Refriger A Cao

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Jesué Graciliano da Silva

O campo da refrigeração e do ar condi-

REFRIGERAÇÃO E DA CLIMATIZAÇÃO
V
cionado experimentou uma grande
ocê sabe como fazer um projeto para climatização? Sabe expansão nos últimos anos, especialmente
estimar as cargas térmicas? Sabe como dimensionar uma no Brasil, com a introdução de inúmeras
rede de dutos? novas marcas, modelos, capacidades, tipos
de fluídos e o incremento da automação.
Este livro é dirigido aos profissionais da área que precisam ampliar Como reciclar e capacitar os milhares de
e reciclar seus conhecimentos e também para aqueles que estão inician- profissionais da área nessas novas tecno-
do estudos nesse campo. O seu texto foi preparado em uma linguagem
INTRODUÇÃO logias?
Foi pensando neles que o professor Jesué
simples e direta, sendo enriquecido com inúmeras ilustrações e exercícios
Graciliano da Silva escreveu este livro. Pro-
resolvidos, facilitando o entendimento de cada assunto. Introdução à
Tecnologia da Refrigeração e da Climatização apresenta: À TECNOLOGIA DA fessor efetivo no Instituto Federal de Edu-
cação, Ciência e Tecnologia de Santa Cata-
Prof. Jesué Graciliano da Silva, natural rina (IFSC) - Campus São José, atua há mais

REFRIGERAÇÃO
 os fundamentos dos sistemas de refrigeração e de climatização de 25 anos na Área Técnica de Refrigeração
de Marília (SP), é Engenheiro Mecânico
graduado pela Universidade Federal de  como funcionam os ciclos de refrigeração e Condicionamento de Ar nas disciplinas
Santa Catarina (UFSC), no ano de 1993. de Projetos, Termodinâmica e Instalações
Possui especializações em Engenharia de
Segurança do Trabalho pela UFSC (1994-
 quais os principais sistemas da atualidade
E DA de Refrigeração e Ar Condicionado. Foi um
dos responsáveis pela implantação do Escri-

CLIMATIZAÇÃO
1995) e em Elaboração de Políticas Públi-  como avaliar a eficiência energética tório Regional da Associação Sul-Brasileira
cas pela UDESC (1995). Concluiu, em 1999 de Refrigeração, Ar Condicionado, Aqueci-
 os componentes dos equipamentos
Curso de Mestrado em Ciências Térmicas mento e Ventilação (ASBRAV) no estado de
no Programa de Pós-Graduação em En-  como estimar a carga térmica de um ambiente Santa Catarina. Propôs em 1998 a organiza-
ção do Grupo de Pesquisas em Refrigeração

INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA DA
genharia Mecânica da UFSC. Em 2017,
concluiu o Doutorado na área de desen-  como dimensionar uma rede de dutos e Ar Condicionado (GERAC), com o objetivo
volvimento regional na área de Geografia, de estudar alternativas para a redução do
 como reduzir ruídos em sistemas de ar condicionado consumo de energia dos sistemas de refri-
também da UFSC.
geração e climatização.
Desde 1993, é professor efetivo do atual
Instituto Federal de Educação, Ciência e Seu livro tem uma notável preocupação
Tecnologia de Santa Catarina – Campus em tornar simples definições complexas
São José, onde atua na Área Técnica de e mostrar de maneira direta os princípios
Refrigeração e Condicionamento de Ar, teóricos e desafios do setor. Um exemplo
nas disciplinas de Projetos, Termodinâmi- disso é o capítulo sobre eficiência energé-
ca, Mecânica dos Fluidos e Instalações de tica, tema de fundamental importância na
Refrigeração. atualidade. Isto com certeza contribuirá
para o aperfeiçoamento dos atuais e futu-
ros técnicos, tecnólogos, engenheiros e de
todos que tenham algum interesse nesta
fascinante área.
Prof. Jesué Graciliano da Silva
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina
Campus São José

Introdução à Tecnologia da
Refrigeração e da Climatização

3ª Edição
Revisada e ampliada
Copyright© 2004 by Artliber Editora Ltda.
1ª edição - 2003
2ª edição - 2010
3ª edição - 2019

Composição eletrônica:
Perfil Editorial

Revisão:
Rosemary Maffezzolli dos Reis

Ilustração de capa:
Alexandre Sahade Gonçalves

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Silva, Jesué Graciliano da


Introdução à tecnologia da refrigeração e da clima-
tização / Jesué Graciliano da Silva. - São Paulo: Artliber
Editora, 2003.

Bilbliografia.

1. Ar condicionado 2. Refrigeração I. Título.

03-5785 CDD-621.56

Índices para catálogo sistemático:


1. Ar refrigerado: Engenharia mecânica 621.56
2. Refrigeração: Engenharia mecânica 621.56

2019

Todos os direitos desta edição reservados à


Artliber Editora Ltda.
Av. Diógenes Ribeiro de Lima, 3.294
05083-010 - São Paulo - SP - Brasil
Tel.: 3641-3893
[email protected]
www.artliber.com.br
SUMÁRIO

Apresentação .................................................................................... 09
Agradecimentos ................................................................................ 11
1 - Informações preliminares ............................................................. 13
2 - Conceitos básicos ........................................................................ 21
2.1 - Sistemas de unidade ......................................................... 22
2.2 - Energia ............................................................................. 24
2.3 - Calor ................................................................................ 24
2.4 - Trabalho .......................................................................... 25
2.5 - Potência ........................................................................... 25
2.6 - Estados da matéria ........................................................... 26
2.7 - Propriedades termodinâmicas .......................................... 27
2.7.1 - Temperatura ............................................................. 27
2.7.2 - Pressão ..................................................................... 29
2.7.3 - Massa específica ....................................................... 32
2.7.4 - Calor específico ........................................................ 33
2.7.5 - Condutividade térmica .............................................. 33
2.7.6 - Entalpia específica .................................................... 34
2.7.7 - Entropia específica .................................................... 36
2.7.8 - Diagrama pressão versus entalpia específica.............. 36
2.8 - Conservação da energia ................................................... 37
2.9 - Sistema e volume de controle .......................................... 38
2.10 - Trocas de calor .............................................................. 42
2.11 - Mecanismos de transferência de calor ............................ 43
3 - Sistemas de refrigeração .............................................................. 51
3.1 - Introdução ....................................................................... 51
3.2 - Refrigeração por compressão mecânica de vapor ............. 55
3.3 - Refrigeração por absorção de vapor.................................. 58
3.4 - Refrigeração termoelétrica ................................................ 61
4 - Sistemas de climatização ............................................................. 63
4.1 - Introdução ....................................................................... 63
4.2 - Conforto térmico .............................................................. 65
4.3 - Aplicações da climatização .............................................. 67
5 - Condicionamento do ar ............................................................... 75
5.1 - Definições básicas ........................................................... 75
5.2 - Carta psicrométrica .......................................................... 78
5.3 - Propriedades do ar ........................................................... 79
5.4 - Processos psicrométricos .................................................. 84
6 - Desempenho dos Sistemas .......................................................... 95
6.1 - Coeficiente de desempenho (COP) ................................... 95
6.2 – Avaliação do índice E.E.R. do sistema............................ 108
7 - Componentes ............................................................................ 111
7.1 - Compressores ................................................................ 111
7.1.1 - Compressores alternativos ....................................... 112
7.1.2 - Compressor rotativo ................................................ 117
7.1.3 - Compressores de parafuso ...................................... 118
7.1.4 - Compressores centrífugos ....................................... 119
7.1.5 - Compresssores tipo scroll (caracol).......................... 120
7.2 - Evaporadores ................................................................. 122
7.3 - Condensadores .............................................................. 125
7.4 - Torres de arrefecimento ................................................. 127
7.5 - Condensadores evaporativos .......................................... 129
7.6 - Dispositivos de expansão ............................................... 132
7.7 - Linhas de fluido refrigerante ........................................... 141
8 - Acessórios ................................................................................. 143
8.1 - Termostato ..................................................................... 144
8.2 - Visor de líquido ............................................................. 144
8.3 - Manômetros ................................................................... 145
8.4 - Filtro secador ................................................................. 146
8.5 - Válvula solenóide .......................................................... 146
8.6 - Pressostatos .................................................................... 147
8.7 - Pressostato de óleo ........................................................ 148
8.8 - Acumulador de sucção ................................................... 148
8.9 - Separador de óleo .......................................................... 148
9 - Fluidos refrigerantes .................................................................. 151
9.1 - Nomenclatura ................................................................ 151
9.2 - Efeito do CFC na camada de ozônio ............................... 153
9.3 - Processos de vácuo e carga de fluído refrigerante ........... 160
9.4 - Retrofit de sistemas de refrigeração ................................ 163
10 - Capacidade de câmaras frias .................................................... 165
10.1 - Introdução ................................................................... 165
10.2 - Parcelas de carga térmica.............................................. 167
10.2.1 - Parcela de transmissão .......................................... 167
10.2.2 - Parcela de infiltração ............................................ 169
10.2.3 - Parcela do produto ............................................... 171
10.2.4 - Parcela decorrente de cargas diversas ................... 174
11 - Projeto de climatização ........................................................... 181
11.1 - Princípios ..................................................................... 181
11.2 - Condições de projeto ................................................... 183
11.3 - Estimativa de carga térmica .......................................... 185
11.3.1 - Efeito de armazenagem ......................................... 198
11.3.2 - Zoneamento ......................................................... 199
11.3.3 - Aquecimento ........................................................ 199
11.4 - Detalhamento do projeto ............................................. 203
11.4.1 - Casa de máquinas ................................................. 203
11.4.2 - Isolamento da rede de dutos ................................. 203
11.4.3 - Filtros ................................................................... 204
11.4.4 - Tomada de ar externo ........................................... 205
11.4.5 - Sistema de controle ............................................... 206
12 - Projeto de rede de dutos .......................................................... 211
12.1 - Métodos de dimensionamento ..................................... 211
12.1.1 - Arbitragem de velocidades .................................... 212
12.1.2 - Método de igual atrito ........................................... 214
12.1.3 - Método da recuperação de pressão ....................... 216
12.2 - Estimativa de perda de carga ........................................ 220
12.3 - Controle da distribuição do ar ...................................... 226
12.3.1 - Grelhas de retorno ................................................ 226
12.3.2 - Chapas de aço galvanizado ................................... 227
13 - Qualidade do ar interior .......................................................... 231
13.1 - O problema da qualidade do ar interior ....................... 231
13.2 - Origem do problema.................................................... 232
13.3 - Os sistemas de condicionamento de ar e a
qualidade do ar interior .......................................................... 233
13.4 - Metodologia para diagnóstico e tratamento de
problemas de qualidade do ar em ambientes fechados ........... 235
13.4.1 - Coleta de informações preliminares....................... 236
13.4.2 - Entrevistas ............................................................. 237
13.4.3 - Inspeção in loco.................................................... 237
13.4.4 - Medições .............................................................. 238
13.5 - Estado atual da normalização internacional................... 238
13.6 - A realidade brasileira ................................................... 240
14 - Controle de ruído .................................................................... 243
15 - Instalação de splits ................................................................... 249
15.1 - Características básicas .................................................. 249
15.2 - Princípios de uma boa instalação ................................. 250
16 - Diagramas elétricos.................................................................. 259
17 - Referências .............................................................................. 265
18 - Anexos .................................................................................... 267
5 - CONDICIONAMENTO DO AR

5.1 – Definições básicas

Para se estudar sobre o condicionamento do ar, é importante que se te-


nha a compreensão dos princípios da psicrometria, palavra de origem grega e
que significa “estudo do clima”. Na área de climatização e refrigeração há um
interesse específico de se conhecer quais as propriedades e quais são os pro-
cessos psicrométricos sofridos pelo ar. Para facilitar este aprendizado, serão
utilizadas cartas psicrométricas, que são importantes ferramentas para auxi-
liar o profissional em refrigeração e ar condicionado. No entanto, é importan-
te registrar que devem ser utilizadas cartas psicrométricas corretas para cada
localidade, pois a construção das mesmas depende da pressão atmosférica.
O ar atmosférico não é totalmente puro, mas sim uma mistura de mui-
tos gases, umidade e de alguns poluentes. Deixando de lado os poluentes, a
composição de ar seco é relativamente constante, variando levemente com o
tempo, localização e altitude. Para fins de estudo, simplificamos que o ar é di-
vidido em duas partes: ar úmido e ar seco. A parcela que contém vapor d’água
dissolvido em sua composição é chamado de ar úmido; a outra parcela, que
não contém nada de vapor, é chamada de ar seco.
O ar seco é uma mistura de Oxigênio, Nitrogênio, Argônio e Dióxido
de Carbono entre outros componentes que se apresentam em menor propor-
ção. Os principais são listados na Tabela 5.1.
76 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

Tabela 5.1 - Principais componentes do ar atmosférico – Fonte: ASHRAE


Handbook
Fração molar ou Massa
Componente
proporção (%) molecular (Mol)
Oxigênio (O2) 20,95 32,00
Nitrogênio (N2) 78,09 28,02
Argônio (Ar) 0,93 39,94
Gás carbônico (CO2) 0,03 44,01
O conhecimento das propriedades do ar é importante no estudo da
psicrometria:
gDensidade do ar → 1,20 kg/m3 para o ar seco a pressão de 101,325
kPa ou kN/m2 e T=20°C
g Densidade da água → 1.000kg/m3 a 4°C e 998,23 kg/m3 a 20°C
g Pressão barométrica → 101.325 N / m2
g O valor adotado para a aceleração da gravidade é 9,807m/s2
g Para a água, Rw=461,52kJ/kmol.K e Mw=18,015 kg/kmol
g Para o ar seco, Ra=287,035kJ/kmol K e Ma=28,9645 kg/kmol (Ra=R/Ma)
g Constante universal dos gases ideais: R=8314,4kJ/kmol.K
g Massa molar do ar atmosférico seco é de 28,966 kg/kMol.

A densidade do ar seco pode ser calculada por meio da hipótese de que


este se comporta como um gás perfeito, o que é totalmente admissível para
as condições normais de temperatura e pressão.
Desta forma, isolando-se a densidade ( ρ ) na equação dos gases per-
feitos tem-se:

(5.1)
.

Onde: pa é a pressão do ar seco, Ra a constante do ar seco (Ra = 287,035


J/kg.K) e T é a temperatura do ar (em Kelvin). Como exemplo, supondo que o
ar esteja a pressão atmosférica e que sua temperatura seja de 20oC. A densidade
é calculada da seguinte forma:
Condicionamento do Ar 77

Observamos que a densidade do ar, nas condições normais de pressão


e temperatura, é de 1,2 kg/m3. Para fins de simplificação, é comum o uso
desse valor em cálculos que não necessitam de grande precisão. É importante
perceber, conforme mostrado pela equação 5.1, que a densidade do ar varia
sensivelmente com a temperatura, o que explica o posicionamento do evapo-
rador na parte superior dos refrigeradores. O ar frio, com menor temperatura
tem uma densidade maior e, por isso, desce, criando correntes de convecção
natural dentro do refrigerador.
A mistura de ar seco com vapor d´água dissolvido pode ser analisada
segundo a Lei de Dalton. Essa lei diz que quando diversos gases ocupam um
mesmo volume a uma dada temperatura, a pressão total provocada por estes
é a soma das pressões parciais de seus constituintes, cada um considerado no
mesmo volume e temperatura. Desta forma, a Lei de Dalton estabelece que:
gA pressão exercida individualmente pelos gases da mistura é indepen-
dente da presença de outros gases.
g A pressão total da mistura de gases é a soma das pressões parciais
dos componentes. Para o caso do ar atmosférico, a pressão total (pt) é igual à
soma da pressão parcial do ar seco (pa) com a pressão parcial do vapor d´água
(pv) dissolvido no ar.

p t = p a + p v (5.2)

Na figura 5.1, ilustra-se a lei de Dalton de maneira gráfica.


78 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

Figura 5.1 – Ilustração gráfica da Lei de Dalton

5.2 – Carta psicrométrica


As cartas psicrométricas são representações gráficas das propriedades
do ar. A utilização das cartas facilita a análise dos processos psicrométricos
envolvidos na climatização. Neste livro utilizaremos uma carta psicrométrica
construída tomando por referência a pressão atmosférica de 101,325kPa. Para
cada pressão é necessário utilizar uma carta psicrométrica correspondente.
Na figura 5.2, ilustra-se o esquema de uma carta típica. A explicação de
cada linha ou escala é dada nos parágrafos que se seguem.

Figura 5.2 – Principais propriedades


representadas na carta psicrométrica

1. Temperatura de bulbo seco (TBS) indicada na carta por linhas retas


verticais (°C);
2. Umidade absoluta (w) representada por linhas horizontais (kgv/kga);
3. Escala da umidade absoluta;
Condicionamento do Ar 79

4. Temperatura de bulbo úmido (TBU). A escala de TBU está localizada na


linha de saturação na extremidade esquerda da carta. A sua unidade é °C;
5. Volume específico (v) - A sua unidade é m3/kga;
6. Entalpia específica (h) - A sua unidade é kJ/kg de ar seco e seu sím-
bolo é “h”;
7. Temperatura do ponto de orvalho (Torv) - (na linha de saturação) - A
sua unidade é °C;
8. Umidade relativa (f) - expressa em porcentagem;
9. Escala referente ao Fator de Calor Sensível (FCS).

5.3 – Propriedades do ar
Conforme observado na carta psicrométrica as principais propriedades
do ar são: temperatura de orvalho, umidade relativa, umidade absoluta, tem-
peratura de bulbo seco, temperatura de bulbo úmido, entalpia e pressão de
saturação. A seguir, vamos apresentar algumas dessas propriedades.
A temperatura na qual o vapor de água da atmosfera fica saturado é
conhecida como temperatura de orvalho do ar. Esta propriedade é muito
importante, pois, a partir dela, é possível calcular as espessuras de isolamento
adequadas para dutos, câmaras frigoríficas e refrigeradores domésticos. Ou
seja, se o isolamento é ruim, haverá uma temperatura superficial externa da
parede da câmara muito baixa, e dessa forma, haverá condensação do vapor
d´água presente no ar sobre esta superfície.
Como exemplo, é possível analisar se haverá condensação sobre um duto
de aço galvanizado sem isolamento térmico por onde passa internamente um flu-
xo de ar a 15°C através de um ambiente que está a TBS de 32°C e TBU de 23°C.
Para resolver este tipo de questão, basta utilizar a carta psicrométrica, con-
forme ilustrado na Figura 5.3. Na carta, deve-se marcar o ponto referente às con-
dições do ar externo (ponto 1). Deve se traçar uma linha horizontal da direita para
a esquerda e verificar o ponto em que há cruzamento com a linha de saturação.
Neste ponto, situa-se a temperatura de orvalho do ar externo. Ou seja, se a tem-
peratura do ar é resfriada abaixo desse valor, haverá condensação. Nesse exemplo,
a temperatura de orvalho é de 19,2°C e a temperatura da face externa do duto
não isolado é praticamente de 15°C, o que faz com que a condensação da umi-
dade seja inevitável. A solução deste problema geralmente é conseguida através
do isolamento térmico do duto. Para calcular a espessura correta do isolamento,
basta utilizar a equação de Fourier para a condução, conforme apresentamos no
capítulo 2, utilizando para tanto a condutividade térmica do isolante.
80 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

UMIDADE ABSOLUTA (gv /kgar)


Figura 5.3 – Obtenção da temperatura de orvalho em uma carta psicrométrica.

A umidade absoluta é a relação entre a massa de vapor de água presen-


te no ar e a massa de ar seco, ou de maneira mais simples, umidade absoluta
é a quantidade de vapor d´água dissolvida em 1 kg de ar seco. Usualmente, é
expressa em g de vapor de água por kg de ar seco. Na figura 5.4, tem-se o pro-
cesso de obtenção da umidade relativa do ar na condição TBS = 25oC e UR =
50%, que é de 10 gramas de vapor d´água dissolvidos para cada 1 kg de ar seco.

Figura 5.4 – Obtenção da umidade absoluta presente no ar.


Condicionamento do Ar 81

Analiticamente, pode-se calcular a umidade absoluta presente no ar


através da expressão:

(5.3)

Onde que pv é a pressão parcial de vapor d´água contido no ar e pt é a


pressão total do ar.

A umidade relativa (UR ou f) representa a relação entre a pressão


parcial de vapor d´água presente no ar (pv ) e a pressão de saturação do mes-
mo a uma mesma temperatura (psat ). Na Figura 5.5, ilustra-se a linha corres-
pondente à umidade relativa de 40% em uma carta psicrométrica. Uma dada
condição do ar pode ser identificada por duas de suas propriedades. Nesse
caso, o ponto 1 marcado na carta significa que o ar está na condição TBS =
30oC e umidade relativa (UR) de 40%. A pressão de saturação ocorre quan-
do se tem o máximo possível de vapor d´água dissolvido no ar a uma dada
temperatura “T”. Neste caso, diz-se que o ar está saturado e adota-se esta
condição para o cálculo da umidade relativa do mesmo.

(5.4)

Figura 5.5 – Linha representativa da umidade relativa de 40% na carta psicrométrica.


82 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

Tomando-se o ar a uma dada temperatura, Ta, e certa pressão de vapor,


pv, e adicionando-se o máximo de vapor d’água fisicamente possível, obtém-se
o ar saturado na temperatura Ta e com pressão de saturação psat(Ta).
A pressão parcial de vapor d´água contido no ar é obtida a partir da
relação com a pressão de saturação do ar, que é obtida por meio de tabelas de
propriedades. Como exemplo, pode-se determinar qual é a umidade absoluta
do ar que tem 40% de umidade relativa e uma temperatura de 30oC para uma
pressão atmosférica padrão, conforme apresentado a seguir.

Tabela 5.2- Resumo da relação entre a temperatura e a pressão de satura-


ção do ar

Temperatura (oC) Pressão de saturação (kPa)


10 1,22
20 2,33
24 2,98
26 3,36
30 4,24
34 5,32

Sabe-se que a pressão parcial de vapor é o produto da umidade relativa


pela pressão de saturação. Dessa forma, calculamos a pressão parcial de vapor.
pv = UR . psat = 0,4 . 4,24 = 1,69 kPa

A Temperatura de Bulbo Seco do ar (TBS) é a temperatura medida


por um termômetro comum com proteção contra a radiação.
Se dois termômetros precisos forem colocados numa corrente de ar
em movimento rápido, ambos registrarão a mesma temperatura. Porém, se o
bulbo de um dos termômetros for coberto com uma mecha molhada, a sua
temperatura descerá, primeiro rapidamente e depois lentamente até atingir
um ponto estacionário. A leitura nesse ponto é chamada a Temperatura de
Bulbo Úmido do ar. Sempre teremos TBU menor que TBS do ar. Isso se
deve ao fato de a umidade da mecha retirar calor do bulbo para evaporar, o
que reduz a temperatura do termômetro.
Condicionamento do Ar 83

A quantidade de água que pode evaporar da mecha molhada para o ar


depende completamente da quantidade de vapor de água que existe inicial-
mente no ar que passa pelo bulbo úmido. Se o ar já estivesse saturado com
umidade, não evaporaria nenhuma água do bulbo para o ar e não haveria
resfriamento no termômetro de bulbo úmido. Nesse caso, TBS seria igual
à TBU. Quanto mais seco for o ar que passa pela mecha do termômetro de
bulbo úmido, maior será a quantidade que se evaporará para a corrente de ar.
Quanto maior for a quantidade de umidade evaporada para a corrente de ar,
mais baixa será a leitura no termômetro de bulbo úmido. A diferença entre
as leituras nos termômetros de bulbos úmido e seco é chamada depressão de
bulbo úmido. Na figura 5.6, ilustra-se esse processo.

Figura 5.6 – Ilustração da obtenção da TBU e TBS.

Para obter leituras precisas com um termômetro de bulbo úmido, o ar


deve ser movimentado ao passar pelo bulbo úmido. Se as leituras de bulbo
úmido forem obtidas em ar calmo, o termômetro deve ser movido de modo a
obter o movimento necessário do ar através do bulbo. Uma maneira de fazer
isso é girar rapidamente o termômetro. Um instrumento conveniente para
isso é o psicrômetro giratório. Dois termômetros são montados em uma peça
metálica que gira em volta de um eixo em um cabo. Após molhar a mecha
do termômetro de bulbo úmido, faz-se girar o instrumento durante cerca de
meio minuto e, a seguir, anota-se a leitura dos dois termômetros. Se a mecha
se tornar parcialmente seca, poderá ser necessário mergulhar de novo em
água destilada antes de recomeçar as leituras.
Um tipo de psicrômetro muito utilizado é o de aspiração, no qual o ar
é movimentado através de um pequeno ventilador.
84 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

A entalpia específica (h) é muito utilizada para indicar o nível de


energia de uma substância. Em psicrometria, utiliza-se geralmente a variação
de entalpia envolvida nos processos de tratamento do ar. Se uma transforma-
ção ocorre através da transferência de energia térmica apenas, pela Primeira
Lei da Termodinâmica, pode-se obter a variação de entalpia como sendo
igual à variação do calor adicionado ou removido.
Para a maioria das aplicações, pode-se adotar uma simplificação, obser-
vando-se que o calor específico do ar varia pouco na faixa de 0 a 50°C. Este
valor se mantém na faixa de 1,006 a 1,009 kJ/kg °C.

h = 1,007.TBS + w(2501 + 1,8.TBS)


(5.5)

O volume específico (v) pode ser definido como o volume ocupado pela
mistura (ar seco mais vapor), por unidade de massa do ar seco. O volume especí-
fico também pode ser entendido como o inverso da massa específica e pode ser
obtido por meio da Equação dos Gases Ideais ou através da carta psicrométrica.

R a . TBS
v=
(5.6)
pt − pv

5.4 – Processos Psicrométricos

Os processos psicrométricos são as transformações ocorridas nas pro-


priedades do ar durante a climatização/refrigeração. Alguns processos co-
muns no tratamento do ar são: resfriamento, desumidificação, aquecimento,
umidificação e mistura de jatos de ar.
Neste livro, apresentaremos apenas os principais processos psicromé-
tricos envolvidos no tratamento do ar.
Geralmente, o resfriamento e desumidificação do ar acontecem
simultaneamente quando um fluxo de ar passa através de um evaporador,
também chamado de serpentina de resfriamento e desumidificação (SRD).
Nesse processo, há redução da temperatura do ar e da umidade absoluta do
mesmo, com condensação de parte do vapor d´água dissolvido no ar, o que
exige providências quanto à instalação de bandeja de condensado com dreno.
Na figura 5.7, ilustra-se este processo.
Condicionamento do Ar 85

Figura 5.7 – Esquema do processo de resfriamento e desumidificação.

Para estudarmos o processo de resfriamento e desumidificação sofri-


do pelo ar, é muito importante que façamos balanços de massa e de energia
através de volume de controle no envoltório dos equipamentos. No caso da
serpentina de resfriamento e desumidificação, temos:

Balanço de massa: A vazão mássica de ar seco que entra no volume de


g

controle é igual a vazão mássica de ar seco que sai deste volume, logo:

m
1 =m
 2 =m
a (5.7)

E, da mesma forma, o balanço do fluxo de água dissolvida no ar pode


ser calculada como:

. . .
ma . w1 = ma . w2 + mcond (5.8)

g Balanço de energia: A energia que entra no volume de controle é igual

à energia que sai deste volume, logo:

.
m
 a .h 1 = m
 a .h 2 + q SRD + m cond .h cond (5.9)
86 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

Observamos que a entalpia da água condensada (hcond ) é muito peque-


na comparada com as outras grandezas dessa equação. Sendo assim, para fins
de aplicações práticas, o último termo pode ser desprezado.
No processo de resfriamento e desumidificação é importante definir-se a
grandeza conhecida como “fator de by-pass”. Essa grandeza indica a eficiência da
serpentina (SRD) em desumidificar uma determinada quantidade de ar. Se o con-
tato entre o ar e serpentina fosse perfeito, o fluxo resultante deveria sair na con-
dição de saturação com umidade relativa de 100% (ponto “ i ” sobre a linha de
saturação). Na figura 5.8, esse processo é ilustrado em uma carta psicrométrica.

Figura 5.8 – Representação esquemática de um processo de resfriamento e desumidificação.

A equação que define o fator de by-pass (X) é dada conforme segue:

h2 − hi
X= (5.10)
h1 − h i

O processo de aquecimento ocorre quando um fluxo de ar atravessa


um elemento aquecido. Este elemento pode ser uma bateria de resistências
elétricas ou mesmo um trocador de calor. É muito importante observar que
neste processo não há troca de calor latente, o que significa que a umidade
absoluta da entrada deve ser igual à umidade absoluta da saída (w1=w2). Na
figura 5.9, ilustra-se este processo.
Condicionamento do Ar 87

.
QRES

Figura 5.9 – Processo de aquecimento por uma serpentina.

Novamente, é preciso realizar um balanço de energia e de massa no


volume de controle ao redor do equipamento de aquecimento. Dessa forma,
nota-se que a vazão mássica de ar que entra é igual à vazão mássica que sai do
volume de controle e também que:

. . .
ma h1 + QRES = ma h2 (5.11)

Observa-se, ainda, que nos processos de aquecimento simples não há


modificação da umidade absoluta do ar. Dessa forma, na carta psicrométrica
os estados termodinâmicos do ar na entrada e na saída estão localizados so-
bre uma linha reta horizontal paralela ao eixo da temperatura de bulbo seco.
A umidificação é alcançada por meio da injeção de vapor d´água que
deverá ser dissolvido no ar. Isso é feito através de uma serpentina imersa
num banho de água quente e acionada quando se deseja maior umidade
ou através de pulverizadores automáticos. Neste processo, há aumento
da umidade absoluta dissolvida no ar e, dependendo da temperatura do
vapor injetado, há também modificação da temperatura do mesmo. O
máximo possível de umidificação neste processo é limitado através da sa-
turação. Ou seja, quando a umidade relativa atingir 100 %, nenhum vapor
adicional será dissolvido no ar sem que ocorra condensação.
A mistura de duas correntes de ar acontece geralmente na casa de má-
quinas do sistema de climatização, onde o ar de retorno, voltando do am-
biente climatizado, é misturado com uma parcela de ar externo de renovação,
fundamental para garantir uma qualidade do ar interior (Figura 5.10).
88 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

Figura 5.10 – Ilustração do processo de mistura de duas correntes de ar

Este processo, quando representado em uma carta psicrométrica, obe-


dece à chamada “Lei da Linha Reta”. Essa lei determina que as condições
resultantes do fluxo de ar (3) podem ser obtidas em um ponto situado sobre
uma reta que liga a condição do fluxo de ar (1) à condição do fluxo de ar (2),
conforme ilustrado figura 5.11, onde é representada a situação em que uma
vazão de 540m3/h de ar externo de renovação na condição TBS = 32oC e UR
= 60% é misturada com 2800 m3/h de ar de retorno na condição TBS = 32oC
e UR = 60%. Na carta tem-se que h1 = 78kJ/kg e h2 = 51kJ/kg.

Figura 5.11 – Representação do processo de mistura de duas correntes de ar.

A entalpia do ar na condição de mistura (ponto 3) pode ser obtida por


meio da aplicação de um balanço de energia (energia que entra no Volume
de Controle é igual energia que sai do Volume de Controle). Nessa equação é
possível utilizar também a vazão do ar em m3/h.
Condicionamento do Ar 89

(5.12)

Para os valores considerados temos h3 = 55,3 kJ/kgar. Por inspeção na carta


psicrométrica, o ar de mistura tem, aproximadamente, TBS = 26,5oC e UR = 55%.
carga
540 .78
540térmica
2800
+.78
x 78 .51sensível
+ 2800 x .51
+ 2800 51
FCS
h3 =
= h3 = = 55,=3kJ
55,/3kg
kJar/ kg ar
3340
3340
carga térmica total
3340

O processo de insuflamento de ar no ambiente faz com que o jato de ar


frio receba uma parcela de carga térmica sensível e latente, o que proporciona um
processo de aquecimento e umidificação. A linha representativa deste processo na
carta psicrométrica ocorre paralela à linha de fator de calor sensível (FCS), dada
através da relação entre a carga térmica sensível e a carga térmica total ambiente.

carga térmica sensível


FCS = (5.13)
carga térmica total

Para fins práticos, pode-se definir carga térmica como a quantidade de calor
sensível e latente que deve ser retirada ou adicionada ao ambiente condicionado
para que se mantenham as condições desejadas de temperatura e umidade relati-
va. Para se representar o processo de insuflamento em uma carta psicrométrica,
basta traçar uma linha paralela à linha de Fator de Calor Sensível ambiente (FCSa),
partindo do ponto de retorno do ar (R) até o ponto de insuflamento. No exemplo
mostrado na Figura 5.12 tem-se um FCSa de 0,7 marcado no transferidor à esquer-
da da carta psicrométrica. Uma linha paralela é traçada partindo do ponto R (25oC
e 50%). A temperatura de insuflamento geralmente é obtida pelo cruzamento da
linha de entalpia do ar na condição de insuflamento com a linha paralela ao FCS.

Figura 5.12 – Aplicação da linha de fator de calor sensível.


90 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

Na figura 5.13, ilustra-se uma representação típica de um processo de clima-


tização para verão. Nota-se que o ar de retorno (2) é misturado com o ar externo
(1), resultando no estado intermediário (3). A mistura é agora resfriada e desumi-
dificada através da passagem pela serpentina de resfriamento e desumidificação e
passa para o estado (4). Nessa condição, o ar é agora insuflado no ambiente, onde
receberá carga térmica sensível e latente, atingindo novamente o estado (2). Pode-se
observar que o processo de insuflamento no ambiente, que ocorre de 4 para 2, tem
inclinação determinada pelo Fator de Calor Sensível (FCS).

Figura 5.13 – Representação de um processo de climatização para o verão.

Exemplo de aplicação 1
Considere a instalação de climatização ilustrada na Figura 5.14. Ob-
serve que uma dada quantidade de ar de renovação (externo) é misturada
com uma dada quantidade de ar de retorno antes da entrada no equipamento
(SRD). A vazão mássica de ar externo (1) m  e = 0,7kg/s é misturado com
um fluxo de ar de retorno m r = 4,5kg/s. As condições do ar externo (E) ou
ponto 1 são: TBS=32°C e umidade relativa (f)=60%. Já o ar de retorno (2)
apresenta as seguintes condições (iguais ao ar de exaustão, 2”): TBS=25°C
e f=50%. Sabendo ainda que a carga térmica sensível ambiente Q sensível =
12kW e a carga térmica latente Q latente = 2kW. Calcular:
g A temperatura do ar de insuflamento;
g A capacidade da serpentina de resfriamento e desumidificação;
g A quantidade de água retirada pela serpentina de resfriamento e de-
sumidificação.
Condicionamento do Ar 91

Figura 5.14 – Ilustração de um problema típico de climatização de zona única.


Introdução à Tecnologia
Introdução da Refrigeração
à Tecnologia e da Climatização
da Refrigeração – Prof. Jesué
e da Climatização Graciliano
– Prof. da Silva da Silva
Jesué Graciliano 7
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 7
Solução
Solução.
Solução. O primeiro passo é marcar as condições conhecidas na carta psicromé-
Solução.
O primeiro passo
trica. Para issoépasso
O primeiro marcar
são as condições
necessárias
é marcar sempre conhecidas na carta
duas propriedades
as condições conhecidas psicrométrica.
termodinâmicas.
na Para isso
carta psicrométrica. Parasão
isso s
O primeiro
necessárias passo
sempresempre é marcar
duas propriedades as condições conhecidas
termodinâmicas. na carta psicrométrica. Para isso são
necessárias duas propriedades termodinâmicas.
necessárias sempre duas propriedades termodinâmicas.
Entalpia Vazão mássica
Ponto Ponto
Ponto Entalpia específica
específica
Entalpia(kJ/kg) Fluxo de
específica massa
(kg/s)
Fluxo de massa
TBS
TBS UR
TBS UR UR
Ponto Entalpia específica
(kJ/kg ) Fluxo(kg/s)
de massa TBS
o
( C) UR
(%)
1 a(kJ/kg
79,0 a) 0,7(kg/s) o 32 (oC)60% (%)
1 (kJ/kg
79,0 a) (kg/s)
0,7 (32C) (%)
60%
21 50,5 79,0 0,7 3250% 60%
21 79,0
50,5 0,7 3225
25 60%
32 50,5 25 50% 50%
42 4
50,5 5,2 5,2 25 50%
2’4 4 50,5 50,5 5,25,2
4,5 4,5 25
2’ 25 50% 50%
2’
2” 2’ 50,5
50,5
50,5 4,54,5 2525
25 50%50%
2” 50,5 25 50% 50%
2” 2” 50,5
50,5 2525 50%50%
O segundo passo passo
O segundo é realizar um balanço
é realizar de massa
um balanço e energia
de massa na casana decasa
e energia mistura, onde on
de mistura,
O segundo passo é realizar um balanço de massa e energia na casa de mistura, onde
determinamos
determinamos O segundo
o fluxoode massa
fluxo passo
de de é realizar
entrada
massa na um balanço
serpentina
de entrada na dederesfriamento
serpentina massa e energia
(m 3 )nae m
de resfriamento ( casa de do ponto
a entalpia
3 ) e a entalpia do pon
determinamos o fluxoonde
de massa de entradaanavazão
serpentina de deresfriamentona( m  3 ) e a entalpia do ponto
3 através da mistura,
Lei da
3 através da Lei
Linha determinamos
da Reta,
Linha que dizque
Reta, quediz que omássica
o ponto 3ponto 3 estáentrada
está localizado sobre serpentina
localizado uma
sobreretauma de
entre
reta1entre
e 2. 1 e 2.
3 através daresfriamento
Lei da Linha (Reta,
m  3 ) eque
a entalpia
diz que do ponto3 3está
o ponto através da Leisobre
localizado da Linha
umaReta, que 1 e 2.
reta entre
diz que o ponto 3 está localizado
 m
m  sobre
m uma reta entre 1 e 2.
m 3  m 1 m
3 1 2'  2'
m
m m
 33  m
 m
1 m0,7
2 '  4,5  5, 2 kg / s
4 m   0,7  4,5  5,2kg / s
m3 m  4 3 0,7 4 4,5  5,2kg / s

 1 .h1 m
m m 2 ' .h2 ' 
 m .h32h' 3 m
1 .h1  m  3 h3
 1 .h1  m
m  2 ' .h2 ' 2 'm 3 h3

0,7.790,7.479
h3  0h,7.
,5.50 5,5.50,5
 ,4
,24,5.50,5  54,3kJ
3 79 5
/ kg
 54 ,3akJ / kg a
h3  5,2  54,3kJ / kg a
5,2

A entalpia do ponto
A entalpia do 4ponto
é calculada atravésatravés
4 é calculada de um de
balanço de energia
um balanço no ambiente
de energia climatizado.
no ambiente climatizado.
A entalpia do ponto 4 é calculada através de um balanço de energia no ambiente climatizado.
m 
 4 h4  Q  m  2 h2  m
m 4 h4  QCARGA _ TÉRMICA
 CARGA _ TÉRMICA  2 h2
 
m
 1m 1 m
.h11.h  2m
 2 ' m
' .h22' '.h 3 h
m3 3 h3

0,7.79  4,5.50,5
h3 h  0,7.79  4,5.50,554 kJ,3/kJ
kg/a kg
3 ,354
5,25,2 e da Climatização a
92 Introdução à Tecnologia da Refrigeração

A entalpia do ponto 4 é calculada através de um balanço de energia no


AA
entalpia do ponto
ambiente
entalpia do 4 é4calculada
climatizado.
ponto através
é calculada de de
através umumbalanço de energia
balanço no ambiente
de energia climatizado.
no ambiente climatizado.

 4 h4  Q CARGA
m m  2 h2
m 4 h4  Q CARGA
_ TÉRMICA
_ TÉRMICA
m  2 h2
.
onde q CT é a Onde
carga Q
térmica é a carga
total recebida térmica total recebida pelo ambiente.
pelo ambiente.
onde q CT é a carga térmica total recebida pelo ambiente.
CARGA_TÉRMICA

m h  Q  _ TERMICA 5,2.50,5  14
h4  2m 22 h2 CARGA
h4 
QCARGA _ TERMICA
 5,2.50,5  1447,847
 5,2
kJ / kg a
,8kJ / kg a
m 4
m 4 5,2
Com a entalpia 4 é preciso calcular e traçar a linha de Fator de Calor
Com a entalpia 4 é preciso calcular e traçar a linha de Fator de Calor Sensível na carta. Como
ComSensível na carta.
a entalpia Como FCSa
4 é preciso = 12/14
calcular = 0,85
e traçar (relação
a linha de Fatorentre
deaCalor
cargaSensível
térmica na carta. Como
FCSa = 12/14 = 0,85 (relação entre a carga térmica sensível e a carga térmica total) devemos traçar
sensível
FCSa = 12/14 e a carga
= 0,85 térmica
(relação entretotal) devemos
a carga térmicatraçar umaereta
sensível a partir
a carga do ponto
térmica total) 2devemos traçar
uma reta a partir do ponto 2 na carta psicrométrica seguindo a mesma inclinação
FCSa. linha
da de FCSa.
uma reta anapartir
cartado
psicrométrica
ponto 2 na cartaseguindo a mesma inclinação
psicrométrica seguindo adamesmalinha de
inclinação da linha de FCSa.
No cruzamento da linha paralela ao FCS (partindo do ponto 2) e da linha de entalpia
No cruzamento
No cruzamento da linhadaparalela
linha paralela
ao FCS ao FCS (partindo
(partindo do ponto
do ponto 2) e2)dae da
linha de entalpia
específica da condição 4, h4 = 47,8kJ/kg, encontramos o ponto 4 que tem TBS 4=22,8C. Essa é a
linha de entalpia
específica insuflamento
da condição 4, específica
har
4 = 47,8kJ/kg,
da condição 4, h
encontramos 4
= 47,8kJ/kg, encontramos
o ponto 4 que tem TBS 4=22,8C.o Essa é a
condição deponto 4 que do
tem TBS no ambiente
=22,8°C. climatizado.
Essa é a condição de insuflamento do ar no
condição de insuflamento do ar4 no ambiente climatizado.
ambiente climatizado.

Figura 5.15 – Método gráfico para obtenção da condição 4 do ar de insuflamento.

A capacidade da serpentina de resfriamento e desumidificação é calcula-


da a partir de um balanço de energia. A energia que entra com o fluxo de ar (
m 3 h3 ) é igual a energia retirada pela serpentina Q

SRD
mais a energia que sai
com o fluxo de ar ( m  4 h4 ).
Figura 5.15- Método gráfico para obtenção da condição 4 do ar de insuflamento.
Figura 5.15- Método gráfico para obtenção da condição 4 do ar de insuflamento.
A capacidade da serpentina de resfriamento e desumidificação é calculada a partir de um
A capacidade da serpentina de resfriamento e desumidificação  3 h3é )calculada a partir de um
balanço de energia. A energia que entra com o fluxo de ar ( m é igual a energia retirada pela
balanço de energia. que entra com o fluxo de ar ( Condicionamento
 3 h3 ) é igual do a Ar 93
 A energia m energia retirada pela
serpentina Q SRD mais a energia que sai com o fluxo de ar ( m  4 h4 ).
serpentina Q ar (m
 4 h4 ).
SRD mais a energia que sai com o fluxo de
m h  Q m h 3 3 SRD 4 4
 3h3  Q SRD  m
m  4 h4

Q SRD  m 3h3  m  4 h4  5,2.54,3  47,8  33,9kW



QSRD  m 3h3  m 4 h4  5,2.54,3  47,8  33,9kW

Da mesmaDa mesma forma calcula-se


forma calcula-se o fluxo odefluxo
água de água retirada
retirada pela serpentina
pela serpentina através do balanço de
Da através
mesma do
forma balanço de
calcula-se
massa de água na serpentina. omassa
fluxo de
deágua
águana serpentina.
retirada pela serpentina através do balanço de
massa de água na serpentina.  w m
m  m w 3 3 cond 4 4
 3 w3 m
m  cond  m
 w4
m cond m  34w 3  m
 4 w4  m  ( w3  w4 )
 cond  m
m  3 w3  m  4 w4  m  ( w3  w4 )

Onde: m  a = 5,2kg/s, w3 e w4 são encontrados na carta psicrométrica como sendo 11,2 gv/kgar
Onde: m Onde: w
 a = 5,2kg/s, 3 ae =
m w45,2kg/s, w3 e w4 são
são encontrados encontrados
na carta na cartacomo
psicrométrica psicrométrica
sendo 11,2 gv/kgar
e 9,5gv/kgcomo
ar, respectivamente. Logo o fluxo de massa de condensado é de 8,84 gramas de vapor d
sendo 11,2 gv/kgar e 9,5gv/kgar, respectivamente. Logo a vazão mássica
e 9,5gv/kgar, respectivamente. Logo o fluxo de massa de condensado é de 8,84 gramas de vapor d
´água porde condensado é de 8,84 gramas de vapor d´água por segundo.
segundo.
´água por segundo.

Exemplo2:de Aplicação 2
Exemplo de Aplicação
Exemplo de Aplicação 2:
ConsidereConsidere a instalação
a3 instalação de climatização
de climatização ilustrada ilustrada na Figura
na Figura 5.14.5.14.
Um Um
fluxofluxo
de 864m 3/h de ar
Consideredea 864m /h de arclimatização
instalação externo com ilustrada
TBS=32 na o
C eFigura
UR de 55%Um é misturado
de com
864mode3
externo com TBS=32oCdee UR de 55% é misturado com o ar5.14.
deo retornofluxo
na condição /hTBS
de ar= 25 oC
externo ar
com TBS=32de retorno
o
C e UR na condição
de 55%pela de TBS
é misturado= 25
com
o
C e TBU = 18 C antes de passar pela = 25 oA
e TBU = 18oC antes de passar Serpentina de oResfriamento
ar de retornoena condição de TBS
Desumidificação (SRD). C carga
o Serpentina de Resfriamento e Desumidificação (SRD). A carga térmica total é de
e TBUtérmica
= 18 C total
antes édedepassar pela Serpentina
60.000BTU/h de Resfriamento
e a sensível
carga térmica e Desumidificação
sensível é Considere (SRD). A carga
de 42.000BTU/h.
60.000BTU/h e a carga térmica é de 42.000BTU/h. a tempe- Considere a
térmica total é dedo60.000BTU/h
temperatura ar de e a carga
insuflamento como térmica
sendo 14,5 sensível
o é de 42.000BTU/h. Considere a
ratura do ar de insuflamento como sendo
o
14,5C.o Qual é a capacidade da SRD?
C. Qual é a capacidade da SRD?
temperatura do ar de insuflamento como sendo 14,5 C. Qual é a capacidade da SRD?
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 7
Solução:
Solução: O Fator de Calor Sensível é calculado como sendo 42.000/60.000 = 0,7.
O FatorNode cruzamento daé linha
Calor Sensível de TBS
calculado comodasendo
temperatura do ar de
42.000/60.000 insuflamento
= 0,7. e da da
No cruzamento
linha paralela ao FCS tem-se o ponto 4 na carta psicrométrica. A entalpia h4 é4 na
linha de TBS da temperatura do ar de insuflamento e da linha paralela ao FCS tem-se o ponto
de 35kJ/kg.
carta psicrométrica. A entalpia
A entalpia h4 é deh2=75kJ/kg.
35kJ/kg. A Logo, fazendo-se
entalpia um balanço
h2=75kJ/kg. de energiaum
Logo, fazendo-se
no ambiente
balanço de energia climatizado.
no ambiente O valor
climatizado. de de
O valor 60.000BTU/h
60.000BTU/hé éequivalente
equivalenteaa17,58kW.
17,58kW.
.
. QCARGA_TÉRMICA
q 17,58( kJ / s )
 4 h4  Q CARGA _ TERMICA
m  
 2 h2 ⇒ =m>= m
m   1,10kg / s
h -h
h 2  h 4 ( 75  35)( kJ / kg )
2 4

Com o fluxoCom a vazão


de massa mássica de insuflamento
de insuflamento encontramos aencontramos
quantidade deaarquantidade
de retorno,de
quearserá
utilizada para se fazer o balanço de energia na mistura.
de retorno, que será utilizada para se fazer o balanço de energia na mistura.
 retorno  min  mext  1,10  0,24  mretorno  0,86kg / s
m

Um balanço de energia na mistura de ar encontramos h3 = 56,2kJ/kg.

0,24.75  0,86.51
q
qq  17 ,58( kJ
17,58 17,58( kJ / s )
( kJ/ /ss) )  1,10kg / s
m
m 44h
m 44 4
h4 h Q

QQ
CARGA m
_ TERMICAm
__TERMICA 22h
m h2 h
22 2 = >> m
==> m 
m  11,10kg
,10 kg/ /ss
h 22
hh2 h hh4 (75
44 ((75 35 )()(kJ
35)( kJ// /kgkg)) )
CARGA
CARGA TERMICA
75 35 kJ kg

Com
Com
Com ooofluxo
94 fluxo
fluxo de
dedemassa
massa
massa
Introdução
de
deinsuflamento
de insuflamento
insuflamento
à Tecnologia
encontramos
encontramos
encontramos
da Refrigeração
aaaquantidade
quantidadede
quantidade
e da Climatização dear
de ararde
deretorno,
de retorno,que
retorno, queserá
que será
será
utilizada
utilizada para
utilizadapara se fazer
parasesefazer o balanço
fazeroobalanço
balançodede energia
deenergia
energianana mistura.
namistura.
mistura.
. .
m
m  mm  mmext  ,10
1,,10 0 ,24
,,24 m  0,,86
,86kg
kg// /sss
m retornomininm ext11 10 00 24  retorno00
mmretorno 86 kg
retorno
retorno in ext retorno

Um
Um Umde
Umbalanço
balanço
balanço balanço
de dena
deenergia
energia
energia energia
na
na nade
mistura
mistura
mistura mistura
de
dear de ar encontramos
ararencontramos
encontramos
encontramosh3
h3=
h3 h3 = 56,2kJ/kg.
==56,2kJ/kg.
56,2kJ/kg.
56,2kJ/kg.

h
000,,24
 (0,24 24
,24 75 
x..75
.75)
75 +(0,86
00
0 ,,86
,86.x.51
86   56,2 kJ / kg
.51)
51
51
hh
33 3 1 , 10
56
56,2,2kJ
kJ/ /kg
kg
11,10,10

Um
Umbalanço
Um Umde
balanço
balanço deenergia
balanço
de energiadena
energia na
naSerpentina
energia
Serpentina
Serpentinade
deResfriamento
na Serpentina
de Resfriamento
Resfriamento eeeDesumidificação
de Resfriamento
Desumidificação
Desumidificaçãopermite
permiteaaa
e Desumidifica-
permite
obtenção
obtenção da
obtençãoda capacidade
dação
capacidade
capacidade de
permite de
aderesfriamento.
obtenção da capacidade de resfriamento.
resfriamento.
resfriamento.
 . . .
QSRD 
Q m 44h
m m 33h
m m ((h
Qmsrd 33
3
+ mhh4 )
44))= 1
1,1
m ,310
,h .(
.(.(56 2,2
,,2 35)) )
23,,32 kW
Q SRDm
SRD h
4h
44 4m h
3h
33 3 m h
(h  hh
4 4
10
103
56
56 35
35 23
23 32
,32kW
kW

. .
Qsrd = m ( h3 - h4 ) = 1,10 . (56,2 - 35) = 23,32kW

Figura
Figura5.16-
Figura 5.16-Ilustração
5.16- Ilustraçãodos
Ilustração dosprocessos
dos processospsicrométricos
processos psicrométricosenvolvidos
psicrométricos envolvidosna
envolvidos naclimatização.
na climatização.
climatização.

Logo,
Logo,oooequipamento
Logo, equipamentode
equipamento declimatização
de climatizaçãotem
climatização temcapacidade
tem capacidadede
capacidade de23,32kW
de 23,32kWou
23,32kW ou82.016
ou 82.016BTU/h.
82.016 BTU/h.
BTU/h.

Figura 5.16 – Ilustração dos processos psicrométricos envolvidos na climatização.


6 - DESEMPENHO DOS SISTEMAS

6.1 – Coeficiente de desempenho (COP)


Um ciclo de refrigeração pode ser analisado em termos de sua eficiên-
cia energética por meio do Coeficiente de Performance (COP), uma grandeza
adimensional. O COP, também conhecido como Coeficiente de Desempe-
nho, é comumente utilizado para avaliar a relação entre a capacidade de re-
frigeração obtida e o trabalho gasto para tanto, podendo ser definido como:

Q E m .( h1 −h4 )
COP = = (6.1)
WC m .( h2 − h1 )

Onde Q E é a potência de refrigeração (kW) e WC é a potência de com-


pressão (kW), que podem ser calculados a partir da inserção dos 4 principais
estados termodinâmicos do fluido refrigerante no diagrama pressão versus
entalpia específica ilustrado na Figura 6.1:

Figura 6.1 – Ilustra-


ção de um ciclo de
compressão mecânica
no diagrama p x h
96 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

Conforme apresentado anteriormente, na definição de volume de


controle, as potências de compressão e de refrigeração podem ser ob-
tidas através de balanços de energia no compressor e no evaporador,
respectivamente. Nos volumes de controle (VC) envolvendo esses com-
ponentes, há uma potência de acionamento entrando no compressor, há
um fluxo de fluido refrigerante entrando no VC com uma dada entalpia
específica e um fluxo de fluido refrigerante saindo do VC em outra en-
talpia específica.
Pode-se escrever para um balanço no VC envolvendo o compressor:

(6.2)

Onde m corresponde a vazão mássica do fluido refrigerante (kg/s), h


a entalpia específica do fluido (kJ/kg) e Wc a potência de compressão (kW).
Nota-se, na equação 6.2, que o lado esquerdo corresponde à taxa de energia
que entra no compressor na unidade de tempo e o lado direito corresponde
à taxa de energia que sai do compressor na unidade de tempo. Isolando-se a
potência de compressão e considerando-se a vazão mássica constante, tem-se:

logo: (6.3)

Analogamente, pode-se escrever para o evaporador:

(6.4)

Exemplo de aplicação 1
Considere um sistema de refrigeração padrão operando com fluido refri-
gerante R134a, com temperatura de condensação de 42°C e temperatura de eva-
poração de –12°C. Calcule o Coeficiente de Performance do sistema. Considere
para a solução deste problema a seqüência de pontos indicada na Figura 6.2.
Desempenho dos Sistemas 97

Solução
É conveniente iniciarmos a solução de problema preenchendo uma ta-
bela que resume as principais propriedades do fluido ao longo do ciclo de
refrigeração. A tabela permite sistematizar o cálculo do COP. Inicialmente,
devemos traçar o ciclo no diagrama pressão versus entalpia específica, confor-
me ilustrado na Figura 6.2.
As propriedades do fluido refrigerante R134a podem ser encontradas
na página do fabricante na internet.
Nas tabelas e diagramas de propriedades termodinâmicas é possível
se obter os valores das pressões de alta (linha de condensação) e de baixa
(linha de evaporação). O preenchimento da tabela começa pelos pontos
mais fáceis: 1, 3 e 4. O processo de evaporação acontece à temperatura
constante (-12°C) e por isso o ponto 1 está localizado na linha de vapor
saturado seco com título = 1. O ponto 3 (42°C) está localizado sobre a
linha de líquido saturado. O ponto 4 (-12°C) tem a mesma entalpia espe-
cífica que o ponto 3 e está sobre a linha de baixa pressão. Já o ponto 2 está
sobre uma linha isoentrópica partindo de 1 e sobre uma linha isobárica na
pressão de condensação.

Figura 6.2 – Preenchimento de um diagrama pressão versus entalpia específica para o problema
98 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

Tabela 6.1 – Propriedades termodinâmicas do sistema

s
T P Título
Ponto h (kJ/kg) (kJ/ Estado do fluido
(°C) (kPa) (%)
kg°C)
1 -12 100% Vapor saturado seco
2 - Vapor superaquecido
3 42 0 Líquido saturado
4 -12 x4 Líquido e vapor

Tabela 6.2 – Propriedades para o R134 na região de saturação

Entalpia [kJ/kg] Entropia [kJ/kg°C]


T [°C] P [kPa]
hlíquido hvapor slíquido svapor
-12 185,22 184,1 391,7 0,9407 1,7456
42 1073,26 259,6 420,6 1,2006 1,7115

Com essa tabela preenchida podemos obter as entalpias específicas no


ponto 1, 3 e 4. Conforme a Figura 6.2, o ponto 1 está no estado de vapor satu-
rado seco na temperatura de –12°C e pressão de evaporação. Logo a entalpia
do ponto 1 pode ser obtida da tabela de propriedades como sendo hvapor para
a temperatura de –12°C. Esse valor é de 391,7kJ/kg. Já a entalpia do ponto 3
pode ser obtida observando que no diagrama pressão versus entalpia, o ponto
3 está no estado de líquido saturado (sobre a curva de saturação) sendo que seu
valor pode ser lido da tabela 6.2, na coluna de hlíquido para 42°C. Esse valor é de
259,6kJ/kg. Como o processo de expansão é considerado isoentálpico, temos,
então, a entalpia do ponto 4 como sendo igual a do ponto 3.
Na Tabela 6.2, podemos obter informações apenas da região da satura-
ção. Já no ponto 2, saída do compressor, o fluido encontra-se superaquecido.
Logo, é possível encontrar a entalpia específica do ponto 2 por meio gráfico
no digrama pressão versus entalpia. Há possibilidade de uso de programas
tais como o Engineering Equation Solver (EES) e Refprop para obtenção exata
dessas informações. Mas, para fins de aproximação dos cálculos o diagrama
pressão versus entalpia específica é suficiente.
Para obter a entalpia do ponto 2, indica-se, na Figura 6.3, o ponto 1 na
temperatura de -12°C e traça-se uma isoentrópica partindo deste ponto até en-
contrar a linha horizontal da pressão de condensação. Neste encontro tem-se
Desempenho dos Sistemas 99

o ponto 2. A entalpia pode ser obtida lendo-se o valor diretamente na extre-


midade horizontal do diagrama. Nesse exemplo, o valor da entalpia específica
do ponto 2, conforme ilustrado na Figura 6.3 é aproximadamente 430 kJ/kg.

Figura 6.3 – Esquema de obtenção do ponto 2 na região de superaquecimento para o R134a.

Logo, a tabela 6.1 pode ser preenchida desta forma:

Tabela 6.3 – Propriedades termodinâmicas do sistema

T P h (kJ/ s Título
Ponto Estado do fluido
(°C) (kPa) kg) (kJ/Kg°C) (%)
1 -12 185,22 391,7 1,7456 100 Vapor saturado seco
2 52 1073,26 430 1,7456 - Vapor superaquecido
3 42 1073,26 259,6 1,2006 0 Líquido saturado
4 -12 185,22 259,6 s4 x4 Líquido e vapor

Na tabela anterior, nota-se que o título do ponto 4, propriedade que


define a quantidade de vapor contido na mistura, pode ser calculado por:

(6.5)

Onde as grandezas hl e hv correspondem à entalpia do líquido saturado


e do vapor saturado, respectivamente, ou seja, sobre a curva de saturação.
100 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

Nesse caso, o valor do título é de 0,36 ou 36%. Ou seja, no evaporador,


o fluido refrigerante entra com aproximadamente 36% de fluido no estado de
vapor e com 64% no estado líquido.
Já a grandeza entropia específica do ponto 4 pode ser calculada por:

(6.6)

Logo, tem-se que a entropia do ponto 4 é:

( (

Pode-se ainda calcular o COP do sistema através dos valores das ental-
pias encontradas na tabela 6.3, aplicados na equação 6.1.

Pode-se observar, também, que a vazão mássica não foi necessário para
solucionar esta equação, uma vez que este termo aparece no numerador e no
denominador da equação.
Nicolas Sadi Carnot (1796 – 1832) estabeleceu que nenhum sistema,
operando entre duas fontes de temperaturas diferentes, terá um COP supe-
rior ao definido pela equação 6.7. Observe que TF = Temperatura da Fonte
Fria e TQ = Temperatura da Fonte Quente. As temperaturas devem ser inse-
ridas na equação na unidade Kelvin.
TF
(6.7)
TQ - TF

No exemplo dado, com a temperatura de evaporação de –12°C e a


temperatura de condensação de +42°C, vamos considerar que a tempe-
ratura da fonte fria seja TF = -2°C e a temperatura da fonte quente TQ =
32°C. Nesse caso, o COP de Carnot deve ser calculado como sendo:
(-2 + 273,15)
(32 + 273,15) - (-2 + 273,15)

271,15
= 7,9
34
Desempenho dos Sistemas 101

Comparando o COP calculado em 3,45 com o COP de Carnot é pos-


sível afirmar que a eficiência do sistema é de 43%.

= 43%
7,9
Os sistemas de refrigeração utilizados na prática funcionam com um deter-
minado grau de superaquecimento do fluido refrigerante à saída do evaporador,
também chamado de DTsuper. Isso acontece para garantir que no compressor
entrará somente vapor, uma vez que a entrada de líquido no mesmo pode provo-
car sérios danos ao seu funcionamento. Para efetivar-se este superaquecimento,
é muito comum, nos refrigeradores, promover-se o contato da tubulação quente
do fluido refrigerante saindo do condensador com a tubulação fria do fluido,
saindo do evaporador. Esse contato funciona como um trocador de calor. Além
da vantagem de garantir a entrada de apenas fluido superaquecido no compres-
sor, esta configuração melhora a eficiência do ciclo para fluido R134a, garante um
grau de sub-resfriamento à entrada do capilar e elimina a condensação da umi-
dade do ar ambiente sobre a linha de sucção, que pode ser muito desagradável e
prejudicial à conservação do refrigerador. A figura 6.4 ilustra este tipo de sistema.

Figura 6.4 – Sistema de refrigeração com superaquecimento por trocador de calor interno

Pode-se representar este sistema num diagrama pressão versus entalpia


conforme visualizado na Figura 6.5.
102 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

Figura 6.5 – Diagrama pressão versus entalpia específica para um ciclo com superaquecimento.

Nessa figura, pode-se notar que a entrada do compressor ocorre com o


fluido no estado de vapor superaquecido, enquanto a entrada no dispositivo
de expansão ocorre no estado de líquido sub-resfriado. O COP deste sistema
pode ser calculado por:

(h 1− h 4 ')
COP = (6.8)
(h 2 ' − h1' )

Para melhor compreensão do cálculo do COP para sistemas com supe-


raquecimento e sub-resfriamento, ilustramos a seguir a solução do problema
pelo método totalmente gráfico.

Exemplo de Aplicação 2
Supondo que Exemplo de Aplicação 1 seja acrescentado um DT de 5oC
de superaquecimento e 5oC de sub-resfriamento, pode-se utilizar o diagrama
pressão versus entalpia, a seguir, para resolver o problema pelo método gráfico.
Inicialmente, devemos inserir os pontos representativos dos estados
termodinâmicos do fluido refrigerante no diagrama pressão versus entalpia
para o R134a. Para isso é fundamental considerar o grau de superaquecimen-
to indicado. Pelo método gráfico é possível ler diretamente no diagrama as
entalpias específicas, conforme ilustrado na Figura 6.6:
Desempenho dos Sistemas 103

Figura 6.6 – Ilustração da marcação dos pontos no diagrama pressão versus entalpia específica

A partir das informações obtidas na Figura 6.6 construímos a tabela:


Ponto T (°C) P (kPa) h kJ/kg)
1’ -12 185,22 ~398
2’ ~55 1073,26 ~435
3’ 42 1073,26 ~247 (hL 37°C)
4’ -12 185,22 ~247

Aplicando na equação 6.8 é possível calcular o coeficiente de desempe-


nho do ciclo:

391,7 - 247
= 3,91
435 - 398

Em geral, os ciclos com superaquecimento e sub-resfriamento apre-


sentam COP superior, se comparados com ciclos sem superaquecimento /
sub-resfriamento. Há aplicações em que a temperatura do fluido refrigerante
na saída do compressor ficaria muito elevada. Por isso é muito comum o
resfriamento intermediário do fluido refrigerante e o uso de dois estágios de
compressão, conforme ilustrado na Figura 6.7. Neste caso, o cálculo do COP
é dado pela equação modificada:

(6.9)
104 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

Figura 6.7 – Sistema com dois estágios de compressão e resfriamento intermediário.

Figura 6.8 – Representação de um processo de dois estágios de compressão no diagrama pres-


são versus entalpia específica.
Desempenho dos Sistemas 105

Exemplo de aplicação 3
Outra configuração de um sistema de refrigeração com dois estágios
de compressão e resfriamento intermediário pode ser visualizada na Figura
6.9. Para essa condição, calcule o COP do ciclo considerando que a tem-
peratura do evaporador 2 é de -30°C; a temperatura do evaporador 1 é
de +5°C e a temperatura de condensação é de 40°C. O fluido refrigerante
utilizado é a amônia.

Figura 6.9 – Sistema de refrigeração com dois evaporadores e dois compressores.

Para solução deste problema, deve-se iniciar representando o processo num


diagrama pressão versus entalpia. Além da consulta ao diagrama pressão versus ental-
pia para a amônia (NH3), é preciso também consultar uma Tabela de propriedades
termodinâmicas para se obter as entalpias específicas para o fluido refrigerante na
condição de líquido saturado para TE 2 = -30°C, TE 1 = +5°C, e TC = 40°C. A partir
dessas informações é possível preencher a tabela de propriedades. Observe o dia-
grama p versus h desse ciclo na Figura 6.10.
106 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

Figura 6.10 – Representação do diagrama pressão versus entalpia específica para amônia

Ponto Entalpia (kJ/kg) Ponto Entalpia (kJ/kg)


1 1420 5 390,58
2 1620 6 390,58
3 1465 7 223,18
4 1635 8 223,18

Um balanço de energia no evaporador 1 possibilita a obtenção da vazão


mássica mE1.

Um balanço de energia no evaporador 2 possibilita a obtenção da vazão


mássica mE2.
Desempenho dos Sistemas 107

Como a vazão mássica que passa pelo evaporador 2 é igual a vazão


mássica que passa pelo compressor 1 pode-se calcular a potência de compres-
são do compressor “B”.
. .
WCB = mB (h2 - h1) = 30kW

Para o cálculo da potência de compressão do compressor “A” faz-se.


. .
WCA = mA (h4 - h3)

O valor da vazão mássica m A depende do balanço de energia no volu-


me de controle destacado no sistema:

12

Logo se tem o cálculo da potência de compressão “A” dada por:

Finalmente, o COP desse sistema é dado pela relação entre a energia


útil obtida e a energia gasta no processo.

Na Figura 6.11, tem-se a comparação dos Coeficientes de Performance


para vários fluidos refrigerantes em diferentes temperaturas de evaporação e
com uma Temperatura de Condensação fixa de 40oC.
108 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

Figura 6.11 – Influência da temperatura de vaporização

Na Figura 6.12, tem-se uma comparação do COP para duas tempera-


turas de condensação diferentes. O COP do ciclo A é menor que o COP do
ciclo B, uma vez que nesse último tem-se uma relação de compressão menor.
É o caso dos sistemas que operam com condensação à água.

Figura 6.12 – Influência da temperatura de condensação no COP

6.2 – Avaliação do Índice E.E.R. do Sistema


Neste capítulo, estudamos a definição da eficiência de um ciclo através
do COP. Para um condicionador de ar podemos calcular o COP do ciclo de
Desempenho dos Sistemas 109

refrigeração, mas se quisermos comparar a eficiência global deste aparelho


devemos utilizar o E.E.R., do inglês Energy Efficient Ratio, que é um conceito
de índice de eficiência. Para um determinado aparelho de condicionamento
de ar calculamos o EER através da seguinte equação:


Q [(BTU/h)/W] (6.10)
EER = E
Pot

Onde: Q E representa o calor retirado do ambiente, expresso por norma


em BTU/h, e Pot é a potência elétrica consumida [W].

Na década de 80, o EER para aparelhos de ar condicionado de janela no


Brasil era da ordem de 6,5 a 7,5(BTU/h)/W. Atualmente, este valor está na faixa de
8 a 11(BTU/h)/W. As melhorias tecnológicas incluem a utilização de compressores
rotativos / scroll em substituição aos compressores alternativos. Após a crise de
abastecimento de energia elétrica ocorrida em 2001 no Brasil, a eficiência dos apa-
relhos de condicionamento de ar (EER) recebeu um destaque ainda maior.
Para obter valores de EER em um determinado equipamento deve-se
obter seu catálogo técnico e localizar a informação da capacidade de refrige-
ração em BTU/h e o consumo total do equipamento em Watt.
A partir do EER é possível analisar se equipamento consome mais
do que outro. Dessa forma é possível se fazer comparações de consumo
de energia em um determinado período de tempo e decidir se determinado
equipamento é mais adequado do que outro, mesmo que o custo inicial seja
superior. Para se realizar esse estudo, é comum que se analise o custo inicial
da máquina, o consumo de energia pelo período de utilização (10 anos, por
exemplo) e o custo de manutenção.

Exemplo de aplicação:
Compare a partir de análise de custos qual a solução mais econômi-
ca para uma instalação de ar condicionado entre as duas opções abaixo. O
sistema poderá ser composto por várias unidades de janela ou de splits. A
capacidade total instalada é de 30TR. O uso é de 8 horas por dia durante 260
dias por ano ao longo de 10 anos de uso. Analise as alternativas a partir dos
custos iniciais e de operação. Considere que 1kW.h custa R$ 0,30.
g Sistema de ar de janela – E.E.R de 7,0 – custo inicial de R$ 600,00 por

TR, custo mensal de manutenção de R$ 20,00 por TR.


110 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

Sistema split – E.E.R. de 9,0 – custo inicial de R$ 1.000,00 por TR,


g

custo mensal de manutenção de R$ 30,00 por TR.

Para resolver essa questão é importante calcular os custos de operação


e iniciais para cada tipo de equipamento. A capacidade de 30 TR corresponde
a 30 x 12.000 = 360.000 BTU/h.
Para um aparelho de ar condicionado de janela, o consumo em Watts
destes equipamentos pode ser calculado através da equação para EER:
capacidade (BTU/h) 360.000
Consumo (W) = = = 51428W
E.E.R. 7,0

Observamos que o gasto de energia elétrica, ao longo dos 10 anos, é


calculado por:

Gastos em R$ = consumo (em kW.h ) x número horas . R$/kWh

O número de horas é de 8 x 260 x 10 = 20800h. Desta forma:

Gastos em R$ = 51,428 x 20800 x 0,30 = R$ 320.910,72

O custo inicial é calculado por:

600 R$
Custo inicial em R$ = x 30 = R$ 18.000,00
TR

Já o custo de manutenção é calculado por:

Custo manutenção em R$ =
( R$ 20,00
mês ) x 30 TR x 120 meses = R$ 72.000,00
TR

Somando-se os custos de manutenção, de energia elétrica e inicial tem-se: R$


410.910,72. Os mesmos cálculos podem ser realizados para os equipamentos splits
obtendo-se: R$ 387.600,00. Nesse exemplo, é possível perceber que a instalação
dos splits será mais vantajosa do ponto de vista econômico. O custo inicial superior
deverá ser compensado pelo menor custo de energia elétrica ao longo dos anos.
10 - CAPACIDADE DE CÂMARAS FRIAS

Baseado nas notas de aula do Prof. Rogério Vilain (IF-SC)

10.1 – Introdução

Nesse capítulo vamos mostrar como realizar o dimensionamento


de uma câmara frigorífica de pequeno porte. Inicialmente é importante
ressaltar que a conservação de alimentos pode ser realizada por meio do
resfriamento, que é a diminuição da temperatura de um produto até uma
determinada temperatura próxima de 0oC e por meio do congelamento
a temperaturas menores que 0oC. Esse processo depende do controle da
temperatura, umidade relativa; velocidade e quantidade de ar circulado e
da velocidade de redução de temperatura. A umidade relativa incorreta
pode provocar a desumidificação dos alimentos, o que na maioria dos
casos não é um efeito desejado. A velocidade de congelamento também
pode alterar o gosto dos alimentos. Uma câmara fria de pequeno porte é
mostrada na Figura 10.1.
166 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

Figura 10.1 – Ilustração de uma câmara frigorífica de pequeno porte.

O objetivo fundamental da conservação é evitar a deterioração dos


alimentos, que nada mais é que a alteração da composição orgânica dos
mesmos pelo envelhecimento. No senso comum, deterioração é a perda
ou alteração do gosto, aroma e consistência. Os principais destruidores
dos alimentos são os microrganismos tais como fungos (mofo, leveduras)
e bactérias. O resfriamento rápido aumenta o período de conservação, mas
não melhora a qualidade do produto. O resfriamento rápido pode ser rea-
lizado por meio do insuflamento direto de ar frio, imersão em água gelada
ou por resfriamento evaporativo.
Quando se trata de ampliar o tempo de conservação de algumas frutas tem
sido comum o controle da atmosfera do interior da câmara, reduzindo-se o teor
de O2 e aumentando o teor de CO2, que reduz a taxa de respiração do produto.
Em geral, os equipamentos empregados em câmaras frigoríficas de gran-
de porte possuem múltiplos estágios de compressão e utilizam a amônia como
fluido refrigerante. Há alguns anos as câmaras frias de pequeno porte com
máquinas do tipo plug-in vêm ganhando mercado pela facilidade de instalação.
Este tipo de equipamento, na maioria das vezes, já apresenta um painel digital
e degelo automático.
Capacidade de Câmaras Frias 167

Para a dimensionamento desse tipo de equipamento é muito importante


realizar a estimativa correta da carga térmica necessária para manter o ambiente
refrigerado. A carga térmica depende do tipo de produto; frequência de entradas
e saídas dos produtos durante a semana; plano de produção e colheita; tempe-
raturas dos produtos ao entrarem nas câmaras; quantidade diária (kg/dia) de
produtos a serem mantidos resfriados, congelados, ou que devam ser resfriados
ou congelados rapidamente; tipo de embalagem; temperaturas internas; umidade
relativa interna e externa; duração da estocagem e método de movimentação das
cargas. Nesse texto os cálculos serão realizados no Sistema Internacional de Uni-
dades (watts). Mas é comum encontrar esses cálculos em kcal/h. Para converter
uma unidade em outra basta lembrar que 1kcal/h é igual a 1,16W.

10.2 – Parcelas de carga térmica

Uma câmara fria ganha calor devido à infiltração de ar quente e úmido


durante a abertura das portas para entrada e saída de alimentos, devido à trans-
missão através das paredes, piso e teto, devido à presença de pessoas e máquinas
internas; devido à iluminação e devido ao produto que é armazenado. A seguir,
vamos detalhar cada uma destas parcelas.

10.2.1 – Parcela de transmissão


Corresponde à quantidade de calor transmitida por condução através
de paredes, tetos e pisos. Esta carga depende da diferença de temperatura
entre o ambiente externo e o interior da câmara, das propriedades constitu-
tivas das paredes e da área superficial de troca. Por isso é muito importante a
escolha da espessura e do tipo de isolamento térmico.

Na Tabela 10.1 são apresentadas essas informações de acordo com o


tipo de produto a ser armazenado.
168 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

Tabela 10.1- Valores práticos para cálculo de carga térmica para câmaras
frigoríficas

Peixes
Carnes Lacticinios Verduras Congelados Ovos Frutas Lixo com Frango
gelo
Tempera-
tura de
entrada + 15 +15 + 30 - 10 + 30 + 30 + 30 + 10 + 15
do produ-
to (oC)
Tem- 145
Introdução à peratura
Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva
-1 +2 +4 - 18 +4 +1 +1
interna da 0 +2
Tabela 10.1+ 2são apresentadas
Na câmara +4 + 6essas informações
-20 de+6 acordo com o+2tipo de +2produto a ser
( C)
o
armazenado.
Espes-
sura do 100 100 100 150 100 100 100 100 100
isolamento
Tabela 10.1- (EPS)
Valores (EPS)
práticos para
(EPS)cálculo
(PUR) de carga
(EPS)térmica
(EPS) para
(EPS)câmaras
(EPS) frigoríficas
(EPS)
(mm) Carnes Lacticinios Verduras Congelados Ovos Frutas Lixo Peixes Frango
Calor com gelo
Temperatura deespecífico
entrada + 15 +15 + 30 - 10 + 30 + 30 + 30 + 10 + 15
do produto aproxi-
(oC) 3,22 3,56 3,85 1,72 3,06 3,85 3,35 3,18 3,31
Temperatura interna
mado da(kJ/ - 1 +2 +4 - 18 0 +4 +2 +1 +1
câmara (okgC) oC) +2 +4 +6 -20 +6 +2 +2
Espessura Movi-
do 100 100 100 150 100 100 100 100 100
isolamento (mm)
mentação (EPS) (EPS) (EPS) (PUR) (EPS) (EPS) (EPS) (EPS) (EPS)
Calor específico
diária em 3,22
100 3,56
100 3,85
80 1,72
100 -- 3,06 80 3,85
100 3,35
80 3,18
80 3,31
aproximado 2
kg/m de
(kJ/kg oC)
área
Movimentação diária 100 100 80 100 -- 80 100 80 80
em kg/m2 de área EPS = isolamento de poliestireno PUR = isolamento de poliuretano
EPS = isolamento de poliestireno PUR = isolamento de poliuretano

É importante ressaltar que


É importante o isolamento
ressaltar bem dimensionado
que o isolamento também evitará
bem dimensionado tambéma condensação
de umidade evitará
do ara condensação de umidade
sobre a superfície do ar sobre
externa. Esse aproblema
superfície foi
externa. Esse pro-
mostrado no Capítulo 5.
blema foi mostrado no Capítulo 5. Simplificadamente é possível calcular a
Simplificadamente é possível calcular a parcela de transmissão pela Lei de Fourier para condução
parcela de transmissão pela Lei de Fourier para condução unidimensional.
unidimensional.
k . A. ΔT (10.1)
Q1 = (10.1)
L
Onde: Q1 é a taxa de calor trocada em W; “k” é a condutibilidade térmica do material
Onde: Q1 é a taxa de calor trocada em W; “k” é a condutibilidade térmica
(W/m. C), A é a área superficial da câmara (m2), ∆T é diferença de temperatura do ar entre os lados
o

de dentro e de fora da câmara (oC) e L = espessura do isolante (m) disponibilizado na Tabelas 10.1.
Caso uma parede da câmara receba insolação solar é preciso adicionar um ∆T’ no valor de
∆T na equação 10.1. O valor que deve se acrescentado depende da orientação solar e da cor da
Capacidade de Câmaras Frias 169

do material (W/m.oC), A é a área superficial da câmara (m2), DT é diferença de


temperatura do ar entre os lados de dentro e de fora da câmara (oC) e L = espes-
sura do isolante (m) disponibilizado na Tabela 10.1.
Caso uma parede da câmara receba insolação solar é preciso adicionar um
DT’ no valor de DT na equação 10.1. O valor que deve se acrescentado depende
da orientação solar e da cor da parede (Tabela 10.2).

Tabela 10.2- Valores de DT’ (oC) para paredes recebendo insolação.

Cor da parede
Orientação
Escura Média Clara
Leste ou O este 6 3,5 2
Nordeste ou 3,2 2 1
Noroeste
Norte 1 0,2 -
Forro 10 6 3,5

10.2.2 – Parcela de Infiltração


É a parcela correspondente ao calor do ar que ingressa na câmara através
de suas aberturas. Toda vez que a porta é aberta para entrada e saída de alimen-
tos armazenados o ar externo que penetra para o interior da câmara acrescenta
uma quantidade de carga térmica adicional. Em câmaras frigoríficas com movi-
mentação intensa e com baixas temperaturas, este valor aumenta. Nesses casos
é muito importante a utilização de uma antessala, uma cortina de ar ou de PVC
para reduzir ao máximo a infiltração. Pode-se calcular a parcela de infiltração (W)
por meio da equação em 10.2.

.
Qinf = N . Vcâmara . Q’’removido (10.2)

Onde: “N” é o número de trocas de ar em 1 hora, dado pela Tabela 10.3,


Vcâmara é o volume de ar (m3) e Q’’removido é o calor a ser removido do ar (W/ m3)
dado pelas Tabelas 10.4 e 10.5.
170 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

Tabela 10.3 - Valores de N - número de renovações do ar por segundo (x10-3)

Volume da Número de renovações “N”


câmara (m ) 3
Ti < 0 Ti > 0
15 0,23 0,29
20 0,20 0,25
30 0,16 0,19
50 0,12 0,15
75 0,09 0,12
100 0,08 0,10
150 0,06 0,08

Tabela 10.4- kJ/m3 removidos no resfriamento do ar para as condições de


condicionamento (Ti > 0)

Temp. Temperatura do ar entrando (oC) e UR (%)


interna 25oC 30oC 35oC 40oC
o
C 50% 60% 70% 50% 60% 70% 50% 60% 50% 60%
15 12,77 18,59 24,57 23,90 35,66 43,95 49,81 56,09 66,14 79,12
10 26,58 32,27 38,18 31,86 48,98 57,35 59,02 69,07 70,74 99,21
5 34,58 44,37 50,23 53,58 60,70 69,07 70,74 80,79 90,42 103,39
0 48,98 54,84 60,28 63,63 71,16 79,12 80,79 90,84 100,05 113,86

Tabela 10.5 – kJ/m3 removidos no resfriamento do ar para as condições de


condicionamento (Ti < 0)

Temp. Temperatura do ar entrando (oC) e UR (%)


interna 5oC 10oC 25oC 30oC 35oC
o
C 70% 80% 70% 80% 50% 60% 50% 60% 50% 60%
0 9,17 11,09 14,19 15,36 50,23 56,09 64,88 72,42 82,05 92,09
-5 19,30 20,97 23,48 24,66 59,02 64,88 73,26 80,79 90,00 100,05
-10 27,08 28,76 30,85 32,06 66,14 71,58 80,37 87,49 96,70 106,74
-15 34,95 36,67 38,26 39,43 73,26 78,70 87,07 94,19 103,39 113,44
-20 42,70 44,37 45,63 46,88 79,95 85,81 93,77 101,30 1114,73 120,14
-25 49,81 52,33 52,74 53,58 86,23 92,09 99,63 107,58 116,37 126,42
-30 56,93 58,60 59,02 60,28 92,93 98,37 106,32 113,44 122,23 132,28
-35 64,05 65,72 66,14 66,56 98,79 104,23 112,60 119,30 128,09 133,95
-40 70,74 72,42 72,84 73,26 104,65 110,51 118,46 125,16 133,95 143,58
Capacidade de Câmaras Frias 171

10.2.3 – Parcela do Produto


É a parcela de carga térmica decorrente do calor que deve ser remo-
vido do produto que entra na câmara a uma determinada temperatura. É
composta das seguintes partes: calor sensível antes do congelamento (res-
friamento); calor latente de congelamento; calor sensível após o congela-
mento (congelamento) e calor de respiração (para frutas). O produto que
entra na câmara deve ser resfriado até a temperatura de condicionamento,
em um determinado intervalo chamado de tempo de condicionamento. Se
o produto deverá ser conservado acima da temperatura de congelamento
há apenas troca de calor sensível. Caso seja necessário congelar o produto
há também troca de calor latente devido ao congelamento e ainda calor
sensível para reduzir a temperatura de congelamento até a temperatura de
estocagem (Figura 10.2).

Figura 10.2 – Energia que deve ser removida para congelamento da carne.

Os valores de calor latente e sensível da carne bovina, peixes e frangos


bem como das maçãs e batatas são mostrados na Tabela 10.6.
172 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

Tabela 10.6- Valores aproximados de calor específico, calor latente e ponto


de congelamento.

Calor específico Calor Calor específico


Ponto de
antes do latente de após o
Produto congelamento
congelamento congelamento congelamento
(oC)
(kJ/kg.oC) kJ/kg (kJ/kg.oC)

Peixe 3,55 -2,2 220 1,86


Carne
3,20 -2,0 230 1,7
bovina
Frango 3,30 -2,8 246 1,77
Maçãs 3,65 -1,1 280 1,89
Batatas 3,50 -0,7 265 1,84

Exemplo de Aplicação 1
Como exemplo, suponha que 200kg de frango a uma Temperatura ini-
cial de +15oC sejam armazenados em uma câmara fria com Temperatura
interna de -20oC. O tempo total para a temperatura ser reduzida de 15oC para
-20 oC foi de 16 horas. Com essas informações é possível se calcular a carga
térmica decorrente da parcela do produto por meio de três parcelas, mostra-
das na Figura 10.3.

Figura 10.3 – Processo de armazenamento de frango congelado.


Figura 10.3- Processo de armazenamento
Capacidadede
defrango
Câmarascongelado.
Frias 173

Considerando os dados fornecidos pela Tabela 10.6 pode se calcular


a troca de
Considerando os calor
dadospara reduzir apela
fornecidos temperatura, congelar
Tabela 10.6 pode esenovamente
calcular a reduzir a calor para
troca de
temperatura do frango como segue:
reduzir a temperatura, congelar e novamente reduzir a temperatura do frango como segue: 149
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva
Q produto = Qresfria _ AB +Qcongela _ BC + Qresfria _ CD 149
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva
Q produto = (200 . 3,3. 17,8) + (200.246) + (200 . 1,77 . 17,2 )
Q produto = (200 . 3,3. 17,8) + (200.246) + (200 . 1,77 . 17,2 )
Q produto = (11.748) + (49.200) + (6.089 ) = 67.037kJ
Q produto = (11.748) + (49.200) + (6.089 ) = 67.037kJ
Considerando o tempo total para redução da temperatura é de 16 horas, pode se estimar a
Considerando o tempo total para redução da temperatura é de 16 ho-
Considerando
carga térmica o tempocomo
de resfriamento total sendo
para redução
1.164W.da temperatura é de 16 horas, pode se estimar a
ras, pode se estimar a carga térmica de resfriamento como sendo 1.164W.
carga térmica de resfriamento como sendo 1.164W.
67.037kJ
Q produto = = 1,164kW ⇒ Q produto = 1.164W
16
16 x.3600
3600s
s
67.037kJ
Q produto = = 1,164kW ⇒ Q produto = 1.164W
16.3600s
Para frutasPara frutas e verduras
e verduras precisamosprecisamos considerar
considerar ainda oainda
caloro proveniente
calor proveniente
do metabolismo
do metabolismo (respiração). A parcela de carga térmica relacionada ao pro-
Para frutas
(respiração). e verduras
A parcela de cargaprecisamos consideraraoainda
térmica relacionada o calor
produto, proveniente
para frutas do metabolismo
e verduras é a soma do
duto, para frutas e verduras é a soma do calor de resfriamento da tempera-
(respiração). A parcela
calor de resfriamento
tura de temperatura
da
de entrada carga térmica
derelacionada
entrada
até a temperatura atéaoa produto,
e dopara
temperatura
de conservação frutas
de
calor e verdurase édoa soma
conservação
do metabolismo calor do
calor
metabolismo (Tabela 10.7).
de resfriamento
(Tabela da temperatura de entrada até a temperatura de conservação e do calor do
10.7).
metabolismo (Tabela 10.7).
Tabela
Tabela 10.7-Dados
10.7- Dadosaproximados
aproximados para
para armazenagem
armazenagem de
defrutas
frutase ecarnes.
carnes.
Tabela 10.7- Dados
Produto aproximados
Temperatura para armazenagem
Umidade
Umidade de frutas
Tempo e carnes.
de Taxa de Taxa de
Temperatura
( o
C) Relativa Tempo de
armazenagem Metabolismo
Produto
Produto Temperatura Relativa
Umidade Tempo de Metabolismo Taxa de
(oC) (%) armazenagem (W/1000kg)
(oC) (%)
Relativa armazenagem(W/1000kg)Metabolismo
Maçãs 1 85(%)
- 90 2 a 8 meses 12
(W/1000kg)
Maçãs
Bananas 1 a 14
12 85 - 9090 2 a 8 10
meses
a 20 dias 12 48
Maçãs 1 85 - 90 2 a 8 meses 12
Laranjas
Bananas a014
12 12 -9 9085-90 10 3a 20
a 12 semanas 48 11
Bananas a 14 90 10 dias
a 20 dias 48
Frango congelado -18 90 - 95 9 a 10 meses -
Laranjas
Laranjas 0 - 09 - 9 85-90 3 a 123 asemanas
85-90 12 semanas 11 11
Carne bovina congelada -1 90 - 95 6 a 9 meses -
Frango congelado -18 90 - 95 9 a 10 meses -
Frango
Carne bovina congelada -18 -1 90 -90
95- 95 9 a 106meses
a 9 meses - -
congelado
10.2.4- Parcela decorrente de cargas diversas
Carne bovina
10.2.4-É Parcela decorrente
a parcela -1 diversas
de cargas
de carga térmica devido 90 - 95
ao calor 6 a 9iluminação,
gerado por meses - motores e outros
pessoas,
congelada
É a parcela
equipamentos. Osdemotores
carga térmica devido ao de
dos forçadores calor
ar gerado por iluminação,
são fontes pessoas, motores
de calor e também, e outros
de consumo de
equipamentos.
energia elétrica.Os motores
Dentro dos forçadores
do possível, deverãode
serarprevistos
são fontes de de
meios calor e também,
variar de arconsumo
a vazão de de
em função
energia elétrica.de
da necessidade Dentro
cargado possível,
térmica deverão ser
do sistema. Issoprevistos
pode sermeios de variar
feito com a vazão de
a utilização de variadores
ar em função
de
da necessidade
frequência ou dedemotores
carga térmica do sistema.
com velocidade Isso pode
variável. ser feito
A carga com liberada
térmica a utilização
pelasdepessoas
variadores de
é dada
174 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização

10.2.4 – Parcela decorrente de cargas diversas


É a parcela de carga térmica devido ao calor gerado por iluminação,
pessoas, motores e outros equipamentos. Os motores dos forçadores de ar
são fontes de calor e também, de consumo de energia elétrica. Dentro do
possível, deverão ser previstos meios de variar a vazão de ar em função da
necessidade de carga térmica do sistema. Isso pode ser feito com a utilização
de variadores de frequência ou de motores com velocidade variável. A carga
térmica liberada pelas pessoas é dada pela Tabela 10.8.

Tabela 10.8 - Carga térmica devido à movimentação de pessoas dentro da câmara

Temperatura interna (oC) Calor dissipado por pessoa (W)


+10 209
+5 244
0 273
-5 302
-10 331
-15 360
-20 395

De forma similar podemos estimar também a carga térmica decorrente


dos motores na Tabela 10.9.

Tabela 10.9- Calor dissipado pelos motores internos

Volume da câmara (m3) Calor dissipado pelos motores (W)


20 121
40 242
60 363
80 484
Capacidade de Câmaras Frias 175

Observamos que, nem sempre, todas essas parcelas de carga térmica


estão presentes. No caso de um container refrigerado, por exemplo, não há
abertura de portas, circulação de pessoas ou necessidade de iluminação. Se o
produto for inserido em uma temperatura próxima a do interior do container
também não haverá a parcela referente à carga de produto.
A carga térmica avaliada deve ser corrigida para um período de tempo de
funcionamento da câmara. Para degelo natural, utiliza-se um tempo de funciona-
mento de 16 horas (para temperaturas maiores que 0oC) e para degelo artificial,
utiliza-se tempo de 18 a 20 horas (para temperaturas menores que 0oC)

Exemplo de Aplicação 2
Uma empresa deseja resfriar uma quantidade diária de 1.000kg de lixo. A
Temperatura de entrada do lixo de +32oC. Considere uma taxa de iluminação
dentro da câmara como sendo de 10W/m2 (mínimo de 100W). Considere o
movimento de 1 pessoa durante 2 horas dentro da câmara. A câmara está loca-
lizada em Florianópolis, onde a TBS é de 32oC e a Umidade Relativa é de 60%.

Solução
O lixo não tem um tempo determinado de estocagem. Apenas deve ser
conservado para não causar mau cheiro por um período de tempo. De acor-
do com a Tabela 10.1, a temperatura interna recomendada para a câmara é de
+2oC. A densidade de estocagem ou taxa de movimentação diária é tabelada
também na Tabela 10.1 como sendo 100kg/m2. Nessa condição a câmara
deverá ter uma área de 10m2, ou 2m de largura por 5m de comprimento.
Considere que a altura da câmara seja de 2,5m. A área superficial da câmara
é calculada a partir da soma das 6 faces da câmara (4 paredes, teto e piso).
Esse valor total é de 55m2. A diferença de temperatura (DT) entre o ambiente
externo e ambiente refrigerado é de 30oC. A espessura do isolamento polies-
tireno é de 100mm. Para câmaras pequenas, considera-se que o movimento
diário é igual à quantidade armazenada. Após a definição das medidas da câ-
mara e de sua espessura de isolamento é possível estimar a carga térmica total
considerando-se as parcelas: penetração de calor pelas paredes, piso e teto,
infiltração de ar, produto, iluminação, motores e pessoas.
Para calcularmos a penetração de calor pelas superfícies utilizamos a Equa-
ção de Fourier com um DT de 30oC, área superficial da câmara de 55m2, espessura
de isolamento de 100mm e KEPS= 0,035 W/m.oC. Fazendo-se os cálculos obtém-
-se uma parcela de carga térmica decorrente das paredes da ordem de 577W.
com um DT de 30oC, área superficial da câmara de 55m2, espessura de isolamento de 100mm e
KEPS= 0,035 W/m.oC. Fazendo-se os cálculos obtém-se uma parcela de carga térmica decorrente das
paredes da 176
ordem de 577W.
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização
 0,035( W/m.o C) . 55( m 2 ) . 30( o C ) 
Q1 =   = 577W
 0,10
0,035 . ( m.)30
55 
.
Q1 = = 577W
0,10
Para o cálculo da infiltração, considera-se que o calor removido para essa faixa de
Para o cálculo da infiltração, considera-se que o calor removido para
temperatura e de umidade relativa é da ordem de 71,16kJ/m3, conforme Tabela 10.4 (T3 > 0oC). O
essa faixa de temperatura e de umidade relativa é da ordem de 71,16kJ/m ,
volume daconforme
câmara é Tabela
de 25 metros
10.4 (Tcúbicos
> 0oC).(2m x 5m x da
O volume 2,5m). O valor
câmara é de de
25 “N” é obtido
metros cúbi- na Tabela
10.3 comocos (2m0,22
sendo x 5mx x102,5m).
-3 O valorpor
renovações de segundo.
“N” é obtido
Logo,nao Tabela 10.3 como
calor devido sendo de ar é da
à infiltração
0,20 x 10-3 renovações por segundo. Logo, o calor devido à infiltração de ar
ordem de 391W.
é da ordem de 391W.

0,20
0,22
Q inf = (trocas / s ). 25( m 3 ) . 71,16( kJ / m 3 ) =0,39kJ / s ⇒ Q inf = 391 W
1000

A carga térmica decorrente do produto é apenas sensível, uma vez que


A carga térmica decorrente do produto é apenas sensível, uma vez que o lixo não é congelado.
o lixo não é congelado. O calor específico do lixo é encontrado na Tabela 152
o
O calor
Introdução específico
à Tecnologia dado
10.1 como lixo é encontrado
Refrigeração
3,35kJ/kg e oda na Tabela
.C.Climatização 10.1Jesué
– Prof. como 3,35kJ/kg
Graciliano .C.
da Silva

Q produto = 1000( kg ) . 3,35( kJ/kgo .C). 30( o C ) = 100.500kJ

Se oacontece
Se o esfriamento processoaoocorre ao longo
longo das 16h dedas 16h de funcionamento
funcionamento é possível
é possível estimar que a carga
estimar que a carga térmica de resfriamento do produto é de 1.750W. Para
térmica de resfriamento do produto
isso dividimos é de 1.750W. Para isso dividimos 100.500J/(16x3600s).
100.500J/(16x3600s).
Para o cálculoPara
da parcela devido
o cálculo à iluminação,
da parcela devido à considera-se uma potência
iluminação, considera-se de potên-
uma 100W. Para se
estimar a cargaciatérmica
de 100W. Paraaoseoperador
devido estimar adacarga térmica
câmara, devido ao
utilizamos operador
a Tabela da onde
10.8, câmara,
verificamos
utilizamos a Tabela 10.8, onde verificamos que uma pessoa libera aproxima-
que uma pessoa libera aproximadamente 273 W.
damente 273 W.
A carga térmica devido ao motor do evaporador é obtida, de forma aproximada, a partir da
A carga térmica devido ao motor do evaporador é obtida, de forma
Tabela 10.9 como sendo 121W.
aproximada, a partir da Tabela 10.9 como sendo 121W.
A carga
A carga térmica totaltérmica totaldeé todas
é a soma a soma de todas
essas essas
parcelas parcelas
é de é de aproxima-
aproximadamente 3.212W ou
damente 3.212W ou 10.953 BTU/h que é equivalente também a 0,9 TR ou
10.953 BTU/h que é equivalente também a 0,9 TR ou ainda 2.769 kcal/h.
ainda 2.769 kcal/h.

Exemplo de Aplicação 3:
Exemplo de Aplicação 3:
Uma empresa deseja resfriar uma quantidade diária de 3330 kg de maçã. A Temperatura de
Uma empresa deseja resfriar uma quantidade diária de 3330 kg de maçã.
entrada do produto de + 25oC. A temperatura interna da câmara deve ser 0oC. A cidade é São
Joaquim. A densidade de iluminação é de 15W/m2. O número de pessoas trabalhando na câmara é
de 2 pessoas por um período de 6 horas. A temperatura externa do ar é de 30oC e a UR é de 50%
para o verão. Considere o calor específico da maçã como sendo 3,65kJ/kgo.C.
Exemplo de Aplicação 3:
Uma empresa deseja resfriar uma quantidade diária de 3330
Capacidade kg deFrias
de Câmaras maçã. A177
Temperatura de
entrada do produto de + 25oC. A temperatura interna dao câmara deve ser 0oC. A cidade é São
A Temperatura de entrada do produto de + 25 C. A temperatura interna da
2
Joaquim. Acâmara
densidade
devede
seriluminação é deé São
0oC. A cidade 15W/m . O número
Joaquim. de pessoas
A densidade trabalhando
de iluminação é dena câmara é
de 2 pessoas por um. O
15W/m 2
número
período dede6 pessoas
horas. Atrabalhando
temperaturanaexterna
câmaradoé dear2épessoas
de 30oCpor
e aum
UR é de 50%
período de 6 horas. A temperatura externa do ar é de 30 C e aoUR é de 50%
o
para o verão. Considere o calor específico da maçã como sendo 3,65kJ/kg .C.
para o verão. Considere o calor específico da maçã como sendo 3,65kJ/kgo.C.

Solução:
Solução
Considerando-se uma taxa de movimentação diária de 80kg/m2 tem-se2 a área da câmara
Considerando-se uma taxa de movimentação diária de 80kg/m tem-se
2
como sendoa de
área42m . Definimos
da câmara comoque
sendoas medidas
de 42m2.da câmara são
Definimos que7m
as xmedidas
6m x 3mda de altura. A câmara
câmara
são 7m
será construída comx parede
6m x 3m de altura.
isolante A câmara será
de poliestireno construída
(EPS) de 100mmcomdeparede isolante
espessura. O esquema da
de poliestireno (EPS)
câmara é mostrado na Figura 10.4.
de 100mm de espessura. O esquema da câmara é mos-
trado na Figura 10.4.
A área de troca das paredes, teto e piso é de 2x(3x6) + 2x(3x7) + 2x (7x 6) = 162m2. Logo, a
A área de troca das paredes, teto e piso é de 2x(3x6) + 2x(3x7) + 2x (7x 6) =
carga térmica por 2 transmissão é da ordem de 1.701W.
162m . Logo, a carga térmica por transmissão é da ordem de 1.701W.

 0,035( W/m.o C) .162( m 2 ) . 30( o C ) 


Q1 =   = 1701 W
 0,10( m ) 

Figura 10.4 – Esquema da câmara fria para conservação de maçã.

Para o cálculo da infiltração, considera-se que o calor removido para essa


faixa de temperatura e de umidade relativa é da ordem de 71,16kJ/m3, confor-
me Tabela 10.4 (T > 0oC). O volume da câmara é de 126m3 (7m x 6m x 3m).
O valor de “N” é obtido na Tabela 10.3 como sendo 0,10 x 10-3 renovações por
segundo. Logo, o calor devido à infiltração de ar é da ordem de 896W.
Para oo cálculo
temperatura
Para cálculo da infiltração,
e de umidade
da infiltração, considera-se
relativa éconsidera-se
da que oo calor
ordem de 71,16kJ/m
que calor
3 removido
, conforme para
Tabela
removido para essa
10.4 faixa
(T >faixa
essa de
0oC).deO
3 o
temperatura
volumeeeda
temperatura dedecâmara
umidade
umidade relativa éda
126m3 é(7m
é derelativa daxordem
ordem de71,16kJ/m
6m x 3m).
de 71,16kJ/m ,conforme
conforme
O valor de3, “N” Tabela
é obtidoTabela 10.4
na Tabela
10.4 (T>como
10.3
(T >00oC).
C). OO
sendo
3
volume daxcâmara
0,10
volume da câmara ééde
de126m
126m
10-3 renovações 3 (7m
por xx6m
6mxLogo,
segundo.
(7m x3m).
3m). Ovalor
valor
oOcalor de“N”
devido
de “N” ééobtido
obtidona
à infiltração naTabela
de Tabela
ar 10.3como
é da ordem
10.3 como sendo
de 896W.
sendo
178 Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização
0,10 10-3-3renovações
0,10xx10 renovaçõespor
porsegundo.
segundo.Logo,
Logo,oocalor
calordevido
devidoààinfiltração
infiltraçãode
deararééda
daordem
ordemde
de896W.
896W.
0,10
Q inf = (trocas / s ). 126( m 3 ) . 71,16( kJ / m 3 ) =0,896kJ / s ⇒ Q inf = 896W
1000
Q
  = 00,10 ,10
(trocas/ /ss).). 126 ( m3 )3 ) . .71
126( m 71,16 ( kJ/ /mm3 )3 )==00,896
,16( kJ ,896kJ ⇒ QQ inf==896
kJ/ /ss ⇒ 896WW
Qinf = 1000(trocas
inf
inf
1000A carga térmica decorrente do produto é a soma do calor necessário
A carga térmica decorrente do produto é a soma do calor necessário para resfriar a maçã de
30o
C para para
0 o resfriar a maçã de 30 C para 0 C e da taxa de metabolismo.
C e da taxa de metabolismo.
o o

AAcarga
cargatérmica
térmicadecorrente
decorrentedo doproduto
produtoééaasoma somado docalor
o
calornecessário
necessárioparapararesfriar
resfriaraamaçã
maçãde
de
o
30oC Cpara
para00oCo
Ceeda dataxa
taxade Q produto = 3330( kg ) . 3,65( kJ/kg .C). 25( C ) = 303.862kJ
demetabolismo.
metabolismo.
o

30
o
QQproduto 3330( kg
produto==3330 ( kg) ). .33,65
,65 ( kJ/kgo .C
( kJ/kg .C).).25
25( (o oCC) )== 303
303.862
.862kJ
kJ
12  W 
Q metabolismo = 3330( kg ) .   = 40W
1000  kg 
 12 WW
12
Q
 metabolismo = 3330 ( kg ) .
Qmetabolismo = 3330( kg ) . 1000 kg==40 40WW
Se o esfriamento acontece ao longo das 16h 1000 
kg  
de funcionamento, temos 5.315W de carga
térmica, devido ao resfriamento do produto e devido ao metabolismo (5.275W + 40W). Chegamos
Se oo esfriamento
Se esfriamento acontece
acontece ao
ao longo
longo das
das 16h
16h de
de funcionamento,
funcionamento, temos
temos 5.315W
5.315W dede carga
carga
nesse valor dividindo 303.862 kJ por 16 x 3.600 segundos, que resulta em 5.275W.
térmica,devido
térmica, devidoao aoresfriamento
resfriamento doproduto
Se o esfriamento
do produto eedevido
acontece devido aometabolismo
ao longo
ao metabolismo
das (5.275W++40W).
16h de funcionamento,
(5.275W 40W). Chegamos
temos
Chegamos
Para o cálculo da parcela devido à iluminação, considera-se uma potência de 630W. Para se
nessevalor
nesse valordividindo
estimar dividindo
a 5.315W 303.862
de carga
carga térmica,
303.862 kJtérmica,
devido
kJ porao
por 16operador
16 xxdevido
3.600segundos,
3.600 segundos,
daaocâmara, queresulta
resfriamento resulta
utilizamos
que em
em 5.275W.
do aproduto
Tabela e devido
10.8,
5.275W. ondeao
verificamos
Parauma metabolismo (5.275W + 40W). Chegamos nesse valor dividindo 303.862 kJ
que
Para oocálculo
cálculo
pessoada daparcela
parcela
libera devidoààiluminação,
aproximadamente
devido iluminação,
273W. São considera-se
duas pessoas
considera-se uma
uma potência
entrando de630W.
e saindo
potência de 630W. ParaPor
da câmara.
Para sese
por 16 x 3.600 segundos, que resulta em 5.275W.
estimar
estimar aacarga
isso, carga térmica,
esse térmica,
valor é de devido
546W.
devido aoAoperador
ao operador dacâmara,
carga térmica
da câmara, utilizamos
devidoutilizamos
ao motor ado aTabela
Tabela 10.8,onde
evaporador
10.8, éonde verificamos
obtida, de forma
verificamos
queuma
uma pessoalibera Para
libera o cálculo da
aproximadamente parcela
273W.devido à iluminação,
São484W.
duaspessoas considera-se
pessoasentrando uma
entrandoeesaindo potên-
saindodadacâmara.
câmara.PorPor
que aproximada,
pessoa a partir da Tabela 10.9 como
aproximadamente 273W. sendo
São duas
cia de 630W. Para se estimar a carga térmica, devido ao operador da câmara,
isso,esse
isso, essevalor
valorééde de546W.
546W.AAcargacarga térmicadevido
devidoao aomotor
motordo doevaporador
evaporador éobtida,
obtida,dedeforma
forma
utilizamos a Tabela 10.8,térmica
onde verificamos que uma pessoa liberaéaproxima-
aproximada,aapartir
aproximada, partirda
damente daTabela
Tabela10.9
273W. 10.9duas
São como
como sendo484W.
pessoas
sendo 484W. e saindo da câmara. Por isso, esse
entrando
valor é de 546W. A carga térmica devido ao motor do evaporador é obtida, de
forma aproximada, a partir da Tabela 10.9 como sendo 484W.

Os percentuais de cada parcela de carga térmica podem ser visualizados


na Figura 10.5.
Capacidade de Câmaras Frias 179

Figura 10.5 – Parcelas de carga térmica de refrigeração.

A carga térmica total é estimada em 9.572W, que é equivalente a 32.640


BTU/h ou 2,7 TR. Considerando-se que 1kcal/h é equivalente a 1,16 W a
carga térmica é de 8.251 kcal/h.
Esse mesmo cálculo pode ser realizado por meio de planilhas eletrôni-
cas disponíveis na internet, conforme mostrado na Figura 10.6. As diferenças
se devem porque a planilha trabalha com temperatura externa de 32oC.

Figura 10.6 – Carga Térmica estimada usando planilha disponível na internet (Heatcraft)

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