Bioquímica Clínica Proteínas
Bioquímica Clínica Proteínas
Bioquímica Clínica Proteínas
Aminoácidos e Proteínas
1. INTRODUÇÃO
As proteínas são os constituintes básicos da vida, tanto que seu nome deriva
da palavra grega "proteios", que significa "em primeiro lugar", elas têm papel
fundamental no organismo, agindo na reparação e construção de tecidos.
Aproximadamente 75% da matéria sólida do corpo é constituída por proteína ou
possui proteínas como componentes importantes. Isto inclui proteínas estruturais,
enzimas, genes, proteínas transportador, proteínas musculares, etc.
Para compreender a química, a estrutura básica e fundamentalmente as
funções das proteínas precisamos iniciar o estudo a partir de suas unidades
formadoras: os aminoácidos.
A análise de um grande número de proteínas de quase todas as fontes
conhecidas mostrou que todas elas são constituídas de aminoácidos. Os
aminoácidos comuns são conhecidos como α-aminoácidos, porque possuem grupo
amino primário (–NH2), um grupo carboxílico (–COOH), um átomo de hidrogênio e
um grupo variável (grupo R) ligados a um átomo de carbono quiral (figura 2-1).
As únicas excessões a essa regra são a glicina que não apresenta carbono
quiral e a prolina que possui um grupo imino (amina secundária).
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2. CLASSIFICAÇÃO
Uma das formas mais utilizadas para classificação dos aminoácidos se baseia
na característica química das cadeias laterais (radical R). Tal classificação é
importante pois enfatiza o papel que os aminoácidos podem desempenhar na
estrutura das proteínas. De acordo com esse esquema existem três tipos principais
de aminoácidos: (I) os com grupo R apolar, (2) os com grupos R polares não-
carregados e (3) os com grupos R polares carregados positivamente ou
negativamente (figura 2-2).
Figura 2-2: Estrutura e Classificação dos Aminoácidos Protéicos
Apolares (Hidrofóbicos)
Prolina Triptofano
Metionina Fenilalanina
Polares (Hidrofílicos)
Polares sem carga Polares com carga positiva Polares com carga negativa
(Ácidos) (Básicos)
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Histidina Lisina
Serina Treonina
Aspartato Glutamato
Cisteína
Glutamina
Arginina
Asparagina
Tirosina
3. SIMBOLOGIA E NOMENCLATURA
Na nomenclatura dos aminoácidos, a numeração dos carbonos da cadeia
principal é iniciada a partir do carbono da carboxila.
Símbol
Nome Abreviação Nomenclatura
o
Ácido 2-aminoacético ou Ácido 2-amino-
Glicina Gly G
etanóico
Ácido 2-aminopropiônico ou Ácido 2-amino-
Alanina Ala A
propanóico
Ácido 2-aminoisocapróico ou Ácido 2-amino-
Leucina Leu L
4-metil-pentanóico
Ácido 2-aminovalérico ou Ácido 2-amino-3-
Valina Val V
metil-butanóico
Ácido 2-amino-3-metil-n-valérico ou ácido 2-
Isoleucina Ile I
amino-3-metil-pentanóico
Prolina Pro P Ácido pirrolidino-2-carboxílíco
Ácido 2-amino-3-fenil-propiônico ou Ácido 2-
Fenilalanina Phe F
amino-3-fenil-propanóico
Serina Ser S Ácido 2-amino-3-hidroxi-propiônico ou
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Ácido 2-amino-3-hidroxi-propanóico
Treonina Thr T Ácido 2-amino-3-hidroxi-n-butírico
Ácido 2-bis-(2-amino-propiônico)-3-
Cisteina Cy C dissulfeto ou Ácido 3-tiol-2-amino-
propanóico
Ácido 2-amino-3-(p-hidroxifenil)propiônico
Tirosina Tyr Y
ou paraidroxifenilalanina
Asparagina Asn N Ácido 2-aminossuccionâmico
Glutamina Gln Q Ácido 2-aminoglutarâmico
Aspartato ou Ácido 2-aminossuccínico ou Ácido 2-amino-
Asp D
Ácido Aspártico butanodióico
Glutamato ou
Glu E Ácido 2-aminoglutárico
Ácido Glutâmico
Arginina Arg R Ácido 2-amino-4-guanidina-n-valérico
Ácido 2,6-diaminocapróico ou Ácido 2, 6-
Lisina Lys K
diaminoexanóico
Histidina His H Ácido 2-amino-3-imidazolpropiônico
Triptofano Trp W Ácido 2-amino-3-indolpropiônico
Metionina Met M Ácido 2-amino-3-metiltio-n-butírico
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Para representarmos a configuração absoluta das formas isoméricas dos
aminoácidos, utilizamos a projeção de Fischer, onde o Carbono α (C α) no centro e
no plano do papel, a COO- e o grupo R na vertical (com a COO- na parte superior).
Em um dos aminoácidos, a posição do grupo amina no lado esquerdo ou do
lado direito do Cα determina a designação L ou D, respectivamente. Os
aminoácidos que ocorrem em proteínas são todos de forma L. Embora os
aminoácidos D ocorram na natureza, mais frequentemente em paredes celular de
bactérias e em alguns antibióticos, eles não são encontrados em proteínas.
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Isto ocorre, porque a ligação peptídica, na verdade, apresenta uma estrutura
de ressonância (figura 2-6), tendo um caráter de dupla ligação. Após a união, os
aminoácidos passam a ser chamados de resíduos, orientados da região amino-
terminal (N-terminal – esquerda) para a região carboxi-terminal (C-terminal –
direita).
A reação descrita na figura 2-6 jamais ocorre dessa forma. Nos seres vivos, a
união dos aminoácidos por ligação peptídica não é realizada de forma direta entre
eles, mas através de um complexo aparato de síntese protéica, que inclui ácidos
nucléicos, ribossomos, várias proteínas e enzimas. A equação apresenta apenas o
resultado líquido do processo.
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A estrutura secundária é resultado dos ângulos formados pelas ligações
peptídicas que unem os aminoácidos. A conformação espacial é mantida graças às
interações intermoleculares entre os aminoácidos. Muitas vezes, estas ligações
forçam a proteína a assumir uma forma helicoidal, como uma corda enrolada em
torno de um tubo imaginário. Esta forma, a mais comum, é chamada de α-hélice.
Outra forma na estrutura secundária é a β-folha (ou folha β pregueada). Nas β-
folhas, um segmento da cadeia interage com outro, paralelamente (figura 2-7).
A α-hélice e β-folha estabilizam-se por pontes de hidrogênio entre o
nitrogênio e o oxigênio dos grupos –NH e –C=O, constituintes das unidades
peptídicas. Embora a ponte de hidrogênio seja uma ligação fraca, o elevado
número dessas ligações confere grande estabilidade a estrutura secundária.
A estrutura terciária (figura 2-8) é a conformação espacial da proteína, como
um todo, e não de determinados segmentos particulares da cadeia protéica. A
forma das proteínas está relacionada com sua estrutura terciária, que é o
resultado de todas as interações entre os aminoácidos da proteína e da interação
da proteína com o meio.
Os aminoácidos com grupo R hidrofóbicos agrupam-se no interior da
proteína, longe da água e dos íons do ambiente onde a proteína se encontra,
deixando os aminoácidos com grupo R hidrofílicos na superfície da estrutura
proteíca. As regiões como os "sítios ativos", "sítios regulatórios" e “motivos” são
propriedades da estrutura terciária.
O arranjo tridimensional (ou conformação) dos átomos da proteína na
estrutura terciária é de extrema importância porque geralmente coincide com a
chamada estrutura nativa, a estrutura que confere à proteína uma função
biológica específica.
As interações que mantêm a estrutura terciária estável são de diferentes
tipos: pontes de hidrogênio (estabelecida entre os grupos R dos aminoácidos),
α- Pontes de
interações hidrofóbicas
hélice
(formadas entre as Hidrogênio
cadeias laterais hidrofóbicas dos
aminoácidos apolares), ligações eletrostáticas ou iônicas (interações entre grupos
com cargas opostas) e as pontes dissulfeto (formadas entre dois resíduos de
cisteína) (figura 2-9).
Pontes de 9
Hidrogênio
Figura 2-8: Exemplo de Estrutura Terciária
Certas proteínas, tal como a hemoglobina, são compostas por mais de uma
unidade polipeptídica (cadeia protéica). A conformação espacial destas cadeias,
juntas, é que determina a estrutura quaternária (figura 2-10). Esta estrutura é
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mantida pelas mesmas forças que determinam as estruturas secundárias e
terciárias.
Proteínas plasmáticas
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METABOLISMO DAS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS
A concentração das proteínas plasmáticas é determinada por três fatores
principais: velocidade de síntese, velocidade do catabolismo e o volume de líquido
no qual as proteínas estão distribuídas.
HIPERPROTEINEMIA
Desidratação: A desidratação causa o aumento (relativo) de todas as frações
protéicas na mesma proporção. Pode ser promovida pela inadequada ingestão de
líquidos ou perda excessiva de água (vômito, diarreia intensa, enfermidade de
Addison ou acidose diabética).
HIPOPROTEÍNEMIA
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Aumento do volume plasmático: Hemodiluição por intoxicação hídrica, também
como na cirrose quando a ascite está presente.
HAPTOGLOBINA (HAP)
É uma glicoproteína sintetizada nos hepatócitos e, em pequenas quantidades,
nas células do sistema retículo endotelial destinada ao transporte da hemoglobina
livre no plasma para o sistema retículo endotelial onde é degradada. A
hemoglobina não ligada à haptoglobina é filtrada pelos glomérulos e precipita nos
túbulos causando enfermidade renal severa. Isto normalmente não ocorre com o
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complexo haptoglobina-hemoglobina que é muito grande para ser filtrado,
prevenindo, assim, lesões renais e a perda de ferro. O complexo é degradado no
fígado ou sistema retículo endotelial, o que explica o teor reduzido de haptoglobina
após episódios hemolíticos. Determinações isoladas desta fração é de pouca
utilidade; determinações seriadas, entretanto, são empregadas para monitorar
estados hemolíticos.
Valores de referência: recém-nascidos 5-48 mg/dL; adultos: 34-215 mg/dL.
Valores aumentados: Queimaduras, infecções agudas, terapia com corticóide, a
ndrogênios, doenças do colágeno, neoplasias e síndrome nefrótica – onde grande
quantidade de proteínas de baixa massa molecular são perdidas.
Valores reduzidos: Hemólise intravascular, doenças severas do fígado, estrogênio
s, anemia megaloblástica, hematomas, gravidez, mononucleose infecciosa, reações
de transfusão e malária. Nestes dois últimos casos, são frequentes as solicitações
de haptoglobina acompanhada de lactato desidrogenase e hemoglobina.
FIBRINOGÊNIO
O fibrinogênio é uma glicoproteína sintetizada pelo fígado. Atua como
substrato para a ação da enzima trombina. É composta por três diferentes pares de
cadeias polipeptídicas ligadas por pontes dissulfeto, que sob a ação da trombina
formam fibrinopeptídios A e B. A deficiência de fibrinogênio pode resultar da falta
de produção da molécula normal (afibrinogenia ou hipofibrogenia) ou da produção
de uma proteína estruturalmente anormal (disfibrinogenia).
Valores de referência: 200 a 450 mg/dL.
Valores aumentados: Doenças inflamatórias agudas e crônicas, síndrome
nefrótica, doenças hepáticas/cirrose, gravidez, estrogênio terapia e coagulação
intravascular compensada.
Valores reduzidos: Coagulação intravascular aguda ou descompensada, doença
hepática avançada, terapia com L-asparaginase, terapia com agentes fibrinolíticos
(estreptoquinase, uroquinase e ativadores de plasminogênio tissular),
disfibrinogenemia congênita – onde os indivíduos afetados podem ser
assintomáticos ou apresentar episódios esporádicos de sangramento.
IgA: Aproximadamente 10-15% das imunoglobulinas séricas são IgA. Existe outra
forma de IgA, provavelmente mais importante, chamada IgA secretora. É
encontrada nas lágrimas, suor, saliva, leite, colostro, secreções gastrointestinais e
brônquicas. A IgA fornece proteção da área externa contra microorganismos.
IgD: Constitui menos que 1% das imunoglobulinas totais. Sua estrutura é similar a
IgG. Muitas vezes estão presentes associadas ao monômero IgM, na superfície dos
linfócitos B. Sua função é desconhecida.
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Esse monitoramento deve ser realizado por meio de exames bioquímicos, para
diagnóstico nutricional precoce e para a conduta nutricional mais adequada.
A tabela a seguir apresenta os dados bioquímicos de um paciente gastrectomizado
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9. Defina estrutura primária, secundária, terciária e quaternária de uma proteína e
indique as forças moleculares que matem essas estruturas estáveis.
Fibrinogênio – O fibrinogênio é uma proteína abundante no plasma que desempenha papel fundamental na
hemostasia*. Nas reações inflamatórias, tem provável papel no reparo tecidual e na cicatrização. A dosagem
sanguínea do fibrinogênio permite ao médico saber se a pessoa está em fase aguda de uma doença ou se a
A molécula de fibrinogênio é composta por duas subunidades ligadas por uma ponte dissulfato (dois átomos de
enxofre). A clivagem desta molécula pela trombina resulta em dois fibrinopeptídeos, e a molécula resultante
polimeriza-se e mantém-se estável devido ao fator XIII e a pontes interplaquetárias (ligação do fibrinogênio a
glicoproteínas IIb/IIIa) formando a fibrina. Por meio de receptores semelhantes aos das glicoproteínas IIb/IIIa, o
fibrinogênio interage com o endotélio e interfere na adesão das moléculas, motilidade e organização do
citoesqueleto**. Uma vez formada a fibrina, estimula a adesão, a dispersão e a proliferação de células endoteliais.
O que é uma estrutura primária de uma proteína? Quais as forças químicas que as mantêm?
A estrutura primária de uma proteína é a sequência de resíduos de aminoácidos, que são mantidos pela ligação
covalente entre o grupo amino e o grupo ácido de seus constituintes
As estruturas secundárias, terciárias e quaternárias de um aminoácido é determinada por sua sequência de
aminoácidos, ou seja, estrutura primária, pois a maioria das desnaturações são reversíveis.Também caso ocorra
uma modificação na sequencia de aminoácidos uma proteína pode ser totalmente modificada provando a
importância dessa estrutura. .Ela determina como a proteína se dobra em uma estrutura tridimensional e com isso
determina sua função.
5-) Quais forças mantêm as estruturas secundárias e terciárias das proteína?
As estrutura secundárias são mantidas por ligações de hidrogênio ente o átomo de Hidrogênio ligado ao átomo de
Nitrogênio eletronegativo de um ligação peptídica, e um Oxigênio eletronegativo do grupo carbonila do quarto
aminoácido na extremidade aminoterminal dessa ligação peptídica. Já a estrutura terciária são mantidas pelas
ligações entre os grupos R´s, por pontes de hidrogênio, Van der Walls,ponte de dissulfeto, interações hidrofóbicas
e pontes salinas.
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