CNI Saneamento
CNI Saneamento
CNI Saneamento
Número do caderno: 25
Brasília
2018
1
2
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
PRESIDENTE
Robson Braga de Andrade
1º VICE-PRESIDENTE
Paulo Antonio Skaf
2º VICE-PRESIDENTE
Antônio Carlos da Silva
3º VICE-PRESIDENTE
Paulo Afonso Ferreira
VICE-PRESIDENTES
Paulo Gilberto Fernandes Tigre
Flavio José Cavalcanti de Azevedo
Glauco José Côrte
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira
Edson Luiz Campagnolo
Jorge Parente Frota Júnior
Eduardo Prado de Oliveira
Jandir José Milan
José Conrado Azevedo Santos
Antonio José de Moraes Souza Filho
Marcos Guerra
Olavo Machado Júnior
1º DIRETOR FINANCEIRO
Francisco de Assis Benevides Gadelha
2º DIRETOR FINANCEIRO
José Carlos Lyra de Andrade
3º DIRETOR FINANCEIRO
Alexandre Herculano Coelho de Souza Furlan
1º DIRETOR SECRETÁRIO
Jorge Wicks Côrte Real
2º DIRETOR SECRETÁRIO
Sérgio Marcolino Longen
3º DIRETOR SECRETÁRIO
Antonio Rocha da Silva
DIRETORES
Heitor José Müller
Carlos Mariani Bittencourt
Amaro Sales de Araújo
Pedro Alves de Oliveira
Edílson Baldez das Neves
Roberto Proença de Macêdo
Roberto Magno Martins Pires
Rivaldo Fernandes Neves
Denis Roberto Baú
Carlos Takashi Sasai
João Francisco Salomão
Julio Augusto Miranda Filho
Roberto Cavalcanti Ribeiro
Ricardo Essinger
CONSELHO FISCAL
TITULARES
João Oliveira de Albuquerque
José da Silva Nogueira Filho
Francisco de Sales Alencar
SUPLENTES
Célio Batista Alves
José Francisco Veloso Ribeiro
Clerlânio Fernandes de Holanda
3
SANEAMENTO BÁSICO:
UMA AGENDA REGULATÓRIA E INSTITUCIONAL
Brasília
2018
4
Ó 2018. CNI – Confederação Nacional da Indústria.
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.
CNI
Diretoria de Relações Institucionais – DRI
FICHA CATALOGRÁFICA
C748c
CDU: 628.2
CNI
Confederação Nacional da Indústria Serviço de Atendimento ao Cliente - SAC
Sede
Setor Bancário Norte Tels.: (61) 3317-9989 / 3317-9992
Quadra 1 – Bloco C [email protected]
Edifício Roberto Simonsen
70040-903 – Brasília – DF
Tel.: (61) 3317-9000
Fax: (61) 3317-9994
http://www.portaldaindustria.com.br/cni/
5
SUMÁRIO
RESUMO EXECUTIVO .................................................................................................. 9
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 12
4 RECOMENDAÇÕES ................................................................................................. 36
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 45
8
RESUMO EXECUTIVO
A cada ano, torna-se menos realista a meta do Plano Nacional de Saneamento Básico
de garantir, até 2023, que 100% do território nacional seja abastecido por água potável
e que, até 2033, 92% dos esgotos sejam tratados. Caso sejam mantidos os níveis
recentes de investimento, a universalização dos serviços seria atingida apenas
após 2050: mais de vinte anos de atraso (CNI, 2017b).
Apesar dos esforços do Governo Federal em reverter a grave situação, a escassez dos
recursos públicos, a falta de regulação, a incapacidade de planejar e a incapacidade de
investir demanda uma revisão do modelo adotado desde a década de 1970.
Cerca de 72% dos municípios em que há participação privada são compostos por até
50 mil habitantes. Assim como a ideia de que a participação privada gera aumento
significativo das tarifas: o setor privado pratica tarifas de cerca de 11 centavos acima
das tarifas observadas nas companhias estaduais.
9
Contudo, é de extrema importância que ocorra a construção de análises robustas dos
mercados potenciais e de uma regulação bem estruturada. É preciso mapear as
localidades dependentes da intervenção governamental e que necessitem de subsídios
a apoio técnico no planejamento, sem que essa dinâmica seja o padrão – mas sim a
exceção realmente necessária. Somente com clareza será possível desenvolver o
saneamento brasileiro.
RECOMENDAÇÕES:
5 Criar meios para que o planejamento do setor seja realizado com qualidade
(com fiscalização, capacitação e definição de parâmetros).
11
INTRODUÇÃO
Essa mudança estrutural precisa ser refletida para o Brasil. Temos baixos níveis de
atendimento, uma rede em estado avançado de depreciação e grande ineficiência na
gestão das companhias. O setor é constituído por um modelo majoritariamente definido
na década de 70 do século passado que, apesar de uma legislação recente (de 2007),
ainda é baseado nos mecanismos antigos de grande dependência dos recursos
federais, com a maior parte da prestação dos serviços sendo estaduais e públicas.
12
dentro de uma lógica econômica, que precisa ter a eficiência e a atratividade como
premissas relevantes para a prestação de serviços de qualidade.
13
1 A IMPORTÂNCIA DO SANEAMENTO BÁSICO
De acordo com estimativas feitas pelo Instituto Trata Brasil (2017), a redução dos custos
com saúde, gerada pela universalização dos serviços de água e esgoto, chegaria a R$
1,45 bilhão ao ano (valores de 2017) no Brasil, sem considerar todos os inestimáveis
ganhos associados à redução da mortalidade infantil.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)1 estima que no Brasil, em 2016,
mais de 3 mil crianças com menos de 5 anos morreram em razão de diarreia, como
resultado do baixo acesso à água tratada, ao saneamento e a condições adequadas de
higiene. Outras causas de mortalidade, como a prematuridade, também podem ser
ocasionadas pela falta de acesso à água tratada e ao saneamento (Trata BRASIL,
2017).
1
Banco de dados da UNICEF. Disponível em: <https://data.unicef.org/resources/>
8
beneficiadas com a valorização do imóvel, decorrente da expansão do saneamento.
(CNI, 2014a).
Além dos efeitos gerados para a indústria ofertante, a expansão dos serviços de
saneamento tem impacto significativo na indústria usuária dos recursos hídricos. A
insuficiência dos serviços gera o despejo de resíduos sem destinação adequada, por
vezes dispostos diretamente nos corpos d’água receptores dos efluentes (Figura 2).
Essa situação compromete a qualidade da água, o que pode inviabilizar o atendimento
9
de usos a jusante, como o de uso industrial e o consumo humano (Agência Nacional
das Águas, 2017).
2
Classificações da capacidade de diluição (Disponibilidade Hídrica / População Urbana em
L/hab.dia): Ilimitada (possibilidade de lançamento no mar); Ótima (maior do que 11 mil
L/hab.dia), Boa (entre 4,5 mil e 11 mil L/hab.dia), Regular (entre 2 mil e 4,5 mil L/hab.dia), Ruim
(entre 300 e 2 mil L/hab.dia), Péssima (menor do que 300 mil L/hab.dia) e Nula (corpo receptor
efêmero ou intermitente, sem vazão de diluição).
10
Figura 3 – Distribuição da capacidade de diluição dos esgotos por município
Fonte: Elaboração própria, com base em dados da Agência Nacional das Águas (2017).
De acordo com o Atlas Esgotos (ANA, 2017), mais de 110 mil km de trechos de rio estão
com a qualidade comprometida devido ao excesso de carga orgânica, sendo que, para
83.450 km, não é permitida a captação para abastecimento público, devido à poluição
hídrica. Com relação aos outros 27.040 km de rios, é permitido captar, mas o tratamento
tem que ser avançado.
11
Figura 4 – Municípios com capacidade de diluição dos esgotos ruim, péssima e
nula e com produção industrial comparativamente significativa¹
Fonte: Elaboração própria, com base em dados da Agência Nacional das Águas (2017) e do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2012).
¹ foram considerados 25% dos municípios brasileiros com maior produção industrial em 2012.
3
Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE): é a classificação oficialmente
adotada pelo Sistema Estatístico Nacional na produção de estatísticas por tipo de atividade
econômica e pela Administração Pública, na identificação da atividade econômica em cadastros
e registros de pessoa jurídica.
12
pelos serviços prestados às empresas (13,7%) e pela indústria de máquinas e
equipamentos (4,6%).
Conforme mostra o Quadro 1, o efeito total resultante da situação descrita pode ser
decomposto em três efeitos específicos: a) efeito direto, correspondente ao choque
inicial aplicado; b) efeito indireto, representado pelo impacto do choque inicial sobre as
variáveis dos setores acionados; e c) efeito renda, decorrente dos impactos do choque
inicial sobre os rendimentos do trabalho e, por conseguinte, sobre o consumo das
famílias.
13
Quadro 1 – Esquema de avaliação de impacto proveniente de um choque sobre
um dado setor da economia
4
Estimativa de investimento adicional, oriundo de um potencial sistema de créditos PIS-COFINS.
14
Tabela 1 - Efeitos do aumento de R$ 3,8 bilhões no investimento de saneamento
sobre o valor bruto da produção da economia
5
O Instituto Trata Brasil estima que a universalização dos serviços de saneamento básico, até
2030, geraria benefícios econômicos e sociais superiores a R$ 500 bilhões (INSTITUTO TRATA
BRASIL, 2017).
15
2 DESAFIOS DO SANEAMENTO BRASILEIRO
O Gráfico 2 mostra esse fato, mediante a inserção de uma simples linha de tendência
per capita, contendo a associação positiva entre PIB per capita e tratamento de esgoto.
Seria esperável que, para o nível de PIB per capita do Brasil, a cobertura de tratamento
de esgoto fosse maior.
Gráfico 2 - Relação entre PIB per capita e tratamento de esgoto por país (2010)
8
Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e
tomando por base o ano de 2016, 83% da população era atendida por rede de água.
Contudo, cabe salientar a grande variação entre as regiões do país: o índice de
atendimento é de apenas 55%, na Região Norte, chegando a 91%, na Região Sudeste.
9
Com relação ao tratamento de esgotos, a Região Norte, mais uma vez, é a que menos
trata o esgoto gerado (apenas 18%), enquanto a Região Centro-Oeste é a que mais
trata o esgoto produzido (53%).
10
Gráfico 4 – População brasileira com rede coletora de esgoto (%)
Contudo, quando avaliamos a evolução dos atendimentos de tais serviços, vemos que,
caso não haja novas ações que mudem a conduta das políticas públicas para o setor,
nenhuma das metas será atendida. A previsão de atraso é de cerca de 20 anos. Ou
seja, a universalização dos serviços só ocorrerá após 2050 (CNI, 2017b).
De acordo com o Banco Mundial (2017), o saneamento brasileiro enfrenta três principais
ineficiências: a subcobrança de receita, as perdas técnicas (reais e aparentes) e os
subpreços. A subcobrança de receita está associada à falta de pagamento das tarifas
de água e esgoto, por conta das dificuldades encontradas resultantes da interrupção da
11
prestação dos serviços e também da cobrança em áreas isoladas e irregulares. As
perdas reais, por sua vez, são aquelas em que o volume de água é disponibilizado no
sistema e não é utilizado pelos clientes, como no caso dos vazamentos. Por fim, as
perdas aparentes são aquelas em que o volume utilizado não é computado de forma
adequada, como ocorre nos erros de medição. Já os subpreços levam a um consumo
elevado e ao desperdício dos escassos recursos hídricos.
12
Gráfico 5 – Histórico da média nacional do nível de perdas
13
2.3 Regulação inadequada
Enquanto outros setores obtiveram seu marco regulatório nos anos 1990 como o elétrico
(Lei 9.427/96) e o de telecomunicações (Lei 9.472/97), a ausência de regulação no
saneamento, até 2007, intensificou uma série de ineficiências, como a impossibilidade
de ampliação dos investimentos em decorrência da falta de regras, o que contribuiu para
o relativo atraso do setor.
14
Gráfico 6 – Municípios brasileiros regulados em saneamento
No caso brasileiro, a realidade financeira e técnica dos municípios faz com que o
excesso de pulverização das agências reguladoras aumente os riscos de captura do
órgão regulador, provocando severa redução do potencial técnico necessário à
atividade. As dezenas de entes reguladores também geram custos, sem que haja
resultados efetivos dessas entidades.
15
conduta de improvisação frente aos acontecimentos. Infelizmente, esses aspectos não
têm sido considerados no planejamento federal do setor.
Fonte: Elaboração própria, com base em dados do Plansab (2013) e SNIS (2018).
16
Gráfico 8 – Expansão da rede de coletora de esgoto X Metas do Plansab
Até outubro de 2016 (último dado disponível), apenas 30% dos municípios brasileiros
haviam elaborado o PMSB. Aspecto mais preocupante é que 30% dos municípios não
informam sobre a existência, previsão ou andamento da elaboração do documento
(Gráfico 9).
18
custos para o desenvolvimento e gestão dos estudos, ainda que não se tenha
conhecimento sobre a aplicação desses instrumentos pelos municípios.
19
Além da insuficiência dos investimentos, sua alocação também é um ponto desafiador.
Com base nos últimos dados disponíveis, cerca de 60% do total investido em água e
esgoto são alocados nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná.
Os cinco estados com melhor nível de atendimento estão entre os seis com maior
investimento por habitante sem acesso à rede. Na outra ponta do ranking, os cinco
piores estados em termos de acesso à rede coletora de esgoto estão entre os oito piores
20
que investem proporcionalmente à população sem acesso. Os estados com melhores
indicadores são os que investem mais. Em outras palavras, essa situação indica a
dificuldade de reversão quanto à falta de serviços de saneamento básico, nas áreas
menos atendidas.
21
* Investido no triênio 2013-2015
Fonte: Elaboração própria, com base em dados do SNIS e IBGE.
Na análise dos investimentos nos municípios, observa-se que cerca de 26% dos
municípios (1.456 municípios) apresentaram investimento nulo entre 2010 e 2012.
Ou seja, sem qualquer expansão ou manutenção dos sistemas de água e esgoto
(Figura 7).
A total falta de investimentos por parte significativa dos municípios mostra um aspecto
relevante da incompatibilidade do marco legal e da estrutura institucional com a
realidade do setor. Grande parte dos incentivos e condicionantes, estabelecidos nas
Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico (como agências reguladoras, planos
municipais, aterro sanitário, etc) está associada ao acesso a recursos federais.
22
Desafio adicional associado aos investimentos está no processo burocrático excessivo
para a liberação de recursos do Fundo de Garantia ao Tempo de Serviço (FGTS). As
regras de contratação excessivamente rígidas, vigentes no Brasil, são um empecilho
aos esforços que visam à universalização dos serviços de saneamento básico. É
necessário reavaliar os procedimentos adotados para a liberação de recursos e
compatibilizá-los com a realidade do setor.
23
Os prazos médios para o setor público são de seis meses para a Fase I, sendo que o
intervalo entre a publicação do edital e o resultado da seleção pode chegar a quatro
meses. A fase de habilitação, sob a responsabilidade do agente financeiro, dura cerca
de sete meses, enquanto a análise da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), no caso
de proponentes federados ou de empresas que tenham o tesouro estadual como
garantidor, pode levar quatro meses. Logo, para a conclusão da Fase II, são necessários
11 meses. O processo, desde a contratação até a liberação do primeiro desembolso,
leva cerca de 10 meses (Fase III). Desse modo, o tempo médio estimado para a
conclusão das Fases I, II e III é de 27 meses.
No caso do setor privado, como não está submetido aos contingenciamentos e à análise
do Conselho Monetário Nacional (CMN) e da STN, e dada a existência de muitos
recursos no FGTS, o processo de contratação ocorre em período contínuo. Assim, o
proponente privado apresenta o projeto, que, em seguida, passa pela análise de crédito.
A fase I (seleção) leva cerca de cinco meses. A validação da habilitação por parte do
agente financeiro dura nove meses, seguida pela contratação e pelo desembolso (que
é imediato, após a contratação), que ocorre durante um período de quatro meses,
totalizando 13 meses para a Fase II.
Há uma série de aspectos que poderiam ser aprimorados nesse processo de liberação
de recursos. O prazo de 27 meses para o setor público, por exemplo, é um grande
empecilho para o andamento adequado dos projetos, contribuindo para que ocorram
paralisações de obras em processo de construção. As obras de saneamento ocorrem,
normalmente, em ambientes urbanos, que apresentam uma característica dinâmica, ou
seja, com mudanças frequentes das áreas construídas – com novas moradias e
empresas – e da população residente.
O prazo superior a dois anos entre a apresentação do projeto e o início de obras pode
tornar o projeto obsoleto. É importante ressaltar que o setor público é responsável por
cerca de 80% dos investimentos realizados no setor. Mesmo para o setor privado, os
prazos são demasiadamente longos, e há um excesso de etapas no processo.
Outro ponto que gera preocupação é a falta de previsibilidade da abertura dos processos
seletivos. Como não há um calendário pré-definido, os agentes públicos sentem
dificuldade em organizar a elaboração dos projetos, já que precisariam desembolsar um
recurso sem que houvesse a previsão de quando o projeto seria apresentado. Essa
estrutura gera uma cultura de “agora ou nunca”, na qual os proponentes apresentam
24
qualquer projeto que tiverem em mãos, independentemente da qualidade, só para tentar
assegurar o recurso disponível, porque não se tem uma data definida de quando haverá
nova abertura de processo seletivo.
25
3 A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO PRIVADA
A parceria com o setor privado é imprescindível para que os problemas sejam revertidos,
e os serviços sejam prestados com maior qualidade.
Naturalmente, cada experiência nacional contém lições que podem ser úteis, desde que
levadas em consideração as peculiaridades de cada caso. Contudo, em todos os casos,
a parceria com o setor privado tem sido um fator fundamental para a expansão e
aumento da qualidade dos serviços prestados (Quadro 2).
6
Monopólio natural ocorre quando a operação, em um determinado setor, demanda
investimentos elevados em ativos fixos e específicos. Isso faz com que haja significativas
economias de escala e de escopo, ou seja, o custo para atender a um novo cliente é pequeno
apenas quando uma grande quantidade de clientes já é atendida. Dessa forma, não é
economicamente viável a operação de mais de uma firma provedora do bem ou do serviço.
26
A experiência alemã enfatiza os esforços do país em diminuir os já baixos índices de
perdas de água, com grande participação do setor privado. Nos Estados Unidos, a
Califórnia constitui um exemplo de elevados investimentos per capita em saneamento,
com forte ênfase em ações voltadas para o uso racional da água.
O governo chileno, por exemplo, por meio de análise das condições socioeconômicas,
definiu o critério para a escolha dos beneficiados. Os subsídios são pagos diretamente
à empresa prestadora dos serviços, a qual repassa o subsídio para o beneficiário,
mediante desconto na conta de água (CNI, 2017a).
27
Quadro 2 – Experiência internacional no setor de saneamento
28
Gráfico 11 – Participação privada no saneamento brasileiro (2015)
Fonte: SNIS.
29
Gráfico 12 - Investimentos da União em saneamento
(R$ bilhões em valores constantes)
Fonte: Elaboração própria, com base em dados do SNIS, Pezco Consultoria e Contas Abertas.
30
Gráfico 13 – Participação do setor privado nos investimentos em saneamento
31
cerca de seis vezes superior à incidência observada na água fornecida pelas
companhias privadas.
Apesar dos indícios de maior investimento das companhias privadas e melhor qualidade
da água fornecida, a concessão e as parcerias público-privadas do setor de saneamento
ainda apresentam uma série de resistências, majoritariamente baseadas em dois mitos:
32
o setor privado só atua em municípios grandes, e as tarifas privadas são
significativamente superiores.
33
Obviamente, há outros fatores que influenciam a rentabilidade e atratividade do negócio.
O setor privado atua em 322 municípios brasileiros. Desse total, cerca de 72% dos
municípios são compostos por até 50 mil habitantes (Gráfico 17). Os dados mostram
que a participação privada não é uma característica exclusiva de municípios de grande
porte.
O setor privado pratica tarifas cerca de 11 centavos superiores às tarifas cobradas pelas
companhias estaduais, ou seja, 3% maiores (Gráfico 18). Observa-se, conforme
exposto, um maior retorno da tarifa aplicada, haja vista os maiores níveis (proporcionais)
de investimentos e a qualidade da água oferecida.
34
Gráfico 18 – Tarifa média da água no Brasil
Uma maneira de transferir a prestação de serviços para agentes privados seria por meio
da formação de consórcio de municípios que, por sua vez passariam a ser atendidos
por uma mesma concessionária. Além do elemento de contiguidade territorial, o
consórcio poderia ser definido de acordo com as bacias de cada região. Assim,
municípios abastecidos pela mesma bacia seriam atendidos por uma única
concessionária.
35
4 RECOMENDAÇÕES
SEGURANÇA JURÍDICA
Cerca de 90% das empresas de água e esgoto são controladas por municípios ou
estados. Para aumentar os investimentos e a qualidade dos serviços prestados, é
essencial remover uma série de empecilhos, que limitam a atratividade e a
segurança jurídica no setor.
36
tratado no meio ambiente da atividade de produção de água de reuso. Assim, a
produção e a comercialização de água de reuso seriam encaradas como um novo
negócio, que poderia ser desenvolvido por operadores privados ou mediante
parceria com as companhias de saneamento básico, por meio de PMIs, PPPs ou
SPEs.
PLANEJAMENTO
5. Criar meios para que o planejamento do setor seja realizado com qualidade
(com fiscalização, capacitação e definição de parâmetros).
Aumentar a fiscalização por parte do Governo Federal, para garantir que os planos
municipais sejam elaborados. Ao mesmo tempo, oferecer, juntamente com os
estados, os meios de capacitação dos municípios.
Empresas mistas com participação pública e privada poderiam ser importantes para
tal tarefa. É necessário instituir parâmetros mínimos de informações e qualidade
para aceitação do plano.
GOVERNANÇA
38
Dessa forma, considerando a multidisciplinaridade das matérias, bem como as
fronteiras entre as competências e estrutura existentes dos órgãos de regulação e
agências envolvidos, seria oportuna a criação de um Conselho Nacional de Política
de Saneamento – CNPS, órgão colegiado de natureza deliberativa e consultiva, sob
a Presidência da Casa Civil, com participação paritária dos setores regulados e da
sociedade civil.
39
DEBUROCRATIZAÇÃO
40
Outra solução relativamente simples seria digitalizar a entrega de
documentos em um sistema único, de modo a evitar o grande volume de
papéis e a necessidade de entregar os mesmos documentos
posteriormente à Caixa Econômica Federal.
TRIBUTAÇÃO
Considerando que o investimento médio no setor nos últimos cinco anos foi de R$
10,5 bilhões, propõe-se que o sistema de créditos proposto seja equivalente à
diferença entre o investimento realizado e a média observada entre 2010 e 2014,
garantindo a expansão dos recursos alocados no setor. Em 2016, foi aprovado o
PLS 95/2015 que criou o Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento do
Saneamento Básico – REISB, um importante avanço para o saneamento brasileiro.
41
Contudo, o sistema de créditos de PIS-Cofins para investimentos (previsto para
investimentos adicionais aos realizados na média dos últimos anos) foi vetado,
tornando o REISB ainda sem funcionalidade, situação que representa uma lacuna
que precisa ser preenchida. O instrumento, se implementado, irá reduzir
significativamente os impactos negativos gerados pela ausência da prestação de
serviço de qualidade do setor, não terá impactos fiscais negativos no curto prazo e
aumentará a arrecadação no longo prazo.
42
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE FIGURAS
43
LISTA DE TABELAS
LISTA DE QUADROS
44
REFERÊNCIAS
45
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. Impactos fiscais decorrentes do
Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento do Saneamento Básico
(REISB). 2017b. 56 p.
FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA - Unicef. Unicef Data. Disponível
em: https://data.unicef.org/resources/. Acesso em: 02 abr. 2018.
47
PROPOSTAS DA INDÚSTRIA PARA AS ELEIÇÕES 2018
48
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Diretoria Jurídica
Hélio José Ferreira Rocha
Diretor
Diretoria de Comunicação
Carlos Alberto Barreiros
Diretor
Diretoria CNI/SP
Carlos Alberto Pires
Diretor
49
CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente
Renato da Fonseca
Samantha Ferreira e Cunha
Maria Carolina Correia Marques
Mônica Giágio
Fátima Cunha
ZPC Comunicação
Revisão Gramatical
Editorar Multimídia
Projeto Gráfico e Diagramação
Xxxxx
Impressão
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