TCC 15 de Setembro

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

CURSO DE DIREITO

PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO NAS PRIMEIRAS DECLARAÇÕES NAS AÇÕES


DE INVENTÁRIO

LUIZA CAROLINA RAPOSO RESENDE BEZERRA

SÃO PAULO
2019
LUIZA CAROLINA RAPOSO RESENDE BEZERRA

PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO NAS PRIMEIRAS DECLARAÇÕES NAS AÇÕES


DE INVENTÁRIO

Projeto de pesquisa apresentado no


Centro Universitário das Faculdades
Metropolitanas Unidas-FMU, como
requisito parcial para a obtenção do grau
de bacharel em Direito, sob a orientação
do Professor Luiz Eduardo Alves Siqueira.

SÃO PAULO
2019
3

BEZERRA, LUIZA CAROLINA RAPOSO RESENDE.


Princípio Da Cooperação Nas Primeiras Declarações Nas
Ações De Inventário / Luiza Carolina Raposo Resende Bezerra. -
São Paulo: FMU/Direito, 2019.
Orientador:-------,
Projeto de monografia de graduação do curso de direito,
2019.

1.Processo Civil. 2. Cooperação. 3. Inventário. 4.Duração


Razoável do Processo. 5. Eficiência,
Nome do Orientador. Faculdades Metropolitanas Unidas,
Curso de Direito.
4

LUIZA CAROLINA RAPOSO RESENDE BEZERRA

PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO NAS PRIMEIRAS DECLARAÇÕES NAS


AÇÕES DE INVENTÁRIO

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro


Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, como
exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em
Direito sob a orientação do Professor nome

Data de Aprovação:
________/__________/__________
Banca Examinadora:
_____________________________
Prof. Luiz Eduardo Alves de Siqueira
FMU- Orientador
______________________________
Prof. Dr Nome
FMU
_________________________________
Prof Dr. Nome
Fiam-Faam

SÃO PAULO
2019
5

À Deus e a minha mãe Odete Resende, a pessoa que mais


me incentiva, me inspira e me ama.
6

Em primeiro lugar, agradeço a Deus pela minha vida e saúde. Sem Ele
nada seria possível. Agradeço também a minha mãe, por me conceder esta
oportunidade, e por toda a sua dedicação nesses 22 anos. Aproveito ainda para
estender minhas lembranças ao meu avô mais querido, Dr. Manoel Raposo
Resende Neto, que além de me alfabetizar, me fez enxergar a vida por outro
aspecto. Sem a semente de curiosidade por ele plantada, não seria metade de
quem sou hoje.

Agradeço ao meu orientador, nome do orientador, por acreditar no meu


potencial e trabalho e por ter sido compreensivo e solícito nas dificuldades
manifestadas durante a elaboração deste trabalho.

Para a feição do trabalho que ora se apresenta, é de grande valia a


influência acadêmica dos professores Dr. Marcelo Vigliar e Dra Ivelise Fonseca de
Matteu, que fizeram que o amor pelo direito processual civil aflorasse.

Ademais, foi de extrema importância a participação da minha prima,


carinhosamente apelidada de Phipho, a qual me forneceu total apoio emocional.

Por fim, agradeço por tudo o que me proporcionaram meus amigos,


colegas e professores que convivi durante os anos da graduação.
7

RESUMO

Novos amoldamentos sobre o tema da cooperação nas ações de inventário


propõem-se a dar enfoque em alguns pontos não resolvidos que há anos
perturbam o cotidiano processual, quais sejam, as consequências processuais no
direito sucessório. Adversidade na realidade jurídica brasileira, tornando a
discussão acerca do princípio da cooperação na ação de inventário mais relevante

A ação de inventário, que por anos permanece estática no âmbito da


pesquisa educacional, haja vista sua vetustez, considera nesta presente pesquisa
uma forma de “voltar aos holofotes”. Abordar o tema do principio da cooperação
nas ações de inventário, traz brilho à discussão da fusão do novo artigo do CPC,
qual seja, artigo 6º com a ação propriamente dita.

Além disso, se faz necessário uma avaliação sobre o estudo dos princípios
basilares do Direito Processual Civil, analisando as críticas àqueles que entendem
que o dever de cooperação como autoritarismo, sua formalidade, bem como seus
instrumentos de controle de aplicação.

O presente trabalho também analisa a correlação entre o prazo processual


da ação de inventario e a cooperação do sistema judiciário, dos cartórios, dos
terceiros, das partes e dos demais envolvidos indiretamente, que por força
processual tem interesse na causa.

A pesquisa ainda trata sobre o rol do artigo 620 do CPC, que abrange o
mínimo essencial para as primeiras declarações, que possuem importância quanto
à distribuição de ação de inventário no poder judiciário, para o devido
prosseguimento.

Por último, buscam-se algumas outras aplicações exemplificativas no âmbito


do tema escolhido para esta presente pesquisa.

A obra foi dividida em 6 capítulos: Introdução, Evolução Histórica, O


Conceito de ação de inventário, A Casuística da cooperação, o principio da
efetividade processual, devido processo legal e Reflexos Processuais na realidade
brasileira.

Palavras-Chave: Cooperação, Efetividade, Inventário, Devido Processo Legal.


8

ABSTRACT

New adaptations on the subject of cooperation in inventory actions propose


to focus on some unresolved points that for years have disturbed the daily routine,
that is, the procedural consequences in the inheritance law. Adversity in the
Brazilian legal reality, making the discussion about the principle of cooperation in
the most relevant inventory action

The inventory action, which for years remains static in the scope of
educational research, given its age, considers in this present research a way to
"return to the spotlight". Addressing the issue of the principle of cooperation in
inventory actions brings brightness to the discussion of the merger of the new article
of the CPC, that is, Article 6 with the action itself.

In addition, an evaluation is needed on the study of the basic principles of


Civil Procedural Law, analyzing the criticisms of those who understand that the duty
of cooperation as authoritarianism, its formality, as well as its instruments of
application control.

The present study also analyzes the correlation between the procedural
deadline of the inventory action and the cooperation of the judicial system, notaries,
third parties, parties and others indirectly involved, who by procedural force are
interested in the cause.

The research also deals with the role of article 620 of the CPC, which covers
the essential minimum for the first declarations, that have importance as to the
distribution of inventory action in the judiciary, for the continuation.

Finally, we look for some other applications within the scope chosen for this
present research.

The work was divided in 6 chapters: Introduction, Historical Evolution, The


Concept of inventory action, The casuistry of cooperation, the principle of
procedural effectiveness, due process and procedural reflexes in the Brazilian
reality.

Keywords: Cooperation, Effectiveness, Inventory, Due Process.


9

SUMÁRIO

Introdução................................................................................................................ 10
1 Formas de Sucessão............................................................................................11
1.1 Conceito.............................................................................................................................11
1.2 Espécies..............................................................................................................................11
2 Inventário........................................................................................................... 12
2.1 Inventário Judicial..............................................................................................................13
2.2 Arrolamento.......................................................................................................................14
2.3 Especificidades...................................................................................................................15
2.4 Inventário Extrajudicial......................................................................................................15
3 Princípios Processuais.....................................................................................17
3.1 Efetividade.........................................................................................................................18
3.2 Celeridade..........................................................................................................................19
3.3 Regular Andamento do Processo.......................................................................................19
3.4 Cooperação........................................................................................................................19
4 Das Fases do Inventário...................................................................................21
4.1 Da abertura do Inventário..................................................................................................21
4.2 Do Inventariante................................................................................................................22
4.3 DAS PRIMEIRAS DECLARAÇÕES..........................................................................................25
4.4 Impugnação.......................................................................................................................26
4.5 Da partilha..........................................................................................................................27
4.6 do imposto.........................................................................................................................27
4.7 últimas declarações............................................................................................................27
4.8 Formal de partilha..............................................................................................................27
5 Conclusão..........................................................................................................27
Bibliografia............................................................................................................... 27
10

Introdução

As primeiras declarações são requerimentos de compromisso do


inventariante na ação de inventário.

Destaca-se que após o falecimento do de cujus os herdeiros tem o prazo de


02(dois) meses para apresentação de tal ação, de acordo com o artigo 611 do
CPC.

Ato contínuo, estabelece o artigo 617 e seguintes do Código de Processo


Civil, que o inventariante, responsável pela administração e representação do
espólio, deve também prestar as primeiras e últimas declarações na ação de
inventário.

Nesse sentido, dentro de 20 (vinte) dias contados da data em que prestou


o compromisso, o inventariante fará as primeiras declarações, das quais se lavrará
termo, assinado pelo juiz, pelo escrivão e pelo inventariante, nos termos do artigo
620 do CPC.

Assim, a petição das primeiras declarações tem um prazo efêmero para sua
conclusão, o que determina a importância do princípio da cooperação, previsto no
artigo 6º do CPC.

Destarte, o Código de Processo Civil, bem como a doutrina específica no


tocante ao direito de sucessão e os princípios norteadores do Processo Civil, são
de suma importância e delimitadores para que se encaminhe o processo de
inventário no seu regular andamento e efeito.

Ante ao exposto, os capítulos serão desenvolvidos de forma gradual e


específica, haja vista que no direito de família as ações de inventario demoram
muito para transitar em julgado no poder judiciário e por isso será abordado os
capítulos conceituais de inventário, do princípio da cooperação e correlacioná-los
através da fundamentação do princípio da celeridade, do regular andamento do
feito e da eficácia.
11

1 Formas de Sucessão

1.1 Conceito

Preliminarmente, o direito de sucessão está compreendido no Livro V,


artigos 1784 a 2027 do Código Civil. Segundo Euclides de Oliveira, na obra de sua
autoria, o conceito de sucessão é: “Sucessão é o ato ou o efeito de suceder. Tem o
sentido de substituição de pessoas ou de coisas, transmissão de direitos, encargos
ou bens, numa relação jurídica de continuidade.” (OLIVEIRA, 2016 p.27)

Neste segmento, Carlos Roberto Gonçalves apresenta o significado de


sucessão como: “ato pelo qual uma pessoa assume o lugar de outra, substituindo-a
na titularidade de determinados bens." (GONÇALVES, 2013 p.19)

1.2 Espécies

A sucessão pode ser considerada como legítima ou testamentária, conforme


o artigo 1788 do Código Civil, sendo que legítima é aquela que acontece de acordo
com a ordem de vocação hereditária estabelecida em lei e testamentária por
disposição da última vontade.

Ademais, a sucessão legítima apresenta duas ramificações: a sucessão com


herdeiros necessários e a sucessão com herdeiros facultativos, sendo os herdeiros
necessários os chamados a suceder conforme a lei indica, estabelecido no artigo
1829 e seguintes do Código Civil e os facultativos sendo aqueles que
necessariamente precisam estar previstos no testamento, nos termos do artigo
1857 e seguintes do Código Civil.

Ato contínuo, a sucessão testamentária é aquela que se constitui através de


documento formal, registrado em órgão publico competente com o fim de
disposição de última vontade do de cujus, dispondo livremente da metade do todo
(espólio), chamado de porção disponível (Cf. GONÇALVES,2013)

Ainda nessa toada, as sucessões legítimas e testamentárias podem ocorrer


ao mesmo tempo, conforme expõe Carlos Roberto Gonçalves.
12

As sucessões legítima e testamentária não se excluem e podem ocorrer


simultaneamente, ou seja, atribuição de uma parte dos bens aos herdeiros
legítimos e de outra parte aos herdeiros contemplados em testamento, na
forma prevista pelo artigo 1.788 do Código Civil. (OLIVEIRA, 2016,p.32)

Ainda, a sucessão pode ser classificada como: título universal e título


singular. A universal ocorre quando o herdeiro sucede a totalidade ou fração da
herança. Necessariamente a sucessão legitima será a titulo universal. Pode ocorrer
ainda na sucessão testamentária.

Quanto a título singular, o testador deixa ao beneficiário um bem certo e


determinado, chamado de legado.

Legatário, por sua vez, difere-se de herdeiro, pois os herdeiros não possuem
individualização dos bens, mantendo sua totalidade.

Destarte, existe ainda a Sucessão Contratual, com previsão no artigo 2018


do Código Civil, que prevê a possibilidade da partilha feita por ascendentes, inter
vivos ou por disposição da última vontade, através de um contrato transmitindo o
seu patrimônio aos seus descendentes sem que prejudique a partilha legítima. (Cf.
GONÇALVES, 2013).

Além disso, é previsto também a hipótese de sucessões irregulares ou


anômalas, que aborda sobre a transmissão dos bens, diferentemente da ordem da
vocação hereditária, como por exemplo, o benefício ao cônjuge ou filhos brasileiros
na sucessão de bens de estrangeiros

Por fim, outra forma de sucessão é aquela em que há ausência de pessoa


ou a declaração judicial da sua morte presumida, tem efeitos patrimoniais, o que
leva diretamente a sucessão provisória e caso, o ausente retorne, poderá ocorrer a
cessação da transmissão sucessória pelo regresso do ausente, que terá direito a
reaver os bens ou o seu valor correspondente.
13

2 Inventário

Inventário é a relação, descrição, e avaliação dos bens deixados e a partilha


consecutiva , expedindo o formal de partilha. (Cf. GONÇALVES, 2013).

Assim, como declara Marcus Vinicius Rios Gonçalves:

O inventário é processo de conhecimento, de jurisdição contenciosa e


procedimento especial, destinado a catalogar o patrimônio deixado por
alguém que morreu, indicando ainda quem são seus herdeiros ou
sucessores. Será apurado o quinhão que caberá a cada sucessor, quando
for realizada a partilha, e o que deve ser atribuído a eventuais credores e
cessionários. (GONÇALVES, 2016. p.1224)

Desta feita, o inventário estabelece todas as responsabilidades e haveres


patrimoniais do indivíduo, com apuração além do patrimônio, das dívidas, e do
imposto causa mortis (ITCMD). Sua realização é obrigatória.

2.1 Inventário Judicial

O inventário judicial é indispensável quando houver testamento ou


interessado incapaz, ou ainda quando não houver consenso entre os interessados.
Após elencar quem são os herdeiros/meeiro, será oportunamente identificado o
que faz parte da herança e ou da meação, pois só aquela passará aos herdeiros e
sucessores, permanecendo esta com o cônjuge supérstite.

Assim sendo, no ordenamento jurídico brasileiro, o inventário judicial possui


três espécies, de ritos distintos: No ordenamento jurídico brasileiro, o inventário
judicial possui três espécies, de ritos distintos:

a) Inventário pelo rito solene- arts. 610 a 655 do CPC;


b) Inventário pelo rito de arrolamento sumário: Art. 659 -CPC,
abrangendo bens de qualquer valor, herdeiros maiores e capazes que
concordam com a partilha.
c) Inventário pelo rito do arrolamento comum: art. 664 CPC. (bens
sejam de valor igual ou inferior a 1.000 salários mínimos), uma vez que
neste caso, conforme art. 665, processar-se-á mesmo havendo incapazes)
14

Por conseguinte, o processo de inventário deve percorrer as seguintes


etapas:

1- Pedido de abertura de inventário;

2-Nomeação de inventariante;

3-Apresentação das primeiras declarações;

4-Citação dos interessados (salvo se já estiverem representados nos


autos);

5- Arguição de erros (art. 627 NCPC)

6-Avalição dos bens (dispensado quando comprovados por


lançamentos

fiscais);

7-Cálculo do imposto causa mortis;

8-Pedido de quinhões (esboço partilha – adjudicação-herdeiro único)

9- Juntada negativas fiscais;

10-7-Últimas declarações;

11-Sentença de partilha (homologação ou decisão) ou auto


adjudicação;

12--Expedição de formal de partilha ou da carta de adjudicação

Ademais, cabe ao advogado proceder com as etapas supracitadas, para que


a Ação seja bem-sucedida e célere, tendo em mente que o processo de inventário
é habitualmente longo e abarrotado de impugnações das partes, as quais são
relutantes em concordar com as manifestações apresentadas durante o processo.

2.2 Arrolamento

O arrolamento é uma forma simples de inventário-partilha, sendo sua


efetivação dada pela redução dos atos procedimentais e abreviação dos
prazos. Ocasiona rapidez e economia do processo. (Cf. OLIVEIRA;
AMORIM, 2016)
15

É admissível nos seguintes casos: se os herdeiros optam pela partilha


amigável, mesmo se houver incapaz, contanto que o Ministério Público ou
se o valor dos bens do espólio seja igual ou inferior a 1.000 Salários-
Mínimos, nos termos o artigo 664 do CPC, a seguir:

Art. 664. Quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a 1.000
(mil) salários-mínimos, o inventário processar-se-á na forma de
arrolamento, cabendo ao inventariante nomeado, independentemente de
assinatura de termo de compromisso, apresentar, com suas declarações,
a atribuição de valor aos bens do espólio e o plano da partilha.

Ao arrolamento aplicam-se as regras do inventário tradicional de


forma suplementar

Exemplificando, o arrolamento é indicado nos casos em que não há


litígio, ou seja, em que os herdeiros e o meeiros concordam com a indicação
dos bens e sua partilha

No caso do arrolamento comum, há de se observar o seu procedimento: (a)


o interessado requer a abertura do arrolamento mediante petição dirigida ao juiz,
instruída com a certidão de óbito; (b) nomeia-se inventariante, segundo a ordem de
preferência legal, independentemente de assinatura de termo; (c) o inventariante
apresenta suas declarações, consistentes na atribuição do valor dos bens do
espólio e plano de partilha, no prazo de 20 dias contados da data que prestou o
compromisso (aplicação do art. 620, caput); (d) procede-se à citação dos herdeiros
não representados nos autos.

Nas hipóteses de testamento ou havendo herdeiro incapaz, será necessária


a intervenção do Ministério Público; (e) havendo acordo sobre a partilha e
apresentadas as quitações fiscais, o juiz a homologa por sentença; (f) impugnado o
valor dos bens por qualquer das partes ou pelo Ministério Público (nos casos em
que sua intervenção for necessária), procede-se à avaliação judicial, de modo que
o laudo deverá ser oferecido no prazo de 10 dias pelo avaliador nomeado pelo juiz;
(g) ouvem-se as partes sobre o laudo e, na audiência que se designar, o juiz
decidirá as reclamações e impugnações apresentadas a respeito do plano de
16

partilha e mandará pagar eventuais dívidas, de tudo lavrando termo (art. 664, §§ 1º,
2º e 3º); (h) provada a quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas
rendas, o juiz julgará a partilha, conforme deliberada na audiência.

2.3 Especificidades

A abertura da sucessão se dá com a morte do autor da herança, momento


em que todo o seu patrimônio composto por seus bens, direitos e encargos serão
transmitidos aos seus herdeiros legítimos e testamentários, conforme dispõe o
art. 1.791 do CC c/ 615 do CPC. Quando existirem vários herdeiros, forma-se um
condomínio com todos os bens, sendo que cada um será proprietário de uma
fração ideal.

O inventário será requerido por quem estiver na posse e administração do


espólio, porém também possuem legitimidade para tanto o cônjuge supérstite, o
herdeiro, o legatário, o testamenteiro, o cessionário do herdeiro ou legatário, o
credor do herdeiro ou legatário, o síndico da falência do herdeiro, ou legatário, o
Ministério Público, quando houver interesse de incapazes, ou a Fazenda Pública,
quando tiver interesse no procedimento.

Como o inventário é um processo de contornos próprios e definidos, não há


possibilidade de nele serem resolvidas questões de alta indagação assim como
disposto no art. 612 do CPC: “O juiz decidirá todas as questões de direito desde
que os fatos relevantes estejam provados por documento, só remetendo para as
vias ordinárias as questões que dependerem de outras provas”, como, por
exemplo, a comprovação de união estável post-mortem.

Por ser tão específica, na Ação de inventário não se declara a inépcia da


petição inicial por não apresentação de documentos notariais, como exemplo a
certidão de óbito, e sim o magistrado decide o processo, extinguindo-o sem
resolução de mérito, conforme ementa a seguir transcrita:

APELAÇÃO CÍVEL. INVENTÁRIO. SENTENÇA DE EXTINÇÃO DO


FEITO, POR INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL. ERROR IN
PROCEDENDO. AUSÊNCIA DE CERTIDÃO DOS ASSENTAMENTOS
REGISTRAIS DOS IMÓVEIS QUE NÃO É CAUSA DE INDEFERIMENTO
17

DA INICIAL. INÉRCIA DA PARTE AUTORA QUE ENSEJARIA EXTINÇÃO


DO FEITO, POR ABANDONO. NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO
PESSOAL PARA DAR ANDAMENTO AO FEITO. ANULAÇÃO DA
SENTENÇA. RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1.
Em que pese a Magistrada de origem tenha determinado o fornecimento
de certidão dos assentamentos registrais dos imóveis, sob pena de
indeferimento da petição inicial, o entendimento desta Relatora, com
amparo na jurisprudência deste Egrégia Tribunal de Justiça, é no sentido
de que o documento essencial para a propositura da ação é a certidão de
óbito, nos termos do artigo 615, parágrafo único do CPC/15. Logo, a não
apresentação dos assentamentos registrais não seria causa de
indeferimento da petição inicial, mas sim de inércia da parte autora. 2.
Extinção por abandono que necessita da intimação pessoal da parte
autora, para dar andamento ao feito, conforme dispõe o artigo 485, § 1º do
CPC/15; 3. Error in procedendo. Anulação da sentença; 4. Precedente:
0018295-78.2013.8.19.0211 - APELAÇÃO Des (a). SÉRGIO SEABRA
VARELLA - Julgamento: 30/01/2019 - VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA
CÍVEL e 0018990-95.2014.8.19.0211 - APELAÇÃO Des (a). DANIELA
BRANDAO FERREIRA - Julgamento: 13/02/2019 - VIGÉSIMA CÂMARA
CÍVEL; 5. Recurso de Apelação conhecido e provido. (TJ-RJ - APL:
00116919620168190211, Relator: Des(a). JDS ISABELA PESSANHA
CHAGAS, Data de Julgamento: 17/04/2019, TERCEIRA CÂMARA CÍVEL).

Acompanharão a inicial as declarações de bens, a sua descrição, os


documentos comprobatórios de propriedade e estimativa dos valores de
cada um. Também é necessário que os herdeiros já tenham deliberado
sobre a partilha, fazendo-se indispensável a apresentação do plano
indicando a forma de divisão dos bens.

Outrossim, em caso de arrolamento sumário, a prova de pagamento


dos tributos é feita após a homologação de partilha ou adjudicação, como
condição para expedição do respectivo formal, ou de eventuais alvarás por
ele abrangidos, conforme artigo 659 do CPC.

Note-se que o inventariante está obrigado a declarar as dívidas do


inventariado, pelo título e origem, como aduzido pelo art. 620, IV, f, do CPC,
e providenciar a quitação, no caso de débitos fiscais, para legitimar-se à
partilha dos bens, ainda que, mesmo faltantes as negativas, não haveria
18

prejuízo ao Fisco, dada a assunção dos débitos fiscais relativos aos imóveis,
por seus respectivos adquirentes.

Tendo isto em vista, como se refere a um procedimento destinado a


individualizar o patrimônio dos herdeiros e entregar os bens a seus titulares,
é tido como peculiar, já que se encontra no Capítulo VI do CPC com regras e
formas de se proceder diferenciadas dos demais ramos de direito no
Ordenamento Jurídico Brasileiro, como explicitado acima.

2.4 Inventário Extrajudicial

O Código Civil já previa em seu dispositivos à respeito de promoção de


partilha extrajudicial, desde que os interessados fossem maiores e capazes e
estejam de acordo, como estabelecido pelo artigo 2.015:

Art. 2.015. Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer partilha


amigável, por escritura pública, termo nos autos do inventário, ou escrito
particular, homologado pelo juiz.

Seguidamente, a Lei 11.441/07 alterou o Código de Processo Civil de 1973


para possibilitar a realização de inventário, partilha, separação e divórcio
consensual por via administrativa, assim o inventário passou a ser realizado
também no Cartório de Notas.

O inventário e a partilha podem ser realizados por escritura pública que


constitui em documento hábil para qualquer ato de registro, como autorizado pelo
artigo 610, § 1º, do CPC , como transcrito:

Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-


á ao inventário judicial.

§ 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha


poderão ser feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil
para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de
importância depositada em instituições financeiras.

Ainda, por ser menos custoso e célere, o inventário extrajudicial é o mais


recomendável quando não há impedimentos, ou seja, menores, incapazes, falta de
acordo e testamento, visto que a Lei não autoriza que o inventário seja por via
extrajudicial quando há pelo menos um destes impedimentos.
19

Ademais, é obrigatória contratação de advogado e pode ser comum a todas


as partes ou individual para cada herdeiro ou interessado.

Assim sendo, os procedimentos do inventário no Cartório de Notas devem


seguir os preceitos próprios do Cartório, como as partes devem declarar um
inventariante, o qual será responsável pela administração dos bens do espólio, ou
seja, o conjunto de bens deixados pelo falecido, e também será responsável por
liderar todo o processo e pelo pagamento de eventuais dívidas.

Caso haja dívidas, estas devem ser quitadas com o patrimônio do falecido,
até que os débitos se esgotem ou até o limite da herança.

Assim, após a partilha, para finalizar o processo do inventário extrajudicial e


que seja oficializado no cartório, é obrigatório que haja o recolhimento do Imposto
de Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD), o qual é um imposto Estadual,
cuja alíquota varia de Estado para Estado, tendo como fato gerador a soma da
herança no ano da abertura da sucessão.

Cabe ressaltar que se houver imóveis envolvidos na partilha, os herdeiros


devem levar a certidão do Inventário aos Cartórios de Registros de Imóveis onde
estão matriculados para que ocorra a transferência da propriedade.

Portanto, o legislador buscou garantir a segurança jurídica dos


procedimentos administrativos, com objetivo de efetivar o espírito da norma no
sentido de aumentar e tornar o acesso da população aos meios de resolução de
conflitos mais fácil, tendo como consequência o desafogamento do o judiciário (Cf.
Nery,2008)

3 Princípios Processuais

Os princípios são a coluna vertebral do Direito, tudo parte deles e tudo neles
se encerram. Não há como trabalhar nem pensar juridicamente sem os princípios e
no nosso caso específico os princípios processuais são a estrutura básica de todo
o processo sendo assim, não podemos deixá-los em segundo plano, ao contrário, é
preciso dar uma maior valoração aos princípios para uma melhor compreensão de
nossa estrutura processual. Conforme Renata Malta Vilas-Bôas:
20

“Chegamos à concepção de que o princípio – sua idéia ou conceituação –


vem a ser a fonte, o ponto de partida que devemos seguir em todo o
percurso; ao mesmo tempo em que é o início, também é o meio a ser
percorrido e o fim a ser atingido. Dessa forma, todo o ordenamento jurídico
deve estar de acordo com os princípios, pois só eles permitem que o
próprio ordenamento jurídico se sustente, se mantenha e se desenvolva.”1

No tocante as fontes, os princípios gerais do direito, são fontes secundárias


e, conforme o artigo 4º da LINDB, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,
os costumes e os princípios gerais de direito, quando a lei for omissa.

3.1 Efetividade

No Brasil, a efetividade do processo encontra respaldo constitucional no


art. 5º, incisos XXXV, LIV, LV e LXXVIII, da Constituição Federal, bem como
aparece expressamente positivada no CPC, em seu artigo 139, IV, in verbis:

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,


incumbindo-lhe:

IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou


sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem
judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;

A duração razoável do processo e a celeridade são importantes


componentes do conceito de efetividade processual, porém tem sentidos
diferentes, sendo a celeridade um dos elementos para que o processo possa ser
considerado efetivo, ou seja, um processo célere, mas que agrida o devido
processo legal, não pode ser considerado efetivo, haja vista que o processo
somente é efetivo quando viabiliza o resultado desejado pelo direito material às
partes, observado o equilíbrio entre os valores segurança e efetividade.

Nessa toada, é inegável a necessidade de reduzir a demora, mas não se


pode fazê-lo em detrimento do mínimo de segurança, valor também essencial ao
processo justo. Em princípio, não há efetividade sem contraditório e ampla defesa,

1
VILAS-BÔAS, Renata Malta. Hermenêutica e Interpretação Jurídica – Hermenêutica
Constitucional. Brasília: Universa, 2003, p. 21.
21

então a morosidade excessiva não pode servir de desculpa para o sacrifício de


valores também fundamentais, pois ligados à segurança do processo.

Desta maneira, o princípio da efetividade é extremamente importante no


sistema judiciário, visto que se busca os melhores resultados possíveis, com a
maior economia de esforços, despesas e tempo, afinal, o mais esperado da Ação
de Inventário é que ela seja eficiente.

3.2 Celeridade

É certo que a Constituição Federal assegura a todos o direito a um processo


de duração razoável, e que, também no processo comum, deve-se buscar o
resultado da forma mais célere possível.2

Como previsto na Constituição Federal em seu Art.5º, LXXVIII e igualmente


presente no Art.4º do CPC, o objetivo a ser alcançado pelo processo é a satisfação
do pedido em tempo razoável, mediante a decisão de mérito, conforme ementa
abaixo:

RECURSO ESPECIAL - AÇÃO REIVINDICATÓRIA - ESPÓLIO -


REPRESENTAÇÃOPROCESSUAL - INVENTARIANTE -
ENCERRAMENTO DO INVENTÁRIO - HABITAÇÃODOS HERDEIROS -
REGULARIZAÇÃO - NECESSIDADE - PRINCÍPIOS DA
ECONOMIAPROCESSUAL E CELERIDADE - AUSÊNCIA DE PREJUÍZO
- RECURSO ESPECIALIMPROVIDO. I - Encerrado o inventário, com a
homologação da partilha, esgota-se a legitimidade do espólio, momento
em que finda a representação conferida ao inventariante pelo artigo 12, V,
do Código de Processo Civil. II - Dessa forma, é necessário que o Juiz
possibilite, aos herdeiros, sua habilitação, em prazo razoável, para fins de
regularização da substituição processual, por força dos princípios da
celeridade e da economia processual. III - Recurso especial improvido.
(STJ - REsp: 1162398 SP 2009/0208316-0, Relator: Ministro MASSAMI
UYEDA, Data de Julgamento: 20/09/2011, T3 - TERCEIRA TURMA, Data
de Publicação: DJe 29/09/2011)

Desta feita, para que haja melhor gestão dos documentos e maior
integração dos processos, além de ser substancialmente menos moroso, o
2
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. –
(Coleção esquematizado). 1327 p.
22

princípio da celeridade deve ser invocado, onde prisma maior rapidez possível dos
conflitos com a responsabilidade de um equilíbrio entre os direitos fundamentais de
defesa e a celeridade processual.

3.3 Regular Andamento do Processo

Ressalta-se que o dever de zelar pelo andamento regular do processo


incumbe às partes, sendo também dirigida ao advogado, uma vez que é este que
possui capacidade postulatória.

Dessa maneira, as partes da ação de inventário tem de realizar os atos e


diligências que o juiz determinar, dentro do prazo estipulado, observando que a
movimentação da máquina judiciária e o cuidado pelo andamento regular do
processo, com a prática de atos processuais pertinentes dentro do estabelecido
em lei, promovem o andamento do feito desde o seu ajuizamento. Todavia, o
magistrado igualmente possui competência para zelar pelo andamento regular do
processo, como a ementa transcrita a seguir:

JUIZADO ESPECIAL FEDERAL - JEF. COMPETÊNCIA ABSOLUTA.


VALOR DA CAUSA. VARA DO IDOSO. ZELAR PELO ANDAMENTO
REGULAR DO PROCESSO.RESPONSABILIDADE DE TODO
MAGISTRADO. 1. O Juizado Especial Federal foi implantado a fim de
proporcionar julgamento célere de questões cíveis não-complexas e, no
âmbito criminal, de infrações de menor potencial ofensivo. Com igual
finalidade - a de aprimorar a prestação jurisdicional, tornando-a mais
eficiente e eficaz -, é que foram instaladas Varas Federais do Idoso,
objetivando a tramitação mais ágil dos processos cujos jurisdicionados
tivessem idade superior a sessenta anos.2. A competência dos juizados
em razão do valor da causa é absoluta, razão pela qual é acertado o
procedimento do magistrado que determina a juntada de documentação
demonstrando não se tratar o feito originário de ação de competência do
Juizado Especial - ou da Vara do Idoso -, o que implicaria a redistribuição
do processo.3. O rito simplificado do JEF e a especialização da Vara do
Idoso agilizam o trâmite processual, o que interessa a todo litigante, sendo
obrigação do magistrado responsável pelo feito zelar pelo seu andamento
23

regular, promovendo prestação jurisdicional que seja eficaz. (TRF-4 - AG:


32350 PR 2005.04.01.032350-6, Relator: DIRCEU DE ALMEIDA
SOARES, Data de Julgamento: 27/09/2005, SEGUNDA TURMA, Data de
Publicação: DJ 26/10/2005 PÁGINA: 461)

É importante salientar que as partes têm o dever de zelar pela regular


tramitação do processo de inventário pelo direito de que este não fique suspenso
por prazo indefinido, já que cabe a requerente empreender seus esforços e zelar
pela solução do processo em tempo razoável

Como consequência, caso as partes não apliquem o princípio do regular


andamento do processo, é hipótese para extinção do processo sem resolução do
mérito, nos termos do artigo 485, III do CPC:

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

(...)

III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor
abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;

(...)

Ademais, a extinção do processo sem resolução do mérito por abandono de


causa só poderá ser decretada se houver a intimação do procurador e da parte,
pessoalmente, para dar andamento ao feito no prazo de 05 (cinco) dias, nos termos
do § 1º do art. 485 do CPC, como na ementa abaixo:

INVENTÁRIO. INÉRCIA. NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PESSOAL


PARA DAR ANDAMENTO AO FEITO. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO.
EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO COM
FUNDAMENTO NO ART. 485, III DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO NESTES TERMOS. ANULAÇÃO DA
SENTENÇA. É imprescindível a intimação pessoal do autor para dar
andamento ao feito no prazo de 5 dias, antes de extinguir o processo sem
julgamento de mérito, por abandono de causa. É preciso que fique
comprovado que a autora foi devidamente cientificada da necessidade de
promover o andamento do processo, em determinado prazo, sob pena de
sua extinção. Afigura-se incabível a presunção de falta de interesse
processual da parte que deixa de impulsionar o processo de inventário,
haja vista o inegável interesse da Fazenda Pública na continuidade do
feito, a teor do disposto no artigo 155, I, da Constituição Federal de 1988,
posto que a transmissão de bens causa mortis constitui genuíno fato
24

gerador de tributo estadual. A inércia da parte em dar andamento


processual, neste tipo de procedimento, não enseja a extinção do feito,
mas a substituição da inventariança nos termos do artigo 622, II do CPC.
Provimento do recurso para anular a sentença. (TJ-RJ - APL:
00009472419978190206, Relator: Des(a). LINDOLPHO MORAIS
MARINHO, Data de Julgamento: 01/07/2019, DÉCIMA SEXTA CÂMARA
CÍVEL)

Assim sendo, para que a ação tenha seu regular prosseguimento, cabe aos
sujeitos processuais empreenderem esforços para que seus atos sejam cumpridos,
com zelo e andamento constante, em que a prestação jurisdicional terá seu efeito,
com a produção de sentença de mérito e assim, com a finalização do processo,
atendendo a necessidade da pronta resposta esperada pelos jurisdicionados.

3.4 Cooperação

Nas primeiras declarações nas ações de inventário, é importante


ter em mente a lentidão dos atos processuais, já que a falta de colaboração das
partes e de possíveis terceiros interessados é bastante presente.

Desta feita, com o princípio da cooperação nas ações de inventário há a


possibilidade de descarregar o Poder Judiciário, além de ajudar no andamento
regular do Processo.

Nessa toada, o legislador intencionalmente consolidou essas considerações


no artigo 6º CPC, o qual demonstra expressamente que é necessário a existência
de cooperação entre todos os envolvidos, como visto abaixo:

Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se


obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

Ademais, nas considerações do autor Marcos Rio Gonçalves no tocante as


partes e a cooperação, “não se pode esquecer que há um litígio entre elas, mas
que colaborem para que o processo evolua adequadamente.” (GONÇALVES,
2016, p.226)

De acordo com o entendimento jurisprudencial, este versa sobre a presença


do princípio da cooperação nas ações de inventário, tanto que caso as partes não
colaborem, é indicação de que tal princípio não foi observado, conforme a ementa
abaixo:
25

Inventário. Determinação para que a inventariante desse andamento ao


feito, sob pena de destituição do cargo. Alegação de que o processo está
suspenso. Suspensão determinada para que a questão relacionada a
imóvel fosse discutida pelas vias ordinárias no prazo de 30 dias. Decisão
proferida em 2013, contudo até o presente momento a agravante não
comprovou o ajuizamento da ação. Dever de cooperação não observado.
Decisão acertada. Recurso improvido.(TJ-SP - AI:
20340644120198260000 SP 2034064-41.2019.8.26.0000, Relator: Maia
da Cunha, Data de Julgamento: 28/03/2019, 4ª Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 01/04/2019)

Entretanto, se ao longo do processo de inventário, a causa apresentar


complexidade em matéria de fato ou de direito, o juiz deverá convocar audiência,
para que o saneamento seja feito em cooperação com as partes, oportunidade em
que, se for o caso, ele as convidará a integrar ou esclarecer suas alegações. (CF
GONÇALVES, 2016) É o que aduz o artigo 357, §3º, CPC, in verbis:

Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o
juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo:

(...)

§ 3º Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito,


deverá o juiz designar audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com as partes,
oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer suas
alegações.

(...)

Quando houver necessidade de pedidos de levantamento de depósitos,


alienação, recebimento ou permuta de bens, outorga de escrituras, aplicação de
numerários etc., será requerido de forma “incidental” o alvará requerido no curso do
processo de inventário ou de arrolamento, quando formulado por inventariante,
meeiro, herdeiro ou sucessor, o qual será juntado aos autos, independente de
distribuição, ensejando decisão interlocutória.(Cf. Oliveira, 2016)

Nesse sentido, no intuito de que Todos os Sujeitos da Relação Processual


Devem Participar Ativamente para Conseguir a Solução mais Adequada à Lide, é
indispensável que o princípio da cooperação seja cumprido.
26

4 Das Fases do Inventário


A palavra inventário vem do latim “inventarium”, de invenire o que segundo
Carlos Roberto Gonçalves, em sua obra Direito das Sucessões- ed. Saraiva 2013,
significa “ Achar, encontrar, sendo empregada no sentido de relacionar, descrever,
enumerar, catalogar o que for encontrado, pertencente ao morto, para ser atríbuido
aos seus sucessores.”

Assim, as fases do inventário devem seguir os parâmetros previstos no


CPC, conforme a ilustração abaixo:
27

Como se observa acima, sendo o assunto já enfatizado no item 2.1 da


presente monografia, a fase do inventário judicial é complexa, tendo em vista todas
as etapas que o sistema judiciário, bem como a legislação, determinam.

Ato contínuo, com o evento morte, sem testamento, transmite-se a herança


aos herdeiros legítimos, conforme previsto no artigo 1784 c/c 1788, ambos do CC.

Ressalta-se que sempre será judicial o inventário se os herdeiros divergirem,


assim como se algum deles for incapaz (CC, art. 2.016). Também será judicial o
inventário sempre que o de cujus houver feito testamento (CPC, art. 610).

Outrossim, é lícita a cumulação de inventários para a partilha de heranças


de pessoas diversas quando houver: I - identidade de pessoas entre as quais
devam ser repartidos os bens; II - heranças deixadas pelos dois cônjuges ou
companheiros; III - dependência de uma das partilhas em relação à outra (art. 672
CPC).

Assim, por exemplo, na pendência da partilha dos bens dos sogros,


ocorrendo o falecimento de um genro casado pelo regime da comunhão universal
de bens, o inventário dos sogros pode ser cumulado com o inventário desse genro,
ingressando como interessados os herdeiros desse último, aplicando-se aí o inciso
III do art. 672 do atual CPC. Isso redundará em sensível economia processual,
temporal e material aos interessados, pois, mesmo não ignorando posições
contrárias, entendo que nessas situações deve haver um único pagamento ao
herdeiro final, evitando assim uma cadeia desnecessária de tempo e custos
agregados.

Ao final, o Juiz determinará a expedição do formal de partilha ou da carta de


adjudicação para que seja transmitido ao bem imóvel o nome dos seus possuidores
ou proprietários os quais foram advindos de bens de herança.

Contudo, embora os herdeiros adquiram a propriedade desde a abertura da


sucessão, os seus nomes passam a figurar no Registro de imóveis somente após o
registro formal de partilha. Tal registro é necessário para a manutenção da
continuidade exigida pela Lei n.º 6.015/73 (Lei dos Registros Públicos).
28

4.1 Da abertura do Inventário

O procedimento do inventário é bastante peculiar, dadas as exigências do


direito material. Como há possibilidade de sérias divergências entre os herdeiros,
optou o legislador por considerá-lo procedimento de jurisdição contenciosa, e não
voluntária (Cf. Gonçalves, 2016)

Quanto aos prazos, segundo o artigo 611 do Código de Processo


Civil, o processo de inventário e partilha deve ser reaberto dentro de dois
meses a contar da abertura da sucessão (falecimento).

Não havendo a abertura de inventário no prazo, as partes ficam


sujeitas à multa, que pode ser estabelecida em lei estadual. Nesse sentido, a
Súmula 542 do STF: “Não é inconstitucional a multa instituída pelo Estado-
Membro, como sanção pelo retardamento do início ou da ultimação do
inventário”. No Estado de São Paulo, ela é de 10%, se o atraso for superior a
sessenta dias, e de 20%, se ultrapassar 180 dias (Leis estaduais n. 9.591/66
e 10.705/2000).

Como é sabido, a abertura do inventário comunica o falecimento do


autor da herança e se contabilizam os haveres deste, para que possa ser
efetuada a partilha dos bens por ele deixados, entre os seus sucessores.

Cumpre assinalar que o requerimento de inventário e partilha,


incumbe a quem estiver na posse e na administração do espólio,
concorrendo com os legitimados, nos termos dos artigos 615 C/C 616,
ambos do CPC.

Após a distribuição da petição inicial, autuação e registro pelos


serventuários, o juiz nomeará inventariante, que prestará compromisso de
bem e fielmente desempenhar a função, dentro do prazo de 5 (cinco) dias,
conforme redação do parágrafo único do art.617.

Deste modo, a abertura do inventário pode ser considerada como a


fase processual de maior relevância, já que é possibilidade a qual possa
verificar qual efetivo patrimônio do falecido, conforme ementa a seguir:
29

SUCESSÃO.ABERTURA DE INVENTÁRIO.NECESSIDADE.

1.-Ocorrendo a morte do devedor e não ocorrendo a abertura do inventário


o credor possui a legitimidade para a abertura do procedimento. 2.-
Impossibilidade de simplesmente a execução se voltar contra os herdeiros.
Necessidade de abertura do inventário para que se possa verificar
qual o efetivo patrimônio do falecido.3.- Ilegitimidade passiva dos
herdeiros para responder pelos débitos do falecido. Recurso de apelação
provido..(Apelação Cível N° 70077718096, Décima Sexta Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Eduardo Kraemer, Julgado em
28/02/2019). (grifo nosso)

Destarte, a petição da abertura do inventário deve estar nos termos do artigo


320 do CPC, com todos os documentos pertinentes para sua abertura, a qual o juiz
receberá, verificará casos de litispendência e depois se tornará prevento.

Após tal procedimento, o juiz analisará os documentos juntados e apurará as


questões de direito desde que os fatos relevantes estejam provados por
documento. Entretanto, caso existam questões mais complexas que devem ser
resolvidas em outro ramo do direito, tais como direito de família (reconhecimento
de paternidade/maternidade), direito possessório (usucapião ou prova da posse)
etc..., o Juiz remeterá os autos para as vias ordinárias, para que lá sejam
resolvidas., conforme artigo 612 do CPC, in verbis;

Art. 612. O juiz decidirá todas as questões de direito desde que os fatos
relevantes estejam provados por documento, só remetendo para as vias
ordinárias as questões que dependerem de outras provas.

Ato contínuo, depois de o juiz se tornar prevento, será expedido o mandado


de citação, segundo o artigo 626 do CPC, com a intimação do Ministério Público e
da Fazenda Pública, para se manifestarem no processo.

4.2 Do Inventariante

O inventariante é o responsável por diversos atos dentro e fora do


processo de inventário, no que diz respeito à posse e à administração do
patrimônio deixado pelo de cujus.
30

Nesse sentido, o CPC prevê, mais precisamente em seu artigo 617, que o
inventariante deve ser nomeado seguindo uma ordem e que este deverá prestar
compromisso no prazo de 05 dias após a publicação de sua nomeação.

Art. 617. O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem:

I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse


convivendo com o outro ao tempo da morte deste;

II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se


não houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou se estes não
puderem ser nomeados;

III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na


administração do espólio;

IV - o herdeiro menor, por seu representante legal;

V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio


ou se toda a herança estiver distribuída em legados;

VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário;

VII - o inventariante judicial, se houver;

VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial.

Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro


de 5 (cinco) dias, o compromisso de bem e fielmente desempenhar a
função.

São grandes as responsabilidades e participações do inventariante nas


ações de inventário, levando em consideração que a maior parte das transações
dos bens do espólio é realizada por ele

“(...)é importante a figura do inventariante para o cumprimento de


encargos do espólio,depois de lavrada a escritura, como sucede em
casos de levantamento de dinheiro, recebimento de créditos do
espólio, transferência de cotas societárias, venda de ações,
transferência da titularidade de veículo etc. Mas, se na partilha já
houver a atribuição de bens certos a determinado herdeiro, a este
caberá a providência executória de seu interesse.” (OLIVEIRA,
AMORIM, 2016, p.420)

Destaca-se as obrigações do inventariante, até que haja sua nomeação,


será o espólio o administrador provisório, de acordo com o artigo 613 CPC.
31

Art. 613. Até que o inventariante preste o compromisso, continuará o


espólio na posse do administrador provisório

Ainda, ao inventariante incube a administração e representação do espólio,;


prestar as primeiras e as últimas declarações; exibir os documentos relativos ao
espólio; juntar aos autos certidão juntar aos autos certidão do testamento, se
houver; trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente, renunciante ou
excluído; prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz lhe
determinar; requerer a declaração de insolvência; alienar bens de qualquer
espécie; transigir em juízo ou fora dele e pagar dívidas do espólio, como expresso
nos artigos 618 e 619, ambos do CPC.

A respeito dos créditos, cumpre ao inventariante, como representante legal


do espólio, promover a cobrança dos créditos declarados, seja por procedimento
comum ou por meio de execução, dependendo da natureza do título

É importante frisar que, havendo concorrência entre credor do espólio e


credor de herdeiros, tem preferência aquele, relativamente aos bens da herança,
que para esse fim haverão de ser discriminados do patrimônio do devedor, como
aduzido pelo art. 2.000 do CC (Cf. Oliveira, 2016)

Ademais, depois de 20 dias após a prestação de compromisso, o


inventariante fará as primeiras declarações, das quais se lavrará termo, assinado
pelo juiz, escrivão e pelo inventariante, no qual serão exarados, como aduz o artigo
620 CPC.

Ato contínuo, incumbe ao Inventariante o dever de empreender todas as


diligências necessárias a fim de identificar, de descrever, de arrolar e, ao final, de
partilhar o patrimônio do autor da herança, conforme o entendimento
jurisprudencial a seguir correlacionado:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - INVENTÁRIO -


REQUERIMENTO DE INCLUSÃO DE BENS NO MONTE MOR
PARA POSTERIOR PARTILHA - ALEGAÇÃO DE OCORRÊNCIA
DE UNIÃO ESTÁVEL ENTRE O DE CUJUS E SUA
32

COMPANHEIRA - PRESUNÇÃO ABSOLUTA DE ESFORÇO


COMUM - QUESTÃO DE ALTA INDAGAÇÃO NÃO
DEMONSTRADA POR PROVA EXCLUSIVAMENTE
DOCUMENTAL - REMESSA ÀS VIAS ORDINÁRIAS - ARTIGO
612 DO CPC/15 - ATRIBUIÇÕES DO INVENTARIANTE -
IDENTIFICAÇÃO, DESCRIÇÃO, ARROLAMENTO E PARTILHA
DE TODO O PATRIMÔNIO - ARTIGO 618 C/C ARTIGO 620
AMBOS DO CPC/15 - NÃO COMPROVAÇÃO DA UNIÃO
ESTÁVEL - IMPOSSIBILIDADE DE INCLUSÃO DOS BENS
INDICADOS NA PARTILHA - OBRIGAÇÃO DO HERDEIRO DE
INDICAR OS BENS QUE ESTÃO SOB A SUA POSSE - ARTIGO
1.992 DO CC/02 - PENA DE SONEGAÇÃO - ARTIGO 1.994 DO
CC/02 - SOBREPARTILHA DOS BENS SONEGADOS -
INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO AOS HERDEIROS - ARTIGO
2.022 DO CC/02 E ARTIGO 669 DO CPC/15. - O juiz decidirá
todas as questões de direito desde que os fatos relevantes
estejam provados por documento, só remetendo para as vias
ordinárias as questões que dependerem de outras provas - O
reconhecimento quanto à ocorrência de união estável representa
questão de alta indagação, devendo ser obrigatoriamente
remetida às vias ordinárias, de forma a preservar o devido
processo legal e a possibilitar a ampla cognição jurisdicional sobre
a temática - Incumbe ao Inventariante o dever de empreender
todas as diligências necessárias a fim de identificar, de descrever,
de arrolar e, ao final, de partilhar o patrimônio do autor da herança
- Não tendo sido demonstrado, por meio de prova documental pré-
constituída, o direito de meação por parte do falecido, fica
impossibilitada a imediata inclusão do patrimônio indicado na
partilha - O herdeiro possui a obrigação de, após ser interpelado,
indicar os bens da herança que estejam sob o seu poder, sob
pena de perder o direito que sobre eles lhe caiba - Restando
demonstrado, em ação própria, a ocorrência de sonegação de b
ens, poderão os bens serem submetidos à sobrepartilha, evitando-
se a ocorrência de prejuízo aos demais herdeiros.(TJ-MG - AI:
10024039833918007 MG, Relator: Ana Paula Caixeta, Data de
Julgamento: 30/05/2019, Data de Publicação: 31/05/2019) (g.n)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL.


COTAS CONDOMINIAIS. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE.
LEGITIMIDADE DO ESPÓLIO. INVENTÁRIO ENCERRADO.
REJEIÇÃO. IRRESIGNAÇÃO RECURSAL. - Consoante disposto
nos artigos 654 e 655 do CPC, a figura do espólio deixa de existir
após o trânsito em julgado da sentença de partilha, o que, a
princípio, ensejaria o acolhimento da exceção com a extinção da
execução - Nada obstante, no presente caso, a partilha não foi
registrada na matrícula do imóvel e a recorrente que figurou como
inventariante não indicou quem sucedeu o imóvel e sequer
comprovou que o imóvel foi arrolado na partilha - Violação ao
princípio da cooperação. RECURSO DESPROVIDO.(TJ-RJ - AI:
00575571320188190000 RIO DE JANEIRO CAPITAL 25 VARA
CIVEL, Relator: Des(a). FLÁVIA ROMANO DE REZENDE, Data
de Julgamento: 05/12/2018, DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL)
33

Nessa perspectiva, observa-se que a nomeação do inventariante é


importante por seu papel na ação de inventário, já que tem comprometimento com
o andamento célere do processo, o qual colabora, entre outros, com a juntada de
uma série de documentos.

4.3 Das Primeiras Declarações

Dentre as diversas incumbências do inventariante, previstas nos artigos 618


e 619, destaca-se a apresentação das primeiras declarações, isto é, todas as
informações relevantes do falecido e dos bens, direitos e dividas que deixou,
observando-se as exigências do artigo 620.

Ainda, o prazo é de 20 dias, a contar de sua nomeação como inventariante,


como aduz o artigo 620 do CPC e consequentemente, dará ensejo ao termo. Caso
contrário o inventariante poderá ser removido nos termos do artigo 622 do CPC.
(Cf, Bueno, 2017).

Destaca-se a importâncias das primeiras declarações com a descrição dos


bens, dívidas e créditos e obrigações do espólio, atribuição de valores e nomeação
dos sucessores para que esteja organizada e em conformidade com a legislação.

Nesse sentido, as primeiras declarações fornecerão informações sobre o de


cujus, o seu respectivo cônjuge ou companheiro, regime de bens, os herdeiros e
sua qualificação e os bens que compõe o espólio, requerendo a juntada como
anexo outros documentos comprobatórios do seu interesse processual, bem como
dos direitos e deveres do espólio: no caso de haver testamento, o instrumento
respectivo; certidão de casamento do viúvo meeiro, certidões de nascimento ou RG
e CPF dos herdeiros, escrituras dos bens imóveis e outros de interesse no
inventário.

4.4 Impugnação

A impugnação é um meio processual, a qual é apresentada por aquele que


não concorda com os termos, neste caso, do inventário. Haja vista que a
impugnação a pretensão do autor, deve apresentar os argumentos necessários
para o convencimento do juiz.
34

Na impugnação, o herdeiro descontente pode arguir erros e omissões na


declaração dos bens, ou reclamar contra a nomeação do inventariante,
pedindo sua destituição e substituição, ou contestar a qualidade de algum
herdeiro, alegando não ostentar titulação hábil para figurar no rol de
sucessores, ou por eventual exclusão da herança por indignidade ou
deserdação.3

Assim, cabe ao juiz decidir sobre a impugnação ofertada, acolhendo ou não


o pedido, conforme §2º e §3º do artigo 627 do CPC

De mesma maneira, ao tempo da não efetivada a partilha, quem se julgar


onde preterido poderá demandar a sua admissão no inventário, sendo partes
ouvidas em 10 dias, e o juiz decidirá. Caso não acolha o pedido, este remeterá o
requerente para os meios ordinários, mandando reservar, em poder do
inventariante, o quinhão do herdeiro excluído, até que o litígio seja decidido. A
previsão está no

art. 628 do CPC e seus parágrafos. (Cf. Oliveira, 2016)

Segundo Marcus Rios Gonçalves, a impugnação é um meio de defesa a


qual é garantida pelo princípio constitucional do contraditório e ampla defesa:

(...) a todos é garantido o acesso à justiça, de outro, deve ser sempre


respeitado o contraditório. O réu tem o direito de saber da existência do
processo, de tudo o que nele ocorre, e o de apresentar a sua defesa, os
seus argumentos”4.

4.5 Da partilha

Após as últimas declarações, não havendo acordo entre as partes, será


organizado o chamado “esboço de partilha”, sobre o qual as partes se manifestarão
e recolherão os tributos, nos termos do artigo 647 CPC, in verbis:

Art. 647. Cumprido o disposto no art. 642, § 3º , o juiz facultará às partes


que, no prazo comum de 15 (quinze) dias, formulem o pedido de quinhão
e, em seguida, proferirá a decisão de deliberação da partilha, resolvendo

3
Oliveira, Euclides de Inventário e partilha : teoria e prática / Euclides de Oliveira e Sebastião Amorim. – 24.
ed. – São Paulo : Saraiva,2016. 309p.
4
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado® / Marcus Vinicius Rios Gonçalves;
coordenador Pedro Lenza. – 6. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado®). 388p.
35

os pedidos das partes e designando os bens que devam constituir quinhão


de cada herdeiro e legatário.
A partilha vem a reboque, na complementação do inventário, quando os
bens são distribuídos entre os sucessores do falecido, adjudicando-se a cada um
sua quota na herança.

A partilha será elaborada conforme o artigo 653 CPC, o qual constará o auto
de orçamento, folha de pagamento e o quinhão que compõe a relação dos bens
para cada herdeiro e meeiro:

Art. 653. A partilha constará:

I - de auto de orçamento, que mencionará:

a) os nomes do autor da herança, do inventariante, do cônjuge ou


companheiro supérstite, dos herdeiros, dos legatários e dos credores
admitidos;

b) o ativo, o passivo e o líquido partível, com as necessárias


especificações;

c) o valor de cada quinhão;

II - de folha de pagamento para cada parte, declarando a quota a pagar-


lhe, a razão do pagamento e a relação dos bens que lhe compõem o
quinhão, as características que os individualizam e os ônus que os
gravam.

Parágrafo único. O auto e cada uma das folhas serão assinados pelo juiz e
pelo escrivão.

Desde a assinatura do compromisso até a homologação da partilha, a


administração da herança será exercida pelo inventariante, nos termos do artigo
1.991 do CC.

Após o trânsito em julgado, os herdeiros receberão os bens que lhe


couberem e um formal de partilha que pode, consoante o caso ser substituído por
certidão de pagamento do quinhão hereditário previsto no artigo 655 CPC.

Ressalta-se que a natureza da partilha é meramente declaratória e não


atributiva da propriedade, haja vista que o herdeiro adquire o domínio e a posse
dos bens, não em virtude dela, mas por força da abertura da sucessão assim, a
sentença que homologa retroage os seus efeitos a esse momento, tendo portanto
efeito ex tunc.
36

Cumpre assinalar que a partilha tem duas espécies, como bem sintetizado
por Carlos Roberto Gonçalves em sua obra Direito Civil Brasileiro vol. 7 ed. Saraiva
2013:

A partilha pode ser amigável ou judicial. A primeira resulta de acordo entre


interessados capazes, enquanto a judicial é aquela realizada no processo
de inventário, por deliberação do juiz, quando não há acordo entre os
herdeiros ou sempre que um deles seja menor ou incapaz.

Ainda nesse sentido, o artigo 2.015 CC prevê que “Se os herdeiros forem
capazes, poderão fazer partilha amigável, por escritura pública, termo nos autos do
inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz.”

Todavia, caso por alguma razão não tenham sido partilhados bens ou
descobertos herdeiros após a partilha, ficam sujeitos à sobrepartilha, fundamentado
no artigo 669 do CPC.

Assim, a sobrepartilha será admissível por escritura publica lavrada por


tabelião de notas entre interessados maiores e capazes, que com ela estejam em
consonância, com base na Lei n.11.441/07.

4.6 Das últimas declarações

Superados eventuais questionamentos, o magistrado determinará a lavratura


do termo das últimas declarações, conforme artigo 636 do CPC, seguindo-se o
cálculo do tributo devido sobre o qual as partes serão previamente ouvidas, com a
decisão do magistrado.5

Deste modo, aceito o laudo ou resolvidas as impugnações suscitadas a


respeito do inventário e conhecido o valor dos bens, vem a fase das últimas
declarações, na qual o inventariante poderá emendar, aditar ou completar as
primeiras, com previsão no artigo 636 CPC, in verbis:

Art. 636. Aceito o laudo ou resolvidas as impugnações suscitadas a seu


respeito, lavrar-se-á em seguida o termo de últimas declarações, no qual o
inventariante poderá emendar, aditar ou completar as primeiras.

5
BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. 522 p.
37

Se não houver nada para corrigir ou acrescentar, bastará ao inventariante a


ratificação das últimas declarações.

Desta feita, prestadas as últimas declarações, as partes serão ouvidas no


prazo de quinze dias. Havendo impugnações, o juiz as decidirá, determinando as
correções necessárias.

Com as últimas declarações, estará concluída a fase do inventário e por


conseguinte, a promulgação do formal de partilha.

4.7 Do cálculo do imposto

Segundo a Secretaria da Fazenda, o ITCMD - Imposto sobre Transmissão


Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos - incide sobre a transmissão
de bens móveis e imóveis, havidos em decorrência de herança ou doação a partir
de 01/01/2001. Para apuração do imposto devido é necessário fazer uma
Declaração de ITCMD, cujo preenchimento pode ser realizado através dos links
disponibilizados no site6 da Secretaria da Fazenda. O referido tributo é regido pela
Lei 10.705/00 e suas alterações, regulamentada pelo Decreto 46.655/02 - que
instituiu o Regulamento do ITCMD (RITCMD).

Com efeito, para utilização do sistema é necessário cadastro prévio na


Receita/PR. Ao finalizar a declaração, o próprio sistema gera a guia de
recolhimento, GR-PR, e a parte deve levar a guia a um dos postos da Sefaz de sua
cidade, lá o valor do imposto será calculado, podendo a parte ser isenta.

No entanto, para fatos geradores anteriores a 2001, o tributo devido é o ITBI


estadual - Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis e Direitos a Eles Relativos
-, regido pela Lei 9.591/66 e suas alterações, com regulamentação do Decreto
32.635/90.

O imposto causa mortis tem essa denominação por incidir sobre a


transmissão do domínio e da posse dos bens “em razão da morte”, ou seja, pela
abertura da sucessão aos herdeiros legítimos e testamentários. Dá-se, pois, com o
óbito do autor da herança, aplicando-se o imposto pela alíquota vigente e conforme

6
<https://portal.fazenda.sp.gov.br/servicos/itcmd/Paginas/Sobre.aspx> (acesso em 31 ago 2019)
38

o valor atribuído aos bens nessa ocasião, nos termos da súmula 112 e 590, ambas
do STF:

S.112: O imposto de transmissão "causa mortis" é devido pela alíquota


vigente ao tempo da abertura da sucessão.

S.590: Calcula-se o imposto de transmissão causa mortis sobre o saldo


credor da promessa de compra e venda de imóvel, no momento da
abertura da sucessão do promitente vendedor.

Destarte, após elaborada as últimas declarações, proceder-se-á ao cálculo


do imposto causa mortis o qual deve corresponder ao valor atribuído nas primeiras
declarações aos bens do espólio ou pelo valor dos bens declarados pela Fazenda
Pública, caso necessário, nas formas do artigo 633 do CPC:

Art. 633. Sendo capazes todas as partes, não se procederá à avaliação se


a Fazenda Pública, intimada pessoalmente, concordar de forma expressa
com o valor atribuído, nas primeiras declarações, aos bens do espólio.

Ato contínuo, o juiz intimará todas as partes, inclusive o Ministério Público e


a Fazenda Pública, para serem ouvidos, e oportunamente apresentar impugnação
ao cálculo.

Após resolver as impugnações, ou não as havendo, o juiz nomeará perito


para avaliar os bens constantes das primeiras declarações. Essa avaliação tem por
objetivo primordial a definição da base de cálculo do ITCMD. Se não houver
divergência entre os sucessores e a Fazenda Pública em relação à avaliação dos
bens, pode ser dispensada a nomeação de perito, adotando-se o valor
incontroverso.

Se houver apresentação da impugnação, caberá ao juiz julgá-la e, se for


procedente, este determinará expedição para avaliação do perito, nos termos do
artigo 635 do CPC.

Após resolvido o valor base para cálculo do ITCMD, caberá ao inventariante


através de seu advogado acessar o site da Secretaria da Fazenda e assim
proceder com o preenchimento da declaração com as informações pedidas.
39

Outrossim, conforme o entendimento de Carlos Roberto Gonçalves, em sua


obra Direito Civil Brasileiro-Direito das Sucessões 7, não esta sujeito a incidência do
imposto de renda aqueles bens, denominado monte-mor, se houver cônjuge ou
companheiro sobrevivente, com direito a meação, uma vez que esta decorre do
regime de bens no casamento ou da união estável, e assim não constitui
transmissão por via hereditária.

Desta feita, nos processos de inventário, a apuração do valor é feita por


avaliação judicial, mas esta pode ser dispensada se o valor declarado pelo
inventariante for aceito pelos demais interessados e pela Fazenda Estadual.

4.8 Formal de partilha

O formal de partilha é um documento de natureza pública expedido pelo


magistrado para regular o exercício de direitos e deveres decorrentes das ações de
inventário.

Conforme o disposto no artigo 655 do CPC, transitando em julgado a


sentença, o herdeiro receberá os bens constitutivos do seu quinhão na herança,
através de um documento denominado formal de partilha, do qual constarão: o
termo de inventariante e título de herdeiros; a avaliação dos bens que constituíram
o quinhão do herdeiro; o pagamento do quinhão hereditário; a quitação dos
impostos e por fim, a sentença.

Contudo, o entendimento jurisprudencial dominante atual condiz com a


expedição do formal de partilha independentemente da quitação do ITCMD, desde
que estejam quitados todos os tributos relativos aos bens do espólio, conforme
ementa a seguir:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ARROLAMENTO SUMÁRIO.


TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE OS BENS DO ESPÓLIO E DE SUAS
RENDAS. COMPROVAÇÃO DE QUITAÇÃO. CONDIÇÃO PARA A
SENTENÇA DE HOMOLOGAÇÃO DA PARTILHA. EXPEDIÇÃO DOS
FORMAIS DE PARTILHA. PRÉVIO PAGAMENTO DO IMPOSTO DE
TRANSMISSÃO. DESNECESSIDADE. 1. A sucessão causa mortis,
independentemente do procedimento processual adotado, abrange os
tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, porquanto
integrantes do passivo patrimonial deixado pelo de cujus, e constitui fato
gerador do imposto de transmissão (ITCM). 2. Segundo o que dispõe o
7
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, vol. 7: Direito das sucessões-São Paulo: Saraiva, 2013.
p.508
40

art. 192 do CTN, a comprovação da quitação dos tributos referentes aos


bens do espólio e às suas rendas é condição sine quo non para que o
magistrado proceda à homologação da partilha. 3. O CPC/1973, em seu
art. 1.031, em conformidade com o art. 192 do CTN, exigia a prova de
quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas
como condição para a homologação da partilha (caput) e o pagamento
de todos os tributos devidos, aí incluído o imposto de transmissão, para
a ultimação do processo, com a expedição e a entrega dos formais de
partilha (§ 2º). 4. O novo Código de Processo Civil, em seu art. 659, § 2º,
traz uma significativa mudança normativa no tocante ao procedimento de
arrolamento sumário, ao deixar de condicionar a entrega dos formais de
partilha ou da carta de adjudicação à prévia quitação dos tributos
concernentes à transmissão patrimonial aos sucessores. 5. Essa
inovação normativa, todavia, em nada altera a condição estabelecida no
art. 192 do CTN, de modo que, no arrolamento sumário, o magistrado
deve exigir a comprovação de quitação dos tributos relativos aos bens do
espólio e às suas rendas para homologar a partilha e, na sequência, com
o trânsito em julgado, expedir os títulos de transferência de domínio e
encerrar o processo, independentemente do pagamento do imposto de
transmissão. 6. Recurso especial parcialmente provido. (STJ - REsp:
1704359 DF 2017/0271715-0, Relator: Ministro GURGEL DE FARIA,
Data de Julgamento: 28/08/2018, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 02/10/2018)

Ademais, no parágrafo único do artigo 655, é prevista a substituição do


formal de partilha, o que ocorre por simples certidão do pagamento do quinhão
hereditário quando este não exceder cinco vezes o salário mínimo vigente na sede
do juízo; caso em que se transcreverá nela a sentença de partilha transitada em
julgado.

Caso existam bens imóveis, os interessados poderão levar o formal para


registro no Cartório de Registro de Imóveis, com o que passarão a figurar em nome
do herdeiro beneficiado, e não mais em nome do de cujus, conforme a Lei Federal
6.015/73 (Lei de Registros Públicos).

Outrossim, em situação que envolva um único herdeiro, o magistrado


proferirá carta de adjudicação do bem inventariado, e não o formal de partilha, a
qual deverá ser levada ao órgão competente para o devido registro.

Nessa toada, com o formal de partilha em mãos, cada herdeiro terá o


documento para proceder seu registro e assim regularizar sua posse e ou
propriedade do bem herdado
41

4.9 A importância do princípio da cooperação nas fases do inventário

Segundo Marcus Vinícius Rios Gonçalves, o princípio da cooperação é tão


significante, que em sua obra Direito processual Civil Esquematizado:

(...), ao exigir, não propriamente que as partes concordem ou


ajudem uma à outra — já que não se pode esquecer que há um litígio
entre elas —, mas que colaborem para que o processo evolua
adequadamente. Um exemplo concreto é aquele fornecido pelo art. 357, §
3º, que trata do saneamento do processo. Em regra, ele é feito pelo juiz,
sem necessidade da presença das partes. Mas, se a causa apresentar
complexidade em matéria de fato ou de direito, o juiz deverá convocar
audiência, para que o saneamento seja feito em cooperação com as
partes, oportunidade em que, se for o caso, ele as convidará a integrar ou
esclarecer suas alegações.

Destarte, há de se considerar em sua magnitude o princípio da cooperação


nas primeiras declarações da ação de inventário, visto que existem muitos
elementos que envolvem o processo, partes, documentos, bens que devem ser
apresentados na lide para haja o regular andamento do processo.

Nessa toada, o princípio da cooperação destaca-se como instrumento para


viabilizar o andamento do processo, estabelecendo uma relação de harmonia com
a intenção de proferir a sentença justa e eficaz, conforme jurisprudência abaixo:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA SECURITÁRIA. DPVAT.


EXTINÇÃO DE OFÍCIO. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS DA NÃO-
SURPRESA E COOPERAÇÃO NÃO OBSERVADOS. I - De acordo com
os arts. 9º e 10 do Código de Processo Civil, é vedado ao Juiz decidir
com base em fundamento a respeito do qual não tenha dado
oportunidade à parte de se manifestar, porquanto a não observância dos
princípios da não influência e da não surpresa ofende diretamente os
princípios do contraditório e da ampla defesa, impondo-se, assim, a
necessidade de invalidação da sentença, especialmente quando a
decretação de extinção do processo dá-se de forma oficiosa. II - O
Código de Processo Civil, em seu art. 6º, impõe a todos os
participantes da relação processual - autor, réu e o Estado/Juiz -
uma relação harmônica, com ânimo de alcançar, em tempo razoável,
decisão de mérito justa e efetiva, inclusive, visando a máxima
economia processual. APELO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA
CASSADA. (TJ-GO - APL: 02088518220158090134, Relator: SÉRGIO
MENDONÇA DE ARAÚJO, Data de Julgamento: 06/02/2019, 1ª Câmara
Cível, Data de Publicação: DJ de 06/02/2019)(g.n.)
42

Ainda, cumpre assinalar que a ação de inventário é muita complexa ao ponto


de que os sujeitos processuais cooperem entre si para que haja um bom
desenvolvimento no processo, tendo em vista que são muitos documentos que
deverão ser juntados, s para se comprovar o interesse processual, como aqueles
tendentes a demonstrar os direitos e deveres do espólio, certidões de casamento
do meeiro ou meeira e herdeiros, certidões de nascimentos e no caso de haver
testamento deverá juntar, também o instrumento respectivo.

Assim, destaca-se o princípio da cooperação na ação de inventário tanto


que o Magistrado também tem a sua participação como colaborador, segundo
Oliveira, a cooperação exige um juiz ativo e leal e fortalecimento dos poderes das
partes, com uma “participação mais ativa e leal no processo de formação da
decisão, em consonância com uma visão não autoritária do papel do juiz e mais
contemporânea quanto à divisão do trabalho entre o órgão judicial e as partes”8.

5 Conclusão

Baseando-se no que foi apresentado, em relação ao Inventario e Partilha, a


partir da vigência do novo código de processo civil, em 2015, foram poucas as
alterações sofridas, de modos que grande parte dos ritos e procedimentos
continuam os mesmos previstos na legislação revogada, tendo como exemplo de
ressalva o artigo 1.043 do CPC/73, que foi substituído pelo artigo 672, que prevê
maior abrangência quanto a questão da cumulação do inventário.

Nesse sentido, O inventario e partilha, juntos, constituem elemento


essencial para a preservação de bens e direitos após a morte de seu titular e
apesar da sucessão se realizar com a morte do falecido, somente a partir do
inventário será feita a apuração do acervo de bens, direitos e obrigações da
massa, a identificação dos herdeiros e da parte cabendo a cada um deles,
devidamente recolhidos os tributos.

8
OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro de. O formalismo-valorativo no confronto com o formalismo
excessivo. 2007, cit., p. 135-136.
43

É de livre arbítrio aos interessados a opção pela via judicial ou extrajudicial,


exceto se houver conflito e ou menores envolvidos, o que torna obrigatória a
modalidade judicial. Se instaurado o inventário judicial, pode ser solicitada, a
qualquer momento, a suspensão do processo ou a desistência, para a realização
do ato na esfera extrajudicial.

O caráter facultativo do procedimento do inventário por meio da escritura


pública consta expressamente do artigo 2º da Resolução n. 35 do Conselho
Nacional de Justiça. Há situações que recomendam a ação de arrolamento em
juízo, não obstante a plena concordância das partes com a partilha amigável, como
se dá na hipótese de necessidade de alvará para levantamento de dinheiro ou de
venda de bens deixados pelo autor da herança, para obtenção de fundos
necessários ao recolhimento de impostos em atraso e atendimento aos encargos
do processo. Em tais hipóteses, torna-se inviável a escritura pública, porque o
tabelião não tem capacidade para autorizar aqueles atos de obtenção de recursos
para os pagamentos das despesas inerentes ao inventário.

Assim, há de se considerar em sua magnitude os princípios: princípio da


celeridade, regular andamento do processo, efetividade e cooperação nas ações
de inventário, tendo em vista que estes são essenciais para o bom andamento da
ação de inventário e carregam maior segurança jurídica consigo, já que caso
ignorados, nascerão problemas que retardarão o curso normal do inventário, assim
como atrasos, por exemplo, na hipótese de omissão das partes na juntada de
documentos essenciais, ou quando haja divergência dos interessados sobre os
bens e a forma de distribuição.

Ou seja, se os envolvidos não prestarem o cuidado necessário aos


princípios no deslinde da ação, é improvável que a ação prospere.

Por fim, insta considerar a possibilidade de durante a tramitação da ação de


inventário é importante lembrar que independentemente da vontade das partes, a
situação do patrimônio e das dívidas deixadas pelo falecido, bem como a situação
familiar dos herdeiros pode facilitar o processo, ou torná-lo extremamente longo,
difícil e caro.
44

Bibliografia

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> Acesso em 19 out. 2018. Apud Arts. 623; 627; 628, § 1º; 629; 635; 637; 641,
caput e § 1º; 647; 652. Nem 60 (sessenta) dias como dizia o art. 983, CPC/73, nem
30 (trinta) dias como previa o Código Civil de 2002. Súmula 542, STF. Não é
inconstitucional a multa instituída pelo Estado-Membro, como sanção pelo
retardamento do início ou da ultimação do inventário.

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