Artigo Malária

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Boletim

Epidemiológico
Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde
12
Volume 50 | Mar. 2019

Descrição do processo de monitoramento


dos testes de diagnóstico rápido de
malária, Brasil, 2014 a 2016
Introdução O exame da Gota Espessa (GE) é o método oficialmente adotado
para o diagnóstico laboratorial da malária no Brasil, sendo
A malária é uma doença infecciosa febril aguda causada considerado o padrão ouro para o diagnóstico da malária pela
por protozoários do gênero Plasmodium, transmitidos ao OMS. Mesmo com o avanço de outras técnicas diagnósticas,
homem pela picada da fêmea infectada de mosquitos do o exame de GE continua sendo um método simples, eficaz,
gênero Anopheles1. de baixo custo e de fácil realização em comparação às outras
técnicas diagnósticas6. No entanto, onde o acesso a serviço de
Há cinco espécies de protozoários que reconhecidamente microscopia de boa qualidade é insuficiente, ou até inexistente,
parasitam o homem, o Plasmodium falciparum, os testes rápidos para diagnóstico da malária, quando usados
Plasmodium vivax, Plasmodium malariae, Plasmodium corretamente, podem oferecer um resultado preciso e oportuno2.
ovale e, recentemente, o Plasmodium knowlesi. Dos
conhecidos parasitos da malária humana, somente o P. Na Região Amazônica, os Testes de Diagnóstico Rápido
falciparum, P. vivax, P. malariae são detectados no Brasil2. (TDR) são usados em locais onde inexiste a disponibilidade
do exame de GE, como áreas remotas indígenas e áreas de
A malária constitui grave problema de saúde pública no garimpo. O teste é realizado por microscopista certificado e
mundo. Em 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) com monitoramento de desempenho (exame microscópico
estimou a ocorrência de 219.000.000 novos casos e 435.000 de qualidade), sendo recomendada a realização de TDR em
mortes em todo o mundo, principalmente em crianças 5% dos pacientes testados por GE em unidades sentinela6. Na
menores de cinco anos e grávidas3. região extra-amazônica, os TDR devem ser usados em todos
os casos suspeitos da malária, assim como a realização de GE.
No Brasil, há dois cenários epidemiológicos distintos – alta
endemicidade na região amazônica e hipoendemicidade Na esfera federal, a Coordenação Geral dos Programas
na região extra-amazônica. Durante o ano 2016, foram Nacionais de Controle e Prevenção da Malária e das Doenças
notificados 129.246 novos casos de malária e 35 óbitos4. Na Transmitidas pelo Aedes (CGPNCMD) é a responsável por
região amazônica foram registrados 128.747 casos de malária, consolidar, analisar e monitorar os dados enviados pelas
1.568 internações e 20 óbitos. Destes, 113.307 foram malária Unidades da Federação (UFs), referentes ao desempenho dos
por P. vivax, 14.357 por P. falciparum. Na região extra- diagnósticos de malária.
amazônica foram registrados 499 casos de malária. Destes
casos, 194 foram por P. falciparum e 289 por P. vivax. Os indicadores de desempenho de diagnóstico monitorados –
por ano, teste, região (amazônica/extra-amazônica) e espécie
O diagnóstico e tratamentos oportunos e precisos são parasitária, são: sensibilidade, especificidade e acurácia.
elementos básicos na estratégia para o controle da malária,
contribuindo para a redução do número de doentes e óbitos, O objetivo deste boletim é descrever o processo de
bem como com a interrupção da cadeia de transmissão5. monitoramento de desempenho dos testes de diagnóstico
rápido da malária no Brasil, no período de 2014 a 2016.
Boletim Epidemiológico Volume 50 | Nº 12 | Mar. 2019
Secretaria de Vigilância em Saúde
Ministério da Saúde

ISSN 9352-7864

©1969. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Apresentação


em Saúde. É permitida a reprodução parcial ou
total desta obra, desde que citada a fonte e que
não seja para venda ou qualquer fim comercial.
O Boletim Epidemiológico, editado pela Secretaria de Vigilância
em Saúde, é uma publicação de caráter técnico-científico,
Comitê Editorial acesso livre, formato eletrônico com periodicidade mensal e
Wanderson Kleber de Oliveira, Daniela Buosi Rohlfs, semanal para os casos de monitoramento e investigação de
Eduardo Marques Macário, Elisete Duarte, Gerson
agravos e doenças específicas. A publicação recebeu o número
Fernando Mendes Pereira, Júlio Henrique Rosa
Croda, Sônia Maria Feitosa Brito. de ISSN: 2358-9450. Este código, aceito internacionalmente para
individualizar o título de uma publicação seriada, possibilita
Equipe Editorial
rapidez, qualidade e precisão na identificação e controle da
Departamento de Vigilância das Doenças Trans-
missíveis/DEVIT/SVS/MS: Júlio Henrique Rosa publicação. Ele se configura como importante instrumento
Croda (Editor Científico). de vigilância para promover a disseminação de informações
relevantes e qualificadas, com potencial para contribuir com a
Coordenação Geral dos Programas Nacionais de
Controle e Prevenção da Malária e das Doenças orientação de ações em Saúde Pública no país.
Transmitidas pelo Aedes/CGPNCMD/DEVIT/SVS:
Rodrigo Fabiano do Carmo Said (Editor Científico).
Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em
Saúde/CIEVS/DEVIT/SVS: Giovanny Vinícius Araújo de
França (Editor Científico).
Coordenação-Geral de Desenvolvimento da
Epidemiologia em Serviço/SVS: Lúcia Rolim
Santana de Freitas (Editora Responsável) e
Maryane Oliveira Campos (Editora Assistente).
Colaboradores
Programa de Treinamento em Epidemiologia
Aplicada aos Serviços do Sistema Único de
Saúde: Salomão Mário Crima.
Centro de Informações Estratégicas em Vigilância
em Saúde/CIEVS/DEVIT/SVS: Marcelo Yoshito
Wada; Elizabeth David dos Santos.
Coordenação Geral dos Programas Nacionais de
Controle e Prevenção da Malária e das Doenças
Transmitidas pelo Aedes/CGPNCMD/DEVIT/SVS:
Cássio Roberto Leonel Peterka; Juliana Chedid
Nogared Rossi; Liana Reis Blume.
Secretaria Executiva
Márcia Maria Freitas e Silva
(CGDEP/DEGEVS/SVS)
Normalização
Ana Flávia Lucas de Faria Kama
(CGDEP/DEGEVS/SVS)
Revisão de Português
Maria Irene Lima Mariano
(CGDEP/DEGEVS/SVS)
Diagramação
Thaisa Oliveira
(CGDEP/DEGEVS/SVS)
Projeto gráfico
Fred Lobo, Sabrina Lopes (GAB/SVS)
Distribuição Eletrônica
Fábio de Lima Marques, Flávio Trevellin Forini
(GAB/SVS)
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Métodos Na Região Amazônica do Brasil, foram constituídas as


Unidades Sentinelas do monitoramento dos TDR com
Foi realizado um estudo descritivo do processo de os seguintes critérios: (i) microscopista participando do
monitoramento do desempenho dos testes rápidos, com controle de qualidade de GE e com seu desempenho de no
base no resultado de exames de malária que as Secretarias mínimo 90% de concordância nos exames por ele realizado,
Estaduais de Saúde enviaram ao CGPNCMD no período de (ii) laboratório em local de média (<50 e ≥10) ou alta (≥50)
2014 a 2016. Incidência Parasitária Anual (IPA) considerando malária
por P. falciparum e P. vivax e (iii) laboratório (postos de
Foram duas regiões: a região amazônica e região extra- diagnóstico) em localização que permita a viabilidade do
amazônica. A região amazônica é composta pelos estados do monitoramento rotineiro e reposição dos testes rápidos.
Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins,
Mato Grosso e Maranhão. Por sua vez, a região extra- De acordo com o Programa Nacional de controle da Malária,
amazônica é composta pelos demais estados brasileiros. foi pactuado que cada unidade sentinela de monitoramento
de TDR, deve realizar a cada 20 exames GE (microscopia)
um TDR, o que equivale a uma amostra de 5% dos exames
Testes de diagnóstico utilizados microscópicos realizados na unidade de diagnóstico. A partir
desta pactuação, foram definidas duas terminologias para
No período 2014-2016, o Brasil utilizou para diagnóstico essa análise: Valor esperado que corresponde a número de
de casos da malária, dois tipos de TDR. Do ano 2014 a TDR pactuado e o valor observado é o número real de TDR
2015 foi usado SD-Bioline Malária AG Pf/Pan (Plasmodium registrado na planilha de monitoramento de TDR. O cálculo
falciparum/proteína II rica em histidina (HRP-II), que dos percentuais do monitoramento de TDR, se dá pela divisão
diferencia Plasmodium falciparum dos não falciparum do valor observado pelo valor esperado multiplicado por 100.
– sensibilidade (P. falciparum 99.7%, Pan 95.5%) e
especificidade (95,5%) maximizadas. Os resultados devem ser registrados numa planilha em
Excel® elaborada pelo Programa Nacional de Controle da
De 2015 a 2016 foi utilizado o teste rápido SD-Bioline Malária Malária (PNCM) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS),
AG Pf Pf Pv, que contém duas bandas de P. falciparum com Ministério da Saúde (MS). A unidade sentinela encaminha os
sensibilidade para HRP-II de 100% e pLDH de 99,7%; e a resultados para a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), com
sensibilidade para uma banda de P. vivax (que o diferencia periodicidade definida entre a unidade sentinela e a SMS.
do P. falciparum) é de 98,2% com especificidade de 99,3%.
A SMS consolida os dados enviados pelas unidades sentinelas
No Brasil, nos indivíduos sintomáticos e/ou com história e encaminha os resultados a Secretaria Estadual de Saúde
clínica, o diagnóstico de referência (padrão ouro) da malária é (SES) por meio do Laboratório Central de Saúde Pública
feito pela avaliação microscópica da Gota Espessa2. (Lacen). O Lacen consolida os dados em planilha de Excel e
encaminha trimestralmente ao PNCM/SVS/MS7,8 (Figura 1).

Fonte de dados Para região extra-amazônica a norma estabelecida é que,


para todo TDR realizado, seja feito o exame de GE dentro
As fontes de dados foram as Planilhas Microsoft Excel® das primeiras 48h, seja na própria unidade de saúde ou por
de monitoramento de desempenho de TDR malária, meio do encaminhamento para laboratório habilitado para
denominado neste estudo de planilha de monitoramento de realização do exame de GE6, 7 (Figura 2).
TDR (Pf/Pan de 2014 a 2015 e Pf Pf Pv de 2015 a 2016).
Para análise dos dados foram calculadas medidas de
Na região Amazônica, o Sistema de Informação de Vigilância frequências absoluta e relativa. Descrever os indicadores dos
Epidemiológica (Sivep_malária) está implantado em seus cálculos que foram apresentados nos resultados
nove estados.
Foi utilizado o software Excel® 2016 (Office Microsoft) para a
A região extra-amazônica utiliza o Sistema de Informação de análise dos dados e elaboração de figuras e tabelas.
Agravos de Notificação (Sinan) utilizados pelos demais 18
estados brasileiros.

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GE: Gota Espessa; TDR: Teste de Diagnóstico Rápido.

Figura 1 Fluxo da notificação de casos de malária, região Amazônica, Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica - Sivep_malária, Brasil

Resultados Para o ano 2015 esperava-se o monitoramento de 1.288 TDR


(5%), entretanto, só houve registros de 328 testes monitorados,
ou seja, 75% dos registros esperado não foram reportados.
Região Amazônica
No ano de 2016, de igual forma esperava-se o
Na Região Amazônica cinco dos nove estados instituíram o monitoramento de 1.222 (5%) e foram registrados na planilha
monitoramento do TDR. No período 2014-2016, 11 unidades de monitoramento de TDR 1.499, o que equivale a 22,7% a
sentinelas de monitoramento de desempenho do TDR, mais de registros (Figura 3).
distribuídos nos cinco estados que as instituíram (uma no
estado de Acre, seis no Amazonas, duas no Amapá, uma no Quanto a UF de notificação, em 2015, o estado do Amazonas foi o
Mato Grosso e uma em Roraima), notificaram 74.348 exames único a informar casos registrados na planilha de monitoramento
de malária por GE. Deste total, deveriam ter sido realizados TDR, sendo observado a realização de 1,7/20 TDR em relação a GE,
3.717 TDR, no entanto foram registrados 1.827 (49,2%) correspondendo 15,9% a mais do total esperado.
exames realizados.
Em 2016, cinco dos nove estados da região amazônica
Em 2014, foram notificados pelas unidades sentinelas 24.140 alimentaram a planilha de monitoramento, sendo que o
casos de malária que realizaram GE; esperava-se a realização número real de TDR observados em relação ao número de
de 1.207 TDR (5%), entretanto, não houve registros de exames TDR pactuado (Tabela 1) variaram entre 19% (75/395), no
realizados neste ano. estado do Amapá a 1.100% (22/2) no estado do Mato Grosso.

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Figura 2 Fluxo da notificação de casos de malária, região Extra-Amazônica, Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan, Brasil

GE: Gota Espessa; TDR: Teste de Diagnóstico Rápido.

Figura 3 Distribuição da frequência de casos notificados, exames esperados (5%) e exames registrados na planilha de monitoramento
de desempenho dos testes rápidos para malária, Região Amazônica, Brasil, 2014 a 2016

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Tabela 1 Distribuição de casos notificados, exames esperados (5%) e exames registrados na planilha de monitoramento de
desempenho dos testes rápidos para malária por Unidade da Federação de notificação, Região Amazônica, 2014 a 2016

2014 2015 2016


Unidade da
Notificados Monitoramento TDR Notificados Monitoramento TDR Notificados Monitoramento TDR
Federação
Sivep_Malária Esperados Observados Sivep_Malária Esperados Observados Sivep_Malária Esperados Observados

Acre 11.454 573 - 10.875 544 - 10.735 537 714

Amapá 8.035 402 - 8.215 411 - 7.890 395 75


Amazonas 4.482 224 - 5.663 283 328 3.633 182 104
Mato Grosso 77 4 - 44 2 - 41 2 22
Roraima 92 5 - 967 48 - 2.145 107 584
Maranhão - - - - - - - - -
Pará - - - - - - - - -
Rondônia - - - - - - - - -
Tocantins - - - - - - - - -

Nota: dados atualizados em 28/02/2018.


TDR: Teste de Diagnóstico Rápido.

Região Extra-Amazônica No ano 2014, dos 24 casos notificados no Sinan pelo Mato
Grosso do Sul, apenas 1 (4,2%) foi registrado na planilha de
Quanto à região extra-amazônica, das 18 UFs que notificaram monitoramento de TDR, sendo o menor número deste ano. Já
casos de malária no Sinan, nove (50,0%) registraram a o estado de Minas Gerias, em 2014, registrou 200 (93,5%) testes
quantidade de testes na planilha de monitoramento de TDR, rápidos monitorados, dos 214 exames de malária notificados no
no período 2014-2016. Em 2014, foram notificados pelas Sinan, sendo o maior número de registros de monitoramento
UF, 2.108 casos de malária que realizaram GE e 298 (14,0%) na região Extra-Amazônica em 2014. No ano 2015, o estado
registros de TDR na planilha de monitoramento de TDR. Em do Paraná teve menor número de registro na planilha de
2015, foram 1.932 casos de malária registrados no Sinan e 317 monitoramento de TDR, 3 (2,2%) dos 139 dos notificados no
(16,4%) registro de TDR na planilha de monitoramento e no Sinan e Goiás registrou um maior número 189 (90,0%) dos 210.
ano 2016, foram registrados na planilha de monitoramento
355 TDR realizados, correspondendo a 25,0% dos 1.422 casos Em 2016, o estado de São Paulo apresentou o menor número
do Sinan (Figura 4). de registros, 23 (10,4%) dos 222 notificados no Sinan, e o
Distrito Federal, com registro acima do esperado 164 (115,5%)
em relação ao total de 142 casos notificados (Tabela 2).

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Nota: dados atualizados em 28/02/2018.

Figura 4 Distribuição de casos notificados e exames registrados na planilha de monitoramento de desempenho dos testes de
diagnóstico rápido para malária, região Extra-Amazônica, 2014 a 2016

Tabela 2 Distribuição de casos notificados e exames registrados na planilha de monitoramento de desempenho dos testes rápidos
para malária por Unidade da Federação de notificação, região Extra-Amazônica, 2014 a 2016

Notificado no Sinan Informado ao PNCM


Unidade da Federação 2014 2015 2016
2014 2015 2016
n % n % n %
Paraná 123 139 58 36 29,3 3 2,2 - -

São Paulo 424 246 222 - - - - 23 10,4


Distrito Federal 61 134 142 41 67,2 - - 164 115,5
Espírito Santo 355 362 222 18 5,1 - - - -
Minas Gerais 214 154 158 200 93,5 125 81,2 35 22,2
Mato Grosso do Sul 24 13 16 1 4,2 - - - -
Goiás 249 210 124 - - 189 90,0 113 91,1
Paraíba 5 21 5 - - - - 1 20,0
Bahia 46 27 39 - - - - 16 41,0
Rio de Janeiro 237 249 161 - - - - - -
Piauí 72 26 61 - - - - - -
Santa Catarina 86 174 72 - - - - - -
Ceará 69 28 60 - - - - - -
Rio Grande do Sul 48 33 31 - - - - - -
Rio Grande do Norte 13 17 4 - - - - - -
Pernambuco 73 91 38 - - - - - -
Alagoas 4 4 2 - - - - - -
Sergipe 5 4 7 - - - - - -

Nota: dados atualizados em 28/02/2018.


PNCM: Programa Nacional de Controle da Malária.

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Considerações finais Quanto aos registros, São Paulo, Minas Gerais e Paraíba
registraram igualmente dados abaixo do esperado. O
No Brasil o monitoramento do desempenho dos testes de Distrito Federal registrou acima do esperado, na planilha de
diagnóstico rápido de malária é realizado pela CGPNCMD, acompanhamento, quando comparado aos dados do Sinan,
adotando diferentes critérios, conforme a região de evidenciando uma possível subnotificação de casos no Sinan.
transmissão da malária. Para a Região Amazônica, o Nove estados desta região permaneceram silenciosos de
monitoramento é feito por unidades sentinelas que devem 2014 a 2016.
realizar o registro de 5% dos casos notificados. Na região
extra-amazônica é recomendada a vigilância universal (100% Cabe destacar que possíveis subnotificação ou notificação
dos casos notificados). acima do esperado na planilha de acompanhamento do
desempenho do TDR pode subestimar ou superestimar
Esta análise descritiva demonstrou que no período entre o resultado do monitoramento de desempenho do TDR
2014 e 2016, apesar do aumento de casos registrados na da malária, interferindo assim nos resultados dos valores
planilha de monitoramento, poucos estados tem realizado de sensibilidade, especificidade e acurácia (proporção de
esta atividade sistematicamente. Na região amazônica, acertos, ou seja, o total de verdadeiramente positivos e
houve um aumento de 1.171 número dos registros para verdadeiramente negativos, em relação a amostra estudada)
monitoramento de desempenho TDR entre os anos de 2015 a dos TDR e no acompanhamento de um diagnóstico e
2016. Entretanto, apenas cinco dos nove estados dessa região tratamento oportuno.
tem realizado essa atividade, superando o preconizado em
277 (18,5%) testes no ano de 2016, em relação ao total de Este estudo foi realizado com dados secundários. Os
casos esperados para o monitoramento. resultados têm limitações por incompletude dos dados e
possíveis perdas nos diferentes níveis do fluxo de informação.
Duas das cinco UF da região Amazônica registraram dados
abaixo e três acima do esperado.
Recomendações
Houve unidades sentinelas com registros inferiores
ao esperado como Amapá e Amazonas no ano 2016, Com base nos resultados apresentados, recomenda-se:
enquanto que outras três unidades sentinelas dos estados
do Acre, Mato Grosso e Roraima registraram dados acima Para as Secretarias Municipais de Saúde
do esperado. O estado do Mato Grosso foi o que mais  Implantar o monitoramento de TDR nos municípios que
registrou acima do esperado, isto provavelmente porque até o momento não instituíram a norma.
esse estado, apesar de fazer parte da Região Amazônica,  Realizar supervisão, com ênfase no seguimento do
possui caraterísticas de transmissão semelhantes à área registro, envio dos dados do monitoramento de TDR.
extra-Amazônica, adotando a norma de monitoramento
estabelecida para a região não endêmica. Para Secretarias Estaduais de Saúde
 Incentivar a implementação da norma nos municípios
Na região extra-amazônica, metade dos estados registraram que até o momento não a instituíram.
e enviaram os dados requeridos durante todos os anos  Acompanhar sistematicamente o envio dos dados do
de estudo (2014-2016), porém oscilando no tempo, com monitoramento de TDR.
aumento lento ao longo dos anos. Em 2015 o aumento foi de
21 registros de monitoramento em comparação com 2014, Para o PNCM/DEVIT da Secretaria de Vigilância em
e em 2016, de 38 registros em comparação ao ano anterior. Saúde do Ministério da Saúde
Entretanto, no ano 2016, os estados desta região deixaram de  Reforçar a orientação aos estados e municípios para
informar 1.067 registros de monitoramento do TDR, quando registrar e enviar os dados da planilha de monitoramento
comparados aos dados do Sinan. de TDR de acordo a normativa.
 Incentivar a implantação do monitoramento de TDR aos
Com exceção de Minas Gerais, nenhum outro estado da estados que até ao momento não o instituíram.
região extra-amazônica enviou, de forma sistemática, os  Publicar as normas/orientações relacionadas ao
registros dos dados de monitoramento nos três últimos anos monitoramento de desempenho dos TDR.
(2014-2016).

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Referências
1. Ferreira AW, Moraes SL. Diagnóstico laboral das principais
doenças infecciosas e autoimunes. 3. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan; 2013.
2. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde.
Guia de teste para diagnóstico rápido da malária – 2017
[Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2017 [citado 2017
set 18]. 812p. Disponível em: www.saude.gov.br/malária
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Geneva: World Health Organization; 2018 [cited 2019 Jan
8]. 812 p. Available from: apps.who.int/iris/bitstream/hand
le/10665/275867/9789241565653-eng.pdf?ua=1
4. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em
Saúde. Programa nacional controle da malária. Relatório
digital [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2008
[citado 2019 jan 14].
5. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em
Saúde. Diretoria Técnica de Gestão. Guia para gestão local
do controle da malária [Internet]. Brasília: Ministério da
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http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_gestao_
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6. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em
Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia
de vigilância epidemiológica [Internet]. 7. ed. Brasília:
Ministério da Saúde; 2010 [citado 2017 set 18]. 812 p.
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www.epi.uff.br/wp-content/uploads/2013/10/Guia-de-
Vigilância-Epidemiológica-–-7ªedição-2010.pdf
7. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em
Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica.
Nota informativa nº 001/2013, de 2014 [Internet]. Brasília:
Ministério da Saúde; 2017 [citado 2018 set 9].
8. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância
em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças
Transmissíveis. Nota informativa nº 009, de 2014. Uso
do teste rápido da Malária na região Extra-Amazônica
[Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2014 [citado
2017 set 9]. Disponível em: http://www.saude.ms.gov.br/
wp-content/uploads/sites/88/2016/04/Nota-informativa-
Extra-n-¦009-2014.pdf

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