Tese Simplificada para Digital Mariana Conti Craveiro

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MARIANA CONTI CRAVEIRO

PACTOS PARASSOCIAIS PATRIMONIAIS:


ELEMENTOS PARA SUA INTERPRETAÇÃO NO
DIREITO SOCIETÁRIO BRASILEIRO

Tese de Doutorado em Direito Comercial

Orientadora: Professora Titular Paula A. Forgioni

Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo


São Paulo
2012
2

MARIANA CONTI CRAVEIRO

PACTOS PARASSOCIAIS PATRIMONIAIS:


ELEMENTOS PARA SUA INTERPRETAÇÃO NO
DIREITO SOCIETÁRIO BRASILEIRO

Tese apresentada como requisito


parcial de obtenção do grau de Doutor
em Direito Comercial pelo Programa
de Pós-Graduação da Faculdade de
Direito da Universidade de São Paulo,
sob a orientação da Professora Titular
Dra. Paula A. Forgioni.

Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo


São Paulo
2012
3

AGRADECIMENTOS
A jocosa afirmação de que redigir uma tese acadêmica é um calvário
ganha sentido completo apenas após trilhado o caminho. A travessia, de
fato, não depende apenas do esforço e bom ânimo do pesquisador, mas
muito da colaboração e compreensão de quem, direta ou indiretamente, em
maior ou menor grau, auxilia-o a enfrentar as escarpas.
Em primeiro lugar, agradeço à minha orientadora, Profa. Paula
Andrea Forgioni, e à Universidade de São Paulo pela oportunidade de, uma
vez mais, regressar à velha e sempre nova academia para cumprir o ciclo da
minha formação, sendo despiciendo anotar meu orgulho em cumprir todas
as suas etapas na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco,
esperançosa de que o trabalho que ora se conclui esteja à altura dessa
responsabilidade. À Profa. Paula, em específico, minha gratidão por tudo o
que me ensinou durante mais de doze anos de convivência acadêmica e
profissional. Sua conhecida exigência por qualidade cativou-me desde o
nosso primeiro encontro e sinto-me honrada pela confiança que, desde
aquele dia de 1999, depositou em mim e no meu potencial, estimulando-me
a buscar a realização de meus propósitos.
Ao Professor José Alexandre Tavares Guerreiro pela generosidade em
confiar-me a utilização de sua rica biblioteca e em muito discutir comigo o
tema escolhido, encorajando-me a enfrentá-lo. Ao Professor Francisco
Satiro de Souza Jr., pelas sugestões e críticas que me permitiram melhor
dimensionar o trabalho. Ao Professor Gustavo Saad Diniz, da Faculdade de
Direito da USP de Ribeirão Preto, pelo constante intercâmbio de ideias.
Ao Max-Planck-Institut für ausländisches und internationales
Privatrecht, nas pessoas do Prof. Klaus Hopt e Dr. Jan Peter Schmidt, pela
bolsa de estudos concedida durante o ano de 2010 e pela singular
oportunidade de, em Hamburgo, encontrar as condições ideais para
estruturar esta tese. Aos colegas de instituto, nas pessoas de Elena de
Carvalho Gomes, Catarina Monteiro Pires, Mariana Fontes da Costa,
Margarida Almeida, Victor Hugo Chacon e Gabriel Saad Kik Buschinelli
que me brindaram, durante a estada Alemanha e o período de redação da
4

tese, com profundas discussões e envio de material, na mais pura essência


da colaboração acadêmica.
Aos colegas de pós-graduação, Marcel Edvar Simões, Ligia Paula
Pires Pinto Sica e Carla Tomazella, pelo debate de ideias e pela segurança
de poder contar com suas críticas. A Rodrigo Carneiro Cipriano, pelo
inestimável auxílio na pesquisa e colheita do material, bem como nas
discussões e revisões iniciais do texto. Igualmente, a Marilia Ferreira de
Miranda e aos acadêmicos de direito Ana Carolina Folgosi Bittar, Bruna
Hayar Fuscella, Pedro Bini Ferreira, Paulo Henrique Pinto e Ana Luisa
Taborda Sanches, pela reunião de textos e revisão de bibliografia.
Ao meu “capo”, Fabio Buccioli, por me permitir, ao longo de tantos
anos, a quotidiana vivência dos temas que perfazem o objeto desta tese.
Aos colegas de escritório Guilherme José Braz de Oliveira, Verônica
Vargas da Rosa e Thiago Munhoz Agostinho, pela compreensão ao
substituirem-me em tantas ausências. A Cristiane Ferreira Fidêncio e
Ricardo Borges de Lima, pelo suporte constante e eficiente, fundamental na
árdua compatibilização entre o rigor da vida acadêmica e a frenética
atividade na advocacia, pelo que também agradeço às diligentes Rosana
Hashimoto e Cacilda de Oliveira.
A todas as minhas amigas-irmãs, nas pessoas de Lia Mitsue Ota
Zanchet, Marina Garcia Marini Stamato e Maria Lucia Lacerda Coelho de
Paula Lopes, pelo suporte ao meu esforço e constante torcida para que tudo
chegasse a bom fim, no que agradeço também a Ulrike Warneke, Beatrix
Andraus e Eliana Kaneshiro.
E, sobretudo, agradeço aos meus pais Lu is Alberto e Magda, a quem
dedico este trabalho, pelo incansável encorajamento e por tudo o que
empreenderam para que eu estivesse aqui, hoje; ao meu marido, Godofredo
Carbinatto Júnior, pela paciência e renúncia ao proveito de momentos
felizes, em prol deste trabalho; a toda minha família, enfim, pela força e
serenidade que me proporcionam, sem o quê nada pode ser realizado.
5

RESUMO
O fenômeno da contratualização do direito societário tem se
intensificado nos diversos ordenamentos, sobretudo com relação a
sociedades anônimas fechadas – constituidas no âmbito de joint ventures e
aquelas que recebem investimentos de private equity. Nesse cenário, os
acordos celebrados entre acionistas para reger seu relacionamento
societário de maneira complementar e paralela aos atos constitutivos das
sociedades (amplamente designados “shareholders’ agreements”) são
traços característicos. Designados em 1942 por G IO R G IO O P P O como
Contratti Parasociali, sua análise doutrinária, em geral, tem se focado no
exame de sua relação com o contrato ou estatuto social, ocupando-se
principalmente dos acordos incidentes sobre a organização e
funcionamento da companhia (notadamente os acordos de voto) e seus
efeitos societários. Com relação aos pactos relativos a direitos patrimoniais
dos celebrantes, o fato de não produzirem efeitos diretos sobre a companhia
reduz seu exame sob a ótica do direito societário. A tese tem como objetivo
primário, assim, caracterizar esse grupo de contratos assinalando como sua
função econômica a de modelar o relacionamento societário entre as partes.
Verifica-se, pois, que as disposições do pactos em exame não apenas geram
vínculos obrigacionais entre os signatários, mas também gravam o status
de sócio de cada um deles. No Brasil, o estudo dos pactos parassociais é
centrado no exame dos acordos de acionistas previstos no art. 118 da Lei
6.404/76, não tendo sido identificadas obras que avaliem os pactos
parassociais como gênero de que o acordo de acionistas é espécie. Pouco
se explora, sob a perspectiva societária, ajustes com conteúdo patrimonial
ou mesmo aspectos gerais dos pactos parassociais, como sua interpretação
e limites de validade. O escopo principal da tese seria, então, o de
examinar como as peculiares circunstâncias em que se inserem os pactos
parassociais patrimoniais influenciam seu processo de interpretação e
propor elementos para que considerações derivadas da lógica societária
orientem o intérprete, buscando superar argumentos de concepção
individualista, ligados a defesa de ampla liberdade contratual das partes na
celebração de ajustes relativos a seus direitos patrimonais. Com esse
propósito, analisa-se regras consagradas de hermenêutica - notadamente as
relativas à necessidade de exame da função econômica do contrato e da
boa-fé objetiva - e elementos de sustentação da lógica societária, como o
escopo comum, os deveres e direitos dos sócios. Além disso, verifica-se os
principais elementos apontados na doutrina como limitadores da autonomia
contratual no direito societário e, por fim, reflete-se sobre a relação dos
pactos parassociais patrimoniais com os alvos de tutela do direito
societário.

Palavras chave: - pactos parassociais – acordo de acionistas – joint


ventures – private equity – direitos patrimoniais – status socii - boa-fé
objetiva – dever de lealdade - interpretação.
6

ABSTRACT

The phenomenon of contracts in corporate law has intensified in the


various legal s ystems, particularl y with respect to closel y held corporations
– incorporated as joint ventures and those that receive private equit y
investments. In this scenario, the agreements executed between
shareholders governing their relationship in a complementary and parallel
manner to the compan y b ylaws (widel y known as “shareholders'
agreements”) are characteristic features. Designated in 1942 b y Giorgio
Oppo as Contratti Parasociali, its doctrinal anal ysis, in general, focuses on
the examination of the relationship with the contract or bylaws of the
compan y, dealing primaril y with agreements regarding organization and
operation of the compan y (notabl y the voting agreements) and the
corporate effects arising therefrom. With respect to agreements concerning
patrimonial rights of the parties, the fact that they do not produce direct
effects on the compan y reduces its anal ysis from the perspective of
corporate law.The initial purpose of the thesis, thus, is to characterize this
group of contracts indicating that their economic purpose is to model the
corporate relationship between the parties. The provisions of the
agreements in question not onl y create obligation ties between the parties
but also mark their partner status. In Brazil, the anal ysis of shareholders’
agreements is centered in “acordos de acionistas” provided for in art. 118
of Law 6404/76, and no studies were found regarding shareholders’
agreements as a class of which acordo de acionistas is a t ype. Agreements
with patrimonial contents or even general aspects of shareholders’
agreements, such as their interpretation and validit y limits, are poorl y
studied. The main purpose of the thesis thus, is to examine how the
peculiar circumstances in which the patrimonial shareholders’ agreements
are inserted may impact their interpretation process and to propose
elements so that aspects arising from the specific corporate logic may
orient the interpreter, aiming at overcoming individualistic arguments,
linked to the defense of broad freedom of contract b y the parties in the
adjustments concerning their patrimonial rights. The recognized rules of
hermeneutics are anal yzed - especially those relating to the need to
examine the economic function of the contract and the objective good faith
- and the supporting elements of corporate logic, as the ordinary scope,
duties and rights of the partners. In addition, the main elements pointed out
in the doctrine as limiting of the contractual autonom y in corporate law are
verified and the relationship of shareholders’ agreements with the targets
of protection of corporate law is anal yzed.

Keywords: - Shareholders’ agreements - joint ventures - private equit y –


patrimonial rights – status socii - objective good faith – fiduciary duties -
interpretation.
7

RIASSUNTO
Il fenomeno della contrattualizzazione del diritto societario viene sempre
più intensificandosi nei diversi ordinamenti, soprattutto con riferimento
alle società anonime chiuse – quelle costituite nell’ambito di operazioni di
joint ventures e quelle che ricevono investimenti di private equity. In
questo scenario, i patti celebrati tra gli azionisti per regolare il loro
rapporto societario in maniera complementare e parallela agli atti
costitutivi della società (a cui genericamente ci si riferisce col nome di
“shareholders’ agreements”) costituiscono tratti caratteristici di tale
fenomeno. Denominati nel 1942 da G IO R G IO O P P O Contratti Parasociali, la
loro analisi dottrinaria, in generale, si è incentrata sul rapporto che
intercorre tra gli stessi e il contratto o lo statuto societario, approfondendo
in particolar modo i patti incidenti sull’organizzazione e il funzionamento
della società (specialmente gli accordi per il voto) e i loro effetti societari.
Con riferimento ai patti riguardanti i diritti patrimoniali dei soci, il fatto di
non produrre effetti diretti sulla società ne ha limitato l’esame sotto
l’ottica del diritto societario. La tesi ha come obiettivo iniziale, dunque,
quello di caratterizzare questo gruppo di contratti, mettendone in luce come
la loro funzione economica sia quella di modellare il rapporto societario tra
le parti. Si dimostra, poi, come le disposizioni dei patti in esame non solo
generano vincoli obbligazionari tra i firmatari, ma informano anche lo
status di socio di ognuno di questi. In Brasile, lo studio dei patti
parasociali è incentrato sull’esame degli “acordos de acionistas” previsti
nell’art. 118 della Legge 6.404/76, e non sono state trovate opere che
considerano i patti parasociali alla stregua di un genere di cui l’acordo de
acionistas è una specie. Si indagano poco, sotto la prospettiva societaria, i
patti con contenuto patrimoniale egli aspetti generali dei patti parasociali,
come la loro interpretazione e i limiti di validità. Lo scopo principale della
tesi sarebbe, allora, quello di esaminare come le circostanze peculiari in
cui si inseriscono i patti parasociali patrimoniali influiscono sul loro
processo di interpretazione e proporre degli elementi affinché
considerazioni derivate dalla logica societaria orientino l’interprete, al fine
di superare argomenti di concezione individualistica legati alla difesa
dell’ampia libertà contrattuale delle parti nell’esecuzione di contratti
relativi ai loro diritti patrimoniali. Con questo proposito, vengono
analizzate regole consacrate di ermeneutica – specialmente quelle relative
alla necessità di esaminare la funzione economica del contratto e quella
della buona-fede oggettiva – e gli elementi su cui si fonda la logica
societaria, come lo scopo comume, i doveri e diritti dei soci. Si passano al
vaglio, , inoltre, i principali elementi che la dottrina individua come limiti
all’autonomia contrattuale nel diritto societario e, infine, si procede ad una
riflessione sul rapporto dei patti parasociali patrimoniali con gli obiettivi
di tutela del diritto societario.

Parole-chiave: - patti parasociali – accordo tra azionisti – joint ventures –


private equity – diritti patrimoniali - status socii– buona fede obbiettiva –
dovere di lealtà - interpretazione
8

PRÓLOGO

Relatório de pesquisa (2008-2010)

1. A presente tese (Pactos parassociais patrimoniais. Elementos


para sua interpretação no direito societário brasileiro 1) representa a fase
final de pesquisas ligadas ao tema da autonomia contratual no direito
societário que vimos desenvolvendo desde o ano de 2008, quando o projeto
original de doutoramento (Fundamentos do direito societário brasileiro e
limitação da autonomia privada) foi apresentado.

2. Cumpre dizer, porém, que as inquietações intelectuais ligadas a


esses temas têm raízes mais antigas. Desde o curso de graduação e os
primeiros passos na advocacia societária, no final dos anos 90, inquietava-
nos notar que não havia obras de direito societário tratando de contratos
celebrados entre sócios (salvo aquelas lidando sobre acordos de
acionistas), ao passo que, quotidianamente, eram múltiplas as hipóteses
desses contratos com que a jovem estudante se deparava (acordos de
financiamento à sociedade, contratos sobre a compra e venda de
participações, contratos de associação e joint venture, contratos de
fornecimento de tecnologia, etc.). Qual a influência do direito societário
sobre esses contratos? Seriam as partes totalmente livres para estipulá-los,
desde que respeitadas as condições gerais de validade do negócio jurídico
ou haveria restrições próprias do direito societário 2?

1
A p r o p ó s ito d a lo c u çã o “p acto p ar a s so ci al” e m l u gar d e “co n tr ato s p ar as so c ia i s”,
o p to u -s e p o r ad o tá -l a e m r esp ei to a se u u so g en er a liz ad o . P o r o utr o lad o , a p ala vr a
“p acto ” tr az e m s i a id e ia d e la ter al, ac es só r io a al go q ue é p r i n cip al e , mu i to e mb o r a
tal v ez sej a e s sa a r a zão p ar a s ua u ti liz ação q u a n to ao s aj us te s e x tr a es ta t ut ár io s, n ão se
te nc io no u e n f at izar e ss e a sp ec to . No t e xto , p o r ta nto , u t il i za r- se - á in d i st in ta men te
“p a c to s ” o u “co n t ra to s ” p a ra s so c ia i s.
2
Se me l h a nte q ue st io na m en to é fe ito p o r A N A F E L I P A L E A L : “O p r o b le ma a a nal i sar é,
as si m o d e sab er se, p a r a alé m d o s l i mi te s g e n ér ico s à a u to no mi a p r i v ad a, o s a co r d o s
p ar a sso cia i s e st ão ai nd a s uj ei to s ao s l i mi te s t íp i co s d o co ntr a to d e so c ie d ad e” ( A lg u ma s
n o ta s so b r e a p a ra s so cia l id a d e n o d i rei to p o rtu g u ês , i n Re v i sta d e Dir e ito d a s
So c ied ad e s, I , p p . 1 5 7 ) . No Cap í t ulo 4 ver - se - á q ue me no s o co n tr a to d e so c ied ad e e
ma i s o r el ac io na me n to p o r ele ger ad o e s ua ló gi ca p r ó p r ia é q ue , o r a se ar g u me n t a,
i mp õ e p ec ul iar id ad es a o p r o ce s so i n ter p r et at i vo a ser s e g uid o q u a nto ao s p acto s
p ar a sso cia i s p a tr i mo n ia i s.
9

3. Buscando criar arcabouço teórico que pudesse apresentar


respostas a indagações desse gênero, não se encontrava, à época, obras que
expusessem ou sistematizassem as regras gerais, os princípios de direito
societário que, violados, determinariam a nulidade do ato ou negócio
jurídico, ou obras que tratassem os contratos parassociais de forma
específica e abrangente 3.

4. Passados mais de dez anos, constata-se com pesar que a doutrina


brasileira ainda se ressente de trabalhos de teoria geral do direito
societário, que enunciem, de maneira sistemática, seus princípios
estruturais, funcionais, valorativos e a lógica própria desse ramo do
direito 4. Ao contrário, a recente produção científica em direito societário,
no Brasil, tem se concentrado na descrição dos tipos societários e no exame
de temas específicos a eles ligados 5 em dinâmica que, aliás, pode também
ser verificada quanto aos contratos comerciais 6.

3
So b r e a d i sc ip l i na d a n ul id ad e d o co ntr ato d e s o cied ad e e d e a to s so c ie tár io s, co mo a
d elib er aç ão a ss e mb l ear , a lit er a t ur a é va s ta e b e m co n hec id a a p e cu li ar id ad e d a
an u laç ão . C f. o c lá s si co d e J O S E P H H É M AR D , Th éo ri e e t p ra tiq u e d es n u ll ité s d e
so c iét és e t d e s so c ié té s d e fa it, P ar i s, Sir e y, 1 9 2 6 e E R A S M O V A L L A D ÃO A Z E V E D O E
N O V A E S F R A N Ç A , I n va l id a d e d a s d e lib e ra çõ e s d e a s se mb l éia d a s S . A ., S ão P a ulo ,
Mal h eir o s, 1 9 9 9 . P o u c o se fal a, co nt ud o , d a n ul id ad e q ue a ti n g e co n tr a to s o u tr o s
celeb r ad o s en t re só c io s . Ha ver ia ta mb é m co m r e lação a ele s q ue se ma ti zar a s r e gr a s d e
n ul id ad e ( p ar a p r o t eçã o d e t er ce ir o s d e b o a - fé , p o r e x e mp lo ) o u o f ato d e ser e m
celeb r ad o s no co n te x t o d e u m r e lac io na me nto so ci etár io e m n a d a i n f l ue nc ia a
p o s sib ili d ad e d e s ua a n u lação ? D ú v id a s co mo e s sa são a b a se d a te se.
4
A e xe mp lo d a s o b r a s d e H E R B E R T W I E D E M A N N , Ge sel l sch a f t s rech t I – G ru n d la g en
Mü n c he n, B e c k, 1 9 8 0 ; K AR S T E N S C H M I D T , G es ell sch a ft s re ch t. 4 ª ed . , Kö l n, H e y ma n n s,
2 0 0 2 ; A N T Ó N I O M E N E Z E S C O R D E I R O , Ma n u a l d e d i rei to d a s so c i ed a d es . – Da s
so c ied a d e s e m g era l., V o l. 1 , Co i mb r a, Al me d i n a, 2 0 0 4 e Y V E S G U Y O N , Les so c ié té s –
A mén a g e men t s s ta tu ta i re s et co n ven tio n s en t re a sso ci és , i n T ra ité d es Co n t ra t s,
J acq u e s G h es ti n ( co o r d . ) , 5 ª ed . , P ar i s, L G DJ , 2 0 0 0 ; e nt r e o u tr o s .
5
Nes s e p a sso , i nc is i va s as p a la vr as d e M E N E Z E S C O R D E I R O , a r e sp e ito d a ver i fi caç ão d o
me s mo l i mi tad o r , no d ir eito p o r t u g uê s : “[ n] a fi xa ção d e u ma d o g má t ic a d a s so ci ed ad e s
en co ntr a mo s u m d il e ma : d ev e -s e i n si s tir n u ma c o n str u ção d e co n ce ito s ger ai s o u p a s sar
a u ma d e scr iç ão d o s tip o s d e so c ied ad e s, ma i s s i mp le s e d ir ect a? E s ta ú lti ma o p ç ão t e m
sid o p r i v ile g iad a e m e x p o si çõ e s d e car iz mu i to ele me n ta r o u e m t e xto s d ir i g id o s a n ão -
j ur i st as . E la d o mi n a, a i nd a , na l g u ma d o u tr i na p o r t u g ue sa tr ad ic io nal i s ta, q u e t r ab a l ha
co m cla s si f ic açõ e s e le me n tar es e p as s a, d e p o is, a u ma e xe g es e d e ár ea s mai s
co n h ecid a s d a p a r te g e r al d o Có d i go d e So c i ed ad e s Co mer cia i s. Nã o é s at is f ató r ia.
Alé m d o r e tr o c es so ci en tí f ico e c u lt ur al q u e i mp l ic a, e la n ão p o d e a ss e g ur ar u m
p r o gr es so n a Ci ê nci a d o Dir ei to d a s so c ied ad e s. Al é m d is so , ab d i ca d e u ma ver d ad eir a
d i me n são d o utr i nár i a, na tr ad iç ão u n i ver si tár ia d o e n si no d o Dir ei to no Oc id e nt e
Co nt i ne n ta l. A co n s tr u ção ger a l é ma i s a mb i cio sa, se nd o ad o p tad a p elo s mel ho r e s
tr at ad i st a s d a ma tér i a”. ( Ma n u a l d e d i rei to d a s so c ied a d e s – Da s so c ie d a d es em g e ra l,
Vo l. 1 , Co i mb r a, Al me d in a, 2 0 0 4 . p . 1 7 9 ) . G U Y O N ta mb é m e n u nc ia no i níc io d e s u a
o b r a ( Le s so c iét és , ci t., p . 9 ) , q ue ser ia i n út il escr e ver u ma o b r a q ue u ma v ez ma is
10

5. A ausência de manifestações doutrinárias como as acima


apontadas, por decorrência, frequentemente torna pouco claro, ao
intérprete, o espaço de exercício da autonomia privada que os fundamentos
e princípios próprios do direito societário deixam entrever 7.

6. Nesse contexto, como será reiterado incontáveis vezes ao longo


da tese, o que havia – e há – a respeito de contratação entre sócios, no
Brasil, diz respeito ao próprio contrato de sociedade ou, em sede
parassocial, ao acordo de acionistas, previsto na Lei n. 6.404/76.

7. Decidiu-se, assim, restringir o projeto de pesquisa inicial,


alterando seu foco para o tema dos contratos parassociais, pois essa opção
pareceu a um só tempo útil e realista, no sentido que permitiu que se
continuasse a examinar a relação entre autonomia privada e direito
societário, sem que a pesquisa que se considerou inicialmente realizar
sobre os princípios do direito societário brasileiro acabasse por se mostrar
incompatível com as limitações de tempo para a conclusão do
doutoramento.

8. Feito esse corte metodológico inicial, optou-se por realizar, como


primeiro passo para o desenvolvimento do trabalho, levantamento
bibliográfico e jurisprudencial, no Brasil 8, com relação a pactos
parassociais e, por consequência, acordos de acionistas. Os principais
termos utilizados para a pesquisa foram “parassocial”; “acordo de

d esc r e ve s se o r e gi me l eg al d a s so ci ed ad e s, p o is a d o u tr i n a é, d e ste p o n to d e vi st a,
ab u nd a nte .
6
De fa to , co mo e scl ar ec e P AU L A A. F O R G I O N I , a o tr atar d e co n tr ato s e m p r es ar ia i s, “não
há u m e s fo r ço d o g má ti c o p ar a a co mp r ee n são d o meca n i s mo d e f u ncio na me n to co mu m
d es se s ne gó c io s; t a mp o uco , e nco ntr a mo s o d ese n vo l vi me n to d e co nc eito s ap to s p a r a
exp li cá - lo s e m s u a ló g ica p ec u li ar ” ( T eo r ia g era l d o s co n t ra to s e mp r esa r ia i s, S ão
P au lo , RT , 2 0 0 9 , p . 1 7 -2 0 ) . À me s ma co nc l u são c h e ga - se co m r e l ação ao s p a cto s
p ar a sso cia i s, co mo s e ve r á ao lo n go d e st a t es e.
7
G U Y O N ap o n ta me s mo co mo o b j et i vo d e s e u tr ab al ho “a b u sc a d o l u ga r o c up ad o p ela
vo n tad e i nd i vid u al e p ela l ib er d ad e co n tr a t ua l no d ir e ito so ci et ár io ”, o q ue ser ia
co n v e nie n te e mp r e e nd er ta mb é m co m r el ação a o d ir e ito b r as il eir o . E m esp eci al q u a nto
ao s p acto s p ar a s so ci ai s , é p r e ci so a v al iar q u a is p r i nc íp io s d e ve m ser r esp ei tad o s na
r ed ação e e x ec uç ão ( Le s so c ié té s.., ci t., p .9 ) .
8
C ab e m aq ui o s a gr a d eci me n to s, u ma v ez ma i s, à ge n er o s id ad e d o P r o f. J O S É
A L E X A N D R E T A V AR E S G U E R R E I R O p o r p er mi t ir o ace s so à s u a r i ca b ib l io teca , e m q ue fo i
p o s sí ve l co n s u lta r o b r a s -c h a ve p ar a o d es e nr o l ar d a p e sq ui sa .
11

acionistas”; “sindacati di voto”, “pactes d’associés”, buscando identificar o


conteúdo das obras consultadas a seu respeito.

9. Na doutrina, partiu-se de nossos clássicos, perpassando (i)


comentários às leis; (ii) manuais; (iii) tratados; (iv) monografias 9- 10; (vi)

9
No q u e d iz r esp ei to à d o u tr i n a b r a s ile ir a, ho u v e p r eo c up a ção e m r ea li zar u m
p a n o ra ma c ro n o ló g ico d as gr a nd e s o b r a s d o d i r eito co me r c ial p á tr io , d e mo d o a te n tar
id e nt i fi car e m q ue mo me n to h is tó r i co o q u e st io na me n to so b r e p ac t o s p ar as so cia i s
s ur gi u . D es ta fo r ma, e m o r d e m d e p ub l ica çã o , es ta s fo r a m a s o b r a s f u nd a me nt ai s
co n s u ltad as co m es se p r o p ó sito ( o u tr a s e st ão li st ad a s n a s eç ão “r e fer ê nci as
b ib lio g r á fi ca s”) : J O S É D A S I L V A L I S B O A , ( V i s co nd e d e C air u) , P rin c ip io s d e d i re ito
me rca n t il e l ei s d e ma rin h a , 6 ª ed ., Rio d e J an eir o , Acad ê mic a, 1 8 7 4 ; S A L U S T I A N O
O R L A N D O D E A R A Ú J O C O S T A , ( o Co n sel h eir o O r la nd o ) , Co d ig o Co m me rc ia l d o I mp e r io
d o B ra zi l, Rio d e J a n e ir o , La e m mer t, 1 8 6 4 ; D I D I M O A G A P I T O D A V E I G A J U N I O R , A s
so c ied a d e s a n o n y ma s (L ei n . 3 .1 5 0 , d e 4 d e n o v emb ro d e 1 8 8 2 - Co m me n ta r io ), Rio d e
J ane ir o , Na cio n al, 1 8 8 8 ; D I D I M O A G A P I T O D A V E I G A J U N I O R , Co d i g o Co mm er cia l
co mm en ta d o , Rio d e J ane ir o , La e m mer t, 1 8 9 8 ; J O S É D A S I L V A C O S T A , Di re ito
co mm er cia l ma r it imo , R io d e J a ne ir o , J o r na l d o Co m me r c io , 1 8 9 9 ; A N T O N I O B E N T O D E
F AR I A , Co d ig o Co mm e rc ia l b ra z il ei ro , Rio d e J an eir o , R ib eir o d o s Sa nto s, 1 9 0 3 ;
H E R C U L A N O I N G L E Z D E S O U Z A , D i rei to co mme rc ia l (p re le cçõ e s p ro f es sa d a s n a
F a cu ld a d e L iv re d e S c ie n cia s Ju ríd ica s e S o c ia e s d o R io d e Ja n ei ro e c o mp i la d a s p elo
b a ch a re l A lb e rto B io l ch in i ) , S ão P a ulo , E s co la s P r o fi s sio n ae s Sa le sia n as , 1 9 0 6 ;
B R A S I L I O A U G U S T O M A C H AD O D E O L I V E I R A , ( o B ar ão B r as il io Mac h ad o ) , O Co d ig o
Co m me rc ia l d o B ra si l em su a fo rma çã o h i s tó r ica , São P a u lo , S al le s, 1 9 1 0 ; J O S É
X AV I E R C A R V A L H O D E M E N D O N Ç A , T ra ta d o d e d ir ei to co m me rc ia l b ra z ile i ro , Vo l. 1 , 1 ª
ed ., São P a u lo , C ar d o zo Fil ho , 1 9 1 0 ; S A L V A D O R A N T O N I O M O N I Z B AR R E T O D E A R A G Ã O ,
S o cied a d e s a n o n yma s, Rio d e J a ne ir o , Fr a nc i s co Al v es , 1 9 1 4 ; S P E N C E R V AM P R É , Da s
so c ied a d e s a n o n y ma s – co mm en ta rio à co n so l id a çã o d a s l ei s so b re so c ied a d e s
a n o n yma s e e m co mma n d ita p o r a cçõ es (D ec r . n . 4 3 4 d e 4 d e ju lh o d e 1 8 9 1 ), São
P au lo , P o ca i -W e is s, 1 9 1 4 ; D E S C AR T E S D E M A G A L H Ã E S , Cu rso d e d ir eito co m er cia l,
Vo l. 1 , 1 ª ed ., Sal v ad o r , B a hia n a, 1 9 1 9 ; S P E N C E R V AM P R É , T ra ta d o ele men ta r d e
d ir ei to co m me rc ia l , 3 v. , R io d e J a ne ir o , B r i g ui et, 1 9 2 2 ; A L F R E D O D E A L M E I D A R U S S E L ,
Cu rso d e d i re ito co m me rc ia l b r a si leir o , Rio d e J ane ir o , S cie n ti f ic a, 1 9 2 3 ; W A L D E M AR
F E R R E I R A , Cu r so d e d i re ito co mm er cia l, Vo l. 2 ., São P a ulo , Sa ll es Oli v eir a, 1 9 2 7 ;
A L F R E D O D E A L M E I D A R U S S E L , S o c ied a d e s a n o n yma s: th eo ria e p ra t ica , R io d e J a ne ir o ,
L ei te R ib e ir o , 1 9 2 9 ; O C T A V I O M E N D E S , Cu rso d e d ire ito co mme rc ia l ter re s tr e, S ã o
P a u lo , S a ra iva , 1 9 3 0 ; J O S É X A V I E R C AR V A L H O D E M E N D O N Ç A , P ro b lema s d a s
so c ied a d e s a n o n y ma s, São P a ulo , RT , 1 9 3 1 ; G U D E S T E U D E S Á P I R E S , S o ci ed a d e s
a n o n yma s (su b s id io s p a ra a r efo rma d a lei ) , Rio d e J a neir o , J o r n al d o Co m mer cio ,
1 9 3 5 ; T R A J A N O D E M I R A N D A V A L V E R D E , S o c ie d a d es a n o n i ma s, Vo l. 1 , R io d e J a n eir o ,
B o r so i, 1 9 3 7 ; T R A J A N O D E M I R A N D A V A L V E R D E , S o ci ed a d e s p o r a çõ e s ( co men tá r io s a o
Dec re to - Lei n . 2 .6 2 7 , d e 2 6 d e se te mb ro d e 1 9 4 0 ), Vo l. 2 , R io d e J ane ir o , Re v i sta
Fo r e n se, 1 9 4 1 ; G U D E S T E U D E S Á P I R E S , Ma n u a l d a s so cied a d es a n o n ima s, R io d e
J ane ir o , Fr ei ta s B as to s, 1 9 4 2 ; W A L D E M AR F E R R E IR A , I n s ti tu i çõ e s d e d i re ito co m e rcia l,
Vo l. 1 , R io d e J a ne ir o , Fr e ita s B a s to s , 1 9 4 4 ; A N T O N I O B E N T O D E F AR I A , D i rei to
co me rc ia l, Rio d e J a ne ir o , Co e l ho B r a n co , 1 9 4 7 ; W A L D E M AR F E R R E I R A , T ra ta d o d e
d ir ei to co me rc ia l, Vo l. 8 , S ão P a u lo , Sar ai v a,1 9 6 0 -2 ; C A R L O S F U L G Ê N C I O C U N H A
P E I X O T O , S o ci ed a d e s p o r a çõ e s ( co m en tá rio s a o Decre to - l ei n . 2 . 6 2 7 , d e 2 6 d e
se temb ro d e 1 9 4 0 , co m a s a lte ra çõ e s d a Le i n . 4 .7 2 8 , d e 1 4 d e ju lh o d e 1 9 6 5 , Le i d o
Me rca d o d e Ca p ita is ) , Vo l 5 , São P a ulo , Sar a iv a, 1 9 7 2 -3 ; F R A N M AR T I N S , Cu r so d e
d ir ei to co me rc ia l, Cear á, U n i ver si tár ia, 1 9 5 7 ; W I L S O N D E S O U Z A C A M P O S B A T A L H A ,
Co m en tá r io s à Lei d a s S o cied a d e s A n ô n i ma s, Vo l. 2 , Rio d e J a n eir o , Fo r e n se , 1 9 7 7 ;
E GB E R T O L AC E R D A T E I X E IR A e J O S É A L E X A N D R E T AV AR E S G U E R R E I R O , Da s so c ied a d e s
a n ô n ima s n o d i re ito b r a si le iro , Vo l. 2 , São P au lo , B u s hat s k y, 1 9 7 9 ; O S M AR B R I N A
C O R R E A - L I M A , Di re ito d e vo to n a so ci ed a d e a n ô n ima , i n RT 5 3 0 ( d ez. 1 9 7 9 ) , p p . 2 6 -
3 7 ; L U I Z G A S T Ã O P AE S D E B AR R O S L E Ã E S , Co m en tá rio s à Le i d a s S o cie d a d es A n ô n i ma s ,
12

pareceres publicados 11 e (vi) artigos 12. Na jurisprudência, examinou-se


decisões do Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal 13.

Vo l. 2 , São P a u lo , S ar a iv a, 1 9 8 0 . Ai nd a no q u e ta n ge à d o u tr i na b r a si leir a, b u sco u - se


id e nt i fi car as o b r a s mo no gr á f ic as so b r e o te m a aq ui p ub l icad as, lo ca liz a nd o -s e c i nco
p r i ncip ai s tr ab a l ho s a té o mo me nto : C E L S O D E A LB U Q U E R Q U E B AR R E T O , A co rd o d e
A cio n is ta s, R io d e J ane ir o , Fo r e ns e, 1 9 8 2 ; M O D E S T O C A R V A L H O S A , A co rd o d e
A cio n is ta s, São P a u lo , Sar a i va, 1 9 8 4 ; C E L S O B AR B I F I L H O , A co rd o d e A cio n is ta s, B elo
Ho r izo n te, Del Re y, 1 9 9 3 ; J O ÃO L U I Z C O E L H O D A R O C H A , A co rd o d e A cio n is ta s e
A co rd o d e Co t i sta s, Rio d e J a neir o , L u me n J ur i s , 2 0 0 2 ; M A R C E L O M. B E R T O L D I , A co rd o
d e A cio n i sta s, São P a ul o , RT , 2 0 0 6 . E m 2 0 1 1 , no d e co r r er d a r ed aç ão f in al d o tr ab a l ho ,
fo i p ub l icad a a o b r a d e M O D E S T O C A R V A L H O S A , A co rd o d e A cio n i sta s – Ho m en a g em a
Ce l so B a rb i F i lh o , São P au lo , Sar a i va, 2 0 1 1 .
10
Na d o u tr i n a es tr a n ge i r a, fo i p o s sí v el co n s ul tar a s se g u i nt es o b r a s mo no gr á f ica s :
G I O R G I O O P P O , Co n t ra tti p a ra so cia li , Mi la no , Val lar d i, 1 9 4 2 ; L U I G I F AR E N G A , I
co n t ra t ti P a ra so c ia l i, Mil a no , Gi u f fr è, 1 9 8 7 ; G I U S E P P E S A N T O N I , P a tti p a ra so cia li.
Nap o l i, J o v e ne, 1 9 8 5 ; J Ü R GE N D O H M , L es a c co rd s su r l’ e xe rci ce d u d ro i t d e vo t e d e
l’ a ct io n n a i re . G e ne ve , L ib r a ir i e d e l ’ u n i ver si t é Geo r g & C ie S. A, 1 9 7 1 ; A N T O N I O
P E D R O L , La a n ó n i ma a c tu a l y la s in d i ca ció n d e a ccio n es , M ad r id , R e vi st a d e Der ec ho
P r iv ad o , 1 9 6 9 ; G A S T O N E C O T T I N O , Le co n ven z io n i d i vo to n el le so cie tà co m me rc ia l i,
Mil a no , G i u f fr é, 1 9 5 8 ; M AR I O L E I T E S A N T O S , C o n tra to s p a ra sso cia i s e a co rd o s d e vo to
n a s so c ied a d e s a n ó n ima s, L i sb o a, Co s mo s, 1 9 9 6 .
11
E ntr e o s r ep er tó r io s q u e ma i s co ntr ib uír a m ao d ese n vo l vi me nto d a s p e sq ui sa s, e s tão :
F ÁB I O K O N D E R C O M P A R A T O , D ir ei to emp re sa ria l: e stu d o s e p a re ce re s, S ão P au lo ,
Sar a i va, 1 9 9 0 ; F ÁB I O K O N D E R C O M P A R A T O , No vo s en sa io s e p a r ec ere s d e d ir ei to
emp re sa r ia l , R io d e J a ne ir o , Fo r e ns e, 1 9 8 1 ; L U I S G AS T Ã O P AE S D E B AR R O S L E ÃE S ,
E st u d o s e p a rec er es so b re so ci ed a d e s a n ô n ima s, S ão P au lo , RT , 1 9 8 9 ; L U I S G A S T Ã O
P AE S D E B AR R O S L E ÃE S . P a r ece re s, Vo l. 2 , S ão P au lo , Si n g u lar , 2 0 0 4 ; A L F R E D O L AM Y
F I L H O e J O S É L U I Z B U L H Õ E S P E D R E I R A , A Le i d a s S .A ., R io d e J a ne ir o , Re no va r , 1 9 9 2 ;
A L F R E D O L AM Y F I L H O , Te ma s d e S .A .: e xp o s içõ es, p a re ce re s, Rio d e J a ne ir o , Re no v ar ,
2 0 0 7 ; A N T O N I O J U N Q U E I R A D E A Z E V E D O , E stu d o s e p a rec er es d e d i rei to p r iva d o , São
P au lo , Sar ai v a, 2 0 0 4 ; A N T O N I O J U N Q U E I R A D E A Z E V E D O , No vo s e stu d o s e p a r ece re s d e
d ir ei to p riva d o , São P a ulo , Sar a i va, 2 0 0 9 . A L F R E D O L AM Y F I L H O e J O S É L U I Z B U L H Õ E S
P E D R E IR A , J o sé L u iz , D i re ito d a s Co mp a n h ia s, Rio , Fo r e n se, 2 0 0 9 .
12
P r o ve n ie nt e s d e l e va n ta me n to na b as e d e d a d o s e let r ô nic a I U S D AT A, b e m co mo
ex tr a íd o s d a lei t ur a d a s p r i ncip ai s mo no gr a fi as s o b r e o t e ma d e co n tr ato s p ar a sso ci ai s.
13
Na seç ão R E F E R Ê N C I A S J U R I S P R U D E N C I A I S enco n tr a - s e o p a no r a ma g er a l d o s
r es u ltad o s d o T J SP n ão fo r a m ci tad o s to d o o s acó r d ão s co n s ul tad o s p o r q ue a maio r ia
d ele s ap e na s t a n ge nc ia m o p r o b le ma a ser t r at ad o na p r e se n te t es e, co mo se v er á ma is
ad ia n te. An al iso u - s e, e nt ão , ap e n as o s p o uco s acó r d ão s r el e va n te s, d e to d as a s co r te s
p esq u is ad a s, q u e p o d e m ser e nco ntr ad o s na seç ão “A N Á L I S E S J U R I S P R U D E N C I A I S ”, o nd e
ta mb é m s e e nco n tr a m o s p ar â me tr o s d e p e sq ui s as e a p o r ce n ta ge m ap r o xi mad a d o s
te ma s tr atad o s no s a có r d ão s. E m e sp e cí f ico , co m r e la ção ao T r ib u n al d e J u st iça d o
E st ad o d e S ão P a ulo , o le va n ta me n to d e acó r d ã o s é tar e fa q u e i mp o r t a d i fic u ld ad es d e
p r eci são e ab r a n gê nc ia. Vi sto q ue a d i g ita li zaç ã o d e se us j u l gad o s ai nd a está e m fa s e d e
i mp le me nt ação , a p e sq ui sa e m s u as b a se s d e d ad o s ele tr ô ni ca s é não r ar o fal h a ( ve z q u e
o s me ca n i s mo s d e b us cas não s e mo st r a m d e to d o co n f iá ve is p e la d e sar mo n ia n a
ind e xaç ão d e j ul g ad o s) e li mit ad a no te mp o ( d e mo d o q u e acó r d ão s ma i s a n ti go s d e v e m
ser id e nt i fi cad o s ma n u a l me nt e no s r ep er tó r io s o f ici ai s) . P e la s d i f ic uld ad es ap o ntad a s,
não se ad o to u a a n ál is e j ur i sp r ud e nc ia l co mo e le me n to ce n tr a l d a l i n h a meto d o ló gic a
se g u id a, q u e se fi xo u, p r ecip u a me n te, no e xa m e d a d o u tr i n a. E s sa e sc o lh a não a f as ta,
p o r é m, o i nt er e ss e e m se r eal iz ar tr ab a l ho e sp e cí f ico , e m o u tr a sed e, e m q ue o s e s fo r ço s
sej a m d ir ec io nad o s e xc lu s i va me n te à a n ál is e j ur i sp r ud e n cia l co mp le t a d o te ma d o s
p acto s p ar a sso cia i s e /o u aco r d o s d e acio n i st as n o B r as il.
13

10. Com relação aos artigos de doutrina, o intento inicial era o de


realizar pesquisa manual, “capa a capa”, das principais revistas de direito
comercial, tendo em vista que (i) os índices, quando existentes, não são
frequentemente atualizados. (ii) revistas antigas não têm seus artigos
catalogados, um a um, nos programas de pesquisa, demandando conferência
física e (iii) essa modalidade de pesquisa permite que se obtenha panorama
da produção doutrinária sobre determinado tema e também dados
estatísticos sobre a sua verificação.

11. Contudo, a paralisação das atividades da Biblioteca de Direito


Comercial da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo durante a
maior parte do ano de 2010 inviabilizou a pesquisa pretendida. Por
consequência, os artigos consultados no Brasil foram, substancialmente,
aqueles apontados pela base de dados eletrônica IUSDATA, cujas cópias
foram obtidas antes do fechamento da biblioteca, além de alguns artigos
referidos nesses primeiros textos e nas demais obras consultadas.

12. Julga-se oportuno indicar, sucintamente, as conclusões obtidas


ao cabo do levantamento em questão:

(i) evolução na doutrina: pode-se dividir a evolução doutrinária do


tema dos contratos parassociais, no Brasil, em quatro grandes fases.

A primeira fase, compreendida nos clássicos tratados, enfoca o


contrato de sociedade como reflexo ou sinônimo do relacionamento
societário e apenas marginalmente aponta a possibilidade de
contratação que com ele não coincida 14. No Brasil, as principais
referências são os comentários ao art. 302 do Código Comercial de
1850.

A segunda fase, correspondente às primeiras décadas do Século XX,


contempla a discussão sobre acordos de voto. Entre nós, ficou
célebre o Caso Martinelli, de 1924, cujo deslinde judicial contou
com pareceres da lavra de expoentes brasileiros como E D U A R D O

14
As o b r a s c o ns u lt ad a s n ão co nt i n ha m s eção e sp ecí f ica so b r e co n tr a to s en tr e só cio s o u
me s mo aco r d o s d e vo to .
14

E S P ÍN O LA , C A R V A L H O DE M EN D O N Ç A e C LÓ V IS B E V ILA C Q U A 15.
Centrava-se o caso na discussão sobre a validade de acordo de voto
mediante o qual se convencionava a indicação de diretor de
sociedade anônima. As questões fulcrais para sua decisão, contudo,
mais que no exame de validade da vinculação do voto, centraram-se
na validade da indicação e revogação de administradores em acordo
de voto. Com o estudo desse caso, foi possível depreender a
mentalidade do início do século com relação a temas tão
importantes para a teoria ligada aos contratos parassociais, em
específico, os acordos de voto.

O período de vigência do Decreto 2.324/40 representa a terceira


fase de apreciação do problema, tendo em vista a expansão da
utilização de acordos de voto e outros acordos de acionistas no pós-
guerra e, de outro lado, a ausência de regra legal específica, no
Brasil, sobre acordos de acionistas e sua validade. É nesse período
que, justamente em virtude do prestígio que os pactos parassociais
passam a ostentar, G IO R G IO O P P O publica a obra pioneira para o
tema, Contratti Parasociali, em 1942 16.

Por fim, a última fase inicia-se com a promulgação da lei 6.404/76,


que trouxe disposição expressa sobre acordos de acionistas e, na
doutrina, é marcada pelas discussões sobre a opção adotada pelo

15
C f. R e vi sta d e d i rei to c ivi l, co mme r cia l e cr im i n a l 8 7 ( j an. 1 9 2 8 ) , p p . 4 6 0 -5 0 0 ; 5 3 2 -
3 7 ; 6 0 0 -1 0 ; e P a n d e cta s b ra si lei ra s 2 , p t. 2 , p p . 5 1 7 e ss .
16
Co n tra tt i P a ra so c ia l i, Mil a no , Val lar d i, 1 9 4 2 .
15

legislador 17. Nessa fase, surgem monografias específicas sobre o


tema acordo de acionistas 18.

Conclui-se, então, que o contexto econômico mundial, o intenso


fluxo de relações comerciais e societárias propiciado pela
globalização e a própria evolução pela qual o direito societário
passa nos últimos vinte anos - em que proliferam as “joint ventures”
internacionais e os investimentos de “private equit y” em sociedades
anônimas fechadas - exige que nova fase se inicie na compreensão
de contratos parassociais, de modo a compreendê-los na sua real
motivação e utilização no bojo dos mais diversos relacionamentos
empresariais.

(ii) tratamento específico do tema em obras de caráter geral


(tratados e manuais de direito comercial): feitas as considerações
acima, verificou-se que as poucas obras de conteúdo panorâmico
que efetivamente tratam de contratos parassociais, cuidam
precipuamente dos acordos de voto e seus problemas próprios ou, se
posteriores a 1976, referem-se a acordos de acionistas. Em ambos
os casos, porém, não se discute a repercussão, sob a ótica
societária, de contratos com conteúdo exclusivamente patrimonial
(e não político) celebrados por sócios. Por fim, é constante a
referência a O P P O e ao que propôs na obra Contratti Parasociali de
1942 19.

17
Nes se se n tid o , p er ti n e n te a co nc l us ão d e C A L I X T O S A L O M Ã O F I L H O : “[ a ] d isc u s são e m
to r no d o aco r d o d e ac i o ni s ta s te m se c e ntr ad o no s ú lt i mo s a no s e m to r no d e te ma s
ap li cat i vo s. A p r eo c up ação c e ntr al te m sid o a d i sc u ss ão d o s e fe ito s , ab r a n gê n cia e
co n seq u ê nc ia s d o aco r d o , t ud o na t ur a l me nt e p r eced id o d a tr ad i cio n al e i na fa s tá ve l
an ál is e d e s u a n at ur eza j ur íd i ca” ( A co rd o d e A cio n is ta s co mo in s tâ n cia d a es t ru tu ra
so c ietá r ia , i n O No vo Di re ito S o c ie tá r io , 3 ª e d . r e fo r mu l ad a, São P a ulo , Ma l he ir o s ,
2 0 0 2 , p . 9 4 . O ar t i go d o au to r , a p r o p ó si to , é d o s ú nico s o r ie nt ad o s à a n áli se d o a co r d o
d e acio n is ta s p el a p er sp ect i va d e s ua f u nç ão no d ir eito so c iet ár io – e n ão ap e na s co mo
u m co ntr a to ( “A p r e se n t e d i sc u s são t e m u ma p r o p o st a me to d o ló g ica d i ve r sa. O p o nto d e
p ar tid a é o r acio c í nio te ó r ico so b r e a f u n ção d o aco r d o d e acio n is ta s d e nt r o d o si st e ma
so c iet ár io , p r o p o sta, p o r ta nto , e mi n e nt e me n te te ó r ica ”. I d e m, ib id e m) .
18
P ar a l i sta d a s p r i n cip a i s mo no gr a fia s, c f. no ta # , aci ma.
19
C ab e s al ie nt ar a p e r s p ect i va d o s co n tr ato s p ar a sso cia i s p a r a o t e m a d o p o d er d e
co n tr o l e, ap r es e nt ad a p elo P r o f. F ÁB I O K O N D E R C O M P AR A T O me s mo a nt e s d a Le i n. º
6 .4 0 4 /7 6 , na s p r i me ir a s ed içõ e s d a o b r a O p o d er d e co n t ro le n a s so c ied a d es a n ô n ima s.
16

(iii) monografias: as principais monografias sobre o tema versam


sobre o acordo de acionistas previsto na lei 6404/76. Não foram
encontradas monografias brasileiras sobre pactos parassociais
enquanto gênero de que o acordo de acionistas é espécie.

(iv) jurisprudência: a jurisprudência sobre acordo de acionistas não


é vasta e, quando as decisões não são centradas em aspectos de
direito processual, referem-se a questões ligadas ao voto 20. Outra
conclusão é o patente descompasso entre a extensa utilização de
contratos parassociais na realidade negocial e as raras decisões
jurisprudenciais que os tem em mira. O sigilo dos pactos
parassociais e sua submissão à arbitragem são fatores que impedem
o acesso às decisões em lides que os envolvem.

13. Tendo obtido os resultados acima, partiu-se para temporada de


pesquisa de 3 meses (junho, julho e agosto de 2010) no Max-Planck-Institut
für ausländisches und internationales Privatrecht em Hamburgo, Alemanha,
que concedeu bolsa de estudos para o projeto intitulado Contractualisation
of Company Law: An European Perspective.

14. Durante o período em Hamburgo, realizou-se levantamento


doutrinário sobre o tema da contratação parassocial, com a oportunidade
única de discuti-lo com o Prof. Klaus J. Hopt, com pesquisadores-sênior da
entidade (Drs. Felix Steffek; Walter Doralt e Jan Peter Schmidt) e demais
bolsistas e pesquisadores 21.

20
Há, co n t ud o , d ec is õ e s q ue to ca m a sp ec to s r ele va n te s p ar a o e n fo q ue q ue se p r o c ur a
co n f er ir ao p r e se n te tr ab al ho , se nd o n ece s sár i a a a ná li se d a d ec i são d o ST J , RE SP
3 8 8 .4 2 3 - R S, Q uar ta T ur ma , r e l. M i n. S A L V I O D E F I G U E I R E D O T E I X E I R A , j . 1 3 .5 .0 3 , q ue
se e nco ntr a na s eção A N Á L I S E S J U R I S P R U D E N C I A I S , ao f i na l d o t r ab a l ho .
21
Ag r ad e ci me n to s, e m e sp ec ia l, à s co le ga s E le na d e Car va l ho Go me s , Do uto r a e m
Dir e ito Ci v il na U ni v er sid ad e Fed er a l d e M i na s Ger ai s, so b a o r ie n taç ã o d o P r o f. J o ão
B ap ti st a V il le la e na U ni v er sid ad e d e P is a, e Ca tar i na Mo nte ir o P ir es , d o u to r a nd a e m
Dir e ito C i vi l n a U n i ver sid ad e d e L isb o a, so b a o r ie nt ação d o P r o f. Dr . P ed r o P ais d e
Va sco nc elo s, p e lo i nte n so d eb ate i nt el ect u al d o q ua l r e s u lto u a o p ç ão p o r e n fo c ar
ap e na s o s p ac to s p ar a ss o cia is p a t r imo n ia i s ( e n ão o s aj u st es d e vo to ) co mo o b j eto d a
te se.
17

15. Ao final do primeiro mês de levantamento bibliográfico na vasta


biblioteca do Instituto 22- 23, de debates com pesquisadores, bem como de
aprofundamentos sobre o que já se trazia do Brasil, tendía-se a eleger como
hipótese de trabalho a proposta de avançar no que O P P O fizera em 1942 e
dotar a expressão “contratos parassociais” de conteúdo mais amplo,
alinhado à posição de G U Y O N , para quem a sociedade deve ser vista como a
estrela maior (mas não única) de uma nebulosa contratual que a cerca,
havendo interação e influência mútua entre ambas 24.

16. Refletia-se, para embasar a linha de pesquisa, que esses


contratos, celebrados ao redor da sociedade, devem respeito ao direito
societário, ainda que eles não estejam diretamente ligados à organização da
sociedade, que é o principal critério adotado por O P P O para determinar a
peculiaridade ínsita aos contratos parassociais. Estar-se-ia a configurar os
contratos parassociais, sob essa ótica, como algo próximo a “contratos
relevantes para o direito societário”.

17. Partiu-se, então, para a configuração da tese com vistas a essa


orientação tendo sido encontrados argumentos e base doutrinária para
explorá-lo 25. Todavia, a principal dificuldade que se pôs então foi a de

22
Co m gr ata s ur p r e sa, d ep ar o u - se no I n st it u to co m a co leç ão d as no s sa s p r i nc ip a is
r ev i sta s j ur íd i ca s. De s s a ma n eir a fo i p o ss í ve l, ao me n o s co m r e laç ã o a R ev is ta d e
Di re ito Me rca n ti l, r ea li zar o le v a nta me nto p a n o r â mico a q u e ac i ma se r ef er i u , o b te nd o
a f req u ên cia d e p r o d uç ão no te ma d e co nt r ato s p ar a s so c iai s n es sa i mp o r ta n te
p ub lic ação b r a s il eir a . E s se l e va nt a me n to co n f ir mo u o q u e a p e sq ui sa r e al izad a no
B r as il j á ap o n ta va : p r e p o nd er â nc ia d e ar ti go s tr at a nd o d e a sp e cto s esp e cí f ico s d o s
aco r d o s d e ac io ni st as e, ma i s e sp ec ia l me n t e, aco r d o s d e vo to . De fa to , n ão s e
id e nt i fi co u ar t i go s q ue e xa mi n a s se m ( i) o s p ac to s p ar a s so ci ai s co mo gê n er o e/o u ( i i) o s
aco r d o s p ar a s so c ia is ce nt r ad o s e m d ir e ito s i nd i vid u ai s d o s só c io s p elo v ié s d o d i r ei to
so c iet ár io . I n fe liz me nt e , n ão ho u ve te mp o h áb il p a r a r e al izar o me s m o le va n ta me n to
p ano r â mi co co m r e laç ã o à Re v i sta d o s T r ib u na i s, d e sd e se u n ú mer o 1 , o u ai nd a a
Re v i sta Fo r e ns e.
23
Va le r e fer ir a l g u ma s o b r a s co n s ul tad a s, so b r e t ud o fr a n ce sa s e ale mã s, q ue
co n tr ib u ír a m s i g ni f ic at iv a me n te p ar a o r e f i na me n to d o te ma d a te se: F E L I X
C H R I S T O P H E R H E Y , F re ie Ge sta ltu n g in Ge se l ls ch a f ts ve rt rä g en u n d i h re S ch ra n ken ,
Mü n c he n, B ec k , 2 0 0 4 ; J E A N -J AC Q U E S D A I G R E e M O N I Q U E S E N T I L L E S - D U P O N T , P a ct es
d ’ A ct io n n a i re s, P ar i s, J o l y, 1 9 9 5 ; J E A N -P H I L I P P E D O M , L es mo n ta g e s en d ro i t d e s
so c iét és . I n P ra tiq u e d e s a ffa i re s. P ar i s, J o l y, 1 9 9 5 ; C L A U D I O K Ö H L E R , Neb en a b r ed e i m
Gmb H u n d A k ti en rech t – Zu lä s sig ke it u n d Wi r ku n g , Fr a n k f u r t a m M ai n, L a n g, 1 9 9 2 .
24
Le s so cié té s … c it. , p . 3 0 3 , i n ver b is : “L a s o cié té es t a i n si co mp ar ab le à l ’éto il e
maj e ur e d ’ u n neb u le u se co n tr a ct ue ll e”.
25
Vid e, p o r e xe mp lo , C H R I S T O P H W E B E R , P r iva ta u to n o m ie u n d A u ß en ein flu ß im
Ge sel l sch a f t s rech t, T üb i n ge n , Mo hr S ieb e c k, 2 0 0 0 .
18

tratar, em uma única tese, de acordos dos quais facilmente se reconhece a


necessidade de sua submissão ao direito societário e muito já se produziu
em doutrina (acordos de voto) e aqueles pactos ou ajustes, entre sócios, que
em princípio dizem respeito apenas a direitos individuais seus – e nada ou
pouco influenciariam na vida da sociedade ou sua organização 26.

18. E é justamente sobre os últimos que o interesse em cotejar com


a lógica própria do relacionamento entre sócios e com os princípios de
direito societário se mostrou mais interessante: raríssimas obras 27 os
observam sob essa perspectiva, no sentido de matizar a autonomia
contratual em prol dos alvos de tutela desse ramo do direito, ou mesmo
tendo em conta a relação societária efetivamente desejada pelas partes e
suas específicas demandas.

Entende-se que esse questionamento é válido e deve ser feito, ainda


que, ao final e em cada caso específico, conclua-se que os contratos sob
exame não têm efetivo potencial de lesão aos alvos de tutela da disciplina
e/ou de desvirtuamento da relação societária, ou ainda, não seja possível
impor restrições à autonomia contratual na celebração desses pactos, a
menos que haja previsão legal expressa, em nome da segurança jurídica 28.

19. Novo corte metodológico foi, então, necessário: o exame de


contratos parassociais que não disciplinam direitos políticos dos sócios (e
com isso influenciam a organização da sociedade), mas direitos
patrimoniais e individuais que, em tese, ouvidos os ecos do individualismo

26
T a mb é m ser ia n ece s s ár io e xa mi n ar a h ip ó te se d e co ntr a to s c el eb r ad o s co m n ã o
só c io s , o s q ua i s p ud e ss e m p r o d u zir e fei to s r el ev a nte s p a r a o d ir e ito so c iet ár io ( p o r
ex e mp lo , aco r d o s d e co o p er ação , aco r d o s co m d ir i ge n te s o u aco r d o s c o m cr ed o r e s) o
q ue a lar g ar i a d e ma is o ca mp o d e i n v es ti g ação e tal v ez d e s vi as s e o fo co d a p r i nc ip al
q ue s tão q ue mo ti vo u a p esq u is a: o s l i mi te s d a a uto n o mia co ntr at u al na co n f i g ur a ção d e
u m r el acio n a me n to so ci etár io .
27
Co mo a s o b r as d e Y V E S G U Y O N , Le s so c ié té s... , cit. ; S O P H I E S C H I L L E R , Le s l im it es d e
la l ib e rt é... c it .; b e m co mo L A U R E N T C O N V E R T , L’ i mp e ra t if et le su p p lét if d a n s l e d ro i t
d es so ci été s, P ar is , L G DJ , 2 0 0 3 e G É R A L D I N E G O F F A U X - C A L L E B A U T , Du co n tra t en
d ro i t d e s so c ié té s, P ar is , L ’H ar ma tta n , 2 0 0 8 .
28
Co n so a n te ser á e xp o sto no it e m 1 .3 , na ge n er a l id ad e d as le g i sla çõ e s co n s ul tad a s, não
se e n co ntr a m d i sp o si çõ es le ga is e sp ec í fi ca s no q ue se r e fer e à va lid a d e d o s co n tr a to s
p ar a sso cia i s o u a p ar â m etr o s p ar a s ua i n ter p r et a ção .
19

contratual do Século XIX 29, poderiam ser livremente dispostos e alienados


por seus titulares.

Trata-se, afinal, de averiguar os termos em que esses contratos


devem receber restrições advindas seja da necessidade de respeito a
interesses de terceiros e, claro, dos próprios sócios, signatários ou não
(tutelados por aquilo que os franceses convencionam designar por “ordem
pública societária”) 30, como também decorrentes da própria noção de
sociedade e dos deveres e direitos a ela correlatos.

20. Diante dessa nova correção de rota na pesquisa, o tempo que


restava no Instituto foi utilizado para colher material correspondente. A
oportunidade de reflexão permitida pelo período no exterior, no ano de
2010, foi fundamental para que o trabalho pudesse ser segmentado e
adaptado às reais dimensões de uma tese de doutorado, reservando para
futuros projetos os outros aspectos do amplo tema da autonomia contratual
no direito societário, linha de pesquisa que tanto nos fascina.

21. Por ocasião do exame de qualificação, as contribuições da banca


formada pelos Prof. Drs. Paula A. Forgioni, José Alexandre Tavares
Guerreiro e Francisco Satiro de Souza Jr. foram significativas e realçaram a
ainda persistente amplitude do tema, demandando nova reflexão sobre o
enfoque a ser adotado.

22. Assim, após avaliar as ponderações feitas e o material de


pesquisa recolhido, decidiu-se por delimitar o trabalho elegendo como
ponto fulcral da tese a discussão e propositura de elementos que devem
orientar a interpretação dos contratos parassociais patrimoniais em
detrimento de uma análise de sua natureza e/ou um seu possível
enquadramento em uma categoria dogmática.

29
C f ., a i nd a P AU L A A. F O R G I O N I , A e vo lu çã o d o d i re ito co me rc ia l b ra si lei ro : d a
me rca n c ia a o me rca d o , São P a u lo , RT , 2 0 0 9 . p . 2 1 8 .
30
Ne ss e p o nto , e no r ev er so d a mo ed a, to c a - se o te ma d a p r o d uç ão d e e fe ito s
co n tr a t ua is p er a nt e ter c eir o s. No d ir ei to b r a s il eir o , ne ce ss ár i a a co n s ul ta a L U C I A N O
C AM AR G O P E N T E A D O , E fei to s co n t ra tu a i s p e ra n te te r cei ro s, São P a ulo , Qu ar t ier L ati n ,
2007.
20

A matriz para a reflexão empreendida, nesses termos, é a função


econômica de referidos pactos e o modo pelo qual integram o estado de
sócio 31 de seus pactuantes, no contexto da relação societária existente
entre eles, visto que são fundamentos para a superação de leitura
meramente obrigacional dos pactos parassociais patrimoniais, tocando
aspectos básicos do direito societário.

Justificativa e contribuição original à ciência jurídica brasileira

21. Como se evidenciou acima e também na Introdução que segue, a


tese Pactos Parassociais Patrimoniais. Elementos para sua interpretação
no direito societário brasileiro justifica-se, principalmente, pela ausência
de estudos doutrinários brasileiros aprofundados sobre o tema dos
contratos parassociais e, no específico, quanto a pactos parassociais que
regulem exclusivamente direitos patrimoniais e individuais dos sócios (e
não seus direitos políticos).

31
Ne ste tr ab al ho p e r fi l ha - se a p o s ição d e M E N E Z E S C O R D E IR O ao ad o tar a e xp r e s são d e
es ta d o d e só c io p ar a d es i g nar s ua p o s ição j ur íd ic a, co mo s e ver á no Cap ít u lo 4 . A
r esp eito , a f ir ma B R U N E T T I , ap o iad o e m D A L M A R T E L L O , q ue “se p o d er i a fa lar aq ui d e
‘p o si ção j ur íd ic a d o só cio n a so c ied ad e ’ ma s p ar ece ma i s e f ic az, ta mb é m p o r q u e o
r ela cio na me nto é ger al me n te d e lo n ga d ur aç ão , ma n ter a e xp r es s ão ‘ e st ad o d e só c io ’
co mo aq ue la q ue me l ho r ind ic a o co nj u n to d e d e ver e s e d ir eir o s, d as f u n çõ es e p o d er e s
cab e nt e s ao só cio na s o cied ad e o u p er a n te a so c ied ad e ( “[ s] i p o tr eb b e p ar lar e q ui d i
‘p o si zio ne g i ur id ic a d el so cio n el la so c iet à ’ m a se mb r a p i ù e f fi cace , an c he p er c hè i l
r ap p o r to è g e ner a l me n te d i d u r at a, ma n t e ner e l ’ esp r es s io ne ‘ s tato d i so c io ’ co me q u el la
ch e me g lio i nd ica l i ns ie me d e i d o ver i e d e i d ir i tti , d e ll e f u nz io ni e d ei p o ter i sp et ta n ti
al so c io n el la so cie tà o ver so la so cie tà ”. T ra t ta to d el D i ri tto d el le S o cie tà , 2 ª. E d .
T o mo I , M ila no , G i u f fr é , 1 9 4 8 , p 2 2 1 ) . Co ntr a o u so d a e xp r es s ão , A N Í B A L S A N C H E Z , ao
tr at ar so b r e o s d ir ei to s d e só c io , a f ir ma “q u ed ó así d e ter mi nad o e m tér mi n o s j ur íd ico -
p o si ti vo s el lad o ac ti vo d e lo q ue, co n a l g u na i mp r o p r i ed ad , aco st u mb r a a d es i g nar se
to d a vi a ho y co mo e l s t a tu s so c ii ( .. .) ; u na s it ua ció n q ue , b ie n mi r ad as l a s co s a s, e s
p r e fer ib le c al i fic ar co m o u na c ua lid ad o p o si ci ó n s ub j e ti v a, co mp ue s ta d e to d o u n haz
d e r el ac io ne s j ur íd i ca s. Se tr a ta, e n to d o ca so , d e u na p o s ic ió n co m p lej a y, p o r lo
ge n er a l, no e str ic ta me n t e p er so na l s i no f u n g ib l e , d o tad a d e me no r e stab ilid ad y ma yo r
p o li va le nc ia q ue la q u e d i s ti n g ue a lo s ll a m ad o s fe no me no s d e e st ad o e n s e nt id o
es tr ic to – p o r lo d e má s i g ua l me n te co ntr o ve r t id o s ( p e ns e mo s co mo p ar ad i g ma e n e l
‘e s tad o ci v il ’) La a cc io n y lo s d er ech o s d e l a c cio n i s ta (a rt. 4 7 a 5 0 L S A ) i n R O D R I G O
U R I A , A U R E L I O M E N E N Z E S y M A N U E L O L I V E N C I A ( o r g) . Co m en ta rio a l reg imen leg a l d e
la s so c ied a d es me rca n ti le s, T o mo I V, Vo l. 1 , Mad r id , C i vi ta s, 1 9 9 4 , p . 9 9 . E ntr e nó s
esc lar ece W A L D I R I O B U L G A R E L L I q ue “n ão é p a cí fi ca n a d o ut r i na a ace ita ção d o ter mo
‘ st at u s ’ p ar a q ual i fi car o s d ir ei to s e d e ver e s d o acio n is ta, ter mi n o lo g i a d e fe nd id a p o r
As car e ll i e ac ei ta e m ger a l p e la d o utr i na i tal ia na ” ( A P ro te çã o à s M in o ria s n a
S o cied a d e A n ô n i ma , São P au lo , P io n eir a , 1 9 7 7 , p . 2 8 ) .
21

Quanto a esses últimos, a contribuição inovadora estaria não apenas


no corte metodológico realizado mas, sobretudo, no exame desses contratos
pela perspectiva da relação societária sobre a qual se apóiam e/ou que
deles deriva– e não pelo viés exclusivo do direito comum dos contratos.

Por fim, o próprio tema da interpretação dos pactos parassociais


patrimoniais, com a tentativa de indicação de elementos caros à lógica
societária e aos princípios e fundamentos do direito societário é inovador,
não se tendo encontrado qualquer obra brasileira que o explore
detidamente 32.

Em vista desse enfoque, o conteúdo apresentado nos capítulos


iniciais sobre o tema dos pactos parassociais não tem o objetivo de esgotar
cada aspecto ali comentado, mas antes fornecer ao leitor premissas para a
compreensão do cerne da discussão que se propõe, cujos argumentos são
desenvolvidos no Capítulo 4.

Com relação aos elementos apontados para balizar a interpretação


dos pactos parassociais patrimoniais, no Capítulo 4, uma vez que se trata
de construções teóricas sobre com base nos argumentos levantados, não se
espera que sejam os únicos, como se evidenciará oportunamente.

Finalmente, cumpre esclarecer que o estudo não se valerá da


perspectiva da nova economia institucional (NEI) e de noções ligadas ao
movimento de análise econômica do direito (law and economics) pois se
considera que esse estudo deve ser feito posteriormente, quando os
resultados do exame dos pactos parassociais patrimoniais pelo viés ora

32
P E G G Y L AR R I E U no t ic i a a a us ê nci a d e e st ud o s, t a mb é m na Fr a n ça, a r esp ei to d a
in ter p r et ação d e p ac to s p ar a sso cia i s, se mp r e ma is co mu n s na p r át ic a so cie tár ia ( “[ o ] r ,
si l a q u es tio n d e l a va lid it é et d e l ’e f f ic a cit é d es p a cte s e xt r a - st at u tair e s, d o n t
l ’ac t ua li té e st to uj o ur s co n s id ér ab le, a ma i n te s fo i s é té t r ai té, e m r e v an c he, c el le d e
leu r in te rp ré ta t io n re s te à ce jo u r in éd i te. P o ur t an t, el le p r é se n te d e s i n tér ê ts p r a tiq u e s
et t héo r iq ue s co n s id ér ab le s”. L’ in te rp ré ta t io n d e s p a c te s ext ra - s ta tu ta i re s, i n R evu e d e s
S o cié té s 4 , o u t. -d e z., 2 0 0 7 , p . 6 9 7 -8 . Gr i fo u - se .) .
22

proposto já tiverem sido convenientemente tratados e “decantados” na


doutrina, podendo melhor servir de ponto de partida 33.

33
A u ti li zaç ão d o s mé to d o s d a An ál is e E co nô m ica d o D ir e ito d e ve o r i en tar - se p ela
p r ud ê n ci a, co mo i nd ic a P AU L A A. F O R G I O N I e m A E D – P a ra n ó ia o u Mi s tif ica çã o ? , i n
RD M 1 3 9 , p p . 4 2 4 -2 5 0 . E n te nd e -s e co n v e nie n t e i nd i car mat er i al co ns ul tad o , q ue p o d e
vi r a ser v ir e m f u t ur o s e st ud o s d e p ac to s p ar as so cia is so b a ó tic a d e la w a n d eco n o m ic s:
L U C I A N A R Y E B E B C H U K , Li mi tin g Co n t ra c tu a l F re ed o m in Co rp o ra t e La w: Th e
De si ra b l e Co n st ra in t s On Ch a rt er A men d m en t s i n Har v ar d L a w R e v ie w, Vo l. 1 0 2 , No .
8 , ( 1 9 8 9 ) , p p . 1 8 2 0 – 1 8 6 0 ; d o me s mo a uto r , T h e D eb a te o n Co n t ra ct u a l F re ed o m in
Co rp o ra te La w, i n 8 9 Co lu mb ia La w R e vi ew ( 1 9 8 9 ) , p p . 1 3 9 5 -1 4 1 5 ; O L I V E R H AR T ,
Co n t ra ctu a l f reed o m i n co rp o ra t e la w, a rt i cle s a n d co mmen t s: a n eco n o m is t’ s
p er sp e cti ve o n th e th eo ry o f th e fi r m, i n Co l u mb ia L a w R e v ie w 8 9 ( 1 9 8 9 ) , p p . 1 7 5 7 e
s s; B E R N AR D S. B L A C K , I s Co rp o ra t e la w T ri via l? : A P o li ti ca l a n d E co n o mic A n a ly si s,
No r t h we st er n U n i ver si t y L a w Re v ie w Vo l. 8 4 , No . 2 ( 1 9 9 0 ) , p p . 5 4 3 -5 9 3 ; F R A N K H.
E AS T E R B R O O K e D A N I E L R. F I S C H E L . R., Th e E co n o m ic S tru ctu re o f Co rp o ra te La w,
Ca mb r id ge, Har var d U n iv e si t y, 1 9 9 1 ; H E N R Y H AN S M AN N , Co rp o ra tio n a n d Co n tra ct,
L a w W o r k i n g P ap er N °. 6 6 /2 0 0 6 ( mar - 2 0 0 6 ) , E u r o p ea n Co r p o r a te Go ver na n ce I n s ti t ute ,
d isp o n í ve l e m: h ttp :/ / s sr n.co m/ab s tr ac t=8 9 2 8 3 0 ; R E I N I E R R K R A A KM A N . et a l., Th e
a n a to my o f co rp o ra t e la w: a co mp a ra t ive a n d f u n ctio n a l a p p ro a ch , Ne w Yo r k, O x fo r d ,
2 0 0 4 ; R O B E R T A R O M A N O , F o u n d a t io n s o f co rp o ra t e la w, N e w Yo r k, F o u nd a tio n P r e s s,
1 9 9 3 ; J O H N A R M O U R e t al., Th e e s sen tia l e le men t s o f co rp o ra t e la w , La w wo rk in g
p a p er, n.º 1 3 4 , 2 0 0 9 , d i sp o ní v el e m: ht tp : // s sr n. co m/ab s tr ac t=1 4 3 6 5 5 1 ; J O H N C. C O F F E E
J R e A D O L F . A. B E R L E , Th e fu tu re a s h i sto ry: t h e p ro sp ec t s fo r g lo b a l co n ve rg en c e in
co rp o ra t e g o ve rn a n c e a n d its imp li ca t io n s, T h e Ce nt er fo r La w a nd E c o no mi c S t ud i es
Working P ap er , n.º 144, 1999, d is p o n í vel e m:
ht tp : //p ap er s. s sr n.co m/ p ap er .t a f? ab s tr ac t_ id =1 4 2 8 3 3 .
.
23

INTRODUÇÃO

Costuma-se afirmar que o direito societário tem por objetivo básico


oferecer a disciplina das sociedades, considerando a necessária tutela de
três grandes grupos de interesse: (a) os sócios/acionistas; (b) os credores
da sociedade; e (c) demais terceiros que com ela interajam ou por ela
possam ser afetados 34. Com isso, deve permitir o desenvolvimento do
mercado, a segurança e a previsibilidade com relação às formas societárias
de exercício da atividade empresarial.

Desde as primeiras codificações, o fenômeno societário foi se


expandindo e sofisticando ao sabor das exigências práticas dos agentes
econômicos 35. Nessa evolução, acoplaram-se paulatinamente à disciplina

34
M E N E Z E S C O R D E I R O va i a lé m, i nd ica nd o e n tr e o s o b j eti vo s d o d ir ei to so c ie tár io : “a
tu te la d o s só cio s mi no r itár io s; o eq u il íb r io d o s me r cad o s ; a tr a nsp ar ên cia d o s e n te s
co lec ti vo s ; a p r o te cção d e ter ce ir o s , d e si g n ad a me n te cr ed o r es ; o s d ir ei to s e a d i g nid ad e
d as p e s so a s; a co nco r r ê nci a; o s valo r e s b ás ico s d o o r d e na me n t o ; a ac t uaç ão
f is cal iz ad o r a d o E stad o , mo r me n te co m e sc o p o s fi sc ai s” ( Ma n u a l d e d ire ito d a s
so c ied a d e s, Vo l. I , Co i mb r a, Al med i na, 2 0 0 4 , p . 1 6 7 ) . Na me s ma l in h a, H E R B E R T
W I E D E M A N N r e ú n e o s p r in cíp io s v alo r at i vo s li g ad o s a es se s tr ê s al vo s d e p r o teç ão p o r
p ar te d o d ir e ito so c ie tár io no ter cei r o cap í tu lo d e s ua cl ás s ica o b r a: o só c io
ind i vid u al me n t e co ns id er ad o ( I n d iv id u a l sch u t z ) , a mi no r ia ( Min d e r h eit sch u t z) , o s
in v e st id o r e s ( Ka p ita l a n leg e r sch u tz) , a lé m dos i n ter e s se s dos cr ed o r e s
( Glä u b ig e rin te re s sen ) e dos tr ab al ha d o r es ( A rb e itn eh me ri n te re ss en ) . Cf.
Ge sel l sch a f t s rech t, Vo l . I , Mü nc h e n, B ec k, 1 9 8 0 . P ar a u ma v is ão ali n had a ao
mo v i me n to d o la w a n d eco n o mic s, q ue n ão s er á ad o tad a ne st e tr ab a lho , s ub l i n ha m
H E N R Y H A N S M A N N e R E I N I E R K R A A K M A N : “As a no r ma ti v e ma tt er , t h e o ver al l o b j ect i ve
o f co r p o r a te l a w – as o f a n y b r a nc h o f la w – i s p r es u mab l y to ser ve t he i n ter es t s o f
so c iet y a s a wh o le. M o r e p ar ti c ul ar l y, t h e a p p r o p r iat e go al o f co r p o r ate l a w i s to
ad v a nce t he a g g r e ga te we l f ar e o f a fir m’ s s h ar e ho ld er s , e mp lo yee s, s up p l ier s, a nd
cu s to mer s wi t ho ut u nd u e s acr i fi ce – a nd , i f p o s sib le, wi t h b e ne fi t – t o t hir d p ar ti es
s uc h as lo c al co m mu n i tie s a n d b e ne f ic iar ie s o f n at ur a l e n v ir o n me n t . T hi s i s wh a t
eco no mi s ts wo uld c har acte r iz e a s to p ur s u it o f o ver al l so ci al e f f ic i en c y” ( Wh a t i s
co rp o ra t e la w? , i n R E I N I E R K R A A K M A N e t a l., A n a to my o f co rp o ra t e la w : a co mp a ra t ive
a n d fu n ct io n a l a p p ro a ch , Ne w Yo r k , O x fo r d U n i ver s it y, 2 0 0 4 , p . 1 8 ) .
35
E s clar ece , a s si m, S Y L V I O M AR C O N D E S M A C H AD O : “[ a] s so c ied ad es co mer cia i s
fo r ma m- s e, to d as , p o r u ma co nj u nç ão d e cap i ta l e tr ab al ho , mas e x i ge m, p ar a r eal iza ção
d o s e mp r ee nd i me n to s d o co mér cio e d a i nd ú str ia, d i f er e n te s co m b in açõ e s d e ss e s
ele me n to s f u nd a me n t ai s, c ab e nd o à ciê n ci a j ur íd ica a co mp o si çã o d as fó r mu l a s
ne ce s sár i as . A h is tó ria d a s so cied a d es co me rc i a is e stá p re sta a o co n j u n to d o s t ip o s
cr ia d o s , q u e rep r es en ta m a sa t i sfa çã o ju ríd ica d e n e ce ss id a d e s eco n ô mica s” ( E n sa io
so b re a so c ied a d e d e r e sp o n sa b i lid a d e l im ita d a , T ese d e L i vr e - Do cê n ci a, F ac u ld ad e d e
Dir e ito d a U ni ver s id ad e d e S ão P a ulo , S ão P a ulo , 1 9 4 0 , p . 1 3 . De st aco u - se) .
24

original dos tipos societários 36 regras relativas, por exemplo, aos grupos de
sociedades, ao direito concorrencial e ao mercado de capitais – e, assim, o
processo interpretativo passou a considerar esse novo cenário para além
dos problemas intrínsecos às sociedades unitariamente consideradas.

A evolução contínua é traço característico do direito societário, ora


alargando seu âmbito de incidência, ora afinando seu instrumental. Ramo
do direito comercial, duas considerações podem demonstrar as raízes de sua
particular dinamicidade.

A primeira liga-se ao fato de que os agentes econômicos sempre


buscam a melhor acomodação possível de seus interesses, e, assim, com
relação à sua atuação em sociedade, desenvolvem continuamente novas
formas de utilizar os instrumentos jurídicos à sua disposição. Mais que
isso, na falta de instrumento idôneo, criam-no. É a partir dessa constatação
fática que o direito societário vai se reformulando, em processo indutivo,
para acompanhar o que surge da prática dos agentes, sendo continuamente
marcado pelos reflexos daquilo que sua criatividade gera no mercado 37- 38.

36
Co n fo r me sa li e nta M E N E Z E S C O R D E I R O , “[ o ] d ir ei to d a s so cied ad e s não te ve u ma
evo l ução d o t ip o r ac io n al. E le a nte s ad veio d e u ma p a ul at i na e vo l uç ão . ( ...) O s v ár io s
tip o s d e so c ied ad e s f o r a m s ur g i nd o i so lad a me n te, e xp a nd i nd o -s e e m f u n ção d e
co o r d e nad a s co mp le x as e ap r o xi ma n d o -s e d o ve l ho co nt r ato ( ci v il) d e so c ied ad e”.
Ma n u a l d e d i r eito d a s s o cied a d e s, ci t., p . 2 6 .
37
Ne s se se n tid o , o co n tr ato e mer ge co mo gr a nd e i n str u me nto ut il izad o e r e u ti liz ad o
p ela p r át ic a p ar a a te nd er ao d ir e ito so ci etá r io ( c f. G É R A L D I N E G O F F A U X - C A L L E B AU T :
“[ l] ’ u ti li sa tio n d u co nt r at co m me i n str u me n t d ’ad ap t at io n d u d r o it d es so ci ét és a u x
b eso i ns d e s e ntr ep r i se s et d es a s so c ié s es t u n p hé no mè n e q ui tr o u v e sa so ur c e d an s u ne
p r atiq u e. A c et te ad ap ta tio n, le s p r ac tic ie n s o n t ut il i sé, vo ir e d é to ur né, d es i n str u me n t s
j ur id iq ue s a u ti tr e d e sq u el s se t r o u ve e ss e nci el e me n t le co n tr a t” Du co n tra t en d ro it d e s
so c iét és , ci t., p . 1 6 ) . So b r e a co ntr ib ui ção d a p r áti ca na fo r ma ção d o d i r eito co mer c ia l,
cf . J E A N P A I L L U S S E A U , L’ en ri ch i s se men t d u d ro it et d e la p ra tiq u e p ro f es sio n n el le ( u n
témo ig n a g e ), i n AAV V, Le d ro it d e l’ en t rep ri se d a n s s es re la t io n s ext e rn e s à la f in d u
X X e s iè cle: mé la n g e s e n l’ h o n n eu r d e C la u d e Ch a mp a u d , P ar i s, D al lo z, p p . 4 8 3 -5 0 6 ;
AAV V, T ra va u x d e l’ a s so cia tio n Hen ri Ca p it a n t d es a mi s d e la cu ltu re ju r id iq u e
fra n ça i se – L e rô le d e la p ra tiq u e d a s la fo r ma t io n d u d ro it, t . XXXI V, P ar i s,
E co no mi ca, 1 9 8 3 ; P AU L A A. F O R G I O N I , I n te rp r eta çã o d o s n eg ó cio s e mp r esa r ia i s, i n,
W A N D E R LE Y F E R N A N D E S ( co o r d .) , F u n d a m en to s e p r in cíp io s d o s co n t ra to s
emp re sa r ia i s, S ão P a ulo , Sa r ai v a, 2 0 0 7 , p p . 9 7 - 1 0 7 e RD M 1 3 0 , p p . 7 -3 8 . C f ., a i nd a, a
p o si ção d e L A U R E N T C O N V E R T so b r e a p er sp ect i va fr a nc e sa, no s e nt id o d e q ue, n aq ue le
p aí s, “a le i e s tá e m to d a p ar t e” e , a s si m, d ei xa - s e p o uco e sp aço p ar a a a t uaç ão d o s
ag e nte s ( “L a lo i e st p a r to ut ! E l le ne la i ss e q ue d e s fac u lt e s d e c h o ix mi n i me s a u x
p r ati ci e ns ”. L’ imp é ra ti f et le su p p lét if d a n s le d ro it d e s so c ié té s. É tu d e d e d ro it
co mp a ré A n g le te r re – E sp a g n e - F ra n ce. P ar i s. L GDJ , 2 0 0 3 , p . 2 0 9 ) .
25

A segunda refere-se à compreensão do direito societário como um


dos instrumentos mais importantes de formatação do mercado pelo
Direito 39. Regulando a estrutura e funcionamento das sociedades, o direito
societário acaba por modelar o mercado que lhes serve de cenário 40.

Mas há um aspecto do direito societário que é pouco explorado e se


demonstra fundamental para o raciocínio que se pretende desenvolver nesta
tese: trata-se de uma disciplina voltada, também, à regulação e à tutela do
relacionamento societário que os sócios erigem (ou relação societária,
“gesellschaftliche Verhältnis” na terminologia alemã) e não apenas da
organização societária (“Verband”) decorrente de sua associação e sua
problemática peculiar 41- 42.

38
Ai nd a co m M E N E Z E S C O R D E I R O : “P r o gr e s si v a me n te, d i ver so s a sp ec to s, p e lo s
p r o b le ma s q ue s us ci tar a m, o b t i ver a m d e se n vo l v i me nto s ma i s ele v ad o s. Co m o te mp o e
se mp r e so b as ma i s var iad a s co nt i n gê nc ia s, fo i p o s sí v el p r o ced er a ge ner al iza çõ e s e
d esco b r ir p r i nc íp io s ( .. .) A o r i g e m fr a g me n tá r ia d o D ir e ito d a s so c ied ad e s não é
inó q ua. T e m co n seq uê nc ia s e f ect i va s, q ue a ind a ho j e se f aze m s en tir . Ap e n as a
co n s id er a ção d a e vo l u ção hi stó r ico -d o g mát ic a p er mi te ap r ee nd er a fe no me no lo g ia
ap o n tad a . ( Ma n u a l ..., c i t., p . 4 6 -4 7 ) .
39
So b r e fo r ma ta ção d o me r cad o p e lo D ir e ito , c f. P A U L A A. F O R G I O N I , A evo lu çã o d o
d ir ei to co me rc ia l b ra si l ei ro : d a me rca n c ia a o me rca d o , São P a ulo , RT , 2 0 0 9 , p p . 1 8 7 -
2 4 1 ; e I R T I N A T A L I N O , Teo ria g en e ra le d el d i r i tto e p ro b lema d e l me rc a to , i n L’ o rd in e
g iu r id i co d e l m er ca to , 3 ª ed ., Ro ma , L ate r za, 2 0 0 4 , p p . 5 7 -9 5 .
40
I sso se m f ala r n a te má tic a p r ó p r ia d o d i r ei to d o mer cad o d e c ap i tai s, esp e cia li zaç ão
d o d ir e ito so c ie tár io .
41
E s se a sp ec to ser á ap r o f u nd ad o no Cap ít u lo 4 . De a nt e mão , co n vé m c o mp a r t il har a
liç ão d e M E N E Z E S C O R D E I R O so b r e a i n ser ção d as r e laçõ es e ntr e só c i o s no ca mp o d o
d ir ei to so c iet ár io : “[ o ] mo d er no D ir e ito d as so c ied ad e s tr a ns c end e o l i mi ar
b id i me n s io na l d o s e xc l u si vo s r e la cio na me nto s só c io / so c ied ad e: h á, ai nd a, li g açõ e s
d ir et as e n tr e o s p r ó p r i o s só c io s . P at e nte s no ca so d o s a co r d o s p ar as so c iai s, t ai s
li ga çõ e s o co r r e m, ai nd a, i n str u me n ta l me n te, e m vár io s p la no s. Al é m d is so , c u mp r e
r eco r d ar o s d e ver e s d e l eald ad e, q ue a to d o s u ne m” ( Ma n u a l.. ., c it., 5 1 4 ) .
42
O r a cio c í nio é se g u id o p o r D A L M AR T E L L O ao e xa mi n ar o t e ma d as r el a çõ es i n ter na s à
so c ied ad e, c uj a l ição – p o r s ua r e le vâ n cia p a r a o s a r g u me n to s o r a t r atad o s - va le
tr a n scr e v er i nt e gr a l me n t e, ve r te nd o - a p ar a o p o r tu g u ê s: “o d ir ei to mo d er no d i st i n g ue no
fe nô me no as so cia ti vo u ma o r d e m d úp l ic e d e ma n i fe s taçõ es : d e u m l ad o , o p r o ce s so
j ur íd ico at r a vé s d o q ua l a p l ur a lid ad e d o s só c io s e d e se u s ap o r te s p atr i mo nia i s s e
r ed u z à u nid ad e p e s so al e p atr i mo ni al d o e n te a s so c iat i vo ; d e o u tr o a vid a d e r el ação d o
en tr e as so c ia ti vo , co m o ind i vid u al id ad e o p er an te no mu n d o j ur íd ic o p er a nt e o u tr o s
s u he ito s. N ão se tr at a d e d ua s d i s ti n ta s: d e u m p er ío d o d e fo r ma ção , q u e se s uced e p o r
u m p er ío d o d e v id a o u d e ação . Me s mo q ua n d o o en te é co n s ti t uíd o e p er s e g ue no
co mér c io j ur íd ico a s f i n alid ad e s q ue l h e fo r a m as si n ad a s, at u a e s e d es en vo l ve, a t ra v és
d e u ma co n tín u a r ed e d e rela çõ e s en t re o s co n s ó cio s e en tr e e s se s e o e n te a s so c ia t ivo ,
a o b r a d e co n so lid a ção d a u ni d ad e co r p o r at i va f r en te o s i nd i v íd uo s q u e co n co r r e m p ar a
fo r má - l a: ver i fi ca - se co n st a nte a a ção d e u ma f o r ça ce n tr íp e taq u e as se g ur a a co e são e a
es tab i lid ad e d o i n tei r o en te co le ti vo . T r ata - s e ma i s, p o r t a nto , d e d o is lad o s o u d e d o i s
asp e cto s d o fe nô me n o as so c iat i vo . Me ta fo r ica me n te, ma s r ea li s tic a m en te, a co mu m
26

Somente tendo por base essa relação jurídica fundamental – que se


reflete em diversos instrumentos jurídicos – é que a discussão sobre a
contratualização do direito societário e a utilização de pactos parassociais
pode ser realizada, pois é com vistas à construção desse relacionamento
societário que as partes se aproximam e celebram pactos parassociais,
dando respaldo a seus interesses comuns.

Nesse passo cabe esclarecer que a personalização do relacionamento


societário ocorre mais intensa e tipicamente nas sociedades em que o
intuitus personae é relevante, demandando a utilização de instrumentos
como os acordos parassociais 43. Portanto, a ênfase do estudo ora realizado
não recai sobre acordos de acionistas celebrados em companhias abertas 44.

1. Contratualização do direito societário

Em que pesem essas considerações, as relações societárias têm sido


disciplinadas pelo legislador, tradicional e fundamentalmente, enfocando-
se a existência de um estatuto 45 ou contrato social. É ele que, fixando a

o b ser v ação q u al i fi caco mo in t ern a e e xte rn a a d up la fa ce d o f e nô me no . De li ne ia, q ua se,


ao r ed o r d a so c ied ad e u m l i mi te ( a ‘ce r c hi a so c ial e ’) p ar a co lo car - l he d en tro as
r ela çõ e s d a p r i me ir a ca te go r i a; fo ra aq u ela s d a se g u nd a” ( I ra p p o r ti g iu r id i ci in t ern i
n ell e so ci età co m me rc ia li, Mi la no , Gi u f f r è, 1 9 3 7 , p . 9 . Gr i fo u - se) .
43
G É R A L D I N E G O F F A U X - C A L L E B A U T a n o ta q ue o in tu i tu s p er so n a e ser ia o ele me nto
f u nd a me nt al p ar a a ut ili zaç ão d e co n tr a to s na s r e la çõ e s so cie tár ia s ao p er mi t ir
es tab i lid ad e ao s as so ciad o s ( “l ’ i nt u it u s p e r so na e i nter v ie n t co m me mo b il e d e
l ’ ut il is at io n d u co n tr a t en t a nt q u ’i n s tr u me n t d e sta b il it é p ar le s a sso c ié s mu s p ar ce
se n ti me n t” . Du co n t ra t …, c it. p . 1 3 ) .
44
So b r e e s sa q ue st ão ta mb é m e scl ar ec e m G R A H AM S T E D M AN E J AN E T J O N E S q ue o
n ú me r o d e só c io s to r en a o u so d e “s ha r eho ld er s a gr ee me n t s” i mp r a ti cá ve l.
( “[ s] h ar e ho ld er s ’ a gr ee me n t s ar e p r ed o mi n at l y mad e b e t we e n t he me mb e r s o f p r i va te
co mp a ni es ; no t le a st b ec au se p ub l ic co mp a ni es c o mmo n l y ha v e l ar ge me mb e r s h ip s, t h u s
ma k i n g t he us e o f s u c h a gr ee me nt s i mp r act ic al” S h a r eh o ld e r s’ A g re e men t s, Lo nd o n,
S we et & Ma x we ll, 1 9 9 8 , 3 ª. E d i ção , p . 1 ) . F AB I O K O N D E R C O M P A R A T O ap o n ta a
ut il iz ação d e p ac to s p ar a sso cia i s co mo c ar acte r í st ica d a “so c ied a d e a nô n i ma d e
p es so a s” ( R e st ri çõ e s à ci rcu la çã o d e a çõ e s e m co mp a n h ia fech a d a : no va et ve ter a , i n
No vo s E n sa io s e P a re ce re s d e D ir ei to E mp r esa r ia l, R io , Fo r e n se, 1 9 8 1 , p . 3 4 -3 5 ) .
45
Nes te tr ab a l ho ut il izar - se - á a e xp r e s são “e s ta t u to so c ia l” e m ho me n a ge m à s ua l ar ga
d i f us ão n a p r á ti ca so cie t ár ia, e m q ue p e se ha ver q ue m r e se r ve o t er mo “e st at u to ” p ar a o
co nj u nto d e r e gr a s vo l tad a s a u m as s u n to e s p ecí f ico co mo e m “es t at uto d a ter r a”,
“es ta t uto d o id o so ”, “e s tat u to d o es tr a n g eir o ” , “es ta t uto d a cr ia n ça e d o ad o le sc e nt e”,
“es ta t uto d a mu l h er ca s ad a”, e n tr e o u tr o s , ad o t and o “e sta t uto s so c iai s ” , no p l ur al, p ar a
o caso d e r e g r a me n to d e so ci ed ad e o u a s so c iaçã o . O d ic io nár io Au l ete a uto r iz a o u so no
si n g u lar : ( e s.t a.t u. to ) s m. 1 . J ur . Le i o r gâ n ica q ue e s tab e lec e o s p r in cíp io s d e
f u nc io na me n to d e u ma i n st it u ição , e mp r e s a, e nt id ad e, as so c ia ção e tc., o u d e u m s eto r ,
se g me n to e tc. ( e st at u to d o cl ub e, e sta t uto p r e vid e nc iár io ) ; r e g ula me n to ; r e g i me n to 2 .
27

estrutura da sociedade e a forma de sua atuação junto a terceiros, seria a


“lei entre as partes” 46 daquela sociedade e o parâmetro de interação com os
demais agentes perante os quais atua 47.

Cuidou-se, então, de definir legalmente conteúdos mínimos aos


estatutos, tendo em vista não apenas relações internas entre sócios 48 e
sociedade, mas também – e sobretudo – externas. Com o estatuto e a sua
necessária publicidade, seriam fornecidas aos demais agentes do mercado
informações sobre a disciplina daquela sociedade, como o tipo adotado, a
responsabilidade dos sócios, os poderes e competências na gestão e os
limites da vinculação da sociedade em obrigações contraídas em seu
nome 49.

Porém foram surgindo necessidades práticas – ligadas à sempre mais


sofisticada configuração do relacionamento societário entre as partes – para
as quais o estatuto, com sua função organizativa do exercício coletivo da
atividade empresarial, ou mesmo a lei, abstrata e geral, não apresentaram
resposta 50.

P .ex t. R e g ul a me n to o u có d i go co m s i g ni f ic ad o e va lo r d e le i o u d e no r ma : e st at u to d a
cr ia n ça e d o ad o le sce n te .
46
So b r e a e xp r es são i n fo r ma O R L A N D O G O M E S q ue “o co ntr ato t e m so b r e o s
co n tr a ta n te s r e al me n te fo r ça o b r i ga tó r i a a t al p o n to q ue s e to r no u a xio má t ica a
d ecla r aç ão d e q ue fa z lei e n tr e as p ar te s ” ( T ra n sfo rma çõ e s Ge ra is d o Di rei to d a s
Ob r ig a çõ e s, RT , São P a ulo , 1 9 8 0 , p .7 7 ) .
47
É co mu m o p a r al elo t r açad o e n tr e a o r ga n iz aç ão d a co mp a n h ia e a o r ga n iza ção d o
E st ad o . P o r to d o s, c f . H E R B E R T W I E D E M A N N , Ge se ll sch a ft s rech t, v o l. I , M ü n c he n,
B ec k, 1 9 8 0 , p . 1 8 .
48
P ar a a p e r sp ect i va i n ter na à so ci ed ad e , f u n d a me nt al a cl á ss ica o b r a d e A R T U R O
D A L M AR T E L L O , I ra p p o r ti g iu r id i ci in t ern i n e ll e so c ie tà co mme r cia li, j á cit ad a.
49
So b r e o p ap el d o est a tu to so cia l, c f. D I E G O C O R A P I , Gl i s ta tu ti d el le so c ie tá p er
a zio n i, Mi la no , Gi u f fr è, 1 9 7 1 , p . 1 0 3 e s s.
50
L A U R E N T C O N V E R T a no ta, so b r e a s d i fer e nte s f u nçõ es d o s e sta t uto s so cia is fr e nte a s
co n v e nçõ e s p ar a s so c ia i s, q u e as úl ti ma s p er me te m ad ap ta ção ma is fac il it ad a d o s
in ter es s es d o s d i ver so s me mb r o s d a so c ied ad e o u gr up o s d e me mb r o s, ao p as so q u e “o
fo r ma l is mo l i gad o a to mad a d e d eci s ão co l et i va i nc it a o s só cio s a ‘ se e nte nd er e m
d ir et a me n te ’” ( “[ l] a r é g le me n ta tio n s tr i ct e d es st at u ts e t le fo r ma li s me q ui e nto ur e la
p r is e d e d éc i sio n co l lec ti ve i n ci te e n co n séq ue n ce le s a sso cié s à ‘ s ’e n te nd r e
d ir ec te me n t ’. Le s p ac te s p er me tt e nt e n o utr e d e mo d u ler la t e ne ur d e s r elat io n s en tr e
le s d i f fér e nt s me mb r e s d e la s tr uct u r e o u e nt r e gr o up e s d e me mb r e s, c e q ue l e r eco ur s
au x st at u ts n e p er me t d e f air e q u e d e ma ni èr e co ll ect i ve, b r u te e t li mi tée ( cr éa tio n d e
caté go r ie s d ’a ctio n s, vo te s ur e l ’i n tér es se me nt d e ch ac u n, var iat io n s d e s d r o it s d e vo t e,
etc) . Le s co n v e nt io ns fa vo r is e nt l ’ad ap ta tio n ”. L ’ imp é ra ti f... ci t., p p . 4 9 6 -9 7 ) .
28

A infinita possibilidade de criação de negócios jurídicos com base


em cada vez mais diversas e especializadas operações econômicas passou a
impactar cada vez mais o relacionamento entre sócios e conduziu os
agentes econômicos, pois, a estipular os mais variados ajustes sobre ele
incidentes, no exercício de sua autonomia contratual, resultando em
sofisticada engenharia negocial 51- 52.

De certo modo, a própria gênese da sociedade torna-se complexa, no


sentido de que, para atender a função econômica expressa na associação
entre as partes interessadas em desenvolver atividade econômica conjunta,
um nodo negocial, complexo e único, mais frequentemente passa a ser
criado.

Conforme tem sido apontado na doutrina européia 53, sobretudo


francesa, a chamada contratualização do direito societário

51
T U L L I O A S C AR E L L I r e f er e - se ao fe nô me no ao co n st at ar , j á e m 1 9 5 5 , a “ma g g io r e
i mp o r t a nza c he , n el lo ste s so la vo r o d e ll ’ a v vo c ato , a s s u me l a c.d . as s is te n za
co n tr a tt u ale co n u n ’a tt i vi tà c he a vo l te r i co r d a p iu tto sto q ue lla d e ll ’ ‘ i n ge g n er e ’ i n te sa
a cr ear e ‘ ma cc h i ne ’ gi ur id ic h e, c h e no n q uel la d e l ‘p a tr o no ’ ne l co zzo d i o p p o st e
in ter p r et azio n i” ( No r m a g iu r id i ca e rea l tà s o cia l e, i n P ro b le mi g i u rid ic i, Vo l. 1 ,
Mil a no , G i u f fr è , 1 9 5 9 , p . 1 1 0 ) . I n ter e s sa n te no t ar , ne s se se n tid o , q ue o p r e s ti g iad o
p er ió d i co fr a ncê s B u l l etin Jo ly S o ci été s j á co nt é m se ção d e si g n ad a in g ég n i e rie
fin a n c ié re p ar a tr at ar j ust a me n te d e p r o b l e ma s a fei to s a es sa r eal id ad e . J E A N
P A I L L U S S E A U o b s er va q ue a id e ia d e “e n ge n h ar ia j ur íd ica ” e vo ca a id é ia d e o p er ação
co mp le x a, me s mo q ue o ter mo sej a u m “b ar b ar i s mo ” ( “[ l] a r e c her c h e d e ces mu l t ip le s
tec h n iq ue s e t so l u tio n s é vo q ue nt l ’ id é e “d ’ i n gé n ier ie” j ur id iq u e, si ce n ’ es t cel le
“d ’ i n gé n ier ie j ur id ico - f is calo - f i na n ci èr e” , b a r b ar i s me, cer te s, ma i s Ô co mb ie n
en vo cat e ur ! L e r é s u lt at d ’ e ns e mb l e, s ur to u t s ’ i l e st co mp le xe ( p l u si e u r s so c iét é s, p ar
ex e mp l e so nt co n st it ué es a vec d e mu l tip l e s r ela tio n s e ntr e e lle s) , é vo q ue l ’ id ée d e
‘ mo n ta ge ’ vo ir e d e ‘ mo nt a ge co mp le xe ’ ”. L’ E n ri ch i s sem en t d u d ro it e t d e la th éo ri e
ju r id iq u e p a r la p ra tiq u e p ro f e ss io n e lle (u m t émo ig n a g e ) i n Le D ro it d e l’ E n t rep r i se
d a n s se s re la t io n s e xte r n es à la f in d u X X e S ie cle – Méla g es e m l’ h o n n eu r d e Cla u d e
Ch a mp a u d , P ar i s, Da llo z, 1 9 9 7 , p .5 0 4 ) .
52
No me s mo se n tid o , M E N E Z E S C O R D E IR O a no ta q ue “[ t] a n to na le i co m o n a d o u tr i na ,
cad a n e gó c io co n tr a t ua l s ur ge co mo u m esp aço i n s ul ar e b e m d e li mi t ad o ; ele ap r e se n ta -
se co mo u ma fi g ur a a u t ô no ma e i nt eir a me nt e d es li gad a, q ue r e m ter mo s d e ce leb r a ção ,
q uer no r e g i me, d e q u ai sq uer o utr o s ne gó cio s ci r cu nd a nt es. O t rá f eg o c o me rcia l fa cu lta
u m cen á r io e fec ti vo b a sta n te d if er en te . M u it as v eze s o s co n tr a to s e nc ad eia m- s e, u n s
no s o utr o s, d e ta l mo d o q ue s ur ge to d a u ma sér ie d e i nte r ac çõ e s r el ev a nte s p a r a o
r eg i me ap l icá v el ” ( Ma n u a l d e d ir ei to co me rcia l, Vo l. I , 2 ª ed . , Co i m b r a, Al med i na,
2 0 0 7 , p p . 3 6 6 -6 7 , gr i f a mo s) . So b r e a e str u t ur a ç ão d e u m ar cab o uço co n tr at u al co mp le xo
p ar a d ar vid a a o p er açõ es e co nô mi ca s s i n g ul ar e s, f u nd a me n t al a te se d e J E A N -P H I L I P P E
D O M , Le s mo n ta g es e m d ro it d e s so c iét é s, P ar is, J o l y, 1 9 9 8 . V. ai nd a , p ar a co n tr ato s
co li g ad o s no d ir ei to b r as ile ir o , F R A N C I S C O M AR I N O F I L H O , Co n t ra to s co lig a d o s, São
P au lo , Sar a i va, 2 0 0 9 .
53
No q ue t a n ge à a uto no mi a co ntr at ua l no d ir ei t o so cie tár io , r e fer ê nci a e sp ec ia l d e v e
ser fe ita a M A R C U S L U T T E R e H E R B E R T W I E D E M AN N ( o r g s.) , Ge sta l tu n g s f reih ei t im
Ge sel l sch a f t s rech t. D eu ts ch la n d , E u ro p a u n d US A . 1 1 . ZGR - S ymp o s i u m “2 5 Ja h re
29

(contractualisation du droit des sociétés) emerge, assim, para


complementar e enriquecer a disciplina legal 54, tanto pela introdução de
cláusulas estatutárias especificamente talhadas, como, especialmente, pela
celebração de contratos que, no jargão internacional, são genericamente
designados como “shareholders’ agreements” 55.

2.Contratos parassociais: função e noção.

Na maioria das vezes, esses “shareholders’ agreements” são contratos


que, de maneira mais ou menos intensa, dizem respeito à relação societária
estabelecida entre os pactuantes, sem se confundir, entretanto, com os
estatutos sociais. A doutrina francesa, por essa razão, vale-se do termo
extraestatutário (extra-statutaire) para a eles se referir, enquanto a

ZGR ”, B er l i n, W al ter d e Gr u ye r , 1 9 9 8 ; S O P H I E S C H I L L E R , L es l im it es d e la l ib e rt é
co n t ra ctu el le en d ro it d es s o ci été s: l e s co n n exio n s ra d ica le s, P ar i s , L GDJ , 2 0 0 2 ;
D O M E N IC O G I O R D A N O , Le li mi ta z io n i a l l’ a u to n o mia p ri va ta n el le so c i età d i ca p i ta l i,
Mil a no , Gi u f f r è, 2 0 0 6 ; D A N I E L E S P I N A , La a u to n o m ía p ri va d a en la s so c ied a d e s d e
ca p ita l: p rin cip io s co n f i g u ra d o re s y teo ría g en e ra l, Mad r id , Mar c ia l P o n s, 2 0 0 3 .
54
No d iz er d e Y V E S G U Y O N , “[ l] e d r o it d e s so cié té s e st a i ns i a sso up l i, i n fl éc h i et
enr ic h i p ar d e s co ntr a t s co n cl u s p ar l a so c ié té o u p ar le s a s so c ié s, e ntr e eu x o u a v ec d es
tier s” ( L e s so ci été s. .. c it . p . 9 ) .
55
As d e no mi n açõ es d o s co n tr a to s q u e p o d e m s e r r eco nd uzid o s a e s se t er mo g e nér ico
são as ma is d i v er s a s, e m f u nç ão d a s p e c ul ia r id ad e s d e c ad a o r d e n a me nto . V ár io s
au to r e s tr a ze m a no taçõ es a e ste r e sp ei to . E m r es u mo , L U I G I F AR E N G A e n u nc ia, p o r
ex e mp lo , q u e “a s r a zõ e s d o ap ar e nte d es i nt er e s s e p o r p ar t e d o le g is lad o r e d a d o utr i na
p ar a o s co n tr a to s e m e x a me são o b tid a s es s e nci al me n te n a e x tr e ma het e r o ge n eid ad e d o
fe nô me no q u e se q uer d es i g nar co m a e xp r e s são ‘co nt r ato s p ar a s so c ia is ’ . T al exp r e s são
ta nto é f el iz n a s ua f o r mu laç ão e , a s si m, d e i med ia ta ap r ee n são , s o b r et ud o , p elo s
p r áti co s q u a nto e s co nd e e m s ua s co s ta s u ma r e a lid ad e e m q ue se e n co nt r a m fa t ti sp eci e
d i fic il me nt e r eco nd uz í ve i s a u m f e nô me no ho mo gê n eo e, p o r ta nto , i nid ô n ea a
r ep r e se nt ar u ma ca te go r ia j ur íd ic a ( in ve rb is : “l e r ag io ni d e ll ’ ap p ar e nte d isi n ter es s e d a
p ar te d e l le gi s la to r e e d ell a d o ttr i na p er i co n tr a tt i i n es a me va n no r i cer cat e
es se n zia l me n te n ell a e s tr e ma et er o ge ne it à d e l fe no me no c h e s i v uo le r ic hi a mar e co n
l ’e sp r e s sio ne ‘co n tr a tt i p ar a so c ia li ’. T ale e s p r es sio n e, ta n to è fe l ice nel la s u a
fo r mu l az io ne e , q u i nd i , d i i m med ia ta ap p r e ns io n e so p r a tt u tto d a p ar te d ei p r a tic i, t a nto
na sco nd e a lle s u e sp al le u na r ea ltà i n c u i s i r i sco n tr a no f at ti sp e ci e d i f f ici l me n te
r ico nd uc ib i li ad u n fe no me no o mo ge n eo e , p er ta n to , i nid o n ea a r a p p r es e ntar e u na
cate go r ia g i ur id ica ” ( I co n tra tt i p a ra so c ia l i, Mi la no , Gi u f fr è, 1 9 8 7 , p p . 3 -4 ) .
Co n sid er açõ es se me l h a nt e s são f ei ta s p o r J E A N -J AC Q U E S D A I G R E e M O N I Q U E
S E N T I L L E S - D U P O N T , P a cte s d ’ a ct io n n a i re s, P ar i s, J o l y, 1 9 9 5 p . 3 ; M ÁR I O L E I T E
S A N T O S , Co n tra to s p a r a s so cia i s e a co rd o s d e vo to n a s so c ied a d es a n ó n ima s, L i sb o a,
Co s mo , 1 9 9 6 , p p . 1 4 -1 5 ; G I U S E P P E S A N T O N I , P a t ti p a ra so c ia l i, Nap o li, J o ve n e, 1 9 8 5 , p .
1 2 e ss. ; J OU S SE N , Ge se ll sch a fte ra b sp ra ch en … cit . p . 5 ; e L A U R R I E U ( “Or , to u te l a
d i f fic u lt é co n s is te à d r e s ser u n e t yp o lo gi e d e c es acco r d s p ar t ic u li er s . Da n s l ’ u ni v er s
‘b a r io l é ’, p o ur ne p a s d ir e ‘b ar o q ue ’ d e s p act es e xtr a - sta t ut air es , la gr a nd e d i ver si t é
d es s it u at io ns q u ’i l s o n t p o ur o b j e t d e tr ai ter d o it êtr e so ul i g née , c et te d i ver si té ne
co n n ai s sa nt d ’a u tr e l i mi te q ue ce ll e t e na n t à l ’i ma g i na tio n d e le ur s a ct e ur s ”.
L’ in te rp réta tio n …, cit , p . 6 9 9 ) .
30

doutrina italiana mantém a expressão parassocial (parasociale) cunhada por


G IO R G IO O P P O 56.

Diversamente dos estatutos, cuja função primordial é determinar a


estrutura da companhia e as regras de sua vinculação perante terceiros
(função organizativa, portanto), os contratos a que nos referimos têm
normalmente por objetivo regular o exercício de direitos dos sócios,
fundados em sua participação na sociedade.

Com essa contratação, as partes buscam disciplinar interesses e


situações não compreendidos no estatuto social, conferir a regras
societárias sentido mais específico no que tange a seu relacionamento, ou
mesmo contratar quais serão as bases pelas quais determinada sociedade
será constituída e governada, peculiaridades do negócio idealizado e seu
detalhamento 57.

Tenciona-se, ao final, personalizar o relacionamento societário


existente entre os signatários e/ou construi-lo conforme suas particulares
necessidades e objetivos comuns.

Frequentemente aponta-se como motivos para a celebração desses


contratos em sede apartada do estatuto social: (i) o fato de que eles o

56
No ale mão ut il iza - se ma i s co mu me n te N eb en a b red en , o u s ej a, co n ve nçõ es la te ra i s.
P ar a co n v e nçõ e s d e v o to , te m- s e S ti mm ve rb in d u n g . C u mp r e no tar q ue a p r ó p r i a
d i fer e n ça ter mi n o ló g ica d e no ta a d i ver sa p er sp ect i va q u e se te m d e ss es co ntr ato s, j á
q ue no t er mo sh a r eh o ld er s’ a g ree men t a ê n fa se é d ad a ao fato d e o aj u st e se r o aco r d o
d o s só cio s ( = aq ui lo q ue d ef i nir a m p ar a se u r e la cio na me n to ) . No s d ir ei t o s co n ti ne n ta is ,
as e xp r e s sõ e s u sad a s ( p ar a so ci ale ; e x tr a - es ta t ut air e ; N eb e nab r ed e) ap o n ta m p e r fi l ma is
d o g má ti co , vo l tad o à r e lação e ntr e e s se co n tr a t o e o es ta t uto /co nt r ato so c ial . Co mo s e
ver á no d e co r r er d a e x p la naç ão , e s sa e sco l h a se r e f le te na p r o d ução acad ê mi c a e n a
p r ó p r ia co mp r ee n s ão d o f e nô me no , j á q ue q u ase não se e nco n tr a m o b r as – e xc eto
al g u ma s co n tr ib uiçõ es mai s r e ce nt e s – q ue a va nc e m a p ar t ir d o ex a me d a
f u nc io na lid ad e d o s co nt r ato s no fe nô me n o so ci et ár io g lo b al me n te co n sid er ad o ,
s up er a nd o , a s si m, a p er s p ect i va “co ntr at ua li s ta” in a u g ur ad a p o r O P P O .
57
Q ua n to ao mo me n to d e ce leb r ação G I U S E P P E S A N T O N I e scl ar ec e q ue “o s co n tr ato s
p ar a sso cia i s p er mi te m a o s só c io s cr i ar u m ví n c ulo p ur a me nt e o b r i ga tó r io en tr e e le s, o
q ua l p o d e s e r e f er ir q ua lq u er d a s f a se s q ue car a cter iza m a v id a d a so ci ed ad e: t a nto ao
d ese n vo l vi me nto d a at i vid ad e so ci al, q ua nto a s e u i níc io e c e ss ação ” ( “[ i ] co n tr a tt i
p ar a so ci al i co ns e nto no ai so ci d i cr ear e u n vi n co lo p ur a me n te o b b l i ga t o r io fr a d i lo r o ,
il q u ale p uó r i f er ir s i ad u na q ua l u nq ue d el l e fa si c he car a tt er i zza no la v it a d e lla
so c iet à: ta nto al lo s vo l g i me nto d el l ’a tt i vi tà so ci ale, q u a nto a ll ’ i ni zio e all a ce s saz io ne
d i q ue st a”. ( P a t ti p a ra so c ia l i, c it ., p . 4 ) . No me s mo se n tid o , c f. O P P O , Co n t ra t ti
p a ra so cia li , ci t., p . 8 4 .
31

antecedem, como nos contratos de investimento, associação ou de joint


venture; (ii) o fato de não necessariamente envolverem todos os acionistas
de uma companhia, mas apenas aqueles que entre si desejam compor
interesses;. Todavia, é cada vez mais comum que sejam celebrados por
todos os sócios, trazendo a identificação completa entre as partes do
contrato de sociedade (iii) a especificidade do interesse regulado, que pode
afetar diretamente apenas a esfera jurídica dos contratantes – e não da
companhia, de terceiros 58 ou ainda de eventuais outros sócios não
signatários; e (iv) a menor publicidade a que são submetidos quando
comparados com os atos constitutivos das sociedades, que são levados a
registro no órgão competente 59.

Noticia-se que, por sua função de personalizar e detalhar o


relacionamento societário entre as partes, os campos mais característicos da
utilização de shareholders’ agreements são as sociedades formadas em
virtude de acordos de joint venture, aquelas em que se verifica intenso
caráter intuitu personae, e as companhias em que há o ingresso de fundos
de private equity 60.

Em todos os casos, os shareholders’ agreements permitem que o


relacionamento societário seja especificamente modelado, ajustado aos
interesses das partes 61 por disciplinarem pormenores que não caberia aos
estatutos sociais regrar e fazem com que, no estado de sócio de cada
partícipe do ajuste, incluam-se os deveres e direitos previstos
parassocialmente 62.

58
E m al g u n s c aso s, p o r é m, a co mp a n hi a é r e fle xa me n t e a fet ad a p e la c o nt r at ação . No
d ir ei to b r as il eir o h á me s mo a s u a e xp r e ss a vi n cu laç ão e m s e tr at a nd o d e d et er mi n ad a s
o co r r ê nc ia s d e a co rd o s d e a cio n i sta s.
59
C f. L A U R E N T C O N V E R T , L’ i mp e ra t if ... c it. p p . 4 9 5 /5 0 1 .
60
C f. J E A N -J AC Q U E S D A I G R E e M O N I Q U E S E N T I L L E S -D U P O N T , P a ct es d ’ A ct io n n a i re s.
cit. p p . 2 -3 e S T E D M A N E J O N E S , S h a reh o l d er s’ A g re emen t s. c it. , p . 1 . Co mo j á
ap o n tad o , a s co n sid er a ç õ es d o p r e se n te tr ab a l h o n ão ab a r ca m o u ni v er so p e c ul iar d as
co mp a n hi as ab er ta s.
61
Na e xp r e s são d e P E G G Y L A R R I E U , “[ l] e ur p o si tio n n e me n t e n me ma r ge d e s st at u ts
so c ia u x d é mo n tr e d ’a il l eur s l ’ i nt e nt io n d e s s i g na ta ir e s d e le s t ai lle r à la me s ur e d e
le ur s i n tér êt s”. ( L’ in t er p ré ta t io n …, ci t. p . 6 9 8 ) .
62
C f. a uto r izad a o p i n ião d e M E N E Z E S C O R D E I R O , Ma n u a l. .., c it. , p . 5 0 7 . Mai s ad ia n te,
no Cap ít u lo 4 , es s e a s p ecto ser á ap r o f u nd ad o e m vi s ta d e o “e s tad o d e só cio ” ser
32

Com relação à suposta relação de hierarquia entre estatuto social e


contrato extraestatutário ou parassocial 63, observa-se, com referência aos
acordos de associação, investimento e joint venture que ela é
frequentemente invertida, ostentando o contrato parassocial – firmado por
todos os sócios 64 para a gênese do relacionamento societário entre os
pactuantes e/ou as características cruciais desse relacionamento – muito
mais relevância para o que realmente pretendem as partes com relação
àquele negócio que o estatuto social 65, com função organizativa da pessoa
jurídica que serve de instrumento para que os interesses dos contratantes
sejam atendidos 66- 67.

ele me n to f u nd a me n ta l p ar a i nte r p r et ação d o s p ac to s p ar as so c ia is , s o b a ó ti ca o r a


p r o p o st a.
63
So b r e o t e ma, cab e a g r ad ecer a s l úcid as o b s e r va çõ e s q ue o P r o f. J O S É A L E X A N D R E
T AV AR E S G U E R R E IR O n o c ur so d e d is c us sõ e s na fa se i n ic ial d e r ed a ção d o p r e se n te
tr ab a l ho , e m ab r il d e 2 0 1 0 .
64
G U Y O N e v id e n cia a d i f ic uld ad e d e sep a r ação en tr e e s tat u to s e p ac to s p ar as so c ia is ,
q ua nd o há id e n tid ad e e n tr e o s s i g nat ár io s, p o r s e tr atar d o me s mo o b j et ivo e d o ca mp o
d e at u ação ( “[ b ] ie n q ue fo r me ll e me n t d i s ti nc t s d e s s tat u t s, le s p acte s e n so n t
d i f fic il me nt e d i v is ib l es lo r sq u ’ il s o nt été co ncl u s e ntr e to u s le s a s so c ié s , car le s u n s et
le s a utr e s t e nd e nt à l a r éal iza tio n d ’ u n mê me o b j ec ti f e t o n t le mê me d o ma i n e
d ’ap p li ca tio n” L es so ci été s …, c it. p . 3 1 0 ) . O al vo co mu m d e a mb o s o s i ns tr u me n to s
j ur íd ico s é, co mo se t e m r e s sal tad o , o r el ac i o na me n to so cie tár io e x is te n te e n tr e o s
p act ua n te s. O a uto r p o n d er a, co n t ud o , q ue “o p r i ncíp io p ar ece ser o d a sep ar ação e ntr e
o s i n str u me nto s, j á q ue não f ar i a se n tid o r eco r r er - s e a d o i s i n s tr u me n to s q ua nd o u m só
p ud e s se c u mp r ir a me s m a f u nç ão , ma s a u n icid a d e se i mp õ e q ua nd o o p acto te m car á ter
f u nd a me nt al na r e laç ão so c iet ár i a” ( “l e p r i nc ip e se mb l e êtr e l ’i nd ép e nd en ce d u p act e e
d es st at u ts, car o n ne co nço it p as p o ur q uo i le s a s so ci és o n t e u r e co ur s à d eu x act es s ’ il s
en te nd a i ne n t le s tr ai ter co m me u m to ut . C ep ed a nt l ’i nd i vi sib il it é s ’ i mp o se si l e p act e a
u n car a ct ér e fo nd a me n ta l p ar ce q u e q u ’ il acco r d e l es d r o i ts i nd i vid u el s au x a s so ci és e t
si ce u x -c i so nt to u s p ar t ie s à ce p a ct e” ( I d e m, p . 3 1 1 ) .
65
C R I S T I N A C E R O N I co me n ta a i n ver s ão d e r ele vâ n ci a e n tr e p ac to s p ar a so c ia is e
co n tr a to o u es ta t uto so c ia l ( “sp es so è d al l ’ac co r d o p a r a so c ial e c h e r is u lt a
au te n tic a me n te la vo lo nt à e g li i nt er e s ss i d ei p a sci ce nt i, me n tr e p er al tr o v er so si
as si s te d i co n ti n uo al la p ale se i n f l ue n za c he ta li p a tt i p o s so no e ser ci t ar e i n co n cr et to
s ul te no r e d e l co nt r at to so c ial e”. S i mu la z io n e e p a tti p a ra so c ia l i, i n Ri v is ta T r i me str al e
d i D ir it to e P r o ced ur a C i vi le, 1 9 9 0 , p . 1 1 1 5 ) . So b r e o tr at a me nto d o u tr i nár io d a
q ue s tão , ap o nt a E D G AR J O U S S E N q u e mu i to e mb o r a a l g u ns ma n ua i s e co me n tár io s à
le gi s laç ão a i nd a e n u nci e m q ue o co n tr ato so ci a l co n str ó i a b a se d a so c ied ad e , a p ra xi s
se mp r e ma i s co lo ca e ss a a fir ma ção e m x eq ue, te nd o e m vi s ta q u e d e fo r ma s e mp r e ma is
fr e q ue nt e o s só c io s r e g ul a m o e x er cí cio d e d ir eito s d e só c io p o r me io d e co n ve nçõ es
ex ter io r e s ao co ntr ato so c ial ( “[ d ] er Ge se ll sc ha f t s ver tr a g b ild e t d i e Gr u nd la g e d er
Ge sel l sc ha f t. So o d er äh n li c h la u te t d ie Fo r mu l ie r u n g i n ei n i ge n L e hr b üc her n u nd
Ko m me n tar e n . Di e P r axi s j ed o c h s te ll t d ie se T hes e me hr u nd me h r in Fr a g e. De n n
i m mer hä u f i ger r e ge l n Ges ell s c ha ft er d ie Au s üb u n g d er Ge se ll sc h a f ter r e c hte d ur c h
Ver e i nb ar u n ge n a uβ er ha lb d es Ge se ll sc h a ft s ver t r ag e s”. G es el l sch a f te ra b sp ra ch en n eb en
S a tzu n g u n d Ge s el ls ch a f ts ve rt ra g , Kö l n, O tto Sc h mi d t, 1 9 9 5 , p . 1 ) .
66
Ou tr o a sp ec to r e le va n t e e p o u co e xp lo r ad o , c o n fo r me a ss e ver o u, e m en tr e v is ta d e
1 6 /0 4 /2 0 1 0 , o P r o f. J O S É A L E X A N D R E T AV AR E S G U E R R E I R O é o f ato d e q u e, u ma ve z
33

Essa percepção, todavia, raramente é alvo de comentários ou


aprofundamentos doutrinários 68. Em outras palavras, não se “alargou” o
campo de visão a respeito do fenômeno societário, de modo a nele incluir
ajustes entre sócios (especialmente entre todos os sócios) que não
equivalem ao estatuto social, mas que determinam as reais condições da
relação societária existente (i.e., e não apenas os termos da estruturação
da companhia por meio do estatuto) 69.

Nessa linha, ousa-se ora dizer que “contratar sociedade”, no contexto


peculiar em exame, não pode mais ser, necessariamente, sinônimo da
celebração do contrato social (contrato de sociedade) e muito menos da
elaboração do estatuto e sua aprovação assemblear. Na grande maioria dos
casos, na atualidade, a causa econômica do fenômeno societário (i.e.
reunião de esforços para consecução de escopo comum) não é eficazmente
atingida – ou refletida – apenas nesses instrumentos, muito embora ainda
existam sociedades calcadas em contextos econômicos e relacionamentos
societários mais simples, com seus contornos traçados pelo estatuto ou

ad mit id a in d ep en d ên cia d o ví n c ulo o b r i ga cio n al p ar a s so ci al me n te co n st it u íd o p e la s


p ar te s, e le p o d e, a d ep end er d a n at ur eza d a o b r i gaç ão co n tr a tad a, p e r d ur ar mes mo se
u m d o s s i g na tár io s nã o ma i s é só c io o u ai nd a q ue a so c ied ad e sej a d i s so l v id a,
d eco r r ê nc ia d o p r i n cíp i o d a o b r i g ato r ied ad e d o s co n tr a to s . As si m, s e no p ac to u m
acio n is ta o b r i g a - se a d eter mi n ad a co nd u ta fr e nt e ao s d e ma i s e não a cu mp r e, s u a
r esp o n sab il id ad e p er si st e ai nd a q ue, no me io t e mp o , a so c ied ad e não ma i s e x is ta ( o u
me s mo não te n ha s id o c o n st it u íd a, ap e sar d as p r ev i sõ e s co n tr a t uai s) .
67
O P P O j á r e f let ia a r esp eito d e ss a h ip ó te s e: “o l tr e a t ale d ip e nd e nz a p uó i nt er co r r er e
fr a i d ue ne go z i u n n es so d i d ip e nd e nz a r ec ip r o ca q u a nd o i l n e go zio a ces so r io a ss u me
ve s te e ss e nzi al e i n r ap o r to all ’ i nt e nto p er se g u ito i n co ncr eto , s i c he no n si sar eb b e
vo l u to il co ntr at to so c ia le se nz a il n e go zio p ar a so c ial e”. ( Co n t ra t ti p a r a so c ia l i c it., p .
82).
68
M AN U E L C A R N E IR O D A F R A D A ap o n ta a l g u ma s co n s id er a çõ e s ne s se se nt id o e m
A co rd o s p a ra sso cia is “o mn ila te ra i s ”: u m n o vo ca so d e “d es co n sid era çã o ” d a
p er so n a l id a d e ju ríd ica ? , i n Di re ito d a s S o cied a d es em R ev is ta 2 , o u t. 2 0 0 9 , p p . 9 7 -1 3 5 .
69
S A N T O N I co n fir ma o r acio c í nio ao e xp lic ar q ue “o d e se n vo l vi me n to d as r ela çõ e s
j ur íd ica s q ue na sce m d e u m co n tr a to d e so cied ad e é fr eq ue n te me nt e, na p r á tic a,
in f l ue n ci ad o p o r aco r d o s e p ac t uaçõ es es tip u lad o s p o r u ma p ar t e o u p el a to ta lid ad e d o s
só c io s , e ntr e e le s, co m a p r ó p r ia so c ied ad e o u m es mo co m t er ce ir o s” ( “[ l] o s vo l gi me nto
d ei r ap p o r t i g i ur id ici c he na sco no d a u n co nt r atto d i so cie tá è sp e s so , nel la p r at ic a,
in f l ue n za to d a ac co r d i e p at t uiz io ni st ip ula ti d a u na p ar te o d al la to tal it à d ei so ci, tr a d i
lo r o , o co n la s te ss a so cie tà o ad d ir itt u r a co n t er zi ” P a t ti p a ra so c ia l i, cit ., p .1 ) . P e la
co mp le x id ad e t eó r i ca a d icio n al q ue o s te nt a m, n ão ser ão a l vo d a p r ese n te te s e o s
co n tr a to s f ir mad o s e n tr e só c io s e so cied ad e o u me s mo e n tr e só c io s e ter c eir o s ( e. g
d ir eto r e s, cr ed o r e s, et c) q ue, não o b s ta nt e, ta mb é m i mp ac ta m o r el acio n a me n to
so c iet ár io .
34

contrato social, bem como pelas disposições legais aplicáveis ao tipo


societário em questão.

No contexto negocial das últimas décadas, ao contratar sociedade


(criando sociedade nova ou ingressando em pré-existente) as partes mais
frequentemente convencionam entre si um plexo de ajustes e contratos,
necessários ao atingimento de seus interesses e regulação de sua conduta,
tendo em vista aquele relacionamento societário 70.

Com referência a esse relacionamento, o estatuto e a pessoa jurídica


da sociedade, mostram-se, afinal, como peça da engrenagem montada pelas
partes 71.

Por consequência, não se pode desconsiderar os fatores acima


apontados como elementos de atração da lógica societária – e não
meramente contratual – a esses ajustes em que verdadeiramente se funda
grande parte dos relacionamentos societários nos dias de hoje.

70
G I O R G I O O P P O , 4 5 a no s ap ó s i ntr o d u zir o te r mo “co ntr ato s p ar a sso cia i s ”, na d o u tr i na
ita li a na, r e f let e a r esp eito d o fe nô me no q ue aci ma se ap o nto u, c o n st ata nd o q ue
“a fir mo u - s e, s ej a na n o s sa l iter at ur a q u e n a lit er a t ur a e str a n ge ir a q ue não e x i st ir ia
so c ied ad e d e u m cer to p o r te e m to r no d a q ua l n ão s e cr u ze m aco r d o s d es te tip o , co m a
f u nç ão d e ad eq uar o esq ue ma so c ie tár io ao s i n te r es se s co ncr eto s d a s p ar te s e as si m, d e
al g u m mo d o , d e ‘p er so na li zar ’ a d i sc ip l i na d o i ns ti t uto ” ( “[ s] i è a f fe r mato , s ia ne ll a
no str a le tter at ur a c he ne ll a le tter at t ur a str a n i er a c he no n v i sar eb b e so c iet à d i u n
q ua lc he r il ie vo i nto r no all a q u al e no n s i i nt r ecci no acco r d i d i q u es to tip o , co n la
f u nz io ne d i ad e g u ar e lo sc he ma so ci et ar io a g li i nt er e s si co ncr e ti d el le p ar ti e q ui nd i, i n
q ua lc he mo d o , d i ‘p er so n ali zza r e ’ l a d i sc ip li n a d el l ’ is ti t uto ”) . Le co n ven zio n i
p a ra so cia li t ra d i ri tto d ell e o b b l ig a z io n i e d i r itto d el le so c ietá , i n Ri vi s ta d i Di r i tto
Ci v il e, 6 , 1 9 8 7 , p . 5 1 8 . No me s mo se nt id o , a f ir ma S A N T O N I q ue “a s u a d i f us ão na p r a x e
so c iet ár i a é i nd i sc ut í ve l . Co m ê n f a se, p o d e - se a f ir mar q ue n e n h u ma so c ied ad e p o d er ia
f u nc io nar co m r e g ul ar id ad e se m a i n ter v e nç ão d e tai s t r at at i va s e co mp o ne nt es
ne go cia i s r ea liz ad o s p elo s só c io s fo r a d o s esq ue ma s so c ie tár io s, co m r e la ção à
r eal iza ção d a at i vid ad e co mu m” ( “[ l ] a lo r o d i f f u sio ne n el l ’a mb it o d ell a p r a s si
so c iet ar i a è i nd i sc u s sa . Co n e n f a si, p uò a f f er mar si c he ne s s u na s o cie tà p o t r eb b e
f u nz io nar e co n r e go lar it à se n za l ’i n ter ve n to d i t ali tr a tt at i ve e co mp o ni me n ti ne go z ial i
r ag g i u nt i d a i so c i a l d i f uo r i d e gl i sc he mi so c iet ar i, i n me r i to a ll a r ea li zzaz io ne
d ell ’ at ti v ità co mu n e ”. P a tti p a ra so cia l i, ci t., p . 2 ) .
71
É c lar o q ue n ão se co gi ta d iz er q u e a so ci ed ad e, u ma ve z cr iad a, n ão te n h a se u s
in ter es s es p r ó p r io s o u q ue o utr o s i nte r e ss e s não aco r r a m a el a d ur a n te a s ua e xi s tê nc ia.
A p er sp e ct i va q u e se to ma , aq u i, é a d a s p ar te s q ue se r ela cio n a m e m so c ied ad e e o
mo d o co mo e s tat u to o u co n tr a to p ar as so c ia l i mp acta m e s se r ela cio n a me n to .
35

3. Oppo como ponto de partida

Entre os esforços doutrinários realizados na tentativa de descrever as


modalidades de contratos entre sócios, foi fundamental – ao menos para os
países ligados à tradição romano-germânica – a obra de G IO R G IO O P P O ,
Contratti parasociali, publicada em 1942.

Desde então, a expressão contrato (ou pacto) parassocial (patti


parasociali, pactes de associés) foi recepcionada em vários ordenamentos
jurídicos, sendo constante na doutrina, em que pese se referir a uma
miríade de situações diversas.

Para OPPO, em síntese, contratos parassociais seriam aqueles


contratos distintos do contrato de sociedade, mas que com ele guardam
uma coligação (collegamento). Contudo, não obstante essa coligação, o que
se regula no contrato parassocial teria efeito apenas obrigacional entre os
pactuantes, não vinculando a companhia. Ou seja, as disposições
contratuais seriam inoponíveis, a menos que não se trate, por exemplo, de
situações em que a totalidade dos sócios é também signatária do acordo 72.

Sob a ótica do direito civil, considerando a dogmática contratual da


época, O P P O procurou analisar os contratos que se multiplicavam na prática
e determinar o sentido da sua acessoriedade com o contrato ou estatuto
social 73, além de avaliar se deveriam “sujeitar-se à peculiar disciplina de
forma e substância que é própria do contrato social” 74.

Apresentou classificação desses mesmos contratos adotando como


critério a sua capacidade de influir ou não na organização e/ou

72
I n ve rb i s : “i n o g ni ca so il co l le ga me n to d el co n tr at to a cce s so r io co l co nt r at to so c ial e
no n è o p p o n ib i le f uo r i d ei r ap p o r t i i m med ia ti c o n la co n tr o p ar te d el p a tto acc e sso r io e
cio è no n è o p p o nib ile ag li a ltr i so ci, a ll a so c iet à e ai t er z i. C iò s i g ni f ic a c he u na
r ip er c u s sio n e r e al e d e ll e vic e nd e d el ne go z io acce s so r io s ull a p o si zi o ne d el le p ar ti
ne ll a so c ie tà è i n p r i nc i p io es cl u sa : u na ta le r i p er c u sio ne p o tr à a ve r s i so lo i n q u alc h e
ip o te s i e p r ec is a me n te i n q u a nto t ut ti i so ci s ia no al te mp o s te s so so g g eti d el r ap p o r to
acce s so r io ” ( Co n t ra tti p a ra so cia li ci t., p . 8 2 ) .
73
P ar a b o a a ná li se d a p o si ção d e O P P O d o p o nto d e v is ta d a co l i gação ne go cia l, c f . a
o b r a d e F R A N C I S C O M AR I N O , Co n t ra to s co l ig a d o s, c it . p p . 5 7 -6 0 .
74
Co n tra tt i..., ci t., p . 4 0 .
36

funcionamento da sociedade, não os examinando sob a perspectiva do


negócio que as partes buscavam concretizar. Nesse sentido, os contratos
parassociais poderiam ser divididos em 75:

a) contratos que podem restringir seus efeitos e sua ação somente aos
sócios contratantes e ter eventualmente, para a sociedade e outros
sócios uma repercussão de mero fato, nem favorável, nem
desfavorável 76.
b) contratos que podem ser destinados a gerar para a sociedade vantagens
particulares a cargo dos sócios e que não são previstas no contrato
social, para evitar publicidade 77.
c) contratos que podem incidir diretamente sobre a sociedade ou serem
destinados a influir sobre sua vida e sobre a determinação de sua ação,
ou mesmo invadam juridicamente a esfera de direitos da sociedade e a
competência de seus órgãos 78.

Importante notar, pois, que O P P O entendia relevantes como contratos


parassociais, para os fins de sua investigação, apenas os contratos
agrupados em B) e C). Ou seja, o estudo da acessoriedade e seus efeitos
seria necessário ou mesmo oportuno apenas quando esses contratos
incidissem de qualquer modo sobre a vida social. Por consequência, os
contratos previstos no grupo A) – principais alvos da presente análise – não
foram considerados por O P P O em seu estudo, justamente pelo corte
metodológico que nele se pode identificar e não – como hoje podemos
avaliar – porque não sejam alvos da disciplina societária.

75
E s sa c la s si f ica ção é r e p etid a i n ca n sa v el me n te p elo s a u to r e s q u e s uced er a m O P P O n a
I tál ia e no B r as il , s e m q ue d ela se e xtr aia ma i s q ua lq uer r es u lt ad o teó r i co p ar a o e xa me
d o s p ac to s p ar a s so c i ai s no d ir e ito so cie tár io e vid e nci a nd o - se, ao co ntr ár io ,
car ac ter í st ica s d e u m o u o u tr o t ip o d e p ac to p ar a s so ci al n a d o g má ti ca co nt r at u al.
76
“P o s so no r e s tr i n ge r e i lo r o ef f et ti e l a lo r o a zio ne a i so li so ci st ip u la nt i ed a ver e
ev e nt ua l me n te p er la s o cie tà ( e gl i a lt r i so c i ) u n a r ip er c u s sio n e d i mer o f atto , nè
fa vo r e vo l e, nè s f a vo r e v o le” ( Co n t ra t ti… , c it., p . 7 .)
77
“P o s so no e s ser e d ir e tt i a p r o cur ar e al la so c iet à va n ta g gi p ar ti co l ar i a c ar ico d e i so ci
( e c he no n ve n go no p r e v is ti n el co ntr at to so ci ale p er e v itar e l a p ub b l ic it à) ” ( I d e m, p .9 ) .
78
“P o s so no i nc id er e d i r et ta me n te s u ll a so c iet à o i n q u a nto s ia no d ir et ti ad i n f l uir e s ul la
s ua vi ta e s ul la d e ter mi n az io ne d el la s ua az io n e o i n q ua n to ad d ir itt u r a i n vad a no
gi u r id ica me n t e la s f er a d i d i r i tti d el la so c i età e la co mp e te nz a d ei s uo i o r g a ni
so st it ue nd o a q ue s ti ul ti mi i si n go li so ci o la lo r o so m ma o p er a nt i i n ve ste
ex tr a so c ia le” ( I d e m, p . 1 1 ) .
37

Ainda em decorrência dos estudos de O P P O , assim, tornou-se


pacificado na doutrina dos diversos ordenamentos o entendimento segundo
o qual esses contratos, ao produzirem efeitos apenas entre as partes,
deveriam ser regidos pelo direito comum das obrigações, e não pelo direito
societário (i.e., não se aplicariam as regras relativas ao contrato de
sociedade).

Como acima se referiu, essa visão não atende totalmente ao que a


realidade negocial tem apresentado desde que a obra de O P P O foi escrita.
Por essa razão, tendo em vista as limitações deste trabalho e o enfoque que
se pretende conferir sobre a funcionalidade dos contratos parassociais
para o relacionamento societário e para que a intenção comum das partes
na associação seja atingida, não serão aqui aprofundadas as reflexões de
O P P O , mais centradas no exame da dogmática contratual 79.

Pode-se dizer que, em termos gerais, a doutrina italiana posterior à


obra de O P P O trilhou o mesmo caminho, avaliando precipuamente a
coligação negocial entre contrato social e contrato parassocial,
apresentando, por vezes, novas classificações para os contratos
parassociais.

Comentando a evolução da doutrina italiana sobre os pactos


parassociais, C R IS T I N A C ER O N I esclarece que ela se deu precipuamente no
sentido de identificar quais os critérios capazes de atribuir aos pactos
parassociais significado juridicamente mais apropriado ao sistema
normativo, com base em duas linhas conexas: (i) a verificação do tipo de
relação entre contrato social e parassocial e (ii) a investigação sobre a

79
P ar ti nd o d a p er sp ect i v a d a d is tin çã o e n tr e co nt r ato so ci al e p ar a so ci al, O P P O ce ntr a
s ua a ná li se no e xa me d a na t ur ez a d a r e laç ão e ntr e o s co ntr ato s e d e cad a co ntr a to
p ar a so ci al ( I d e m, p . 6 7 ) . T o ma nd o a co lig a çã o i g ua l me n te e xi st e nt e e n tr e o s co nt r ato s,
r es alt a a e xi s tê nc ia d e c o n exã o eco n ô mica e a u t o n o mia ju ríd ica ( p . 7 2 ) , ma s r ec h aça a
id ei a d e u m ne gó c io ú ni co e co mp le xo q ue a b ar q u e to d a a fa t ti sp ec ie, e m v is ta d a
ne ce s sár i a d i s tin çã o ( “n o n p uó sb o c car e al la co n f i g ur az io ne d i u m ne go zio co mp le s si vo
ch e a s so r b a l ’ i nt er a fat t isp eci e” I d e m, p . 8 8 ) . C R I S T I N A C E R O N I me n c io na e i g ua l me n te
cr it ic a a te n tat i va d e cr ia ção d e u m “s up er n egó cio ” , se g u i nd o a l i n ha d e a n ál is e
f u nc io na l d a co l i gaç ão e nt r e n eg ó cio s d is tin to s ( S imu la z io n e.. ., c it. , p . 1 .1 1 8 )
38

possibilidade de reunião das várias modalidades de pactos parassociais em


uma única categoria negocial conceitualmente autônoma 80.

Destaca-se, nesse sentido, as obras de L U IG I F A R EN G A 81 e G IU S EP P E


S A N TO N I 82, além da coletiva de F R A N C O B O N E L LI e P IER G IU S TO J A EG ER 83.

Em breve síntese, F A R E N G A classifica os contratos parassociais


conforme incidam (exerçam influência) ou não sobre a organização social,
designando-os, respectivamente, “contratti parasociali in senso stretto” e
“contrati parasociali extrasociali”, esses últimos relativos apenas a direitos
individuais dos contratantes.

A relevância da distinção estaria em que a disciplina da nulidade,


anulabilidade e resolução dos contratos parassociais variaria conforme se
tratasse ou não de contrato “associativo” ou “incidente sobre a
organização”. O autor compara, por ex emplo, os cenários de resolução
contratual quando se trata de “sindacato di voto” (incidente sobre a
organização) e “sindacato di blocco” (“ex trasociali”).

Além disso, F A R E N G A sustenta que há graus de autonomia dos


diversos contratos parassociais, na medida em que somente com relação aos
patti “extrasociali” ela existiria de fato, ao passo que nos contratos
parassociais incidentes sobre a organização social, ela seria apenas
genética 84.

80
( S i mu la zio n e...., c it. , p . 1 1 1 5 ) . De fat o , se g u n d o a a uto r a , a p er sp e ct i va d o mi n a nt e
no s e s t ud o s d aq ue le p aí s é a d e p e sq ui s a t ip o ló gi ca r el at i va ao s co ntr at o s p ar a sso cia i s
( “[ i] n q ue st a p r o sp e tt i va, c h e è fo nd a me n tal me n te d i r i cer ca tip o l o gi ca, lo st ud io
r ela ti vo ai p a tti p ar aso cia li s i è p o s to i n na nz itt u tto i l p r o b le ma d i elab o r ar e q u ei
‘cr it er i d ’ i nd i v id uaz io n e’ d e i p a tt i med e si mi , e q ue sto a l fi n e d i r i sp o nd er e ad u n
q ue s ito p r el i mi n ar e c he r i g uar d a la p o s s ib i le i d en ti f ic azio n e d i u na a p p o si ta cat e go r i a
co mp r e n si va d i t ut ti q u es ti ac co r d i e, s u q ue s t a b ase, co g li er e e sp eci f icar e la nat ur a
d el r ap p o r to e si s te n te tr a co n tr a tto so cia le e p at ti p ar a so c ia le”. I d e m, ib id e m) . No ta - se,
as si m, q ue o te ma d a i n ter p r e taç ão d o s co ntr ato s p ar as so c ia is o u me s m o a s ua a ná li se
d o p o n to d e vi s ta d a fu n çã o q u e d es emp en h a m n o re la c io n a m en to so cie tá r io não fo r a m
tr at ad o s co m a ê n f as e q ue, ao co n tr ár io , a e le s s e p r et e nd e d ar ne st e tr ab al ho .
81
I co n t ra tti p a ra so cia li, Mil a no , Gi u f fr è, 1 9 8 7
82
P a tt i p a ra so cia li , c it..
83
S in d a ca t i d i vo to e s in d a ca ti d i b lo cco , M ila no , Gi u f fr è, 1 9 9 3 .
84
No d i zer d o a uto r , “s o no i n vec e co n tr a tt i a u to n o mi q u ei co ntr at ti p ar a so ci al i c he
in f l u is co no so lo s u ll e si t uaz io ni i nd i v id ual i d er i va n ti d a l co nt r at to d i so c ie tà e c h e
39

Muito embora se possa extrair importantes conclusões dessas


análises, elas não tocam o tema da interpretação dos contratos parassociais
e sua conformidade com os princípios societários.

Igualmente, não se examina o problema, em regra, sob o ponto d e


vista do relacionamento societário criado pelas partes, em que mesmo
contratos tidos por “extrasociali” (isto é, que não dizem respeito à
organização da sociedade) podem ser vistos como inerentes e basilares a
esse mesmo relacionamento e, portanto, integradores da disciplina
aplicável aos sócios signatários e configuradores de sua conduta enquanto
tais 85.

Seu escopo permanece na verificação da acessoriedade entre


contratos, enquanto ora se busca avaliar os contratos parassociais sob o
todo complexo em que as partes se inserem para sua associação societária.

G IU S EP P E S A N TO N I , por sua vez, classifica os contratos parassociais


em pactos “complementari”, que são os que geram vantagem à sociedade e
têm seu regime aproximado aos dos contratos em favor de terceiro; e pactos
“collaterali”, seriam aqueles voltados exclusivamente a direitos individuais
dos sócios que, no seu entender, não seriam capazes de influenciar a vida
da sociedade 86.

Dentre as contribuições de S A N TO N I , deve-se sublinhar a acurada


análise sobre a confusão interpretativa que frequentemente leva a se dizer

p er ta n to si p o n go no co me u n q ual co s a d i ‘ e ste r no ’ r i sp et to a ll a so cie t à e so no p er c iò


ex tr a so c ia li” ( I co n t ra t ti p a ra so c ia l i, c it., p . 2 2 5 ) .
85
Ai nd a co m r e laç ão ao s co n tr ato s p ar a s so ci ai s q ue d e s i g na “e xtr aso cia li” p o r não
in ter f er ir na o r ga n iz açã o d a so cied ad e, F AR E N G A se d e lo n ga na a ná li se d e s ua val id ad e,
p er p a ss a nd o cad a mo d alid ad e d e co n tr ato d es sa na t ur ez a e ap o nt and o q ue s tõ e s
esp e cí f ica s q ue p o d e m ap r e se nt ar , s e m e ntr eta nd o e n u nc iar cr itér io s d e in ter p r et ação
q ue p o s sa m s er u s ad o s co m vi st a s a o u tr o s co nt r ato s p ar as so c ia is “e xt r a so ci al i” q ue
p o r ve n t ur a ai nd a não se te n ha m ma ni s fe s tad o , o q ue se r ia f u nd a me n ta l co n s id er a nd o a
cr ia ti v id ad e e a cr e sc en te co mp le xid ad e d a s o ca siõ es e m q ue s e d ese n vo l ve m ( I
co n t ra t ti P a ra so cia li, cit. , p p . 3 7 3 e ss) . N a p r ese n te t es e, p r o c ur a- s e j us ta me n te
av al iar e p r o p o r cr it ér i o s i n ter p r et ati v o s p ar a o s co n tr a to s p ar a s so c iai s “e xtr a so cia li ”
( q ue d e s i g na mo s p atr i mo n iai s) b a se ad o s na ló g ica p r ó p r i a q u e d á s up o r t e ao
r ela cio na me nto so c ie tá r io e o to r n a d i ver s o d e q u alq uer o u tr o r elac io na me n to
co n t ra tu a l.
86
C f. P a t ti p a ra so c ia l i, c it., p . 1 4 4 -1 4 5 ; p . 1 4 7 e p .2 2 3 .
40

algo sobre pactos parassociais que, em verdade, aplica-se apenas aos


“sindacati di voto”, ignorando-se, assim, toda a série de contratos e pactos
que, em tese, não influenciam a sociedade 87- 88.

Além disso, S A N TO N I ensaia um passo na direção da proposta desta


tese, ao ressaltar que o tema da definição de critérios interpretativos para
os contratos parassociais deveria ser tratado antes mesmo de se avaliar
questões sobre validade e eficácia dos pactos, determinando se ela deve
realizar-se com base nas normas de direito societário ou recorrendo-se aos
princípios gerais dos contratos 89.

Em que pese essa preocupação, o autor não aprofunda o tema de


forma satisfatória, adotando a mesma linha de O P P O e F A R EN G A de
considerar como possível alvo de preocupações societárias apenas o que
“incide sobre a sociedade”.

Pelo que até o momento já se adiantou, essa perspectiva parece não


servir quando se joga luzes ao fato de os pactos parassociais serem peças-
chave na disciplina do relacionamento societário, ainda que não gerem
qualquer efeito direto sobre a sociedade (= pessoa jurídica).

Em suma, grande parte dos autores que vêm seguindo a tradição


italiana inaugurada por O P P O enxergam distinção de negócios (i.e. contrato
social/contrato parassocial), ainda que coligados, onde em verdade – e
tomando-se a perspectiva do relacionamento erigido entre os contratantes –
verifica-se unicidade de intenções e de propósitos dos
signatários/acionistas. Além disso, seu enfoque é precipuamente voltado ao

87
I n v er b i s : “I n ver o , no n v ’è d ub b io c h e il ma l i n te so i nt er p r e tat i vo o r a s eg n ala to vad a
r ico nd o t to al l ’ar b itr a r i a a s si mi l azio n e d e i p r o b le mi er me n e ut ic i d e i co n tr a tt i
p ar a so ci al i co n q uel li , sp ec i fi ci e p ar z ial i, d e g li acco r d o d i vo to , co n la co n se g ue n za
ch e t u tt i so no s ta ti ge n er al me n t e r i so l ti d a u na co n so lid a ta co r r e n te gi ur isp r ud e nz ial e
in b a se a lla v al u taz i o ne d el la co n fo r mi tà d ei p a tt i al l ’i n ter es s e so c ia le ( P a tt i
p a ra so cia li , ci t. p . 2 0 ) .
88
So b r e o p r o b l e ma, c f. it e m 5 d e s se cap í t ulo , a s eg u ir .
89
“So r ge co sí l ’ es i ge nz a d i chi ar ir e, p r i ma a n c o r a d ei q u es it i i ner e nt i alla va lid ità e
all a e f fic ac ia d ei co n tr att i p ar a so c ial i, i cr ite r i d i va l ut az io ne al la c ui str e g ua q uei
co n tr a tt i d eb b a no e s ser e es a mi n at i, e, i n p ar t ico l ar e, se l ’i n ter p r e ta zio ne d i q u e sti
ul ti mi vad a e f fe tt u at a i n b as e al le no r me d i d ir i tto so cie tar io o i n ve ce r ico r r e nd o a i
p r i ncip i ge n er a li d et tat i d al no str o o r d i na me nto p er i co ntr a tt i” ( I d e m, p . 1 1 ) .
41

exame tipológico dos contratos parassociais, o que pouco tem contribuído


para que sejam encontradas soluções para as crescentes dificuldades
teóricas colhidas da prática 90.

4. A posição de GUYON e sua importância para a tese.

A doutrina francesa tem se mostrado mais propensa a abarcar, em um


mesmo complexo negocial, os variados instrumentos que, ao fim e ao cabo,
servem à estruturação da sociedade em seu dúplice aspecto, ou seja, como
relacionamento e como organização 91.

Nesse contexto, Y V E S G U Y O N figura como autor fundamental para o


entendimento do fenômeno societário na atualidade, envolvido e sustentado
pelas mais variadas manifestações contratuais 92.

A nota diferenciadora da leitura de GUYON sobre os pactos


parassociais é, justamente, a sua percepção de que esses contratos são
internos ao fenômeno societário, e não se situam em seu exterior como
poderia fazer sugerir o fato de que se consubstanciam em instrumentos
diversos do contrato ou estatuto social ou que possam não gerar efeitos
sobre a organização e funcionamento da sociedade.

Essa posição pode ser verificada na metáfora de que se vale G U Y O N


para explicar o fenômeno, já referida: a sociedade seria a estrela maior de

90
Ma is u ma ve z, cab e aq ui r ep r o d u zir a cr ít ica d e C R I S T I N A C E R O N I d e q ue a s so l uçõ e s
co g it ad a s p e la d o u tr i n a so b r e o s p a cto s p ar as so c iai s ap r e se n ta m l ac u na s p e lo se u
d esco mp a sso co m a r ea lid ad e p r á tic a ( “l e ar go me ta zio n i a so s te g no d i o g ni so l uz io ne
av a nza ta, t r o va no q ui nd i u n a lo r o g i u st i fi caz io ne so l a me n te p e n sa nd o d i a f fr o nt ar e e
r iso l ver e la q u es tio n e d ib at t ut ta e n tr o u na lo gi ca me r a me n te as tr a tt a e a v ul sa d al la
r eal tà, me n tr e va l ut a nd o le al la str e g ua d i u m cr it er io c h e te n g a p ar i co n to a nc h e d ei
r is u lt at i gi u r id i ci p r o ve ni e nt i d a ll a p r a ti ca ap p lic azio n e d e l f e no me n o i n q ue s tio n e,
es se s i r i v ela no i nd ub b i a me nt e l ac u no se” . S i mu l a zio n e..., ci t., p . 1 1 2 1 ) .
91
Co mo e x e mp lo , G E O R G E S R I P E R T e G. R O B L O T , T ra it é d e D ro it Co mm erc ia l , at u al.
M I C H A E L G E R M A I N , T . 1 , Vo l. 2 – Le s S o c iet é s Co mm e rcia le s; G É R A L D I N E G O F F A U X -
C A L L E B A U T , Du co n t ra t …, c it. e S O P H I E S C H I L L E R , Le s li mi te s..., ci t..
92
Ne s se p e c ul iar , v al e r e fer ir a b e la no t a d e J O S É M I G U E L E M B I D I R U J O so b r e a vid a e
o b r a d e G u yo n, e m q ue r es sa lt a o êx ito í mp ar q ue a o b r a Le s S o c ié té s – A mén a g e men s
sta tu ta ir e s e t co n ven tio n s en t re a s so c ié s a lc a n ço u na Fr a n ça e no e xt er io r , te nd o s id o
co n te mp lad a co m o p r ê mi o d e mel ho r o b r a d e p r átic a j ur íd ic a p ela Co mp a g n ie d e s
A vo ca t s- Co n se il s d ’ E n t rep ri se s d e P a ri s e t d e l’ Î l e d e F ra n ce. ( Ne cro ló g ica : Y ve s
Gu yo n (1 9 3 4 - 2 0 0 5 ), i n Re v i sta d e Der ec ho Mer ca nt il, nº 2 5 7 , j ul ho – s ete mb r o , 2 0 0 5 ,
p p . 1 6 7 5 -1 6 7 7 ) .
42

uma nebulosa contratual que a envolve. O estatuto refere-se a essa “estrela


maior”, enquanto os pactos parassociais dão sustentação à “nebulosa” em
que ela se insere. O relacionamento societário, ora se conclui, é estruturado
e regido por essa teia de instrumentos jurídicos que se imbricam
mutuamente.

G U Y O N contribui, portanto, para desfazer a impressão de que, porque


não relativos necessariamente ao funcionamento da sociedade ou inseridos
no estatuto social, pactos parassociais seriam imperceptíveis ao direito
societário 93.

Ao tomar os contratos parassociais como manifestações da autonomia


contratual no direito societário, G U Y O N focaliza apropriadamente o cerne
do problema: os contratos parassociais integram o arsenal com o qual as
partes se armam na entabulação de um negócio societário e são tão ou mais
relevantes que o próprio estatuto social 94.

Seguindo o raciocínio de G U Y O N , parece ser crucial avaliar se a


utilização desses instrumentos é compatível com os ditames, princípios e
lógica próprios do relacionamento societário. A autonomia existente entre o
negócio representado pelo estatuto social e o contrato parassocial passa a
ser, sob o prisma do relacionamento a que ambos se referem, menos nítida,

93
Na me s ma li n h a, G E O R G E S R I P E R T e G . R O B L O T , M IC H E L G E R M A I N ( a t ua l.) , T ra i té d e
Dro it Co mm er cia l, c it ., p . 3 9 7 .
94
A cl as s i fi cação p r o p o s ta p o r G U Y O N p ar a o s c o nt r ato s e xt r a -e s tat u tár i o s e n glo b a a)
p acto s so b r e a si t uaç ão d o s a sso ci ad o s ; b ) p ac to s so b r e a s it ua ção d o s d ir i ge n te s; c)
p acto s so b r e a s it ua ção d a so ci ed ad e ( nel es i n cl uíd o s o s aco r d o s d e vo t o e a co r d o s p ar a
o fi na n ci a me n to d a so cied ad e) e d ) p acto s c eleb r ad o s p o r o ca si ão d a liq uid ação e
p ar ti l ha ( L e s so c iét és … , ci t.) . No p r e se n te tr ab al ho , al é m d o s aco r d o s d e vo to , não s e
ex a mi n a o s p acto s so b r e a s it u ação d o s d ir i ge n te s p o r e n vo l v er e m t e m as d e d ir e ito d o
tr ab a l ho e, ma i s q u e is so , p o r t r aze r e m à d i sc u s são asp ec to s l i gad o s às p r eo c up açõ e s
co m b o a s p r át ica s d e co r p o ra te g o ve rn a n c e . O s p acto s o r a es t ud ad o s r e fer e m- s e
p r ecip u a me n te a p o s içõ es i n v id id u ai s d o s só c io s, ai nd a q u e e m b e ne f íc io d a so c ied ad e
( co mo aco r d o s p r e ve nd o p r es taç ão a ce ssó r ia) . S O P H I E S C H I L L E R faz le it ur a p ec u li ar d o
fe nô me no , i nd ica nd o a se g u i nte d i v i são d o s p a cto s ( o u “a mé na g e me n t s”) : ( i) aco r d o s
r ela ti vo s à n ece s sid ad e d e u n a gar a nt ia p ar a to d a cr iaç ão d e a ti v id a d e; ( i i) a co r d o s
r ela ti vo s à nec e ss id ad e d e u ma p r o te ção d a g ar a nt ia p ar a to d o o d es en vo l vi me n to d e
u ma a ti v id ad e ; ( ii i) a c o r d o s r ela ti vo s à co n e x ão e nt r e o p o d er e a r esp o n sab il id ad e
en tr e o s a s so c iad o s; ( i v) aco r d o s r el at i vo s à co n ex ão e nt r e o p o d er e a r esp o n sab il id ad e
d o s d ir i ge n te s e ( v) aco r d o s r ela ti vo s à co n e xão e ntr e o p o d e r e a r e sp o n sab il id ad e d o s
as so c iad o s o u d ir i ge n te s p ar a a co ncl u são d e u m co nt r ato d e ca u ção ( Le s li mi te s d e la
lib e r té co n t ra ctu el le.. . c it.) .
43

sobretudo tendo em vista que, em grande parte dos casos, as partes


coincidem.

Em todos os casos, a contratação não poderia ferir o que a tradição


francesa designa como ordem pública societária. Contudo, como é
sabidamente impossível definir com ex atidão o que se enquadra nesse
conceito, G U Y O N evidencia a necessidade de se examinar os pactos
parassociais ou extra-estatutários com vistas aos objetivos da ordem
pública societária, que aponta serem a proteção dos minoritários, a
igualdade dos acionistas e a proteção dos credores sociais 95.

Nesse sentido, segundo o autor, seriam válidas as convenções que


não contrariassem os objetivos da ordem pública societária, as estipulações
imperativas dos estatutos e o interesse social 96.

Ou seja, ao ampliar a análise dos pactos parassociais, preocupando-se


com seus efeitos perante a ordem pública societária e não apenas perante a
companhia, G U Y O N contribui significativamente para a construção do
raciocínio que permeia este trabalho.

5. Posição da doutrina brasileira

Na doutrina brasileira os pactos parassociais são mais examinados


com vistas a sua relação com a companhia, valendo-se, muito, da obra de
OPPO.

Dentre as monografias mencionadas no Prólogo, não se encontrou,


como já se apontou, obra que examinasse com profundidade o impacto dos
contratos parassociais sobre a relação societária, ou seja, que tratasse dos
ajustes parassociais dentro de sua real dimensão de instrumentos para
acomodação de interesses das partes no seio da sociedade. Ao contrário, há
várias obras que cuidam da natureza jurídica dos acordos de acionistas,
suas várias classificações e as peculiaridades da legislação brasileira.

95
C f. L es so cié té s... ., c it. , p . 3 0 9 .
96
E s sa p o s ição s er á co me nt ad a ad ia n te, no Cap ít u lo 4 .
44

Sobre os limites de validade dos contratos parassociais derivados da


própria noção de sociedade de direito societário – temas relevantes para a
presente investigação, portanto – as menções são breves e pouco
aprofundadas 97.

5.1 Proposta teórica de C A L IX T O S A L O M Ã O F IL H O

No cenário brasileiro, pois, pode-se indicar como um dos poucos


textos com propósito claro de examinar o tema dos pactos parassociais sob
enfoque eminentemente teórico o ensaio de C A LIX TO S A LO M Ã O F ILH O ,
Acordo de Acionistas como Instância da Estrutura Societária 98.

Nele, o autor centra sua análise na existência dos centros


parassocietários de poder e em como eles devem relacionar-se com a
estrutura da sociedade. Parte-se do pressuposto de que apenas acordos que
se integram na estrutura societária são capazes de produzir efeitos para
além dos contratantes pois, em regra, “de sua característica parassocial
decorre a impossibilidade destes modificarem a relação social. Podem
apenas modificar as relações entre as partes, em certos casos com força
vinculante para a sociedade” 99.

Por decorrência, nessa leitura, os contratos ligados a compra e venda


de ações e preferência não atingiriam a “relação social” ou a “estrutura da
sociedade” 100 e, assim, seriam irrevelantes para a disciplina societária.

97
C E L S O A L B U Q U E R Q U E B AR R E T O ap r e se nt a o s eg u i nt e r o l d e p r o ib i çõ es ao s p acto s,
d e mo n s tr a nd o , as s i m, p r eo c up aç ão co m se u s e f e ito s so b r e a l vo s d e p r o t eção d o d ir ei to
so c iet ár io : “( a) i nd et er mi n aç ão d e es co p o o u ‘ aco r d o s e m ab er to ’, c ar acte r iz ad o s p el a
in e sp ec i fi cid ad e d o aj u st e, q ua n to à s ma tér ia o u d ir et r iz es d o vo to ” ; ( b ) ce ss ão d o
d ir ei to d e vo to se m tr a n s fer ê nci a d a ti t ul ar id a d e d as a çõ e s; ( c) ne go ciaç ão d o vo to
( cr i me – ar t . 1 7 7 , § 2º d o CP ) ; ( d ) vio l ação d e d ir ei to s e s se nc ia i s d o acio ni st a; ( e)
vio la ção d a l e gi sl ação an ti tr u ste ; ( f) aco r d o d ano so ao s i n ter e s se s d a so c ied ad e; ( g)
aco r d o s q ue t e n ha m p o r o b j eto as d e clar açõ e s d e ver d ad e ( ap r o va ção d e co n ta s etc) ”
( A co rd o s d e a cio n i sta s, cit. , p . 6 4 ) . O a u to r , co n tud o , n ão e xa mi n a co m ma i s va gar c ad a
u m d es s es a sp ec to s .
98
i n O No vo D i re ito S o ci etá rio , 3 ª ed . r e fo r mu l a d a, S ão P a ulo , Ma l he ir o s, 2 0 0 2 .
99
( C A L I X T O S A L O M Ã O F I L H O , A co rd o d e A cio n i sta s..., ci t., p .9 6 )
100
So b r e o s q u ai s o a uto r as se v er a ser e m “[ t] r ad ic io n ai s ele me nto s d e d i s cip l i na d ir e ta
en tr e só cio s, s eq uer co b er to s p e la l ei so cie tár ia ( q u e não p r e v ê d is ci p li na e sp ec í f ica
p ar a p r e fer ê n ci a na ve n d a d e açõ e s e n ão tr az d is cip li na d e co mp r a e ve nd a, e xce to o
li mi te ge n ér i co d o ar t 1 0 9 ) ess as r e gr a s e m nad a a f eta m a r ela çã o o u es tr ut u r a
so c iet ár i a” ( id e m, ib id e m) .
45

Nota-se, então, que o autor parece manter-se alinhado com O P P O ,


entendendo como relação social não o relacionamento complexo entre
sócios, mas apenas aquilo que se pode observar por seus efeitos na
sociedade.

Todavia, mais adiante no mesmo texto, reconhece que a interpretação


de um pacto de preferência (i.e. sem efeitos diretos sobre a sociedade)
somente pode ser adequadamente realizada se tomada a perspectiva
societária – e não meramente contratual 101. A justificativa seria a de que um
ajuste dessa natureza consta de acordo que passou a integrar a estrutura
societária.

Em que pese o pioneirismo da análise, não se evidencia qual a


condição para que um ajuste parassocial venha a ser considerado como
“integrante da estrutura societária” e, assim, sujeito à perspectiva do
direito societário.

As dificuldades em lidar com o assunto são reconhecidas pelo autor,


que afirma ser “interessante observar que as consequências da inserção do
acordo de acionistas na estrutura societária parecem muito mais óbvias e
naturais que a própria inserção como hipótese teórica” 102.

Compreendendo essas dificuldades teóricas e compartilhando a


preocupação de C A LIX TO S A LO MÃ O F ILH O quanto à possibilidade de
interpretação de pactos com conteúdo diverso do voto pela ótica
societária 103, buscar-se, neste trabalho, examinar elementos para justificar a
aproximação do direito societário a esses pactos.

101
I d e m, p . 1 0 2 .
102
I d e m, p . 1 0 3 .
103
P r o sse g u e o a uto r : “A r elaç ão fic a mai s e v id e n t e e ne ce s sár ia naq ue le s cao s e m q u e,
an te s q u e na t ur a is , a s co n seq u ê nc ia s d a i n ser ção d o aco r d o n a e s tr ut u r a so c ie tár ia
ger a m p r o b le ma s d o u tr i nár io s. É o q ue o co r r e no q ue r e sp e it a ao s a co r d o s so b r e o
ex er c ício d e vo to ( q ue s ão , d e r es to , o tip o ma i s co mu m) . Aq u i, d e u m lad o , r e s sal ta a
car ac ter í st ica so c iet ár i a ( d e f ato ) d o aco r d o . D e o u tr o , a p o ss ib i lid ad e d e cho q u e e ntr e
as d i sp o s içõ e s so b r e vo t o d o s e s ta t uto s e d a l ei ” ( id e m, ib id e m. Gr i f o u -s e)
46

6. Contratos parassociais patrimoniais: precisão terminológica

Há uma categoria específica de contratos parassociais intensamente


debatida na doutrina: os acordos de voto (voting agreements). As
motivações que determinam a celebração desses acordos geralmente se
ligam à estabilidade de poder dentro da companhia e/ou à reunião de
minoritários para melhor defesa de seus interesses na sociedade.

As questões que surgem a respeito dos acordos de voto, assim, tocam


temas muito relevantes para o direito societário, razão pela qual a doutrina
jurídica construída a seu respeito é vastíssima, e as poucas regras legais
existentes sobre o tema de contratos parassociais neles se concentram 104. De
fato, desde o início do século XX, a doutrina é abundante e detalhada sobre
os acordos de voto e seus efeitos no direito societário 105.

O voto, ao gerar consequências diretas na vida societária, é fator


natural de atração do direito societário a referidos acordos, o qual impõe
limites de validade, para que esses pactos não possam servir a propósitos

104
C f. it e m “No t a s d e co m p ar ação le g i sla ti v a” no Cap ít u lo 1 .
105
Alé m d a s o b r as q ue tr a t a m d e aco r d o d e acio n i s ta s e, p o r t a nto e xp li ca m a si st e má ti ca
d o s aco r d o s d e vo to s, cf . G A S T O N E C O T T I N O , Le co n ven zio n i d i vo t o n elle so ci et à
co me rc ia l le, M il a no , Gi u f fr è, 1 9 5 8 ; P I E R G I U S T O J AE G E R e F R AN C O B O N E L L I ( co o r d . ) ,
S in d a ca t i d i vo to e s in d a ca ti d i b lo c co , Mi la no , Gi u f fr è, 1 9 9 3 ; M Á R I O L E I T E S A N T O S ,
Co n t ra to s p a ra s so c ia i s e a co rd o s d e vo to n a s so c ied a d e s a n ó n ima s, L isb o a, Co s mo s,
1 9 9 6 ; H AR T M U T L Ü B B E R T , A b s ti mmu n g sv er ei n b a ru n g en in d en A k ti en - u m G mb H-
R ech t en d e r E WG- S ta a t en , d e r S ch wei z u n d G ro βb r ita n n ien s, B ad e n - B ad e n, No mo s,
1 9 7 1 ; C H A R L E S F R E Y R I A , É tu d e d e la ju r i sp ru d e n ce su r le s co n ven tio n s p o rta n t a tt ein te
a la lib e rté d u vo t e d a n s le s so c ié té s, i n Re v u e tr i me s tr i el le d e d r o it co m mer c ia l, n .º
I V, 1 9 5 1 , p p . 4 1 9 -4 3 7 ; J O AQ U I M G AR R I G U E S , S i n d ica to s d e A ccio n i sta s , i n R e vi st a d e
Der e c ho M er ca n ti l, n .º 5 5 , J a ne ir o – Mar ço , 1 9 5 5 , p p . 9 1 -1 0 7 . G I O R G I O S E M I N O , I l
p ro b l ema d e lla va lid ità d ei s in d a ca ti d i vo to , Mil a no , G i u f fr è, 2 0 0 3 ; R A Ú L V E N T U R A ,
A co rd o s d e vo to : a lg u m a s q u e stõ es d ep o i s d o C ó d ig o d a s S o c ied a d e s C o me rcia i s ( CS C ,
a rt. 1 7 º ), i n E s tu d o s v á rio s so b re so ci ed a d e s a n ô n ima s: co men tá r io s a o Có d ig o d a s
S o cied a d e s Co m e rcia i s, Co i mb r a, Al med i na, 1 9 9 2 , p p . 7 -1 0 1 ; V A S C O D A G AM A L O B O
X AV I E R , A va lid a d e d o s s in d i ca to s d e vo to s n o d i rei to p o r tu g u ê s co n st itu íd o e
co n s ti tu en d o , i n Re v is ta d a Or d e m d o s Ad vo g ad o s P o r t u g u es es 3 ( d ez . 1 9 8 5 ) , p p . 6 3 9 -
5 3 ; AAV V., Tra va u x d e L’ a s so cia tio n Hen r i Ca p ita t p o u r la Cu ltu re Ju r id iq u e
F ra n ça i se, T. X - Le s co n so rt iu m s d 'a c tio n n a ir e s e t la p ro te ct io n d e s m i n o ri té s d a n s le s
so c iét és a n o n y me s (Jo u rn ée d e B e rn e ). V en t e à te mp é ra m en t ( Jo u rn é e d e Neu ch a t el ),
P ar is , Lib r ar i e D al lo z, 1 9 5 6 .
47

indesejados, conforme os preceitos de cada ordenamento jurídico 106,


sobretudo aqueles ligados à regulação do mercado de capitais.

Com relação às demais espécies de acordos extraestatutários ou


parassociais, a multiplicidade de conteúdos que podem apresentar em
decorrência dos diversos interesses que as partes procuram com eles tutelar
dificulta que sejam agrupados em uma única categoria jurídica, sendo que,
como adiante ver-se-á, esses outros ajustes não são examinados em
profundidade na perspectiva de sua função no relacionamento societário
existente entre os pactuantes.

Pouco se comenta, em sede doutrinária, sobre as variadas formas de


contratos parassociais que não se identificam com acordos de voto. No mais
das vezes, os autores enunciam e explicam as principais modalidades
desses pactos sem, contudo, proceder ao exame sob o contex to da relação
em que se fundam.

Por essa razão, a presente tese tem como objeto de análise, os pactos
parassociais voltados exclusivamente a disciplinar direitos individuais e
patrimoniais de sócios, que ora se convenciona tratar por pactos
parassociais patrimoniais 107 – em oposição, portanto, a contratos
parassociais cujas cláusulas refiram-se a direitos sociais como o voto e
temas correlatos, que afetem a organização da sociedade de forma direta e
imediata 108.

106
C f., p o r e xe mp lo , o § 2 º d o ar t. 1 1 8 d a LS A , q ue d et er mi n a q ue o s “aco r d o s não
p o d er ão ser i n vo c ad o s p ar a e x i mi r o ac io ni st a d e r e sp o n sab il id ad e n o e xer c íc io d o
d ir ei to d e vo to ( ar t. 1 1 5 ) o u d o p o d er d e co n tr o l e ( ar t s. 1 1 6 e 1 1 7 ) ”.
107
Ai nd a q u e a es co l ha ter mi n o ló g ica p o ss a se mo str ar r el at i va me n te i mp e r fe it a, não s e
en co ntr a na d o u tr i na o u tr a d es i g naç ão e sp e cí f ic a p ar a o s ub co nj u nto d e aj u st es q ue se
p r o cu r a e st ud a r , d e ntr o d o a mp lo co nj u n to d o s p acto s p ar a s so c iai s. P o r o utr o l ad o , não
p ar ece nd o i g ua l me n te c o r r eto d ei xar d e i nc l uir o ter mo p a ra s so c ia i s p ar a d e s i g nar o s
co n tr a to s e m e xa me , o p to u -s e p o r q ua li f ic á -l o ut il iza nd o a me s ma d is ti n ção e ntr e
d ir ei to s p o lí tico s e p atr i mo nia i s d e q ue s e va l e a L ei n. 6 .4 0 4 /7 6 p ar a e v id e nc iar a s
d i fer e n te s p r e r r o gat i va s co n f er id as ao s ac io ni s ta s.
108
Co mo ac i ma se ap o n t o u L U I G I F A R E N G A , n a me s ma li n h a, d e si g n a es se gr up o d e
co n tr a to s co mo co n t ra to s p a ra s so c ia i s e xt ra s so c ia i s ( co n tr a tt i p ar a so c ia li e x tr a so c ia li) ,
co n s id er a nd o q ue n ã o g era m efe ito s so b r e a o rg a n i za çã o d a so cied a d e, ma s a p en a s
so b re d ir ei to s in d ivid u a is d o s só cio s, e m o p o si ção àq u el es q ue d e s ig n a m co n t ra to s
p a ra sso cia is st ri cto s e n su , cap a ze s d e p r o d uz ir e fei to s so b r e a o r ga n iz ação d a
so c ied ad e ( aco r d o s d e v o to e d e ad mi n i str a ção , p o r e xe mp lo ) ( I co n t ra tti p a ra so c ia l i,
Mil a no , Gi u f f r è, 1 9 8 7 , p p . 2 2 4 -2 5 ) . Op to u - se p o r não ut il izar a me s ma exp r e s são , p o i s
48

Dito de outra maneira, os ajustes de que ora se ocupa dizem respeito,


portanto, a posições patrimoniais e individuais (i.e., não políticas) de seus
celebrantes, em oposição aos “contratos parassociais organizativos”, os
quais, relacionando-se a direitos políticos do acionista, possibilitam a
interferência direta na organização e funcionamento da companhia (e, com
isso, mais diretamente se verifica a sua sujeição ao direito societário).

Por óbvio, forçando-se a análise, mesmo o direito de voto tem


conteúdo patrimonial, no sentido de que seu exercício pode gerar vantagens
ou desvantagens para a companhia e para acionistas. Todavia, uma vez
presente a proibição de negociação de voto 109, os acordos que o tem por
objeto são encarados sob a perspectiva de seu caráter de direito político do
acionista. De outro lado, é evidente que os acordos patrimoniais são mais
frequentemente acompanhados de acordos de voto que possibilitam sua
concreção perante a companhia. Todos eles servem, como se viu, para
ajustar a relação societária aos desígnios dos celebrantes.

Com a designação pactos parassociais patrimoniais, é preciso


esclarecer, ainda, que não há a pretensão ou o intuito de apresentar rol
completo de todas as suas manifestações ou mesmo detalhar o regime
aplicável a cada um deles 110.

Isso não apenas porque é impossível elencar e descrever todos os


ajustes parassociais que a criatividade empresarial pode originar, mas

se e n te nd e al go ta u to ló gi co c ha má - lo s ao me s mo te mp o p a ra sso cia i s e ext ra s so c ia i s.


Fic a r e gi s tr ad a, d e q ua l q uer ma n eir a, a p r o x i m id ad e d e co nc ei to s . J á na c la s si f ica ção
p r o p o st a p o r O P P O , o s c o nt r ato s d e q u e s e o c up ar á s ão aq ue le s p r e v is to s no s gr up o s “a”
( co n tr a to s cel eb r ad o s p o r só cio s co m r el açã o a seu s d ir ei to s i nd i vid u ai s) e “b ”
( co n tr a to s ce leb r ad o s p o r só c io s q ue g er a m b en e fí cio p ar a a so ci ed ad e – ma s n ão
alt er a m o u tê m o co nd ão d e al ter ar a s u a o r ga n iz ação ) .
109
Có d i go P e na l, ar t . 1 7 7 , § 2 – I nco r r e na p e na d e d ete nç ão , d e 6 ( se i s) me se s a 2
( d o is) a no s, e mu u lt a, o acio ni s ta q ue, a f i m d e o b ter v a nt a ge m p ar a s i o u p ar a o u tr e m,
ne go cia o vo to n a s d e lib er açõ e s d a a s se mb léi a g er al.
110
Co mo b e m s al ie n to u P r o f. F R A N C I S C O S A T I R O p o r o ca sião d o e xa me d e q u al i fi caç ão
d a te se , e ss e s p ac to s, p ela co mp l e xid ad e q ue en vo l ve m, e n sej ar i a m cad a q u al u ma
mo no gr a fia o u t es e a se u r e sp e ito . D ei x e -s e v i n cad o , p o r ta n to , q ue não é o int u ito d o
tr ab a l ho r ea liz ar o u p r ete nd er ta ma n h a faç a n ha : r e u nir e m ap e na s u ma te se d e
d o u to r a me n to o q u e ser i a o b j eto d e v ár i as d el a s.
49

também porque se tomou por base apenas pactos que, na experiência


societária, são mais frequentes, quiçá típicos 111.

Tem-se, assim, acordos de compra e venda de participações


societárias (incluindo opções de compra e de venda - call options e put
options) e cláusulas de saída conjunta (tag along e drag along rights
clauses); acordos de preferência (first offer ou first refusal rights) ou sobre
a transmissibilidade de ações (como a cláusula de aprovação, “clausola di
gradimento”, “clause d’agrement”); acordos de não-concorrência,
permanência na sociedade (lock in) e não-restabelecimento e acordos
prevendo prestação acessória com conteúdo patrimonial, incluindo
obrigações de capitalização e financiamento, fornecimento e transferência
de tecnologia, prestação de serviços ou conferência de bens em favor do
empreendimento comum.

Esses ajustes, já se apontou, são comumente celebrados em momento


anterior à constituição da sociedade ou ao ingresso de determinado sócio
como parte do relacionamento societário, no bojo de acordos de associação,
investimento ou joint venture. Nesse sentido, são mais frequentemente
firmados por todos os sócios que se lançam em um empreendimento
comum.

A nota unificadora desses variados pactos reside na incidência sobre


a esfera patrimonial dos signatários, seja ela presente ou futura, mediata
ou imediata, e o objetivo deste trabalho seria então, partindo dessa
constatação, apontar elementos de interpretação desses ajustes,
considerando que suas disposições integram a disciplina que as partes de
comum acordo escolheram para reger seu relacionamento societário.

111
É p o s sí ve l a f ir mar , c o m O P P O , q ue o s p ac t o s p ar a s so c ia is são d e mo n st r ação d o
fe nô me no d a t ip i cid ad e so c ia l q ue não p o d e ser d e sco n sid er ad o p el o i nt ér p r e te ( “a
q ue s to p u n to no n è e sa g er ato p ar lar e d i u na c er t a tip ici tà so c ial e d el f e n o me no : t ip i ci tà
ch e no n p uò e ss er e i g no r ata o so tto v al u tat a d al l ’ i nter p r et e” L e co n ven zi o n i p a ra so cia le
tra d i ri tto d e ll e o b b l ig a zio n i e d ir it to d e ll e s o cie tà , c it. , p . 5 1 9 ) . C o n fo r me a s si na la
P A U L A A. F O R G I O N I , co m es có l io e m B O B B I O , “[ a] p r á tic a r e it er ad a e d is se mi nad a d e
ato s d á o r i g e m a co mp o r ta me n to s so cia l me n te s típ i co s o u à “t ip i cid ad e so c ial ” e, ne s se
se n tid o , p o d e - se v is l u mb r ar c er ta “r a cio n al id ad e esp o n tâ n ea” n a fo r maç ão d o
o r d en a me n to j ur íd i co ” ( A evo lu çã o d o d ir ei to co me rcia l... ci t., p p . 2 3 7 -2 3 8 ) .
50

7. Inovação de perspectiva

Tradicionalmente, os direitos patrimoniais e, sobretudo, o direito de


propriedade, revelam-se como referências da autonomia contratual, e,
portanto, sua submissão ao direito societário e seus princípios seria
controvertida, se tomada posição ligada ao individualismo contratual 112.

Talvez por essa razão, em que pese sua relevância na atual vida
empresarial, os pactos parassociais que ora se designa “patrimoniais” não
têm sido estudados de forma sistemática sob a perspectiva da lógica
própria que informa o relacionamento societário, repetindo-se o simples
argumento de que, dizendo respeito a direitos patrimoniais dos sócios e
sendo autônomos do estatuto social, seriam regidos pela teoria geral dos
contratos – o que não implica, entretanto, que estejam como que imunes ao
regramento societário, a salvo da incidência de suas regras cogentes e de
seus princípios.

Para que sejam válidas, soluções contratuais não podem afrontar ou


distorcer os fundamentos do direito societário, demandando do intérprete e
do aplicador do direito o domínio dessas bases e a reflexão sobre o modo
pelo qual forjam a liberdade contratual. Esse controle é tarefa árdua tendo
em vista a criatividade dos indivíduos, a multiplicidade das necessidades

112
Co n v é m j á r ep r o d uz ir a liç ão d e M E N E Z E S C O R D E I R O q ue mu i to i n f l ue nc ia o s
ar g u me nto s d e st e tr ab al ho , co m r e laç ão à ai nd a fr eq u e nte “i n se n sib il id ad e ” n a
co n s id er a ção d e a sp e c to s co mo a l ea ld a d e na s r el açõ e s e ntr e p ar tic u lar es : “[ o ]
lib er al is mo e a s co d i f ic açõ e s d e le tr ib utá r ia s f o r a m p o uco s e ns í ve i s, n o i ní cio , à id e ia
d e leald ad e. D e r es to , is so s u ced e u, e m ger al, co m o s co n cei to s i nd e ter mi n ad o s q u e
p o st u la va m o r d e na me n t o s al ar gad o s p ar a al é m d o ju s p o si tu m . Ao s cid ad ão s er a m
r eco n hec id o s d i r ei to s q u e el e s e x er cer ia m co mo b e m l h es p ar e ce s se. Ap e na s er a d e vid a
o b ed iê nc ia ao s co nt r ato s li vr e me n te ce leb r ad o s e, na t ur al me nt e, à le i. P ar a alé m d i s so ,
não ha ver ia ma i s “le al d ad es ” e x i gí v ei s” ( A l ea ld a d e n o d i re ito d e so c ied a d e s, i n
Re v i sta d a Or d e m d o s Ad vo gad o s, d ez/2 0 0 6 , p . 2 ) . Ad e ma i s, so b r et ud o e m p aí se s d a
co mmo n la w, o r e sp e ito ao co ntr a to é e x tr e mo e, p o r es sa r a zão q ue e sc a p a à a ná li se d e
ap li cad o r e s d e d i r ei to me no s p r ud e n te s, não é sa l uta r r ep r o d uz ir mi me ti ca me n te o s
p acto s e co n ve n çõ e s id eal izad o s e m a mb ie n te in s ti t uc io nal tão d i s ti nt o d o b r a si le ir o .
C f. ne s se p o nto , L A U R E N T C O N V E R T , L’ i mp e r a tif e t le su p p l ét if … p . 5 0 1 e ss ( “e n
An g le ter r e, l ’i mp er a ti f co r r e sp o nd e n e fe t a u r esp e ct d e la lib er té co nt r act u el le, ta nd is
q ue le s up p lét i f i nté r e ss e l ’ap p li cat io n e f f ec ti v e d e la lo i lé g i fér ée. C’ es t le co n t ra t q u i
es t o b lig a to i r e p lu s q u e la d isp o s it io n lég a le. L es co n vet io n s d o i ve n t êtr e r e sp e ct ée s
p ar l e j u g e e t p a r l e lé g is la te ur . La v ér i ta b le lo i e st e n co n séq ue n ce d ’ es s e nce
co n tr a ct ue ll e p l u s q u e p ar le me n t air e . La f o r ce o b li ga to i r e d e s co n ve n tio n s se p o se e n
co n séq u e nce e n d e s ter me s d i f fér e nt s d e ce u x q ui p r é va le n t s ur l e Co nt i ne n t”. Gr i f o u -
se) .
51

que, sempre mais, surgem no mercado e as maneiras nem sempre evidentes


pelas quais podem corromper as relações societárias e/ou afetar os alvos de
tutela do direito societário. O sigilo desses contratos e sua frequente
submissão à arbitragem costuma dificultar, por outro lado, sua análise 113.

São raros, assim, os estudos que, para além das discussões


específicas sobre acordos de voto, tratam de contratos celebrados no bojo
de um relacionamento societário e que compõem aquele conjunto negocial
complexo a que antes se referiu. Como já se mencionou, não se encontrou,
no Brasil, obra em que essa perspectiva seja adotada e as respectivas
conclusões sejam enunciadas com esse específico propósito 114.

No Brasil, a discussão centra-se no acordo de acionistas e nas


particularidades relativas a essa forma de contrato parassocial, prevista
expressamente no art. 118 da Lei n. 6.404/76 para a disciplina (i) da
compra e venda de ações, (ii) do direito de preferência em adquiri-las, (iii)
do exercício do direito de voto e (iv) do exercício do poder de controle 115.

Por consequência, a maioria dos estudos acadêmicos brasileiros sobre


acordos de acionistas gira em torno (i) do caráter taxativo ou enumerativo
do rol de matérias previstas no art. 118 da lei, bem como dos efeitos de
uma ou outra posição no plano da validade; (ii) da execução específica
prevista no mesmo artigo; (iii) de considerações sobre sua eficácia e
oponibilidade a terceiros; (iv) de sua rescisão, resilição ou denúncia; bem
como de temas específicos dos acordos de voto 116.

113
Co n s u lto u - se t a mb é m, s e m ê x ito , o s a n uár io s d a I C C ( I nter n at io na l C ha mb er o f
Co m me r ce) d e P ar is , e m q u e d ec i sõ e s ar b itr ai s s ão p ub li cad a s.
114
Os p ar ec er e s co mp il ad o s p e lo P r o f . F A B I O K O N D E R C O M P AR A T O e m N o vo s E n sa io s e
P a re ce re s d e D ir ei to E mp r esa r ia l, c it. , são d a q ue le s p o uco s te x to s e m q ue o me s mo
vi é s é o b ser vad o . Não se e nco n tr o u, p o r é m, o b r a q ue co mp il as se a s co n cl u sõ e s q ue
d ele s p o d e m ser e x tr a íd o s p ar a a teo r ia g er al d o d ir e ito so c ie tár io .
115
I n ser id o p e la L ei n. 1 0 . 3 0 3 /2 0 0 1 .
116
A d esp ei to d a e v id e nt e r el e vâ nc ia d e tai s q ue s tõ e s, i mp o r t a d e sd e j á f r is ar q ue s ua
an ál is e ser á aq u i e mp r e end id a ap e na s d e fo r ma a nci lar , q ua nd o a ss i m se mo s tr ar út il
p ar a o d e se n vo l v i me n to d a te se. O e s fo r ço d e s te e st ud o é, p r ec i sa me n te, l a nçar l uze s
so b r e p r o b le ma q u e e sc ap a àq u ele s t ip ic a me n te ab o r d ad o s p ela d o utr i n a p át r ia no q ue
ta n ge ao s co ntr ato s p ar a s so ci ai s.
52

Como pano de fundo à discussão desses principais temas ligados aos


acordos de acionistas fica a afirmação superficial de que eles – como
também outros contratos entre acionistas cujas matérias extrapolam as
previstas em lei – são regidos pelo direito geral das obrigações.

A ênfase em afirmar a submissão dos contratos parassociais ao


direito geral das obrigações e à teoria geral dos contratos, contudo, foi
feita por O P P O para salientar a distinção entre esses contratos e os
estatutos e contratos sociais, tendo em vista os ditames específicos
direcionados a esses últimos pelo direito societário e não de modo a afastar
sua relevância no contexto societário vivido pelas partes 117.

Sem refletir sobre esse ponto, permite-se que se obtenha impressão –


não devidamente contestada na doutrina brasileira 118 – de que os contratos
parassociais, porque distintos do contrato social e, sobretudo, quando não
tratam das matérias previstas no art. 118 da lei acionária brasileira, não
seriam sujeitos à disciplina societária, com o que não se pode
razoavelmente concordar.

Por consequência, ajustes parassociais que não se enquadram no rol


de matérias previsto em lei, ou mesmo aqueles que, previstos no art. 118,
refiram-se a direitos individuais dos sócios (e.g., compra e venda de
ações), acabam por não receber a devida análise e interpretação sob a
perspectiva do direito societário, podendo levar a resultados não
acurados 119.

117
C f. it e m 4 .2 , Cap í t ulo 4 .
118
Na maio r ia d a p r o d uç ão d o utr i nár ia so b r e o as s u nt o , o s j ur i sta s não e sc lar e ce m co mo
o d ir e ito so cie tár io d e v e i nc id i r so b r e co ntr ato s p a r a sso ci ai s, v ale nd o - se d e e xp r e ssõ es
va g as . P o r exe mp lo , vid e a o b ser v ação d e F AB I O K O N D E R C O M P AR A T O : “a va lid ad e d e
tai s n e gó cio s er a, e nt ão ( a nte s d a Le i n. 6 .4 0 4 /7 6 ) , co mo ai nd a é ho j e, s ub met id a às
no r ma s co mu n s d o d ir eito p r i vad o , a p a r d a s reg ra s g e ra i s d o d i r eito so cie tá rio ”
( E fi cá cia d o s a co rd o s d e a cio n is ta s, i n N o vo s en sa io s e p a rec ere s d e d i re ito
emp re sa r ia l , Rio d e J a n eir o , Fo r e n se , 1 9 8 1 , p . 7 6 . Gr i f o u -s e) .
119
Rea li zad a p esq u i sa na j ur i sp r ud ê nc ia p átr ia, ver i fi co u - se a e s ca ss ez d e d eci sõ e s
j ud ic ia is q ue i nd iq u e m a ap li caç ão d o d ir e ito so c iet ár io a co n tr a to s p ar a sso cia i s. O s
j ul gad o s lo ca liz ad o s a p en as ta n ge n ci a m o p r o b le ma, n ão e n fr e n ta nd o clar a me nt e a
q ue s tão . P ar a a s p o u cas e xc eçõ e s, c f. a an ál is e p r e se n te na s eção A N Á L I S E S
J U R I S P R U D E N C I A I S , ao f i na l d o p r es e nte tr ab al ho .
53

Faz-se necessário, assim, examinar o modo pelo qual o direito


societário impacta os pactos parassociais patrimoniais no direito brasileiro,
propondo pautas para sua interpretação em consonância com seus princípios
e fundamentos e com a relação societária desejada pelas partes ao celebrá-
los.

Para que o direito societário cumpra seu papel de oferecer ao


mercado instituições com um padrão mínimo de aceitação, conferindo
segurança jurídica e viabilizando as relações entre os vários agentes
econômicos, é imprescindível verificar essa sempre mais complexa
realidade negocial formada pelos pactos parassociais patrimoniais que, ao
intérprete menos atento, poderia ser tida por mero conjunto de contratos
entre particulares (i.e., sem qualquer relevância para a disciplina
societária) 120.

Mais que simplesmente revisitar a posição de O P P O – e dos demais


autores que trataram dos pactos parassociais - ou mesmo discuti-la, urge
tomá-la como apenas um ponto de partida para, avançando, examinar os
pactos parassociais patrimoniais considerando sua função na disciplina do
relacionamento entre as partes que se associam em sociedade e, com isso,
sua interpretação sob a égide do direito societário.

8. Plano da Tese

Diante do exposto, o cerne do trabalho reside na análise de elementos


para a interpretação dos contratos parassociais patrimoniais no direito
brasileiro, baseados nos princípios que informam nossa disciplina
societária e a lógica própria dos relacionamentos societários em que esses
pactos são celebrados.

Apresenta-se, então, considerações sobre o histórico da contratação


parassocial (Capítulo 1), a caracterização dos pactos parassociais

120
E s s a p o si ção é, d e c e r ta fo r ma, r e s ul ta n te d a tr a nsp o s ição e xa g er a d a d e no çõ e s
o b tid a s e m r e g i me s d e c o mmo n la w p ar a a r eal id ad e b r a si le ir a.
54

patrimoniais e sua função econômica (Capítulo 2), além da análise de sua


disciplina jurídica no direito brasileiro (Capítulo 3).

No capítulo 4, examina-se possíveis elementos para a interpretação


dos pactos parassociais no Direito brasileiro adotando-se a perspectiva
eleita e apresenta-se algumas conclusões para a tese ora sustentada.

Nesse sentido, parte-se das regras tradicionais de interpretação,


passando pelo exame de elementos que sustentam a lógica societária, e por
alguns elementos geralmente apontados pela doutrina para indicar os
limites da autonomia contratual no direito societário, examinando-se, ao
final, a necessidade de respeito aos alvos de tutela do direito societário.
55

5 - CONCLUSÕES

1. A contratualização do direito societário é fenômeno que,


inegavelmente, tem se expandido e se intensificado nos diversos
ordenamentos, sendo os pactos parassociais um de seus traços mais
característicos. O estudo desses contratos geralmente não os enfoca sobre o
ponto de vista do relacionamento societário de que os signatários são
parte, o que demanda a análise de sua inafastável relação com a própria
noção de sociedade e os princípios que a sustentam.

2. Ao se falar em pactos parassociais, em geral aparta-se, de um lado,


aqueles que incidem diretamente sobre a organização e funcionamento da
companhia (notadamente os acordos de voto) daqueles pactos que, em
princípio, referem-se apenas a direitos patrimoniais dos celebrantes,
enquanto sócios.

3. Os primeiros foram as manifestações originárias do fenômeno,


havendo farta doutrina e preocupação constante de examinar seus efeitos
societários. No segundo caso, porém, o fato de os efeitos obrigacionais do
pactuado recaírem, em regra, apenas aos contratantes, acaba por permitir
que se afirme que eles são regidos pela teoria geral dos contratos sem que a
ressalva de que também devem respeito ao direito societário seja explorada.
Por esse viés, no mais das vezes, subestima-se eventuais conseqüências
societárias desses contratos.

No Brasil e na It ália muito dessa percepção advém do apego


doutrinário à obra que originalmente designou os contratos parassociais
como tais e enunciou as principais questões dogmáticas a eles ligados:
Contratti Parasociali, escrita em 1942 por G IO R G IO O P P O . Nesse estudo - e
em muitos que o seguiram, como se ex aminou na Introdução - o enfoque
recai (i) no liame entre contrato social e parassocial, na coligação ou
acessoriedade entre negócios jurídicos 121 e (ii) nas ocorrências de pactos

121
G I O R G I O O P P O , Co n tra t ti P a ra so c ia l i, c it ., p . 2 .
56

que geram efeitos para a companhia, ou seja, afastando-se do campo de


análise os ajustes entre sócios a respeito do exercício de direitos que
afetem, precipuamente, o seu patrimônio 122.

Passados quase setenta anos da publicação obra de O P P O , porém,


percebe-se que essa ótica, embora tenha contribuido significativamente
para a análise teórica dos pactos parassociais no direito civil não seria
suficiente para embasar análise que, em cada caso concreto, o intérprete
deve realizar. De fato, os reclamos da prática societária e as questões
jurídicas que suscitam não se encaixam, apenas, na relação entre contratos,
mas antes demandam compreensão global do fenômeno societário que se
sofistica sempre mais e que esses ajustem vêm disciplinar.

4. Para investigar o assunto sob a ótica proposta, foi necessário


caracterizar, ainda que sucintamente, no Capítulo 2, os pactos parassociais
patrimoniais de modo a separá-los dos contratos organizativos e políticos,
com relação aos quais a doutrina societária de há muito se ocupa. Marcar
essa distinção foi imprescindível para examinar como e sob qual
justificativa também essas convenções firmadas entre particulares, que não
possuem direto para a companhia, devem orientar-se pelos princípios
societários.

Com esse intuito, apurou-se a função econômica desses pactos


peculiares, matriz de toda interpretação contratual. Avaliou-se, então, que
ela não poderia ser colhida em cada ajuste isoladamente considerado –
como ocorre ao tratá-los apenas como meros contratos – mas a partir de sua
inserção no relacionamento societário. Nessa perspectiva, a função
econômica dos pactos parassociais patrimoniais exsurge como aquela de
personalizar e estruturar esse relacionamento, por meio do regramento de
direitos patrimoniais de seus partícipes, incidentes sobre sua esfera
jurídica.
122
Co mo se e n fa ti zo u, e s s es co ntr a to s q ue n ão i nc id e m d ir et a me n te so b r e a o r ga ni zaç ão
e f u n cio na me nto d a co mp a n h ia, n a le it u r a d e O P P O , são vi s to s co mo me ro fa to , o q ue
d isp e ns ar i a a nec e ss id a d e d o e xa me d a s u a c o ne x ão co m o co n tr a to d e so c ied ad e.
E v id e nc ia - se , ne s se p e c ul iar , a d i fer e n ça d o es t ud o o r a r ea li zad o , q ue p ar te d a f u nção
d a p act ua ção p ar a s so c ia l p ar a o r ela cio na me nto en tr e o s só c io s ( Co n tra t ti … ci t., p p . 7 -
8).
57

5. Nesse exame se constatou que, no cumprimento de sua função


econômica, as disposições dos pactos em exame não apenas geram vínculos
obrigacionais entre os signatários – como muito se salienta, mas também
gravam o status de sócio de cada um deles. A ênfase da doutrina em referir
que os efeitos do pacto limitam-se às partes contratantes seria justificada,
assim, pela necessidade de se evidenciar as diferenças formais entre
contrato social e parasocial (regras de constituição, publicidade etc) e com
vistas à disciplina da oponibilidade do contratado perante a companhia,
permitida, de forma ímpar, no direito brasileiro. Não se enfatiza, porém, de
maneira contundente, que essas considerações não têm por efeito afastar a
incidência, sobre os pactos parassociais, do direito societário. Por
consequência, procurou-se insistir nesse aspecto tão relevante ao tema.

6. Todas as circunstâncias acima expostas influenciam,


inexoravelmente, o processo de interpretação dos pactos parassociais
patrimoniais sem que se encontrasse, no Brasil, obras voltadas
especificamene ao problema, apontando, para o intérprete, balizas a
considerar. Assim, objetivo desta tese foi de investigar e apontar elementos
que devem orientar o processo de interpretação dos pactos parassociais
patrimonias, em vista de sua pertinência ao relacionamento societário
existente entre os pactuantes.

7. Em primeiro lugar, partiu-se da constatação de que, na legislação


brasileira, a par da regra geral de interpretação dos negócios jurídicos 123,
não há regras sobre a interpretação dos pactos parassociais, em geral, ou
mesmo sobre a relação entre os pactos parassociais e a disciplina
societária. Ao prever no art. 118 da lei 6.404/76 os acordos de acionistas,
espécie de pacto parassocial que pode disciplinar o direito de voto,
exercício do poder de controle e a compra e venda de ações, o legislador
brasileiro deu ênfase a dois aspectos peculiares: a execução específica do
contratado, em linha com a legislação processual, e a oponibilidade do
acordo perante a companhia e terceiros. Por decorrência, a nossa produção
acadêmica centra-se no exame de temas correlatos aos acordos de

123
Ar t. 1 1 3 d o Có d i go C i v il.
58

acionistas, especialmente no que toca aos acordos de voto e controle, e as


formas de vinculação da companhia. No Capítulo 3, verificou-se a relação
entre a disciplina legal existente e a interpretação dos pactos parassociais
patrimoniais, bem como a consequência de muitos deles não se englobarem
naqueles mencionados em lei: os pactos parassociais patrimoniais que não
se referem à compra e venda de ações e preferência para adquiri-las não são
oponíveis a terceiros, valendo apenas entre as partes. Todavia, como
qualquer contrato, produzem efeitos reflexos a terceiros os quais podem
não ser aceitáveis sob a ótica societária.

8. A seu turno, a jurisprudência sobre o tema é míngua, espécie no


que se refere a ajustes que não se identificam com acordos de voto, não
sendo possível dela extrair princípios ou lineamentos sobre necessária
submissão dos pactos parassociais patrimoniais aos ditames do direito
societário, que pudessem orientar a interpretação 124.

9. Nesse contexto, procurou-se, a partir da função econômica dos


pactos parassociais patrimoniais delineada no Capítulo 2, avaliar alguns
elementos que pudessem servir de norte para o intérprete, de modo a incluir
no processo hermenêutico considerações ligadas à própria lógica
societária a que esses contratos devem servir.

Ou seja, elementos que servissem para afastar a apressada conclusão


de que os pactos de conteúdo patrimonial seriam alvo de irrestrita liberdade
contratual das partes, no pleno gozo de seu direito de propriedade sobre os
objetos da contratação.

10. No Capítulo 4, pois, em um primeiro lance, voltou-se a elementos


fundados nas regras consagradas de hermenêutica, que determinam a
necessidade de exame da função econômica do contrato, da intenção comum
das partes e da boa-fé objetiva para resultado idôneo, consentâneo com as
legítimas expectativas geradas pelo negócio. Como conclusão dessa análise,

124
E x ceç ão ne ce ss ár i a se d ev e fa zer ao acó r d ão d o ST J so b r e o ca so P e tr o p la s tic , e m
q ue e ss a r e laç ão fo i ap o nt ad a.
59

parece possível enunciar que a interpretação dos pactos parassociais


patrimoniais:

a) não pode desconsiderar a causa societária que irmana os


pactuantes, ou seja, tratar esses contratos como se as partes
não se encontrassem vinculadas em sociedade, não fossem
sócias;

b) deve realizar-se com base nas circunstâncias da associação


societária entre as partes e o contexto global em que o contrato
foi celebrado, apurando-se o complexo quadro fático e negocial
que sempre mais caracteriza as relações societárias;

c) deve pautar-se pela boa-fé objetiva, concretamente apurada


com base no relacionamento societário que envolve as partes,
em respeito da confiança e da legítima expectativa entre elas,
pautadas pela affectio societatis, ou seja, pelo estado de ânimo
colaborativo que as leva a cooperar em vista de um escopo
comum.

11. Ademais, todos esses aspectos devem ser considerados em vista


de outros elementos, imprescindíveis à sustentação da lógica societária: o
escopo comum, os deveres de lealdade, a vedação de pacto leonino e os
direitos dos sócios. Com relação a eles, pois, concluiu-se que:

a) alicerce da noção de sociedade, o escopo comum orienta todas


as relações emanadas do contrato de sociedade ou, na
expressão de Wiedemann, é a lei vital da sociedade a que as
partes, voluntariamente, sujeitam-se;

b) o escopo comum assinala aos sócios, pois, deveres de conduta,


pautados na relação fiduciária que entre eles deve existir,
independente de previsão legal. São deveres laterais de
conduta, que ultrapassam a obrigação primária do sócio de
contribuir com recursos para a formação do capital social. A
partir do direito alemão, esses deveres são designados deveres
60

de lealdade (Treuepflichten) e voltam-se tanto para a conduta


do sócio perante a companhia como – e especialmente para o
argumento da tese – perante os demais sócios.

c) Nesse sentido, os deveres de lealdade servem de pauta de


avaliação da conduta dos sócios, examinando a sua adequação
frente aquela específica relação societária que estabeleceu com
os demais em vista de um escopo comum, valendo-se,
inclusive, de convenções parassociais patrimoniais.

d) Por consequência, a interpretação de pactos parassociais


patrimoniais deve levar em conta o respeito a esses deveres
coibindo resultados que atentem contra o escopo comum a ser
perseguido. Essa necessidade é verificada mesmo que (e
especialmente quando), aparentemente, o objeto do contrato
refira-se a direitos individuais e patrimoniais do celebrante,
sem impacto direto para a companhia. A conduta do sócio
globalmente considerada deve coadunar-se a esses deveres, e
não apenas os atos societários refletidos diretamente na
companhia como o voto, a participação em assembléia, a
administração e a fiscalização da atividade social.

e) Ainda em vista de fundamentos da noção de sociedade, a


vedação do pacto leonino também decorre da ideia de
submissão das partes ao escopo comum, já que não faria
sentido assinalar escopo comum a todos se uma das partes (i)
colhesse sozinha seus frutos; (ii) não participasse das perdas
verificadas na realização da atividade ou mesmo (iii) restasse
isenta do risco inerente à atividade. Por esse viés, a
interpretação dos pactos parassociais patrimoniais deve avaliar
se eles têm por efeito a burla das regras proibitivas dos pactos
leoninos, ainda que, formalmente, afigurem-se como contratos
válidos sob a perspectiva da teoria geral dos contratos. No
Brasil, o pacto leonino é sancionado de nulidade, conforme o
art. 1.008 do Código Civil.
61

f) por fim, os direitos de sócio são vitais para a convivência


societária, não podendo ser suprimidos. A interpretação dos
pactos parassociais deve, então, avaliar se suas disposições
afetam esses direitos, já que o art. 109 da Lei 6.404/76 limita
expressamente a autonomia das partes com relação a eles.
Como exemplos de direitos passíveis de afronta por pactos
parassociais patrimoniais, aponta-se o direito de não restar
prisioneiro da sociedade; o direito a permanecer associado e o
direito a não ter sua participação diluída injustificadamente.

g) Quanto ao direito de não restar prisioneiro da sociedade, a


atenção se volta a pactos relativos à restrição na circulação de
ações, como os ajustes de direito de preferência, consentimento
e permanência, aos quais se contrapõe o direito de recesso ou
retirada do acionista.

h) Sobre o direito de se manter associado, os pactos de opção de


compra devem ser examinados de sorte a apurar se a exclusão
do acionista por elas perpetrado é coerente com sua tutela ou
se, ao revés, impõe-se expropriação ao acionista vinculado.

i) Por fim, a interpretação de pactos parassociais patrimoniais


que prevejam regras de capitalização e financiamento da
sociedade deve considerar se o acionista a que elas se sujeita
terá tido condições de manifestar as condições em que aceita
ver sua participação acionária reduzida ou se, ao contrário, há
renúncia genérica e tácita – inadmissível - a esse seu direito.

12. Enunciados os elementos que se pode colher do ex ame da função


econômica dos pactos parassociais patrimoniais e sua inserção na relação
societária, cerne do presente trabalho, avaliou-se elementos
tradicionalmente apontados na doutrina como limitadores da autonomia
contratual, quais sejam (i) a tipicidade social, (ii) o interesse social e (iii)
a ordem pública societária. A vagueza desses termos, contudo, faz com que
62

pouco orientem, em concreto, o intérprete, corroborando a utilidade de


critérios mais objetivos como os apontados nos itens precedentes.

13. Como reflexão final, a envolver os tópicos precedentemente


desenvolvidos, cuidou-se da necessidade de a interpretação dos pactos
parassociais patrimoniais guardar coerência com os objetivos do direito
societário que, sucinta e genericamente, podem ser indicados como a
proteção dos sócios, dos credores e de terceiros afetados pela relação
societária. Ou seja, reforça-se a necessidade de, no exame dos pactos
parassociais patrimoniais, valer-se de perspectiva teleológica.

No estágio atual do direito brasileiro, contudo, o intérprete não


encontra toda a consolidação teórica, legislativa ou jurisprudencial para lhe
indicar, de forma concreta e sistemática, quais os objetivos que o direito
societário pátreo persegue e, por conseqüência, quais efeitos e danos
potencialmente gerados pelos pactos parassociais patrimoniais se deva
coibir.

Frente a essa dificuldade, entendeu-se conveniente sugerir que a


legislação societária brasileira passe a contar com disciplina mais
abrangente dos pactos parassociais - patrimoniais ou não - caracterizando
sua eventual ilicitude pelos efeitos gerados na órbita do direito societário.

Optando-se por essa linha, seria necessário indicar, a exemplo do que


ocorre na legislação antitruste brasileira, tanto os alvos de proteção da
disciplina quanto os efeitos que ela deve reprimir. O benefício deste
caminho seria o de oferecer disciplina que, afinal, fizesse frente à
criatividade dos agentes que, na prática societária, buscam os contratos
parassociais para regular seu relacionamento societário.

14. Naturalmente, outros elementos que não aqueles referidos nos


itens 10 e 11, acima, podem e devem ser considerados para a interpretação
dos pactos parassociais patrimoniais e não se teve a pretensão de esgotá-
los.
63

Ao contrário, não se tendo encontrado manifestações doutrinárias que


tenham tratado do mesmo assunto, sob a mesma ótica, o objetivo foi o de
trazer a lume essas reflexões e sugestões, com vistas a aproximar do direito
societário o exame dos contratos parassociais patrimoniais. Cuidando-se de
proposta inexplorada, anseia-se que outros estudos possam aperfeiçoar e
corrigir as inevitáveis falhas ou lacunas presentes neste trabalho.
64

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