Controles Internos TCC
Controles Internos TCC
Controles Internos TCC
ETEP FACULDADES
Administração
2017
São José dos Campos
Alex Gomes de Oliveira
Aline dos Santos Dias
Micheli Cinat Cruz
ETEP FACULDADES
Administração
2017
São José dos Campos
ALEX GOMES DE OLIVEIRA
ALINE DOS SANTOS DIAS
MICHELI CINAT CRUZ
Data: _______________________________
Resultado: __________________________
Banca Examinadora
Professor: _____________________INSTITUIÇÃO
Assinatura: ____________________
Professor: _____________________INSTITUIÇÃO
Assinatura: ____________________
Professor: _____________________INSTITUIÇÃO
Assinatura: ____________________
Aos nossos familiares, que nos apoiaram durante
esse processo de conclusão de uma importante etapa
de nossas vidas.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho trata-se de um estudo descritivo, que aborda a importância dos controles
internos nas organizações, e que foi motivado pelos crescentes casos de fraudes nas
empresas nacionais, especificamente aquelas que possuem ações negociadas na
bolsa de valores americana, regulamentadas pela Lei Sarbanes-Oxley. Diante de um
cenário de constantes discussões sobre transparência e ética nas organizações,
torna-se relevante o estudo destes mecanismos de controle, que visam assegurar os
objetivos organizacionais e os interesses dos stakeholders. Realizou-se uma pesquisa
quantitativa com aplicação de survey junto a profissionais da área de controles
internos, cujos principais resultados avaliam a relevância de um sistema de controles
internos, suas barreiras de implantação, sua eficiência e eficácia, os impactos da Lei
Sarbanes-Oxley, as ferramentas aplicadas para adequação a esta Lei, a relação
controles versus investidores, o uso da amostragem para testes e os controles como
forma de prevenção às fraudes. Os resultados mostram que a maioria dos
entrevistados detinha o know-how necessário para opinar sobre o tema, pois 51%
possuía mais de cinco anos de experiência com controles internos. Verificou-se que
controles internos são extremamente eficazes, garantindo em 80% a aderência de
funcionários às políticas corporativas e a conformidade com leis e regulamentos.
Entretanto, existem barreiras como a cultura organizacional e a resistência dos
envolvidos quem prolongam sua implementação. A SOX é vista positivamente pelos
profissionais da área, que a consideram um marco da governança corporativa.
Todavia, grande parte da amostra não tem conhecimento das ferramentas que podem
ser utilizadas como auxílio na adequação à SOX e às demais normas. Por fim, na
visão dos profissionais, controles internos pouco detectam fraudes quando há conluio
entre funcionários.
This paper is a descriptive study, which addresses the importance of internal controls
in organizations, and was motivated by the growing cases of fraud in Brazilian
companies, especially those that trade shares on the American Stock Exchange,
regulated by the Sarbanes-Oxley Act. Faced with a scenario of constant discussions
about transparency and ethics in organizations, it becomes relevant to study these
control mechanisms, which aim to ensure the organizational objectives and interests
of stakeholders. A quantitative survey was applied to professionals who work with
internal controls. The main results assess the relevance of a system of internal
controls, its implementation barriers, its efficiency and effectiveness, the impacts of the
Sarbanes-Oxley Act and tools applied to comply with this Law, the relationship
between controls versus investors, the use of sampling for tests and controls as a form
of fraud prevention. The results show that most of the interviewees had the necessary
knowledge to give their opinion on the subject, since 51% had more than five years of
experience with internal controls. It was confirmed that internal controls are extremely
effective, ensuring 80% of employee compliance with corporate policies and
compliance with laws and regulations. However, there are barriers such as the
organizational culture and resistance of people involved which prolong their
implementation. SOX is positively seen by the professionals of the area, who consider
it a landmark of corporate governance. However, most of the respondents are not
aware of the tools that can be used as an aid in adapting to SOX and other standards.
Finally, in the view of professionals, internal controls rarely detect fraud when there is
collusion among employees.
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 14
1.1 Objetivo ........................................................................................................ 14
1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 14
1.1.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 14
1.2. Justificativa ................................................................................................... 15
2. DESENVOLVIMENTO.................................................................................. 16
2.1. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 16
2.1.1. Conceito de Controles Internos .................................................................... 16
2.1.2. Importância dos controles internos ............................................................... 17
2.1.3. Motivadores da implantação de Controles Internos ...................................... 18
2.1.4. Barreiras à implantação de Controles Internos ............................................. 20
2.1.5. Conjunto de práticas reguladoras ................................................................. 21
2.1.6. A atividade de auditoria ................................................................................ 27
2.1.7 Controles internos e o auditor independente ................................................ 29
2.1.8 Ferramentas de auxílio na adequação de controles internos ....................... 31
2.2. METODOLOGIA ........................................................................................... 33
2.2.1. A Pesquisa ................................................................................................... 34
2.2.2. Do Problema ................................................................................................. 34
2.2.3. Objetivos ....................................................................................................... 35
2.2.4. Métodos de Pesquisa ................................................................................... 36
2.2.5. Tabulação e análise de dados ...................................................................... 37
2.2.6. População e Amostra ................................................................................... 37
2.2.7. Áreas de abordagem .................................................................................... 38
2.2.8. Pré-teste ....................................................................................................... 38
2.3. RESULTADOS ............................................................................................. 40
2.3.1. Bloco I – Identificação................................................................................... 40
2.3.2. Bloco II – Eficácia dos Controles Internos .................................................... 41
2.3.3. Bloco III – Barreiras à implantação ............................................................... 43
2.3.4. Bloco IV – Percepção da área de Controles Internos ................................... 45
2.3.5. Bloco V – Impacto da Lei Sarbanes Oxley - SOX ......................................... 46
2.3.6. Bloco VI – Ferramentas de auxílio na adequação à SOX............................. 48
2.3.7. Bloco VII – Controles Internos x Decisão de Investimento ........................... 50
2.3.8. Bloco VIII – Uso da amostragem para o teste de controles internos ............ 51
2.3.9. Bloco IX – Prevenção à fraudes ................................................................... 52
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 54
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 57
APÊNDICE ................................................................................................... 59
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO
1.1 Objetivo
1.2. Justificativa
2. DESENVOLVIMENTO
A partir dessa definição, Attie (1998, p. 111) conclui que os controles internos
incluem uma série de procedimentos bem definidos que, agregados de forma
adequada asseguram a fluidez e a organização necessárias para obtenção dos
objetivos organizacionais.
Jund (2006, p. 381) afirma que os controles internos têm o objetivo de
estabelecer padrões, medir o desempenho e agir preventivamente sobre erros
potenciais, atuando no controle de suas causas.
Os controles internos têm como finalidade o monitoramento das atividades da
organização, e permitem o rastreamento e análise dos acontecimentos. Os meios de
controles internos compreendem todos os registros, livros, fichas, mapas, papéis,
formulários, pedidos, notas, faturas, documentos, guias, impressos, ordens internas,
regulamentos e demais instrumentos administrativos que formam um sistema de
vigilância, fiscalização e verificação, que exerce o controle sobre todos os fatos
ocorridos na empresa e sobre todos os atos praticados por aqueles que possuem
funções direta ou indiretamente relacionadas com organização, patrimônio e o
funcionamento da empresa (FRANCO e MARRA, 2001, p. 267).
Jund (2006, p. 381) defende que um sistema adequado de controles internos
deve possuir alguns objetivos básicos para atender os interesses das empresas:
garantir informações adequadas, visando a tomada de decisões; estimular o respeito
e a obediência às políticas administrativas; proteger os ativos; promover a eficácia e
a eficiência operacional.
Assi (2014, p.31) relacionou os principais objetivos dos controles internos:
17
A importância dos sistemas de controles internos foi mais bem definida por
Assi (2012, p. 32) considerando os seguintes fatores:
• Tamanho e complexidade da organização: quanto maior a organização, mais
complexa será sua estruturação.
• Responsabilidades: quem deve zelar pelos ativos, patrimônio, prevenção de
erros e fraudes.
18
2009 apontou que a companhia perdeu nada menos que R$ 2,55 bilhões com os
instrumentos que ficaram conhecidos como “derivativos tóxicos”, que não estavam
demonstrados em seus balanços.
A segunda empresa é Aracruz Celulose. A empresa divulgou um comunicado
informando que a exposição da companhia a instrumentos de derivativos foi
“fortemente” afetada pelo dólar e que contratou uma empresa especializada para
verificar o tamanho do estrago. O diretor financeiro pediu licença do cargo. Também
por apostar excessivamente nesse instrumento, a fabricante de celulose Aracruz
anunciou um prejuízo de R$ 4,2, bilhões em 2008, que também não havia divulgado
anteriormente em seus balanços. (ASSI, 2012, p.59).
E por fim o terceiro caso é o do Banco PanAmericano. Segundo Seabra (2010)
o problema havia sido detectado cerca de seis semanas antes, quando técnicos do
BACEN estavam fazendo uma fiscalização especial focada em cessão de créditos
em todos os bancos. De acordo com o diretor de fiscalização do BACEN, a
supervisão do órgão é baseada em risco e, como a prática de cessão havia
aumentado, resolveram fazer uma investigação mais profunda.
Em meio a rumores de que estaria prestes a quebrar, o Banco PanAmericano,
especializado em financiamento de automóveis e empréstimos consignados (com
débito em folha), com forte atuação junto às classes C e D, informou que receberia
um subsídio de R$ 2,5 bilhões do Grupo Silvio Santos, seu principal acionista.
Os recursos foram tomados do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), criado
pelos próprios bancos para proteger correntistas e poupadores, depois de terem sido
verificadas “inconsistências contábeis”. Segundo o Banco Central (BC), havia
duplicidade de carteiras de crédito nos balanços, ou seja, o PanAmericano vendia
carteiras de crédito para outras instituições, mas continuava contabilizando esses
recursos.
O BC chegou a considerar intervir no banco, o que foi descartado depois de
pedidos do grupo controlador. Para obter o financiamento inicial de R$ 2,5 bilhões
do FGC, o empresário teve de apresentar como garantia mais quatro empresas, além
do próprio PanAmericano: Baú Financeira, Liderança Capitalização, Jequiti e SBT,
avaliados em R$ 2,7 bilhões. Na realidade, investigações e avaliações apontaram
que o rombo no banco era superior a R$ 5 bilhões (ASSI, 2012, p. 60).
20
é uma entidade independente e sem fins lucrativos que criou um modelo de mesmo
nome que auxilia as organizações na devida adequação à SOX e se tornou
referência global no desenvolvimento e manutenção de controles internos.
Estabelece a estrutura de um controle eficaz, que deve ter capacidade de se adaptar
às rápidas e constantes mudanças no ambiente corporativo (COSO, 2013).
Assi (2012, p. 78) explica que o COSO, em 1992, propôs um padrão de
entendimento avaliação e aperfeiçoamento dos controles internos em cinco
componentes, sendo eles:
O ambiente de controle é um conjunto de normas, processos e estruturas que
fornece a base para a condução do controle interno por toda a organização. A
estrutura de governança e a alta administração estabelecem uma diretriz sobre a
importância do controle interno, inclusive das normas de conduta esperadas. A
administração reforça as expectativas nos vários níveis da organização. O ambiente
de controle abrange a integridade e os valores éticos da organização; os parâmetros
que permitem à estrutura de governança cumprir com suas responsabilidades de
supervisionar a governança; a estrutura organizacional e a delegação de autoridade
e responsabilidade; o processo de atrair, desenvolver e reter talentos competentes;
e o rigor em torno de medidas, incentivos e recompensas por desempenho. O
ambiente de controle resultante tem impacto penetrante sobre todo o sistema de
controle interno (COSO, 2013).
Toda entidade enfrenta vários riscos de origem tanto interna quanto externa.
Define-se risco como a possibilidade de que um evento ocorra e afete adversamente
a realização dos objetivos. A avaliação de riscos envolve um processo dinâmico e
iterativo para identificar e avaliar os riscos à realização dos objetivos. Esses riscos
de não atingir os objetivos em toda a entidade são considerados em relação às
tolerâncias aos riscos estabelecidos. Dessa forma, a avaliação de riscos estabelece
a base para determinar a maneira como os riscos serão gerenciados. Uma condição
prévia à avaliação de riscos é o estabelecimento de objetivos, ligados aos diferentes
níveis da entidade. A administração especifica os objetivos dentro das categorias:
operacional, divulgação e conformidade, com clareza suficiente para identificar e
analisar os riscos à realização desses objetivos. A administração também considera
a adequação dos objetivos à entidade. A avaliação de riscos requer ainda que a
administração considere o impacto de possíveis mudanças no ambiente externo e
23
dentro de seu próprio modelo de negócio que podem tornar o controle interno ineficaz
(COSO, 2013).
Atividades de controle são ações estabelecidas por meio de políticas e
procedimentos que ajudam a garantir o cumprimento das diretrizes determinadas
pela administração para mitigar os riscos à realização dos objetivos. As atividades
de controle são desempenhadas em todos os níveis da entidade, em vários estágios
dentro dos processos corporativos e no ambiente tecnológico. Podem ter natureza
preventiva ou de detecção e abranger uma série de atividades manuais e
automáticas, como autorizações e aprovações, verificações, reconciliações e
revisões de desempenho do negócio. A segregação de funções é geralmente
inserida na seleção e no desenvolvimento das atividades de controle. Nos casos em
que a segregação de funções seja impraticável, a administração deverá selecionar
e desenvolver atividades alternativas de controle (COSO, 2013).
A informação é necessária para que a entidade cumpra responsabilidades de
controle interno a fim de apoiar a realização de seus objetivos. A administração
obtém ou gera e utiliza informações importantes e de qualidade, originadas tanto de
fontes internas quanto externas, a fim de apoiar o funcionamento de outros
componentes do controle interno. A comunicação é o processo contínuo e iterativo
de proporcionar, compartilhar e obter as informações necessárias. A comunicação
interna é o meio pelo qual as informações são transmitidas para a organização,
fluindo em todas as direções da entidade. Ela permite que os funcionários recebam
uma mensagem clara da alta administração de que as responsabilidades pelo
controle devem ser levadas a sério. A comunicação externa apresenta duas
vertentes: permite o recebimento, pela organização, de informações externas
significativas, e proporciona informações a partes externas em resposta a requisitos
e expectativas (COSO, 2013).
Uma organização utiliza avaliações contínuas, independentes, ou uma
combinação das duas, para se certificar da presença e do funcionamento de cada
um dos cinco componentes de controle interno, inclusive a eficácia dos controles nos
princípios relativos a cada componente. As avaliações contínuas, inseridas nos
processos corporativos nos diferentes níveis da entidade, proporcionam informações
oportunas. As avaliações independentes, conduzidas periodicamente, terão escopos
e frequências diferentes, dependendo da avaliação de riscos, da eficácia das
24
• Ambiente de controle
1. A organização demonstra ter comprometimento com a integridade e os valores
éticos.
2. A estrutura de governança demonstra independência em relação aos seus
executivos e supervisiona o desenvolvimento e o desempenho do controle
interno.
3. A administração estabelece, com a suspensão da estrutura de governança, as
estruturas, os níveis de subordinação e as autoridades e responsabilidades
adequadas na busca dos objetivos.
4. A organização demonstra comprometimento para atrair, desenvolver e reter
talentos competentes, em linha com seus objetivos.
5. A organização faz com que as pessoas assumam responsabilidade por suas
funções de controle interno na busca pelos objetivos.
• Avaliação de riscos
6. A organização especifica os objetivos com clareza suficiente, a fim de permitir a
identificação e a avaliação dos riscos associados aos objetivos.
7. A organização identifica os riscos à realização de seus objetivos por toda a
entidade e analisa os riscos como uma base para determinar a forma como
devem ser gerenciados.
8. A organização considera o potencial para fraude na avaliação dos riscos à
realização dos objetivos.
9. A organização identifica e avalia as mudanças que poderiam afetar, de forma
significativa, o sistema de controle interno.
• Atividades de controles
10. A organização seleciona e desenvolve atividades de controle que contribuem
para a redução, a níveis aceitáveis, dos riscos à realização dos objetivos.
11. A organização seleciona e desenvolve atividades gerais de controle sobre a
tecnologia para apoiar a realização dos objetivos.
26
• Informação e comunicação
13. A organização obtém ou gera e utiliza informações significativas e de qualidade
para apoiar o funcionamento do controle interno.
14. A organização transmite internamente as informações necessárias para apoiar
o funcionamento do controle interno, inclusive os objetivos e responsabilidades
pelo controle.
15. A organização comunica-se com os públicos externos sobre assuntos que
afetam o funcionamento do controle interno.
• Atividades de monitoramento
16. A organização seleciona, desenvolve e realiza avaliações contínuas e/ou
independentes para se certificar da presença e do funcionamento dos
componentes do controle interno.
17. A organização avalia e comunica deficiências no controle interno em tempo hábil
aos responsáveis por tomar ações corretivas, inclusive a estrutura de
governança e alta administração, conforme aplicável.
benefícios há uma melhora geral dos controles internos, dos reportes financeiros e
da confiança das partes interessadas.
Da mesma forma em que são pressionadas pela legislação e por órgãos
reguladores como a SEC1 e a CVM2, as empresas exigem cada vez mais que seus
colaboradores incorporem uma cultura de controles, seguindo condutas éticas para
estar em conformidade com regulamentos internos e externos.
Attie (1998, p.121) aponta a supervisão como meio de aderência às políticas
existentes, pois melhora a produtividade individual através de correções de possíveis
desvios e solução de dúvidas resultantes do cumprimento de funções diárias.
Percebe-se assim, que os controles são de responsabilidade de todos os
colaboradores responsáveis por algum processo e não somente da alta
administração. As atribuições de cada colaborador ou departamento devem ser
especificadas e limitadas, de preferência por escrito, com a utilização de manuais
internos de organização e instruções de trabalho (ALMEIDA, 2010, p. 43).
Como constatou Lélis e Mario (2009, p. 1), as empresas necessitam de uma estrutura
interna sólida, com normas e procedimentos internos quem alinhem as práticas
empresariais, pois o administrador já não pode mais supervisionar pessoalmente
todas as atividades dos colaboradores.
A atuação dos auditores é composta por diferentes procedimentos, e
atualmente muitos deles estão relacionados às exigências da Lei Sarbanes-Oxley,
podendo incluir, além das avaliações do desempenho dos controles internos sobre
demonstrações financeiras, o apoio consultivo às áreas responsáveis pelos controles
na elaboração de planos de ação para solução de hiatos entre a estrutura de
controles existente e a demandada pela lei norte-americana. (Lélis e Mario, 2009,
p.4)
No estudo da auditoria existe uma clássica divisão estabelecida
informalmente como auditoria externa ou independente e auditoria interna. Franco e
Marra (1995, p. 175) definem que:
A auditoria interna é aquela exercida por funcionário da própria empresa,
em caráter permanente. Apesar de seu vínculo à empresa, o auditor interno
deve exercer sua função com absoluta independência profissional,
preenchendo todas as condições necessárias ao auditor externo, mas
também exigindo da empresa o cumprimento daquelas que lhe cabem. Ele
deve exercer sua função com total obediência às normas de auditoria e o
vínculo de emprego não lhe deve tirar a independência profissional, pois
sua subordinação à administração da empresa deve ser apenas sob o
aspecto funcional.
Já Cocurullo (2002, p.158) define a auditoria externa como sendo aquela que
é realizada por profissional liberal, independente, sem vínculo de emprego com a
empresa auditada, que pode ser contratado para auditoria permanente ou eventual.
29
9
8
7
6
5
Avaliação do sistema 4
de controle interno 3
2
1
0
0 2 4 6 8 10 12
Volume de Testes
Fonte: Adaptado de ALMEIDA (2010, p. 56)
a) Matriz de Risco
A Matriz e Risco avalia qualitativamente os riscos empresariais de acordo com
sua probabilidade de ocorrência e impacto sobre a organização. É uma ferramenta
que auxilia os gestores na mensuração, avaliação e ordenação dos riscos que
podem afetar o alcance dos objetivos organizacionais. Em geral, são atribuídos
pesos de 1 (um) a 5 (cinco) para cada variável a fim de determinar o grau de
exposição que a empresa se encontra e, assim, implementar controles adequados
que sejam capazes de mitigar os riscos identificados. Em alguns casos é possível,
inclusive, a retirada de controles (BRASIL, 2016).
32
c) Seis Sigma
Werkema (2012) define o Seis Sigma como uma estratégia gerencial
quantitativa, cujo objetivo é melhorar a performance e a lucratividade das empresas
por meio do aperfeiçoamento da qualidade dos produtos e processos, assim como
do aumento da satisfação dos clientes.
33
d) Balanced Scorecard
Balanced Scorecard é uma ferramenta de avaliação e mensuração do
desempenho organizacional criado por Kaplan e Norton (1997), e que pode ser
aplicada inclusive na avaliação de controles internos verificando se os mesmos estão
atingindo os objetivos por que foram implantados. A mensuração ocorre por meio de
quatro perspectivas: financeira, do cliente, dos processos internos da empresa do
aprendizado e crescimento. O BSC pode ser considerado como um sistema
gerencial que traduz a missão e a estratégia de uma empresa em objetivos e
medidas tangíveis (Kaplan e Norton, 1997).
2.2. METODOLOGIA
2.2.1. A Pesquisa
2.2.2. Do Problema
3
Instituto dos Auditores Independentes do Brasil
35
2.2.3. Objetivos
Questões correspondentes
Objetivo do estudo
no questionário
Bloco I
Identificação Questões 1 a 3
Bloco II
Eficácia dos Controles Internos Questões 4 a 7
Bloco III
Barreiras à implantação Questões 8 a 11
Bloco IV
Percepção da área de
Questões 12 a 15
Controles Internos
Bloco V
Impacto da Lei Sarbanes Oxley
Questões 16 a 19
- SOX
Bloco VI
Ferramentas de auxílio na
Questões 20 a 27
adequação à SOX
Bloco VII
Controles Internos versus
Questão 28
Decisão de Investimento
Bloco VIII
Uso da amostragem para o
Questão 29
teste de Controles Internos
Bloco IX
Prevenção à Fraudes Questões 30 a 34
Fonte: Autor (2017)
existir situações em que nem todos os entrevistados podem estar informados sobre
o tópico de interesse, no caso, Controles Internos (MALHOTRA, 2004).
Realizou-se a coleta de dados através do Método Interativo, onde links do
Google Forms foram enviados ao público alvo via email ou via rede profissional
LinkedIn.
4
Big Four - quatro maiores empresas contábeis especializadas em auditoria e consultoria do mundo.
38
questionário. Conforme Barros e Samara (2002, p. 94) essa amostra não é obtida
utilizando-se conceitos estatísticos e é não conclusiva. E assim como explanou
Curwin e Slater (2009, p. 8), se determinada parte da população a ser pesquisada
apresentar resistência em envolver-se com o assunto, ela poderá ser excluída da
amostra. E se esta parte tem diferentes visões sobre o assunto em relação aos
demais pesquisados, essa visão poderá não estar representada nos resultados da
pesquisa final, o que caracteriza tal amostragem não probabilística. Ao todo foram
obtidas 45 respostas ao questionário.
2.2.8. Pré-teste
Aliás, olhando pela ótica do senso comum5 torna-se claro que, para o ser humano,
os extremos em uma classificação são representados por zero e dez. Desta forma,
para evitar o surgimento de dúvidas de preenchimento, a escala utilizada no
questionário passou a variar de 0 (zero) a 10 (dez).
c) Uso da Amostragem
Em relação ao uso da amostragem para o teste de controles internos, todos
os entrevistados que responderam ao pré-teste concluíram que a auditoria
independente nunca deveria testar 100% (cem por cento) dos controles, sejam eles
manuais ou automáticos. Desse modo foi realizada a alteração da questão, que
passou a indagar qual a porcentagem de controles a ser testada para prevenção de
fraudes.
d) Identificação dos entrevistados
Ademais, verificou-se a necessidade de identificar o perfil dos entrevistados
considerando a formação acadêmica, o tempo de experiência na função e
experiência com Controles Internos.
5 O senso comum remete a uma experiência tradicional formado a partir de hábitos, crenças,
preconceitos e tradições.
2.3. RESULTADOS
Área de Formação
17%
Ciências Contábeis
Administração
Economia
Tecnologia da Informação
Ciência da Computação
16%
Sistemas de Informação
67% Marketing
Logística
Mecânica
Comércio Exterior
Tempo de experiência
2%
13%
Menos de um ano
De 1 a 2 anos
51%
De 3 a 5 anos
34%
Mais de 5 anos
12
10
0
Q4 Q5 Q6 Q7
Questões
Escala Q8 Q9 Q10 Q11
fi % fi % fi % fi %
0 3 6,7% 7 15,6% 24 53,3% 3 6,7%
1 0 0,0% 1 2,2% 1 2,2% 0 0,0%
2 3 6,7% 5 11,1% 3 6,7% 2 4,4%
3 1 2,2% 1 2,2% 3 6,7% 2 4,4%
4 0 0,0% 1 2,2% 0 0,0% 2 4,4%
5 8 17,8% 5 11,1% 3 6,7% 2 4,4%
6 3 6,7% 1 2,2% 4 8,9% 2 4,4%
7 4 8,9% 3 6,7% 2 4,4% 7 15,6%
8 7 15,6% 7 15,6% 4 8,9% 9 20,0%
9 2 4,4% 6 13,3% 1 2,2% 6 13,3%
10 14 31,1% 8 17,8% 0 0,0% 10 22,2%
Fonte: Autor, 2017
44
12
10
0
Q8 Q9 Q10 Q11
O bloco III buscou entender o impacto negativo que alguns agentes têm sobre
a implantação de uma estrutura de Controles Internos. Vejamos:
Em relação à cultura organizacional como impedimento à implantação de
controles internos, podemos observar uma grande variação de respostas, que se
concentram, em sua maioria, entre os níveis 5 e 10 da escala de avaliação (84,5%).
Isso indica que os profissionais que atuam na área percebem o quão difícil é mudar
o pensamento de pessoas que estão há muitos anos realizando suas atividades e
processos da mesma maneira.
Já em relação ao Conselho de Administração, houve grande divergência entre
os entrevistados. A concentração de respostas varia entre os níveis 2 e 9 da escala
de avalição. Entendemos que tal variação ocorre devido ao fato de os respondentes
trabalharem em empresas diferentes e terem tido experiências diferentes ao longo
de suas carreiras. Em algumas empresas o Conselho pode ser mais aberto à
implantação de controles internos do que em outras.
No tocante à leis e regulamentos, as respostas variaram entre os níveis 0 e 5
(75,6%), o que indica que os mesmos não impedem a implantação de Controles
Internos, mas pelo contrário, auxiliam as empresas a formar uma forte estrutura que
seja benéfica aos processos da própria organização, assim como viabilize maior
transparência e segurança aos stakeholders.
45
Questões
Escala Q12 Q13 Q14 Q15
fi % fi % fi % fi %
0 0 0,0% 1 2,2% 1 2,2% 0 0,0%
1 0 0,0% 1 2,2% 0 0,0% 0 0,0%
2 0 0,0% 0 0,0% 1 2,2% 0 0,0%
3 0 0,0% 1 2,2% 2 4,4% 0 0,0%
4 2 4,4% 1 2,2% 0 0,0% 2 4,4%
5 5 11,1% 11 24,4% 2 4,4% 2 4,4%
6 1 2,2% 5 11,1% 0 0,0% 4 8,9%
7 4 8,9% 6 13,3% 6 13,3% 5 11,1%
8 6 13,3% 11 24,4% 9 20,0% 10 22,2%
9 12 26,7% 4 8,9% 7 15,6% 6 13,3%
10 15 33,3% 4 8,9% 17 37,8% 16 35,6%
Fonte: Autor, 2017
12
10
0
Q12 Q13 Q14 Q15
Questões
Escala Q16 Q17 Q18 Q19
fi % fi % fi % fi %
0 18 40,0% 1 2,2% 11 24,4% 0 0,0%
1 2 4,4% 0 0,0% 2 4,4% 0 0,0%
2 7 15,6% 0 0,0% 4 8,9% 0 0,0%
3 3 6,7% 0 0,0% 2 4,4% 1 2,2%
4 0 0,0% 0 0,0% 3 6,7% 1 2,2%
5 7 15,6% 3 6,7% 10 22,2% 4 8,9%
6 1 2,2% 1 2,2% 2 4,4% 0 0,0%
7 3 6,7% 6 13,3% 4 8,9% 4 8,9%
8 1 2,2% 7 15,6% 4 8,9% 10 22,2%
9 2 4,4% 8 17,8% 2 4,4% 9 20,0%
10 1 2,2% 19 42,2% 1 2,2% 16 35,6%
Fonte: Autor, 2017
47
12
10
0
Q16 Q17 Q18 Q19
Questões
Escala Q20 Q21 Q22 Q23
fi % fi % fi % fi %
0 12 26,7% 9 20,0% 11 24,4% 1 2,2%
1 1 2,2% 1 2,2% 2 4,4% 0 0,0%
2 1 2,2% 1 2,2% 2 4,4% 0 0,0%
3 3 6,7% 2 4,4% 3 6,7% 1 2,2%
4 0 0,0% 2 4,4% 1 2,2% 0 0,0%
5 11 24,4% 6 13,3% 5 11,1% 1 2,2%
6 7 15,6% 8 17,8% 3 6,7% 3 6,7%
7 6 13,3% 3 6,7% 3 6,7% 4 8,9%
8 2 4,4% 7 15,6% 5 11,1% 3 6,7%
9 1 2,2% 5 11,1% 2 4,4% 13 28,9%
10 1 2,2% 1 2,2% 8 17,8% 19 42,2%
Fonte: Autor, 2017
Questões
Escala Q24 Q25 Q26 Q27
fi % fi % fi % fi %
0 3 6,7% 4 8,9% 2 4,4% 1 2,2%
1 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
2 1 2,2% 1 2,2% 0 0,0% 0 0,0%
3 1 2,2% 1 2,2% 1 2,2% 0 0,0%
4 1 2,2% 0 0,0% 1 2,2% 0 0,0%
5 16 35,6% 11 24,4% 12 26,7% 1 2,2%
6 4 8,9% 6 13,3% 1 2,2% 0 0,0%
7 8 17,8% 5 11,1% 6 13,3% 3 6,7%
8 8 17,8% 12 26,7% 10 22,2% 10 22,2%
9 1 2,2% 4 8,9% 6 13,3% 10 22,2%
10 2 4,4% 1 2,2% 6 13,3% 20 44,4%
Fonte: Autor, 2017
49
12
10
0
Q20 Q21 Q22 Q23 Q24 Q25 Q26 Q27
Lei SOX, com 88,8% das respostas entre os níveis 8 a 10, confirmando que o
conhecimento da ferramenta permite uma melhor avaliação da mesma.
Questões
Escala Q28
fi %
0 0 0,0%
1 0 0,0%
2 2 4,4%
3 4 8,9%
4 1 2,2%
5 7 15,6%
6 3 6,7%
7 6 13,3%
8 11 24,4%
9 5 11,1%
10 6 13,3%
Fonte: Autor, 2017
12
10
0
Q28
Questões
Escala Q29
fi %
0 0 0,0%
1 1 2,2%
2 1 2,2%
3 2 4,4%
4 1 2,2%
5 2 4,4%
6 3 6,7%
7 6 13,3%
8 13 28,9%
9 3 6,7%
10 13 28,9%
Fonte: Autor, 2017
12
10
0
Q29
de controles que uma empresa pode possuir, tornando inviável o teste de todos eles,
77,8% dos respondentes acreditam que deveria ser testada a maior parte desses
controles.
Questões
Escala Q30 Q31 Q32 Q33 Q34
fi % fi % fi % fi % fi %
0 0 0,0% 0 0,0% 2 4,4% 0 0,0% 1 2,2%
1 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 2 4,4%
2 0 0,0% 0 0,0% 1 2,2% 0 0,0% 0 0,0%
3 0 0,0% 0 0,0% 1 2,2% 0 0,0% 1 2,2%
4 0 0,0% 0 0,0% 3 6,7% 0 0,0% 1 2,2%
5 0 0,0% 1 2,2% 5 11,1% 0 0,0% 0 0,0%
6 0 0,0% 1 2,2% 5 11,1% 0 0,0% 3 6,7%
7 2 4,4% 6 13,3% 5 11,1% 2 4,4% 3 6,7%
8 4 8,9% 6 13,3% 6 13,3% 2 4,4% 10 22,2%
9 4 8,9% 4 8,9% 4 8,9% 7 15,6% 5 11,1%
10 35 77,8% 27 60,0% 13 28,9% 34 75,6% 19 42,2%
Fonte: Autor, 2017
10
0
Q30 Q31 Q32 Q33 Q34
Na Q30 observa-se que 77,8% das respostas estão no nível 10, sendo
imprescindível a segregação de funções na prevenção de fraudes.
Na Q31 percebe-se que o nível de importância tem uma declínio, com apenas
60% das respostas no nível 10 e o restante espalhadas entre os níveis 5 a 9, com
um aumento de 13,3 nos níveis 7 e 8, considerado mediana, assim indicando que a
mudança da cultura organizacional em empresas pode sim ajudar na prevenção de
fraudes, mas que não tem um peso tão significante.
A Q32 evidencia, com apenas 37,8% das respostas entre os níveis 9 e 10 que
o enrijecimento da legislação é praticamente desnecessário, visto que a maior parte
das respostas se concentrou entre os níveis 0 a 7 com 62,2%, sendo assim, o
enrijecimento não é tão útil na prevenção de fraudes.
A Q33 novamente nos mostra o que pode ser observado na Q 30, com 75,6%
das respostas no nível 10 podemos considerar que a revisão continua dos controles
dentro de uma organização é imprescindível para prevenção de fraudes.
Concluindo o questionário, a Q34 apresenta a percepção dos respondentes
frente a considerar o controle interno como limitado quando existe conluio entre os
empregados.
Podemos observar que embora tivessem algumas respostas difundidas entre
os níveis mais baixos, a grande parte dos respondentes afirmou com 75,5% que
concordaram totalmente com essa afirmação.
54
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ATTIE, William. Auditoria: Conceitos e Aplicações. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1998.
FRANCO, Hilário; MARRA, Ernesto. Auditoria contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2001.
58
LÉLIS, Débora Lage Martins; MARIO, Poueri do Carmo. Auditoria interna com
foco em governança, gestão de riscos e controle interno: análise da auditoria
interna de uma empresa do setor energético. In: Congresso USP de Controladoria
e Contabilidade, 9º. 2009.
OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de metodologia científica. 2. ed. São Paulo:
Pioneira, 1999.
WADE, K.; WYNNE, A. Control Self Assessment: For Risk Management and Other
Practical Applications. John Wiley & Sons, 1999.
WERKEMA, Cristina. Criando a cultura lean seis sigma. Rio de Janeiro: Elsevier,
2012.
59
APENDICES
Identificação
Controles Internos
17. Marco essencial para governança corporativa, o que trouxe atenção para a
importância dos controles internos.
18. Trouxe em suas seções uma série de procedimentos burocráticos que fizeram
com que o custo do controle interno seja mais alto do que os benefícios
obtidos.
19. Marco essencial que trouxe maior transparência aos acionistas.