura de uma época
A noção de que há uma estrutura subjacente, um mundo dentro do mundo do átomo, captou
imediatamente a imaginação dos artistas. A arte posterior a 1900 é diferente de toda a arte que a
precedeu, como pode ser constatado em qualquer pintor original da época. (...) A arte moderna e a física
moderna nasceram ao mesmo tempo, porque a mesma ideia lhes deu origem.
O século XX mudou o objeto dos seus interesses. À semelhança do que fazem os raios X de Röntgen,
passaram a buscar os ossos por baixo da pele e as estruturas sólidas profundas que, de dentro para fora,
suportam a forma total de um objeto ou de um corpo. Pintores tais como Juan Gris estão engajados na
análise da estrutura, quer se trate de formas naturais, como em Natureza-Morta, quer se trate do corpo
humano, como em Pierot.
Os pintores cubistas, por exemplo,
obviamente inspiram-se nas formas dos cristais.
Nelas vêem a forma de um vilarejo construído
em uma encosta, como o fez Georges Braque na
sua Casas em L'Estaque, ou num grupo de
mulheres, como Picasso as pintou em As
Donzelas de Avinhão.
(...) Existem duas diferenças nítidas entre
uma obra de arte e um escrito científico. A
primeira é que na obra de arte o pintor divide o
mundo em pedaços e recompõe-no novamente,
numa mesma tela. A segunda é dada pelo facto
de podermos acompanhar os seus pensamentos
enquanto trabalha. O escrito científico é
deficiente nessas duas atribuições.
Frequentemente é apenas analítico; e, quase
invariavelmente, esconde o processo de Várias obras de Andy Warhol - Imagem disponível na Internet em;
pensamento na sua linguagem impessoal. http://blogdarafa.com/2013/02/28/pop-art-de-andy-warhol/
Jacob Bronowski, 1992, A escala do Homem, São Paulo: Martins Fontes [adaptado)
No iniciar de qualquer investigação ou estudo, bem como no decorrer da elaboração de todo 0 trabalho,
é essencial pesquisar e estudar literatura relacionada com 0 tema e trabalhos de investigação dentro da
área, bem como procurar um público-alvo onde possa incidir a observação (direta, indireta, participante ou
não participante) ou inquirição (inquérito, questionário, entrevista).
Investigação e pesquisa
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envolvimento do cozinheiro com o ato de cozinhar e das suas habilidades técnicas na cozinha. O sucesso de
uma pesquisa também dependerá do procedimento seguido, do seu envolvimento com a pesquisa e de sua
habilidade em escolher 0 caminho para atingir os objetivos da pesquisa. [...]
Pesquisar é um conjunto de ações propostas para encontrar a solução para um problema, que tem por
base procedimentos racionais e sistemáticos. A pesquisa é realizada quando se tem um problema e não se
tem informações para solucioná-lo. [...]
. Do ponto de vista da sua natureza pode ser básica ou aplicada.
. Do ponto de vista de seus objetivos pode ser exploratória, descritiva ou explicativa.
. Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, pode ser bibliográfica, documental, experimental, por
levantamento ou por estudo de caso.
Sofia Barrocas, in Notícias Magazine, n.º 923. 31 de janeiro de 2010 (com supressões)
Faça uma análise/pesquisa bibliográfica acerca do tema escolhido para que posteriormente seja capaz
de realizar o trabalho onde sejam tratadas as subtemáticas a aborda.
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1- Rosto (nele devem constar: o título do trabalho, o nome do candidato e a data de apresentação);
2 - índice (como se de um "livro" se tratasse);
3 – Introdução (nela deve constar a forma como vai desenvolver o seu trabalho e uma abordagem
sintética ao tema que vai abordar);
4 - Execução/desenvolvimento do trabalho (aprofundamento das temáticas tratadas);
5 - Conclusão (nela deve constar um pequeno resumo dos aspetos principais do trabalho elaborado e
uma reflexão pessoal e crítica acerca do que foi tratado);
6 - Bibliografia (livros. jornais. revistas ou enciclopédias consultadas. sítios da internet pesquisados e
utilizados com a respetiva data de consulta).
Comentário pessoal e crítico, refletindo acerca do que aprendeu com a realização do trabalho.
NOTA: O que se pretende não é um "plágio" de conteúdos. Dê especial atenção a isso e à linguagem e
clareza do texto construído.
Para saber mais sobre a evolução da arte ao longo da História, particularmente nas décadas
mais recentes consulte os documentos:
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